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A ONU, indígenas, ONGs e familiares manifestaram sua indignação com o assassinato na Amazônia brasileira de Dom Phillips e Bruno Pereira, crime que vincularam à impunidade que prevalece na região por incentivo do presidente Jair Bolsonaro, que sempre se mostrou favorável à exploração comercial das áreas protegidas.

Após dez dias de intensas buscas, a investigação sobre o desaparecimento de ambos deu um salto na quarta-feira com a confissão de um dos dois detidos, Amarildo da Costa de Oliveira, que conduziu a polícia ao local onde disse ter enterrado os corpos, próximo da cidade de Atalaia do Norte, na remota região do Vale do Javari, na fronteira com o Peru.

A Polícia Federal (PF) encontrou ali restos humanos, que chegaram na noite desta quinta-feira de avião em Brasília para sua identificação. Os resultados das análises serão divulgados na semana que vem.

O caso ainda tem diversos pontos a serem esclarecidos: o motivo do crime, as circunstâncias da morte, aparentemente com arma de fogo, o papel exato que tiveram os dois presos, Amarildo e seu irmão Oseney, e seus possíveis cúmplices e mandantes.

- "Ato brutal de violência" -

Phillips, de 57 anos, trabalhava em um livro sobre a preservação da Amazônia. Pereira atuava como seu guia nessa região onde vivem 26 povos indígenas, muitos deles isolados, e onde atuam traficantes de drogas, garimpeiros, pescadores e madeireiros ilegais.

O especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai) recebeu ameaças desses grupos por seu trabalho em defesa das terras indígenas.

Diante deste "ato brutal de violência", a ONU pediu ao Brasil para "acrescentar seus esforços para proteger os defensores dos direitos humanos e os povos indígenas" por parte de "atores estatais e não estatais", disse em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani.

A Amazônia está "à mercê da lei do mais forte, sob a qual a brutalidade é recorrente", lamentou a WWF nesta quinta-feira, expressando sua "indignação" pelo fracasso do Estado em proteger os "povos da floresta e seus defensores".

O desaparecimento de ambos reavivou as críticas a Bolsonaro, que desde que chegou ao poder em 2019 é acusado de incentivar invasões de terras indígenas com seu discurso a favor da exploração econômica da selva.

O Greenpeace afirmou que nos últimos três anos o Brasil se configurou como a terra da lei do "vale tudo", alimentada pelas "ações e omissões" do governo.

Em Bruxelas, sete líderes indígenas brasileiros denunciaram na sede da União Europeia o clima de violência e "impunidade" na Amazônia. Um deles, Dinamam Tuxa, declarou à AFP que "Bruno e Dom Phillips foram vítimas das políticas do governo".

A família de Phillips no Reino Unido disse ter "o coração partido" pelas mortes e agradeceu aos participantes das buscas, "especialmente os indígenas".

"Agora que os espíritos do Bruno estão passeando na floresta e espalhados na gente, nossa força é muito maior", escreveu no Twitter Beatriz Matos, esposa do indigenista.

- Bolsonaro reage no Twitter -

O presidente Bolsonaro reagiu às mortes de Pereira e Phillips nesta quinta-feira com uma curta mensagem no Twitter: "Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!".

Bolsonaro causou indignação nos últimos dias com várias declarações, quando disse que a incursão de Phillips e Pereira era uma "aventura não recomendada" e que o repórter britânico era "malvisto" na região amazônica por suas reportagens sobre atividades ilegais.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), cujos integrantes participaram ativamente das buscas, qualificou o assassinato como "crime político", já que ambos eram "defensores dos direitos humanos".

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirmou que nos últimos anos o trabalho de jornalistas e ambientalistas tem servido para mostrar os "recordes" de crimes ambientais na Amazônia, assim como os assassinatos de ativistas e os cortes nos órgãos de controle ambiental.

No terreno, a Polícia Civil cumpriu três mandados de busca e apreensão, que terminaram sem detidos. As autoridades buscavam sem sucesso a embarcação em que Phillips e Pereira viajavam quando foram vistos pela última vez no rio Itaquaí indo em direção a Atalaia do Norte, confirmou um jornalista da AFP.

A imprensa afirma que haveria outros três suspeitos, entre eles um que possivelmente ordenou o crime, informação não confirmada oficialmente pela PF.

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) mobilizou diversas equipes policiais para encerrar uma festa temática promovida por integrantes de um coletivo criminoso no bairro Itaperi, em Fortaleza. O evento acontecia na noite desse sábado (6) e reunia mais de 70 pessoas que descumpriam as medidas sanitárias de enfrentamento ao novo coronavírus.

Ao todo, 23 pessoas, sendo 12 mulheres e 11 homens, foram conduzidas para a realização do flagrante na sede do 5º Distrito Policial (Parangaba). Um revólver, munições, porções de drogas e outros objetos utilizados no tráfico de drogas foram apreendidos no local.

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De acordo com o levantamento policial, a festa temática utilizava as iniciais do grupo criminoso no cartaz de divulgação e no nome do evento, bem como as cores que caracterizam a organização criminosa.

O evento foi realizado em um condomínio de apartamentos, que já é alvo de investigações sobre a comercialização de entorpecentes. Alguns dos alvos investigados pelo 5º Distrito Policial estavam por trás da promoção do evento em redes sociais e da logística para que a festa acontecesse.

Mais de 70 pessoas foram encontradas na área comum do condomínio, ao lado de um altar religioso, onde os policiais civis encontraram mesas, cadeiras, instrumentos musicais, caixas de som, garrafas com bebidas alcoólicas, jogo de luzes, mesa de som e balões decorativos.

Durante as buscas no local, os policiais civis encontraram substâncias com características similares a crack e maconha, pesando, respectivamente, 19 gramas e 1,5 quilo, além de revólver calibre 38, seis munições do mesmo calibre, sacos plásticos comumente utilizados para embalar os entorpecentes e uma balança de precisão.

Os envolvidos foram presos e autuados em flagrante pela infração à determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa, e por integrar organização criminosa.

