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A Procuradoria-Geral da República enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, 28, reforçando a denúncia contra o atual ministro da Casa Civil Ciro Nogueira pelo suposto recebimento de propinas de R$ 7,3 milhões da Odebrecht, pela 'compra de apoio do parlamentar em causas de interesse da construtora'. A acusação, apresentada em fevereiro de 2020, atinge ainda um assessor do PP e ex-executivos da empreiteira.

A manifestação subscrita pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araujo rebate alegações das defesas dos denunciados e reitera o pedido de recebimento da denúncia. Lindôra defendeu que nenhum dos argumentos suscitados pelos advogados dos investigados devem impedir a 'regular sequência à ação penal'.

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Ao Supremo, a defesa de Ciro Nogueira alegou inépcia da denúncia quanto à imputação do crime de lavagem de dinheiro, sob o argumento de que a acusação não teria descrito 'nenhuma conduta individualizada do senador'. Além disso, os advogados apontam suposta ausência de justa causa, não só na acusação de lavagem, mas também na de corrupção passiva.

Rebatendo os argumentos, Lindôra destacou que a denúncia 'menciona os diversos elementos de convicção' e tem amparo em 'farto conteúdo probatório supratranscrito'.

Segundo a subprocuradora-geral, a peça foi "suficientemente guarnecida com dados probatórios por meio dos quais se retratou, com elementos autônomos e/ou próprios, a específica esfera dos delitos de corrupção (ativa e passiva) e de lavagem de capitais centralizados na pessoa do Senador Ciro Nogueira".

Com relação aos argumentos das defesas que questionavam as acusações de lavagem de dinheiro, Lindôra destacou que a acusação 'é de clara e objetiva compreensão, propiciando aos acusados o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa em face aos fatos típicos que lhes foram imputados'.

"Segundo a inicial, o grupo denunciado lançou mão de sofisticado mecanismo, tecnológico e operacional, no qual abrangidos doleiros, transportadores, senhas, codinomes e outros componentes, por meio dos quais perseguiram a ocultação e a dissimulação da 'origem, propriedade, localização e movimentação de recursos de origem ilícita'", destacou a subprocuradora-geral.

Em agosto, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou denúncia contra Nogueira e outros dois integrantes do PP que eram acusados de obstrução de Justiça.

Em um processo sigiloso, o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli vai decidir se anula o acordo de colaboração da Odebrecht com o Ministério Público Estadual no processo contra o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do PSD. Uma decisão favorável a Kassab pode abrir um precedente para que outras defesas processadas pela Promotoria paulista recorram para invalidar ações movidas com base na delação da Odebrecht.

Nesse mesmo processo, o ministro ordenou a suspensão da ação de improbidade administrativa em que os promotores paulistas acusam Kassab de ter recebido R$ 21 milhões em propinas da empreiteira.

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Os advogados de Kassab argumentam que o Ministério Público driblou uma decisão do próprio STF ao firmar um acordo com a empreiteira para processos de improbidade administrativa - que levam à aplicação de multa e cassação dos direitos políticos. Em fevereiro de 2018, o ministro Luiz Fux negou aos promotores paulistas o acesso à delação. A decisão acolheu um parecer da então procuradora-geral, Raquel Dodge, que afirmou ser necessária a adesão ao acordo de leniência que a empreiteira firmou com a União e o MPF para a utilização das provas em processos. No entanto, os promotores paulistas não aderiram à delação com a Lava Jato e ao acordo de leniência. Por isso, firmaram um acordo diretamente com a empreiteira.

O advogado Igor Tamasauskas, que defende o ex-prefeito, também afirma que os próprios delatores têm apresentado contradições em depoimentos a órgãos diferentes, como o Ministério Público e à PF, sobre os mesmos fatos investigados. "A primeira história que os delatores contam é que teriam dado dinheiro para o Kassab por causa do cargo de ministro. E, aqui em São Paulo, eles falam que deram dinheiro porque ele é prefeito. Tinha interesse em obras. Coisa que não bate com o que o próprio delator já havia dito em outros acordos. Por isso, também questionamos o acordo", diz.

A pedido da defesa de Kassab, o ministro impôs segredo de Justiça ao recurso. No mesmo processo, Toffoli mandou suspender a ação em agosto, sob a alegação de que a defesa teve negado um pedido para tirar cópia de um inquérito civil do MP-SP. Segundo os promotores do caso, os advogados poderiam dar vista no procedimento, mas não levar cópias, porque os inquéritos não têm Kassab como investigado. A defesa, no entanto, alega que documentos destes procedimentos foram usados para embasar a ação contra Kassab.

A ação estava em vias de ser julgada, com a audiência de instrução e julgamento marcados para aquele mesmo mês.

Toffoli ressaltou ter analisado, preliminarmente, apenas o apelo para a obtenção das cópias da investigação pela defesa. E que o fez sem prejuízo "à análise posterior das demais questões trazidas nesta ação, como o suposto descumprimento da autoridade da Corte", em referência às decisões de Fux. No mesmo mês, o Tribunal de Justiça de São Paulo também deu razão a Kassab e mandou os promotores autorizarem a extração de cópias destes inquéritos.

Segundo a ação, "Kibe", codinome atribuído a Kassab na campanha à Prefeitura de São Paulo, em 2008, é destinatário de R$ 3,4 milhões. Já os outros pagamentos, no valor de R$ 17,9 milhões, constam como "Chefe Turco" e "Projeto". Os dados constavam no Drousys, sistema de controle do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como departamento de propinas. Aos moldes dos outros acordos com o Ministério Público de São Paulo, a empreiteira terá 22 anos para indenizar os cofres da cidade em R$ 21 milhões - valor da suposta propina. Em troca da confissão e da multa, a Odebrecht poderá continuar na condução de obras a respeito das quais admitiu irregularidades, como a formação de cartel. E, poderá continuar a participar de licitações.

Consequência

Caso o Supremo admita a anulação do acordo com Kassab, outros investigados pelo MP de São Paulo poderão tentar seguir o mesmo caminho na Justiça. Entre eles, o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, e o ex-vereador Francisco Chagas, do PT, que foi condenado por improbidade por receber repasses de R$ 30 mil para sua candidatura, em 2012. Todos são investigados com base no acordo da empreiteira com a Promotoria paulista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a reabertura do inquérito que investigou o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), sob suspeita de receber propinas da Odebrecht na eleição de 2010.

Em manifestação enviada ao gabinete da ministra Rosa Weber, relatora do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros diz que 'novos elementos de prova' justificam a retomada da investigação.

