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Integrantes do movimento Ocupe Estelita se juntam a diversos grupos sociais, neste domingo (12), para realizar uma ação em prol da região agrária do Estado e sua relação com a área metropolitana. Denominado Ocupe Campo-Cidade, o encontro será realizado a partir das 13h, no Cais José Estelita, palco das manifestações e caloroso debate acerca do projeto Novo Recife. 

A tarde será repleta de atividades, como aulas públicas, cinedebates, oficinas de cordel, plantio e bioconstrução, além de atrações culturais como Mestre Zé Negão e Hélder Vasconcelos com Boi Marinho. De acordo com o movimento, em ambos os espaços – tanto no campo como na cidade – as pessoas estão reféns do autoritarismo no mercado de trabalho, da opressão imposta pelas indústrias e, consequentemente, muitos são excluídos e permanecem “à margem” da sociedade. 

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Participarão, com representantes durante o evento, organizações e movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Núcleo de Agroecologia e Campesinato (NAC-UFRPE), Centro Sabiá, Rede Coque Vive, entre outros. 

“Recomendação de urgente adoção de medidas para o tombamento do Pátio Ferroviário do Cais José Estelita”. Nesta sexta-feira (27), o Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE) encaminhou ao Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a recomendação de tombamento da área localizada no centro do Recife, além do sistema de transporte ferroviário a ele interligado.

Na visão do MPF, o projeto Novo Recife – que prevê a construção de 13 torres ao logo do terreno do Pátio Ferroviário – pode causar a “perda, comprometimento irreversível e descaracterização” do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas.  O documento foi assinado pela Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, pela subprocuradora-geral da Repúblico Sandra Cureau, pela procuradora da República Mona Lisa Ismail e por procuradores com atuação na tutela coletiva do órgão. 

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O Iphan tem um prazo de dez dias para acatar a recomendação, respondendo ao Ministério Público Federal sobre as providências tomadas. De acordo com o MPF, a medida é apoiada pela população recifense, que criou “um amplo e representativo movimento em defesa da área, com repercussões nacionais e internacionais”. 

Em entrevista ao LeiaJá, o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre, afirmou que o reconhecimento da área pelo Iphan, assinado na última quarta (25), só corrobora a visão do plano previsto para a região. Porém, um hipotético tombamento poderia “evidentemente atingir o Consórcio Novo Recife” e iniciar uma nova discussão sobre o que a cidade precisa para aquela área. 

Para a Prefeitura do Recife, o reconhecimento do Parque Ferroviário das Cinco Pontas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na última quarta (25), não compromete em nada a elaboração do plano específico para a área. Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, disse que a inscrição do local na Memória Ferroviária Brasileira apenas reforça a proposta da minuta que será encaminhada ao prefeito Geraldo Julio.

“No projeto de lei, prevemos um grande parque público para a área que foi reconhecida pelo Iphan. Essa iniciativa só reforça e confirma o tipo de leitura que estamos tendo da região. Hoje a memória do local não está apropriada, não existe operação, os equipamentos enferrujando, em situação degradante”, afirmou o secretário. 

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Ativistas do Ocupe Estelita comemoraram a decisão como um primeiro passo para o tombamento do Cais de Santa Rita e uma possível modificação ou até mesmo anulação do projeto Novo Recife. Antônio Alexandre se mostrou de certa forma surpreso, pois acredita que o posicionamento do Iphan “não impede, só reforça um projeto em benefício da cidade”. Para o secretário, a questão central é que a militância “tem como foco impedir a realização do empreendimento privado”. 

Plano será concluído em março 

Em finalização das discussões, o plano urbanístico para o Cais de Santa Rita, Cais José Estelita e Cabanga será entregue totalmente pronto, para análise do prefeito, ainda no mês de março. “A expectativa é encerrar discussão já no próximo mês, não tem motivo para adiar mais. Iremos firmar o entendimento, levar as questões ao prefeito para que o projeto de lei seja encaminhado à Câmara”. 

Questionado se um possível tombamento do Cais poderia desautorizar a construção dos edifícios do Consórcio Novo Recife, Antônio Alexandre apontou que há variantes. “Depende da maneira como seria estabelecido o tombamento. Se o tombamento seria para recuperar a área, reforça o projeto. Existem tombamentos de preservações de áreas contíguas. Em tese, hipoteticamente, se o tombamento exigisse a preservação da memória ferroviária e todo o entorno, evidentemente o Consórcio seria atingido. Aí seria toda uma nova discussão, até ver a legalidade de cancelar um projeto autorizado lá atrás”. 

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inscreveu o Pátio Ferroviário das Cinco Pontas, no Cais José Estelita, na lista da Memória Ferroviária Brasileira. A área contemplada pela decisão é a operacional, ou seja, não inclui a área vendida para a construção do Projeto Novo Recife.

O pátio pertence ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com o trecho operacional sob responsabilidade da Transnordestina Logística. Após a homologação no Diário Oficial, o Iphan passará a ser o titular da área e deverá preservar a linha férrea, que não pode mais ser desconfigurada.

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A inscrição pode mudar a construção do plano urbanístico para as áreas do Cais de Santa Rita, Cais José Estelita e Cabanga, cuja minuta do projeto de lei foi apresentada - e bastante criticada - na última quinta-feira (19). Os críticos do projeto apontam que o plano previa o arruamento por cima das linhas férreas, o que não deve ser mais permitido. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, entretanto, o reconhecimento feito pelo Iphan reforça e referenda o projeto de lei que será encaminhado à Câmara dos Vereadores. A secretaria esclarece que está prevista na proposta a preservação do espaço público a partir da construção de um parque, visando a conservação histórica do local.

A presença do pátio como Patrimônio Ferroviário Cultural Brasileiro aconteceu após a solicitação de tombamento do Cais José Estelita por representantes do Movimento Ocupe Estelita junto ao Ministério da Cultura e Iphan, no último dia 12 de fevereiro. “Esse resultado mostrou que o pedido de tombamento do cais como um todo tem fundamento”, comenta a advogada Liana Cirne Lins, integrante do movimento.

