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Mais de 31 mil unidades credenciadas no programa Farmácia Popular começaram a distribuir absorventes para a população em situação de vulnerabilidade social. Segundo o Ministério da Saúde, a oferta é direcionada a grupos que vivem abaixo da linha da pobreza e estão matriculados em escolas públicas, em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema. A população recolhida em unidades do sistema prisional também será contemplada.  

Podem receber absorventes brasileiras ou estrangeiras que vivem no Brasil, com idade entre 10 e 49 anos, inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) e que contam com renda familiar mensal de até R$ 218 por pessoa.

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Estudantes das instituições públicas de ensino também devem estar no CadÚnico, mas, neste caso, a renda familiar mensal por pessoa vai até meio salário mínimo (R$ 706). Para pessoas em situação de rua, não há limite de renda. O público-alvo do programa abrange  24 milhões de pessoas.  

Exigências

Para garantir o benefício, é preciso apresentar um documento de identificação pessoal com número do Cadastro de Pessoas Físicas - CPF - e a Autorização do Programa Dignidade Menstrual, em formato digital ou impresso, que deve ser gerada via aplicativo ou site do Meu SUS Digital – nova versão do aplicativo Conecte SUS – com validade de 180 dias. A aquisição de absorventes para menores de 16 anos deve ser feita pelo responsável legal.  As orientações também estão disponíveis no Disque Saúde 136. 

Em caso de dificuldade para acessar o aplicativo ou emitir a autorização, a orientação é procurar uma unidade básica de saúde (UBS). Pessoas em situação de rua também podem buscar nos centros de referência da assistência social, centros de acolhimento e equipes de Consultório na Rua. Para pessoas recolhidas em unidades do sistema penal, a entrega será coordenada e executada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a distribuição realizada diretamente nas instituições prisionais. 

A iniciativa integra o Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual e envolve as seguintes áreas: Saúde; Direitos Humanos e Cidadania; Justiça e Segurança Pública; Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; e Mulheres e Educação.

Combate às desigualdades

Em nota, o Ministério da Saúde destacou que a ação contribui no combate às desigualdades causadas pela pobreza menstrual e configura “um importante avanço para garantir o acesso à dignidade menstrual”. 

“A menstruação é um processo natural, que ocorre em todo o mundo com, pelo menos, metade da população. Ainda assim, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a pobreza menstrual, associada aos tabus que ainda cercam essa condição, podem ocasionar evasão escolar e desemprego. No Brasil, uma a cada quatro meninas falta à escola durante o seu período menstrual e cerca de quatro milhões sofrem com privação de higiene no ambiente escolar (acesso a absorventes, banheiros e sabonetes)”, explica a nota.

Uma jovem viralizou no TikTok depois de ter contado que descobriu que havia esquecido um absorvente interno no corpo por mais de dois anos. A escritora Melanie Galeaz, de 22 anos, afirmou que “não é o momento do qual eu mais me orgulho”. 

A jovem publicou um vídeo contando o que aconteceu ainda na adolescencia, “quando eu acidentalmente deixei um absorvente dentro por dois anos, mas eu literalmente era só uma garota adolescente”. A grande repercussão da situação fez com que Melanie explicasse o que aconteceu. “Quando eu era criança, eu fui picada por um carrapato do veado e tive todos os sintomas da doença de Lyme, mas os testes eram meio confusos se eu tive ou não a doença. Mas já que eu tinha todos os sintomas e fui picada por um carrapato do veado, os médicos me deram a medicação, me mandaram embora e eu estava bem”, contou. 

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Segundo a jovem, os primeiros sinais de que algo estava errado apareceram no ensino médio. Ela relatou ter tido todas as dores no corpo “e umas coisas realmente nojentas acontecendo lá em baixo”, que foi no médico, mas não chegou a relatar os problemas íntimos. “Eu sei que é minha culpa, mas o médico meio que estava me ignorando, estava sendo maldoso, ele era assustador, e eu tinha 14 anos. Isso é realmente nojento e vergonhoso, então eu não queria lidar com isso e meio que tinha esperança de que fosse algo ligado à doença de Lyme, que eu poderia ignorar isso com a medicação e passaria”, detalhou. 

Mesmo após ter melhorado das dores com os remédios, a situação da região vaginal não havia melhorado e, dois anos depois, quando percebeu que nada tinha mudado, Melanie foi ao médico e contou a ginecologista, que se espantou com o que viu. “Ela suspirou de surpresa. Então, ela disse: ‘você tem absorventes presos horizontalmente em baixo do seu colo do útero’. E eu fiquei tipo: o quê?”. 