Com informações da PCCE

A organização internacional Interpol enviou nesta quarta-feira (2) uma mensagem de alerta aos seus 194 países membros, alertando-os para se prepararem para ações do crime organizado focadas em vacinas contra o novo coronavírus.

Em uma comunicação de alerta de segurança, a organização de cooperação policial internacional com sede em Lyon (centro-leste da França) alerta sobre uma "potencial atividade criminosa sobre falsificação, roubo ou promoção ilegal de vacinas contra a covid-19 e gripe".

"A pandemia já deu origem a uma atividade criminosa predatória e oportunista sem precedentes", recorda a Interpol, que ressalta já ter verificado "a promoção, venda e administração de falsas vacinas" contra o coronavírus.

"À medida que várias vacinas para a covid-19 se aproximam da aprovação (...) será crucial garantir a segurança da cadeia de abastecimento e identificar sites ilícitos que vendem produtos falsificados na internet", afirma.

Essas ações "constituem um risco significativo para a saúde e até para a vida" das vítimas dessas organizações ou indivíduos, acrescentou o secretário-geral da Interpol, Jurgen Stock, em um comunicado.

"É essencial que as autoridades estejam o mais preparadas possível para o surgimento de todos os tipos de atividades criminosas relacionadas às vacinas contra a covid-19", finalizou Stock.

A Interpol também pede vigilância contra o risco de circulação de falsos testes de detecção, cujo uso pode se multiplicar com a retomada das viagens internacionais.

Os desembargadores da 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mantiveram a condenação de seis pessoas por tráfico de drogas dentro do Centro de Detenção Provisória 1 ASP Giovani Martins Rodrigues de Guarulhos (CDP 1 de Guarulhos). Três dos réus são apontados como integrantes do PCC e um deles era funcionário da penitenciária.

No julgamento, os magistrados analisaram um recurso dos réus contra a sentença de primeira instância que os condenou por organização criminosa e associação para o tráfico. Foi dado parcial provimento a alguns dos recursos dos réus, sendo imputadas penas que variam de três a oito anos de reclusão. As informações foram divulgadas pela corte paulista.

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Segundo os autos, a droga passava por várias pessoas até chegar dentro da cadeia por meio de um agente do estabelecimento prisional, que cobrava R$ 3.500 para levar o material até um dos detentos, que vendia aos outros presos. O mesmo funcionário também foi acusado de pedir R$ 2.500 para repassar celulares a detidos, sendo condenado, além de quatro anos em regime inicial fechado, à perda do cargo público.

De acordo com o relator do recurso, desembargador Diniz Fernando, além dos documentos que instruem o processo, principalmente conversas citadas na denúncia, um delegado detalhou a conduta de cada réu.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo deflagrou na manhã desta segunda-feira (14) a Operação Sharks para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra lideranças da facção Primeiro Comando da Capital, o PCC. A ofensiva mira tanto em lideranças que estão presas quanto outras que estão soltas - algumas que inclusive se mudaram para o exterior, comandando atividades logísticas da facção a partir de outros Países.

Agentes cumprem 12 mandados de prisão e realizam 40 buscas em endereços da capital, da região metropolitana, da Baixada Santista e de cidades do interior.

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A operação conta com o apoio da Polícia Militar e do 1º Batalhão de Polícia Militar de Choque (ROTA). Participam da ação promotores de justiça, agentes do Ministério Público e mais de 250 policiais militares e 65 viaturas.

Segundo o MP-SP, as investigações tiveram início no primeiro semestre de 2019, a partir do cruzamento de dados, mirando em integrantes dos principais escalões do PCC.

Os promotores apontam que a cúpula da facção comanda um sistema que movimenta mais de R$ 100 milhões anualmente - montante proveniente do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes -, com rigoroso controle em planilhas. Para ocultar os valores, os faccionados compravam veículos e usavam imóveis com fundos falsos ("casas-cofre") para ocultar dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por doleiros.

"As investigações revelaram a cadeia logística do tráfico de drogas da facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças a frente da fonte de maior renda da organização criminosa, indicando, ao final, a participação de 21 pessoas, algumas presas durante as investigações", informou o MP-SP em nota.

De acordo com os promotores, as lideranças que são alvo da operação tem em comum "elevado poder decisório" na fação, a proximidade com a cúpula presa e ainda a "ostentação de vidas de luxo, com múltiplos imóveis, carros de luxo, isso quando não residem fora do país e com seus gastos pagos pela própria facção".

Alvos

A Promotoria indicou que entre os investigados tem destaque o principal líder de rua atualmente do PCC. Segundo os investigadores, tal alvo da operação está à frente da "sintonia final da rua" responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa, mantendo contato direto com a cúpula presa da facção. A Promotoria classificou os investigados pelas iniciais de seus primeiros nomes.

"É suspeito de ser responsável pelos planos de fuga das lideranças da facção reclusas em presídios federais desde 2019, quando o MP-SP obteve ordem para suas transferências. Também é suspeito de liderar os planos de assassinar agentes e autoridades públicas em represália às transferências e às ações contra a cúpula da facção", registrou o Ministério Público de São Paulo.

A Polícia Civil de Pernambuco deflagrou, nesta sexta-feira (4), a Operação Coalizão visando desarticular organizações criminosas que cometem crimes de fraude à licitação no Estado. O prejuízo aos cofres públicos, calculado a partir das licitações analisadas até agora, já chega a quase R$ 12 milhões.

A investigação teve início há nove meses para apurar os crimes de fraude e associação criminosa, envolvendo a contratação de empresas pela Prefeitura de Feira Nova, no Agreste de Pernambuco, que ocorreram desde 2017. Ao longo das investigações, a polícia encontrou evidências de irregularidades contratuais, que levantam a suspeita do possível favorecimento de seis empresas por meio de fraude.

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Na ação, foram emitidos pela Vara Única da Comarca de Feira Nova, 23 mandados de busca e apreensão domiciliar, destes, 15 de pessoas físicas, 8 de corpos empresariais. Também foi emitida uma ordem para bloqueio de bens dos envolvidos. A Polícia não divulgou os nomes dos investigados. Durante a operação, foram apreendidos documentos, mídias, um veículo, medicamentos e aproximadamente R$ 24 mil em espécie.

