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Após publicação de matéria da Veja sobre a delação feita pelo operador do mensalão Marcos Valério, da relação do PT com o PCC, na noite desta sexta-feira (1º), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, no seu Twitter, que "o crime tem Lula como aliado e a mim como inimigo". O presidente da República apontou que a esquerda "distrai os inocentes" o rotulando de misógino.

"É uma boa forma de distrair inocentes a esquerda me rotular falsamente de misógino enquanto está de mãos dadas com o narcotráfico, que objetifica, escraviza, espanca, tortura, queima, mata e esquarteja mulheres, muitas vezes filmando para servir de exemplo para as outras", publicou Bolsonaro.

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Ele disse que, "enquanto uns vivem de falsas promessas e frases de efeitos para enganar o público feminino", a sua gestão enfrenta o crime endurecendo as penas, inclusive para crimes contra a mulher, e ataca o crime organizado.

Antes de compartilhar uma reportagem em que um integrante do PCC afirma não conseguir ter diálogo com o atual governo, pois "os caras começaram o mandato agora", o presidente diz ter recordes de apreensão de drogas e prejuízo às facções. "Ele [Lula] quer esses "jovens" soltos. Eu quero que esses bandidos apodreçam na cadeia".

A 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da Justiça estadual de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 40 milhões em imóveis e ônibus de integrantes do PCC e do contador João Muniz Leite, que foi responsável pelo Imposto de Renda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, até hoje, cuida da contabilidade e divide sala com empresas do filho do petista, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

O pedido foi feito pelo delegado Fernando Santiago, e endossado pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. Além de Muniz, atinge o traficante de drogas Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, considerado um dos principais fornecedores de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC), e seu sócio, Silvio Luiz Ferreira, o "Cebola", chefe da Sintonia do Progresso, o setor que cuida do tráfico doméstico mantido pela facção. Santa Fausta foi morto, em dezembro de 2021, em uma emboscada na zona leste.

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A medida da Justiça atingiu 250 ônibus da UPBus, a empresa de ônibus comprada por Santa Fausta supostamente com o dinheiro lavado nas loterias. A UPBus mantém contrato de R$ 660 milhões com a Prefeitura de São Paulo e toma conta de 13 linhas de ônibus na zona leste. Além de Santa Fausta, Cebola, que está foragido, faz parte da diretoria da empresa. O sequestro dos ônibus e não das contas da empresa serviu para que ela não paralise seu funcionamento, prejudicando os usuários.

O contador é suspeito de ser o "operador de um complexo esquema de lavagem de dinheiro através de prêmios da Loteria Federal". Como mostrou o Estadão, Muniz, ao lado da esposa, ganhou em loterias federais 55 vezes somente no ano de 2021. Segundo a contagem final da Polícia Civil, o montante lavado pelo contador em prêmios na loteria chegou aos R$ 40 milhões. Do total, R$ 16 milhões ficaram com o contador e o restante teria ficado com Santa Fausta. Em diversas ocasiões, os valores das apostas superavam o dos prêmios obtidos, com exceção de dois prêmios de R$ 16 milhões na Mega Sena.

Familiares

O ex-presidente Lula não é alvo da investigação. Muniz é contador da família do ex-presidente até os dias atuais. Levam o logo da JML Assessoria Contábil e Fiscal os documentos de cadastro, na Junta Comercial de São Paulo, em fevereiro de 2022, da mais recente empresa criada por Lulinha, a LLF Tech Participações LTDA, sediada no apartamento onde o filho do ex-presidente reside. O imóvel está em nome do empresário Jonas Suassuna, que foi sócio de Lulinha e proprietário formal do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, propriedade em razão da qual Lula foi processado na Lava Jato.

O advogado de João Muniz, Jorge Delmanto, afirmou ao Estadão que vai "acessar o processo", para, então se manifestar sobre a investigação. "Adianto apenas que a empresa de Contabilidade tem mais de 30 anos de atuação, com mais de 60 funcionários e média de 1000 clientes ativos, sendo empresa voltada ao profissionalismo, legalidade, ilibada e com postura ética em todos os casos", disse.

A reportagem procurou ainda a assessoria de Lula e a sua defesa e a de seu filho. O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse não saber se Muniz ainda presta serviços para o petista. O criminalista Fábio Tofic, que defende Lulinha, não se manifestou. A defesa da família Santa Fausta e dos demais integrantes do PCC investigados pelo Denarc também não foi localizada pela reportagem.

O delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, disse, à GloboNews, que o seu nome foi achado como alvo em cela do PCC. Ele também apontou nomes de políticos que ajudam os criminosos e persegui-lo, dentre eles: a deputada federal Carla Zambeli (PL) e o senador Telmário Mota (Pros).

Na entrevista, o delegado salientou que “esses criminosos [madeireiros] têm a maior parte dos políticos da região Norte no bolso, eu tô falando de governadores, senadores”. “Tenho uma coleção de ofícios de senadores dos diversos estados da Amazônia que mandaram para o meu chefe dizendo que eu estava ultrapassando os limites da lei. Teve senador junto com madeireiro me ameaçando”, contou. 

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De acordo com Saraiva, há uma “bancada do crime” no Congresso Nacional. “Vejam de onde saíram boa parte dos parlamentares do centrão, são financiados por esses grupos: Zequinha Marinho, que tava junto com Ricardo Salles; Telmário Mota; Messias de Jesus; Jorginho Melo, de Santa Catarina, mandou ofício; Carla Zambelli foi lá defender madeireiro com Ricardo Salles. Temos uma bancada do crime. Uma bancada, na minha opinião, de marginais. São bandidos”, apontou, ao explanar ter tido o nome encontrado em cela do PCC.  

“No dia que eu fui convidado para ir na audiência na Câmara dos Deputados, na Comissão de Legislação Participativa - e eu já fui a várias audiências criminais com advogados e criminosos -, nunca fui tão desrespeitado como na Câmara, que os deputados estavam fazendo uma nítida defesa do crime, e isso no Brasil virou moda”, expôs o delegado. 

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Um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa originária de São Paulo, foi preso em Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, no último sábado (16). A prisão ocorreu  durante uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF), na BR 116, Km 32, quando o suspeito estava dentro de um veículo Toyota de cor branca e apresentou uma Carteira Nacional de Habilitação falsa. Após confirmação das irregularidades, o caso foi levado para a Delegacia de Polícia Federal em Salgueiro/PE para os procedimentos de polícia judiciária. 

