[@#video#@]
Detentos do Presídio de Itaquitinga, Mata Norte de Pernambuco, denunciam que estão passando fome na unidade. Em vídeo enviado ao LeiaJá por familiares dos presos, eles afirmam que pela manhã os custodiados comem apenas um pão e meio com café, o almoço demora para ser servido - e quando entregue vem na maioria das vezes azedo e até com ‘bichos’. Pedindo por uma melhor atenção do Estado, os presos afirmam que estão em greve de fome.
##RECOMENDA##
Uma das esposas que denunciam os descasos afirma que a situação do Presídio de Itaquitinga é de superlotação e que muitos presos estão “desmaiando de fome”. "Só para você ter noção, o meu marido pesava 110 quilos quando entrou lá. Agora se ele estiver pesando 60 quilos é muito", aponta a mulher.
No vídeo, o porta-voz dos presos aponta as dificuldades: "A situação de 'nós' é muita fome e muita opressão. Já faz três dias que estamos em greve de fome e o governo não se comove com a nossa situação. A gente não tem regalia nenhuma".
Uma outra esposa diz que é preocupante a situação e que há 15 dias o seu marido foi colocado numa sala com um arqui-inimigo, o que resultou numa briga onde o seu esposo precisou receber atendimentos médicos. "Como é que o Estado quer ressocializar os presos se não dão assistência para isso? O governo diz que gasta mais de R$ 2 mil por preso, mas isso em Itaquitinga não funciona. O que a gente quer é uma assistência médica e comida porque fome ninguém aguenta passar", revela.
Resposta da Secretaria Executiva de Ressocialização
A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informa que não há restrição de direitos aos detentos da Penitenciária de Itaquitinga (PIT), na Mata Norte. Em conformidade com a Lei de Execução Penal, os presos são assistidos materialmente como todas as outras unidades prisionais do Estado, inclusive, com a oferta de quatro refeições diárias com valor médio de 2.200 calorias.
A avaliação nutricional mostrou que 96,6% da população da PIT está com o peso dentro ou acima da normalidade. A Seres esclarece que a unidade recolhe detentos do regime fechado e sua estrutura foi concebida para o regime de segurança máxima. A Seres informa também que revistas são realizadas rotineiramente.
179 milhões gastos com alimentação
Em julho deste ano, o LeiaJá fez uma matéria onde mostra que Pernambuco gastou, entre 2016 e 2018, quase R$ 179 milhões com alimentação para manter os 32.781 presos em regime fechado, nas 23 unidades prisionais do estado. Os valores referentes à verba destinada ao fornecimento de alimentos foram obtidos pelo LeiaJá por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em 2019, até maio, o custo foi de R$ 16.881.184. Apesar da verba para financiar as refeições dos detentos, familiares dos presidiários custodiados em Pernambuco acusam a gestão estadual de maus-tratos, principalmente pelas péssimas condições das três refeições servidas diariamente e, muitas vezes, pela insuficiência da comida.
A unidade prisional de Itaquitinga foi inaugurada em julho de 2018. Na época do lançamento, o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Pedro Eurico, classificou a unidade prisional como "modelo a ser seguido".
Após um ano de funcionamento, Itaquitinga já apresentava uma série de problemas, principalmente com a alimentação servida aos presos - denúncia recorrente. De acordo com os familiares, por determinação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) não é permitido entrar com comida na unidade prisional. Nem mesmo para o visitante. Todos devem comer do que é servido aos presos.
LeiaJá também
-> PE: incêndio atinge celas do Presídio de Itaquitinga