Essa é a 43ª Operação de Repressão Qualificada (ORQ) supervisionada pela Chefia de Polícia Civil, e coordenada pela Diretoria Integrada de Polícia Especializada (DIRESP) e Gerência de Controle Operacional das Especializadas (GCOI-E) da Polícia Civil. As investigações são conduzidas pela delegada Isabela Veras, adjunta na 2º DECOR/DRACCO, e têm suporte e assessoramento da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel). Participaram também da realização 130 policiais civis, incluindo delegados, agentes e escrivães.

A Polícia Rodoviária Federal encerrou, no último domingo (16), a quarta fase da Operação Tamoio, ação de combate ao crime organizado nas rodovias federais de Pernambuco. Desde o seu primeiro dia, a última sexta-feira (14), a operação apreendeu 22 veículos, deteve 20 pessoas e causou um prejuízo de aproximadamente 1,3 milhão às organizações criminosas. Outras apreensões também ocorreram nos estados vizinhos de Pernambuco, que compõem a fase inter-regional demarcada pela PRF.

Em toda a operação no estado, 392 pessoas e 260 veículos foram fiscalizados, e as apreensões somaram 2,1 milhões de filtros de cigarro oriundos de movimentação ilegal, assim como 46kg de maconha e roupas falsificadas. Uma arma de fogo com seis munições e 30m³ de madeira ilegal do estado do Pará também foram apreendidos.

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A Tamoio IV foi distribuída em macro-regiões, atuando do Norte ao Centro-Sudeste. O objetivo foi intensificar as ações policiais em rodovias movimentadas e que funcionam como principais corredores logísticos nessas regiões, sendo potenciais corredores para transações criminosas.

Operação é considerada a maior já realizada pela instituição

Em balanço divulgado no último dia 20 de julho, a PRF contabilizou as apreensões das três primeiras fases da Operação Tamoio, considerando os meses de abril a junho. De acordo com a assessoria, os dados este ano superam os obtidos no mesmo período do ano de 2019. Só nesse primeiro período, mais de 40 veículos foram recuperados e 40 quilos de entorpecentes apreendidos.

Isso é quase 20 vezes mais do que as apreensões de drogas no ano anterior, que apreendeu um pouco mais de dois quilos de cocaína.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, cumpre nesta terça-feira, 28, agenda no Rio de Janeiro. Por volta das 10h, ele falou por poucos minutos em um evento do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos. O tema foi cooperação internacional, combate à corrupção e ao crime organizado.

O encontro, fechado para a imprensa, ocorreu em um hotel na praia de Copacabana, na zona sul da capital fluminense. O ministro seguiu para a 7ª Vara Federal Criminal, onde fará uma visita institucional ao juiz Marcelo Bretas, relator da Lava Jato no Estado.

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O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, apresentou ontem números sobre o combate ao crime organizado e sugeriu alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro na área. A manifestação, feita em seu perfil nas redes sociais, veio depois de uma crise envolvendo declarações de Bolsonaro sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, atualmente sob o guarda-chuva da pasta de Moro.

O ex-juiz da Lava Jato indicou que vai manter a agenda de visibilidade, acentuada na semana passada. O ministro deverá conceder hoje entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan. Na segunda-feira passada, Moro participou do Roda Vida, da TV Cultura, que bateu recorde de audiência em 12 meses. A entrevista foi vista por mais de 1,5 milhão de pessoas no canal do programa no YouTube.

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O ex-juiz da Lava Jato indicou que vai manter a agenda de visibilidade, acentuada na semana passada. O ministro deverá conceder hoje entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan. Na segunda-feira passada, Moro participou do Roda Vida, da TV Cultura, que bateu recorde de audiência em 12 meses. A entrevista foi vista por mais de 1,5 milhão de pessoas no canal do programa no YouTube.

Nos posts, ele também defendeu a transferência de chefes de facções a presídios federais - medida tomada em sua gestão que desagradou a governadores e respectivos secretários de Segurança Pública. "342 criminosos perigosos foram transferidos aos presídios federais em 2019. Ao final do ano, eram 624, recorde histórico. Pela lei anticrime, todas as conversas com visitantes são gravadas, o que reduz a possibilidade do envio de ordens para a prática de crimes lá fora", disse Moro, citando a lei que entrou em vigor na quinta-feira.

A crise entre Moro e Bolsonaro chegou ao fim anteontem, quando o presidente recuou da ideia de desmembrar o Ministério da Justiça, após forte reação contrária de quem interpretou a medida como uma forma de esvaziar a atuação do ministro no governo. Para aliados de Moro, Bolsonaro quis dar uma "alfinetada" nele por sua participação no Roda Viva. Para assessores do presidente, o ex-juiz não defendeu Bolsonaro com a "ênfase esperada" no programa. O nome de Alberto Fraga - ex-deputado federal, amigo e interlocutor do presidente - apareceu em primeiro lugar na bolsa de apostas para assumir a nova pasta.

A possibilidade de desmembrar a pasta de Moro foi levantada na quarta-feira, quando secretários estaduais de Segurança, em reunião com Bolsonaro, apresentaram suas demandas, entre elas a recriação da pasta de Segurança. Após o encontro, o presidente anunciou publicamente apenas essa sugestão, o que foi interpretado pelos secretários como um endosso de Bolsonaro à ideia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há pouco mais de uma semana, o vigilante Carlos Henrique Menoio de Carvalho, de 40 anos, foi morto durante uma tentativa de assalto a um caminhão no Rio de Janeiro. O crime aconteceu durante a madrugada, na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), na altura do km 164, em Jardim América.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bandidos interceptaram o caminhão para roubar a carga. Houve confronto entre os criminosos e os responsáveis pela escolta do veículo. O vigilante foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Os criminosos fizeram cerca de 20 disparos, sendo que um deles atingiu o pescoço de Menoio, quando ele corria pelo acostamento da Dutra. O alvo dos bandidos: uma carga de carne.

