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A cantora Daniela Mercury não vai participar de festas de rua no carnaval de 2022. A decisão da cantora foi anunciada nesta sexta-feira, 3, e se dá pelo momento de incerteza da pandemia de coronavírus, causada pelo surgimento da variante Ômicron. "Sinto muito em anunciar isso, mas avaliamos bem a situação e chegamos à conclusão que o cenário é muito incerto", disse a baiana.

Antes mesmo da identificação da Ômicron e da sua chegada ao Brasil, alguns produtores já tinham decidido não sair no carnaval do ano que vem. Em Salvador, terra de Daniela Mercury, a produtora Flora Gil, esposa do Gilberto Gil, anunciou no dia 24 de novembro que não produziria o camarote Expresso 2222, um dos principais espaços do carnaval da capital baiana. No último domingo, 28, a cantora Preta Gil também anunciou que não ia desfilar com o seu bloco, o Bloco da Preta. A chegada da nova cepa acelerou os cancelamentos.

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Daniela ainda afirmou que já considera que, na Bahia, o governo e a prefeitura não vão realizar o carnaval de 2022. As gestões ainda não se pronunciaram publicamente sobre o assunto, mas cancelaram as festas de réveillon. Na cidade de São Paulo, onde também se apresenta, Daniela também não vai desfilar com o seu bloco Pipoca da Rainha no ano que vem. O bloco encerrou o carnaval de São Paulo em 2020. "Se for mantida a liberação das autoridades sanitárias, tentaremos, na medida do possível, realizar shows e eventos durante todo o verão, sempre com limitação de público e com a exigência das duas doses da vacina", afirmou.

"Além disso, continuo estimulando meus fãs e todos os brasileiros a usarem máscara. O momento ainda não é de plena tranquilidade, mesmo com as vacinas salvando milhares de vidas", concluiu Daniela.

Em entrevista ao Estadão, a doutora em microbiologia pela USP e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Natalia Pasternak, afirmou que o momento atual da pandemia não dá segurança festas públicas com grande aglomeração independente da presença da Ômicron. "Precisamos esperar para ver como o vírus vai se comportar com a população vacinada. Não podemos retroceder no que avançamos até agora", afirmou.

O ano de 2021 deixará marcas profundas naqueles que amam o Carnaval. A não realização da festa, em virtude da pandemia do coronavírus, deixou triste os foliões que aguardam vários meses para curtir a folia e causou impactos severos naqueles que dependem do ciclo carnavalesco para sobreviver. Para os profissionais que se dedicam à manutenção de agremiações da cultura popular, a falta do Carnaval provocou muito mais que apenas lágrimas, causando baixas financeiras em seus cofres e, também, comprometendo a continuidade de saberes e tradições muitas vezes seculares. Com a possibilidade da repetição desse quadro em 2022, algumas agremiações pernambucanas temem o risco de fecharem em definitivo as portas e não voltarem mais às ruas. 

No mundo do samba, poucas são as escolas promovendo ensaios regulares para esquentarem suas baterias e desfilantes. Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes, presidente da Liga Nordeste das Escolas de Samba e da Escola Pérola do Samba, além de vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), revelou que muitas agremiações do segmento  preferiram aguardar pela definição do Governo do Estado de Pernambuco quanto à realização do Carnaval em 2022 antes de promoverem qualquer atividade.

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A espera apertou o cronograma para as escolas, que necessitam de bastante tempo, mão de obra e recursos financeiros para produzirem um desfile. Somando isso ao prejuízo acumulado durante o ano de 2021, a viabilidade de um espetáculo totalmente novo para 2022 fica cada vez menor. “Não há tempo de se fazer fantasias e carros alegóricos até fevereiro. Na minha opinião, como cidadão, acredito que não vai ter Carnaval oficial. Carnaval vai ter porque o povo faz de qualquer jeito, mas bancado pelo poder público acredito que não terá”. 

Nunes conta, também, que muitas escolas da Região Metropolitana do Recife estão com as contas apertadas, sofrendo corte de energia por falta de pagamento e até correndo o risco de fecharem de fato. Para tentar reverter o quadro, a Federação propôs à Prefeitura do Recife que, em caso de realização do Carnaval, fossem realizados desfiles simbólicos, com número reduzido de componentes e sem a disputa do tradicional concurso de Carnaval para que todas pudessem garantir suas subvenções e terem os valores dos prêmios divididos de forma igual. “Se não fizermos isso, vai ser mais um ano sem ganhar novamente. Sofremos um forte impacto e para se recuperar, para o concurso, as escolas vão precisar de muito mais que um ano”.

As escolas de samba pernambucanas estão aguardando a definição do Governo do Estado quanto à uma possível realização do Carnaval em 2022. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Já para os afoxés o ritmo de retomada tem sido um pouco diferente. Segundo Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) e do Afoxé Alafin Oyó, todas as agremiações já estão desenvolvendo atividades, sobretudo as religiosas. A expectativa é de que haja alguma “celebração” do Carnaval 2022, ainda que seja de forma reduzida, em clubes ou espaços fechados, ou até mesmo de maneira híbrida ou remota. 

Fabiano lamenta que, após um ano sem Carnaval e sem a renda que ele proporciona às agremiações, “as pessoas estão quebradas,  tentando literalmente sobreviver” e afirma que o auxílio emergencial ofertado pela Prefeitura do Recife e ainda a  Lei Aldir Blanc, no último ciclo, não foram suficientes para suprir as demandas de todos. “O auxílio do Carnaval 2021 foi a maior balela. As pessoas se iludiram com essa  possibilidade, mas não conseguiu atender a cadeia produtiva geral. Como foi dividido por porcentagem, tiveram entidades que ganharam o que se tinha almejado, mas que também não serve pra nada, se você pensar em toda a cadeia produtiva, cantores, dançarinos, costureiras, você não consegue fazer a distribuição. Houve entidades que receberam R$ 980. Nas linhas miúdas do auxilio, não só os afoxés mas maracatu e outras entidades se prejudicaram muito”.

Para o presidente da UAPE, um segundo ano consecutivo sem a realização do Carnaval representa o risco de fragilizar ainda mais essas agremiações, muitas delas correndo o risco de encerrarem suas atividades em definitivo. Fabiano acredita que o momento servirá para  consolidar uma já existente “relação inferiorizada” da cultura popular com o poder público e que muitas entidades do segmento acabarão caindo novamente “na indução do erro de aceitar qualquer coisa” como remuneração, ou auxílio.

“A gente vive uma disputa de classe a qual nós permanecemos ainda nesse lugar do prestador de serviço, de mão de obra barata, inclusive fazendo a releitura da própria escravidão. A escravidão tinha essa mão de obra em valor tranquilo para estabelecer lucro, é o que temos hoje. A cultura popular é essa mão de obra que permanece na mesma relação trazendo lucro para o estado. A gente recebe muito menos do que deveria ou o velho pão para se alimentar e estar mantendo esse ciclo vicioso de que os coronéis ganham, é a escravidão paga”, disse o presidente da Uape. 

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Outra organização que cuida de um dos maiores símbolos da cultura tradicional pernambucana, o maracatu de baque virado, também teme passar mais um ano sem atividades. Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e da Nação Aurora Africana, diz que no meio, todos estão bastante preocupados com o surgimento da nova variante do coronavírus, a ômicron; e com a possibilidade de passar mais um ano sem ir às ruas, “poucos maracatus estão realizando algum tipo de atividade”. 