Valdeci Alves dos Santos, mais conhecido como Colorido, de 50 anos, é considerado um dos principais fornecedores de drogas no Brasil e tem atuação nos estados da região sudeste, nordeste e países do Mercosul. Ele estava foragido desde agosto de 2014 e figurava na lista dos mais procurados do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Também havia em seu desfavor um mandado de prisão preventiva em aberto expedido pela Justiça de São Paulo por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Com ele, foram apreendidos, além da habilitação falsa, dois aparelhos celulares, uma quantia de R$ 11.500, três relógios rolex  - avaliados em 150 mil reais cada, se forem originais -, e joias. 

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Após a conclusão do flagrante, foi montado um esquema de segurança para a imediata transferência dele para o sistema prisional em Recife, onde ficará à disposição da Justiça Federal. A prisão ocorreu devido uma ação de inteligência operada pela Força-Tarefa coordenada pela Polícia Federal e composta por policiais federais (Mossoró/RN, Cascavel/PR e Ponta Porã/MS), rodoviários federais, policiais civis, policiais militares e policiais penais federais e estaduais, atuando em cooperação técnica com a Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

*Com informações da assessoria de imprensa. 

Os altos lucros obtidos por quadrilhas que fazem roubos por meio do Pix, ferramenta de pagamento instantâneo, atraíram a atenção do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme investigação da Polícia Civil de São Paulo. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) identificou que a facção atua no controle de crimes de transferência de dinheiro com celulares roubados em bairros de classe média alta da capital.

Conforme os investigadores, a quadrilha tem uma célula na Bela Vista, região central, para desbloquear aparelhos roubados no bairro ou em áreas próximas, como a Paulista, Consolação e Jardins. Os ladrões levam os telefones rapidamente para quartos de pensões em pontos estratégicos, onde transferem valores antes que os donos tomem providências de bloqueio de senhas e comunicação do crime.

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"Você vê movimentações de R$ 50 mil, de mais de R$ 100 mil. Teve uma vítima que veio aqui e, em um só Pix, o cara fez um empréstimo de R$ 26 mil e transferiu tudo", diz Anderson Honorato, delegado assistente da 2ª Delegacia do Patrimônio. Segundo ele, o lucro obtido com as transferências efetuadas após os roubos é, em média, de cerca de R$ 50 mil por aparelho.

"Geralmente, quem rouba o celular ganha uma porcentagem do que eles conseguem desviar a partir do aparelho. Uma parte fica com o laranja da conta, uma parte fica com o chefão, uma parte com quem faz o trabalho. Vai fatiando: uma porcentagem para cada um", explica o delegado.

MUDANÇA

A suspeita é que quando esse roubos começaram a ganhar força, no ano passado, não havia muito envolvimento de membros do PCC, uma vez que seriam crimes que atraem a atenção da polícia e atrapalham o tráfico. Com o tempo, contudo, viu-se que poderia ser algo lucrativo pelo valor das transações, e a organização criminosa cooptou a quadrilha que atua nas proximidades da Bela Vista. "Mais ou menos um mês atrás, a gente fez uma incursão", relata Honorato. Cinco suspeitos de cerca de 20 anos foram detidos. O delegado relata, então, que eles explicaram o esquema e indicaram a intervenção do PCC. Posteriormente, o membro da facção que comandaria a quadrilha na Bela Vista foi detido pelos policiais, mas solto por falta de provas. Os investigadores aguardam autorização do Judiciário para analisar informações no celular do suspeito.

"A gente acredita que continua controlando a molecada que faz isso aí (roubos com Pix). Anteontem, recebemos mais uma informação: um dos meninos que faz as transferências, ou os desbloqueios, teria acabado de receber um celular roubado", conta o delegado. Com base na suspeita, os policiais do Deic flagraram na quarta-feira o suspeito da quadrilha em uma rua da Bela Vista.

O jovem de 22 anos, suspeito de ser um dos responsáveis por fazer o desbloqueio dos celulares, teria sido encontrado com um aparelho roubado na região do Parque do Ibirapuera. Conforme o delegado, ele estava saindo de uma pensão, local utilizado pelos criminosos que desbloqueiam o celular e fazem as transferências. Honorato aponta ainda que os roubos dessa quadrilha específica são concentrados na região da Bela Vista, o que facilita a execução das transferências por Pix.

"O crime mais fácil para eles é pegar o celular aberto (destravado). A pessoa está lá vendo Google Maps no carro, quebram o vidro, pegam o celular e não deixam ele bloquear", explica. "A quadrilha aproveita muito o trânsito parado para atuar. Na Paulista, tem o pessoal falando no celular, aí passa o cara de bicicleta, tem cara que se especializa em quebrar vidro de carro."

No caso do suspeito preso nesta quarta, o delegado aponta que a técnica utilizada para desbloqueio de celular das vítimas era "bastante rudimentar". "Ele tira o chip e coloca em um outro iPhone dele, que aí não tem senha. Em seguida, manda mensagem para a vítima, tentando enganá-la para clicar em alguma coisa para desbloquear o iCloud", explica. "Desbloqueando o iCloud, ele derruba todo o resto. Troca a senha do celular original, volta o chip e aí começa."

DIVISÃO

Honorato relata que essa é uma das técnicas, mas não a única. Ao conseguir desbloquear os celulares, segundo o delegado, os criminosos entram em contato com os responsáveis por conseguir as contas laranjas para onde o dinheiro é desviado - os chamados "tripeiros". Eles seriam os que mais lucram no crime. "Um dos meninos falou que ele ficava com 10% e o tripeiro ficava com mais de 30%", explica, em alusão ao primeiro grupo detido.

O membro do PCC que atua na Bela Vista, em meio a isso, tem a função de coordenar o fluxo de crimes e de puxar uma parcela do lucro para a facção, segundo a polícia. Após as transações serem efetuadas, há ainda uma outra etapa, de destinação dos celulares. Nessa parte, entrariam no processo quadrilhas com atuação no centro. Eles enviam, segundo a polícia, os aparelhos para serem vendidos fora do País. Até o momento, essa parte ainda está incipiente na investigação, mas o delegado informou que os policiais têm atuado para entender transações e o "caminho do dinheiro".