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Levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo aponta que no último mês, secretarias de 11 Estados e do Distrito Federal registraram 23 ocorrências de roubos de carne bovina. Algumas tiveram relação com roubo de gado vivo, direto do pasto, mas foram casos isolados.

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Segurança Privada (Contrasp), a situação de violência contra as transportadoras e frigoríficos colocou as empresas do setor de carnes diante de uma situação inédita: caminhões têm saído para a estrada acompanhados de escolta armada (o que aumenta ainda mais o custo do produto).

Com o aumento das exportações para a China, a oferta de carne no Brasil diminuiu e os preços subiram. A alta acumulada em 2019 foi de 32,4%. Um caminhão lotado de carne passou a valer entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão, o que atrai os bandidos.

O presidente da Contrasp, João Soares, afirma que as quadrilhas que têm roubado caminhões de carne são as mesmas que atuavam em ataque a empresas de transporte de valores. Ele explica, com base em relatórios policiais, que os bandidos têm empregado as mesmas técnicas e lançado mão de armamentos pesados. No caso da morte do vigilante no Rio, o bando estava em dois carros, armado com fuzis calibre 556, para roubar a carga avaliada em R$ 1 milhão.

Em grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, já é possível observar caminhões de carne sendo escoltados até mesmo dentro das cidades, enquanto entregam as mercadorias nos supermercados, bares e açougues.

No sábado passado, funcionários de um frigorífico entregavam caixas de carne em um bar na Rua Pedro Álvares Cabral, esquina com a Marechal Deodoro, em São Vicente (SP). Os responsáveis pela entrega disseram que a escolta armada foi implantada em dezembro, por causa dos assaltos registrados nos últimos dias. Surpreso com a cena, o dono do supermercado contou que foi a primeira vez que viu um caminhão de carne chegando ao estabelecimento escoltado por homens armados, algo que é comum acontecer com cargas de cigarro.

Valores

Com décadas de experiência no setor de segurança, Soares afirma que a escolta de cargas de carne em rodovias é uma demanda nova para o setor. A Contrasp estima que os roubos a caminhões de carne já supera o número de assaltos a carro-forte no País, apesar de ainda não ter os dados detalhados do mês dos crimes na área de valores.

"O crime organizado sempre dá um passo à frente. Sempre está se renovando. Como a carne subiu demais, agora as empresas estão contratando escolta porque não querem ter prejuízo. Os frigoríficos resolveram contratar escolta. É uma modalidade nova, desconhecida inclusive por nós, da área de segurança privada", afirma.

O representante dos vigilantes diz que os serviços de escolta para transporte de carne têm sido contratados para viagens mais longas, geralmente para o interior do País. Nas estradas sem policiamento, segundo ele, as ações dos bandidos costumam ser mais ousadas.

No último domingo, 12, policiais militares do 10.º Batalhão do Distrito Federal localizaram um caminhão que tinha sido roubado em Goiás e recuperaram 16 toneladas de carne bovina. O carregamento, transportado num caminhão menor, era avaliado em R$ 300 mil. Um casal foi detido no setor industrial de Ceilândia, no Distrito Federal.

O caminhão saiu de Tocantins e tinha como destino o Rio Janeiro. Por volta das 23 horas de sábado, o veículo sumiu do radar antes de passar por Goiânia e só voltou a ser rastreado pela empresa de monitoramento nas proximidades de Brasília. Profissionais de segurança da transportadora foram até o 10.º Batalhão e solicitaram o apoio dos policiais militares.

Por conta do tempo que ficou sem refrigeração, parte da carga recuperada não

servia mais para consumo e foi incinerada. O motorista do caminhão foi deixado pelos bandidos em Cristalina, no interior de Goiás.

O Brasil vai ratificar um acordo que cria mais uma parceria com Israel, aliado prioritário do governo desde o início de 2019. Desta vez, o foco é o combate à corrupção e ao crime organizado. O acordo será publicado no Diário Oficial da União na próxima segunda-feira (30), e prevê pontos importantes de cooperação internacional e troca de conhecimentos.

De acordo com nota publicada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), órgãos de segurança pública dos dois países farão intercâmbio de experiências sobre crimes internacionais que, para serem combatidos de maneira eficaz, necessitam de mecanismos modernos de troca de informações. Tráfico de pessoas, tráfico de armas de fogo, munição e explosivos, terrorismo e maneiras de financiar atividades terroristas entram na lista de áreas de conhecimento que devem ser exploradas na parceria.

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O presidente Jair Bolsonaro já havia sinalizado, no início do ano, que fortaleceria os laços de parceria com Israel nas áreas de ciências, tecnologia e segurança pública. O presidente chegou a visitar o país no primeiro semestre de 2019 e contou com o auxílio do governo de Israel após o rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro. O Brasil estreitou a parceria também ao inaugurar um escritório em Jerusalém para fortalecer o vínculo entre os dois países.

Força-tarefa da Polícia Federal (PF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) deflagrou nesta terça-feira, 3, a Operação Extração para desarticular braço do PCC no Rio Grande do Norte. De acordo com a PF, a facção criada nos presídios de São Paulo "enraizou" célula regional em Natal e em outras áreas do Estado.

Desde o início de sua gestão no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro tem orientado a Polícia Federal - atrelada à sua pasta - a combater não apenas a corrupção, mas também a criminalidade violenta. A meta de Moro é sufocar as facções do crime organizado.

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A Operação Extração conta, ainda, com o apoio da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, para execução de medidas cautelares ordenadas pela Justiça Estadual de Mossoró - foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão, 18 de prisão preventiva, além de um de prisão temporária contra um advogado potiguar suspeito de integrar a organização criminosa.

A PF mobilizou 90 agentes e delegados para cumprirem as ordens judiciais nas cidades de Natal, Mossoró, Extremoz, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante e Pau dos Ferros. As investigações foram intensificadas em junho, depois que a PF identificou o planejamento de um "salve" (ordem) pelo PCC no Estado.