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Madeiros cita um laudo feito pela Polícia Federal a partir de uma inspeção nos sistemas de contabilidade paralela do Grupo Odebrecht, que só ficou pronto após o arquivamento do inquérito embora tenha sido solicitado antes disso. A PF encontrou menções a pagamentos que teriam beneficiado o grupo político do deputado e a endereços que podem estar ligados a ele. De acordo com o relatório, Fábio Faria recebeu os codinomes de 'Garanhão' e 'Bonitinho'. Já ao pai dele, o ex-governador potiguar Robinson Faria (PSD), é atribuída a alcunha de 'Bonitão'.

O vice-procurador defende que o caso seja encaminhado para a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte. Em 2019, o plenário do STF decidiu que a competência para julgar casos de corrupção e lavagem de dinheiro conexos a crimes eleitorais é da Justiça Eleitoral.

"O juízo de reabertura de investigações é próprio do juízo natural para a ação penal. Quando foi feito o arquivamento, o Supremo Tribunal Federal não havia firmado a competência da Justiça Eleitoral para casos que tais. Assim, o Supremo Tribunal Federal foi o juízo do arquivamento, mas não seria hoje o juízo para o caso", diz um trecho da manifestação da PGR.

Aberta a partir da delação do Grupo Odebrecht, a investigação mirou indícios dos crimes de caixa dois e corrupção ativa. Foi arquivada em fevereiro de 2019 a pedido da própria Procuradoria-Geral da República. Na época, o órgão considerou que não havia provas para o oferecimento de denúncia contra o então deputado federal.

O advogado Celso Vilardi, que defende Fábio Faria no caso, disse ao STF que o laudo em questão não traz nenhum fato novo. "Muito menos prova nova que não tenha sido investigada nestes autos", afirmou. O criminalista observa que as planilhas de contabilidade paralela da Odebrecht foram juntadas, inclusive, aos anexos dos termos de colaboração dos delatores. Ele também afirma que não foi encontrado qualquer indício de propina ao ministro das Comunicações.

Os ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta terça-feira, 31, arquivar o inquérito que investiga o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), acusado de pedir propina à Odebrecht, durante a campanha presidencial de 2014, para fazer pagamentos a aliados políticos.

Em 2017, o delator e ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht disse que Aécio - então candidato ao Palácio do Planalto - teria pedido R$ 15 milhões ao "setor de propina" da empreiteira após o primeiro turno da eleição de 2014. Aécio disputou o segundo turno com Dilma Rousseff (PT), que venceu a eleição.

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O ministro Gilmar Mendes, relator do caso, foi o responsável por guiar o entendimento da maioria. Gilmar desconsiderou o pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para enviar o assunto à Justiça Eleitoral. Em contrapartida, optou por atender ao pedido da defesa para arquivar a investigação, sob justificativa de não haver provas consistentes produzidas até o momento.

O julgamento foi decidido por apenas dois votos. A Segunda Turma está desfalcada sem a aprovação da indicação de André Mendonça à vaga deixada pelo ministro Marco Aurélio Mello. O presidente do colegiado, Kassio Nunes Marques, acompanhou o relator na determinação do relator.

"Assinalo que a continuidade da persecução criminal, mesmo após excessivo tempo de duração, não conseguiu reunir um lastro probatório mínimo, apenas balizados em depoimentos de colaboradores, sem a devida corroboração com os demais elementos informativos até então, que, sobretudo, não foram suficientes para a formação da opinião delitiva do Ministério Público Federal", afirmou Nunes Marques.

Os ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandowski tiveram entendimentos diferentes entre si, por isso não houve empate no julgamento. Fachin votou pelo encaminhamento da ação para a Justiça Federal, já Lewandowski aceitou o pedido da PGR para que o caso fosse analisado pela Justiça Eleitoral.

A Polícia Federal (PF) indiciou o senador Renan Calheiros (MDB) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador, que é relator da CPI da Covid, é investigado sob acusação de ter pedido e recebido R$ 1 milhão em propina da Odebrecht em 2012. Renan Calheiros afirmou que o indiciamento é uma retaliação a sua atuação na CPI.

Segundo a investigação, a proprina teria sido paga em troca de o senador buscar a aprovação de uma resolução de interesse da empreiteira. O senador, identificado com o codinome 'Justiça' na planilha de pagamentos de propina da Odebrecht, teria recebido o dinheiro em 31 de maio de 2012, em São Paulo-SP, por meio de um motorista de seu operador financeiro.

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"Durante o inquérito identificou-se que o pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) ocorreu em contrapartida pelo apoio político fornecido para a aprovação ao Projeto de Resolução do Senado n. 72/2010, convertido na Resolução do Senado Federal n. 13/2012, o qual beneficiou o GRUPO ODEBRECHT, e especialmente a BRASKEM SA, na medida em que limitou a capacidade dos Estados para concessão de benefícios fiscais a produtos importados, evitando a continuidade da 'Guerra dos Portos'", afirmou o delegado Vinicius Venturini, do Serviço de Inquéritos (Sinq) da Polícia Federal, unidade responsável por investigar políticos com foro privilegiado.

Em depoimento, o motorista declarou "não se recordar" de ter recebido mala ou dinheiro. Aos investigadores, Renan afirmou ter apoiado o projeto, mas negou os pagamentos indevidos.

O inquérito foi aberto em abril de 2017 pelo ministro Edson Fachin, que é relator da Lava Jato no STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em delação premiada de ex-executivos da Odebrecht. O inquérito foi enviado ao STF na quinta-feira (1º). Fachin deverá enviar o resultado à PGR, que poderá fazer a denúncia ou arquivar o caso.

Em nota, Renan disse que o indiciamento era uma retaliação por sua atuação como relator na CPI da Covid e que a PF não tem competência para indiciar um senador. "Estou surpreso que justamente agora, quando a CPIF mostra todas as digitais do governo na corrupção da vacina, a parte politizada da Gestapo enxerga indícios em uma acusação sem prova referente a 2012. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar", declarou. Ao mencionar "Gestapo", o senador faz uma referência à polícia secreta da Alemanha nazista.

A defesa de Renan destacou que não foi encontrado qualquer indício de ilicitude sobre atos do cliente. "Assim como os demais inquéritos, a Defesa está confiante que a investigação da Odebrecht também será arquivada, até porque nenhuma prova foi produzida em desfavor do senador, restando, somente, a palavra isolada dos delatores."

Quase seis anos após a prisão de Marcelo Odebrecht, que marcou o declínio do império baiano, o grupo tenta reerguer sua construtora, com novas obras e um possível sócio para ajudar a financiar a retomada. Nos últimos anos, depois que a Operação Lava Jato desmantelou o esquema de corrupção entre as construtoras, a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) viu seu faturamento e carteira de obras minguarem rapidamente enquanto uma série de problemas financeiros surgiam, como o vencimento de dívidas.

Hoje, com a reestruturação financeira concluída, a empresa tenta virar a página, superar a imagem arranhada e conquistar novos contratos de obras. O recomeço parte de um novo patamar - bem distante dos tempos áureos dos megaempreendimentos de infraestrutura que tornaram a companhia uma das gigantes do mundo no setor.

