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Um estudo realizado pela Fiocruz avaliou o comportamento do suicídio no Brasil em 2020, que apontam que, em homens com 60 anos e mais da região Norte, o excesso de suicídios alcançou 26%. Além disso, nas mulheres de 30 a 59 anos da região Norte, durante dois bimestres consecutivos, também houve o excesso de suicídios. O padrão também foi observado nas mulheres com 60 anos ou mais do Nordeste, com excesso de suicídios de 40%.

A pesquisa foi feita pelo epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia), e o médico psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, mostraram parte dos efeitos indiretos associados à primeira onda da pandemia de Covid-19 sobre as mortes por suicídio, com aumento significativo nas regiões Norte e Nordeste, socioeconomicamente mais vulneráveis. 

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O estudo utilizou dados oficiais de mortalidade do Ministério da Saúde do Brasil. O objetivo da pesquisa foi estimar o excesso de suicídios no Brasil e avaliar padrões dentro e entre as regiões do país. A pandemia de Covid-19 já resultou em mais de 6 milhões de mortes diretas em todo o mundo e outras centenas de milhares de mortes indiretas, como o suicídio. Os autores salientam que países de baixa e média renda como o Brasil, foram severamente atingidos, não só pelos efeitos diretos sobre a mortalidade, mas também por seus efeitos indiretos em outras causas de morte. 

No artigo intitulado Excess suicides in Brazil: inequalities according age groups and regions durinf the Covid-19 pandemic (Excesso de suicídios no Brasil: desigualdades segundo faixas etárias e regiões durante a pandemia de Covid-19), os dois cientistas explicam essa relação e apresentam os resultados inéditos do estudo. A conclusão foi de que, apesar da diminuição geral (13%) na taxa de suicídios no Brasil no período avaliado, houve um excesso substancial de suicídios em diferentes faixas etárias e sexos das regiões Norte e Nordeste do país. O trabalho foi aceito para publicação no International Journal of Social Psychiatry, tradicional periódico que abrange pesquisas no campo da psiquiatria social. 

Jesem Orellana salienta que o suicídio é um problema de saúde pública mundialmente disseminado e que figura como importante causa de morte prematura, especialmente na América Latina. “Por isso, é fundamental conhecer a sua magnitude, distribuição e possíveis razões, visando a sua prevenção”, explica, acrescentando que sua ocorrência pode variar amplamente, dependendo da dinâmica social, econômica, sanitária e de coesão social, especialmente em momentos de forte instabilidade como em guerras ou pandemias. “Elevadas taxas de suicídios têm sido associadas a fatores biológicos como sexo ou idade, bem como a fatores sociais e transtornos mentais, especialmente ansiedade e depressão”, cita.

Os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o suicídio no Brasil podem ser observados a partir de sua ocorrência em excesso  nas regiões Norte e Nordeste, contrariando o padrão geral de queda, quando se considera a população como um todo. “Embora na fase inicial da pandemia, especialistas e cientistas renomados tenham predito forte aumento mundial no número de suicídios devido a grave crise sanitária, de forma geral, houve decréscimo de 13% nos suicídios na população geral do Brasil e entre março e dezembro de 2020. No entanto, em determinadas circunstâncias, observou-se aumentos”, avalia Orellana. 

“Nosso trabalho evidencia a importância de tratar o suicídio para além de um problema de saúde individual, pois trata-se de uma questão com profunda relação com as desigualdades econômicas e de acessos aos serviços sociais e de saúde pública”, explica Maximiliano Ponte. Segundo ele, no caso do estudo, isso ficou evidenciado na medida em que os idosos das regiões Norte e Nordeste foram os mais vulneráveis ao excesso de suicídios. “Essas questões têm que ser sempre levantadas em estudos sobre suicídio, particularmente em países em desenvolvimento com grandes desigualdades regionais e econômicas como o Brasil”, afirma.

O psiquiatra comenta que os idosos carregam o duplo fardo de lidarem com fatores de risco tanto em relação à Covid-19 quanto à mortalidade por suicídio. “Nessa faixa etária, incidem de forma simultânea dois problemas que acabam atuando conjuntamente: maiores riscos para o suicídio e os maiores riscos para a Covid-19, fatores que se retroalimentam”, defende Ponte, lembrando que o Norte e Nordeste tiveram alta mortalidade por Covid-19, durante a pandemia, a exemplo do caos vivido em Manaus com a falta de oxigênio.

Para Orellana, os resultados apontam para a necessidade de entendermos a atual crise sanitária de forma mais ampla ou como um fenômeno decorrente da interação entre a Covid-19 e os demais desafios sanitários existentes, tal qual uma sindemia, onde a pandemia de Covid-19 interage com desafios sanitários conhecidos ou ainda com a deterioração de questões ambientais e socioeconômicas. “Nosso estudo também alerta para a possibilidade de efeitos indiretos ainda mais fortes sobre os suicídios a partir de 2021, uma vez que o impacto direto pandêmico (mortes por Covid-19) foi ainda mais severo em 2021”, justifica.

Orellana destaca ainda: “Além de ter capturado parte dos efeitos indiretos da pandemia de Covid-19, em diferentes momentos de 2020, em regiões mais vulneráveis e em certos grupos de idade e sexos, o estudo pode contribuir não apenas ao planejamento de ações voltadas para mitigar os efeitos pandêmicos, mas também para a melhoria dos sistemas de informação sobre mortalidade em regiões vulneráveis e que gerenciaram pobremente a epidemia”.

A imunização com as vacinas contra Covid-19 utilizadas no Brasil aumenta a proteção mesmo nas pessoas que já tiveram casos da doença previamente, mostra um estudo publicado na quinta-feira (31) na revista Lancet por pesquisadores do projeto Vigivac, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo indica que a vacinação reduz, principalmente, a ocorrência de hospitalizações e óbitos. 

 Os pesquisadores constataram que a efetividade dos imunizantes contra internação ou morte, 14 ou mais dias após a conclusão do esquema vacinal, foi de 81,3% para a CoronaVac, 89,9% para a AstraZeneca, 57,7% para a Janssen e 89,7% para a Pfizer. Já contra quaisquer casos sintomáticos, foi encontrada uma efetividade de 39,4% para a Coronavac, 56% para a AstraZeneca, 44% para a Janssen e 64,8% para a Pfizer. 

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"Muitos países recomendam que uma dose é suficiente para indivíduos previamente infectados. Nós constatamos que uma segunda dose de CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer garantiu uma proteção adicional significativa contra infecções sintomáticas e casos severos", afirma o artigo, que acrescenta que há uma queda de anticorpos nos nove meses seguintes à recuperação dos pacientes e que uma exposição repetida ao antígeno, por meio da vacinação, é capaz de aumentar a diversidade de anticorpos e a proteção contra variantes. 

"Consideradas conjuntamente, essas descobertas podem ajudar a explicar os benefícios adicionais de uma segunda dose entre indivíduos que foram previamente infectados, apesar da resposta imune robusta produzida pela primeira dose". 

Para realizar a pesquisa, os cientistas identificaram cerca de 213 mil pessoas com sintomas que realizaram teste RT-PCR ao menos 90 dias após uma infecção inicial pelo coronavírus e também após o início do programa de vacinação. Nesse universo, foram constatadas 30.910 pessoas com casos confirmados de reinfecção pelo SARS-CoV-2. 

A análise teve como base os dados nacionais de notificação, hospitalização e vacinação de covid-19, no período de 24 de fevereiro de 2020 a 11 de novembro de 2021, anterior à chegada da variante Ômicron ao Brasil.   

O artigo pondera que a metodologia utilizada tem limitações, como a impossibilidade de comparar a efetividade de acordo com a faixa etária, já que a idade média das pessoas analisadas era de 36 anos, com 75% do público em idade inferior a 45 anos. 

Outro ponto levantado é que as vacinas foram introduzidas no calendário em períodos diferentes, o que pode fazer com que a efetividade daquelas aplicadas mais cedo saia prejudicada na comparação com as que foram aplicadas mais tarde, uma vez que a imunidade tende a cair com o tempo. 

Os pesquisadores também não dispunham de dados sobre qual variante havia causado cada caso, o que também poderia afetar a efetividade, e ponderam ainda que pode haver diferenças na precisão dos testes RT-PCR usados em diferentes partes do país. 

A pesquisa contou com financiamento da própria Fiocruz, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da empresa JBS. O trabalho também teve o apoio do Instituto de Saúde Carlos III, do Ministério da Ciência e Inovação da Espanha e do Governo da Catalunha.