No lugar do sonho com mais um ano de brilho e muito batuque, a realidade das nações é a perspectiva de mais um período amargando prejuízo. “Já estão acontecendo diversos eventos como se estivesse tudo normalizado mas as agremiações ainda estão sofrendo com a  pandemia porque elas vão ser as últimas a terem alguma coisa, enquanto os eventos estão acontecendo a todo vapor, as agremiações estão ainda a ver navios sem perspectiva de nada”. 

Sotero também criticou a aplicação da Lei Aldir Blanc para os fazedores de cultura popular. Para ele, o auxílio foi mesmo “um balde de água fria” com poucos contemplados, ao passo que "artistas grandes, já consagrados” acabaram levando uma fatia maior do bolo. “As agremiações ficaram ao relento, ou com apenas alguma migalha”. No último mês de outubro, a Amanpe chegou a promover um protesto em frente à Prefeitura do Recife exigindo melhorias nas subvenções pagas às nações e outras medidas que dariam maior suporte a elas, no entanto, até o momento não houve, segundo o presidente, nenhuma definição quanto às pautas apresentadas. 

Para Fábio, passar mais um ano sem colocar os batuques nas ruas causará impactos quase irreparáveis. Com as nações ‘no vermelho’ e muitos maracatuzeiros que tiveram que parar sua dedicação ao ‘brinquedo’ para conseguirem gerar renda através de outros ofícios, as consequências e prejuízos precisarão de muito tempo e apoio para serem revertidas. Algumas, talvez, não conseguirão ser solucionadas.

“Algumas manifestações vão deixar de existir porque tem gente que não vai dar continuidade. Se o próximo Carnaval for no mesmo formato deste de 2021, no qual a prefeitura inventou um auxílio emergencial para calar a boca que foi uma vergonha, uma migalha, então mais uma vez a gente vai ter perdas de extrema importância, uma perda irreparável. Não foi fácil, não está sendo fácil e vai ser pior ainda caso isso se repetir. A gente vai tentar negociar uma possível apresentação virtual ou alguma coisa nesse sentido que não seja apenas aquele auxílio emergencial vergonhoso”, finalizou o presidente da Amanpe. 

As nações de maracatu também estão em situação de fragilidade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Auxílio do poder público

O LeiaJá procurou as prefeituras do Recife e de Olinda para questionar sobre as tratativas para um possível Carnaval em 2022. Através de sua assessoria de imprensa, a gestão recifense afirmou estar discutindo o assunto com a ajuda de um comitê formado por cidades que realizam grandes carnavais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e que a decisão levará em conta as orientações das autoridades sanitárias.

Sobre as subvenções pagas às agremiações, eventuais auxílios financeiros aos grupos da cultura popular e artistas, ou outras estratégias de apoio a esses profissionais, a Prefeitura do Recife não emitiu resposta. “As tratativas sobre o Carnaval 2022, neste momento, no Recife, são conduzidas pela comissão formada em setembro, da qual faz parte a Secretaria de Saúde, realizando o monitoramento permanente do quadro sanitário e das recomendações”, diz a nota. 

A gestão de Olinda também afirmou, através de sua assessoria, estar trabalhando “com três hipóteses: não realização; que a festa aconteça com controle de acesso; realização do Carnaval em um cenário epidemiológico de 90% da população brasileira totalmente imunizada”. Além disso, colocou que a decisão será tomada “conjuntamente com outros municípios”. A respeito de possíveis auxílios financeiros à artistas e agremiações também não houve resposta. 

Na última quarta (1º), o secretário de saúde do estado de Pernambuco, André Logo, estipulou um prazo para a definição sobre a realização do Carnaval do próximo ano em terras pernambucanas. Durante reunião da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o secretário afirmou que até o dia 15 de janeiro de 2022 a pauta será decidida.

 

 O Governo de Pernambuco só pretende decidir sobre a realização do próximo Carnaval na segunda quinzena de janeiro de 2022. Em coletiva de imprensa realizada no Palácio do Campo das Princesas, na área central do Recife, nesta quinta-feira (2), o secretário estadual de Saúde, André Longo, manifestou preocupação com o cenário de incertezas produzido pela chegada da variante Ômicron ao Brasil. Além disso, o secretário chamou a atenção para o fato de que 581.083 pernambucanos seguem com a segunda dose da vacina contra covid-19 atrasada.

“O Comitê de Enfrentamento à covid-19 em Pernambuco se reuniu e acha que a melhor análise desse cenário [de um possível carnaval] não é nesse momento. É preciso avançar mais e trabalhar hoje com a necessidade da dose de reforço. Nós precisamos saber como essa variante nova vai se comportar no inverno europeu, não sabemos ainda se ela é resistente à vacina. Tem várias incertezas que a gente precisa dirimir pra poder falar com convicção sobre o carnaval. Hoje, não é possível atestar que há segurança sanitária para realização desse evento, com dados que a gente tem”, afirmou Longo.

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Ciclo natalino

Apesar disso, o secretário falou com otimismo sobre a possibilidade de promoção do ciclo natalino no estado. “Temos um plano de convivência que está em vigor e aponta para as necessidades e limitações desse cenário, que ainda é um cenário positivo. estamos trabalhando dentro de um cenário positivo [...] É possível, inclusive, o poder público fazer algum tipo de evento, mas com limitação de 300 pessoas, com o protocolo de pessoas vacinadas, utilizando máscara e tentando manter o distanciamento social”, acrescentou Longo.

Ao contrário das medidas de flexibilização das máscaras anunciadas pelo estado de São Paulo, Pernambuco manterá o uso do EPI como obrigatório. “Não vamos pensar em abdicar do uso da máscara, mas buscar intensificar seu uso para proteger todos”, assegurou Longo.

Na manhã desta quinta-feira (2), foi realizada, no Plenarinho da Câmara Municipal do Recife, uma audiência pública que convocou o setor artístico-cultural da capital pernambucana para debater as próximas festividades de grande expressão na cidade: o Carnaval e o São João.

A reunião foi promovida pela Comissão Especial, composta por nove parlamentares e presidida pelo vereador Marco Aurélio (PRTB). Essa é a primeira etapa da discussão, que deve ser traduzida em um primeiro relatório, entregue no próximo dia 21.

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No geral, os vereadores buscam formas de promover o Carnaval e o São João de maneira segura, mas podendo, também, ser em proporções diferentes das já conhecidas pelos recifenses. Por esta razão, autoridades sanitárias irão integrar os próximos debates.

Carnaval e economia

A primeira discussão focou nas necessidades do setor cultural e, no caso de não haver realização do Carnaval promovida pela Prefeitura do Recife, quais seriam as formas de assegurar a categoria do ponto de vista econômico.

“Hoje estamos discutindo com o eixo artístico-cultural, os que estão mais calejados neste momento, mas teremos um dia específico para debater somente o eixo-sanitário. O vereador Tadeu (Calheiros), que faz parte da Comissão, está cuidado dessa parte, convidando os órgãos de controle e a Fiocruz está envolvida. A gente quer ouvir os especialistas. Sabemos que após o Carnaval tem gripe, resfriado, conjuntivite. Se a gente achar que dá para ter o Carnaval, se recebermos o ok de que as vacinas estão dando certo, por que não ter? É isso que queremos discutir: como é que vai ser? Depois da pandemia, as coisas não são como antes. Temos que buscar alternativas para que todos estejam seguros, preservando as vidas, mas também permitindo que possam trabalhar”, explicou o vereador Marco Aurélio ao LeiaJá

 O parlamentar reafirmou o tom que foi predominante na reunião. O desejo dos vereadores é de conseguir viabilizar a festividade e estão sendo buscados, agora, caminhos para possibilitar a realização.