De acordo com a diretora Betânia Correia, do Museu da Cidade do Recife, localizado no Forte das Cinco Pontas, a inscrição do Pátio das Cinco Pontas é motivo de comemoração. “É importantíssimo. Mas a lei é apenas um dos instrumentos de preservação. É preciso também contar à cidade a importância dessa memória”, sugere.

História – O Pátio das Cinco Pontas e sua estação marcam o início da Estrada de Ferro Recife-São Francisco. A estrada de ferro foi fundada em 1858 e é considerada a segunda do Brasil e primeira de Pernambuco. Devido à construção da via, foi construído, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), o Túnel do Pavão, o primeiro túnel ferroviário do Brasil.

De acordo com o professor de história Carlos Bezerra Cavalcanti, a linha tinha o objetivo inicial de seguir até o São Francisco, em Paulo Afonso, na Bahia. O primeiro trecho ia até o Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. “No dia 22 de novembro de 1859, em sua viagem por Pernambuco, o Imperador Dom Pedro II fez uma viagem pela estrada até o Cabo”, lembra o professor.

 

Os trens faziam principalmente o transporte de passageiros, mas, com o tempo, passaram a transportar cargas, principalmente de cana de açúcar. A estrada teve importância nas ligações comerciais e sociais na região. 

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A Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, convocou uma audiência pública na manhã desta quinta-feira (19) para apresentar a minuta do projeto de lei que define o plano urbanístico específico para o Cais José Estelita, Cais de Santa Rita e Cabanga, na Ilha de Antônio Vaz, no centro do Recife. O documento estabelece parâmetros para o uso e ocupação da área.

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O plano específico divide as áreas contempladas em dez zonas. As zonas 1, 3 (setor A) e 6 deverão ser destinadas à implantação de parques públicos, com programas contendo, minimamente, parques infantis, píeres, ciclovias e biblioteca púbica; zonas 2, 5, 7 e 9 (setor A) obriga o uso comercial e de serviço em, no mínimo, 20% do perímetro total do pavimento térreo das edificações. A zona 2, na área do Cais José Estelita, classificada como de renovação urbana, é  voltada para investimentos privados, com gabarito máximo de 137 metros. A minuta também coloca a continuidade da malha viária da Avenida Dantas Barretos e de ligações com o bairro da Boa Vista, visando garantir integração e permeabilidade.

Foram abertas 500 vagas para a sociedade civil participar do encontro, mas poucas pessoas estavam presentes, sendo a maioria delas integrantes ou simpatizantes do Movimento Ocupe Estelita. O horário da audiência foi um dos tantos pontos criticados pelos participantes. Segundo os que se manifestaram, convocar o evento para uma "quinta-feira de cinzas", às 8h30 (o encontro começou às 9h45, mais de uma hora depois do programado), indicava o interesse dos organizadores de que a sociedade não comparecesse.

De acordo com o integrante do Movimento Ocupe Estelita, Leonardo Cisneiros, o plano legitima os projetos privados. “Eles nos enviaram o plano e depois pediram para desconsiderar. Quando enviaram a versão definitiva, retiraram do documento justamente os pontos mais importantes”, comenta. Cisneiros destaca que na versão final foi tirada uma lista com 20 imóveis que deveriam ser preservados e a questão da cota de 10% de moradias sociais para os grandes empreendimentos. 

O representante do Ocupe Estelita também lembrou a reunião do Conselho das Cidades, ocorrida na última quinta-feira (12). “A prefeitura não conseguia responder as perguntas sobre as questões técnicas. Não existia estudo sobre a contagem de carros, saturação das vias, questão da infraestrutura, inflação fundiária...”, citou.

Leonardo Cisneiros também pediu a retirada do artigo 25 do plano, que diz: “Os projetos já aprovados poderão ser licenciados de acordo com a legislação vigente no ato de sua aprovação, podendo ser adequados à presente Lei mediante requerimento do proprietário, inclusive através de pedido de alteração durante a obra”. Para os projetos imobiliários já aprovados, o tópico deixa nas mãos do empresário a decisão de obedecer a minuta.

O artigo 25, inclusive, foi um dos pontos mais criticados durante a audiência. A advogada do Ocupe Estelita, Liana Cirne Lins, também pediu a retirada do trecho. “Com o artigo 25, projeto de lei e nada é a mesma coisa”, ela colocou. O representante do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), Alexandre Pacheco, também ofereceu como proposta a retirada do artigo. “É preciso ter coragem para apresentar a minuta do jeito que ela está”, disse Pacheco, provocando o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, responsável pela apresentação do projeto.

Para o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, Roberto Montezuma, o planejamento urbano não está sendo construído de forma acertada. “É preciso fazer o diagnóstico da área, daí criar um plano urbanístico e só então fazer a minuta de lei. Mas apenas possuímos um diagnóstico em processo e uma lei em formação”, explica. Outro que esteve presente na audiência foi o presidente do Sindicato do Comércio Informal do Recife (Sintraci), Severino Souto. “Todo esse processo vai ter intervenção direta com o comércio popular, mas eles não esclarecem onde vai ficar o local para o comércio, não há discussão concreta”, pontua Severino, que contabiliza 6 mil comerciantes informais na área central da cidade. 

O secretário assumiu que a Ilha de Antônio Vaz carece de espaços públicos, mas reforçou que haverá quase 30 hectares de parques públicos. As contribuições apresentadas na audiência serão avaliadas, podendo causar o reajuste da minuta, que ainda precisa ser aprovada na Câmara dos vereadores.

Na semana passada, representantes do Movimento Ocupe Estelita protocolaram um pedido de tombamento do pátio ferroviário do Cais José Estelita no Ministério da Cultura, com base em informações técnicas do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).  Segundo Liana Cirne Lins, a área operacional do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas está na iminência de ser incluída como patrimônio cultural ferroviário brasileiro, o que acarretaria em mudanças drásticas no Projeto Novo Recife, que prevê torres comerciais e residenciais no Cais José Estelita.

Finalizada na tarde desta quinta (27), a audiência pública para discutir o projeto Novo Recife teve sua conclusão marcada pelo embate verbal entre os participantes a favor do empreendimento do Consórcio Novo Recife e os ativistas do Movimento Ocupe Estelita. Durante o evento, os integrantes tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões a respeito do empreendimento, mas, em muitos dos casos, houve vaias, gritos e discussão.