O novo Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta sexta-feira (25) alerta para o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças, ao longo de fevereiro e março deste ano. Entre crianças de 0 a 4 anos, a média móvel dos casos aumentou em cerca de 77%, passando de 970 casos semanais para cerca de 1.870. Entre as crianças de 5 a 11 anos, o aumento na média foi de 216%, passando de 160 casos semanais para uma média estimada em 506 casos semanais.

   O aumento, segundo a Fiocruz, coincide com o período de retomada o ano letivo nas escolas. A maior parte dos casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de covid-19, exceto entre as crianças de 0 a 4 anos.   

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O boletim mostra que, entre a população geral, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,3% Influenza A, 0,3% Influenza B, 15,8% vírus sincicial respiratório, e 73,8% Sars-CoV-2 (covid- 19). Entre as mortes, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,7% Influenza A, 0,0% Influenza B, 0,1% vírus sincicial respiratório (VSR), e 98,5% Sars-CoV-2. 

  Entre as crianças de 0 a 4 anos, houve aumento dos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que pertence ao gênero pneumovírus e é um dos principais agentes de infecção aguda nas vias respiratórias em crianças pequenas. O vírus pode afetar os brônquios e os pulmões e é responsável pela bronquiolite aguda e pneumonia.   

Estados 

O boletim mostra que a curva nacional dos casos de SRAG, considerando todas as idades, mantém sinal de queda nas tendências de longo prazo, ou seja considerando os dados das últimas seis semanas, e de curto prazo, consideradas as últimas três semanas. Essa tendência acompanha a queda nos casos associados à doença. Há, no entanto, indícios de possível início de estabilização em patamar que já é inferior ao de começo de novembro de 2021,  quando havia sido registrado o menor número de novos casos semanais desde o início de epidemia de covid-19 no Brasil.   

Apesar da manutenção do cenário de queda de casos entre a população em geral, a incidência de SRAG em crianças de 0 a 11 anos, segundo o novo boletim, apresenta ascensão significativa em diversos estados ao longo do mês de fevereiro, estando associada tanto a casos de VSR entre as crianças menores, quanto a casos de covid-19 no grupo de 5 a 11 anos.   

Os novos dados mostram que quatro das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Distrito Federal, Espírito Santo, Roraima e Sergipe. Outros seis estados apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo: Acre, Alagoas, Goiás, Maranhão, Paraíba e Rio de Janeiro. Nas localidades, os crescimentos sugerem tratar-se de cenário restrito à população infantil, de acordo com a Fiocruz.

O Brasil vai receber financiamento da Unitaid, agência global ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), para iniciar um tratamento injetável de prevenção ao HIV no país. A profilaxia pré-exposição (PrEp) utiliza o medicamento cabotegravir de ação prolongada e consiste em seis aplicações por ano, o que se mostrou mais eficaz do que o tratamento diário por via oral. 

A implementação se dará em uma parceria da agência com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o projeto será coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e pelo Ministério da Saúde. A coordenadora será a chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI, Beatriz Grinsztejn, infectologista que recentemente se tornou a primeira mulher da América Latina a presidir a maior associação de profissionais e pesquisadores dedicados ao HIV/Aids, a International AIDS Society. 

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A parceria foi anunciada na sexta-feira (18) no seminário conjunto Brasil e Unitaid - parcerias atuais e perspectivas futuras, no auditório do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Participaram do seminário o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

Segundo a Agência Fiocruz de Notícias, Queiroga ressaltou que “graças aos investimentos da Unitaid, comunidades no Brasil com taxas desproporcionalmente altas de HIV estarão entre as primeiras do mundo a se beneficiar desse novo tratamento preventivo”. Nísia afirmou que os US$ 10 milhões que serão investidos trarão forte impacto para o Brasil e a África do Sul. 

O cabotegravir de ação prolongada propicia oito semanas de proteção contínua contra a infecção pelo vírus, por meio de uma única injeção intramuscular. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, o projeto terá como público-alvo os grupos mais vulneráveis à infecção pelo HIV: homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, de 18 a 30 anos. 

Além do Brasil, a Unitaid também selecionou a África do Sul para implantar o projeto, que será disponibilizado para adolescentes e jovens mulheres. Segundo a Fiocruz, na África Subsaariana, seis em cada sete novos casos de infecção em adolescentes ocorrem em garotas, e mulheres jovens têm o dobro do índice de contaminação em relação a homens jovens. 

Os dois países vão adotar o tratamento de forma integrada a seus programas nacionais de saúde, e os dados gerados devem servir de apoio para a implantação global do programa. A meta das Nações Unidas é fazer com que a prevenção alcance 95% das pessoas com risco de infecção em 2025. 

A Fiocruz explica que a PrEP injetável, além de facilitar o tratamento, ajuda a mitigar o medo de que os comprimidos sejam interpretados como tratamento do HIV e façam com que o usuário sofra estigma, discriminação ou violência por parceiro íntimo como resultado.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trabalha em duas frentes para que vacinas contra covid-19 produzidas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) possam chegar a outros países, disse nesta sexta-feira (18) em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional do Rio de Janeiro a presidente da fundação, Nísia Trindade Lima. 

 As baixas coberturas vacinais contra a doença em países pobres são motivo de preocupação de autoridades sanitárias internacionais e cientistas, já que a alta circulação do vírus entre populações não vacinadas pode continuar fazendo vítimas e produzindo novas variantes de preocupação. 

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A socióloga explicou que Fiocruz está em contato com a AstraZeneca e com a Organização Mundial da Saúde para que a vacina covid-19 recombinante, produzida em Bio-Manguinhos, possa ser utilizada em outros países. A produção da vacina no Brasil é resultado de uma parceria da fundação com a farmacêutica europeia, que se deu por meio de acordos de encomenda tecnológica e transferência de tecnologia. 

"No curto prazo, há a possibilidade de a vacina covid-19 recombinante, que é fruto do acordo com a AstraZeneca, poder também ser utilizada do ponto de vista internacional, em outros países. Estamos em um processo para ter a licença de uso emergencial, e isso é necessário junto à Organização Mundial de Saúde. E também estamos em contato com a AstraZeneca para esse objetivo", disse Nísia. 

A presidente da Fiocruz afirmou ainda que, no longo prazo, pesquisadores de Bio-Manguinhos trabalham no desenvolvimento de uma vacina própria de RNA mensageiro, a mesma plataforma tecnológica utilizada no imunizante da Pfizer. A pesquisa fez com que Bio-Manguinhos fosse escolhido, em setembro do ano passado, ao lado de um laboratório argentino, como hub da Organização Mundial da Saúde na América Latina para essa tecnologia. 

"A vacina está em uma fase pré-clínica, e ainda não foram feitos testes com grupos populacionais, como é necessário fazer. Estamos procurando ao máximo acelerar esse processo e, em breve, esperamos ter um cronograma bem definido", disse Nísia. "É uma linha menos imediata, mas é igualmente importante, pensando em uma possibilidade de vacinação que venha a ser anual e no apoio aos países do mundo e do nosso continente." 

Padrões

O acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que representa a OMS nas Américas, prevê que a vacina a ser desenvolvida passará por um processo de pré-qualificação da OMS, em que serão exigidos os mais elevados padrões internacionais para garantir sua qualidade, segurança e eficácia. Uma vez aprovado, o imunizante será oferecido aos estados-membros e territórios da Opas de forma equitativa, por meio de seu Fundo Rotatório.  Pesquisadores estiveram na África do Sul recentemente em encontro com seus pares do hub da OMS sobre o tema no continente africano.

A troca de conhecimentos pode contribuir para acelerar esse processo, disse a presidente da Fiocruz, que acredita que a pandemia deixou como aprendizado a necessidade de descentralizar a produção das vacinas, para que os benefícios da ciência cheguem a mais pessoas.   

"Dominar a tecnologia e ser autossuficiente, sendo a saúde também um fator econômico importante, é fundamental para os países. É isso que vai garantir o acesso, e esse aprendizado pode servir para outras emergências. Não se deve olhar só o imediato".   

Autossuficiência

A Fiocruz já é autossuficiente na produção da vacina contra a covid-19 desde que passou a dominar a tecnologia de produção do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) do imunizante, desenvolvido pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca.

O IFA é o insumo mais importante na formulação da vacina, e sua produção depende de uma tecnologia inovadora chamada de vetor viral, em que um adenovírus (vírus de resfriado) é usado para transportar informações genéticas do SARS-CoV-2 que farão nosso sistema imunológico se preparar contra a covid-19.

A expectativa da presidente da fundação é que a capacidade produtiva possa chegar a 180 milhões de doses por ano, com capacidade máxima de cerca de 22 milhões de doses mensais. Para 2022, já estão contratadas pelo Ministério da Saúde 105 milhões de doses da vacina para o Programa Nacional de Imunizações (PNI). 