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul abriu, nesta sexta-feira (25), a Operação Courrier para aprofundar uma investigação sobre suspeitas de associação entre advogados e membros da facção criminosa ‘Sintonia dos Gravatas’, célula do Primeiro Comando da Capital (PCC).

As investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) indicam que advogados usam o acesso reservado a traficantes presos para levar recados a membros da organização criminosa fora da cadeia.

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Ao todo, foram cumpridos 38 mandados judiciais de prisão e busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Dourados, Jardim e Jaraguari. Entre os alvos estão seis advogados, um servidor do Poder Judiciário, um servidor da Defensoria Pública e um policial penal.

De acordo com o MP, houve participação do grupo investigado inclusive no planejamento de atentados contra um promotor e um juiz da capital.

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) acompanhou a operação. A OAB também criou uma comissão especial para monitorar o caso.

"A OAB/MS sempre pautou-se pela ética profissional, não coadunando com qualquer conduta ilícita, ainda mais quando se refere à advocacia. O caso também será analisado pelo Tribunal de Ética e Disciplina, sempre obedecidos o contraditório e a ampla defesa", informou a entidade.

Mesmo réu em um processo de lavagem de dinheiro e ligação com tráfico de drogas, Ely Santos deixou de ser suplente do deputado federal e pastor da Universal, Roberto Alves (Republicanos), e assumiu a cadeira na Câmara nesta semana. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Integrante da base do Governo Bolsonaro, Ely tem dois números ativos de CPF, aponta a publicação. A nova parlamentar é irmã do prefeito de Embu das Artes (SP), Ney Santos, que não pode se eleger por ter recebido dinheiro de origem ilegal na campanha.

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Segundo o jornal, ela chegou a ficar presa por dois meses, entre 2016 e 2017, quando foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo por envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O principal alvo era o irmão, que ficou foragido e não foi à própria cerimônia de posse.

A denúncia aponta que a parlamentar atuava nos negócios do irmão para lavar dinheiro do tráfico. Ela também participava como laranja na movimentação de bens de políticos com bloqueios judiciais.

Mesmo sem ser localizado, Ney recebeu habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito sobre os recursos ilegais ainda não foi concluído e não tem Ely como alvo.

A defesa nega

A deputada já foi secretária municipal do Desenvolvimento Social e informou à Justiça Federal que era empresária. O Ministério Público entende que seu CPF duplicado foi usado para confundir as autoridades na abertura de empresas.

As defesas garantem que vão comprovar a inocência dos clientes e que "não há qualquer elemento" que os ligue ao PCC. Os advogados reforçam que Ely é uma "pessoa íntegra, com o passado ilibado e que muito engrandecerá o Legislativo".

O juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, determinou a libertação do empresário Dalton Baptista Neman, de seu filho Caio Alonso Neman e de Cristiane Cheruti. Eles foram presos durante a Operação Tempestade, em maio. O trio é acusado de compor o núcleo financeiro de uma organização criminosa, o chamado Banco do Crime, que lavaria dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e movimentaria recursos desviados de hospitais de campanha para a Covid-19 no Rio, na gestão do governador cassado Wilson Witzel.

A decisão da Justiça é motivada pelo fato de a defesa dos acusados não ter tido acesso a um vídeo com a delação do colaborador de Justiça que deu origem à investigação, o piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais. A Polícia Federal (PF) teme que a decisão seja estendida a outras operações do órgão que tiveram origem na mesma delação. Isso pode afetar principalmente duas delas: a Além-Mar e a Rei do Crime, no âmbito das quais cerca de 20 integrantes do PCC foram presos e acusados de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico internacional de drogas. Nelas foi bloqueado quase R$ 1 bilhão em bens e recursos financeiros.

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Pela decisão do magistrado, os Neman e Cristiane terão de usar tornozeleira eletrônica e comparecer mensalmente à Justiça Federal. Estão ainda proibidos de deixar o País, bem como devem apresentar seus passaportes e não podem manter contato com os demais réus ou exercer atividades financeiras.

A decisão de soltar os acusados ocorreu após o juiz ser informado sobre a existência de um vídeo gravado pela PF em Mato Grosso do Sul durante as negociações para a realização do acordo de delação. O material estava arquivado.

Foi a defesa dos Neman que informou ao magistrado sobre o vídeo do piloto. A Procuradoria da República informou que não havia juntado a gravação do delator porque ela foi feita quando o acusado negociava o acordo. O vídeo é contínuo e tem diversos relatos misturados. Seria impossível, segundo a procuradoria, separar os fatos, muitos dos quais em apuração.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro presos apontados como líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram transferidos na quarta-feira (2) de unidades prisionais paulistas para presídios federais. Eles integram a cúpula da facção criminosa e são investigados por ligação com uma movimentação bilionária oriunda do tráfico de drogas.

Com a nova medida, chegou a 60 o número de presos transferidos de São Paulo para o sistema federal, cujas unidades são consideradas de segurança máxima. A quantidade de transferências cresceu sob a gestão do governador João Doria (PSDB): no início de 2019, eram apenas 22 detentos.

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A polícia e o Ministério Público têm solicitado essa providência para combater o contínuo crescimento do PCC, que continuou lucrando mesmo com lideranças presas - como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. O chefe da facção está na Penitenciária Federal de Brasília, após ser transferido de São Paulo em fevereiro de 2019.

Os quatro transferidos ontem foram: Marcelo Moreira Prado, o Sem Querer; Eduardo Aparecido de Almeida, o Pisca; Decio Gouveia Luis, o Decio Português; e Bruno Fernando de Lima Flor, o Armani. Prado. Luis e Almeida estavam no presídio de Presidente Bernardes e foram levados para Mossoró (RN); Flor foi de Presidente Venceslau para Porto Velho.

Sem Querer e Pisca, com atuação no Paraguai, figuraram entre os acusados pelo Ministério Público na chamada Operação Sharks, deflagrada em outubro do ano passado. A apuração apontou que o PCC movimentou por ano R$ 1,2 bilhão com o tráfico internacional de drogas.