Segundo a PF, a organização planejava aterrorizar a população, "por meio do incentivo dos faccionados à prática de ações violentas contra pessoas e prédios em várias cidades". No "salve" identificado pela PF, a facção criminosa também planejava ataques dentro do sistema prisional potiguar, incentivava a violência contra integrantes de facções rivais e sugeria confrontos com as forças policiais do Rio Grande do Norte. A PF informou que, durante as investigações, informações foram compartilhadas com autoridades do Rio Grande do Norte e medidas preventivas adotadas.

Não houve registro de atentados no período. Todos os presos ocupam posições de liderança na filial potiguar da facção criminosa PCC, destaca a Operação Extração.

O advogado preso temporariamente em Natal "teve especial participação na circulação do salve em junho de 2019". Ele era o suposto responsável pela comunicação e transmissão das ordens entre as lideranças presas e membros da alta cúpula da facção ainda em liberdade.

A PF assinala que o crime de promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa é previsto na Lei nº 12.850/2013, punido com pena de reclusão de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse não será calado e nem se intimidará no combate à violência no estado. Ele contestou que esteja incitando a violência ao afirmar que o enfrentamento à criminalidade ocorrerá na mesma medida do poder bélico dos traficantes.

“Tenho certeza e convicção de que ao enfrentar o crime organizado com armas bélicas, só uma resposta pode existir. Na mesma intensidade, o nosso armamento também será usado. Aqueles que nos enfrentam serão abatidos. Isso não é incitar a violência, mas é fazer cessar a violência”, afirmou ao participar da cerimônia de entrega de dez veículos, 350 coletes camuflados e 700 uniformes completos para o Comando de Polícia Ambiental da Polícia Militar (PM), no quartel central da corporação, no centro do Rio. Tanto os veículos como o material foram doados à PM pela Secretaria de estado de Ambiente e Sustentabilidade (Seas).

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“Aqueles que querem mudar a versão dos fatos, tumultuar a democracia, escolheram um lado. Um lado oposto ao meu e ao dos senhores [se dirigindo aos policiais]. Oposto aquilo que a democracia exige. Escolheram o lado do terrorismo. Um partido que ingressa no Supremo Tribunal Federal para tergiversar a verdade para mudar a realidade dos fatos, acusando um governador eleito democraticamente de incitar a violência, fecha os olhos para tudo que está ao seu redor e só nos deixa a dúvida de que, possivelmente, o terrorismo conseguiu um braço na política. Vamos avançar nas investigações”.

“Uma conduta contumaz do crime organizado que podemos estar padecendo do mesmo mal. Não colocarão uma mordaça no governador do estado do Rio de Janeiro. Confio no Supremo Tribunal Federal e nos seus magistrados, porque sei que no processo democrático o amplo direito de defesa e o contraditório é sagrado para desmascarar aqueles que de má-fé levam aos tribunais mentiras, calúnias e querem fazer prevalecer a violência contra a sociedade”.

Enterro

No início do discurso, o governador lembrou a morte do segundo sargento da PM, Carlos Otávio Correa dos Santos, que foi baleado ontem na cabeça durante patrulhamento em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Witzel disse que o policial foi brutalmente assassinado por um tiro covarde de facções terroristas.

“Um tiro certeiro, cujo objetivo única e exclusivamente era tirar a vida do nosso policial. Nada foi roubado, nada foi levado, nada para matar a fome de ninguém, mas apenas e tão somente para afrontar o estado democrático de direito. Aqueles que defendem os direitos humanos que abram os seus olhos, porque estes que puxaram o gatilho somente desejam desestabilizar o estado democrático de direito, manter o seu poderio bélico nas comunidades cooptando jovens, destruindo famílias e mantendo um comércio espúrio da droga que alimenta no mundo o terrorismo”.

Ele se solidarizou com Ana Paula, a viúva do sargento e com Lucas , de sete anos, filho do policial. “É mais um órfão dessa terrível saga que o estado do Rio de Janeiro enfrenta contra o crime organizado”.

O governador ao se referir à secretária do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, disse que hoje poderia ter sido um dia especial, mas, infelizmente, foi mais uma noite que passou orando e acordou com a dor no peito de ter que enterrar e sepultar mais um dos policiais que tombaram para a liberdade da sociedade.

“A vida precisa seguir e nós precisamos estar de cabeça erguida, porque sabemos do nosso compromisso com o nosso país e o nosso estado. Hoje estamos aqui para dar essa demonstração de que nós não tememos e vamos continuar o nosso trabalho”.

Diante dos integrantes do Comando de Polícia Ambiental destacou que a patrulha é fundamental para coibir mais um dos braços da máfia da milícia do crime organizado no Rio. “A milícia que extrai areia ilegal, lava dinheiro e alimenta esse comércio nefando contra o estado democrático de direito”.

Para Witzel, ao fazer a doação das viaturas à Polícia Ambiental da Polícia Militar (PM),  a secretária de Ambiente e Sustentabilidade deu uma demonstração do seu comprometimento com o ordenamento urbano para não permitir que novas comunidades sejam criadas para dar mais espaço ao crime organizado.

O governador parabenizou o secretário de Polícia Militar, general Rogério Figueredo, pelo trabalho que vem realizando mantendo o moral elevado da tropa no enfrentamento ao crime organizado. “Infelizmente essa é uma missão que não acabará nunca, mas certamente vamos reduzir a níveis satisfatórios de civilidade”.

Dos dez veículos equipados doados pela Seas, nove serão usadas pelos agentes do Comando de Polícia Ambiental e da Superintendência Integrada de Combate aos Crimes Ambientais da Seas. Os recursos empregados são do Fundo da Mata Atlântica. A outra viatura será empregada em operações de investigação, checagem de informações, monitoramento e planejamento em áreas de difícil acesso.

O secretário de Polícia Militar, general Rogério Figueredo não estava presente mas em texto lido pelo subsecretário, coronel Márcio Pereira Basílio, disse que de dez anos para cá os crimes ambientais passaram a fazer parte de uma rede mais sofisticada montada por organizações criminosas.

“Esses criminosos continuam atuando no tráfico de animais silvestres, na destruição de florestas nativas para a venda de madeira ou produção de carvão, e na extração ilegal de areia, saibro e granito, mas expandindo as suas atividades para abastecer também empresas clandestinas, que operam na área de construção civil, direta ou indiretamente para fortalecer quadrilhas especializadas em crimes financeiros, que fomentam redes corruptas os tráficos de armas e de drogas”.