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Em 2014, impulsionado pelas obras da Copa do Mundo e da Olimpíada, o faturamento da construtora alcançou R$ 32,4 bilhões. No ano passado, as receitas representaram 10% desse montante - a empresa faturou US$ 600 milhões (R$ 3,3 bilhões, pela cotação do dólar de ontem). Com as seis obras conquistadas nos últimos 12 meses, o presidente da empreiteira, Marco Siqueira, espera dobrar esse montante em 2021, para US$ 1,1 bilhão (R$ 6 bilhões).

No total, a empresa tem 26 contratos ativos, sendo 15 no Brasil e 11 em países como Panamá, Peru, Argentina, Guiana, Angola, Gana e Estados Unidos. A construtora trabalha com um pipeline (projetos em prospecção) de 131 projetos, que somam R$ 17 bilhões, para serem explorados. Mas, ao contrário do passado, quando o poder financeiro da companhia era exponencial, atualmente conseguir garantias para participar de todas as disputas do mercado virou um desafio.

Uma das estratégias da construtora é conseguir uma injeção de capital para reforçar o balanço da empresa e permitir explorar novos projetos. "Estamos conversando com um possível sócio para participar desse início de um novo ciclo. Temos capacidade técnica, certificações, pessoas e estamos prontos para novos projetos", diz Siqueira. As negociações estão sendo tocadas pela holding e envolvem fundos de private equity.

Para o presidente da construtora, as condições atuais são favoráveis à retomada mais firme das atividades da empresa. Com a reestruturação financeira, há uma janela de quatro anos para focar no crescimento da companhia até que algumas dívidas comecem a vencer. Além disso, ele acredita que em algum momento o governo vai se voltar para os investimentos de infraestrutura, que têm um efeito multiplicador para o crescimento econômico. "O nome do jogo agora é conquistar novos contratos."

O executivo reconhece, porém, que as condições serão diferentes. Além do tamanho da construtora, existe uma nova realidade de obras no País: os megaempreendimentos deram lugar a projetos menores e mais espalhados. Diferentemente do passado, quando a OEC só disputava grandes licitações, hoje o objetivo é incrementar a carteira de obras. "Mas devemos focar em contratos acima de R$ 150 milhões", diz Siqueira.

No fim do ano passado, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) e o Ministério Público Federal encerraram o monitoramento externo feito no grupo durante quatro anos. O trabalho de fiscalização fazia parte do acordo de leniência, fechado em 2016 com o DoJ e autoridades brasileiras e da Suíça.

O advogado Otavio Yazbek, que foi o monitor brasileiro na empresa, afirma que esse não foi um processo simples, seja pelo momento delicado da companhia ou porque envolveu uma transformação ampla da cultura da organização, com a implementação de medidas em vários níveis. Segundo ele, considerando o ambiente de negócios atual, é possível que quem contrate a Odebrecht demande algum tipo de segurança adicional. "Mas entendo que a empresa tem condições de mostrar os avanços e o que está em vigor, e isso é o mais importante para enfrentar os riscos e desafios de novas linhas de negócio."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo o arquivamento de inquérito que apura suspeita de pagamento de propinas da Odebrecht ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e seu pai, César Maia. Ambos negam.

Em 2019, relatório da PF atribuiu aos dois crimes de corrupção, lavagem e caixa 2.

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Segundo a PGR, não foram apresentadas provas além de relatos dos delatores e planilhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou que a primeira instância da Justiça Federal do Paraná julgue um recurso em que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva questiona a validade de provas obtidas em sistemas “secretos” da empreiteira Odebrecht.  

O caso está relacionado à ação penal em que Lula é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido vantagens ilícitas da Odebrecht por meio de um terreno a ser utilizado pelo Instituto Lula, em São Paulo, e de um apartamento em São Bernardo do Campo.

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Em agosto do ano passado, o Supremo autorizou a defesa do ex-presidente a ter acesso mais amplo ao material obtido por meio dos programas Drousys e MyWebDay, que segundo o MPF foram os sistemas paralelos e secretos por meio dos quais a Odebrecht operacionalizava e contabilizava o pagamento de propinas a agentes públicos.

Nas planilhas extraídas desses sistemas, cujo teor foi explicado pela própria Odebrecht em acordo de leniência, políticos recebiam diversos apelidos e eram associados a repasses indevidos. O material resultou em dezenas de ramificações da Lava Jato.

De posse do material, a defesa de Lula alegou à Justiça Federal ter constatado, por meio de uma perícia própria, inconsistências que colocam em dúvida a integridade e a cronologia das informações dos sistemas. Os advogados pediram então a abertura de um incidente de ilicitude de prova na 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato e onde tramita a ação penal, com o objetivo de anular o uso do material.

A pedido do MPF, a abertura do incidente foi negada em todas as instâncias da Justiça. Em decisão divulgada nesta quinta-feira (25), contudo, Fachin determinou que o juiz Luiz Antônio Bonat, da 13ª Vara Federal, julgue o questionamento das provas antes de proferir qualquer sentença no caso do Instituto Lula.

O ministro disse não ver motivos para que a primeira instância negue a abertura do incidente de ilicitude de prova, uma vez que a perícia da defesa constitui elemento novo, produzido a partir do acesso ao material autorizado pelo próprio Supremo.  

"Desse modo, impõe-se assegurar o direito defensivo em fazer o efetivo uso desses elementos de prova, porque inéditos, uma vez obtidos apenas por autorização do Supremo Tribunal Federal, por intermédio do meio processual cabível e que melhor lhe aprouver, sem o entrave da equivocada preclusão", escreveu o ministro

A ação penal está com o andamento travado desde dezembro do ano passado, por decisão do vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle, após a defesa alegar não ter tido acesso integral às provas. A suspensão foi confirmada ontem pela Oitava Turma do TRF4.

Na contramão da decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a obter a íntegra da documentação relacionada ao acordo de leniência firmado entre a força-tarefa da Lava Jato no Paraná e a Odebrecht, a Justiça Eleitoral em São Paulo negou pedido apresentado pela defesa do ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado (gestão Alckmin) e ex-tesoureiro adjunto do diretório estadual do PSDB, Marcos Monteiro, para acessar os documentos obtidos a partir dos sistemas de contabilidade paralela da empreiteira na investigação de supostos pagamentos indevidos em eleições tucanas.

O material, conjugado com depoimento de delatores, colocou Monteiro e outras nove pessoas, incluindo o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), na mira do Ministério Público de São Paulo. Em julho, uma denúncia foi aceita pela Justiça e o grupo virou réu por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral (caixa dois). As acusações recaem sobre supostos pagamentos de R$ 11,9 milhões da Odebrecht nas campanhas do ex-governador em 2010 e 2014.