“Não havendo - e não é o desejo da gente - o que faremos pelo setor? Esse setor (cultural) gerou, no último Carnaval, R$ 2,3 milhões em receita para o estado, então precisamos, sim, da proposta sanitária, mas também da econômica”, completou Aurélio.

Vacinação

A fala do presidente foi reforçada pela de Tadeu Calheiros (Podemos), que é médico e trabalha na linha de frente contra a Covid-19 desde o início da pandemia. O vereador centralizou o seu discurso na cobertura vacinal, e disse acreditar que a vacinação da população é o caminho mais eficaz para a retomada da normalidade. 

“É importante que façamos um discurso paralelo a isso aqui, para ampliar a cobertura vacinal. Quanto mais avançar a cobertura vacinal, maior será a facilidade para a volta de uma vida pré-pandêmica. Precisamos ampliar o debate, é importante debater à luz da ciência. Isso é uma questão dinâmica: muda a cada fato novo. Poucos dias atrás não tínhamos a variante Ômicron, que pode causar mudanças um pouco mais a frente. A gente precisa ouvir para chegar a um consenso onde podemos contemplar segurança e saúde”, afirmou Calheiros ao LeiaJá.

Na próxima semana, a Câmara ouvirá o setor econômico. Posteriormente, será reunido o eixo sanitário. A Casa também promoverá uma reunião com câmaras municipais de outras cidades que têm o carnaval como uma festividade expressiva, como Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte.

De acordo com os vereadores, de forma unânime, o ideal é que todos os beneficiados, impactados ou interessados nas duas festividades participem e contribuam com a pauta, pois é necessário conciliar tempo e consenso: faltam menos de três meses para o período carnavalesco que o Recife conhece. 

“É muito ruim quando as decisões são tomadas através de canetadas. O intuito dessa comissão é propiciar o debate trazendo as falas dos envolvidos. Essa luta é desde o início da pandemia, em todos os segmentos. A gente não pode deixar essa decisão ser canetada porque as pessoas que sobrevivem da cultura precisam saber qual será a alternativa, se sanitariamente for decidido que não haverá Carnaval”, acrescentou a vereadora Ana Lúcia (PDT), integrante da Comissão.

Carnaval elitista 

O vereador Ivan Moraes (Psol) acrescentou à discussão um ponto mencionado por todas os integrantes do setor cultural ouvidos na Casa. Atualmente, os protocolos sanitários já permitem a realização de eventos fechados de até 7.500 pessoas. Além disso, no Recife e na Região Metropolitana (RMR), já é possível acompanhar festas de rua com aglomerações há alguns meses. Para o parlamentar, decidir proibir o Carnaval sem considerar o histórico da população com a festa popular e as permissões já existentes agora, é mudar o sentido da celebração e promover um Carnaval elitista. 

“A gente não pode ser taxativo, dizendo que não pode ter Carnaval, como se a existência do Carnaval fosse única e exclusivamente de autoridade do estado. Nós conhecemos o Carnaval e ele é uma festa popular. Se você botou o pé para fora do Recife nos últimos meses, se foi em Olinda ou no Recife Antigo à noite, você já vê o Carnaval na rua. Já há possibilidades reais de haver festas pequenas em que algumas estratégias estão sendo tomadas. Pelo decreto sanitário de hoje, já é possível fazer festa para 7.500 pessoas. Se as autoridades sanitárias, que têm responsabilidade de tomar essas decisões, entendem que é possível colocar 7.500 pessoas num local fechado, por que não posso colocar 500, 1.000 num local aberto?”, indagou. 

E continuou, mencionando a existência de pequenos blocos de carnaval e festas de bairro: “Quando a gente pensa em Carnaval, sempre pensa em Galo da Madrugada, Carnaval de Olinda, Homem da Meia-Noite, mas o Carnaval é muito diverso. O Bloco da Ilha de Deus arrasta 300 pessoas, o da Reforma Urbana arrasta 200. Há possibilidade de agremiações menores, com medidas sanitárias, fazer algum tipo de festa. A questão não é vai ou não ter carnaval, mas como podemos fazer algum Carnaval com algum controle sanitário”. 

O parlamentar também reforçou a necessidade de barreiras sanitárias; se não possíveis de forma nacional, uma vez que o Governo Federal não exige passaporte sanitário para a entrada no Brasil, que seja de forma local, através das autoridades estaduais.  

E o adiamento?

“É uma das discussões, estamos querendo pautar isso aqui e ouvindo quem faz parte da cadeira produtiva. Quem sabe, não podendo fazer em fevereiro ou março, poderíamos colocar para julho. Iremos escolher a alternativa mais segura para todos”, afirmou o vereador Marco Aurélio sobre a possibilidade de adiar o Carnaval tradicional de fevereiro e março para uma data posterior, mais viável sanitariamente. 

No entanto, para o vereador Ivan Moraes, a medida é ineficaz e “duplicaria o problema, pois haveriam dois carnavais: um em julho e outro em fevereiro e março. As pessoas ainda sairiam de casa. Chegar numa ladeira onde tem frevo tocando e gente bebendo, já é carnaval. Nas ruas do Recife já está havendo Carnaval”.

Na última  quarta (1º), as festas públicas de grande porte, como Réveillon e Carnaval, foram pauta durante assembleia da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). Na ocasião, prefeitos e prefeitas decidiram cancelar todas as festas públicas na virda do ano. Já em relação ao Carnaval, ficou estabelecido um prazo para a definição de sua realização no Estado: meados de janeiro.

O secretário estadual de saúde André Longo participou da assembleia, por meio de uma videochamada, e tratou sobre o Carnaval. Segundo Longo, o foco da gestão continua sendo a vacinação da população e o Carnaval deverá ser definido até a primeira quinzena de janeiro. 

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Na noite da última segunda (29), representantes do Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte - cidades que integram um comitê nacional formado para pensar o Carnaval 2022 -, se reuniram pela primeira vez para tratar o tema. O saldo do debate foi resumido em uma palavra: “cautela”. Novas reuniões devem acontecer ao longo das próximas semanas a fim de definir uma posição para o ciclo momesco do ano que vem. 

Galo da Madrugada de 2019. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens/Arquivo) 

Uma Comissão Especial da Câmara Municipal do Recife começa a debater a realização do Carnaval, São João e outros grandes eventos de 2022. A primeira das reuniões, que serão todas abertas ao público, está marcada para acontecer às 10h da próxima quinta-feira (2), em formato presencial no Plenarinho da Câmara, localizada na Rua Princesa Isabel, 410, Boa Vista.

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A comissão é presidida pelo vereador Marco Aurélio Filho (PRTB). Os encontros serão abertos ao público e contarão com a presença de diversos membros da sociedade civil, de áreas como cultura, economia e saúde.

As reuniões têm o objetivo de produzir, até o dia 22 de dezembro, um relatório parcial sobre a realização de grandes eventos na capital pernambucana. No próximo dia 15, às 14h, a Comissão também realiza a audiência pública "Vai ter Carnaval?", indicada pelo vereador Ivan Moraes (Psol).