Em meio a esse clima de briga, a audiência foi finalizada sem nenhum acordo. Segundo o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Recife, Antônio Alexandre, todas as questões levantadas durante o encontro serão analisadas pela PCR e o plano urbanístico do local deve ser finalizado ainda em 2014. Depois da conclusão, o plano estará sujeito à aprovação do Conselho das Cidades. O secretário ainda explicou que, após a apreciação do Conselho, o plano seguirá para a Câmara Municipal do Recife e, por último, chegará à Prefeitura.

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*Com informações de Yasmim Dicastro

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O conflito marca a audiência pública sobre o redesenho do projeto Novo Recife, realizada no Clube Internacional, nesta quinta-feira (27). Após a apresentação feita pelo Consórcio Novo Recife, resumida na leitura do projeto pelo arquiteto Jerônimo da Cunha Lima, diversos representantes da sociedade civil se posicionam em relação ao polêmico projeto que resultou na criação do movimento Ocupe Estelita, contrário ao empreendimento.

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Moradores de bairros diretamente afetados pelo Novo Recife – como Coque e Cabanga – entraram em discordância sobre os benefícios e malefícios do projeto à cidade. Para Marta Ferreira, moradora e integrante do movimento Coque Resiste, o projeto viola a arquitetura antiga da cidade e oprime os moradores das comunidades envolvidas. “O governo que diz cuidar das pessoas não pergunta as necessidades do Coque, dos Coelhos. Sou moradora, sou pobre, e não aceito a injustiça desse projeto. Essas 200 unidades habitacionais para as comunidades não é suficiente.

Renê Guedes, outro morador do Coque, causou polêmica entre as pessoas contrárias ao projeto ao defender o Novo Recife como uma ótima opção para a área. “Foram 18 mudanças principais, desde o projeto inicial, e vocês não percebem isso. Se vocês fossem mais educados e prestassem atenção ao projeto, veriam os benefícios”, disse o morador sob vaias dos integrantes do Ocupe Estelita.

Secretário é vaiado e chama ativista de “ditador”

Responsável pela pasta de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Recife, o secretário Antônio Alexandre afirmou que o redesenho do projeto “fará muito mais pela cidade e traz qualidade urbana”. Enquanto concedia entrevista à imprensa, foi criticado por não estar prestando atenção à audiência pública. 

Arthur Maia, integrante do Ocupe, era um dos mais exaltados e interrompeu a entrevista questionando por que policiais do Batalhão de Choque foram mobilizados à audiência. “São guardas municipais”, rebateu Antônio Alexandre. O ativista continuou a criticar o comportamento do secretário; Alexandre, visivelmente incomodado, disparou: “você é um pequeno ditador, é um futuro ditador”. 

Para o integrante do Ocupe Estelita, apesar da mobilização do movimento, a causa é perdida. “Infelizmente é uma causa vencida pelos empreiteiros e pela Prefeitura. Acho que não conseguimos impedir o projeto, o que vale é ganhar voz, ser visto e denunciar as ilegalidades deste projeto”, afirmou Arthur Maia.

“Eles precisam pelo menos conhecer o projeto”, diz arquiteto

Jerônimo da Cunha Lima, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, disse que os manifestantes já vieram à audiência com cartazes contra o Novo Recife e nem sequer prestam atenção ao redesenho. “Isto é uma posição política [do Ocupe Estelita]. O projeto já está aprovado e esta audiência aqui é só para a sociedade ouvir o redesenho”, explicou Jerônimo

Para o engenheiro José Brito, um projeto relevante não é tão suscetível a mudanças e redesenhos. “Quando o projeto é bom, você não remenda ele. Não existe debate com um projeto único. É preciso no mínimo dois, três projetos para que se possa discutir a cidade”.

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Começou por volta das 9h10 desta quinta-feira (27) a audiência pública para apresentação do redesenho do projeto Novo Recife. A sessão estava marcada para o último dia 7 de novembro, mas foi adiada conforme decisão judicial, após uma ação popular movida pelos integrantes do Movimento Ocupe Estelita, contrários ao projeto.

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A audiência de hoje está sendo realizada no Clube Internacional do Recife, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. Além de seguranças, agentes do Batalhão de Choque também estão posicionados na entrada do local.

Após a apresentação mediada por representantes do Consórcio Novo Recife, será aberto um momento para questionamentos da população. Representando a Prefeitura do Recife (PCR), participam do debate o secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, e a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Cida Pedrosa. 

O projeto divulgado nesta quinta já foi apresentado à imprensa, no dia 6 de novembro. Conforme o Consórcio, o espaço destinado à área pública foi ampliado de 45% para 65%. Um binário e vias transversais entre os blocos foram inseridos.

Em relação à mobilidade, o Novo Recife garante que quase dois quilômetros de ciclovia serão disponibilizados à sociedade recifense. Nos 101,7 mil m² do terreno, o Consórcio garante um aumento de novos quatro mil habitantes na área, com unidades residenciais de 14 tipologias distintas, variando de 34 a 282m², divididas em três grupos.

Relembre o caso

O terreno do Cais José Estelita - no qual estão armazéns de açúcar que registram parte da história do Recife - foi comprado em 2008, em um leilão realizado pela Caixa Econômica Federal. Mas foi em maio deste ano que o local virou alvo de holofotes, quando um grupo de ativistas, formado pelo Movimento Ocupe Estelita, resolveu acampar no entorno dos armazéns, logo após o início da demolição do Cais, para dar espaço ao Projeto Novo Recife.

O grupo passou 29 dias acampados no local e só deixou o espaço após reintegração de posse da Polícia Militar. No dia 17 de junho, a situação foi agravada: o Batalhão de Choque da PM usou bombas de efeito moral e spray de gás lacrimogênico para expulsar os ativistas do local. A violência, no entanto, não adiantou.

O grupo só deixou o local no dia 11 de julho. Logo após, a Prefeitura do Recife marcou reuniões com as empreiteiras para debater o assunto e a liminar que impedia a demolição do Cais foi cassada. Até o momento, o Projeto Novo Recife foi redesenhado duas vezes.  