 Nísia avalia que é possível que o país se torne autossuficiente na produção de doses de reforço, somando os esforços da fundação aos do Instituto Butantan. Para isso, porém, são necessárias mais pesquisas que envolvam todas as faixas etárias.  "É possível, mas temos sempre que olhar qual vai ser o resultado dos estudos nas várias faixas etárias. Todas essas afirmações têm que ir sendo ajustadas no tempo. O que a gente pode afirmar com segurança é a autossuficiência e uma capacidade de produção que vai chegar a cerca de 180 milhões de doses no ano. Então, com isso, podemos, sim, garantir a proteção à nossa sociedade e à nossa população, ainda mais considerando também a participação de outras vacinas". 

Deltacron

A presidente da Fiocruz também lembrou a participação da fundação na vigilância genômica das variantes do SARS-CoV-2 que circulam no Brasil. O Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) é referência nacional nesse trabalho, que se dá em rede com outros laboratórios coordenados pelo Ministério da Saúde. 

 Sobre a variante que vem sendo chamada de Deltacron, por reunir características genéticas das variantes Ômicron e Delta, Nísia destacou que ela não foi classificada até o momento como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde.   

"Não há nenhuma razão para pânico. Há razão sempre para acompanhamento, cuidado e cautela", disse. "As indicações até agora, pelas características dessa variante, apontam que ela deve ter a mesma resposta da Ômicron em relação à vacina, portanto, as vacinas que temos protegem em relação aos casos graves. E, ao que tudo indica até o momento, o que se verifica é que sua disseminação não se dá na velocidade com que a variante Ômicron se deu". 

Nísia esteve hoje (18) na sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) no Rio de Janeiro para conceder entrevista ao telejornal Repórter Brasil Tarde e, entre outros temas, comentou a aplicação da segunda dose de reforço, que já teve início entre alguns grupos mais vulneráveis à covid-19. 

"A quarta dose tem que ser vista a partir das condições imunológicas como tem sido mostrado, para os casos em que se justifique e tudo em matéria de covid tem que ser observado", disse. "Neste momento a mensagem mais importante e prioritária é que as pessoas que não completaram o esquema de vacinação com a segunda dose e com a terceira dose, de reforço, façam. Essa é a mensagem mais importante, porque é isso que nos deu proteção contra hospitalizações, agravamento e até mesmo óbitos na onda da Ômicron".

A incidência de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em crianças teve "ascensão significativa" em diversos estados ao longo do mês de fevereiro, informou nesta quinta-feira (17) a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Boletim InfoGripe. A análise abrange o período entre 6 de fevereiro a 12 de março, período que foi marcado pela retomada do ano letivo.

Segundo os pesquisadores, dados laboratoriais preliminares sugerem que o aumento está associado ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na faixa etária de 0 a 4 anos, além de também pesar a interrupção de queda nos casos associados ao Sars-CoV-2 (covid-19) na faixa de 5 a 11 anos.

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Entre os adultos, o boletim destaca que a queda na incidência está desacelerando de forma gradual, o que indica possível estabilização em patamar similar ao registrado ao final de outubro de 2021, quando foi registrado o menor número de novos casos semanais desde o início de epidemia de covid-19 no Brasil.

A exceção em relação a esse cenário de queda mais lenta foi a população acima de 70 anos, que ainda apresenta queda semanal expressiva por ter sofrido maior impacto durante o pico do início do ano.

A análise dos casos de SRAG aponta que, entre os que tiveram resultado positivo para vírus respiratórios, 0,8% foram de Influenza A, 0,2% de Influenza B, 6,5% de VSR, e 86,7% de covid-19. Entre os óbitos por SRAG viral, a covid-19 chegou a 97,3%.

A Fiocruz informa ainda que em três unidades federativas houve sinal de crescimento na tendência de longo prazo para a incidência da SRAG: Distrito Federal, Espírito Santo e Roraima. Todas as demais apresentam sinal de queda. Já entre as capitais, apenas duas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Boa Vista e Fortaleza.

Um estudo analisou o uso de biossensores sintéticos em testes rápidos para diagnosticar pacientes infectados com o vírus Zika. A pesquisa foi realizada por estudiosos do Canadá, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo foi desenvolvido na Universidade de Toronto (CA), e teve a validação técnica da equipe da Fiocruz PE, com o uso de amostras de pacientes do Recife. 

A pesquisa proporcionou a realização do desenvolvimento do equipamento “PLUM”, que é um leitor de reconhecimento de patógenos. Considerado de baixo custo, o equipamento tem valor aproximado de R$ 2.506,75. A previsão dos pesquisadores pernambucanos é que o aparelho também possa ser utilizado na detecção da Covid-19.

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O pesquisador da Fiocruz em Pernambuco, Lindomar Pena, coordenador da etapa brasileira da pesquisa, salientou a abordagem da técnica utilizada, com redes de genes sintéticos, que não dependem de cultivo em células. “Trata-se de uma tecnologia revolucionária, que por meio dessa iniciativa pudemos incorporar ao conhecimento científico disponível no Brasil”.

O equipamento “PLUM”, que é o leitor de placas com temperatura controlada, portátil e de baixo custo (aproximadamente US$ 500), funciona como um “laboratório em uma caixa” e pode ser utilizado em regiões remotas e com poucos recursos, de acordo com especialistas. 

Como a plataforma é programável, Lindomar disse que pode ser aplicada no reconhecimento de outros patógenos, inclusive o novo coronavírus, o que já é objeto de um novo estudo coordenado por ele mesmo.

O estudo se trata de um dos primeiros ensaios de campo a aplicar biologia sintética no diagnóstico viral em amostras de pacientes. “Mostrar que a plataforma pode ser transportada e detectar de forma precisa o vírus Zika em amostras de pacientes é um significativo passo à frente para a criação de testes mais acessíveis e descentralizados”, diz o professor da Universidade de Toronto, Keith Pardee, líder do projeto, que reúne cientistas de nove laboratórios, em cinco países (Canadá, Estados Unidos, Brasil, Colômbia e Equador).

Um artigo publicado na revista científica “Nature Biomedical Engineering”, na última segunda-feira (7), aponta que a sensibilidade e a especificidade do novo teste foram equivalentes ao PCR em tempo real, que hoje é o padrão ouro para a detecção desse e de outros vírus. Os experimentos mostram que a acurácia dos resultados (ou seja, proximidade de um resultado com o seu valor de referência real) ficou em 98,5%, com um total de 268 amostras de pacientes analisadas.

A equipe da Fiocruz Pernambuco foi escolhida para representar o Brasil nessa parceria por sua expertise demonstrada durante a epidemia de Zika ocorrida em 2015/2016, que se abateu de forma muito intensa sobre Pernambuco. 

A contribuição da instituição nos ensaios de campo dessa pesquisa interinstitucional envolveu os departamentos de Virologia e Terapia Experimental - onde Lindomar Pena atua e foram testadas as amostras de sangue, saliva e urina coletadas em humanos - e de Entomologia - onde a equipe liderada pela pesquisadora Constância Ayres realizou testes com amostras de mosquitos.

O infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda afirmou que a pandemia da Covid-19 está próxima do fim e que o país deve entrar numa situação com períodos sazonais, como já acontece com a gripe e a dengue. "Passar da pandemia para a endemia não significa que a gente não vai ter o impacto da Covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Significa que esse impacto será menor a ponto de não ser necessário medidas restritivas tão radicais e até a liberação do uso de máscaras, que é uma medida protetiva individual", assegurou em entrevista ao jornal O Globo.

Croda, que já comandou o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde durante a gestão do então ministro Luiz Henrique Mandetta, justifica que essas flexibilizações serão possíveis graças ao avanço da imunização coletiva da população mundial.  Questionado sobre o que define o fim da pandemia e o início da endemia, o infectologista aponta que o grande marcador é a letalidade, ou seja, o quanto a Covid-19 mata. 

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"Esse vírus só vai matar menos se tiver alta cobertura vacinal. As pessoas que envelhecem, atualmente, fazem parte de três grupos: muito extremos mesmo vacinados, pessoas com muita comorbidade e não vacinadas. À medida que avançamos na mentalidade, a tendência é reduzir essa letalidade. Foi assim com a gripe H1N1, quando surgiu a pandemia em 2009. Partimos de uma letalidade de 6% e isso foi reduzido para 0,1%", detalhou ao jornal.