Drogas e lavagem

A Justiça de São Paulo decretou na oportunidade a prisão de 18 acusados de pertencer à cúpula da estrutura de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro e de comandar as ações da organização nas ruas. Só uma parte do dinheiro detectado pelos promotores foi movimentada no sistema financeiro - cerca de R$ 200 milhões - por meio de contas bancárias em nomes de laranjas e de empresas fantasmas.

O restante foi mantido em casas-cofre e transportado em carros até ser entregue a doleiros, que remetiam os recursos para o exterior, onde a facção pagava a seus fornecedores de drogas no Paraguai, na Bolívia e no Peru.

Foi a primeira vez que o MPE se aproximou da decisão de qualificar o PCC como organização de tipo mafioso, pois esclareceu os esquemas de lavagem de dinheiro do grupo, última etapa para que ele pudesse ser considerado uma máfia. "Mostramos que o dinheiro do PCC não fica no Brasil. Ele vai para o exterior", afirmou na ocasião o promotor Lincoln Gakiya.

Já Armani e Decio Português são apontados como sucessores no comando da facção com a ida de outros líderes para unidades federais, onde o regime de comunicação é mais restrito. Em novembro de 2020, Armani foi alvo da Operação Fast Track.

Decio Português foi preso pela última vez em agosto de 2019, no Rio, e chegou a ser internado em 2020 com um quadro grave de covid. Investigadores acreditam que ele já foi o braço direito de Marcola, com quem cumpriu pena por mais de dez anos em Presidente Venceslau, e chegou a ser o número 3 do comando da facção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Morreu na manhã desta segunda-feira, 10, aos 60 anos, José Márcio Felício, o Geleião, um dos fundadores da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele estava internado desde o dia 9 de abril no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, na cidade de São Paulo, em decorrência do agravamento de um quadro de covid-19.

Desde o começo da pandemia, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, 50 presos e cem servidores morreram em decorrência do novo coronavírus no Estado. A pasta disse que a taxa de recuperados entre os presos é de 99% e que adota todas as determinações do Centro de Contingência, com reforço das medidas de higiene, suspensão de atividades coletivas e quarentena para presos que entram no sistema.

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Pesquisadores e membros da polícia e do Ministério Público classificam Geleião como uma peça-chave na criação do PCC no início dos anos 1990. Embora um ataque liderado por ele contra rivais na Casa de Custódia de Taubaté, em 31 de agosto de 1993, tenha marcado a fundação da facção, o grupo já tinha começado a se organizar e atuar nos anos anteriores.

No livro Laços de Sangue, a história secreta do PCC, o procurador de Justiça Marcio Sergio Christino e o jornalista Claudio Tognolli descrevem que Geleião foi encontrado bebê em um barraco por uma família, que o criou até os 10 anos de idade. Aos 18 anos, em 1979, foi preso e levado à Casa de Detenção, no Carandiru, zona norte da capital. A primeira pena, de 30 anos, se somou a outras condenações por crimes como homicídio no interior do sistema penitenciário, onde permaneceu até a sua morte.

Era uma figura fisicamente impressionante, descreve a publicação, com mais de 1,90 de altura e seus 130 quilos. "Muito forte e ao mesmo tempo muito carismático, fala bem e é articulada", escrevem Christino e Tognolli no capítulo "O Ídolo Gigante". O tipo físico fazia com que os ataques realizados contra rivais dispensassem o uso de facas, tão típicas no meio prisional: "o confronto dele era corporal e direto".

A morte de Geleião marca o fim do grupo de fundadores do PCC. Nomes como César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha (morto em 2006), Misael Aparecido da Silva, o Misa (morto em 2002) e Wander Eduardo Ferreira, o Du Cara Gorda (morto em 2000) integravam esse grupo original de 1993, mas morreram em ações de rivais ou da polícia. Felício era o único que restava e estava preso, antes da internação, na Penitenciária de Iaras, no interior do Estado.

O papel de liderança do PCC, no entanto, já não lhe cabia mais desde a virada dos anos 2000, quando passou de fundador para traidor na visão dos integrantes da facção. Fez uma delação premiada e antagonizou com o comandante que se estabelecia com cada vez mais força: Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. "Ao se defrontar com Marcola, foi isolado e expulso do PCC, e acabou exilado dentro do sistema penitenciário" contou Christino nesta segunda-feira ao Estadão.

Afastado, viu o PCC evoluir de um grupo que ambicionava dominar o sistema carcerário para um cartel internacional de drogas. "Foi uma mudança que nem eles esperavam, se surpreenderam ao ver o PCC virar um cartel internacional. A mudança de rumo veio depois que Marcola tomou a liderança", acrescenta Christino. Marcola segue preso na penitenciária federal de Brasília e a facção agora movimenta bilhões de reais.

A Polícia Civil de São Paulo prendeu seis pessoas na manhã dessa quinta-feira (25) em investigação para combater o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo a Rede de televisão Record, pelo menos dez MC’s paulistas estariam sendo financiados com o dinheiro do crime, entre eles Mc Hariel, Mc Pedrinho, Mc Brinquedo e Mc Salvador da Rima.

Por volta das 3h30, ao menos 100 viaturas deixaram a 8ª Delegacia Seccional de São Paulo para cumprir mandados de prisão, busca e apreensão. No caso dos mc’s, eles não foram presos, apenas levados para prestar esclarecimentos. Mas tiveram computadores, sons e documentos apreendidos para investigação da ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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O Mc Hariel chegou por volta das 7h, usando moletom, de capuz e máscara. O Mc Pedrinho chegou logo depois e, ao descer do carro, foi pulando de forma “alegre” para dentro da delegacia e não quis conversar com os jornalistas.

Mc’s se pronunciam em redes sociais

Ainda na manhã dessa quinta (25), alguns dos Mc’s envolvidos na investigação começaram a se pronunciar em suas redes sociais.

O Mc Léo da Baixada disse ter tido sua casa arrombada as cinco da manhã, onde vive toda sua família, inclusive filhos pequenos, um deles autista. O cantor diz ter tido a casa revirada e celulares levados. Em outra postagem, compartilhou foto da foto do mandado de busca e apreensão.

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Já o Mc Salvador da Rima alegou perseguição policial, citando um episódio ocorrido um mês antes. Ele disse ter tido a casa da sogra invadida, local onde nem mora. “A gente só canta, nada mais que isso, Mc não é bandido”.

