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Se pudessem fazer um pedido ao Papai Noel, as mulheres que estão em situação de rua no Centro do Recife pediriam para que suas vidas melhorassem. No entanto, sem os seus desejos realizados, a única alternativa que eles encontraram foi viver da compaixão do próximo, que leva comida, bebidas, roupas e produtos de higiene pessoal para elas.
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Na frente da Caixa Econômica da Praça da República, área central do Recife, as pessoas em situação de rua que lá se encontram se aproximam de todos os carros que param, na esperança de receberem a ajuda daqueles que, no espírito natalino, decidiram tirar um pouco do seu tempo para a solidariedade.
É assim, de solidariedade em solidariedade, que Sheila Maria, 43 anos, consegue sustentar os seus seis filhos. Diferente de muitos, ela até tem uma residência fixa, mas sem emprego, encontra na rua a única forma de conseguir sobreviver, já que sua renda de 200 reais por mês, que recebe do Bolsa Família, não dá para pagar o aluguel de 300 reais, comprar comida e cuidar de todas as necessidades básicas de sua família.
“Eu queria trabalhar vendendo minhas coisinhas na praia, na rua, porque eu gosto de trabalhar, gosto de ter o meu dinheiro. Faz muito tempo que eu não consigo arrumar um emprego, então eu fico aqui na rua pra ganhar as minhas coisas e dar de comer aos meus filhos”, diz.
Se pudesse fazer um pedido ao Papai Noel, Sheila não queria riqueza,só um emprego, para que ela saísse da situação que se encontra. “Eu tô aqui porque estou precisando. Se eu pudesse fazer um pedido, eu pediria a ele um trabalho para sair de manhã e só chegar de noite, com o meu dinheirinho no bolso”, revela.
Essa situação difícil está sendo a mesma realidade de Aparecida dos Santos, 38 anos, que foi despejada de sua antiga casa por não ter como pagar o aluguel. Na rua, com suas duas filhas, ela luta não só contra a fome, mas também contra os abusos. Até roubos ela já sofreu de outras pessoas que estão na situação de rua.
Sua única fonte de renda também é o Bolsa Família, que paga todos os meses R$ 160. Com esse valor, ela não consegue pagar um quarto para morar e comprar comida para sua família. “Se eu pagar o aluguel, eu não como. Se eu comer, eu não pago o aluguel. O jeito é viver assim, na rua, dependendo da ajuda dos outros, revela”.
Ela diz que na rua vive com medo, por ela e por suas filhas, que já sofreram tentativas de abuso sexual. “Aqui eu tenho que lutar para sobreviver de todas as formas. Meu sonho é que as coisas melhorassem para a gente, tenho fé em Deus que tudo isso vai passar”, complementa.
A população em situação de rua piorou bastante com a pandemia da Covid-19. Elisangela da Silva, 37 anos, é outra que encontrou na rua sua forma de sobrevivência. Antes da pandemia, ela conseguia trabalhar fazendo faxinas. No entanto, há dois anos que ela viu sua fonte de renda acabar quase que por completo, conseguindo sobreviver apenas com o auxílio pago pelo governo federal e com o Bolsa Família no valor de R$ 117.
“Antes da pandemia eu vivia bem melhor, mas depois piorou tudo porque agora eu não faço mais nada. Eu tenho quatro filhos e a nossa sorte é que eu tenho uma casa própria, mas eu preciso conseguir a comida e a única forma que eu tenho é essa, vindo pra rua todos os dias”, conta.
Mesmo nessa situação complicada, ela tem fé que tudo vai melhorar e, se pudesse fazer um pedido ao Papai Noel, assim como todas as outras, queria que ele pudesse ajudar com um emprego. “Ajudara a mim e a todos os meus filhos", pontua.