Júlio Croda ressalta que o cenário positivo ainda pode acontecer neste ano, mas será diferente em cada região, já que tudo depende da cobertura vacinal, da letalidade provocada pela doença e a região de transmissão. Para ele, de alguma forma os países começarão a diminuir medidas de convivência com o novo coronavírus. 

O especialista salienta que na Europa, por exemplo, após a onda de casos da variante Ômicron, todos os países começaram a flexibilizar. No Brasil, a situação ainda deve ser favorável no primeiro simestre. "Acredito que ainda nesse primeiro semestre a gente tenha uma situação mais favorável, que seja possível de alguma forma declarar que não estamos mais em emergência de saúde pública, por exemplo. O número de hospitalizações e óbitos é que vai determinar o impacto sobre o serviço de saúde", pontua.

A Fiocruz apresentou nesta terça-feira, 22, o primeiro lote de vacina contra a covid-19 inteiramente produzida no Brasil. Trata-se da vacina de Oxford/Astrazeneca que vinha sendo fabricada na fundação desde o ano passado com o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) importado. Com a transferência da tecnologia prevista em contrato, a partir de agora, o IFA também está sendo produzido regularmente no Brasil.

O primeiro lote da vacina 100% nacional já foi entregue ao Ministério da Saúde e é composto de 550 mil doses do imunizante. Ao todo, o ministério receberá da Fiocruz este ano 105 milhões de doses de Oxford/Astrazeneca, sendo 45 milhões deles inteiramente produzidos no País. A transferência de tecnologia de uma vacina de terceira geração é crucial também para o desenvolvimento de novos imunizantes para doenças para as quais ainda não há prevenção.

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"A liberação das primeiras vacinas covid-19 100% nacionais, agora disponíveis para o Ministério da Saúde, é um marco da autossuficiência brasileira", afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. "Termos realizado uma transferência de tecnologia desse porte em tão pouco tempo para atender uma emergência sanitária só reafirma o papel estratégico de instituições públicas como a Fiocruz para o desenvolvimento do País."

A Fiocruz já produziu um volume de IFA nacional suficiente para a fabricação de aproximadamente 25 milhões de doses da vacina. Deste total, 2,6 milhões de doses já foram envasadas, incluindo as 550 mil já entregues. As demais estão em diferentes etapas.

"Com a entrega das primeiras doses da vacina totalmente nacionalizada, estamos encerrando um ciclo em que internalizamos toda a tecnologia do imunizante e estabelecemos a produção em larga escala", explicou o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma. "Nossa planta industrial está preparada, com capacidade extra, podendo operar e entregar conforme a demanda, considerando os tempos de produção e controle de qualidade."

A produção 100% nacional garante disponibilidade do imunizante para o Programa Nacional de Imunização (PNI), quaisquer que sejam os esquemas vacinais necessários. A fabricação da Oxford/Astrazeneca no País não garante ainda a autonomia total em vacinas contra covid, mas representa um percentual significativo do total de doses necessárias.

O contrato entre Fiocruz e Oxford/Astrazeneca foi assinado em setembro de 2020. Em junho do ano seguinte foi firmada a transferência de tecnologia. Desde então, o IFA produzido em Bio-Manguinhos passou por diversos processos de validação e controle de qualidade, no Brasil e no exterior, e toda a documentação técnica foi elaborada e submetida no fim de novembro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Para a Fiocruz, é muito importante não só ter podido entregar a vacina para a população brasileira, mas também incorporar essa nova tecnologia", resumiu o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger. "Doenças negligenciadas (para as quais não há vacinas) e mesmo outras doenças infecciosas poderão se valer dessa nova tecnologia."

O primeiro lote da vacina totalmente produzida no Brasil foi aprovado no teste de qualidade na segunda-feira (14). O imunizante produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com tecnologia do laboratório AstraZeneca será repassado ao Ministério da Saúde para ser distribuído aos estados.

“O primeiro lote de vacinas Covid-19 Fiocruz 100% nacionais foi liberado pelo controle de qualidade nesta segunda-feira. A Fiocruz vem alinhando junto ao Ministério da Saúde a agenda dessa entrega, segundo a demanda da pasta. Outras informações sobre a vacina nacional serão divulgadas em breve”, confirmou a Fiocruz em nota publicada nessa terça (15).

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Após atrasos na importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da China, que travaram a finalização de doses imunizantes no Brasil, o país buscou capacitação para que toda cadeia produtiva fosse mantida pela fundação.

O Ministério da Saúde ainda não tem data para incluir a vacina brasileira no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Em Nota Técnica divulgada nesta quinta-feira (10), o Observatório Covid-19 Fiocruz analisou as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS relativas a 7 de fevereiro, em comparação aos dados divulgados na última semana. A análise aponta que 9 unidades federativas estão na zona de alerta crítico, com indicadores iguais ou superiores a 80%.

Outros 11 estados estão na zona de alerta intermediário e 7 fora da zona de alerta. Entre as capitais, 15 estão na zona de alerta crítico, 5 na zona de alerta intermediário, 5 fora da zona de alerta e 2 não têm disponibilizado suas taxas.

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Para os pesquisadores do Observatório Covid-19 a persistência de taxas de ocupação de leitos de UTI em níveis críticos nos estados e capitais do Nordeste e Centro-Oeste e no Espírito Santo chama a atenção.

Especula-se associação do quadro à movimentação induzida pelo turismo durante o verão, no Nordeste. Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo parecem seguir na tendência de queda do indicador.

O documento ratifica a preocupação com o espalhamento da variante Ômicron no país em áreas com baixa cobertura vacinal e recursos assistenciais precários, o que pode propiciar elevação do número de óbitos por Covid-19.

“Como temos sublinhado, a elevadíssima transmissibilidade da variante Ômicron pode incorrer em demanda expressiva de internações em leitos de UTI, mesmo com uma probabilidade mais baixa de ocorrência de casos graves”.

Os pesquisadores alertam para a necessidade de avançar com a vacinação, principalmente entre crianças de 5 a 11 anos, exigir o passaporte vacinal como política de estímulo à vacinação e endurecer a obrigatoriedade de máscaras em locais públicos, como forma de controle da Covid-19.

O mapa da Covid no Brasil

Nove unidades federativas estão na zona de alerta crítico: Tocantins (81%), Piauí (87%), Rio Grande do Norte (89%), Pernambuco (88%), Espírito Santo (87%), Mato Grosso do Sul (92%), Mato Grosso (81%), Goiás (80%) e Distrito Federal (99%).

Onze estados estão na zona de alerta intermediário: Rondônia (69%), Acre (67%), Pará (79%), Amapá (63%), Ceará (73%), Alagoas (69%), Sergipe (75%), Bahia (73%), São Paulo (71%), Paraná (73%) e Santa Catarina (74%).

Sete estados estão fora da zona de alerta: Amazonas (58%), Roraima (56%), Maranhão (51%), Paraíba (52%), Minas Gerais (42%), Rio de Janeiro (59%) e Rio Grande do Sul (57%).

Capitais

Entre as capitais, 15 estão na zona de alerta crítico: Porto Velho (91%), Rio Branco (80%), Palmas (81%), Teresina (taxa não divulgada, mas estimada superior a 83%), Fortaleza (85%), Natal (percentual estimado de 81%), João Pessoa (81%), Maceió (82%), Belo Horizonte (82%), Vitória (89%), Rio de Janeiro (86%), Campo Grande (99%, Cuiabá (81%), Goiânia (91%) e Brasília (99%).

Cinco estão na zona de alerta intermediário: Macapá (74%), Recife (77%, considerando somente leitos públicos municipais), Salvador (72%), São Paulo (72%) e Curitiba (76%).

Outras cinco estão fora da zona de alerta: Manaus (58%), Boa Vista (56%), São Luís (55%), Florianópolis (68%) e Porto Alegre (56%). Belém e Aracaju não têm disponibilizado as suas taxas.

Com informações da Agência FioCruz de Notícias

A mortalidade por covid-19 no Brasil equivaleu a quatro vezes a média mundial por milhão de habitantes: 2.932 mortes contra 720. O País teve 6,7% dos registros da doença no planeta, mas concentrou 11% das mortes. Os números estão no Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira, 9. O documento faz um balanço dos dois anos da pandemia.

Na análise dos pesquisadores, a alta mortalidade registrada no País, resultou "em uma calamidade que afetou diretamente a saúde e as condições de vida de milhões de brasileiros". A desigualdade social, o acesso desigual a médicos e hospitais, a falta de coordenação das ações de enfrentamento da doença por parte do governo federal e a demora na aquisição de vacinas são apontadas pelo relatório como as principais causas da alta mortalidade.