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Em uma primeira decisão, em novembro, o juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas atendeu ao pedido da defesa e permitiu acesso aos termos e anexos das colaborações homologadas com o ex-diretor do Metrô de São Paulo Sérgio Corrêa Brasil e com o doleiro Álvaro Novis.

O parecer determinou, por exemplo, o compartilhamento da íntegra das declarações, dos arquivos eletrônicos apresentados pelos delatores e do material obtido a partir dos sistemas eletrônicos paralelos de comunicação e controle financeiro da Odebrecht para operar pagamentos de propinas.

"A concessão de acesso integral aos elementos de convicção produzidos a partir dos acordos de colaboração pactuados por todos os acusados, seja neste primeiro momento de contraditar a acusação, seja após a instrução probatória, na apresentação de alegações finais, volta-se a conferir equilíbrio de forças entre a acusação e a defesa e, assim, a garantir a paridade de armas entre as partes", escreveu o juiz. "A preservação do sigilo sobre o conteúdo das declarações prestadas em colaboração se revela legítima, caso necessária, somente até o recebimento da denúncia", acrescentou.

No entanto, o próprio magistrado derrubou parcialmente a decisão na última quarta-feira, 3, após ouvir o Ministério Público. Em novo despacho, o juiz reconsiderou o compartilhamento do material oriundo do Drousys e do My Web Day B - os sistemas de comunicação e de contabilidade do setor de propinas da Odebrecht. Na nova avaliação, Vargas concluiu que, neste momento, o impedimento de acesso aos documentos não prejudica o direito à ampla defesa.

"Aludida análise deve ser reservada à eventual fase probatória, se for o caso, na qual a pertinência da produção de nova prova pericial será aquilatada em conjunto com os elementos de informação já colhidos nos autos e as teses de defesa apresentadas, se for o caso", decidiu o juiz. "A ação penal precisa seguir em busca da prestação jurisdicional célere e eficaz", completou.

Denúncia

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Alckmin recebeu caixa dois de R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 e R$ 9,3 milhões em 2014, quando disputou e se reelegeu governador de São Paulo. Uma semana antes da denúncia, a Polícia Federal indiciou o tucano no caso.

O primeiro repasse, em 2010, teria sido efetuado por intermédio de Adhemar Ribeiro, cunhado do tucano. Os pagamentos teriam sido feitos ao escritório de Ribeiro e apareciam nas planilhas do Departamento de Operações Estruturadas, responsável pela contabilidade das propinas, sob o codinome "Belém".

Em 2014, o esquema teria contado com a participação do então tesoureiro de campanha Marcos Monteiro, que teria atuado ao lado da Odebrecht na autorização, planejamento e execução dos pagamentos da propina. Os repasses foram feitos em onze parcelas, totalizando R$ 9,3 milhões, e entregues pela Transnacional, empresa do doleiro Alvaro Novis, ao "senhor Eduardo Castro", o assessor Sebastião Eduardo Alves de Castro, conforme registram mensagens obtidas pelo Ministério Público.

O endereço de Sebastião Castro no Brooklin (na zona sul da capital) consta em diversas mensagens trocadas por funcionários do doleiro como local de entrega de propina. Além disso, os pagamentos foram lançados na planilha sob o codinome 'M&M', atribuído a Marcos Monteiro.

A denúncia foi apresentada em julho e teve base nos 77 acordos de delação premiada firmados por executivos e funcionários da Odebrecht com a Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. Após o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a competência da Justiça Eleitoral para julgar casos de corrupção conexos a crimes eleitorais, os autos do inquérito contra o tucano foram remetidos à Justiça Eleitoral de São Paulo.

As defesas dos denunciados negam as acusações bem como qualquer recebimento de contribuições eleitorais não declaradas. Os advogados apontaram conclusões "apressadas" e "prematuras", sem lastro probatório, no inquérito.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve na Justiça Federal parte da investigação aberta contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), e o ex-deputado federal e atual secretário de Fazenda e Planejamento do município, Pedro Paulo Carvalho (DEM), na esteira da delação de executivos da Odebrecht.

Na decisão, tomada última quinta-feira, 14, o decano negou pedidos apresentados pelas defesas para retornar a frente de apuração de volta à Justiça Eleitoral - que desmembrou o inquérito e transferiu parte da investigação.

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Ao ministro, os advogados argumentavam que a decisão de fatiar o caso estaria em desacordo com o entendimento fixado pelo próprio Supremo em 2019, quando o tribunal decidiu que crimes não eleitorais, mas relacionados a delitos eleitorais, também devem ser processados pela Justiça Eleitoral, e não pela Justiça comum. A questão foi discutida justamente no inquérito envolvendo Paes e Pedro Paulo.

Na avaliação de Marco Aurélio, no entanto, os ministros apenas determinaram a prerrogativa da Justiça Eleitoral para decidir o que tem relação ou não com os crimes eleitorais.

"Levando em conta a decisão do Pleno, que implicou a declinação de competência, com relação aos crimes supostamente cometidos em 2010 e 2012, para a Justiça Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, cumpre ao Juízo especializado, a partir de dados coligidos, verificar, entre os fatos objeto da investigação, quais são os conexos com o crime eleitoral", diz um trecho do despacho.

O decano também observou que a análise de eventual erro da primeira instância da Justiça Eleitoral na decisão de dividir a investigação e encaminhar parte da apuração para a Justiça Federal deve passar pelas outras instâncias antes de chegar ao Supremo. Segundo ele, caso o tribunal analisasse o mérito da decisão agora, haveria uma 'queima de etapas'.

Paes e Pedro Paulo são acusados de receber vantagens indevidas nas campanhas de 2010 e 2012. Em agosto do ano passado, a Justiça Eleitoral aceitou uma denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou os dois réus no caso. Na ocasião, o MP também recebeu autorização para que a parte da investigação relacionada a um suposto crime de evasão de divisas, via pagamentos em uma conta no exterior, fosse destacada e encaminhada à Justiça Federal.

Os dois negam irregularidades. Quando a Justiça aceitou a denúncia, às vésperas das eleições municipais que posteriormente deram a vitória a Eduardo Paes, ambos alegaram uma tentativa de interferência no processo para prejudicar sua candidatura.

Autoridades colombianas anunciaram nesta segunda-feira, 28, que a Odebrecht terá de pagar multa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 263 milhões) por corrupção na construção de uma rodovia. A empreiteira foi punida por ter subornado um funcionário do governo para obter a concessão de um trecho da Rota do Sol, estrada de 523 quilômetros que liga o centro ao norte da Colômbia, segundo a Superintendência da Indústria e Comércio (SIC).

A Odebrecht, que agora se chama Novonor, e suas empresas parceiras - Corficolombiana e Episol - pagaram US$ 6,5 milhões de propina para Gabriel García, funcionário do governo colombiano, que facilitou a vitória da empresa na licitação. "Os eventos fazem parte do esquema de corrupção implantado pela Odebrecht no mundo, que durou mais de uma década e resultou no pagamento de centenas de milhões de dólares em propinas em diversos países", acrescentou a SIC.

