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A cúpula dos Poderes Legislativo e Judiciário teme uma explosão do presidente Jair Bolsonaro, caso ele participe de protestos no 1.º de Maio, em São Paulo, convocados por sua base de apoiadores. Embora ainda não haja confirmação da presença do chefe do Executivo, a manifestação é vista como um novo teste de estresse da República.

Numa escalada de enfrentamento, marcada por um ato dentro do Palácio do Planalto em que colocou as eleições em suspeição e sugeriu uma contagem de votos pelas Forças Armadas, os bolsonaristas convocaram um ato em defesa do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), pivô de um choque com o Supremo Tribunal Federal (STF), e da "liberdade".

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A manifestação bolsonarista será na Avenida Paulista, mesmo local onde Bolsonaro radicalizou em 2021, no Sete de Setembro. A poucos quilômetros dali, na frente do Estádio do Pacaembu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT, mobiliza as centrais sindicais em protesto "por um Brasil sem fome e sem miséria".

O clima de apreensão prevaleceu em Brasília nesta quinta-feira, dia 28. O assunto foi discutido em reuniões na residência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e de ministros do STF, além de outros parlamentares.

Durante a tarde, tanto Pacheco quanto Lira colocaram um freio na tentativa de Bolsonaro de lançar desconfianças sobre as urnas eletrônicas. Ambos se irritaram porque o presidente havia prometido enterrar o assunto quando o voto impresso foi derrotado no Congresso, no ano passado. No entanto, Bolsonaro voltou a questionar o sistema eletrônico de votação como cabo de guerra, mais de uma vez.

"O processo eleitoral brasileiro é uma referência. Pensar diferente é colocar em dúvida a legitimidade de todos nós, eleitos, em todas as esferas. Vamos seguir - sem tensionamentos - para as eleições livres e transparentes", escreveu Lira no Twitter.

Na mesma rede social, Pacheco adotou linguagem semelhante. "A Justiça Eleitoral é eficiente e as urnas eletrônicas, confiáveis. Ainda assim, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está empenhado em dar toda a transparência ao processo desde agora, inclusive com a participação do Senado", afirmou.

A reação da cúpula do Congresso resgatou o Supremo de uma situação de isolamento entre os três Poderes. O próprio Bolsonaro havia dito, em discurso no Palácio do Planalto, que Executivo e Legislativo atuavam como "irmãos" e que o Judiciário era um "primo".

Na mesma ocasião, revelou ter recebido "informes" que davam conta de uma possível prisão por fake news do filho Carlos Bolsonaro, vereador do Republicanos no Rio. A ideia preocupa o presidente e, segundo parlamentares ouviram dele, Bolsonaro considera que o filho deve se licenciar do mandato e se mudar para o Palácio da Alvorada, em Brasília, a fim de escapar do alcance da polícia e poder continuar atuando no marketing de sua campanha.

Nas conversas, parlamentares que estiveram com os presidentes da Câmara e do Senado e ministros do Supremo ponderaram que Bolsonaro teve uma semana de fortalecimento político, sendo aplaudido por congressistas e prefeitos em Brasília. Seria, no entendimento deles, fruto do fluxo de dinheiro do orçamento secreto, que empoderou os deputados.

Pacheco afirmou aos ministros da Corte, segundo relato de um dos presentes, que eles deveriam colaborar para "baixar a fervura" e que considerava exagerada a pena de mais de oito anos de prisão a que Silveira foi sentenciado, por ataques à democracia. A pena por assassinato, por exemplo, parte de seis anos.

O argumento é o mesmo que vem sendo trabalhado no comitê de campanha bolsonarista. Um marqueteiro ligado a Bolsonaro prevê que o debate acerca do perdão a Silveira se tornará favorável ao presidente. Para esse colaborador da pré-campanha, a questão ultrapassa a disputa sobre "quem manda mais" no País - Bolsonaro ou o Supremo.

Os aliados do presidente entendem que ele conseguiu captar um sentimento popular de injustiça contra Silveira e por isso tomou a decisão de perdoá-lo. Apostam que o eleitor entenderá, se o presidente assim justificar, que não seria justo o deputado ficar preso oito anos, enquanto réus que cometeram crimes mais graves, como corrupção ou assassinatos, estão soltos, ou cumprem pena por pouco tempo.

No Sete de Setembro de 2021, Bolsonaro ameaçou ignorar futuras decisões do Supremo e xingou ministros da Corte. Dias depois, entrou em campo o ex-presidente Michel Temer (MDB), que a pedido do Planalto já serviu em diversas ocasiões como conselheiro e apaziguador. Ele idealizou um pedido de desculpas escrito, e o recuo foi endossado por Bolsonaro. Mas agora não haverá mais carta de Temer.

Bolsonaro já desprezou uma sugestão para que recuasse da graça concedida a Silveira. E sugeriu mais de uma vez que pode ignorar o STF. Segundo ele, as saídas daqui para a frente, quando a visão do Executivo não prevalecer, são "entregar a chave" do Planalto ou avisar que "não vai cumprir".

A ideia de que Bolsonaro poderia preparar algum tipo de "bagunça" ou golpe, estava no radar de campanhas adversárias, como a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - mas com a condição de que Bolsonaro estivesse "derretendo" eleitoralmente. Mas A possibilidade de que ele "aprontasse", nas palavras de um grão-petista, enquanto se fortalece, estava fora do radar.