 

Integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) usavam contas bancários de novos membros para movimentar ao menos R$ 280 mil por mês provenientes do tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

Os correntistas eram acionados por um líder da quadrilha usando um aplicativo de celular para obter as senhas e fazer a coleta dos valores monetários depositados nas contas desses "laranjas". A polícia suspeita que o esquema operava desde 2013, podendo ter movimentado mais de R$ 15 milhões.

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O criminoso incumbido da coleta, conhecido como Motoboy ou Pablo, foi um dos alvos da Operação Welfare (Bem Estar) nesta quarta-feira, 3, que resultou no cumprimento de 35 mandados de prisão e 46 mandados de busca e apreensão, além de 16 buscas administrativas dentro de celas de presídios do Estado. Outros três mandados de prisão ainda serão cumpridos.

Conforme o delegado José Carlos de Oliveira Junior, do Departamento de Polícia Judiciária de Presidente Prudente (SP), onde as investigações tiveram início, o Motoboy agendava pelo aplicativo data, hora e endereço para fazer a coleta do dinheiro. "Às vezes, ele fazia contato telefônico, mas sempre de forma resumida, tentando evitar suspeitas por parte da polícia em caso de interceptação telefônica", disse.

Quando o valor a ser retirado excedia o limite de saque, o dono da conta ia ao caixa acompanhado pelo "coletor". O criminoso, cuja identidade não foi revelada, é considerado membro importante na hierarquia do PCC. Entre as prisões decretadas estão as de 13 detentos que já estão no sistema prisional.

No interior das unidades, eles formavam células que cooptavam parentes e visitantes dos detentos para integrar o esquema em troca de favores e ajuda financeira. Conforme o delegado, a "sintonia da ajuda", como são conhecidos os integrantes, ofereciam transporte para parentes dos presos, pagamento de aluguel, despesas médicas e odontológicas, e até a quitação de pequenas dívidas. Em troca, os cooptados, na maioria mulheres, cediam suas contas bancárias para depósitos e transferência do dinheiro da droga.

As investigações duraram seis meses. Os envolvidos vão responder por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Eles também tiveram os cadastros de pessoa física bloqueados no sistema bancário. Os materiais apreendidos ainda serão analisados e podem resultar em novas prisões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), criou um disque-denúncia voltado para o combate ao crime organizado. A população poderá denunciar casos no WhatsApp e através de ligações telefônicas no número (81) 99284-0063. A identidade é preservada e são aceitos, no WhatsApp, textos, fotos, áudios e vídeos que possam comprovar as informações repassadas.

As informações recebidas passarão por uma triagem e poderão ser investigadas caso haja indícios de crimes cometidos. "Com esse serviço vamos aproximar e fazer uma ponte entre o MPPE e o cidadão. Esperamos que as denúncias possam facilitar as investigações como um todo. Agora elas precisam ser fundamentadas e não podem ser usadas como instrumentos de vingança pessoal, perseguição política ou coisa do gênero. No Gaeco temos pessoas especializadas em identificar quem quer denunciar algo sério ou apenas incriminar desafeto ou adversário", pontuou o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Frederico Magalhães.

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"Dessa forma, além da possibilidade de municiar o órgão ministerial com documentos e informações, os cidadãos poderão participar ativamente da luta contra a corrupção, exercendo o controle social", Magalhães acrescenta. Segundo o promotor, a equipe tem obtido sucesso em investigações iniciadas a partir de denúncias.

A necessidade de proteção para juízes que lidam com o crime organizado – incluindo corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico e milícia – motivou o Tribunal de Justiça (TJ) do Rio a adotar o sistema de “juízes sem rosto”. Eles vão trabalhar em uma vara específica e os casos serão julgados por três juízes, sendo que só na sentença final haverá a assinatura do juiz natural do processo.

A novidade foi divulgada nesta segunda-feira (20), pelo presidente do TJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, e deve ser adotada a partir de junho, quando será criada a vara especializada. Segundo ele, a nova vara iniciará os trabalhos com 400 processos ligados ao crime organizado.

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“Vamos criar uma vara especializada, a fim de que juízes que estejam sofrendo ameças em alguns lugares, como Santa Cruz e Seropédica, para que esses processos passem a ficar no foro central. Além de trazer proteção aos magistrados que lá atuam, vai evitar fugas de presos e invasão de foros. Essa vara só vai julgar esse tipo de crime, o que vai trazer uma celeridade muito grande para a sociedade do Rio de Janeiro”, disse Tavares.

Segundo Tavares, também haverá rodízio de juízes na nova vara, para evitar que sejam identificados. Em casos de decretação de prisão, por exemplo, três juízes vão assinar a ordem, diluindo a responsabilidade sobre a ação.

Escolta

O presidente do TJ disse que 15 juízes que atuam na zona oeste, como Jacarepaguá, Santa Cruz e Seropédica – historicamente dominada por milícias – estão tendo escolta policial 24 horas. Além deles, mais sete, por trabalharem em varas de execução penal, por exemplo, também têm direito à escolta.

“A minha preocupação é com a proteção do magistrado. Os juízes realmente estão sendo ameaçados. Uma das preocupações da presidência do Tribunal é com a integridade física deles. Eles ligam, demonstram preocupação. São filhos que são ameaçados, é esposa que é ameaçada. Os magistrados pediram socorro à presidência”, disse Tavares.

Para a nova vara ser criada, falta a aprovação, por maioria, dos integrantes do Órgão Especial do TJ, composto por 25 desembargadores. “Eu tenho certeza que isso vai ser aprovado imediatamente, porque é uma maneira de resgatar a dignidade do magistrado e trazer segurança à família deles e à própria sociedade”, disse Tavares. Dez servidores trabalharão na vara especializada.

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, apresentou nesta segunda-feira (4) aos governadores e secretários de segurança pública o Projeto de Lei Anticrime que será enviado ao Congresso Nacional.