Com informações de Alexandre Cunha

O movimento Ocupe Estelita está realizando neste domingo mais um ato em frente ao Cais José Estelita, na Ilha Antônio de Vaz, na área central do Recife. As pessoas estão lotando o espaço para participar de atividades artísticas, musicais, oficinas e rodas de debate. A ideia da intervenção é reforçar a participação popular nas discussões sobre o Projeto Novo Recife, do Consórcio Novo Recife.

Para Leonardo Cisneiros, um dos principais integrantes do movimento, a ocupação também serve para chamar a atenção da Prefeitura do Recife (PCR). “Ela está tratando tudo em banho-Maria”, ironiza. Cisneiros acredita que conseguir provocar a anulação da audiência da apresentação do redesenho do projeto, que ocorreria no dia 7 de novembro, representa uma vitória. “O processo de discussão tem que ser ajustado. O combinado era incluir o movimento nas discussões, mas a prefeitura está atropelando isso”.

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Sobre o que o grupo vai fazer até a data da próxima audiência, agora marcada para o dia 27 de novembro, Cisneiros diz que ainda haverá um planejamento. “É preciso analisar, mas a gente não vai validar um processo que é um teatro. O redesenho só diminuiu a desgraça, mas ainda tem desgraça”, critica.

O arquiteto e integrante do movimento Ocupe Estelita, Sérgio Urt, também reforça que o processo de discussão tem esquecido a participação popular. “Depois da audiência pública da prefeitura, do dia 17 de julho, foi prometida a nossa participação e não aconteceu. Aí depois que eles fazem uma audiência r fica como se tivessem agido de boa fé. Faltou democracia”.

Além das lideranças do movimento, sempre presentes nas ocupações, uma figura chamou a atenção dos que estavam presentes. O geógrafo britânico David Harvey veio à capital para lançar seus livros, mas aproveitou para visitar a manifestação. Segundo ele, estes projetos contra a especulação imobiliária estão cada vez mais comuns e significativos. “Nos últimos 20 anos tenho visto vários protestos, este é mais um em que as pessoas se juntam para dizer ‘nós não queremos este tipo de cidade’”, comenta Harvey. “Este local [o cais José Estelita] é lindo e é muito central. Eles querem isolar a periferia deste local, que é ideal para toda a cidade exercer sua coletividade”.

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Por volta das 17h30, os ativistas deram as mãos e realizaram um “abraçaço”. O evento ainda contará com shows musicais e exibição de filmes. A programação do Ocupe está dividida em cinco polos ao longo do cais.

Entenda o caso - Após a Prefeitura do Recife receber quase 300 contribuições para o modelo de redesenho da Ilha Antônio de Vaz, foi dado um prazo para o Consórcio Novo Recife apresentar um novo projeto com base nas novas recomendações. A prefeitura do Recife marcou para o dia 7 de novembro a audiência pública de apresentação do redesenho do Projeto Novo Recife. O Movimento Ocupe Estelita criticou, pois não foram dados os 15 dias mínimos entre a convocação e a audiência pública, como previsto em lei municipal. A audiência foi cancelada na Justiça e uma multa de R$ 200 mil foi estipulada caso a prefeitura desobedecesse a ordem. A nova audiência ocorrerá no dia 27 de novembro, no Clube Internacional, às 9h. Os interessados em participar do evento precisaram se inscrever no site do Conselho da Cidade. As inscrições seguiriam até um dia antes da audiência pública, mas com apenas 500 vagas disponíveis, já se encerraram. 

Estão abertas as inscrições para quem quiser participar da audiência pública do projeto Novo Recife. A novo data escolhida pela Prefeitura do Recife, após o cancelamento da primeira audiência, foi a de 27 de novembro, a partir das 9h, no Clube Internacional do Recife, bairro da Madalena. A partir desta quarta-feira (12), interessados em ir ao debate podem se inscrever, exclusivamente pelo site do Conselho da Cidade. A capacidade do local é de até 500 pessoas. 

As inscrições se encerram um dia antes da audiência, às 18h. Na ocasião, representantes do Consórcio Novo Recife apresentarão o redesenho do projeto, que foi divulgado em coletiva de imprensa, no último dia 6. A apresentação da audiência, com as informações sobre o redesenho, estão disponíveis no site do Conselho da Cidade. 

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O cronograma estabelecido para audiência é de que às 8h30 sejam realizados a recepção e o credenciamento dos participantes. Das 9h às 9h30, o Consórcio apresenta o redesenho do projeto e, até 13h, os inscritos poderão se pronunciar sobre o tema tratado na audiência. 

Inicialmente marcada para a tarde desta sexta (7), a audiência pública para apresentar o redesenho do projeto Novo Recife foi cancelada. A decisão foi tomada pela juíza Mariza Borges, da 3ª Vara da Fazenda Pública, depois de uma ação popular movida pelos integrantes do Movimento Ocupe Estelita, contrários ao projeto do Consórcio Novo Recife. A informação do cancelamento foi confirmada pela Faculdade de Administração de Pernambuco (FCAP), que tinha alugado o seu auditório para o evento.

Desde a publicação da audiência pública no Diário Oficial (DOU), os integrantes do movimento alegavam que o evento seria ilegal por não cumprir com prazos estipulados pela Justiça. De acordo com Luana Varejão, integrante do Movimento, o resultado da ação popular saiu ontem à noite, mas os representantes do Ocupe Estelita só ficaram sabendo na manhã desta sexta (7). “Ficamos sabendo que a Prefeitura queria disfarçar a ilegalidade da audiência passando a organização para o Consórcio”, afirma. Caso a Prefeitura mantenha a audiência, terá que arcar com uma multa no valor de R$ 200 mil. 

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Ainda segundo Varejão, o protesto do Ocupe Estelita, anunciado para a tarde da sexta (7) durante coletiva de imprensa do Movimento na última quinta (6), está mantido. “Desde a marcação da audiência pública, algumas pessoas que estiveram ausentes do Movimento se reaproximaram. Mesmo com a determinação de ilegalidade da audiência, vamos manter a nossa manifestação”, pontua a militante.

O protesto acontece às 14h30, em frente à Faculdade de Administração de Pernambuco (FCAP).