Longas filas nos caixas e prateleiras vazias nos corredores: os supermercados de Hong Kong foram tomados por compradores em pânico nesta terça-feira (1º), após mensagens ambíguas do governo sobre um suposto confinamento total da cidade.

A incerteza levou os moradores da cidade a correrem para supermercados, farmácias e mercados, onde se viam longas filas de clientes e prateleiras vazias em seções de carnes, legumes, sopas instantâneas, ou comida congelada.

Nas farmácias, também era difícil encontrar paracetamol e kits de teste anticovid-19, por exemplo, segundo imagens publicadas nas redes sociais.

"Somos como formigas indo para casa, pegando um pouco em cada loja", disse à AFP uma mulher de sobrenome Wu em um supermercado onde a maioria das carnes e legumes já tinha acabado.

Este centro financeiro internacional enfrenta seu pior surto de coronavírus, com milhares de casos diários que saturaram os hospitais.

Este mês, as autoridades planejam testar todos os 7,4 milhões de moradores e isolar todos os infectados em casa, ou em acampamentos de quarentena que estão sendo construídos às pressas.

A chefe executiva da cidade, Carrie Lam, descartou a aplicação de um confinamento severo durante este processo, mas a secretária de Saúde, Sophia Chan, disse ontem que esta medida está sobre a mesa.

Nesta terça-feira, vários veículos de comunicação locais, como HK01, Singtao e South China Morning Post, noticiaram que as autoridades planejam algum tipo de confinamento durante esse período de triagem.

O filme Jurassic Park (1993) fez o ser humano sonhar com a possibilidade de ressuscitar espécies. Quase três décadas depois, desenvolve-se a biologia sintética: não para trazer dinossauros extintos de volta, mas para exterminar animais nocivos.

O filme de sucesso de Steven Spielberg se passa em uma ilha imaginária na região da Costa Rica.

E será em uma ilha que sua primeira experiência científica poderá ser desenvolvida, talvez na próxima década, afirmam especialistas e ativistas do Congresso Mundial da Natureza.

Um mesmo problema afeta 80% das ilhas do mundo: ratos. Eles infestam plantações, comem ovos de pássaros e colocam os ecossistemas locais em perigo.

Há mais de 25 anos, a organização Island Conservation se dedica à erradicação de espécies invasoras, conta à AFP Royden Saah, representante da organização no congresso de Marselha.

A atividade foi realizada com sucesso em duas das Ilhas Galápagos, North Seymour e a ilhota de Mosquera, usando drones e iscas. A tarefa é, no entanto, cara e incerta, e o uso de raticidas pode causar danos colaterais.

"Deveríamos criar um camundongo geneticamente modificado para que suas futuras gerações sejam exclusivamente masculinas (ou femininas)?", questiona a Island Conservation em sua página na Internet.

Saah coordena uma equipe de pesquisadores - GBIRd(Biocontrole Genético de Roedores Invasivos) - com instituições nos Estados Unidos, na Austrália e na Nova Zelândia.

"Ainda não temos o rato", afirma o cientista conservacionista. Mas, "se não investigarmos, não seremos capazes de conhecer o potencial desta tecnologia?", explica.

Saah destaca que apenas os países interessados poderiam eventualmente aceitar uma experiência em campo.

Há quatro anos, os mais de 1.400 membros da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) pediram à organização que criasse um grupo de trabalho sobre o assunto.

O resultado é uma Carta de Princípios sobre o uso da biologia sintética (que inclui a engenharia genética). Discutido em Marselha, o projeto da Carta reafirma o direito de qualquer Estado de proibir atividades, recorrendo ao "princípio da precaução".

- Incertezas consideráveis -

Todos os participantes dos debates no congresso de Marselha reconheceram, sem exceção, que as incertezas são consideráveis.

"Também tenho medo das aplicações potenciais da biologia sintética", declarou o chefe do grupo de trabalho, Kent Redford, ao apresentar as conclusões do grupo em Marselha.

"Existem riscos ecológicos óbvios e preocupações com as modificações genéticas de espécies silvestres", alerta a geneticista e assessora científica da ONG ProNatura, Ricarda Steinbrecher.

ProNatura e Amigos da Terra são algumas das ONGs que soaram o alarme em Marselha. Para estas instituições, a Carta de Princípios não foi suficientemente debatida.

Entre outras razões, os cientistas nem mesmo concordam com os limites exatos da biologia sintética. Um rato modificado ainda pertence à sua espécie, ou é uma nova criação?

Um dos exemplos propostos pelos cientistas a favor da experimentação é recriar o material de um chifre de rinoceronte, para que esse animal escape da extinção.

Mas "as pessoas querem o produto real. São fantasias", diz Ricarda Steinbrecher.

"Não encontrei nada que impeça uma pesquisa mais aprofundada", insiste Saah.

- Mosquitos com malária no Havaí -

O debate é intenso, mas a situação em alguns lugares é igualmente urgente.

Samuel Gon, consultor científico da Nature Conservancy no Havaí, diz que mal pode esperar. A biologia sintética "não é uma opção. Não chegará a tempo de salvar os pássaros" das ilhas, explicou à AFP.

Das mais de 50 espécies de aves de mel conhecidas no Havaí, há apenas cerca de 15, cinco delas em estado crítico de extinção.