Após muitas cidades adiantarem que não haverá festas públicas de Revéillon, o município de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, também cancelou a aglomeração na virada do ano. Porém, o prefeito decidiu antecipar que só serão permitidas festas privadas no Carnaval da cidade do interior.

A justificativa para os cancelamentos das festas de rua é, obviamente, o crescimento do número de casos e surgimento de novas variantes do coronavírus.

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“Estamos fazendo também um alerta para as pessoas que não estão se vacinando. Todo mundo precisa se vacinar senão essa pandemia continuará se estendendo e colocando em risco as vidas das pessoas. Portanto, pensando na saúde da população, decidimos cancelar o Réveillon e o Carnaval”, explicou Miguel Coelho (DEM), em entrevista ao programa Nossa Voz, nesta terça-feira (30).

Carnaval, só privado

Algumas cidades avaliam adiar o período momesco, que normalmente aconteceria no final de fevereiro. Petrolina não é um dos principais destinos quando se trata de Carnaval em Pernambuco, mas a prefeitura decidiu antecipar que não fará festas públicas.

“O Carnaval também será cancelado, permitindo-se somente eventos privados com limite de público e protocolos de higiene conforme os critérios determinados pela Secretaria de Saúde do Estado”, diz trecho do material enviado à imprensa.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), comentou, nesta terça-feira (30), a criação do comitê que reúne algumas capitais para discutir a possibilidade de realização do Carnaval em 2022. Ao ser questionado em entrevista na GloboNews sobre a importância de uma decisão conjunta, o gestor declarou que é possível haver um adiamento do Carnaval no Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.

"Uma decisão conjunta ajuda muito, seja para haver ou não haver Carnaval, visto que uma solução possível é um adiamento conjunto de todas as cidades para uma data futura onde essas cinco cidades podem anunciar um calendário uniforme de Carnaval remarcado. É uma alternativa", declarou.

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A primeira reunião do comitê ocorreu de forma virtual na noite da segunda-feira (29). Representavam a Prefeitura do Recife nesse primeiro encontro o secretário de Planejamento, Gestão e Transformação Digital, Felipe Matos, a secretária de Saúde, Luciana Albuquerque, e o secretário de Cultura, Ricardo Mello.

No encontro, foram apresentados indicadores da pandemia, como o avanço do esquema vacinal, número de leitos ocupados ou desativados, mortalidade e sazonalidade. Segundo o prefeito João Campos, será realizada uma nova reunião na próxima semana. "Em seguida, os prefeitos devem se reunir para fazer uma avaliação", complementou.

Campos também criticou o Governo Federal, afirmando haver falta de governança nacional em torno de temas relavantes. "Se o Governo Federal tivesse um trabalho sério diante da pandemia e das questões que a pandemia afeta, a gente teria uma centralidade nessa decisão", disse.

As incertezas sobre a celebração do Carnaval no ano que vem continuam gerando repercussão. Para que o assunto seja destrinchado com cautela, foi realizada a primeira reunião do comitê executivo entre as capitais nacionais. Na noite dessa segunda-feira (29), representantes do Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte participaram de um encontro virtual, com intuito de solucionar os rumos dos festejos carnavalescos de 2022.

O debate pontuou as vivências ocasionadas pelo avanço das vacinas e também o combate à Covid-19, levando em conta aspectos para saber se existe possibilidade de executar as comemorações do Carnaval sob as recomendações dos órgãos sanitários. A reunião mostrou inúmeras realidades das cinco capitais como o número de leitos ocupados ou desativados, mortalidade, sazonalidade, entre outras dimensões da pandemia.

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"Foi possível compartilhar informações e trocar experiências naquilo que cada cidade tem feito para avaliar a possibilidade de realizar carnaval ou não. É preciso projetar os indicadores e possíveis cenários. Mas, a palavra que balizará toda e qualquer decisão é cautela", disse o secretário de Planejamento, Gestão e Transformação Digital, Felipe Matos, representante da Prefeitura do Recife.

E completou: "De toda maneira, a gente ressalta que nesse momento é muito importante que todo mundo continue buscando a vacina, porque a cobertura vacinal, independente da decisão que seja tomada, é muito importante para que a gente consiga conter a pandemia".

A secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque, que esteve também no encontro on-line, ilustrou no contexto técnico o atual cenário da pandemia da Covid-19. Luciana mostrou um paralelo entre os países com aumento de casos, os que têm a nova variante detectada e também sobre como se comporta a Síndrome Respiratória Aguda Grave nas cinco regiões do Brasil.

"A cobertura vacinal da população acima de 12 anos é de 67% e nossos dados apontam que em janeiro podemos chegar a 90% da nossa população vacinada com duas doses. Vivemos hoje um momento de flexibilização das regras de convivência. Mas precisamos insistir que a vacinação é o caminho mais eficaz para conter a pandemia", explicou a gestora. Nas próximas semanas, outros encontros deverão acontecer para articular o futuro do Carnaval.

Depois de um ano com todas as atividades suspensas e pensando na viabilidade sanitária de realizar o Carnaval, representantes do Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte se reunirão na noite desta segunda-feira (29), às 19h.

 Representado a Prefeitura do Recife nesse primeiro encontro estarão o secretário de Planejamento, Gestão e Transformação Digital, Felipe Matos, a secretária de Saúde, Luciana Albuquerque, e o secretário de Cultura, Ricardo Mello.

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A Prefeitura do Recife aponta que, nesse primeiro encontro, secretários e secretárias apresentarão o panorama geral sobre o avanço dos seus planos municipais de vacinação contra a Covid-19. Será possível conhecer algumas iniciativas para garantir que a população se vacine e alguns indicadores que auxiliam nas tomadas de decisões locais na flexibilização das medidas de convivência.

O objetivo central dessas discussões, que são consultivas, é a troca de informações que ajudem na construção de consensos sobre a possível realização do Carnaval. Outros dois encontros deverão acontecer para aprofundar e avançar na temática.

“A reunião não tem caráter deliberativo. Esse primeiro momento é importante para conhecer os dados gerados a partir da contenção da Covid nessas cidades, que são polos importantíssimos do Carnaval. Trocaremos ideias e informações considerando a prudência como o principal indutor das decisões que serão tomadas mais adiante, independente de quais sejam elas”, explica o secretário Felipe Matos.

Na ocasião, os secretários municipais do Recife apresentarão os dados relacionados ao avanço da vacinação na capital pernambucana. 

“Recife avança na vacinação contra a Covid, mas precisamos estar atentos às recomendações das autoridades sanitárias e estar preparados para atender todas as exigências que forem apontadas. O momento é de cautela e precisamos considerar todos os cenários, inclusive o cenário da possibilidade de realizar a festa", pontua a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque.

Na reunião também será abordado alternativas para auxiliar os produtores culturais, a exemplo do Auxílio Municipal Emergencial (AME), além dos incentivos fiscais como adiamento de impostos e tributos municipais.

Nesta segunda-feira (29), a Câmara Municipal do Recife aprovou a criação de uma Comissão Especial para discutir as possibilidades de realização do Carnaval em 2022. Mesmo com a comemoração ainda indefinida por conta da pandemia, a Prefeitura abriu processo milionário para a contratação de tapumes.

Reunidos de forma virtual, a maioria dos vereadores concordou com o requerimento 12457/2021, de autoria de Marco Aurélio Filho (PRTB). O objetivo é criar a comissão para acompanhar e avaliar a viabilidade sanitária e econômica de grandes eventos financiados pela Prefeitura no próximo ano, como Carnaval e São João.