Entenda o caso

Na última quinta (6), às vésperas da audiência pública da PCR, representantes do Consórcio Novo Recife apresentaram, durante coletiva de imprensa, o redesenho do Projeto Novo Recife, que visa à construção de torres residenciais e empresariais no Cais José Estelita. Representantes de grupos como o Direitos Urbanos e o Ocupe Estelita não foram convocados para a reunião. 

À tarde, o Movimento também convocou uma coletiva de imprensa, alegando a ilegalidade da audiência pública e apontando problemas de âmbito legal e ambiental no projeto do Consórcio.

Mais um capítulo do embate entre a vontade popular e a iniciativa privada foi escrito na manhã desta quinta-feira (6). O Consórcio Novo Recife realizou uma coletiva de imprensa para apresentar o redesenho do projeto para o Cais José Estelita, após a formatação das diretrizes urbanísticas elaboradas pela Prefeitura. A prestação de contas vem quase cinco meses depois da marcante reintegração de posse do terreno no qual os integrantes do Ocupe Estelita acamparam por 29 dias. Uma audiência pública para a apresentação do projeto à sociedade civil está marcada para esta sexta (7), mas a iniciativa recebeu críticas.

De acordo com Paulo Roberto Barros, arquiteto coordenador do redesenho, as modificações foram expressivas. O espaço destinado à área pública foi ampliado de 45% para 65%. Um binário e vias transversais entre os blocos foram inseridos, ou seja, alguns lotes foram “cortados” por ruas - para pedestres e veículos - que ligam o empreendimento ao centro da capital pernambucana, outro fator diferente da primeira versão do projeto apresentado a Prefeitura do Recife. “Todas as alterações obedecem às diretrizes pedidas pela Prefeitura. São novos terrenos que receberão novos produtos. Habitações serão construídas para a população local, o grande parque vai nascer ali. O projeto foi definido sempre olhando os efeitos dos impactos que esse sistema viário poderia ter”, afirmou Barros.

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Em relação à mobilidade, o Novo Recife garante que quase dois quilômetros de ciclovia serão disponibilizados à sociedade recifense. A Avenida Dantas Barreto será alargada, com o intuito de desafogar o fluxo de pessoas.  Talvez o grande questionamento daqueles que se mostraram contra ao empreendimento, os edifícios variarão de 12 a 38 andares, sendo a maioria das edificações com mais de 30 andares. Os mais baixos são os próximos ao Forte das Cinco Pontas. Ao todo, são dez edifícios residenciais, um hotel, um empresarial e um misto (flat e empresarial). O projeto ainda contempla a ampliação da área verde com o alargamento do parque na frente d’água, como também a ampliação do Parque das Cinco Pontas.

Nos 101,7 mil m² do terreno, o Consórcio Novo Recife garante um aumento de novos quatro mil habitantes na área, com unidades residenciais de 14 tipologias distintas, variando de 34 a 282m², divididas em três grupos. Segundo Paulo Roberto Barros, o investimento com certeza irá ser maior, pois “há novas coisas a serem feitas”, e o lucro do Consórcio, inevitavelmente, será reduzido. “Não sabemos os valores, mas isso muda com o redesenho. Os preços para o mercado também mudarão, porque modificamos a estrutura dos imóveis”, garantiu o gestor.

“Mudanças trouxeram ganhos para a cidade”, diz Consórcio

Porta-voz do Consórcio Novo Recife, o engenheiro Paulo Roberto Barros ainda comentou a influência do movimento Ocupe Estelita nas novas decisões da iniciativa privada. “As demandas foram capazes de mudar o projeto. Não dá para comparar este com o original, porque são produtos distintos. Com as mudanças, a cidade tem ganhos expressivos. Minha crença é de que esse novo produto contemple a maioria – se não todas – das reivindicações sociais”, apostou o representante do projeto.

Nesta sexta-feira (7), a sociedade poderá acompanhar a apresentação do redesenho na audiência pública para debate do novo formato do projeto. O encontro acontece na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCAP), no bairro da Madalena, a partir das 14h30. Paulo Roberto ainda deixou claro que o Consórcio segue aberto para novas possibilidades de remodelações. “Prefiro chamar a audiência de um debate público. Se abrimos para o diálogo, é porque podemos, sim, acatar novas propostas e sugestões e reformatar, mais uma vez, o projeto”, atestou o engenheiro ao afirmar que 14 apresentações do projeto – com novas mudanças – já foram realizadas pelo Consórcio Novo Recife. 

Integrantes e apoiadores do Ocupe Estelita vêm mostrando a força das suas ideias para a sociedade pernambucana e para outras cidades brasileiras. As redes sociais, entre outras opções, são algumas das principais ferramentas dos grupos que não querem a construção de torres no Cais José Estelita, no Recife. Porém, a grande rede, como espaço democrático que é, também está sendo utilizada por usuários que são a favor das especulações imobiliárias. Uma página no Facebook denominada “Ocupe-se”, criada em junho deste ano, já é dona de mais de 32 mil curtidas.

A página é formada por empresários, magistrados, médicos, trabalhadores e advogados, ou apenas cidadãos, como informa o endereço virtual. O grupo classifica como “baderna” o que vem sendo feito por outra página na rede social, o grupo Direitos Urbanos, que é contra a construção das torres.

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“Somos empresários, magistrados, médicos, trabalhadores, advogados ou apenas cidadãos, de todas as cores, de todas as classes, mas sempre contra a baderna que vem sendo promovida pelo grupo Direitos Urbanos, e principalmente pelo seu filho querido: o movimento Ocupe Estelita. Exigimos respeito ao Estado Democrático de Direito, à segurança jurídica, ao poder Judiciário e ao poder público em geral”, informa o Ocupe-se, na descrição das suas propostas. A página também exalta a Polícia Militar de Pernambuco. “Somos solidários também à Polícia Militar do Estado de Pernambuco, que foi achincalhada, e cujos integrantes sofreram malsinadas ações penais em razão tão somente do cumprimento de seus deveres””, informa o Ocupe-se, no Facebook.