O Havaí não tinha mosquitos, mas, entre os que apareceram, no início do século XIX, alguns carregavam malária.

As autoridades conservacionistas havaianas estão prestes a usar uma técnica conhecida para esterilizar os mosquitos, inoculando-os com uma bactéria, a Wolbachia.

- Sonhos com mamutes -

Além da urgência ecológica, alguns cientistas parecem irresistivelmente atraídos por sonhos maiores.

Há alguns meses, um grupo de pesquisadores afirmou ter alcançado a sequência completa do genoma de um mamute de um milhão de anos.

"Os desafios técnicos para conseguir a sequência confiável do genoma das espécies extintas são imensos", adverte o relatório dos especialistas da UICN.

Steinbrecher é ainda mais assertivo. "Temos que aceitar que algumas espécies foram extintas, por mais difícil que seja. O objetivo principal é preservar o que ainda temos", frisou.

A China confinou uma cidade próxima da fronteira com Mianmar que notificou seis casos Covid-19 nesta quarta-feira (31), o primeiro foco significativo da doença revelado em quase dois meses no país.

As autoridades de saúde da província de Yunnan afirmaram que Ruili, cidade de mais de 210.000 habitantes, também detectou três casos assintomáticos de cidadãos de Mianmar, com idades entre 24 e 28 anos.

Ruili é um dos principais pontos de passagem a partir de Muse, na vizinha Mianmar, que registra uma escalada de distúrbios desde o golpe militar de 1º de fevereiro, o que provoca o temor de um grande fluxo de pessoas em caso de aumento da violência.

As autoridades sanitárias de Yunnan advertiram para uma "repressão severa das passagens ilegais na fronteira e das pessoas que organizam as mesmas ou dão refúgio", mas não vincularam diretamente o foco às chegadas irregulares de birmaneses.

Ruili vai testar todos os moradores para detectar o vírus e todos serão obrigados a respeitar a "quarentena domiciliar" de uma semana.

Os moradores não poderão sair de casa sem um razão especial e apenas um membro de cada residência será autorizado a comprar produtos de primeira necessidade.

As forças de segurança de Mianmar mataram centenas de pessoas na repressão dos protestos contra a junta militar em todo o país, que exigem o retorno do governo eleito democraticamente.

Autoridades sanitárias pediram nesta segunda-feira aos americanos que correm um risco maior de desenvolver doenças graves se contraírem o novo coronavírus - como idosos e portadores de doenças crônicas - para comprar alimentos e remédios e se prepararem para permanecer em casa.

"Verifique se tem suprimentos à mão, como medicamentos de rotina para pressão arterial ou diabetes, além de medicamentos comuns e suprimentos médicos para tratar a febre e outros sintomas", disse Nancy Messonnier, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

"Tenha suprimentos suficientes para o lar e comida, para que estejam preparados para ficar em casa por um período de tempo", acrescentou.

Máscaras, ruas vazias e espaços públicos com eventos cancelados, incluindo missas. A apreensão cresce na Itália no ritmo da divulgação de novos casos. Há três anos em Milão, o primeiro contato da jornalista brasileira Mari di Pilla com a situação se deu na quinta-feira, durante um desfile na semana de moda local. "Já se comentava bastante, mas ninguém ainda usava máscara. No dia seguinte, tudo mudou e o uso se generalizou. Até que no domingo dois desfiles importantes foram cancelados", conta ela.

Um decreto do Ministério da Saúde, com disposições específicas e destinadas aos residentes da Lombardia, foco do surto em 11 cidades, cancela eventos e pede às pessoas um "toque de recolher voluntário", ao "evitar frequentar lugares superlotados e de participar de manifestações".

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Entre as medidas extraordinárias, válidas até dia 1.º, há restrição na circulação entre as cidades afetadas, fechamento de 5.500 escolas, além de creches, teatros, cinemas e museus. Anteontem, o chefe da região do Vêneto, Luca Zaia, suspendeu até o tradicional carnaval de Veneza.

No esperado desfile de Giorgio Armani em Milão, os modelos desfilaram na passarela excepcionalmente sem plateia - jornalistas e compradores puderam acompanhar o evento ao vivo, mas pelas redes sociais. Armani tomou a decisão minutos antes do início do desfile, preferindo um teatro vazio. Moradora do agitado Naviglio, bairro central de Milão, famoso por sua vida noturna e seus canais navegáveis, projetados por Leonardo da Vinci, Mari aliás se surpreendeu com a ausência de pedestres no local.

Segundo o motorista de Uber brasileiro Wenderson, há dois anos em Milão, o movimento caiu, ao menos 40%. "Ninguém quer saber de sair de casa", afirmou. Cenas como a de El Duomo e do Teatro alla Scala fechados começam a correr o mundo.

Curadora do Salão Satélite, mostra que ocorre paralelamente ao Salão do Móvel de Milão, Marva Griffin teve de rever seus planos de viagem. Com conferência confirmada para março, em São Paulo, ela cancelou seu compromisso. "Nossa diretoria proibiu qualquer deslocamento de nosso staff para o exterior até segunda ordem. Jamais vi situação como esta."

A preocupação atinge todos os que chegam, independentemente de virem de países ainda sem o surto. Ainda no avião que levava o time do Barcelona a Nápoles, jogadores e demais integrantes da delegação tiveram a temperatura medida por médicos locais. O jogo de desta terça está mantido pela Uefa, mas atividades de basquete, vôlei, hóquei no gelo e patinação artística em toda a região norte forem suspensas no fim de semana.