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Licitação aberta 

Mesmo com a suspeita de uma nova onda mundial de Covid-19, reforçada pelo surgimento da variante Ômicron, o prefeito João Campos (PSB) liberou uma licitação de R$ 1.127.853,26 para contratar tapumes para o Carnaval, que costuma atrair milhares de turistas ao Recife.

A previsão é de que as empresas enviem as propostas no próximo dia 6. A licitação será conduzida pela Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), em formato de pregão eletrônico.

Procurada pelo LeiaJá, em nota, a Prefeitura informou que "o Recife entende que apenas com a superação da pandemia será possível assegurar o evento com as características deste ciclo cultural da capital pernambucana. Em todo caso, a organização do Carnaval do Recife demanda uma série de ações administrativas, com prazos a cumprir para assegurar sua plena execução".

Enquanto isso, ainda não há sinais de movimentação para novas parcelas do Auxílio Municipal Especial (AME), destinado para o sutendo de trabalhadores autônomos e agremiações.

Salvador não terá o Festival Virada Salvador, festejo público de Réveillon promovido pela Prefeitura, neste ano de 2021. O anúncio foi realizado pelo prefeito Bruno Reis (DEM) nesta segunda-feira (29).

De acordo com o prefeito, mesmo com o avanço da vacinação, o cenário de incertezas provocado neste momento pela Covid-19 levou à conclusão de que não há como realizar o Festival da Virada este ano, um evento para mais de 250 mil pessoas/dia, com segurança sanitária aos cidadãos.

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“Sempre disse que íamos avaliar o que está acontecendo no Brasil e no mundo, como a pandemia está se comportando em lugares com índices diferentes de vacinação. No entanto, chegamos ao limite da decisão para o Réveillon e nós acreditamos que, diante de tudo o que estamos vendo, não é o momento de colocar em risco tudo o que construímos até aqui, sempre colocando a vida das pessoas em primeiro lugar”, salientou Bruno Reis.

O chefe do Executivo municipal ressaltou que Salvador apresenta hoje 91% de pessoas vacinadas acima de 12 anos com a primeira dose e 81% com a segunda dose acima de 18 anos. Neste momento, a capital baiana está imunizando, inclusive, pessoas de outras cidades, e com a 3ª dose todos acima de 18 anos.

E o Carnaval?

Sobre o Carnaval, o prefeito declarou que a decisão ainda será tomada em conjunto entre a Prefeitura e o Governo do Estado, considerando toda a segurança e cautela e será anunciada assim que possível, considerando o cenário atual da Covid-19.

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Com informações da assessoria

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou nesta sexta-feira (26), que os grandes eventos de Réveillon estão proibidos de serem realizados no Estado. 

A partir do dia 16 de dezembro, só serão permitidos eventos com até 2.500 pessoas em ambientes fechados, ou com até cinco mil pessoas, se o evento for realizado em local aberto. Camilo ressalta que para que esses pequenos eventos sejam realizados, será necessário que os organizadores exijam o passaporte de vacinação do público e controle de acesso.

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O Ceará enfrenta o aumento de casos da Covid-19 em alguns municípios. “Esse aumento da positividade em alguns municípios significa que ainda existe circulação do vírus e se isso ocorre deve aumentar mais ainda a nossa preocupação em aumentar a cobertura vacinal e das pessoas cumprirem os protocolos sanitários”, ponderou o secretário da Saúde, Marcos Gadelha.

"Tomamos essa decisão por absoluta prudência, responsabilidade e respeito de forma prioritária a vida dos nossos irmãos e irmãs cearenses. Sempre tenho dito que não descansarei enquanto não vacinarmos toda a população", ressalta o governador do Ceará. 

Camilo Santana ainda aproveitou para falar que a decisão sobre a realização do Carnaval deve seguir no mesmo rumo do que foi definido para as festas de Réveillon, mas isso ainda será discutido pelo comitê montado pelo Governo do Ceará.

No entanto, ele ressalta que a sua posição pessoal é para que as grandes festas de Carnaval no Estado também sejam proibidas. "É por prudência e responsabilidade", pontua Camilo.

A decisão do governador acontece em paralelo ao crescimento dos casos de Covid-19 no mundo, principalmente na Europa - além do surgimento de novas variantes, como a identificada na África do Sul. 

Segundo o laboratório Alemão BioNTech, essa cepa, chamada de B.1.1.529, "difere claramente das variantes já conhecidas porque tem mutações adicionais na proteína spike". Ainda não há, porém, confirmação científica de que a variante esteja ligada a escape vacinal nem que seja mais transmissível.

A percussão frenética ao ritmo do samba sacode os corpos, transbordantes de lantejoulas e alegria: depois de um 2021 sem desfiles por causa da pandemia, as escolas de samba do Rio de Janeiro voltam a ensaiar, com a esperança de celebrar o maior carnaval em um século, se a Covid permitir.

"O Rio de Janeiro é uma cidade cultural, o samba está entranhado na nossa vida, assim como a praia e o futebol. O carnaval representa a nossa vida", explica à AFP Moacyr da Silva Pinto, veterano diretor de bateria da Unidos do Viradouro, que retomou os ensaios coletivos com público reduzido há pouco mais de um mês.

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Conhecido como "mestre Ciça", este homem ágil de 65 anos e rosto enxuto, rege do alto de um palanque cerca de 50 percussionistas, com um potente apito pendurado no pescoço.

Ao lado dele, a rainha de bateria, a atriz Érica Januza, requebra com graça, agitando sua minissaia de franjas douradas e a longa cabeleira de tranças afro que chega até a cintura.

Dezenas de integrantes da escola de samba cantam e se abraçam na quadra, ostentando sem disfarce - e a maioria, sem máscaras - a felicidade do reencontro.

"É um grito de liberdade, a volta à nossa casa, a esta alegria sem fim, à liberdade de poder tirar a máscara, de estar vacinados", diz Leonina Gabriel, de 35 anos.

As autoridades, no entanto, condicionam a realização do carnaval, entre 25 de fevereiro e 1º de março, à situação epidemiológica, que melhorou expressivamente nos últimos meses com o avanço da vacinação.

O prefeito Eduardo Paes, um amante declarado da folia, disse à revista VEJA que "se tiver condições, vai ter (carnaval). Se não tiver condições, não vai ter. Torço para que tenha".

O maior carnaval desde 1919

Enquanto isso, as escolas continuam trabalhando a todo vapor para fabricar a tempo milhares de fantasias, máscaras e carros alegóricos.

Carpinteiros, soldadores, estilistas, costureiras... O movimento é intenso nos galpões da Cidade do Samba, espaço coletivo na zona portuária, onde cada escola prepara a portas fechadas seus desfiles suntuosos.

"O carnaval do Rio é uma grande indústria, que dá sustento a muitas famílias", explica o arquiteto Marcus Ferreira, um dos carnavalescos do desfile da Viradouro.

Uma delas é a de Simone dos Santos, chefe de costura da escola que precisou se virar com outros trabalhos durante os meses em que ficou parada.

"A pandemia foi muito difícil para todos os que nos dedicamos ao carnaval", conta esta mulher de 46 anos, que trabalha no setor desde os 20.

Por isso, espera que a festa seja em dobro.

