Eleição se disputa voto a voto, mas um bom palanque, com o apoio do maior número de partidos possíveis, pode ser um ponto a mais na largada da corrida eleitoral. Em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, o atual prefeito Anderson Ferreira (PL), que disputará a reeleição, já conta com 14 partidos aliados: PSC, DEM, PSDB, PTB, PSD, Solidariedade, PSL, PV, PMN, Cidadania, Patriota, Podemos, Avante - além do próprio PL, claro.
A falta de união entre os partidos que fazem oposição, que não definiram um nome único para disputar contra o atual prefeito, pode acabar firmando a reeleição de Anderson. Segundo o cientista político e professor do Colégio Damas, Elton Gomes, “as candidaturas de oposição até agora não mostraram vitalidade e talvez não sejam viáveis eleitoralmente". "O que se tem é uma espécie de referendo para chancelar, ou não, a reeleição do governante (municipal)”, complementa.
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No início de agosto, Silvio Costa (Republicanos) - que tentava junto com o ex-deputado Neco (PP) unir um bloco de oposição para enfrentar o atual prefeito da cidade - decidiu retirar a sua pré-candidatura. Com isso, os 11 partidos que estavam em conversa com o republicano publicaram uma carta pedindo por unidade. No entanto, na própria carta, eles assumiram que haverá mais do que uma candidatura contra o atual prefeito de Jaboatão dos Guararapes
Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo
Silvio Costa, que é ex-deputado federal, antes de tirar o seu nome da disputa, tentou convencer os outros partidos para que o apoiasse e assim, ele, como principal candidato da oposição, pudesse ter mais força contra Anderson. Mas parece que PRTB, PSB, PTC, DC, PCdoB, AVANTE, MDB, PMB, PDT, PT e Republicanos não entraram em um consenso. Sendo assim, Silvio confirmou que dessa vez não daria para ele. Por meio de nota pública, o ex-deputado confirmou que conversou com os pré-candidatos de Jaboatão e ponderou que deveriam construir a unidade já no primeiro turno.
Na ocasião, Silvio defendeu que os partidos de oposição deveriam esquecer os projetos pessoais e partidários isolados e escolher o nome que reunisse “as melhores condições políticas” para representar as bandeiras da oposição. “Infelizmente, não foi possível fazer essa construção política. Uns concordaram com a tese, outros disseram que seriam candidatos de todo jeito. Em função dessa impossibilidade de unidade decidi abrir mão de minha pré-candidatura a prefeito, porém, vou continuar dialogando com todos os pré-candidatos que desejem construir uma Jaboatão mais inclusiva e justa", salientou.
Segundo Elton Gomes, com a forma como está sendo desenhada a corrida eleitoral em Jaboatão, se perde a oportunidade de debater ideias mais sensíveis, do ponto de vista da administração pública. “A tendência quando se tem uma candidatura assim, com um candidato com mais vantagens, já largando na posição de quase vitória, é que se aumente a lógica do personalismo da vida pública, pela qual você não tem uma plataforma de ideias, propostas de administração pública, mas sim uma plataforma predominantemente baseada no carisma pessoal do governante”, reforça.
Os 14 partidos que já fazem aliança com Anderson Ferreira representam, na visão do professor, uma expectativa de poder bastante considerada pelos partidos e, também, aos que tentarão se eleger, ou reeleger, vereadores da cidade. “As forças políticas fazem um cálculo, e nessa equação de elementos de poder eles chegam à conclusão que são altas as chances do prefeito se reeleger. Como consequência disso, eles procuram estar na estrutura do arco das alianças que dá sustentação para o prefeito, visando benefícios futuros como cargos e verbas na nova administração que se inicia em 2021”, finaliza.