No final de fevereiro, o Mc Salvador da Rima já tinha sido alvo de polêmica quando foi detido em flagrante pela polícia por aglomeração em meio às restrições sanitárias da pandemia. Na ocasião, o ato teve vídeo vazado em que policiais militares agrediam e enforcavam o Mc.

A família do detento Anderson da Silva, de 34 anos, que morreu em maio de 2020 em decorrência da Covid-19, decidiu ir à justiça com uma ação de danos morais pedindo uma verba indenizatória na casa de meio milhão de reais. Eles reclamam que o socorro não foi prestado da maneira correta no Centro de Detenção Provisória (CDP). 

Preso em uma operação da polícia de São Paulo que mirava integrantes do PCC em 2019, em Santa Bárbara d’Oeste, Anderson, estava no Centro de Detenção Provisória desde então. No dia 31 de maio de 2020, ele passou mal, desmaiou, foi socorrido pelos agentes e encaminhado a uma unidade de saúde, mas morreu no mesmo dia. Após alguns dias, a confirmação de que ele estava com Covid-19. 

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A família alega que não havia nenhum médico no CDP no momento em que Anderson passou mal e que as tentativas de reanimação começaram de forma tardia. “Não foi prestado o socorro adequado diante de uma parada cardiorrespiratória, pois sequer havia equipe de saúde no momento e os agentes não realizaram nenhuma manobra de primeiros socorros, o que somente ocorreu 30 minutos depois”, disse um dos advogados de defesa, Wilson Infante, ao Liberal. 

Em nota enviada ao veículo, a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária (SAP), afirma que ele não apresentava comorbidades e nem sintomas da doença e que todo o atendimento foi prestado da maneira adequada.

A construção de uma rede de organizações sociais de prateleira é a forma encontrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para ganhar contratos públicos e se infiltrar em administrações municipais de pelo menos três Estados. Empresas de prateleira são CNPJs formalmente constituídos, mas que não têm atividade. Em São Paulo, há indícios de que a facção atuava em busca de contratos em nove cidades.

Investigações da Polícia Federal (PF) e da Polícia Civil paulista mostram a ação do grupo em São Paulo, Paraná e Minas. Os contratos públicos teriam, segundo os investigadores, uma dupla finalidade: a construção de empresas respeitáveis para a lavagem de dinheiro do tráfico e o desvio de recursos públicos para a organização criminosa.

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A rede de OSs mantida por grandes traficantes de drogas ligados ao PCC começou a ser desbaratada durante as investigações que levaram ao esquema que controlava a coleta de lixo e a saúde pública de Arujá, na Grande São Paulo. O centro do esquema teria sido criado, segundo a investigação, por Edson Rodrigues Peres, o Alemão, candidato a vereador em 2016 pelo PSDB em Barueri.

Gravações ambientais obtidas pela polícia mostram que o acusado chegou a pôr na direção de um dos institutos usados pelo grupo um morador de rua - o uso de laranjas para dirigir as OSs seria uma das práticas da organização criminosa. De acordo com as investigações, o grupo atuaria "fora do crime de tráfico de drogas na cidade de Barueri, executando serviços públicos através de contrato de gestão, por intermédio de organização social criada por sua organização criminosa, expediente que utiliza ou utilizou também nas cidades de Arujá, Guarulhos, Santa Isabel e Suzano".

As investigações da Operação Soldi Sporchi (dinheiro sujo, em italiano) localizaram tentáculos da atuação do grupo em Guaíra, Itaquaquecetuba, Salesópolis, Biritiba-Mirim e Caraguatatuba, no litoral norte do Estado. Cópias do material reunido pela polícia foram enviadas ao Ministério Público Estadual de cada uma das cidades.

Conversas

Nas conversas gravadas apreendidas pela polícia, Alemão contaria sobre sua relação com o megatraficante de drogas Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, acusado de manter relações com o cartel mexicano Los Zetas e com mafiosos da "N'dragheta", principal organização criminosa da Itália, para onde teria mandado toneladas de cocaína. A defesa de Gordo, que está foragido, nega os crimes.

O advogado Rafael Munhoz Ramos, que defende Alemão, também alega inocência do político. Segundo ele, houve um engano. A polícia o teria confundido com outra pessoa, um bandido da facção que também tem o apelido de Alemão. Os documentos da Operação Soldi Sporchi, porém, afirmam: "Para adquirir organizações sociais, Anderson se vale de um indivíduo de vulgo Alemão. Trata-se de Edson Peres, que foi candidato a vereador em Barueri". Gordo teria comprado do esquema o Instituto Inovação de Gestão Pública. "Mais tarde também teria sido vendido parte do Inst. IDGT, no que concerne às atividades da O.S. em Arujá", escreveu o delegado Fernando José Goes Santiago, que conduz a investigação da Polícia Civil.

Em outra conversa, Alemão participa de uma reunião de lavratura de ata para a criação da OS Instituto Referência de Gestão Pública, outra suposta organização de prateleira criada para trabalhar com prefeituras.

Federal

O esquema descoberto em São Paulo é semelhante ao investigado pela PF em um dos desdobramentos da ofensiva contra a lavagem de dinheiro do PCC. A apuração já levou a polícia a bloquear, só na Operação Rei do Crime, R$ 730 milhões em bens em nome de pessoas ligadas à facção.

"Eles levam vida de empresário, frequentam clubes, dão festas, enfim, têm uma vida luxuosa", disse o delegado Elvis Secco, coordenador-geral de Repressão a Drogas e Facções Criminosas da PF. Secco afirmou que a primeira vez que se deparou com a facção infiltrada no poder público foi em uma investigação em Londrina, na Operação Ferrari, em 2013. "Eles tinham ligações com um coronel e com políticos locais."

Suborno

O arquivo de áudio foi criado em 25 de agosto de 2018. Sua transcrição pela perícia ocupou 15 páginas de um relatório da Operação Soldi Sporchi. A conversa é uma das provas da polícia do uso de empresas de gaveta para que a organização criminosa se apoderasse de contratos com o setor público. No diálogo são mencionados diretores de hospitais e da empresa de limpeza urbana de Arujá, além de um secretário do município.