Eventos futuros também já são afetados. A feira de literatura infantil e juvenil de Bolonha - a principal do mundo - foi adiada em razão do avanço do coronavírus na Itália. O evento, que seria realizado de 30 de março a 2 de abril, foi transferido para 4 a 7 de maio.

"Se fala de tudo e de modo confuso: isolamento, fechamento de escolas, cinemas, teatros. Mas a cada nova notícia, o resultado é o mesmo, com as pessoas correndo para estocar comida", conta o arquiteto brasileiro Gustavo Minosso, há 12 anos em Milão.

Apesar de continuar a frequentar seu escritório normalmente, Minosso tem evitado lugares fechados. Até o momento, não vê motivos para pânico. "Existe muito alarmismo", argumenta.

Mas até as missas estão canceladas no norte da Itália. Enterros e casamentos podem ser celebrados, mas somente com a presença dos parentes próximos. A Igreja até sugere assistir missas pela TV. Padre Gabriele Bernardelli, pároco da cidade de Castiglione d'Adda, dirigiu uma mensagem comovente aos fiéis. "Percebemos a nossa impotência e, por isso, gritemos a Deus a nossa surpresa, o nosso sofrimento, o nosso temor."

Caminho inverso

Entre os brasileiros que pretendem se deslocar para Milão, ou arredores, nos próximos dias - e meses - a sensação geral é de espera. "Até o momento, não tivemos nenhum tipo de desistência", diz a agente de viagens Simonetta Occhionero.

Um de seus clientes, no entanto, o empresário gaúcho Edson Busin, diretor de Marketing da Dell Ano, já está revisando seus planos de viagem para o Salão do Móvel de Milão, marcado para abril. "Há seis meses programamos a viagem, mas na sexta faremos uma reunião final para decidir sobre nossa ida e, pelas notícias que temos até agora, a possibilidade de que ela não ocorra é bem grande."

OMS

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na segunda-feira que "temos de frear a epidemia" o mais rápido possível, pois o vírus do Covid tem potencial pandêmico. Oficialmente, está mantido o status de emergência sanitária internacional para o vírus.

Por enquanto, o que difere o atual momento do que ocorreu na pandemia de gripe aviária, em 2009, é a abrangência. "Não há complicações graves ou mortes em larga escala", observou o especialista.

Além disso, grande parte dos casos continua ligada à China.

Brasil

O Ministério da Saúde adicionou na segunda-feira oito países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo Itália, Alemanha e França. Além desses, entram no rol do governo Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes. Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e apresentem sintomas, como febre forte e tosse. O novo protocolo, antecipado pelo estadao.com.br, é resultado da confirmação de transmissão do vírus dentro desses países.

O registro de sete mortes na Itália, além de quarentena em 11 cidades do país, elevou o alerta global.

Antes, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita de coronavírus era descartada na hora. Agora haverá protocolo específico em que, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.

Uma análise clínica poderá ser feita no desembarque e, caso a suspeita se mantenha, o passageiro será levado a um hospital. Além da China, epicentro do surto, o Brasil já havia colocado no rol de alerta, semana passada, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que não há orientação para evitar ida à Itália. Há recomendação para que não sejam feitas viagens só à China.

O Brasil recebeu ao menos 5,3 mil voos, em 2019, dos países incluídos na lista - 1,3 milhão de passageiros vindos de Itália, França, Alemanha e Emirados Árabes, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O País diz seguir orientações da OMS para ampliar a lista. O critério para incluir países é haver ao menos cinco casos com transmissão interna.

Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Oliveira disse não cogitar medidas restritivas, como vetar a circulação de pessoas ou mercadorias. Medir a temperatura de todos os passageiros de países sob alerta, disse, também é ineficaz. "Muitos casos se transmitem mesmo sem febre."

Há quatro suspeitas no País - três em São Paulo e uma no Rio. Já foram descartadas 54. A avaliação de integrantes da pasta é de que, com a nova lista, o total de suspeitas deve subir. Há no mundo, diz a OMS, 79.409 casos confirmados e 2.622 óbitos.

Medidas

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o governo está em fase final de compra de equipamentos, como máscaras e luvas. Já a contratação de mil leitos em hospitais, anunciada em janeiro, ainda está em análise.

O governo corre para garantir a compra de imunoglobulina, usado em pacientes com imunidade baixa e para amenizar efeitos de infecções. A ideia é trazer o produto emergencialmente da China e da Coreia do Sul, mas a finalização da importação espera aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para Alberto Beltrame, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o País está preparado para eventual chegada do vírus. "Já estão identificados os hospitais e, se a doença evoluir, providências serão tomadas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O óleo derramado na costa do Nordeste já alcança sete praias do Espírito Santo e autoridades temem que ele possa chegar ao Rio de Janeiro nos próximos dias. De acordo com Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas, a direção e intensidade das correntes marítimas e ventos na superfície do mar serão determinantes para a chegada do óleo ao Rio.

O governo do Estado criou um grupo de trabalho especial para a vigilância da costa fluminense. O objetivo é garantir uma pronta resposta em caso de o petróleo chegar no Estado.