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A análise apresenta uma perspectiva da evolução da pandemia desde a descoberta do vírus até os dias atuais. Baseia-se em estudos feitos pela Fiocruz ao longo desse tempo e sintetiza a dimensão do impacto da doença. Foram 388 milhões de casos em todo o mundo, 26 milhões deles no Brasil (6,7% do total). O número de mortes chegou a 5,7 milhões em todo o planeta, mais de 630 mil deles no País (11% do total).

Além de impactar a saúde da população e sobrecarregar os serviços de saúde, a pandemia resultou em uma combinação de efeitos sociais e econômicos que agravam as desigualdades estruturais da sociedade. De acordo com o boletim, a doença afetou mais gravemente a camada mais vulnerável da população e as regiões mais pobres.

Covid-19 matou mais os mais pobres; há bolsões de baixa imunização no Norte, Nordeste e Centro-Oeste

O problema se repete na vacinação. Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam alto porcentual de imunização, algumas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões de baixa imunização.

"Esses bolsões ficam em lugares de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte", avaliam os cientistas. "Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como o Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses."

O documento ressalta que a atual situação ainda é preocupante por causa da alta taxa de disseminação da variante Ômicron, ainda que os casos de internação e mortalidade estejam mais baixos por conta da vacinação.

"O monitoramento da nova variante, associado ao estudo genético de suas mutações, sugere rápido crescimento do número de casos por conta de sua capacidade de disseminação, até 70 vezes maior do que a da Delta, segundo alguns estudos", aponta a Fiocruz. Segundo a fundação, é preciso acelerar a vacinação e manter as medidas não farmacológicas, como distanciamento físico e uso de máscaras.

É precipitado considerar covid-19 uma endemia, não uma pandemia, afirma Fiocruz

De acordo com o boletim, no caso do Brasil, seria precipitado suspender medidas de controle e adotar uma transição do estado de pandemia para endemia.

"A classificação da doença como endêmica representaria a incorporação de práticas sociais e assistenciais na rotina do cidadão e dos serviços de saúde e só poderia ser pensada após drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de campanha mundial de vacinação", sustenta o boletim.

Perto de completar dois anos, a pandemia de Covid-19 ainda apresenta cenário preocupante, com rápida transmissão da variante Ômicron, e seu controle depende prioritariamente da vacinação. A avaliação é de pesquisadores do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgaram neste quarta-feira (9) um balanço de dois anos da emergência sanitária, que fez 5,71 milhões de vítimas no mundo e mais de 630 mil no Brasil.

Desde que os primeiros casos de Covid-19 foram confirmados na China, ainda em 2019, o novo coronavírus já infectou 388 milhões de pessoas no mundo e 26 milhões no Brasil. O país concentra 6,7% do total de casos do mundo e 11% do total de vítimas, apesar de os brasileiros serem menos de 3% da população mundial.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 11 de março de 2020 que a Covid-19 representava uma Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional, e passou a caracterizar a disseminação da doença como uma pandemia, presente em todos os continentes, em 11 de fevereiro. Na época, a doença já tinha chegado a 114 países e causado 4,2 mil mortes. No Brasil, o Ministério da Saúde reconheceu a Covid-19 como Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em 3 de fevereiro.

Janela de oportunidade

Os cientistas ressaltam que as demais medidas de prevenção devem ser mantidas, mas consideram que atingir uma ampla cobertura vacinal neste momento pode até mesmo bloquear a circulação do vírus, já que, com a explosão de casos provocada pela variante Ômicron, há um grande contingente populacional que teve Covid-19 recentemente e adquiriu imunidade temporária contra o SARS-CoV-2.

"Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa há a possibilidade de tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como bloquear a circulação do vírus", diz o boletim, que afirma que este cenário pode ser visto como uma "janela de oportunidade".

A Fiocruz sugere que, nesse sentido, é essencial implementar quatro estratégias de saúde pública: garantir oportunidade de aplicação de vacina, com a disponibilidade em unidades com horário de funcionamento expandido e em postos móveis; realizar busca ativa por pessoas que ainda não iniciaram seus esquemas vacinais; massificar a campanha de incentivo à vacinação de crianças e reforçar os benefícios gerados pela correta higienização, assim como o bom uso de máscaras.

Os pesquisadores também chamam a atenção para a desigualdade na cobertura vacinal no país, com áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em que há bolsões com baixa imunização. "Estes bolsões se constituem em locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano, populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte. Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses".

A fundação avalia que a desigualdade regional nas coberturas vacinais expõe problemas de base, como acesso geográfico, logística de distribuição, armazenamento, gestão de estoques e velocidade na informação. O boletim considera que a falta de uma ampla campanha de comunicação para sustentar os benefícios das vacinas e das medidas não farmacológicas se mostrou muito prejudicial.

"Em meio à pandemia, problemas que deveriam ter sido enfrentados antes, para trazer mais equidade e eficiência no processo de imunização, podem tornar populações com baixa taxa de cobertura mais vulneráveis e permitir o surgimento de novas variantes, como observado em áreas mais pobres do continente africano”.

Endemia

Os cientistas discutem no balanço de dois anos que a grande onda de casos causada pela variante Ômicron, que é 70 vezes mais transmissível que a Delta, tem gerado especulações sobre um possível fim da pandemia. Alguns países e agências de saúde já debatem ou põem em prática mudanças que representam a transição para uma endemia, o que caracterizaria a Covid-19 como uma doença presente no cotidiano.

O boletim ressalta, no entanto, que a mudança não significaria o fim das medidas de proteção individual ou coletivas. "A classificação da doença como endêmica representaria a incorporação de práticas sociais e assistenciais na rotina do cidadão e dos serviços de saúde e só poderia ser pensada após drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de campanha mundial de vacinação", afirma o texto.

Ao fazer um balanço de dois anos, o boletim da Fiocruz descreve cada uma das fases da pandemia no Brasil. A disseminação da doença no país, além de provocar milhares de mortes e sobrecarregar os sistemas de saúde, resultou em uma combinação de efeitos sociais e econômicos que agravam as desigualdades estruturais da sociedade, avalia a fundação.

O momento atual, classificado como terceira onda, teve início em dezembro de 2021, coincidindo com uma epidemia de Influenza A (gripe) em vários municípios, com um período de festas, férias, relaxamento de medidas de restrição à mobilidade e ainda com a introdução no país da variante Ômicron.

"Em que pese o fato de a vacinação ter impedido que as internações e óbitos subam em igual velocidade aos casos, o aumento súbito de doentes faz crescer, inevitavelmente, a demanda por serviços de saúde, com impactos nas taxas de ocupação de leitos de UTI", apontam os pesquisadores.  

Segundo a Fiocruz, o cenário atual indica ocorrência de internações maior entre idosos, quando comparadas aos adultos, e níveis preocupantes de crescimento nas internações de crianças. "Por se tratar do último grupo em que a vacinação foi iniciada, já em 2022, as crianças representam hoje o grupo com maior vulnerabilidade", afirmam pesquisadores.

Os primeiros quinze dias do ano registraram um aumento significativo no número de casos de covid-19 no Brasil, segundo novo Boletim do Observatório Covid 19 da Fiocruz. De acordo com o levantamento, foram, em média, 49 mil novos registros por dia. Esse número equivale a seis vezes o observado no início de dezembro do ano passado, cerca de oito mil. O aumento de mortes, porém, não acompanhou o crescimento dos casos e permaneceu reduzido.

Mesmo considerando que parte dos novos casos se refere a registros retidos nos sistemas SUS-Notifica e Sivep-Gripe, por conta do ataque hacker ao Ministério da Saúde, o predomínio da variante Ômicron mostra uma evidente tendência de aumento da transmissão da doença, segundo a Fiocruz. Esse movimento acelerado do número de casos já havia sido observado na Europa e, mais recentemente, na Argentina e no Uruguai.

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Em média, foram registrados, no Brasil, 130 óbitos diários nas duas primeiras semanas epidemiológicas de 2022 ( de 2 a 15 de janeiro). É um ligeiro aumento em relação ao início de dezembro de 2021. A redução da gravidade dos casos, segundo os especialistas do observatório, está diretamente relacionada à alta cobertura vacinal. Em países onde a cobertura ainda é baixa, a letalidade alta está mantida.

UTIs

A ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 também aumentou nas últimas semanas. Cinco Unidades da Federação ingressaram na zona de alerta intermediário de ocupação (com taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%). Somaram-se às outras seis que já se encontravam nessa faixa. Outros quatro Estados estão na zona de alerta crítico, com ocupação superior a 80%. São eles: Pernambuco (86%), Espírito Santo (80%), Mato Grosso (84%) e Goiás (81%).