A Viradouro, vencedora do último desfile, lembrará em seu próximo enredo o carnaval de 1919, quando ainda não existiam as escolas de samba, mas os cariocas lotaram as ruas para comemorar o fim da chamada gripe "espanhola" (1918-1919), que deixou entre 50 e 100 milhões de mortos no mundo.

Mais de um século depois, com a pandemia do coronavírus, "o mundo parou. Mas o brasileiro é guerreiro, o carioca deu a volta por cima e para provar vamos fazer o maior carnaval da história desde 1919", garante Ciça.

Bolsonaro contra o carnaval

Com mais de 95% de sua população adulta já vacinada, o Rio de Janeiro suspendeu a obrigatoriedade do uso das máscaras em espaços abertos, mas exige o comprovante de vacinação em locais turísticos e outros lugares públicos.

Em todo o Brasil, 61% da população tomou a segunda dose, uma marca insuficiente, segundo os especialistas, que vêm o repique de casos na Europa como um alerta.

"Me preocupa bastante quando vejo no Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é realmente uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária", declarou esta semana Mariângela Simão, diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Acesso a Medicamentos e Produtos Sanitários.

Além dos desfiles no sambódromo, mais de 500 blocos se registraram para desfilar pelas ruas do Rio em cortejos multitudinários a céu aberto, regados a álcool, música e excessos.

O presidente Jair Bolsonaro, que criticou outras vezes os excessos durante o carnaval de rua, disse ser contra a realização da festa nesta quinta-feira.

"Por mim não teria carnaval. Só que tem um detalhe. Quem decide não sou eu. Segundo o Supremo Tribunal Federal, quem decide são os governadores e prefeitos", disse o presidente em entrevista à Rádio Sociedade, do estado da Bahia.

A situação sanitária será posta à prova em breve com a festa do réveillon na praia de Copacabana, que costuma reunir até três milhões de pessoas.

O especialista em saúde pública Gonzalo Vecina Neto, fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), voltou a criticar possíveis realizações das festividades de réveillon e carnaval nos estados do país. Para o médico sanitarista, as comemorações públicas prejudicariam o combate à pandemia da Covid-19 no Brasil. "Estamos longe de alcançar o fim da pandemia. Nem pensar fazer réveillon ou Carnaval. Tudo que estamos fazendo vai por 'água abaixo'", disse Vecina em entrevista à UOL News nesta quinta-feira (25). 

Esse é o mesmo posicionamento adotado pelo fundador em outros momentos da pandemia. Em outubro, em uma outra entrevista, já tinha afirmado que não vê possibilidade de um carnaval de rua em 2022. Para o médico, o país ainda não está preparado para uma aglomeração desse porte, ainda mais sob a sombra da variante delta. 

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Os novos fatores de preocupação, diante do carnaval e do réveillon, seriam a alta no número de casos na Europa após a reabertura e a vacinação ainda aquém de índices confiáveis. Prefeituras no velho continente, que tem um grande número de turistas que buscam o Brasil durante as férias de fim e início do ano, já recuaram nos seus planos de convivência para evitar uma possível nova onda. 

"Festas que você não controla quem entra, não podem ocorrer", completou o médico sanitarista. Ele cita como exemplo de eventos possíveis os jogos de futebol. 

Desobrigação das máscaras 

O governo de São Paulo anunciou ontem (24) a liberação do uso obrigatório de máscaras em locais abertos sem aglomeração a partir do dia 11 dezembro em todo o estado, em ambientes externos e sem aglomeração. O mesmo ocorreu nesta quinta-feira (25) com a cidade de Florianópolis, segundo anunciou o prefeito Gean Loureiro (DEM). 

Gonzalo Vecina apoia a decisão do governo de São Paulo e ressalta que a proteção facial deve ser mantida em ambientes fechados ou abertos com aglomeração. "Sempre teve alguma contradição sobre o uso de máscara em ambiente aberto. As gotículas de água em ambientes abertos com circulação de ar tendem a se dissipar", explica o médico. 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta quinta-feira (25), que se dependesse dele o Carnaval seria novamente cancelado em 2022. Em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia, o Bolsonaro expôs seu posicionamento ao ser questionado sobre a nova onda de Covid-19 na Europa e se era favorável aos festejos de momo no Brasil. 

“Por mim não teria carnaval. Só que tem um detalhe: quem decide não sou eu. Segundo o Supremo Tribunal Federal, quem decide são os governadores e os prefeitos. Não quero aprofundar nessa que poderia ser uma nova polêmica”, declarou o presidente, voltando a mencionar a decisão do STF que deu autonomia aos Estados e municípios sobre as restrições diante da pandemia.

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Ao emendar, Jair Bolsonaro culpou os gestores estaduais e municipais pelas mortes no país. Ele deixou a entender que a realização do Carnaval em 2020 teve como consequência o alastramento da Covid-19 no país.

“Em fevereiro do ano passado, ainda estava engatinhando a questão da pandemia, pouco se sabia, praticamente não havia óbitos no Brasil, eu declarei emergência, e os governadores e prefeitos ignoraram, fizeram o carnaval. As consequências vieram. Chegamos a 600 mil óbitos. E alguns tentaram imputar a mim essa responsabilidade. Não tenho culpa disso. Não estou esquivando, nem apontando outras pessoas. É uma realidade, é uma verdade. Todo o trabalho de combate à pandemia coube aos prefeitos e aos governadores. O que coube a mim? Mandar recursos”, frisou Bolsonaro, que promove constantemente aglomeração de apoiadores em viagens pelo país.

Já quanto ao quadro atual na Europa, o presidente disse que “se tiver outro lockdown no Brasil, em estados e municípios, vai quebrar de vez a economia”.

Capitais brasileiras com grande tradição em festas do Rei Momo mantêm em suspense a realização do carnaval 2022 devido ao risco de uma retomada na pandemia de Covid-19. Em Salvador, Recife e Fortaleza, as prefeituras ainda avaliam se será possível liberar os festejos. Em Belo Horizonte, o município já decidiu que não vai patrocinar a festa, como fazia todos os anos. Olinda, que não é capital, mas tem um dos carnavais mais concorridos do país, está em preparativos, mas sem confirmar a festa. Florianópolis e Manaus, onde os casos de Covid-19 voltaram a subir, já confirmam a realização do carnaval, embora sujeito à revisão.

Carnaval 2022 em São Paulo

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A decisão final sobre a realização do carnaval de rua será tomada até o fim de dezembro, de acordo com o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido. A deliberação será baseada no cenário da pandemia, como dados de internação e vacinação. Em paralelo, o evento segue em etapa de preparação e organização. No começo de novembro, a CRBS S.A. (ligada à Ambev) foi anunciada como patrocinadora oficial, por R$ 23 milhões. Além disso, a Prefeitura recebeu 867 solicitações de desfiles, uma redução de 9,68% em comparação a 2020. Os cortejos estarão concentrados majoritariamente em oito dias, 19 e 20 de fevereiro (pré-carnaval), 26, 27, 28 de fevereiro e 1º de março (carnaval) e 5 e 6 de março (pós-carnaval).

Carnaval 2022 em Salvador

Segue indefinida a realização do tradicional carnaval de Salvador, na Bahia. O governo do estado e a prefeitura ainda discutem sobre a conveniência de realizar o tradicional desfile de blocos e trios elétricos nos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande, que atraem mais de um milhão de foliões. Uma reunião entre o governador baiano Rui Costa (PT) e o prefeito da capital, Bruno Reis (DEM) deve acontecer ainda esta semana. "Tenho fé de que a decisão está próxima de ser tomada e que seja a melhor para a população", disse Reis, em rede social. Segundo ele, se for impossível fazer o carnaval em fevereiro, devido aos números de Covid, a festa pode ser remarcada para outra data, fora da época.