Edson Rodrigues Peres, o Alemão, diz na página 6 do documento que o grupo do traficante Anderson Pereira Lacerda, o Gordo, pegou "empresas em dia". Na conversa, o acusado relata que Anderson tem "mais de 200 quilos". "Pra você ver o tamanho do cara; cara inteligente, o negócio dele é só enviar droga pra Europa". Alemão prossegue descrevendo Anderson para seu interlocutor. "O cara fala: 'Se vocês quiser me conhecer melhor é só entrar na Interpol'. Ele (Anderson) é caçado pela Interpol, cara." É neste momento da conversa que Alemão relata a suposta corrupção de "ministro", sem citar de qual tribunal.

Quando seu interlocutor diz "você está brincando", Alemão responde: "Só que ele tem um habeas corpus do ministro. Fala (que) gasta um milhão por ano com esse ministro 'para ele me dar um habeas corpus pra eu ficar livre'". Nesse trecho, a perícia detectou "risos". "Valha-me Deus", responde o interlocutor.

Em troca de mensagens de um acusado e um advogado, a polícia achou indícios de pagamentos de US$ 50 mil e de US$ 30 mil para um magistrado que analisava casos de membros do grupo de Gordo, que está foragido e, de fato, está na lista vermelha da Interpol. 

A Polícia Civil de São Paulo investiga a possível atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições municipais. No alvo dos investigadores está a possibilidade de a facção usar seu poder para impedir que candidatos possam fazer campanha em comunidades dominadas por criminosos no Estado. O Estadão apurou que há relatos de ameaças nas regiões de Campinas e da Baixada Santista.

O inquérito sobre o caso foi aberto pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A investigação, segundo o delegado Ismael Lopes Rodrigues Junior, diretor do Deic, está a cargo da 4.ª Delegacia de Investigações Gerais. A polícia, de acordo com o delegado, ainda não conseguiu avançar na apuração da denúncia. O Deic é o departamento da Polícia Civil paulista responsável pelo combate à facção criminosa e tem atuação em todo o Estado.

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Há cerca de 20 dias, a direção da polícia na Baixada Santista foi procurada por políticos ligados ao PSDB que estavam preocupados com relatos de cabos eleitorais envolvendo ameaças durante a distribuição de material de campanha em comunidades da cidade. A preocupação principal incluía os candidatos de Praia Grande e de Santos do PSDB, partido que governa os dois municípios e o Estado. Tanto o comando da Polícia Civil quando o da PM na Baixada pediram à campanha de Raquel Chini (PSDB), na Praia Grande, que encaminhasse testemunhas sobre as ameaças.

"Orientamos as campanhas a nos procurar. Garantimos o sigilo da apuração, mas até agora não recebemos ninguém", afirmou o delegado Manoel Gatto Neto, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6), responsável pela Baixada Santista. O medo em formalizar a denúncia - os cabos eleitorais moram nas comunidades ou perto de onde ocorreram as ameaças - seria um dos motivos para a ausência de denúncias formais.

Por enquanto, a inteligência da polícia não detectou nenhum texto que tenha saído da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau com ordem da cúpula da facção para intervir no processo eleitoral. Mas não descarta que bandidos tenham iniciativas locais de acordo com seus interesses, como em Arujá, na Grande São Paulo, onde o megatraficante de drogas Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, financiara a campanha da chapa vencedora em 2016 para depois se apoderar dos serviços da cidade.

Vigilância

"O que interessa à facção não é começar uma guerra, mas obter lucro", afirmou o delegado Gatto Neto. Em razão da preocupação das candidaturas na região, o diretor do Deinter- 6 determinou que os homens descaracterizados da inteligência policial acompanhassem as ações de campanha dos candidatos da cidade. Por meio de fotografias e filmagens, carreatas e ações em comunidades de Santos foram vigiadas pelos agentes para garantir a segurança dos candidatos e dos cabos eleitorais. Centenas de fotos já foram feitas pelos policiais.

Na sexta-feira, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), conversou com o chefe da Polícia Civil na região e disse que não havia registrado, por enquanto, nenhum incidente durante a campanha do candidato de seu partido à sua sucessão, Rogério Santos (PSDB). De acordo com o delegado, a polícia pôs à disposição o disque-denúncia (181) para receber informações caso os cabos eleitorais não se sintam à vontade para procurar as delegacias.

"Aparentemente, esse problema não deve ter nenhum impacto no resultado das eleições. Nenhum candidato terá seu direito de fazer campanha cerceado por bandidos aqui na Baixada Santista", afirmou o delegado. Além de Santos, a polícia na região de Campinas também recebeu denúncias sobre ações de criminosos nas eleições.

Campinas

Segundo o delegado Nestor Penteado Sampaio Filho, titular da 1.ª Delegacia Seccional de Campinas, as denúncias que chegaram à polícia informavam sobre a intimidação de líderes comunitários e candidatos a vereador e a prefeito da cidade de mais de um partido em diversos bairro da periferia. "Vamos começar a acompanhar os atos de campanha", disse.

Entre os casos relatados à polícia está o de uma candidata a vereador na cidade que foi avisada por meio de um áudio recebido pelo WhatsApp para não entrar em um bairro em que pretendia fazer campanha.

A maioria das ameaças relatadas à polícia foi feita por meio de áudio. Uma das hipóteses apuradas pela polícia é de que criminosos da facção tenham sido contratados por candidatos para ameaçar seus adversários.

Vereadores

A Coordenadoria-Geral de Polícia de Repressão a Drogas e Facções Criminosas da Polícia Federal (PF) está investigando o uso do dinheiro do crime organizado no financiamento de candidaturas a vereador em todo o País. A informação é do coordenador-geral do órgão, delegado Elvis Secco.

"Já na Operação Ferrari, em 2013, (ela detectou R$ 100 milhões lavados pela facção), já tínhamos vereadores em cidades pequenas financiados pela facção. Sete anos depois, isso cresceu. A partir de agora vamos catalogar os vereadores eleitos com ligação com o tráfico", afirmou o delegado.

De acordo com o delegado, o Primeiro Comando da Capital (PCC) já está infiltrado na política. O caso de Arujá, onde o megatraficante Anderson Lacerda Pereira, o Gordo, agiria não é o único. "Temos outras investigações", contou Secco.

Segundo ele, o caminho de entrada da facção na política - além de patrocinar candidaturas - seria uma forma de ganhar dinheiro com fraudes em contratos públicos, a exemplo do que acontecera nas coleta de lixo em Arujá e na Saúde do município da Grande São Paulo.