Entre as capitais com taxas divulgadas, Fortaleza (85%), Recife (80%), Belo Horizonte (88%), Rio de Janeiro (95%) e Cuiabá (100%) estão na zona de alerta crítico. Porto Velho (66%), Manaus (77%), Boa Vista (60%), Palmas (69%), São Luís (68%), Teresina (66%), Salvador (65%), Vitória (78%), Curitiba (61%), Campo Grande (77%), Goiânia (77%) e Brasília (74%) estão na zona de alerta intermediário.

Os pesquisadores ressaltam que a análise desses números é complexa, uma vez que, muitos Estados e/ou municípios abriram e fecharam leitos para covid-19 durante o período.

Outro indício importante do recrudescimento da pandemia é a tendência de crescimento significativo da incidência de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) em todos os Estados, com exceção de Roraima e Rio de Janeiro, onde há estabilidade. Com estimativas excedendo um caso por 100 mil habitantes, em todos os Estados, as taxas de SRAG são consideradas altas. Em São Paulo e Minas Gerais as taxas estão próximas de 10 casos por 100 mil habitantes (9,6 e 8,8 casos por 100 mil habitantes, respectivamente).

Jovens

Na visão dos cientistas do observatório, a distribuição dos casos de internação e morte nos grupos etários também preocupa, já que desde dezembro de 2021 houve uma mudança de perfil. Tanto para internações quanto para óbitos destaca-se a maior presença de pessoas mais jovens. Em especial para internações, é notável a participação de crianças com até 2 anos.

"Para as internações em UTI parece haver uma nova forma de distribuição, em que adultos mais jovens e idosos menos longevos passam a compartilhar o perfil que mais requer cuidados intensivos. As próximas semanas poderão alterar a dinâmica das internações por Covid-19 no país", sustenta o relatório.

A Fiocruz enviou nesta quarta-feira (19) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pedido de registro de um novo teste molecular para o diagnóstico da Covid-19. O desenvolvimento de um segundo novo exame também foi concluído nesta quarta e deve ser submetido nas próximas semanas à Anvisa. Com a aprovação dos novos testes nacionais, o País avança no caminho da independência das importações desses produtos.

Na semana passada, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) alertou para o risco de falta de testes. Também pediu às autoridades sanitárias públicas e privadas para priorizar os exames.

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O teste já submetido à Anvisa é do tipo RT-PCR e é capaz de diferenciar os vírus da influenza A e B, além do Sars-CoV-2. Torna possível o diagnóstico dessas doenças em um único teste.

"Sempre que falamos em infecção respiratória, nos referimos a um tipo de doença que pode ser provocada por uma enorme gama de microorganismos", explicou o virologista Fernando Motta, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC/Fiocruz. "A disponibilização desses kits no) Sistema Único de Saúde (SUS) permitirá, de modo econômico, a identificação viral."

O segundo teste, ainda não submetido à Anvisa, é o Quadriplex SC2/VOC. Permitirá a detecção e triagem das variantes Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron do Sars-CoV-2, também com tecnologia PCR em tempo real (RT-PCR).

"Ambos os kits são mais uma importante contribuição de Bio-Manguinhos em um momento em que vivenciamos um aumento de casos de covid-19, fruto da variante Ômicron, assim como estamos registrando um alto número de infectados pela influenza", afirmou o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Sotiris Missailidis.

Desde o início da pandemia, a Fiocruz produz exames para diagnóstico da Covid-19. Até o momento, já foram fornecidos ao Ministério da Saúde cerca de 20 milhões de testes moleculares RT-PCR.

Desde agosto do ano passado, a Fiocruz faz também testes rápidos de antígeno para os laboratórios públicos de todo o País. Já foram entregues cerca de 45 milhões desses exames, tornando a Fiocruz a maior produtora nacional de testes rápidos.

Diante da falta dos dados que são usados para análise da evolução da pandemia, o Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu nesta sexta-feira (7) um boletim extraordinário com um único indicador: a taxa de ocupação de leitos de UTI destinados a adultos com Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). Para os pesquisadores, o momento atual, com o crescimento rápido de casos da variante Ômicron, desenha um novo cenário epidemiológico.

Em comparação com os registros obtidos em 20 de dezembro de 2021, os dados relativos a 5 de janeiro de 2022 mostram aumento relevante no número de pacientes internados nesses leitos.

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Comparações desse indicador entre unidades federativas e por unidade federativa no decorrer do tempo mostram-se mais complexas. Entre os Estados, destacam-se Tocantins (23% para 62% de ocupação) e Piauí (47% para 52%). Nas capitais, chamam a atenção as taxas críticas observadas em Fortaleza (85%), Maceió (85%) e Goiânia (97%), e as taxas na zona de alerta intermediário em Palmas (66%), Salvador (62%) e Belo Horizonte (73%). Também há um "estranhamento" diante das taxas do Estado do Rio de Janeiro e de sua capital, que se mantêm relativamente estáveis e em níveis muito inferiores àqueles observados nas demais unidades federativas.

A análise destaca ainda a necessidade de acesso, transparência e divulgação das bases de dados e informações para produção de evidências que permitam, por exemplo, indicar o isolamento de pessoas infectadas, restringir contatos e apontar tendências da pandemia, por meio de alertas precoces.

O boletim destaca que, além da nova variante Ômicron, caracterizada até o momento pela alta taxa de transmissão e baixa letalidade e que vem rapidamente se disseminando no País, o cenário atual conta com uma epidemia de influenza pelo vírus H3N2. Os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz, responsáveis pelo boletim, observam que a maior circulação de pessoas e a realização de eventos com aglomeração durante o fim de 2021 contribuem para impactar negativamente a dinâmica da pandemia e a capacidade de enfrentamento, com impactos sobre a saúde da população e o sistema de saúde.

"O enfrentamento de uma pandemia sem os dados básicos e fundamentais pode ser comparado a dirigir um carro em um nevoeiro, com pouca visibilidade e sem saber o que se pode encontrar adiante. Além disso, vai na contramão de outros países, que passaram a produzir e disponibilizar dados de modo público e transparente para melhor compreender e enfrentar a dinâmica da covid-19", ressaltam.

Fundamental em todo período da crise e colapso da saúde em 2021, a taxa ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS é o único indicador disponível até o momento para a elaboração do boletim. Os indicadores de leitos abordam uma das etapas da infecção e evolução dos casos - a última e mais grave é o óbito, informação que não se encontra em função do "apagão" de dados.

Quatro Estados encontram-se na zona de alerta intermediário e 21 Estados e o Distrito Federal encontram-se fora da zona de alerta. Entre as capitais, três estão na zona de alerta crítico: Fortaleza (85%), Maceió (85%) e Goiânia (97%). Três estão na zona de alerta intermediário: Palmas (66%), Salvador (62%) e Belo Horizonte (73%). As demais, com taxas divulgadas, estão fora da zona de alerta: Porto Velho (44%), Rio Branco (10%), Manaus (34%), Macapá (40%), São Luís (30%), Natal (34%), João Pessoa (32%), Vitória (56%), Rio de Janeiro (2%), São Paulo (35%), Curitiba (46%), Florianópolis (42%), Porto Alegre (57%), Campo Grande (47%), Cuiabá (36%) e Brasília (57%).

Segundo os pesquisadores, as taxas observadas não são comparáveis àquelas verificadas no pior momento da pandemia, há quase um ano, considerando a redução no número de leitos destinados à Covid-19. Ainda é precoce, desta forma, afirmar que há uma nova pressão sobre os leitos de UTI, baseado apenas nos dados disponíveis e apresentados aqui. Entretanto, cabe manter a atenção sobre a evolução do indicador, alertam.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a inclusão na fabricação da vacina contra Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) fabricado pela própria fundação. A publicação está na Resolução RE 35/2022 da Gerência Geral de Medicamentos da Anvisa, desta sexta-feira (7) no Diário Oficial da União. “Na prática, a decisão conclui o processo da Fiocruz para que o Brasil tenha uma vacina 100% nacional, com todas as etapas de produção realizadas no Brasil”, informou a agência em nota.

A vacina contra Covid-19 oferecida pela Fiocruz será produzida com todas as etapas realizadas no Brasil com o IFA nacional. “Para essa decisão, a Anvisa avaliou os estudos de comparabilidade. Estes estudos demonstram que, ao ser fabricada no país, o insumo mantém o mesmo desempenho que a vacina importada”, acrescentou o órgão.

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Em maio de 2021 a Anvisa já havia feito a Certificação de Boas Práticas de Fabricação do novo insumo, o que garante que a linha de produção cumpre com todos os requisitos necessários para a garantia da qualidade do IFA. Desde então a Fiocruz vinha realizando a produção de lotes testes para obter a autorização de uso do IFA nacional na vacina Covid-19 (recombinante).