No domingo (21), defensores do carnaval fizeram uma manifestação no Farol da Barra, pedindo a volta da festa, cancelada em 2020 devido à pandemia. O da Covid-19 vírus segue ativo no estado. Nas últimas 24 horas, segundo o governo, foram 1.158 casos e 10 óbitos pela doença. O carnaval de Salvador entrou na lista dos recordes mundiais do Guiness como o maior carnaval de rua do mundo. A festa projetou no cenário internacional cantoras baianas como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Claudia Leite.

Carnaval 2022 no Recife

A realização do carnaval no Recife em 2022 ainda é incerta. O prefeito João Campos (PSB) chegou a propor a criação de um comitê de prefeitos de capitais, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, para discutir as condições sanitárias que balizariam a realização da festa. Nesta quarta-feira (24), a prefeitura de Recife informou que, embora o carnaval seja importante para fomentar o turismo e a retomada econômica, a realização do evento ainda não está definida, pois dependerá do parecer das autoridades sanitárias.

Já o secretário da Saúde de Pernambuco, André Longo, disse que a realização ou não do carnaval, tanto em Recife quanto em Olinda, ainda está em debate. "No momento ainda é cedo para tomarmos decisões sobre esses eventos, especialmente o carnaval, que este ano será no final de fevereiro, período de sazonalidade para a ocorrência de doenças respiratórias. Nós precisamos chegar em fevereiro com as melhores condições de segurança sanitária possíveis", disse.

O carnaval do Recife é repleto de trios elétricos e blocos, entre eles o 'Galo da Madrugada', o maior bloco carnavalesco do mundo, que se apresenta no sábado de carnaval, ou 'Sábado de Zé Pereira'.

Carnaval 2022 em Olinda

A prefeitura informou que acompanha de perto os resultados da vacinação no País e estimula que todos tomem a vacina na cidade, que não é capital, mas tem um dos maiores carnavais do país. "Os processos para a realização do carnaval em 2022 estão sendo encaminhados, mas a prefeitura vai continuar seguindo as recomendações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do governo do Estado. A prioridade será sempre a segurança da população", disse, em nota.

Segundo o município, a vontade é realizar o carnaval como vinha acontecendo antes da pandemia. "Mas é preciso fazer isso com segurança, acompanhando desafios como a vacinação das crianças e o comportamento das variantes do Sars-Cov-2", acrescentou.

O carnaval de Olinda é reconhecido mundialmente pelos desfiles dos Bonecos de Olinda, dezenas deles muito coloridos, com mais de dois metros de altura, que saem às ruas junto com os foliões. A festa reúne mais de um milhão de pessoas, com a participação de 500 grupos carnavalescos.

Carnaval 2022 em Belo Horizonte

O tradicional carnaval de Rua de Belo Horizonte pode não acontecer em 2022. O prefeito Alexandre Kalil (PSD) decidiu que o município não irá patrocinar os festejos. Em 2020, antes da pandemia, foram usados R$ 14,3 milhões dos cofres municipais para bancar a festa, que levou 453 blocos e mais de 5 milhões de foliões para as ruas. Grupos de blocos estão se articulando para realizar a folia de forma independente. A prefeitura informou que manterá seus serviços à população da cidade durante o carnaval, garantindo segurança, saúde, mobilidade e segurança, "respeitando as manifestações espontâneas, porém, sem investimentos em estruturas".

Na terça-feira, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte divulgou nota técnica desaconselhando a realização do carnaval em 2022. No documento, a equipe de infectologistas afirma que a cobertura vacinal está abaixo do desejado e não seria suficiente para evitar o aparecimento de novas cepas do coronavírus. Diz ainda que uma parcela significativa da população não recebeu a dose de reforço, não havendo tempo hábil de realizar a imunização no prazo exigido para a organização do festejo. Por fim, lembrou que há risco real de recrudescimento da doença, como já acontece nos Estados Unidos e em países da Europa.

Carnaval 2022 em Fortaleza

Na capital cearense, o carnaval de 2022 está indefinido e, se depender do governo do Estado, não será realizado. No domingo (21), o governador Camilo Santana (PT) usou as redes sociais para manifestar posição contrária à folia carnavalesca. "Nossa prioridade absoluta continuará sendo salvar vidas, além de buscarmos fortalecer a economia. Mas, para isso, precisamos controlar completamente a pandemia. E isso só ocorrerá com a vacinação em massa. Uma nova onda de Covid será terrível para todos", disse.

A Secretaria da Cultura de Fortaleza chegou a anunciar o lançamento de um edital para a realização de um pré-carnaval em janeiro. No entanto, ele informou que o festejo está sujeito à aprovação pelo Comitê Estadual de Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus, vinculado ao governo estadual. Os pré-carnavais são tradicionais em Fortaleza. Realizados em todos os fins de semana que antecedem o carnaval, eles servem também como ensaios para os blocos.

Carnaval 2022 em Manaus

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), publicou edital confirmando o apoio financeiro às escolas de samba para a realização do carnaval 2022. Segundo a prefeitura, o tamanho da festa será definido conforme o avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 e o número de casos confirmados. "Vamos acompanhar semanalmente o avanço da doença. Não podemos deixar que Manaus passe novamente por aquilo que enfrentou no início do ano", disse.

A capital do Amazonas, que teve uma das mais dramáticas concentrações de mortes no auge da pandemia, voltou a registrar aumento de casos. O número passou de 15 para 25 casos diários nas duas últimas semanas, em comparação com igual período anterior, com alta de 66%.

A diversidade do carnaval, com escolas de samba, blocos de ruas, e bandas colocam a festa de Manaus como um dos mais importantes eventos populares do Brasil. O ponto alto é o desfile de fantasias no Teatro Amazonas.

Carnaval 2022 em Florianópolis

Em evento realizado no início deste mês, a prefeitura de Florianópolis liberou a realização do carnaval de rua e os desfiles de blocos e escolas de samba na ilha. Pacotes para os eventos já são vendidos pelas agências de turismo. Os desfiles devem acontecer na Passarela do Samba Nego Querido, o sambódromo da capital catarinense. Segundo a prefeitura, Florianópolis é apontada como uma das cidades que foram mais eficazes no combate à Covid-19 no Brasil. "A prefeitura vem se organizando para este momento da retomada dos eventos desde o início do ano. A população respeitou as normas sanitárias", disse.

Conforme o secretário municipal de Cultura, Esporte e Juventude, Ed Pereira, o planejamento prevê dez escolas de samba na avenida, entre elas uma da Palhoça e outra de São José, cidades vizinhas. O desfile será no dia 26 de fevereiro, em apresentação única. Ficou decidido que, devido ao pouco tempo para ensaio, não haverá rebaixamento de escolas este ano.

Carnaval 2022 no Rio

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, garantiu que há na cidade segurança sanitária para a realização do carnaval de 2022, cujo calendário está mantido. Segundo o secretário, a cidade já atingiu praticamente todos os indicadores necessários para a festa. Eles foram listados em estudo da Fiocruz e da UFRJ apresentado na última sexta-feira à Comissão Especial de Carnaval da Câmara dos Vereadores do Rio.