Em um projeto só são propostas alterações em 14 leis, como Código Penal, Código de Processo Penal, Lei de Execução Penal, Lei de Crimes Hediondos, Código Eleitoral, entre outros. O objetivo é combater de forma mais efetiva a corrupção, crimes violentos e o crime organizado, problemas enfrentados pelo país e que são interdependentes.  

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Participaram do encontro governadores, secretários de segurança pública e representantes de 24 estados e do Distrito Federal.

O projeto, segundo o ministro, adequa a legislação à realidade atual, dando mais agilidade no cumprimento das penas, tornando o Estado mais eficiente e diminuindo a sensação de impunidade.

Mais cedo, antes do encontro com os governadores, o ministro Sergio Moro conversou sobre o projeto com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O encontro com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, deve ocorrer ainda nesta semana.

O texto do projeto já havia sido apresentado e discutido pelo ministro com o presidente da república, Jair Bolsonaro, e está na Casa Civil para análise e envio ao Congresso Nacional.

Mudanças propostas

O projeto conta com medidas para assegurar o cumprimento da condenação após julgamento em segunda instância, aumentar a efetividade do Tribunal do Júri, alterar as regras do julgamento de embargos infringentes, medidas relacionadas à legítima defesa, para endurecer o cumprimento das penas e alterar o conceito de organização criminosa.

São propostas também alterações que visam elevar penas em crimes relativos à arma de fogo, aprimorar o confisco de produto do crime e permitir o uso do bem apreendido pelos órgãos de segurança pública, evitar a prescrição, reformar o crime de resistência e introduzir soluções negociadas no Código de Processo Penal e na Lei de Improbidade.

Além disso, o texto propõe alterações para facilitar o julgamento de crimes complexos com reflexos eleitorais, criminalizar o caixa dois, alterar o regime de interrogatório por videoconferência, dificultar a soltura de criminosos habituais, alterar o regimento jurídico dos presídios federais, aprimorar a investigação de crimes e introduzir a figura do “informante do bem”.

Efetividade no cumprimento de penas

Entre as alterações estão o endurecimento do cumprimento da pena para crimes considerados mais graves, como roubo, corrupção e peculato que, pela proposta, passa a ser em regime inicial fechado. Além disso, o projeto pretende deixar claro que o princípio da presunção da inocência não impede a execução da condenação criminal após segunda instância.

O projeto também considera crime arrecadar, manter, movimentar ou utilizar valores que não tenham sido declarados à Justiça Eleitoral, popularmente chamado de “caixa dois”.

Confisco de produtos do crime

No caso de condenações por infrações com pena máxima superior a seis anos de reclusão poderá ser decretado confisco de bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com seu rendimento lícito.

Obras de arte ou outros bens de relevante valor cultural e artístico que foram confiscados poderão ser destinados a museus públicos. Além disso,  órgãos de segurança pública poderão usar bens apreendidos para uso exclusivo em atividades de prevenção e repressão a infrações penais.

Combate às organizações criminosas

O projeto conceitua organizações criminosas e prevê que seus líderes e integrantes que sejam encontrados com armas iniciem o cumprimento da pena em presídios de segurança máxima. Condenados que sejam comprovadamente integrantes de organizações criminosas não terão direito a progressão de regime.  Além disso a proposta amplia de um para três anos o prazo de permanência de líderes de organizações criminosas em presídios federais.

Maior efetividade do Tribunal do Júri

As alterações na legislação sugeridas pelo ministro Sergio Moro fortalecem a soberania nos veredictos do Tribunal do Júri de forma que a decisão seja cumprida imediatamente. A mudança segue entendimento do Supremo Tribunal Federal que considerou a decisão do Tribunal do Júri soberana.

Soluções negociadas

Com o objetivo de desafogar o Judiciário,  as alterações permitem ao Ministério Público propor acordo, antes do recebimento da denúncia, quando o acusado confessa crime com pena máxima inferior a quatro anos, praticado sem violência ou grave ameaça.  Além disso, o projeto também disciplina a prática de acordos em outros casos, quando já houve recebimento da denúncia.

Aprimoramento das investigações

A ampliação do Banco Nacional de Perfis Genéticos facilitará a investigação de crimes. A mudança proposta permitirá a coleta de DNA de condenados por crimes dolosos mesmo sem trânsito em julgado.

Além disso, está proposta a criação do Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais e, quando possível, de íris, face e voz. Tais dados são importantes para que as investigações criminais tenham caráter mais técnico e científico.

As alterações propostas também têm como objetivo implementar o trabalho dos agentes policiais disfarçados.

A introdução da figura do “denunciante do bem” auxiliará na coleta de provas em investigações. Além de assegurar instalação de ouvidorias no serviço público e a proteção integral ao informante está prevista recompensa de 5% sobre o valor arrecadado em caso de recuperação de produto do crime.

*Do site do Ministério da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, vai defender no Congresso mudanças na legislação para permitir o confisco de bens comprados com recursos ilícitos ou derivados de crime, mesmo que não haja comprovação de que tenham sido obtidos ilegalmente. No pacote que pretende encaminhar em fevereiro aos parlamentares, Moro vai incluir o chamado confisco alargado, que autoriza o poder público a retirar da propriedade de condenados por crimes como corrupção, tráfico de drogas e associação criminosa tudo aquilo cuja origem eles não conseguirem comprovar como lícita.

Promessa de campanha de Jair Bolsonaro, mudanças na legislação visam a fortalecer o combate à corrupção e ao crime organizado. Moro apresentou na sexta-feira passada ao presidente as proposições que pretende incluir no plano, mas elas ainda não estão totalmente fechadas.

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Outra medida, que deve seguir depois para o Congresso, é a que prevê o confisco de bens na esfera cível, mesmo que não haja condenação criminal, conhecida como extinção do domínio. Nesse tipo de ação, que só seria aberta se houver indícios de que os bens foram adquiridos por meio de crime, o proprietário teria de explicar como obteve o patrimônio; do contrário perderia o bem.

Por exemplo, a mulher de traficante ou condenado por corrupção, mesmo que não tenha sido condenada, pode ter o imóvel em seu nome confiscado pelo poder público caso não prove à Justiça que tenha usado dinheiro com origem lícita para fazer a compra.