Com a decisão desta sexta-feira (7) a transferência de tecnologia feita pela Fiocruz e que teve início ainda no ano passado foi concluída. A vacina está autorizada no Brasil desde 17 de janeiro de 2021 e recebeu o registro definitivo em 12 de março de 2021.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou hoje (28) nota técnica em que defende a importância de vacinar crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19. A Fiocruz avaliou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou uma análise técnica rigorosa para autorizar a aplicação dos imunizantes em crianças dessa faixa etária e que a vacinação infantil já foi iniciada em outros países, sendo ferramenta fundamental no controle da pandemia.

"Ainda que em proporções de agravamento e óbitos inferiores aos visualizados em adultos, as crianças também adoecem por Covid-19, são veículos de transmissão do vírus e podem desenvolver formas graves e até evoluírem para o óbito", diz a Fiocruz, que acrescenta que eventos adversos pós vacinação têm se mostrado raros e menos frequentes que as complicações e óbitos causados pela Covid-19.

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Os pesquisadores da fundação elencam que a vacinação de crianças vai reduzir formas graves e óbitos pela Covid-19 nessa faixa etária, além colaborar potencialmente na redução das transmissões e ser uma das mais importantes estratégias para o retorno e manutenção segura das atividades escolares presenciais. A Fiocruz argumenta que a vacinação de crianças é uma "alternativa robusta" para garantir a continuidade do ensino presencial, o que permite a identificação e cuidado de alunos com diferentes vulnerabilidades, muitas acentuadas pela pandemia.

"Rotinas de convivência mais ampla e social das crianças, o que inclui a escolarização, são fundamentais para o seu crescimento e desenvolvimento. Neste sentido, apoiar a estruturação de políticas que propiciem a vacinação de crianças, em momento oportuno, conforme autorização e recomendações das agências regulatórias, pode contribuir para a manutenção de escolas abertas no ano de 2022, com redução da transmissibilidade do vírus e evitando o surgimento e circulação de novas variantes. Este panorama será fundamental para a garantia de saúde e segurança de todos os que convivem nas escolas, bem como para a proteção de pais, avós e responsáveis."

A vacinação de menores de 12 anos já teve início em diversos países do mundo, como nos Estados Unidos, onde 5 milhões de crianças na faixa etária já foram imunizadas com a vacina da Pfizer, a mesma autorizada pela Anvisa há cerca de duas semanas. União Europeia, China, Chile, Bolívia e Cuba também já iniciaram a imunização de crianças menores de 12 anos.

"Diante da transmissão e avanço atual da variante Ômicron, existe uma preocupação aumentada com seu maior poder de transmissão, especialmente, nos indivíduos não vacinados. Isso torna as crianças abaixo de 12 anos um grande alvo dessa e possivelmente outras variantes de preocupação", reforça a Fiocruz.

Óbitos

A nota técnica informa que, de janeiro a 4 de dezembro de 2021, 19,9 mil pacientes com menos de 19 anos foram hospitalizados com casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pela Covid-19. Desses, 5.126 casos eram de crianças com menos de um ano; 5.378 casos, de 1 a 5 anos, e 9.396 casos, de 6 a 19 anos. Ao todo, foram notificados 1.422 óbitos por SRAG confirmados por Covid-19 nessa faixa etária em 2021, sendo 418 em menores de 1 ano; 208, de 1 a 5 anos; e 796, de 6 a 19 anos.

Além da SRAG, outra complicação da Covid-19 em crianças e adolescentes é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, quadro que gera inflamações em diferentes partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. Desde o início da pandemia, foram registrados 1.412 casos desse tipo no Brasil, causando 85 óbitos.

Aprovação

O Ministério da Saúde prevê para janeiro o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Em nota divulgada ontem (27), a pasta informa que a posição favorável à vacinação poderá ser formalizada no dia 5 de janeiro, após o fim do prazo da consulta pública aberta para tratar da questão.

A imunização de crianças de 5 a 11 anos com a vacina da Pfizer/BioNTech foi autorizada pela Anvisa no último dia 16, e foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro. Em live em redes sociais, no dia da aprovação, o presidente disse que pediu extraoficialmente o “nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos", para que fossem divulgados. A agência reguladora rebateu os questionamentos e disse que seu trabalho é "isento de pressões internas e avesso a pressões externas".

A vacinação de crianças e de pessoas que vivem em locais remotos é estratégia importante para aumentar a imunização da população contra a Covid-19, de acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (21) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A pesquisa foi submetida à Revista Brasileira de Epidemiologia e está disponível na internet. 

Segundo a publicação, atualmente, cerca de 85% dos brasileiros podem se vacinar, se consideradas todas as pessoas acima de 11 anos. No entanto, os pesquisadores observaram que, desde setembro, o ritmo de vacinação da primeira dose no Brasil vem desacelerando. Nos dois meses seguintes ao dia 9 de outubro esse ritmo caiu ainda mais, chegando perto do zero, cerca de 0,08% por dia.  Para os pesquisadores, isso poderia sugerir que a vacinação já está próxima do seu limite, com 74,95% da população imunizada com a primeira dose.   

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Diante desse cenário, o estudo aponta como uma das formas de superar essa curva de estagnação ampliar as faixas etárias elegíveis à vacinação, com a imunização das crianças, e criar novas estratégias para aumentar a aplicação da primeira dose em pessoas que vivem em locais remotos. 

Para os pesquisadores, a estagnação tem maior relação com dificuldade de acesso do que com recusa em receber a vacina.

Na última quinta-feira (16), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da vacina produzida pelo consórcio Pfizer-BioNTech, a Comirnaty, em crianças com idade de 5 a 11 anos. 

STF

Na sexta-feira (17) o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para o governo federal se manifestar sobre atualização do Programa Nacional de Imunizações com a inclusão da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. Ontem (20), o prazo foi ampliado até 5 de janeiro. 

No último final de semana, o Ministério da Saúde informou que irá decidir sobre a vacinação contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos no dia 5 de janeiro. Antes disso, será realizada uma audiência pública para discutir o assunto. 

Apesar da autorização da Anvisa para uso do imunizante Pfizer em crianças, ainda não há expectativa para o início da vacinação desse público no país. Se o Ministério da Saúde incluir as crianças no Programa Nacional de Imunizações em 2022, quem vai fornecer as doses específicas para esse grupo, de acordo com a pasta, será a farmacêutica Pfizer. 

Cobertura desigual

A análise da Fiocruz teve como base a cobertura vacinal por unidade da Federação e teve como período de referência a Semana Epidemiológica 47, correspondente à última semana de novembro. 

O estudo mostra que há uma grande desigualdade nacional, com Norte e Nordeste apresentando as piores coberturas, tanto de primeira quanto de segunda doses, o que deixa claro que os valores nacionais são inflacionados pelos números estatisticamente superiores dos estados do Centro-Sul. São Paulo e Amapá têm, respectivamente a maior e a menor cobertura vacinal no país. 

Um dos fatores para a menor cobertura vacinal pode ser o fato de a população da Região Norte ser mais jovem. Além disso, de acordo com os pesquisadores, questões relacionadas à logística de distribuição podem influenciar nos dados utilizados na análise. 

O estudo ressalta que a estratégia de vacinação como medida de mitigação da pandemia tem sido uma medida efetiva, no Brasil e no mundo. Em relação à vacinação infantil, a pesquisa diz que há imunizantes com comprovada eficácia para este grupo etário e estudos de segurança indicam que é possível sua utilização. 

Posicionamentos

Em nota, as sociedades brasileiras de Imunizações (SBIm), Pediatria (SBP) e Infectologia (SBI) posicionaram-se favoráveis à autorização da vacinação de crianças "por entenderem que os benefícios da vacinação na população de crianças de 5 a 11 anos com a vacina Comirnaty (Pfizer), no contexto atual da pandemia, superam os eventuais riscos associados à vacinação", diz o texto. 

As entidades argumentam que, de acordo com os dados oficiais fornecidos pelo Ministério da Saúde em seus Boletins Epidemiológicos publicados, a carga da doença na população brasileira de crianças é relevante, incluindo até o momento milhares de hospitalizações e centenas de mortes pela covid-19 no grupo etário em questão, além de outras consequências da infecção em crianças, como a covid-19 longa e a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), todas elas de potencial gravidade neste grupo etário. 