Em recente post, o Ocupe-se tornou público um texto a favor do “espigão”. “Espigão não é vilão, é solução! O uso do solo de uma maneira eficiente. Quanto mais limitarmos o crescimento vertical, mais pra longe estaremos mandando a população mais pobre, dada a natural valorização dos imóveis nas áreas centrais da cidade. Uma caminhada por Paris entre o Arco do Triunfo e o Museu do Louvre, passando pela avenida Champs-Élysées e pelo belo Jardin des Tuileries, nos faz pensar na nossa cidade, aquela em que vivemos. Enxergamos neste passeio uma experiência urbana preservada, uma harmonia invejável, tão diferente das constantes construções e demolições de arranha-céus da poluição visual, etc”, consta em parte do texto.

Usuários do Direitos Urbanos já estão criticando a atuação do Ocupe-se. Um internauta postou o seguinte: “Tudo playboy filho de papai sem nada na cabeça”. Sobre a foto de topo da página, outro usuário se posicionou:  “essa carteira de trabalho como sinônimo de ocupação é que é triste. como se os empresários de lá (ou os inúmeros cargos comissionados que conheço que tão nessa página) tivessem uma”.

O Direitos Urbanos é um grupo aberto com quase 29 mil membros. Sua proposta não é apenas debater os problemas do Recife, mas também abordar ideias e rumos que podem ser dados à capital pernambucana. 

 

 

 

Após reunião realizada com integrantes do Movimento Ocupe Estelita, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco decidiu apurar irregularidades referentes à propagandas do Projeto Novo Recife, veiculadas na mídia. O orgão vai averiguar também o resultado da pesquisa de opinião realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). As supostas irregularidades foram apontadas pelos integrantes do movimento. O projeto prevê a construção de 13 torres, comerciais e residenciais de até 40 andares, no Cais José Estelita, no Recife.

Sobre as propagandas, o procedimento preparatório, instaurado na Procuradoria da República em Pernambuco, vai apurar se estão sendo veiculadas com o intuito de induzir a opinião pública à aprovação do projeto. A finalidade é proteger o direito do cidadão à informação e à apresentação verdadeira da notícia. Serão requisitados informações dos responsáveis pela propaganda e à entidade que realizou a pesquisa, além de oficiar os órgãos de regulação das atividades de publicidade e propaganda. Também foi expedido ofício dirigido ao Ministério Publico de Pernambuco (MPPE), para que os fatos sejam apurados no âmbito da tutela do consumidor.

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Ações –  O Projeto Novo Recife é alvo de ação civil pública que tem por objeto a proteção do patrimônio histórico, ferroviário e cultural da área do Cais José Estelita, especificamente do Pátio Ferroviário das Cinco Pontas e de seu entorno. Outras quatro ações questionam o projeto na Justiça Estadual, uma ajuizada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e três ações populares.

 

 

 

 

É nesta quinta-feira (17), a partir das 14h, a audiência pública convocada pela Prefeitura do Recife com o intuito de debater as diretrizes urbanísticas do projeto Novo Recife. Após as pressões feitas pelos integrantes do Ocupe Estelita, a gestão definiu o encontro no Auditório Maria José Torres, no térreo da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), no bairro da Boa Vista. 

Em evento criado no Facebook, quase cinco mil manifestantes confirmaram presença e até um #OcupeFafire foi cogitado por algumas pessoas. Na nota oficial sobre a audiência, o grupo afirma que o procedimento de diálogo proposto pela Prefeitura não “satisfaz as nossas demandas por um processo conduzido por instâncias legítimas de participação, como o Conselho da Cidade, e com garantias de que haja uma revisão do projeto em sua essência”. 

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Na última semana, por conta da falta de segurança no local, os ativistas do Ocupe Estelita desistiram de pernoitar sob o viaduto Capitão Temudo, como vinha sendo feito desde a reintegração de posse do Cais José Estelita. Segundo os manifestantes, uma onda de ataques ao acampamento, com pedras e bombas atiradas contra os ocupantes, foi o motivo para a saída do local. 

Neste próximo domingo (20) o movimento Ocupe Estelita vai promover mais um dia repleto de atividades culturais, mas desta vez na Praça Sérgio Loreto, Bairro de São José. A programação, que é gratuita, terá início às 10h e contará com shows de Marcelo Jeneci, Semente de Vulcão, Coisa Nostra e Serrapilheira, além de oficinas, debates e outras atrações.

“Neste domingo, convidamos tod@s para ocupar a Praça Sérgio Loreto, marco histórico e afetivo do nosso Recife. Um belo exemplo da arquitetura centenária do Bairro de São José que merece harmonia com o futuro Cais José Estelita”, publicou o Ocupe Estelita no Facebook. Já passaram pelo palco do movimento atrações como Karina Buhr, Otto, DJ Dolores, Lirinha e Criolo.

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Há mais de 20 anos, eles 'ocupam' o Cais José Estelita

A iniciativa em prol do Cais José Estelita ganhou força no último dia 21 de maio, quando o Consórcio Novo Recife iniciou a demolição dos armazéns da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Depois de quase um mês de acampamento, a Polícia Militar de Pernambuco realizou uma ação de reintegração de posse que foi bastante criticada pelos ativistas. Na última quinta-feira (10), o grupo decidiu não acampar mais em frente ao terreno da antiga RFFSA

O projeto Novo Recife prevê a construção de 12 torres com 40 andares cada, Além da construção de um parque e outras áreas de lazer. Já o Ocupe Estelita é contra essa proposta e alguns arquitetos favoráveis ao movimento apresentaram projetos alternativos para a região.

Serviço

Ocupe Estelita

Domingo (20) | 10h

Praça Sérgio Loreto (Bairro de São José)

Gratuito

 

Após deixarem o Viaduto Capitão Temudo, na Zona Sul do Recife, os integrantes do movimento Ocupe Estelita marcam nova ocupação para este domingo (13). O Parque 13 de maio, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, foi o local escolhido para o evento. No encontro, que começa às 10h, serão realizadas atividades, discussões, atrações, aulas e diálogo sobre o espaço público. A publicação foi postada numa página do movimento criada no facebook.