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O grupo é coordenado pela secretária estadual do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, e composto por técnicos da secretaria e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

"Na última semana, o Inea realizou a capacitação de 80 pessoas, entre técnicos da Defesa Civil estadual, do Corpo de Bombeiros e do próprio órgão ambiental, além de militares do Exército para atuação em caso de surgimento de óleo na costa", informou o Inea em nota. "O treinamento incluiu atividade prática na praia, onde o grupo simulou atendimento de emergência."

Desde a segunda-feira, 11, o Inea iniciou a capacitação dos 25 municípios costeiros do estado. Inicialmente, o foco será nos municípios do noroeste fluminense e região dos lagos e, na próxima semana, nos municípios da Região Metropolitana e do sul fluminense.

A pichação com tinta vermelha na área externa do salão branco do Supremo Tribunal Federal, feita na terça-feira passada por manifestantes favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, aumentou a preocupação da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, com a segurança das instalações da Justiça.

Cármen Lúcia teme que, em pelo menos duas ocasiões próximas, novos atos de vandalismo possam ser praticados. O primeiro, em 15 de agosto, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), último dia do prazo para registro de candidaturas. Depois, no dia da posse do ministro Dias Toffoli na presidência do STF, em meados de setembro, na solenidade que tradicionalmente reúne chefes de Poderes e autoridades. A presidente do STF também já teve a fachada do prédio onde mantém um apartamento em Belo Horizonte pichado com tinta vermelha, em abril, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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O assunto deve ser tema de reunião, nesta semana, a ser realizada com representantes dos órgãos que cuidam da segurança da Esplanada dos Ministérios. Este é um assunto que preocupa não só o STF, mas também o Palácio do Planalto, o governo do Distrito Federal e o Congresso.

Possíveis manifestações também despertaram atenção de integrantes do TSE, cuja equipe de segurança está monitorando a questão. No Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também presidido por Cármen, os vigilantes foram orientados a redobrar os cuidados após o ato de vandalismo no Supremo.

Após o relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, afirmar que sua família tem sofrido ameaças, Cármen autorizou o aumento do número de agentes para escolta permanente do colega. Atualmente, 110 magistrados estão sob ameaça no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O soldado A. viveu dias de apreensão às vésperas da operação conjunta das Forças Armadas e da polícia na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, pouco antes do carnaval. Seu temor era ser convocado para atuar na própria comunidade onde nasceu, foi criado e ainda vive com a família. A., a mãe e a avó só se sentiram aliviados quando saiu a escala de serviço: o rapaz, militar há um ano, fora designado para atividades no quartel.

"Seria muito desconfortável. Tem gente que cresceu comigo e hoje está no tráfico. Não sei como ia reagir na hora H", contou A., revelando um drama pelo qual vêm passando praças envolvidos na intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro.

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Jovens como A., oriundos de comunidades pobres, que ingressaram nas Forças Armadas em busca de emprego estável e ascensão social, temem ser vistos por traficantes no papel de inimigo. Isso poderia desencadear represália para si e para parentes. Para se resguardar, quando em missões nas favelas, eles usam máscaras que cobrem o rosto inteiro - apenas os olhos ficam de fora.

"Até hoje fui poupado, eles dão preferência a pessoas de fora. Mas se tiver de ir, não vai ter jeito. Vou fazer tudo para não ser reconhecido", disse A.. "Eu não me envolvo com ninguém, mas tenho amigo do lado de lá. Todo mundo tem. Procuro nem passar perto. Acredito na intervenção e na construção de um Rio e um País melhor se as operações forem sérias. Só não adianta fazer operação e sair. Tem de ficar", continuou.

Segundo A., é comum que informações sobre as investidas militares cheguem antes aos ouvidos dos traficantes, por causa da convivência natural nas favelas. "Eu nunca informei, mas um vai comentando com o outro, e todo mundo acaba sabendo", explicou o jovem.

O soldado não imaginava que o cerco à Cidade de Deus antecederia a intervenção, decretada pelo presidente Michel Temer (MDB) após o carnaval, com duração prevista até 31 de dezembro. A preocupação com a situação dos jovens que servem nas comunidades já existia desde que foi decretada a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), há sete meses. Foi quando começaram ações conjuntas entre militares e policiais no combate à violência no Rio.

Auxílio-moradia

Em janeiro, ao defender a volta do auxílio-moradia para militares, extinto em 2000, o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, declarou que o benefício era fundamental porque as famílias do contingente empregado em áreas com tráfico "ficam vulneráveis e são ameaçadas". O almirante também considerou que "o risco de contaminação da tropa (pela proximidade com os traficantes) é grande". A fala foi endossada pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas.

Militares que participaram em 2017 de ações na Favela da Rocinha, zona sul, também temeram ser identificados. Ali, havia agravante: a comunidade era dominada por bandidos de uma quadrilha que se dividiu em duas facções diferentes - Amigo dos Amigos e Comando Vermelho - e entraram em confronto. A parcela do efetivo de moradores de lá ou de outras favelas sob o jugo de bandidos desses grupos se sentiu duplamente ameaçada. Alguns chegaram a usar máscaras com desenho de caveira, o que causou medo na população e reação nos superiores, que mandaram que fossem retiradas. "Incomoda demais (a máscara). Gera terror", contou um morador da Kelson's que testemunhou operações militares em sua comunidade no início da semana. Porém, diz, é compreensível que os soldados queiram se resguardar.