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A investigação se baseou no acordo que a construtora fez com o Departamento de Justiça dos EUA, em 2016, e na confissão de García, que está em prisão domiciliar, cumprindo pena de cinco anos. Os executivos Luiz Bueno, Luiz Mameri e Yesid Arocha também terão de pagar multa de US$ 900 mil por "terem colaborado" no esquema. A Odebrecht e Corficolombiana não comentaram a decisão. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A Odebrecht, centro do maior escândalo de corrupção do Brasil, mudou de nome. A empresa, de 76 anos, anunciou que, a partir de agora, passa a se chamar Novonor. O anúncio foi feito pelo representante do acionista majoritário do grupo, Maurício Odebrecht, durante reunião anual, com transmissão online para todos os funcionários.

Em nota, a companhia afirmou que a mudança do nome e da marca é o ponto culminante da transformação empreendida nos últimos cinco anos. "Nesse período, à medida em que ia mudando os seus processos internos e os seus métodos de atuação, a empresa implantou um sistema de conformidade no padrão das grandes corporações internacionais, e que foi certificado há dois meses por um monitor independente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos."

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Desde que virou um dos pivôs do maior escândalo de corrupção do Brasil, foco da Operação Lava Jato, o conglomerado vem sofrendo um revés atrás do outro. Nos últimos anos, os contratos minguaram por causa da crise econômica e a dívida ficou grande demais para o novo tamanho do grupo baiano, que não teve outra alternativa a não ser recorrer à Justiça para se proteger do ataque de alguns credores.

Com dívidas de quase R$ 100 bilhões, incluindo os empréstimos intercompanhias, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2019 e teve seu plano aprovado neste ano, em plena pandemia. "Não estamos apagando o passado. Passado não se apaga. Passado é exatamente o que ele é - passado. Depois de tudo o que promovemos de mudanças e de correção de rumos, estamos agora olhando para o que queremos ser: uma empresa inspirada no futuro. Este é o nosso novo norte", diz Maurício Odebrecht, em nota.

A Novonor nasce como uma holding de um grupo empresarial com 25 mil empregados e seis empresas nas áreas de engenharia e construção, mobilidade urbana e rodovias, petróleo e gás, mercado imobiliário, petroquímica e indústria naval.

Até o início da Lava Jato, a Odebrecht era a maior empreiteira do Brasil, com sua marca impressa na maioria das grandes obras levantadas de Norte a Sul do País.

Sob o comando de Marcelo Odebrecht, hoje em prisão domiciliar, o grupo ultrapassou R$ 100 bilhões de faturamento e o número de funcionários chegou a 170 mil pessoas espalhadas por quase 30 países.

Mas, com o escândalo de corrupção, teve de fazer o caminho inverso. A receita despencou, a carteira de projetos minguou e milhares de funcionários foram demitidos.

Vários ativos também foram vendidos para fazer frente aos compromissos que não paravam de vencer. Assim como outras empresas que adotaram a mesma estratégia, a Novanor espera que a alteração de nome também mude os rumos da história da empresa.

Recém-contratado como sócio-diretor da consultoria de gestão de empresas Alvarez & Marsal, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou que sua migração para a iniciativa privada não o afasta da agenda anticorrupção. "As empresas não precisam esperar o Congresso ou o governo para dizer o que precisa ser feito. A minha ida para uma empresa como a Alvarez & Marsal segue a linha do que eu sempre defendi, que é importante nós adotarmos políticas de integridade e anticorrupção. Não há nenhum demérito em relação a se trabalhar por esses objetivos no setor público", disse Moro ao Estadão.

Responsável pela área que vai alocar o ex-ministro da Justiça, o executivo da M&A Marcos Ganut afirmou que as negociações com Moro levaram cerca de cinco semanas e envolveram rodadas de conversas com equipes no Brasil e no exterior. Segundo ele, não é novidade na empresa a contratação de egressos do setor público.

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"Nós temos pessoas que vieram do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com um background também de ter vivido de um ângulo diferente este processo de investigação", disse o executivo à reportagem. "Não é uma novidade para a empresa. Claro que a gente está falando de uma figura que tem uma expressão ainda maior para o nosso mercado."

Na A&M, Moro vai atuar na área de "Disputas e Investigações". O foco do trabalho será ajudar empresas no desenvolvimento de políticas antifraude e anticorrupção, governança de integridade e conformidade e políticas de compliance. "A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Tem de trabalhar dos dois lados", disse Moro.

O anúncio da contratação do ex-juiz da Lava Jato - feito no domingo passado - levantou a discussão sobre um possível conflito de interesses. Isso porque o rol de clientes atendidos pela consultoria inclui empresas investigadas na Lava Jato. A A&M foi designada, por exemplo, como agente de recuperação judicial da Odebrecht - empreiteira que fechou acordo de leniência com a força-tarefa de Curitiba e teve dezenas de executivos que fizeram delação premiada, entre eles Marcelo Odebrecht, que foi condenado por Moro. A consultoria também trabalha na reestruturação da Queiroz Galvão e atende, ainda, a OAS e a Sete Brasil.

Cláusula

Moro e Ganut afirmaram que essa questão foi pensada antes da assinatura do contrato e, para evitar questionamentos, foi incluída uma cláusula que proíbe expressamente a atuação do novo sócio em qualquer caso que envolva empresas cujos processos tenham passado por ele nos tempos de magistratura.

"Tanto eu quanto a A&M concordamos expressamente com essa cláusula. Nós estamos aqui para fazer a coisa correta, não o contrário. E o setor que atende essas empresas da Lava Jato é outro setor que não aquele em que eu vou trabalhar", disse o ex-ministro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná ofereceu, nesta segunda-feira (14), denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, pelo crime de lavagem de dinheiro. Eles são acusados de terem praticado essa irregularidade por meio de doações para dissimular o repasse de R$ 4 milhões entre dezembro de 2013 e março de 2014. 

Conforme consta na denúncia, os valores foram repassados mediante quatro operações de doação simulada realizadas pelo Grupo Odebrecht em favor do Instituto Lula, cada uma no valor de R$ 1 milhão.

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As investigações apontam que, para dissimular o repasse da propina, Marcelo Odebrecht, atendendo a pedido de Lula e Okamotto, determinou diretamente que o valor fosse transferido sob a forma de doação formal ao Instituto Lula. 

"Porém, conforme indicam as provas reunidas, os valores foram debitados do crédito ilícito de propina contabilizado na 'Planilha Italiano', mais especificamente da subconta chamada 'amigo' (rubrica referente a Lula, conforme as provas), na qual foi inserida a anotação 'Doação Instituto 2014' no valor de R$ 4 milhões, como demonstrado por reprodução da planilha incluída na denúncia", explica o MPF. 