O Movimento Ocupe Estelita é contrário ao Projeto Novo Recife, do Consórcio Novo Recife, que prevê a construção de 12 torres, entre prédios residenciais e comerciais, no Cais José Estelita, no bairro de São José.  

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Entenda o caso -  Desde que foi anunciado, o projeto causa polêmica entre os recifenses. No dia 21 de maio, durante a primeira demolição de um dos armazéns do Cais, integrantes do Movimento Ocupe Estelita decidiram acampar no local para impedir a demolição, que foi paralisada pela Prefeitura do Recife. No dia 17 de junho, os ativistas foram retirados do local pela Polícia Militar numa reintegração de posse do terreno. Desde então, os eles decidiram ocupar o viaduto Capitão Temudo, mas no último dia 10 deixaram o local alegando sofrer ataques de violência. Em paralelo as ocupações, o grupo, a prefeitura e entidades realizam reuniões para redesenhar o projeto Novo Recife. 

 

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Os ativistas do movimento Ocupe Estelita, desde a quinta-feira (10), não estão mais dormindo sob o Viaduto Capitão Temudo, na Zona Sul do Recife. A decisão foi tomada após os ocupantes sofrerem atos de violência no local.

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De acordo com um dos líderes do movimento, Sérgio Urt, na última terça-feira (8) um grupo de pessoas passou no acampamento arremessando pedras. Duas bombas também teriam sido jogadas contra os ativistas. 

“O movimento não vai cessar. Continuaremos oferecendo atividades culturais e oficinas para as crianças”, minimiza Urt, apesar de afirmar que o movimento deve mudar o local de permanência para outras áreas do Recife. Na manhã da quinta, a ocupação já estava praticamente vazia, contando apenas com a presença de jovens da área.

Em nota publicada na página oficial do movimento no Facebook, os ativistas divulgaram que sofreram um novo ataque por volta das 20h de ontem, enquanto preparavam a reestruturação do local. De acordo com o informe, pedras foram novamente atiradas contra os ocupantes, atingindo até um ônibus que passava. O movimento acredita que a agressão tenha sido estrategicamente direcionada para acuar e desmobilizar o Ocupe Estelita.

Nesta sexta-feira (11), as barracas foram completamente tiradas, mas o grupo não caracteriza a ação como desocupação. “O que está havendo aqui é uma reorganização e reocupação do espaço. No caso, estamos reocupando com outros moldes”, esclarece a ativista Ivana Driele, que participou da retirada das barracas.

Os ocupantes estavam embaixo do Viaduto Capitão Temudo desde o dia 17 de junho, após terem sido retirados do terreno do Cais José Estelita. Além dos eventos de violência ocorridos na terça e na quinta, tentativas de assalto já vinham ocorrendo no espaço.

No campo artístico há um debate antigo que divide a funcionalidade da arte na sociedade em basicamente dois eixos: a arte engajada e a dita 'arte pela arte'. No Recife, celeiro cultural do Brasil e uma cidade historicamente envolvida em revoluções sociais, o assunto voltou à tona no meio artístico por conta de recentes movimentos, a exemplo do Ocupe Estelita, que fazem uso das intervenções artísticas de forma mais politizada.

Mas o que os artistas da cena pensam a respeito? Se de um lado há quem defenda o uso da arte engajada, do outro existem os que não necessariamente buscam um aspecto politizado para levar seu trabalho adiante.

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Antes de entrar nesta discussão, vale a pena relembrar fatos históricos que contextualizam o assunto. Tatiana Ferraz, professora de História da Arte da Faculdade ASCES, comenta sobre quando se começou a separar a arte através destes eixos. “A divisão de pensamento entre arte engajada e arte pela arte surgiu com força no período das revoluções industriais (XVIII) e das vanguardas modernistas. Uma época na qual os movimentos artísticos buscavam a originalidade e a questão do consumo começou a interferir na própria arte. Neste sentido, pensadores como Ferreira Gullar, Walter Zanini, Adorno e Canclini deram grandes contribuições para este tema”, comenta a professora.

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A dualidade nas artes cênicas

De acordo com o pesquisador Leidson Ferraz, autor de várias obras sobre o teatro pernambucano, essa é uma discussão mais complexa do que parece. “É muito dito que a arte pela arte é algo que não tem engajamento. Eu não entendo dessa forma. Para mim, qualquer arte é uma atitude política, pensada”, opina Leidson Ferraz.

“Por outro lado, no sentido de se ter uma arte mais engajada, na Região Metropolitana do Recife quem começou com essa proposta foi o grupo Ponta de Rua (1978), de Olinda, que tinha uma linguagem atrelada ao teatro de rua. Em 1979, o grupo Teimosinho (1976), de Brasília Teimosa, também passou a atuar no teatro de rua e levava ao público assuntos como habitação e segurança. No ano seguinte, em 1980, surgiu o grupo Vem Cá Vem Ver, de Casa Amarela, com a mesma pegada. Para mim os grupos de teatro de rua é que são dotados dessa linguagem politizadora, pois tratam de assuntos como homoafetividade, igualdade de gênero e trabalho infantil, entre outros”, explica o pesquisador.

Grupo de teatro de rua do Recife, o Boi D’Loucos tem acompanhado os recentes protestos na capital pernambucana, como o Ocupe Estelita e o realizado em prol do Teatro do Parque, mas prefere se manter no silêncio diante do cenário. “Acho que são muito importantes as manifestações culturais nos protestos, mas a gente percebe que tem muitos partidos e políticos que estão se aproveitando dessas histórias. Acho que temos que ter cuidado e é por isso que o Boi D’Loucos está à margem disso. Não queremos servir de trampolim para esse pessoal”, explica Carlos Amorim, ator e representante do grupo teatral.

“Nossa proposta é a arte pela arte, e nossa missão é levar entretenimento para as pessoas. Mas o Boi D’Loucos é engajado politicamente. Participamos de uma associação de bois daqui do Estado, somos ligados às artes cênicas e, no meu caso, sou diretor do conselho fiscal do Sindicato dos Artistas de Pernambuco. Estamos bem antenados”, comenta o ator.

E quanto à música?