"Temos hoje mais de 5 milhões de doses aplicadas desta vacina em crianças de 5-11 anos nos Estados Unidos da América (EUA) e em outros países, com dados de farmacovigilância não revelando eventos adversos de preocupação", afirmam na nota. As entidades defendem ainda que a aplicação seja monitorada pela fabricante para acompanhar eventuais efeitos adversos e que sejam feitos estudos para comprovar a eficácia da imunização. 

Também em nota, a Academia Nacional de Medicina, a Academia Brasileira de Ciências, e a Sociedade  Brasileira para o Progresso da Ciência manifestam a necessidade que se comece "imediatamente a vacinação, contra a covid-19, das crianças brasileiras, a fim de protegê-las e à população em geral". 

"Continua indispensável completar a vacinação de adultos e iniciar rapidamente a  imunização de crianças e adolescentes", afirmam as entidades, que acrescentam: "Não apenas a Anvisa, que merece o mais alto respeito, mas o FDA [Agência de Alimentos e Medicamentos] e o CDC [Centros de Controle e Prevenção de Doenças] nos Estados Unidos e agências semelhantes na Europa aprovaram e estimulam a vacinação como  imprescindível para o controle da doença, evitando sofrimento e mortes nessa faixa etária tão importante". 

 

Em 23 de novembro, três dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar uma nova variante do coronavírus ao planeta — a ômicron —, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) apresentou requerimento para discutir a viabilidade da realização de eventos como o Carnaval de 2022. Na abertura da sessão de debate temático solicitada por Nelsinho, promovida nesta quinta-feira (9), ele ressaltou que a sua preocupação, quando apresentou o requerimento, está ainda mais evidente agora. Tanto ele quanto outros participantes do debate alertaram para os riscos desses eventos para o controle da pandemia. 

O senador reconheceu que eventos como réveillon e Carnaval ajudam a alavancar a economia do país e disse que não pretende frustrar a programação de nenhum lugar. Ele apresentou dados positivos sobre a vacinação e a queda no número de mortes por covid-19, mas observou que há questionamentos sobre a segurança de festas com aglomerações, o que poderia colocar em risco o controle da pandemia obtido até agora. Na visão do parlamentar, o Senado não poderia deixar de discutir o assunto, devido à urgência e à importância da situação.   

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"Não estou aqui para colocar água no chope de ninguém, de cidade nenhuma que tem, no Carnaval, o principal mecanismo para impulsionar o turismo. Mas estou aqui com uma responsabilidade sobre os ombros, de passar para a sociedade brasileira o que significa uma situação dessa natureza. Amanhã ou depois, ninguém vai poder falar que a gente se omitiu, ou seja, é uma situação que carece realmente de um debate".   

Incertezas

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Hermano Castro ponderou que descuidos referentes ao réveillon podem comprometer o controle sobre o vírus obtido pelo Brasil por meio da vacinação. Ele mencionou a incerteza referente à realização de um Carnaval seguro, especialmente pelo número de turistas que o evento atrai, de todas as partes do mundo. Castro citou o aumento do número de infectados pela variante ômicron e ressaltou que os estudos a respeito dos impactos dessa variante sobre pessoas já imunizadas ainda podem demorar semanas para mostrar seus resultados.   

"A gente está entre 100 e 200 casos de mortes diárias, o que ainda é um número significativo, a meu ver. Estamos reduzindo e melhorando muito, vários estados e municípios já com zero mortes e poucos casos, e isso é importante. Essa entrada da nova variante no mundo tem a ver com a desigualdade da distribuição de vacinas no planeta. Então, como a gente vai tratar de eventos que atraem turistas do mundo inteiro? É um risco para todos", alertou. 

 Risco de descontrole

Secretário de Saúde do Espírito Santo e vice-presidente da Região Sudeste do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes de Medeiros Junior avaliou que, sem a aplicação das duas doses da vacina contra a covid-19 (ou da dose única, quando for o caso) em toda a população e sem a realização da testagem em massa, todas as pessoas ficam expostas a uma situação de alto risco. Para Nésio, essa realidade, aliada à promoção de grandes eventos, pode provocar descontrole da pandemia. Além disso, ele afirmou que o problema não está relacionado apenas ao Carnaval, mas a todas as aglomerações geradas em eventos durante todo o ciclo do verão que se aproxima. Ele elogiou o Senado por discutir o tema e defendeu que os parlamentares elaborem uma legislação robusta sobre o assunto. 

Ao tratar dos possíveis riscos da ômicron, Nésio disse que talvez seja necessário "repensar e atualizar a estratégia de enfrentamento" da pandemia.  — Será necessário reposicionar medidas de distanciamento social mais amplas e restritivas, associadas às vacinas. O Brasil vive um contexto de risco, em que o esforço institucional do Sistema Único de Saúde [SUS], em todos os seus comandos federais, estaduais e municipais, precisa focar na adoção imediata do passaporte vacinal, tanto para entrar no país quanto em restaurantes, bares, hotéis e transporte coletivo — declarou ele. 

 Controle da entrada

O governador do Piauí e presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, Wellington Dias, disse que tem defendido a necessidade de se seguir as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de todos os comitês científicos, de modo a garantir um controle da entrada do vírus a partir das fronteiras brasileiras, em aeroportos, portos e rodovias. Wellington defendeu a observância de medidas como a apresentação do comprovante da vacina e a exigência de testagem prévia para a participação de pessoas em grandes eventos.   

"A gente tem eventos já realizados, eventos-teste, que demonstraram que, seguindo as regras, não houve problema maior de transmissibilidade, nem depois. Há cobrança do passaporte da vacina como um requisito, e isso foi um resultado importante. Quanto ao Carnaval, também teremos regras bem mais rígidas. Se tivermos as condições de vacinação, um controle nas entradas de fronteira, principalmente com esse olhar das novas variantes, nós poderemos ter aí um momento novo, de mais flexibilização".   

“Preconceito desproporcional”

Presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior defendeu a retomada das atividades. Segundo ele, os indicadores sobre casos, internações e mortes por covid-19 apresentam números positivos que possibilitam a realização das aglomerações. Doreni declarou que eventos como o Carnaval são apenas atividades sociais e não têm influência sobre a variação das condições epidemiológicas. 

 Doreni citou como exemplo o Rodeio de Jaguariúna, realizado nessa cidade do estado de São Paulo entre o fim de novembro e começo de dezembro. Ele disse que o evento tem “proporções infinitamente maiores do que a maioria dos festejos de réveillon e de Carnaval” e não provocou aumento de casos de coronavírus. 

 "Não acho justo uma sessão de debates como esta versar apenas sobre o Carnaval, apenas sobre o setor de eventos. Isso seria um preconceito desproporcional. Precisamos debater a retomada de todas as aglomerações que não conseguem obedecer a protocolos sanitários. Que a gente mantenha a coerência para não penalizar ainda mais um setor que já vem altamente penalizado", protestou.   

Pandemia não acabou

Para o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antonio Bandeira, apesar de o Brasil ter aplicado vacina em 65% da população, e esse número estar crescendo, ainda é preciso refletir sobre os cuidados com a pandemia. Ele afirmou que a crise sanitária ainda não acabou e que aglomerações em massa ainda não podem ser permitidas. O especialista sugeriu, por exemplo, a promoção de eventos carnavalescos menores e segmentados, e pediu que a população tome a vacina contra a covid-19 e continue usando máscaras.   

"A pandemia não acabou, está certo? A gente está vivenciando um momento excelente e tem que aproveitar isso. Usar a criatividade, porque há muita gente criativa no Brasil para pensar o Carnaval. Quem vai sinalizar para a população que [promover] o Carnaval está tudo bem, está liberado total? O que a gente vai esperar, depois, dessa população? Qual é a sinalização que essa população vai ter de nós? Nós somos responsáveis por gerenciar a ciência e os dados da ciência para o bem dessa população".   

Desaceleração da vacina

Segundo Nelsinho Trad, o Brasil vive o melhor momento em quase dois anos de pandemia. No início de dezembro, disse ele, a cobertura vacinal já havia alcançado mais de 135 milhões de pessoas, completamente imunizadas com a segunda dose ou com a dose única da vacina, o que corresponde a mais de 63% da população. O parlamentar observou que esse êxito, aliado a indicadores de diminuição da mortalidade e das internações, sugere a possibilidade de retomada das atividades de caráter social e coletivo, cujas restrições já vêm sendo flexibilizadas em boa parte do país. Mas Nelsinho ponderou que o ritmo de aplicação da primeira dose está em desaceleração no país. E isso compromete a meta de 75% da população com o esquema vacinal completo, “condição estabelecida pelos especialistas para que se possa considerar a pandemia controlada”, advertiu o senador. 

*Da Agência Senado

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