Uma representante comunitária da Cidade de Deus confirma que os jovens alistados no serviço militar vivem o dilema entre o dever e o risco que correm. "Os rapazes da comunidade que servem nas Forças ficam nessa tensão. Os moradores sabem quem se alistou, as mães comentam, as famílias comemoram. Com operações frequentes, muda de figura. Eles saem à paisana e trocam a roupa no quartel", contou uma representante comunitária da Cidade de Deus.

Guerra

Liderança do Complexo do Chapadão, na zona norte, Gláucia dos Santos denunciou à Anistia Internacional o barril de pólvora que pode se tornar um confronto que divide jovens que foram criados juntos e têm armas de alto calibre nas mãos. "Estão tentando criar uma guerra nas favelas", disse Gláucia, cujo filho de 17 anos foi morto pela polícia em 2013. "A maioria que vai para o Exército é favelada e há essa rivalidade com os que foram para o tráfico. Eles vão enfrentar o próprio povo: vão se matar."

Fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa foi um dos primeiros a chamar a atenção para a questão. "Os soldados são moradores das comunidades, e isso causa dois problemas: a possibilidade de informações sobre as operações vazarem e os jovens sofrerem retaliações, virar alvo, especialmente se houver muitas baixas. O interventor deve cuidar."

O Comando Militar do Leste (CML) informou que já toma precauções para a segurança dos militares que moram em favelas e vai intensificá-las. Mas admitiu que nem sempre é possível alocar apenas jovens que não sejam das proximidades da área em que vão atuar. O uso de balaclavas (toucas ninjas que cobrem o rosto) é permitido. Mas o pano deve ser escuro e sem desenhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O medo da febre amarela desatou nas últimas semanas no Rio de Janeiro um massacre de macacos, considerados equivocadamente vetores do vírus, apesar de estes serem a melhor defesa contra a doença, advertem autoridades.

Desde o início do ano, 238 macacos apareceram mortos no estado, contra 602 em todo o ano passado, informaram os serviços sanitários da cidade do Rio.

Sessenta e nove por cento apresentavam sinais de agressão, a maioria de espancamento ou envenenamento. O restante morreu devido a doenças diversas, que são investigadas neste laboratório aonde chegam os macacos encontrados mortos no estado do Rio para avaliar a possível presença de vírus como o da febre amarela.

Após o último surto desta doença, que causou a morte de 25 pessoas neste estado desde o começo do ano, a população começou a procurar em massa vacinas em falta, mas alguns decidiram agir contra os macacos, em uma cidade entrelaçada com a floresta tropical.

"As pessoas precisam saber que quem transmite o vírus da febre amarela é o mosquito. O macaco é uma vítima, como o ser humano. Se o macaco não estiver no ambiente, o mosquito vai buscar o homem para se alimentar", explica à AFP Fabiana Lucena, chefe da Unidade de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, perto do centro do Rio.

Em sua mesa de trabalho, alinham-se os corpos de uma dezena de pequenos primatas que devem ser submetidos a necropsia.

"Este apresenta múltiplas fraturas na mandíbula, na coluna, assim como diversas fraturas em ossos do crânio", explica, enquanto apalpa delicadamente a cabeça do animal.

Os corpos dos macacos que chegam ao laboratório foram encontrados em vias públicas, alguns no meio da cidade.

A prefeitura habilitou um número de telefone para que a população aponte o aparecimento de carcaças, a fim de que os serviços sanitários possam retirá-las.

"Quando foram anunciadas as primeiras mortes [de humanos] relacionadas com a febre amarela este ano, em meados de janeiro, havia dias em que recebíamos uns vinte macacos mortos, dos quais 18 com sinais de agressão", conta a veterinária.

- Sentinelas -

No laboratório, os macacos são submetidos a uma necropsia e, em alguns casos, fragmentos de órgãos são enviados à Fundação Oswaldo Cruz, renomado centro de epidemiologia, para identificar eventuais casos de doenças como a febre amarela.

As carcaças são incineradas em um crematório nas mesmas instalações dos serviços sanitários.

"Os macacos servem de sentinelas, nos mostram onde o vírus está", insiste Fabiana Lucena.

"Para poder fazer uma campanha de vacinação mais intensa nas áreas onde estão ocorrendo mortes de macacos por febre amarela. A partir do momento que o ser humano interfere nisso, isso dificulta a rastreabilidade do vírus", conclui.

Também foram identificados massacres destes animais em outras regiões do Brasil, especialmente nos estados vizinhos de São Paulo e Minas Gerais, onde foi registrado o maior número de casos de febre amarela.

Em São Paulo, uma equipe de biólogos que trabalha em um parque da cidade lançou nas redes a campanha #Freemacaco, depois de ter recolhido dois filhotes que ficaram órfãos após a morte da mãe, assassinada a pancadas.

Em escala nacional, 98 pessoas morreram e 353 contraíram a febre amarela no período que vai de 1º de julho a 6 de fevereiro, segundo o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde.

A febre amarela no Brasil se apresenta na modalidade de ciclo rural e está restrita a áreas de floresta, consideradas prioritárias para efeitos de imunização.

A modalidade urbana ocorre quando um mosquito transmite o vírus de uma pessoa contaminada a outra saudável. Mas não há registros deste ciclo no Brasil desde 1942 e as autoridades negam indícios de uma urbanização da doença.