Um terceiro ponto que Moro defende, mas não deve incluir no pacote, é a criminalização do enriquecimento ilícito, hoje passível de punição apenas na esfera administrativa. A proposta já está em discussão no Congresso e Moro planeja encampá-la.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim), Cristiano Maronna, as três propostas ferem a presunção da inocência e invertem o ônus da prova, já que o cidadão teria de provar que é inocente ou que a origem do patrimônio é legal.

"No confisco alargado, há ruptura de um princípio fundamental do processo penal, o da presunção da inocência, e do in dubio pro reo (na dúvida, decide-se a favor do réu). Na dúvida, o sujeito vai perder o patrimônio porque vai se buscar ampliar e alargar essa ideia de confisco", disse Maronna. "O grande problema é que não levam em conta a ideia de equilíbrio e proporcionalidade, mas exclusivamente os interesses da acusação. Embora sejam relevantes, eles não são os únicos. É por isso que a Constituição prevê freios e contrapesos aos poderes acusatórios", afirmou.

Coordenadora da Câmara Criminal do Ministério Público Federal, a subprocuradora Luiza Frischeisen rebate e argumenta que as três propostas dariam ao MP ferramentas para combater o financiamento do crime e a lavagem do dinheiro. "Aumenta a possibilidade de atingir o fluxo do dinheiro que alimenta o crime organizado." Luiza disse que as mudanças, se aprovadas, facilitariam o confisco de patrimônio em nome de laranjas que não estiveram envolvidos em atividade criminosa.

Excluídas

A extinção de domínio, o confisco alargado e a criminalização do enriquecimento ilícito faziam parte das Dez Medidas de Combate à Corrupção, pacote que o Ministério Público Federal apresentou ao Congresso em 2015. Foram excluídas, contudo, na votação no plenário da Câmara dos Deputados, em que o projeto original foi desfigurado.

Na visão de Moro o capital político do governo recém-eleito pode favorecer o andamento das propostas, que estariam de acordo com o sentimento demonstrado nas urnas. Quando aceitou o cargo de ministro, afirmou que seu objetivo era difundir nacionalmente "avanços" obtidos na Operação Lava Jato e, para ele, essas mudanças na lei são fundamentais para isso.

Conforme as propostas de Moro, poderão ser alteradas pelo menos 15 leis, como as que tratam de execução penal e lavagem de dinheiro, além dos códigos Penal e o de Processo Penal.

Ex-coordenador da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), o advogado Antenor Madruga afirmou que as medidas não ferem o processo legal e não impedem o cidadão de se defender. "Talvez o enriquecimento ilícito seja algo que precise de uma maior discussão antes de aprovação. Nem tudo se resolve com direito penal. Pode ser também no cível", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de realizar a prisão de Renato Carvalho de Azevedo, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), na última terça-feira (18) em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, uma ação em conjunta entre a Polícia Militar e a Polícia Federal descobriu, na sexta-feira (21), uma segunda pessoa ligada a facção residindo no mesmo edifício de luxo. Após confirmar as informações e constatar que não havia ninguém no apartamento, a polícia soube que o suspeito se encontrava em um hospital e foi até o local para efetuar a prisão.

Ligado ao tráfico de drogas, Edson Gomes da Silva, conhecido como “Tchoka”, de 35 anos, estava usando um nome falso no momento que foi autuado. Na sua residência foram encontrados uma certidão de nascimento e RG no nome de Handerson Mendonça de Aquino, um revólver calibre 38 e várias munições, além de um veículo de luxo registrado no nome de Handerson.

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Na chegada da Polícia ao hospital, Edson se identificou como Handerson e afirmou ser proprietário do veículo, mas no decorrer do interrogatório após ser autuado em flagrante pelos crimes de organização criminosa, posse irregular de arma de fogo, lavagem de dinheiro e ocultação de bens, ele não quis confirmar sua verdadeira identidade para os policiais.

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Edson, ou “Tchoka”, foi facilmente identificado, segundo a polícia. Integrante da facção criminosa OKAIDA da Paraíba tem ligação direta com o PCC. Conhecido por facilitar o tráfico entre os estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, o suspeito também já participou de algumas fugas e, por conta disso, a polícia não revelou o hospital que ele se encontra.

Em setembro deste ano, mais precisamente no dia 9, Edson se encontrava na prisão de segurança máxima Romeu Gonçalves Abrantes-PB1, em Jacarapé João Pessoa, quando bandidos explodiram o portão de acesso a unidade. Com relatos de bombas e muitos tiros 105 detentos fugiram, entre eles, Edson Gomes da Silva.

Em 2009, Edson estava detido na delegacia São José do Mipibu em Natal/RN. Bandidos entraram na delegacia para resgatar Edson e outros cinco presos que se encontravam detidos no local. Todos foram libertados. Além disso, as armas e munições dos policiais foram levadas na ocasião.

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O candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), disse em agenda de campanha na comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que, se eleito, pretende combater o crime organizado infiltrando agentes nas organizações criminosas e mapeando o tráfico de drogas.

"O que nós precisamos fazer é infiltrar, mapear o caminho do dinheiro, mapear a cabeça do narcotráfico, cortar uma vez, cortar duas, cortar três, levando para presídios federais e proibindo que eles se comuniquem ali de dentro comandando o tráfico”, afirmou.

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Ciro também prometeu investir em saneamento básico e moradia adequada para as famílias que vivem em comunidades como a Rocinha.

“A primeira providência é urbanização com saneamento básico e moradia adequada. Dinheiro para isso tem. Nós temos todas as condições de retomar as obras paradas e empregar as comunidades que estão na própria obra de saneamento”, pontuou.

De acordo com o candidato, o governo não oferece os serviços necessários para os moradores das comunidades.

“Nós estamos na Rocinha e não por acaso eu vim aqui. Essa é uma das maiores favelas do Brasil e aqui é um território onde a esmagadora maioria de gente trabalhadora está amedrontada. Seja pela violência do narcotráfico ou pela violência do Estado que não dá ao povo trabalhador aquilo que deve”, concluiu.

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