Atualmente, a cidade tem apenas 3% de resultados positivos para Covid-19 no total de testes realizados. A meta a ser conquistada era 5%. A taxa de contágio, que deveria estar abaixo de 1, é hoje de 0,76. A cidade também conseguiu zerar a fila de internação para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Outro indicador importante é o porcentual de vacinados, que deve estar em 80%. O índice atual é de 76%. A perspectiva é que a meta será alcançada bem antes do carnaval.

"Além da cobertura que a gente tem hoje, dos ótimos indicadores, a gente ainda tem uma cobertura adicional de dose de reforço que poucos países têm", afirmou o secretário aos vereadores. "A gente pode dizer neste momento que a Covid está controlada na cidade do Rio e a gente tem condições ideais para ir retomando nossas atividades."

Especialistas que participam da comissão da Câmara dos Vereadores, entretanto, chamaram a atenção para o descompasso da cobertura vacinal do Rio de Janeiro para o restante do Estado e do Brasil e também de alguns países. Eles recomendaram que a Prefeitura cobre o passaporte vacinal para turistas.

"A prefeitura precisa deixar claro que vai exigir o passaporte vacinal para quem entrar no município no Natal, Réveillon e carnaval", afirmou o epidemiologista Roberto Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O pneumologista Hermano Castro, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, também defendeu a cobrança do passaporte vacinal para turistas. Ele afirmou que é importante, até o carnaval, a manutenção de medidas como o uso de máscaras em aglomerações.

O desfile das escolas de samba está confirmado. O trabalho nos barracões já é acelerado. Os ensaios técnicos, no Sambódromo, estão previstos para a segunda semana de janeiro.

"É improvável que aconteça um adiamento dessa vez", afirmou o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro. "A vacinação tem proporcionado o efeito necessário, vamos dar o maior carnaval de todos os tempos. Os barracões estão funcionando a todo vapor."

Segundo a Riotur, 506 blocos estão inscritos para fazer 620 desfiles na cidade, durante o carnaval, entre eles os chamados megablocos de Anitta, Ludmilla e Preta Gil. Nem todos serão aprovados; a lista final sai no fim de dezembro. Ainda assim, em 2020, por exemplo, foram autorizados 441 blocos. 

Nessa quarta-feira (24), o prefeito de Carpina, Manuel Botafogo (sem partido), anunciou que o Carnaval no município da Mata Norte de Pernambuco está novamente suspenso. A pandemia impede a comemoração com segurança, mas o gestor disse que está confiante para realizar o São João deste ano.

Em suas redes sociais, Botafogo informou que a cidade será decorada, mas a festividade não está permitida. "Eu tô até me antecipando, avisando a vocês que em 2022 não tem Carnaval em Carpina. Não tem bloco de qualidade nenhuma, como também não vai ter a Festa de Reis", comunicou.

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Ele também deixou um aviso aos produtores culturais de Carpina para evitar prejuízos. "Eu tô prevenindo porque vocês que trabalham com a Cultura podem preparar o material. Não prepare porque não vai ter Carnaval. Pra vocês não fazer a despesa e depois dizer que tá perdida", disse.

São João 2021

 O gestor espera melhores condições sanitárias para organizar um São João "bonito e grande". "Carnaval passa, e se a vida for embora, quem traz ela de volta? Ninguém", concluiu.

A produtora Flora Gil, mulher do cantor Gilberto Gil, afirmou que é contra a realizar o carnaval no Brasil em 2022 por causa da pandemia. Ela não pretende abrir o camarote Expresso 2222, um dos clássicos espaços da folia de Salvador, independentemente da decisão dos governantes. "Tenho receio de produzir uma festa tão grande com duração de uma semana, como o Camarote Expresso 2222", disse ela, em entrevista ao jornal Correio da Bahia.

Segundo a produtora, a pandemia ainda está em uma situação instável e a realização de um evento do tamanho do carnaval pode agravar a disseminação do coronavírus. Ela se posicionou contra a realização da festa não apenas em Salvador, mas em todo o País. "A aglomeração é um multiplicador do vírus e o carnaval é uma aglomeração extraordinária", afirmou. Embora a vacinação tenha avançado e os casos da covid-19 estejam em queda, especialistas têm ressalvas sobre liberar multidões nas ruas.

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Na entrevista, Flora Gil afirmou que o carnaval é uma festa onde não é possível manter protocolos sanitários, como o uso de máscara. Ela também disse que, mesmo sabendo da importância do Carnaval para a renda de milhares de pessoas, a saúde deve ser priorizada neste momento.

Recentemente, ela esteve ao lado de Gilberto Gil em turnê na Europa, onde a situação da pandemia voltou a piorar. Alguns países, como Áustria, Holanda, Bélgica e Croácia, voltaram esta semana com medidas restritivas para o controle da pandemia. A obrigatoriedade da vacina é a medida com maior destaque.

Para Flora, essa situação mostra que a pandemia ainda não foi vencida. "Mesmo depois da vacina, em alguns países, o mar não tá pra peixe. Por isso tudo, acho que temerário contribuir para essa situação que ainda é bastante instável. Uma pena, mas é o que vejo nos noticiários e nas narrativas de especialistas em pandemia", declarou.

O camarote Expresso 2222 teve início no Carnaval de Salvador em 1999. O camarote foi produzido durante todos os anos até o Carnaval de 2020. Em 2022, vai ser o segundo ano seguido que ele não vai ocorrer por causa da crise da covid-19.

Nesta quarta (24), o presidente do Galo da Madrugada, Rômulo Meneses, apresentou, durante coletiva à imprensa, a camisa oficial da 44ª edição do bloco. Alguns detalhes do desfile de 2022 também foram apresentados, bem como a programação que vai celebrar o centenário de Enéas Freire, um dos fundadores do bloco, no próximo mês de dezembro. 

Com o tema 'Viva a vida, viva o frevo', o Galo, considerado o maior bloco de Carnaval do mundo, espera sair às ruas, em 2022, animando seus foliões saudosos da folia que não pôde acontecer este ano em virtude da pandemia do coronavírus. Aqueles que desejarem fazê-lo de forma padronizada, poderão adquirir a camisa oficial do desfile, que traz xilogravuras do artista pernambucano J. Borges. As vendas serão realizadas na sede da agremiação e em lojas parceiras. 

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Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

O próximo desfile deve homenagear, também, Ary Nóbrega, que foi cenógrafo do bloco por mais de 40 anos. Falecido em 2020, o artista será lembrado em um dos seis carros alegóricos do cortejo que já estão sendo produzidos sob assinatura de seu filho, Sandro Nóbrega. Além disso, as alegorias também farão menção ao tema do desfile, a elementos da natureza que possibilitam a vida - como o sol e a água -, e aos antigos Carnavais. "Depois dessa pandemia, nada mais justo do que a gente dar um 'viva à vida' que está sendo restabelecida com bastante força pra gente", disse Rômulo. 

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Centenário

Antes dos festejos de 2022, o Galo vai celebrar o centenário de um de seus fundadores, Enéas Freire. A data será celebrada com o lançamento de um documentário sobre o carnavalesco e uma Quinta do Galo especial, na sede da agremiação, no dia dois de dezembro. Também serão espalhadas, em alguns pontos da cidade, placas em homenagem ao ex-presidente do bloco. Uma deles será colocada em um sobrado localizado no Pátio do Terço, na região central do Recife, onde ele nasceu.

 

 

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