A febre amarela causa febre, calafrios, fadiga, dor de cabeça e muscular, geralmente associados a náuseas e vômitos. Os casos severos causam insuficiência renal e hepática, icterícia e hemorragia.

O governo vai tentar votar ainda nesta quarta-feira, 19, um novo requerimento de urgência para acelerar a tramitação da reforma trabalhista na Câmara. A pressa para aprovar o texto passa pelo temor de que as manifestações convocadas pela oposição para o próximo dia 28 façam os deputados da base desistirem de apoiar o projeto.

"Eu estou avisando, se não aprovarem a urgência do projeto, a reforma pode ir para as calendas", disse o relator do texto, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), usando uma expressão que significa adiar algo para uma data que nunca há de vir.

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As centrais sindicais convocaram para o próximo dia 28 uma greve geral contra as reformas da previdência, trabalhista e a aprovação da Lei da Terceirização irrestrita. Um interlocutor do governo afirma que, se a mobilização for muito grande, poderá fazer com que deputados desistam de apoiar as reformas, por medo da pressão popular.

A derrota durante a votação do requerimento de urgência nesta terça-feira, 18, surpreendeu o Palácio do Planalto, que vê a aprovação da reforma trabalhista como um termômetro para o apoio que o governo vai ter nas mudanças da Previdência.

O governo precisava de 257 votos a favor, mas conseguiu apenas 230. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiu a responsabilidade da derrota e disse que cometeu um erro ao colocar o projeto em votação quando não havia número suficiente de deputados no plenário.

Nesta quarta, ele afirmou que a votação serviu de alerta para a base aliada perceber que precisa "ficar mais atento para não levar susto". O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), começou o dia ligando para líderes da Casa para garantir a aprovação da urgência.

Se não conseguir aprovar o requerimento nesta quarta, a tramitação da reforma deve atrasar, pois o texto terá que seguir prazos regimentais e poderá ser votado na comissão somente daqui a duas semanas. A ideia do governo, porém, é aprovar o projeto no plenário da Câmara já na próxima semana.

As manifestações de rua previstas para hoje, em todo o País, preocupam o Palácio do Planalto. O receio é de que os protestos sirvam para puxar uma perigosa onda de mobilização pela saída do presidente Michel Temer, como aconteceu com Dilma Rousseff, deposta em agosto por um processo de impeachment. Na avaliação do governo, o Congresso contribuiu, nos últimos dias, para aumentar a tensão política, ao aprovar um pacote que desfigurou as medidas contra a corrupção.

Sem conseguir reduzir sua impopularidade e sofrendo um revés atrás do outro na economia, Temer procura escapar de eventos em locais abertos desde que assumiu o cargo, há seis meses, mas ontem, após ser criticado, compareceu ao velório de jogadores da Chapecoense e jornalistas na Arena Condá, em Santa Catarina. A "voz das ruas" também foi a justificativa usada pelo presidente, há uma semana, ao anunciar que jamais sancionaria uma proposta de anistia a caixa 2, caso a iniciativa fosse aprovada pela Câmara. Foi surpreendido, porém, com críticas de tucanos, para quem a fala expôs a fragilidade do governo.

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O comportamento do PSDB na crise tem causado estranheza a Temer e até ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na quarta-feira, por exemplo, o presidente soube que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) participou da articulação para tentar votar, a toque de caixa, o pacote aprovado pela Câmara, no qual foi embutido o crime de abuso de autoridade contra juízes, procuradores e promotores.

A manobra foi conduzida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas acabou se transformando em um fiasco. Informações que chegaram ao Planalto - muitas delas vindas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - dão conta de que Renan, hoje réu em ação penal por peculato, será o principal alvo das manifestações deste domingo, ao lado de bandeiras pedindo o fim da corrupção.

Interlocutores de Temer disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, porém, que a desastrada operação do presidente do Senado provocou ainda mais repúdio da população à classe política, respingando no Planalto. O governo esperava esfriar os protestos ao anunciar posição contrária ao caixa 2, e sair das cordas com uma "agenda positiva", mas, diante de tantos problemas, a semana serviu para elevar a temperatura da crise. De quebra, trouxe más notícias na economia, com a divulgação da sétima queda consecutiva no desempenho trimestral do Produto Interno Bruto (PIB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nos primeiros painéis de quarta-feira (21), no Fórum Econômico Mundial de Davos, sinais de certo otimismo misturaram-se a uma sensação de insegurança de empresários e investidores, derivada da natureza muito ampla e pouco mapeada dos riscos globais.

A queda pela metade - totalmente inesperada - do preço do petróleo; o fato de os principais bancos centrais do mundo estarem entrando em rota de divergência (contração monetária nos EUA, mais expansão na zona do euro e no Japão); os muitos riscos geopolíticos; e até solavancos inesperados, como a repentina supervalorização do franco suíço na semana passada, na esteira da decisão do BC da Suíça de acabar com o limite à apreciação - todos esses são fatores que trazem incerteza à elite global reunida em Davos. Alguns deles são até positivos, como o petróleo barato, mas a forma drástica e imprevisível como ocorreu reforça o sentimento de cautela dos investidores.