O procurador da República Alessandro Oliveira destaca que “são centenas de provas, de comunicações a planilhas e comprovantes de pagamento que ligam a doação formal de altos valores a possíveis ilícitos praticados anteriormente". "Isso demonstra a complexidade e a verticalidade da análise realizada pela força-tarefa em diversas fases, nesse caso a lavagem de dinheiro, mas sem perder a noção de um contexto mais amplo de práticas", complementa Oliveira.

Em decorrência dos fatos denunciados, o MPF pediu o perdimento do produto e proveito dos crimes ou do seu equivalente, incluindo os valores bloqueados em contas e investimentos bancários e em espécie, apreendidos em cumprimento aos mandados de busca e apreensão, no montante de, pelo menos, R$ 4 milhões.

O MPF pede ainda que Lula e Okamoto devolvam para a Petrobras, a título de reparação de danos, de valor correspondente à propina recebida, além da condenação dos denunciados por "danos morais causados à população brasileira mediante a prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro", pontua o Ministério Público Federal.

A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) trancou nesta terça, 1º, ação penal que acusava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de corrupção e lavagem de dinheiro em suposto esquema de propinas da Odebrecht em troca de influência sobre contratos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltados para financiamento de obras em Angola.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal havia sido parcialmente rejeitada no ano passado pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. À época, o magistrado recusou 17 imputações a Lula e seu sobrinho, Taiguara Batista, por crimes de lavagem de dinheiro, mantendo outros atos classificados no mesmo crime.

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Taiguara recorreu ao TRF-1 em junho, que arquivou a ação penal contra o sobrinho de Lula por unanimidade. A defesa do petista recorreu, pedindo uma extensão do entendimento para o caso de Lula. O habeas corpus foi atendido pela Quarta Turma, também por unanimidade.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou que o Ministério Público Federal 'fez uma acusação precária, sem qualquer suporte probatório mínimo e sem sequer especificar as condutas atribuídas a Lula'. Segundo a defesa do petista, esta é a quinta ação penal contra o ex-presidente que foi trancada.

"Sempre que foi julgado por um órgão imparcial e independente - fora da Lava Jato de Curitiba - Lula foi absolvido ou a acusação foi sumariamente rejeitada", apontou Zanin.

Mais cedo, a defesa do petista não conseguiu emplacar nenhum dos diversos recursos apresentados ao Superior Tribunal de Justiça para anular ou reduzir a sentença imposta a Lula no caso do tríplex do Guarujá. Neste processo, o ex-presidente foi condenado a oito anos, dez meses e 20 dias de prisão.

Um dos agravos interpostos pela defesa de Lula pedia a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região Carlos Eduardo Thompson Flores e João Pedro Gebran Neto.

Outro pedido buscava o acesso do petista aos autos da Operação Spoofing, que mirou os hackers que invadiram as contas de diversas autoridades brasileiras, como a do procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da Lava Jato em Curitiba. Mensagens divulgadas pelo portal The Intercept Brasil levantaram questionamentos sobre a conduta do procurador à frente dos casos envolvendo Lula e sua proximidade com Moro.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, a Odebrecht pagou R$ 27,8 milhões ao ex-governador e atual senador José Serra, em valores não atualizados. A informação consta da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal na manhã desta sexta-feira (3), contra psbdista e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. No documento, os procuradores dizem que a empreiteira pagou a Serra cerca de R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007, 'supostamente para fazer frente a gastos de suas campanhas ao governo do estado de São Paulo, e R$ 23,3 milhões, entre 2009 e 2010, em contrapartida à liberação de créditos junto à Dersa.

A denúncia registra o valor atualizado calculado pela Procuradoria apenas com relação às propinas supostamente pagas com relação à Dersa - R$ 191.590.000,00. O caso é apenas mencionado na denúncia apresentada nesta sexta, 3, por ser investigado em um outro procedimento.

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Como mostrou o Estadão, o ex-superintendente da Odebrecht em São Paulo, Carlos Armando Paschoal, delatou em 2017 o pagamento de vantagens indevidas como contrapartida de um acordo no qual a gestão de Serra (2007-2010) aceitou ressarcir a construtora em R$ 191,6 milhões em processo judicial referente à construção da Rodovia Carvalho Pinto, no fim da década de 1990. A colaboração de Paschoal é uma das dez que deram base à denúncia apresentada nesta sexta, 3, contra Serra. O suposto operador do PSDB Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, também é citado na peça, contextualizando os crimes imputados ao ex-governador.

Na época, Paschoal indicou que as propinas fora pagas por intermédio de Márcio Fortes, ex-tesoureiro do PSDB e então presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), e do empresário Ronaldo Cezar Coelho. Este último é um dos alvos das buscas realizadas nesta manhã no âmbito da Operação Revoada.

Na denúncia apresentada nesta sexta, 3, os procuradores descreveram cargos exercidos por Serra, como o de presidente nacional do PSDB (2003-2005), o de Prefeito de São Paulo (2005-2006) e o de Governador do Estado (2007-2010) e afirmaram que 'durante quase todo esse período', o político manteve uma 'relação espúria' com a Odebrecht, 'dela solicitando, e dela vindo a efetivamente receber, direta e indiretamente, em razão das funções por ele ocupadas substanciais recursos indevidos'.

A acusação trata de procedimentos de lavagem de dinheiro, imputando três atos a Serra e dois a sua filha. Segundo a Procuradoria, foi montada uma 'sofisticada rede de offshores no exterior' para dissimular o pagamento das propinas, contando com um esquema de três etapas de lavagem.

"José Serra e Verônica Allende Serra, entre 2006 e, ao menos, 2014, ocultaram e dissimularam, por meio de numerosas operações bancárias, a natureza, a origem, a localização e a propriedade de valores sabidamente provenientes de crimes, notadamente de corrupção passiva e ativa, de fraudes à licitação e de cartel, praticando, assim, atos de lavagem de capitais", resumem os procuradores na denúncia.

Segundo a Procuradoria, Serra solicitou, no fim de 2006, propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante não no Brasil, mas no exterior, por meio de offshore disponibilizada pelo empresário José Amaro Pinto Ramos, 'com quem mantinha amizade há anos'. Nas planilhas do famoso Setor de Operações Estruturadas, Serra tinha o codinome 'vizinho', em referência ao fato de o ex-governador morar próximo de seu principal contato na companhia, Pedro Novis.

A Lava Jato aponta que a Odebrecht efetivamente atendeu à solicitação de Serra e realizou, entre 2006 e 2007, 'numerosas transferências', no total de 1.564.891,78 euros, à offshore pertencente à José Amaro, tendo como beneficiário final o ex-governador. No entanto, segundo os procuradores, as transferências para a conta controlada por José Amaro se trataram apenas de uma primeira camada de lavagem de ativos, 'seguida por outras, em um movimento típico de distanciamento e de dissimulação voltado a dificultar seu rastreamento e a ação dos órgãos de controle'.