“Retirá-los doeu, porque eles estavam se dissolvendo dentro de mim e ficavam se quebrando. Foi uma experiência desagradável, e ela [a médica] não acreditava em mim”, falou, sobre a experiência para retirar o absorvente. “Todas as dores do meu corpo não eram doença de Lyme, eu nem mesmo acho que eu tenho doença de Lyme. Os médicos acham que tinha alguma infecção no meu corpo por causa do absorvente, o que faz sentido, e que aquela era só a reação dele”, explicou. 

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O Congresso Nacional tem sessão conjunta semipresencial na quinta-feira (10), às 16h, para votar dois vetos do presidente da República, Jair Bolsonaro. O primeiro é o VET 59/2021, que atingiu dispositivos do projeto que originou a lei do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Lei 14.214/2021), entre eles o que previa distribuição gratuita de absorventes higiênicos para estudantes de baixa renda e pessoas em situação de rua. 

O projeto original (PL 4.968/2019), da deputada Marília Arraes (PT-PE), foi aprovado com o objetivo de promover a dignidade menstrual, combatendo a chamada precariedade menstrual, que significa a falta de acesso ou a falta de recursos para a compra de produtos de higiene e outros itens necessários ao período da menstruação.

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A relatora da matéria no Senado, Zenaide Maia (Pros-RN), salientou que uma em cada quatro jovens não frequenta as aulas durante o período menstrual porque não tem absorvente. 

Veto presidencial

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro vetou seis trechos da proposição alegando falta de previsão de fontes de custeio e incompatibilidade com a autonomia dos estabelecimentos de ensino.

  Bolsonaro vetou o artigo primeiro do projeto, que previa "a oferta gratuita de absorventes higiênicos femininos e outros cuidados básicos de saúde menstrual", bem como o artigo terceiro, que apresentava a lista de beneficiadas - estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino; mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade social extrema; mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal; e mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa. 

Outros dispositivos vetados pelo presidente determinavam que as despesas com a execução das ações previstas na lei ocorreriam por conta das dotações orçamentárias disponibilizadas pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelo Fundo Penitenciário Nacional, e a inclusão de absorventes nas cestas básicas entregues no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). 

Relp

Também deve ser votado o veto integral (VET 8/2022) ao Projeto de Lei Complementar 46/2021, de autoria do senador Jorginho Mello (PL-SC), que institui um programa de renegociação de dívidas para micro e pequenas empresas. O projeto havia sido aprovado em 5 de agosto pelo Senado, na forma do substitutivo do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e em 16 de dezembro pela Câmara dos Deputados. 

Batizado com a sigla Relp, o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional concede descontos sobre juros, multas e encargos proporcionalmente à queda de faturamento em plena pandemia de covid-19, no período de março a dezembro de 2020, em comparação com o período de março a dezembro de 2019. Empresas inativas no período também poderiam participar. 

Na mensagem de veto, o governo alegou vício de inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público, pois o benefício fiscal implicaria em renúncia de receita. Foram ouvidos o Ministério da Economia e a Advocacia-Geral da União.

  O texto autoriza o parcelamento de quaisquer dívidas no âmbito do Simples Nacional, desde que o vencimento tenha ocorrido até a competência do mês imediatamente anterior à entrada em vigor da futura lei. 

*Da Agência Senado

Entre os anos de 2000 e 2005 chegavam até o Conselho Metropolitano da Comunidade, do qual a assistente social Wilma Melo fazia parte, notícias sobre a falta de condições de higiene na Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), no bairro da Iputinga, Zona Oeste da capital. Sem absorventes íntimos, algumas mulheres privadas de liberdade usavam até miolo de pão para conter o fluxo menstrual. O conselho foi extinto, mas Wilma Melo seguiu atuando na defesa dos direitos da população privada de liberdade. No último dia 27 de outubro, ela participou de vistoria na Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL), na Região Metropolitana do Recife (RMR), como  presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri) e coordenadora do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura. Na ocasião, ela sentiu voltar no tempo, ao ouvir relatos de presas sem acesso a absorvente, dessa vez usando pedaços de pano improvisadamente.