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Recuperação

No lado positivo, o principal fato é a recuperação da economia americana, que está firmemente sustentada, como observou Anshu Jain, co-CEO do Deustche Bank, por diversos fatores: tecnologia, juros reduzidos, "shale gas" (gás de xisto) e a demanda dos consumidores, ainda mais fortalecida pela queda do preço do petróleo.

Segundo Anthony Scaramucci, fundador e sócio-gerente do hedge fund SkyBridge Capital, as empresas do S&P 500 estão sentadas numa pilha de mais de US$ 2 trilhões em dinheiro, e uma surpresa positiva pode ser a de que esses recursos comecem a ser investidos à medida que prossiga a recuperação da economia dos Estados Unidos. Os riscos, porém, são numerosos e alguns dos principais têm natureza pouco conhecida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Comissão Reguladora Bancária da China (CBRC, na sigla em inglês), Shang Fulin, afastou os temores de riscos no sistema financeiro do país. "Os riscos se acumularam à medida que os bancos chineses se desenvolveram rapidamente nos últimos anos, mas esses riscos são, em geral, gerenciáveis", afirmou. Em coletiva de imprensa, Shang declarou que as instituições possuem "amplas" reservas contra empréstimos inadimplentes.

Os últimos dados do banco central mostraram que o crescimento total de crédito na China desacelerou dramaticamente em fevereiro por causa de preocupações com calotes. Fonte: Dow Jones Newswires.

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O euro opera em forte queda ante o dólar nesta segunda-feira, com os temores de uma possível saída da Grécia da zona do euro, após os líderes dos principais partidos do país não terem conseguido chegar a um acordo sobre um governo de coalizão, durante reuniões no fim de semana. A onda de aversão a risco nos mercados prejudica também outras moedas emergentes, como o dólar australiano.

Por volta das 9h20 (pelo horário de Brasília), o euro caía a US$ 1,2860, US$ 1,2919 no fim da tarde de sexta-feira em Nova York. É a primeira vez que o euro recua abaixo de US$ 1,29 desde 23 de janeiro. O dólar recuava para 79,78 ienes, de 79,94 ienes. O índice ICE Dollar, que pesa a moeda norte-americana ante uma cesta de seis principais concorrentes, ganhava 0,35%, a 80,548 pontos. O dólar australiano recuava para US$ 0,99, caindo abaixo da paridade com o dólar norte-americano pela primeira vez desde 20 de dezembro do ano passado.

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Os líderes dos partidos gregos continuam a negociar, mas se eles não chegarem a um acordo até a terça-feira o país terá de convocar novas eleições dentro de aproximadamente um mês. E nesse novo pleito devem ganhar mais força ainda partidos que se opõem aos termos do segundo pacote internacional de resgate, de 130 bilhões de euros, em troca do qual o país se comprometeu a adotar duras medidas de austeridade.

Apesar da queda acentuada do euro, as respostas nos mercados de câmbio à crise na Europa são menos acentuadas do que as oscilações observadas em 2011. Mesmo assim estrategistas dizem que estão se preparando para o pior. "Nós ainda estamos longe da saída da Grécia da zona do euro, mas a incerteza é suficiente para aumentar a busca por segurança", disse Ulrich Leuchtmann, do Commerzbank.

As incertezas também refletem preocupações mais amplas com o crescimento da zona do euro, segundo analistas. Nesta segunda-feira, um leilão relativamente bem-sucedido de bônus realizado pela Itália ajudou a aliviar um pouco o clima, mas foi ofuscado pela queda na produção industrial na zona do euro em março. A produção recuou 0,3% ante fevereiro e 2,2% na comparação com março do ano passado. É o maior declínio anual desde dezembro de 2009.

Enquanto isso, o fato de a China ter reduzido as exigências de compulsório para os bancos do país não foi suficiente para dissipar os temores em relação à desaceleração da segunda maior economia do mundo. As informações são da Dow Jones.

O governo tinha indicações que as variações do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro e no quarto trimestres deste ano poderiam vir negativas, evidenciando um "mergulho" da atividade econômica. Integrantes da área econômica acreditam que isso pode ter precipitado a ação do Banco Central, que decidiu cortar a taxa de juros em 0,5 ponto porcentual, para 12% ao ano, surpreendendo o mercado financeiro.

O corte nos juros foi feito esta semana para evitar que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro, a redução necessária fosse ainda mais drástica. As evidências de esfriamento interno e externo são tão contundentes que o Banco Central já se prepara para cortar de 4% para 3,5% a taxa de expansão do PIB em 2011 no Relatório de Inflação que será divulgado no fim deste mês. O número pode ser modificado, a depender dos dados econômicos que serão divulgados ao longo dos próximos 20 dias.

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Com a redução da estimativa, o BC tenta transmitir a mensagem de que não trabalha com meta de crescimento do PIB. Ou seja, havia espaço para corte nos juros porque a economia cresceria menos, colocando menor pressão sobre a inflação.

Por enquanto, o Ministério da Fazenda mantém sua projeção de 4,5% de crescimento, mas o ministro Guido Mantega admitiu que o resultado deve ser mais próximo de 4%. A divulgação do resultado do PIB do segundo trimestre na sexta-feira, mostrando desaceleração, confirmou o que a área econômica já sabia. Os técnicos esperavam crescimento entre 0,5% e 1%. O resultado divulgado pelo IBGE foi uma expansão de 0,8% sobre o trimestre anterior, o que aponta para uma taxa anualizada de 3,2%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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