O cantor e compositor Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto, tem uma opinião que flerta com os dois caminhos da arte. “A parada do Devotos sempre foi fazer música com cunho social. A banda surgiu pra falar da falta de saneamento, segurança e outros descasos no Alto Zé do Pinho por parte do poder público. Já o lance da Café Preto, que é um projeto meu e tem muito do meu sangue, segue um pouco essa linha. A música Oferenda trata disso, quando eu canto ‘Lixo na favela/ Cada esquina uma pedra/ mas tem uma flor”, comenta Cannibal.

No entanto, o músico diz não ter preferência por arte engajada ou aquela preocupada apenas com questões estéticas. “Ninguém é obrigado a misturar cultura com temas sociais, ou ser totalmente engajado. Cada pessoa faz o que quer. Quando eu posso ajudar, eu ajudo. Mas também só faço o que eu estou afim de fazer. O movimento no Ocupe Estelita é parecido com o Alto Zé do Pinho. A gente não tem área de lazer, a segurança é precária, e socialmente falando são duas regiões bem parecidas. Acho que por isso que eu sou envolvido com essa história.”, explica o cantor.

Vocalista do Mundo Livre S/A, banda marcada pelas letras politizadas, Fred 04 acredita que quem faz arte ativista tem que ter mais coragem e talvez mais talento. “É difícil fazer uma canção como Mulheres de Atenas ou Cálice, que atravessaram as gerações sem perder o significado. São músicas feitas num ambiente altamente repressivo. Falo que é preciso coragem porque queira ou não existe um falso consenso de que vivemos uma liberdade, e isso é uma ilusão”, opina o cantor pernambucano.

No entanto, 04 também defende os que fazem a arte puramente estética. “Eu tenho uma formação que vem de um ativismo da época da universidade, e lógico que isso naturalmente estaria presente na minha música. Mas cada um tem a sua verdade. Acho que existem compositores e artistas que tem personalidades mais ativistas e tem outros com tendência natural ao entretenimento. E faz muito bem aquilo, até porque cumpre uma função na sociedade”, comenta o cantor do Mundo Livre S/A.

Nome de destaque da Cena Beto, novo movimento musical do Recife, Juvenil Silva tem uma opinião mais individual sobre o debate acerca do valor artístico. “Acho que a arte não tem que se prender a qualquer coisa. O artista tem que ser um espelho e mostrar a sua vivência, e meu jeito de fazer é assim. Não me prendo a nenhum movimento. Eu simplesmente falo o que vem na minha cabeça. Mas é muito difícil viver de arte aqui no Recife. Não sigo isso de arte pela arte porque tenho que pagar minhas contas e encaro isso como um modo de viver”, declara o músico. 

Arte visual engajada ou estética?

O artista plástico recifense Paulo Bruscky trata das fronteiras entre as linguagens artísticas desde o fim da década de 1960. E aparentemente o assunto sobre a funcionalidade de arte na sociedade chama a sua atenção. Na foto de perfil da fanpage de Bruscky no Facebook, ele aparece segurando um papel com os dizeres ‘o que é a arte? Para que serve?’.

“Acho que o artista expressa o que sente. Você primeiro tem que conhecer sua aldeia para depois conhecer o mundo. Acho que arte é transformação, é expor a fratura exposta da sociedade. A arte é a última esperança. É a denúncia, embora ela seja uma utopia. Não existe arte pela arte apenas. O artista é um ser social e só o fato de o ser é por si só um ato político”, declama Paulo Bruscky.

Também artista plástico do Recife, Raul Córdula, por sua vez, é mais ligado ao diálogo com a arte pop e ao abstracionismo geométrico, mas como crítico de arte ele acredita que o limite entre arte pela arte versus arte engajada não pode ser definido. “Hoje eu tenho a tendência de pensar que 'arte pela arte' é a arte comercial, feita para enfeitar os ambientes. Esta é uma colocação simplista porque a construção artística é não ficar imóvel diante da emoção, e isso não se classifica. O que voga é o que você está fazendo. Não ‘como’, mas ‘o quê’. O artista e seu produto é algo original. Ele cria um pensamento novo. Eu mesmo faço arte engajada. A obra País da Saudade (1981), por exemplo, foi feito em plena ditadura militar e contava a saudade que amigos exilados tinham do Brasil”, diz Córdula.

Raul Córdula recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte

Um dos representantes do grafitti pernambucano mundo afora, Derlon Almeida acredita ser difícil julgar uma intervenção artística simplesmente como ‘arte pela arte’. “Eu não venho nenhum trabalho sem engajamento, pois todo o processo criativo passa por uma busca, uma informação a ser passada. Meu trabalho, por exemplo, tem uma referência social indireta, não tão agressiva como uma arte engajada, mas ela surgiu a partir de uma pesquisa que fiz, com referências no grafitti, uma linguagem nascida como forma de protesto. Ou seja, indiretamente e naturalmente ela tem cunho social”, comenta Derlon.

Eles são os Picassos do futuro?

Para ele, o grafitti está intimamente ligado a uma arte mais engajada. “Mesmo que o artista que faz grafitti, no momento da ação, não tenha o intuito de fazer algo engajado, ele mantém viva uma história e a continuidade de um trabalho que não morreu, uma linguagem não autorizada. Só o fato de você ocupar um espaço público com uma forma de comunicação é um ato politicamente engajado”, insiste Derlon.

Manifestantes do movimento Ocupe Estelita estiveram presentes no primeiro ato político da campanha da Frente Popular no Recife, na última segunda-feira (7), no Arcádia Paço Alfândega. Eles chegaram no final do evento e levantaram um cartaz contra a implantação de 12 prédios de 40 andares que estão projetadas para serem erguidas pelo projeto Novo Recife no Cais José Estelita. 

Segundo os poucos manifestantes que aparecem no evento, a atitude foi imediatamente repudiada por seguranças locais. “Eles retiraram nossa faixa e tivemos que sair”, disse um dos manifestantes. 

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Eles prometeram estar em vários eventos políticos que acontecerem no Recife durante a campanha eleitoral deste ano. A manifestação ocorrerá não só em atos da Frente Popular, que tem como candidato ao Governo, o ex-secretário Paulo Câmara (PSB), como também da coligação Pernambuco Vai Mais Longe, do também postulante, senador Armando Monteiro (PTB).

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