Muitas pessoas que sentem vontade de seguir carreira dando aulas em turmas de ensino superior, após a graduação, seguem a formação através de especializações, mestrado e doutorado, para então chegar às salas das universidades para ensinar. No entanto, muita gente não sabe é que não é obrigatório ter concluído o mestrado para começar a dar aulas em universidades. O LeiaJá ouviu professores, o Ministério da Educação (MEC) e uma especialista em formação de professores para explicar o que é necessário para trabalhar com o ensino superior e quais são os caminhos possíveis em prol desse objetivo.
O que diz a lei
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De acordo com informações do MEC, a norma que regula a atuação de profissionais do ensino nas universidades é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Nela, é determinado que os colegiados das universidades devem ter autonomia para, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, regular a contratação e dispensa de professores, assim como definir o plano de carreira desses profissionais. Assim, é possível ingressar no ensino de nível superior na condição de professor tendo apenas o diploma de graduação ou de especialização.
No entanto, também é necessário observar o que determina o artigo 52 da LDB, que estabelece que pelo menos um terço dos docentes das universidades tenham titulação de mestrado ou doutorado, com regime de trabalho em tempo integral. Tendo apenas o diploma de graduação ou especialização, é possível dar aulas na rede privada e também em universidades públicas, no entretanto, normalmente o cargo de professor efetivo só é ocupado por mestres e doutores, enquanto as vagas de professor substituto, que têm contratos temporários, aceitam profissionais com título de bacharel, licenciado ou especialista. É o que explica Adriana Santana, professora do Departamento de Comunicação e coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Adriana sempre quis ser professora, na infância se imaginava dando aulas de inglês. Quando veio o amor pelo jornalismo, ela resolveu exercer a profissão nos jornais, mas nunca perdeu a vontade de ensinar, pois sempre a encantou a ideia de correr o mundo para estudar. Foi esse encanto que a levou a fazer mestrado enquanto atuava nas redações e, posteriormente, se dedicar exclusivamente ao ensino e ao doutorado.
Adriana já ensinou tanto em universidades públicas quanto em instituições privadas de ensino, e também destaca que na universidade pública, a pesquisa e a extensão são obrigações dos professores e estão inseridas na carga horária. Quando perguntada o que, em sua opinião, um profissional precisa que ter para ser um bom professor, Adriana destaca a paixão pelo conhecimento, pela área de estudo em que atua e uma inquietação eterna, que mova o docente a querer sempre adquirir mais conhecimento para transmitir aos alunos.
“Sem medo de errar, acho que todo mundo que escolheu ser professor tem alguns pontos em comum. Acho que futuros professores são alunos inquietos, que leem muito, têm avidez em aprender. Para ser professor, acredito que a gente tenha que ter sempre espírito de estudante e uma paixão incrível por sua área de conhecimento”, afirma Adriana.
Djalma Carvalho tem formação em psicologia e comunicação social. São 27 anos de experiência de sala de aula, 25 anos de atuação como psicólogo clínico. Hoje tem título de doutor e trabalha na UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau há 11 anos. Os estudos na psicologia e na comunicação social fizeram de Djalma um professor realizado e feliz com o seu trabalho, destacando a importância de ter paixão pelo que ensina como característica importante de um bom professor.
No entanto, ele quase foi por outro caminho por pressão da família que queria que ele tivesse seguido carreira no direito, que não o agradava. “Eu comecei errado, fui pela família, eles se revoltaram quando saí de direito e acertadamente estou em sala de aula, mas tudo começou no momento em que eu renunciei ao que eu não gostava. É um caminho árduo que precisa de vocação, o aluno tem que gostar e se identificar para ter o melhor curso”, explica o professor.
Contratação
Para trabalhar nas universidades estaduais e federais, é necessária a aprovação em concurso público. Nas instituições privadas, os candidatos a professor passam por algumas etapas de seleção que envolvem a análise do currículo, prova prática de aula e entrevista de emprego. A diretora acadêmica da UNINASSAU, Simone Bérgamo, explica ao LeiaJá como se dá o processo de escolha dos docentes, as possibilidades de caminho até chegar à sala de aula e o que ela, enquanto especialista em formação de professores, busca nos profissionais.
De acordo com Simone, é comum tanto ver professores que sempre quiseram seguir carreira na docência quanto profissionais que tinham uma boa atuação em suas áreas e decidiram mudar de ramo na carreira, indo para a sala de aula. Simone explica que tanto é possível seguir o caminho tradicional da graduação até o doutorado, como também fazer uma pós-graduação em docência no ensino superior.
O processo de seleção de professores pelo qual Simone é uma das responsáveis envolve a avaliação dos currículos, entrevista e prova didática na qual os candidatos recebem um plano de ensino e dão aula a uma banca. As pontuações dos currículos e da prova didática são somadas e os melhores profissionais preenchem as vagas disponíveis.
De acordo com Simone, durante a prova didática são avaliados critérios como o conhecimento acerca do conteúdo a ser ensinado, capacidade de transmitir o assunto com clareza, metodologia de ensino, entre outros. Já na fase de entrevista, existem algumas das características que ela valoriza nos profissionais que se candidatam a uma vaga de ensino: a capacidade de motivação dos alunos e o prazer no que faz.
“Não adianta saber muito sobre o assunto e não conseguir fazer o aluno querer aprender, pois isso leva a uma reclamação constante dos alunos que falam que certos professores não sabem passar o conteúdo. Da mesma forma, também não serve um professor que entenda muito das dinâmicas de ensino e aprendizagem, mas não tem uma boa bagagem de conteúdo a transmitir”, explica a diretora acadêmica.
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