O esquema envolveria as organizações sociais abertas por criminosos como uma espécie de empresas de gaveta para serem usadas pelos bandidos no momento de fechar um contrato com os municípios. "As OSs são abertas por integrantes da facção para fraudar contratos com prefeituras pelo País."

De acordo com o delegado, só na Operação Ferrari havia 70 empresas de fachada utilizadas pela organização criminosa. "Com o tempo, a facção passou a usar o mesmo esquema de empresas de gaveta para lavar o dinheiro assim como foi feito na Lava Jato", afirmou.

Segundo ele, doleiros que antes atuavam para lavar dinheiro da corrupção estão lavando do tráfico. "O PCC está com muito dinheiro. Eles são a elite do crime hoje no País", afirmou o delegado. Gordo continua foragido. Sua defesa nega os crimes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os desembargadores da 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mantiveram a condenação de seis pessoas por tráfico de drogas dentro do Centro de Detenção Provisória 1 ASP Giovani Martins Rodrigues de Guarulhos (CDP 1 de Guarulhos). Três dos réus são apontados como integrantes do PCC e um deles era funcionário da penitenciária.

No julgamento, os magistrados analisaram um recurso dos réus contra a sentença de primeira instância que os condenou por organização criminosa e associação para o tráfico. Foi dado parcial provimento a alguns dos recursos dos réus, sendo imputadas penas que variam de três a oito anos de reclusão. As informações foram divulgadas pela corte paulista.

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Segundo os autos, a droga passava por várias pessoas até chegar dentro da cadeia por meio de um agente do estabelecimento prisional, que cobrava R$ 3.500 para levar o material até um dos detentos, que vendia aos outros presos. O mesmo funcionário também foi acusado de pedir R$ 2.500 para repassar celulares a detidos, sendo condenado, além de quatro anos em regime inicial fechado, à perda do cargo público.

De acordo com o relator do recurso, desembargador Diniz Fernando, além dos documentos que instruem o processo, principalmente conversas citadas na denúncia, um delegado detalhou a conduta de cada réu.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou que foi contra o artigo do pacote anticrime que proporcionou a soltura de André Oliveira Macedo, o André do Rap, na última sexta-feira (9). A decisão foi dada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, e derrubada na sequência pelo presidente do STF, Luiz Fux. Macedo é considerado foragido neste momento.

"O artigo que foi invocado para soltura da liderança do PCC não estava no texto original do projeto de lei anticrime e eu, como MJSP, me opus a sua inserção por temer solturas automáticas de presos perigosos por mero decurso de tempo", afirmou Moro em nota. Ao fazer parte do governo, Moro propôs uma proposta anticrime, que foi desidratada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

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De fato, o artigo que embasou a decisão de Marco Aurélio foi incluído no pacote anticrime pelo Congresso. Não fazia parte do projeto original de Moro, mas foi inserido pelos deputados quando a proposta passou pela Câmara. Contrariando o então ministro da pasta, Bolsonaro sancionou a mudança. O texto inseriu no artigo 316 do Código de Processo Penal a regra limitando a prisão preventiva - aquela dada sem prazo definido - a 90 dias, "podendo ser renovada sob pena de se mostrar ilegal".

André do Rap foi solto por não ter uma condenação no último grau de recurso judicial - ele foi condenado em segunda instância. Para Marco Aurélio, houve excesso de prazo na prisão de Macedo, que foi detido em setembro do ano passado e não teria ainda uma sentença condenatória definitiva. Neste domingo (11), em entrevista ao Estadão, o ministro afirmou que Fux implementou uma "autofagia" no Supremo.

Quando a Câmara aprovou o pacote de Moro, em dezembro do ano passado, o ministro discordou de três temas incluídos no projeto: mudanças na prisão preventiva, revisão da delação premiada e a figura do juiz de garantias. Os três pontos, porém, foram sancionados pelo presidente Jair Bolsonaro, em um aceno ao Centrão, contrariando a opinião do então ministro. Na época, a pasta chefiada por Moro classificou esses itens como "temas sensíveis" para o propósito da lei.

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (30) a Operação Rei do Crime para desarticular um "importante e sofisticado" braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). O juízo da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo decretou o bloqueio de mais de R$ 730 milhões dos investigados e ainda determinou a interdição de mais de 70 empresas utilizadas para lavagem de dinheiro do tráfico.

Segundo a corporação, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras identificou movimentações atípicas do grupo investigado cujo valor ultrapassa a cifra de R$ 30 bilhões.

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Mais de 200 policiais federais cumprem 13 mandados de prisão preventiva, 43 mandados de busca e apreensão, e ainda executam ordens de sequestro de 32 automóveis, nove motocicletas, dois helicópteros, um iate, três motos aquáticas, 58 caminhões e 42 reboque e semirreboque. Os bens confiscados chegam a R$ 32 milhões, diz a PF.

A Polícia Federal informou que entre os alvos da Rei do Crime estão empresários do setor de combustíveis e uma pessoa que foi condenada pelo envolvimento no furto ao Banco Central do Brasil, ocorrido em Fortaleza, em 2005. "Todos eles, ao todo 20 indiciados, responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro", registrou a corporação em nota.

A partir do rastreamento de movimentações financeiras durante as investigações, identificou-se a existência de uma rede de combustíveis, inclusive uma distribuidora, que atuava em benefício do PCC, lavando ativos de origem ilícita, através de empresas com atuação sólida no mercado e de empresas de fachada ou compostas por "laranjas". explicou a corporação.

Os mandados da Rei do Crime são cumpridos em apartamentos de luxo e empresas nas cidades de São Paulo, Bauru, Igaratá, Mongaguá, Guarujá, Tremembé, no Estado de São Paulo, Londrina e Curitiba, no Paraná, e Balneário Camboriú (SC).

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo deflagrou na manhã desta segunda-feira (14) a Operação Sharks para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra lideranças da facção Primeiro Comando da Capital, o PCC. A ofensiva mira tanto em lideranças que estão presas quanto outras que estão soltas - algumas que inclusive se mudaram para o exterior, comandando atividades logísticas da facção a partir de outros Países.

Agentes cumprem 12 mandados de prisão e realizam 40 buscas em endereços da capital, da região metropolitana, da Baixada Santista e de cidades do interior.