A segunda camada das lavagens descrita pela Procuradoria envolveu transferências de Amaro em favor da offshore Dortmund International Inc, que seria controlada por Verônica. Segundo a Procuradoria, a Dortmun 'permitiu o recebimento oculto e dissimulado, entre 2006 e 2007, de 936 mil euros, oriundos de três empresas de José Amaro Ramos, que, por sua vez, foi beneficiado, no período, por valores transferidos a partir de offshores controladas pela Odebrecht'.

"Assim, ao José Amaro Ramos realizar, a partir de contas suas, transferências vultosas em favor da Dortmund, entre 2006 e 2007, o que se praticava eram atos de ocultação e dissimulação da natureza espúria dos valores que recebera da Odebrecht no período, assim, seus reais destinatários: José Serra e sua filha Verônica Serra", registra a denúncia.

A Procuradoria apontou ainda uma terceira camada 'de dispersão patrimonial, integrante, a toda evidência, de uma cadeia de lavagem de ativos' envolvendo transferências da Dortmund à uma outra offshore e a liquidação da conta em favor de uma outra empresa do exterior.

A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo diz que Serra e sua filha, 'concorreram para diversos atos de lavagem de ativos - configurados a cada conjunto de operações de ocultação e de dissimulação da natureza espúria e da real titularidade destes valores'.

Operação Revoada

Paralelamente à denúncia, a força-tarefa deflagrou a Operação Revoada para aprofundar as investigações em relação a outros fatos relacionados a esse mesmo esquema de lavagem em benefício de Serra. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Parte das buscas é realizada em endereços ligados ao ex-governador. O empresário Ronaldo Cézar Coelho e José Amaro Pinto Ramos, apontado como operador de Serra, também são alvos da ofensiva.

As ordens foram expedidas pela Justiça Federal que determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões de uma conta na Suíça, informou a Procuradoria.

COM A PALAVRA, O SENADOR

"Causa estranheza e indignação a ação deflagrada pela Força Tarefa da Lava Jato de São Paulo na manhã desta sexta-feira (3) em endereços ligados ao senador José Serra. Em meio à pandemia da Covid-19, em uma ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da Acusação.

É lamentável que medidas invasivas e agressivas como a de hoje sejam feitas sem o respeito à Lei e à decisão já tomada no caso pela Suprema Corte, em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da República.

O Senador José Serra reforça a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida pública. Ele mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas."

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RONALDO CÉZAR COELHO

O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Ronaldo Cézar Coelho, disse que vai se manifestar depois que acessar os autos da Operação Revoada, desdobramento da Lava Jato.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA EDUARDO CARNELÓS

O criminalista Eduardo Carnelós, que defende José Amaro Pinto Ramos, só vai se manifestar sobre as buscas contra seu cliente quando tiver acesso à ordem judicial.

COM A PALAVRA, O PSDB

Em sua conta no Twitter, o partido afirmou: O PSDB acredita no sistema judicial do País e defende as apurações na utilização de recursos públicos, ao mesmo tempo em que confia na história do Senador José Serra e nos devidos esclarecimentos dos fatos.

O senador José Serra (PSDB) tornou-se o novo alvo da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (3). Ele e a filha Verônica Allende Serra foram denunciados por suspeita de lavagem de dinheiro das obras do Rodoanel Sul, em São Paulo. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) acreditam que o ex-governador de São Paulo "valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul".

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A denúncia ainda aponta que o empresário e amigo do tucano, José Amaro Pinto Ramos, e Verônica Serra ocultaram as identidades para criar empresas no exterior, nas quais recebiam as propinas da Odebrecht destinadas ao então governador. "Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle", diz o comunicado.

A nota acrescenta que, "neste contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça". A denúncia destaca que a Justiça Federal autorizou o bloqueio de aproximadamente R$ 40 milhões da conta.

Entre 2006 e 2007, a empreiteira teria desembolsado cerca de R$ 4,5 milhões para a campanha eleitoral do psdebista e, posteriormente, mais R$ 23,3 milhões para liberação de créditos junto à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) pelas obras no Rodoanel Sul. "Por muitos anos, a Odebrecht relacionou-se com José Serra por meio de Pedro Augusto Ribeiro Novis, executivo da Braskem".

Em delação, Novis afirmou que Serra pediu R$ 4,5 milhões em 2006 para a offshore Circle Technical Company, que estaria no nome de José Amaro Pinto Ramos.

O ex-ministro e juiz da Operação Lava-Jato, Sergio Moro, conta com uma curiosa aliança para tentar articular suas acusações de que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes por interferência na Polícia Federal. Moro compareceu à PF de Curitiba, no Paraná, na tarde deste sábado (2), ao lado do advogado Rodrigo Sánchez Rios, que já defendeu alguns dos principais alvos da Operação Lava Jato, como Eduardo Cunha, Marcelo Odebrecht e a empresa Engevix.

Tido como próximo de Moro há muito tempo, Rios é secretário-geral da OAB Paraná. Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná, o advogado de Moro concilia o escritório com as salas de aulas, sendo professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, tanto no curso de graduação quanto no programa de pós-graduação.

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O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) solicitou e recebeu propinas em um 'sofisticado esquema de contabilidade paralela', acusa a Procuradoria-geral da República (PGR) em denúncia apresentada, nessa quinta-feira (30), ao Supremo Tribunal Federal. As vantagens indevidas que somam R$ 65 milhões teriam sido pagas pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez em troca de influência política do tucano na concessão e construção de usinas hidrelétricas em Rondônia.

Os repasses teriam sido realizados entre 2009 e 2011, período em que Aécio ocupou os cargos de governador de Minas Gerais e senador do Estado. As vantagens indevidas foram pagas através de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas e antigo aliado do tucano, e pelo empresário Alexandre Accioly, da rede Bodytech. O tucano foi denunciado por 22 atos em que solicitou, aceitou e recebeu propina.

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A Procuradoria indica que o codinome atribuído à Aécio, conforme delação de executivos do grupo Odebrecht, em especial Marcelo Odebrecht, era 'mineirinho'. O pagamento de consistiu, de acordo com a PGR, com um 'sofisticado esquema de contabilidade paralela', no qual foi ocultado a origem, propriedade, localização e movimentação dos recursos de origem ilícita.

De acordo com a PGR, os pagamentos 'tiveram como objetivo obter apoio político, no sentido de promover desentraves burocráticos relativos ao Projeto Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antonio e de Jirau) - valendo-se da condição de Governador de Minas Gerais e do cargo de Senador -, fazendo com que o andamento de processos administrativos, licenças e autorizações de interesse da Odebrecht tivesse tramitação rápida e sem óbices, bem como interferir junto ao governo federal para anulação da adjudicação da obra referente à Usina Hidrelétrica de Jirau'.