“Depois dessa situação do miolo de pão como absorvente a gente conseguiu dar um olhar para as mulheres encarceradas e houve uma sensível melhora. Mas quando a gente retorna à unidade prisional, a gente percebe que essa sensível melhora não frutificou. Mulheres não usam miolo de pão, mas continuam usando pedaços de pano e papel higiênico”, conta a assistente social.

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Nas entrevistas realizadas na inspeção da CPFAL, ficou constatado que, embora tenham sido solicitados 480 absorventes no mês da inspeção, foram disponibilizados apenas 48. Em 17 de dezembro deste ano, conforme dados do Mapa da Totalidade oferecido pelo Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco, a unidade prisional tinha 442 pessoas encarceradas para 192 vagas, o equivalente a uma lotação de aproximadamente 230%, o que significa uma taxa de ocupação de 2,3 presas por vaga.

O tema da pobreza menstrual ganhou maior difusão no país após o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), sancionar com vetos em outubro o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. Os artigos vetados previam a distribuição de absorventes nas cestas básicas das brasileiras de baixa renda por meio do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O texto original também adotava a entrega de absorventes para estudantes de baixa renda matriculadas em escolas públicas, mulheres em situação de rua e privadas de liberdade no sistema prisional e socioeducativo. Para justificar os vetos, o governo defendeu que o texto "contraria o interesse público" e não indicava a fonte de custeio.

Também em outubro, o Governo de Pernambuco lançou o Programa de Educação em Saúde Menstrual, voltado para as escolas da rede estadual. O projeto prevê distribuição de absorventes para estudantes em idade menstrual e formação e orientação sobre questões sociais, biológicas e emocionais que afetam a vida da mulher durante o período da menstruação. "A conscientização dos nossos jovens sobre a saúde da mulher começa nas escolas", disse o governador Paulo Câmara (PSB) ao lançar o programa.

Além de Wilma Melo, participaram da inspeção de outubro a Defensoria Pública do Estado de Pernambuco e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Ofício enviado pela Defensoria Pública diz haver um contrassenso entre o Programa de Educação em Saúde Menstrual do Governo de Pernambuco e a ausência de tais políticas públicas nas unidades prisionais femininas. “As pessoas que nós entrevistamos narraram que dependiam sempre desse fornecimento por parte das visitas e havia muitas dificuldades para aquelas que não recebiam visitas”, conta a defensora pública Gabriela Lima Andrade, do Núcleo de Cidadania Criminal e Execução Penal (NECCEP).

“Trata-se de uma obrigação do Estado fornecer o absorvente íntimo às pessoas privadas de liberdade”, acrescenta a defensora. “As mulheres e os homens trans privados de liberdade sofrem duplo estigma, gerado pelo cárcere e discriminação de gênero, e isso decorre de uma sociedade pautada, em geral, em padrões masculinos de dominação.”

Duas ex-detentas com passagem pela Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR) e pela  Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima (CPFAL) ratificam que a situação de pobreza menstrual no cárcere não é nova e que as mulheres precisam contar com doações e ajuda de familiares para ter acesso aos absorventes. Presas que não recebem visitas enfrentam maiores dificuldades no acesso a itens de higiene e precisam da solidariedade de outras mulheres privadas de liberdade.

Márcia Félix, de 31 anos, esteve reclusa nas duas unidades, com a última passagem se encerrando em 2020. "É uma situação bem complicada. A quantidade de mulheres é muita e de doações é muito pouca", resume ela. 

"Eu já cheguei a ficar no Castigo [cela isolada para punir reeducandos por comportamento considerado desviante] usando papel higiênico porque não tinha absorvente no pavilhão. Essa é a realidade de muita gente", conta. "Também já tive que usar pano. Chegou a data da minha menstruação e era domingo, não tinha expediente no setor social nem na enfermaria. Eu tive que botar pano, usando roupas velhas usadas", lembra ela.

"Eu já passei por constrangimento”, continua Márcia. “Estava com as meninas e o sangue passou para a roupa. Elas entendem, mas sempre tem uma ou outra que gosta de falar.”  Ela já recebeu kits de higiene de uma enfermeira e da diretora da escola. "A enfermeira pedia para eu não dizer para as outras, porque se eu dissesse muitas iam pedir e ela não teria condições de dar."

Já Nara, como quis ser identificada, de 37 anos, passou nove meses na CPFAL, deixando a unidade em novembro de 2019. Por ser concessionada, ou seja, exercia atividade laboral na unidade, ela tinha mais facilidade para obter materiais de higiene. Mas a posição que ocupava também fez conhecer muitos casos de pobreza menstrual.