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A operação conta com o apoio da Polícia Militar e do 1º Batalhão de Polícia Militar de Choque (ROTA). Participam da ação promotores de justiça, agentes do Ministério Público e mais de 250 policiais militares e 65 viaturas.

Segundo o MP-SP, as investigações tiveram início no primeiro semestre de 2019, a partir do cruzamento de dados, mirando em integrantes dos principais escalões do PCC.

Os promotores apontam que a cúpula da facção comanda um sistema que movimenta mais de R$ 100 milhões anualmente - montante proveniente do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes -, com rigoroso controle em planilhas. Para ocultar os valores, os faccionados compravam veículos e usavam imóveis com fundos falsos ("casas-cofre") para ocultar dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por doleiros.

"As investigações revelaram a cadeia logística do tráfico de drogas da facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças a frente da fonte de maior renda da organização criminosa, indicando, ao final, a participação de 21 pessoas, algumas presas durante as investigações", informou o MP-SP em nota.

De acordo com os promotores, as lideranças que são alvo da operação tem em comum "elevado poder decisório" na fação, a proximidade com a cúpula presa e ainda a "ostentação de vidas de luxo, com múltiplos imóveis, carros de luxo, isso quando não residem fora do país e com seus gastos pagos pela própria facção".

Alvos

A Promotoria indicou que entre os investigados tem destaque o principal líder de rua atualmente do PCC. Segundo os investigadores, tal alvo da operação está à frente da "sintonia final da rua" responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa, mantendo contato direto com a cúpula presa da facção. A Promotoria classificou os investigados pelas iniciais de seus primeiros nomes.

"É suspeito de ser responsável pelos planos de fuga das lideranças da facção reclusas em presídios federais desde 2019, quando o MP-SP obteve ordem para suas transferências. Também é suspeito de liderar os planos de assassinar agentes e autoridades públicas em represália às transferências e às ações contra a cúpula da facção", registrou o Ministério Público de São Paulo.

A força-tarefa montada pela Polícia Federal (PF) para as investigações que resultaram na Operação Caixa Forte 2, deflagrada nesta segunda-feira (31), identificou um "tabelamento" para o pagamento de "mesadas" a integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) presos, que oscila conforme serviços prestados à facção. Valores mais altos eram pagos a quem tenha assassinado agentes públicos.

Os recursos chegavam aos integrantes via contas bancárias de familiares dos presos ou pessoas contactadas pelo PCC para receber os recursos. A força-tarefa conseguiu o bloqueio de R$ 252 milhões em 252 contas. Ou seja, a corporação acredita haver até R$ 1 milhão em cada conta. A PF ainda não tem o valor bloqueado em cada uma das contas-correntes, mas informou que os bloqueios já foram realizados.

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Segundo o coordenador da operação, delegado Alexander Castro, as transferências aos integrantes da facção se baseavam em três critérios. "Os valores variavam de acordo com os motivos pelos quais os integrantes da facção foram enviados ao sistema penitenciário federal. Então se ele foi remetido ao sistema penitenciário federal por pertencer à facção criminosa, recebia "x", se por exercer algum cargo de relevo na facção, "2x", e se executou alguma missão da facção recebe o valor "3x", leia-se, ter matado algum servidor público", disse.

A Polícia Federal não confirmou se Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o principal líder do PCC, está entre os investigados da operação deflagrada contra a facção nesta segunda. Informou, no entanto, que toda a cúpula da organização criminosa está sendo investigada. Marcola está preso em Brasília. Entre os investigados estão integrantes do PCC que estão no exterior.

A operação

De acordo com a PF, a Operação Caixa Forte 2 visa a desarticular a organização criminosa por meio de sua descapitalização, além de prender lideranças e mirar diversas pessoas ligadas à facção que serviam como "laranjas" e lavavam dinheiro de "mesadas" que o grupo pagava a seus integrantes.

A ação busca cumprir 623 ordens judiciais - 422 mandados de prisão preventiva e 201 de busca e apreensão em 19 Estados e no Distrito Federal. As ordens foram expedidas pela 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte que determinou ainda o bloqueio de até R$ 252 milhões dos investigados.

Uma megaoperação policial, batizada de Operação Falshback II, cumpre nesta terça-feira (28) 212 mandados de prisão e de busca e apreensão em 71 cidades de 11 estados diferentes. A ação combate o principal núcleo da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Nas investigações foi constatada a maior participação de mulheres. Elas ocupavam cargos de chefia no organograma da organização criminosa. De acordo com os levantamentos da Polícia Civil de Alagoas, na hora que definiam a punição para as vítimas as mulheres tinham perfis tão violentos quanto o dos homens da facção.

As que possuem funções disciplinares conduzem normalmente estes rituais, elaborando as suas “peças conclusivas”, que resultam em condenações ou absolvições. Elas aplicam as mais diversas penas, inclusive assassinando rivais ou mesmo membros transgressores do PCC.

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O núcleo das chamadas Damas do Crime, segundo a Polícia Civil da Alagoas, é composto por 18 mulheres e apenas um homem. Somados aos demais núcleos da operação são 40 mulheres alvos de mandados de prisão e busca e apreensão, que correspondem a 18% do total de alvos da operação. Na fase I da Operação Flashback, apenas sete mulheres foram alvo de mandado judicial, o que agora corresponde a um aumento de 557% nesta segunda etapa.

Operação

Conduzida pelas Forças de Segurança de Alagoas e pelos Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado em vários estados, pelo do Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministérios Públicos estaduais a operação tem a participação de 1 mil policiais de várias corporações. Nesta segunda fase, os mandados são cumpridos em Alagoas, Pernambuco, Ceará, Bahia, Paraíba, Piauí, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. O GAECO de Sergipe também cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão. A operação nacional teve o apoio da 17ª Vara Criminal de Maceió, que deferiu a expedição dos mandados judiciais.

O maior número de ações da operação está concentrado na região Nordeste, contabilizando oito estados e 179 mandados judiciais expedidos. Alagoas e Ceará ficam em evidência entre os estados. As ações em Alagoas, por meio da Operação Njord, ocorrem em Maceió, que concentra o maior número de alvos, ao todo 73, e outros 10 municípios, totalizando 98 cumprimentos de mandados judiciais pelos agentes públicos.

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