"Além disso, Aécio Neves e os executivos da Odebrecht concorreram para um ciclo de lavagem de dinheiro que envolveu ocultação e dissimulação por esquema sofisticado de lavagem, uso de terceiros para obtenção de dinheiro, para transporte e para recebimento, além de uso de codinomes e senha para compartilhamento com seu preposto, tudo a escamotear a origem ilícita do dinheiro", afirma a PGR.

A Procuradoria também indica 'cadência da evolução patrimonial' de Aécio em declarações à Justiça Eleitoral, que teria sofrido um salto após o pagamento das propinas. Em 2010, o tucano declarou em campanha ao Senado patrimônio de R$ 617 mil. Quatro anos depois, em 2014, o patrimônio declarado saltou para R$ 2,5 milhões.

Procurada pela reportagem, a defesa do tucano afirmou que 'não há e nunca houve qualquer crime por parte de Aécio Neves'. "Foi demonstrado exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais grave, das próprias investigações da PF", disse o criminalista Alberto Zacharias Toron.

"Marcelo Bahia Odebrecht e Ênio Augusto Pereira e Silva (x-gerente de Recursos Humanos da empreiteira) prometeram a Aécio Neves e depois pagaram esses R$ 30 milhões a fim de comprar o apoio do parlamentar nas causas de interesse do grupo Odebrecht, notadamente: 1. intermediação para agilizar a emissão da licença de instalação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio e dar início às obras e 2. intermediação para reverter o resultado tido como ilegal pelo grupo no certame da UHE Jirau, efetuando pagamento da referida quantia por meio das pessoas indicadas pelo operador de Aécio Neves", aponta a PGR.

Segundo a procuradoria, após esse caso, a Andrade Gutierrez se aproximou do tucano e pagou mais R$ 35 milhões.

"Para ocultar e dissimular a natureza e a origem desse segundo valor foi firmado um contrato fictício entre a Construtora Andrade Gutierrez e a Holding AALU Participações e Investimento, da qual é sócio Alexandre Accioly, amigo pessoal de Aécio Neves, em duas oportunidades - R$ 1,8 milhões e R$ 35 milhões da Andrade Gutierrez -, vantagens indevidas e, juntamente com Aécio Neves e Dimas Toledo, promoveu a lavagem de capitais".

Parte das propinas teriam sido pagas por meio de offshores. Segundo a PGR, Accioly, por intermédio da Embercy Servides Limited no banco UBS - União de Bancos Suíços, localizado em Singapura, e no Antigua Overseas Bank, recebeu propinas destinadas a Aécio em transferências que ocorreram entre 14 de novembro de 2008 e 16 de dezembro de 2009. As informações constam em arquivos da Odebrecht com o nome 'Mineirinho.doc'.

Os advogados de Alexandre Accioly informaram que não tiveram acesso à denúncia protocolada contra o empresário e destacou que ele 'não recebeu qualquer valor ilícito em nome de ninguém, muito menos das empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez ou qualquer outra'.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE DEFENDE AÉCIO NEVES

Essa notícia causa surpresa e indignação. Não há e nunca houve qualquer crime por parte de Aécio Neves. Foi demonstrado exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais grave, das próprias investigações da PF. Aliás, tamanho é o absurdo do presente caso que os próprios relatos dos delatores desmentem-se entre si. Basta lê-los. Depois, mais uma vez a Defesa vê-se surpreendida com vazamentos sistemáticos de inquérito sigiloso, sendo certo que nem mesmo os advogados tiveram acesso à referida denúncia para rebatê-la.

Por fim, a Defesa confia que o poder Judiciário promoverá a análise detida e imparcial dos fatos e chegará à única conclusão possível: não há sequer indício de crime por parte do deputado Aécio.

Alberto Zacharias Toron - Advogado

COM A PALAVRA, A DEFESA DE ALEXANDRE ACCYOLI

A defesa de Alexandre Accioly não teve acesso a eventual denúncia apresentada em seu desfavor. Em diversas manifestações ao longo da investigação, Alexandre Accioly provou documentalmente que não é e nunca foi intermediário de Aécio Neves. Não recebeu qualquer valor ilícito em nome de ninguém, muito menos das empresas Odebrecht, Andrade Gutierrez ou qualquer outra.

É importante registrar que Accioly é um empresário há 40 anos sem qualquer mancha na sua vida.

Essa acusação é descabida, improcedente e fantasiosa.

José Luis Oliveira Lima e Renato de Moraes - Advogados.

COM A PALAVRA, O EX-DIRETOR DE FURNAS DIMAS TOLEDO

Até a publicação desta matéria, a reportagem não obteve resposta da defesa de Dimas Toledo. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Ministério Público Eleitoral em São Paulo denunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), por R$ 5,1 milhões em propinas e caixa dois da Odebrecht, durante a campanha de 2014, ao governo do Estado. Também são acusados o marqueteiro de campanhas Duda Mendonça, seu filho, Alexandre Mendonça e Paulo Luciano Tenuto Rossi, o "Palu", o doleiro Álvaro José Novis, o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e três ex-executivos ligados à construtora.

A denúncia é assinada pelos promotores da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Fábio Ramazzini Bechara, Everton Luiz Zanella, Luiz Ambra Neto e João Santa Terra Júnior. Eles também imputam aos acusados os crimes de lavagem de dinheiro.

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"Esquema deliberadamente voltado ao trato de dinheiro marginal, o que serve a necessidade de desassociá-lo de sua origem espúria, conferindo-lhe, por sua própria fungibilidade, aptidão a s mais amplas possibilidades de fruição, inclusive em campanhas eleitorais, e que apesar das evidencias quanto ao recebimento de vultosas quantias em espécie, inexiste qualquer sinalização sobre o real emprego desses valores, o que atesta a eficácia do propósito de ocultação", dizem os promotores.

Além da delação da empreiteira, a denúncia conta com diversas conversas entre agentes da Transnacional, responsável pela entrega do dinheiro, e também do doleiro Álvaro Novis. São mensagens internas em que os funcionários da corretora e da transportadora conversavam sobre senhas, datas, endereços, e codinomes, nomes dos intermediários da propina, e até mesmo seus celulares telefones.

Os pagamentos a Skaf, segundo a empreiteira, teriam sido feitos sob os codinomes "Kibe" e "Tabule". Em uma das entregas registradas pela empreiteira, e pela transportadora, no dia 21 de agosto de 2014, teria sido na Avenida Ibirapuera, 2927, onde fica o Hotel Bourbon.

Defesa

A defesa do presidente da Fiesp afirma que "não tem qualquer conhecimento ou informação acerca de denúncia ou acusação oferecida contra Paulo Skaf ou qualquer pessoa que integrou sua campanha. Todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas".

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