"Para as presas de forma geral é complicado o acesso, pelo fato de que quem leva o absorvente são as igrejas e outras doações", lembra. A ex-detenta conta que a única vez que recebeu o absorvente íntimo do Estado foi no dia em que chegou à unidade. "Sempre havia presas que vinham me pedir absorvente. Toda semana eram cinco, seis, dez que vinham me pedir”, lembra. "O Estado tem a obrigação de prover a sua sobrevivência. Boa parte da população carcerária não tem muito estudo, muito grau de instrução e pensa que tudo isso é favor. Mas é um direito da gente enquanto ser humano custodiado pelo Estado", ela ressalta. Tanto Márcia Félix quanto Nara estão em busca de emprego, vivendo de bicos desde que deixaram o cárcere.

O coletivo Liberta Elas é um dos que doam materiais básicos de higiene para as unidades prisionais femininas de Pernambuco. "Muitas mulheres para se manter dentro das unidades prisionais contam muito com a ajuda da família. É a família que vai levar, além do carinho e do afeto, remédios, roupas e produtos de higiene”, diz Juliana Trevas, que é uma das coordenadoras do projeto.

Segundo Trevas, a falta de absorventes é só a “ponta do iceberg”. "Essa situação escancara que o Estado não cumpre o que está na lei. E, assim, demonstra mais uma vez as péssimas condições do cárcere, as violações de diversas esferas. Revela como é precária e de violação de direitos a situação que aquelas mulheres se encontram, que nem absorvente tem, nem sabonete, nem xampu ou lençol", lamenta ela. "É um local de extrema ausência de tudo", completa.

A integrante do Liberta Elas defende que a ausência do absorvente íntimo afeta a dignidade das mulheres presas, às quais ela se refere como “sobreviventes”. "Afeta a dignidade totalmente. A menstruação ainda é um tabu. Todo mundo sabe que existe, mas muita gente tem nojo do sangue menstrual, inclusive as próprias mulheres. Imagina você estar sangrando e não ter o mínimo de higiene para passar seu ciclo de uma forma tranquila. Você não ter absorvente é um componente da humilhação", ela diz.

A assistente social Wilma Melo cobra de parlamentares mulheres uma atenção para as mulheres privadas de liberdade, apresentando emendas e projetos que tornem a Lei de Execuções Penais menos genérica, identificando de forma clara as necessidades específicas para as unidades prisionais femininas. “A lei é de 1984, ela ainda não era tão voltada para a mulher presa. Então não se olhou isso e hoje as emendas ainda não olham. Não é obrigação das organizações estar levando material como sabonete, pasta, desodorante e absorvente íntimo para as mulheres encarceradas. É dever do Estado garantir o mínimo necessário de condições higiênicas para essas mulheres”, argumenta.

No ofício enviado à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), a Defensoria Pública cobra detalhes sobre a quantidade de absorventes disponibilizados pelo Estado às unidades prisionais e o fornecimento em caráter urgente do material. 

O LeiaJá procurou o governo estadual para comentar a falta de absorventes no cárcere. As questões foram respondidas pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), responsável por fazer o repasse do item de higiene.

A SES defende que não houve ausência de fornecimento, que é oferecida a quantidade solicitada e que há disponibilidade do produto no estoque. Segundo a pasta, foram disponibilizados 1.799 pacotes nos últimos seis meses para a CPFAL, sendo uma média de 257 pacotes com oito unidades em cada mês.

A última compra de absorvente foi realizada em 2019. Durante os anos de 2020 e 2021, a CPFAL foi abastecida por meio desse estoque. A SES não informou o custo.

Ainda segundo a pasta, o cálculo de absorventes a serem entregues individualmente é realizado com base em um consumo estimado de duas a três unidades por dia para cada mulher privada de liberdade. Apesar dos diversos relatos, a secretaria afirma que a distribuição do absorvente íntimo é realizada igualmente para todas as privadas de liberdade, independente se elas recebam ou não visitas.

 Os pontos de arrecadação são: 

1) Defensoria Pública de Pernambuco

- Av. Manoel Borba, 640. Boa Vista. @defensoriape

2) Marília Sales Visagista @mariliasales_vs

Rua Visconde de Ouro Preto, 156. Casa 2. - Casa Forte - . Entregas nas quartas-feiras entre 14h e 18h

3) Ciclos Absorventes @ciclos_absorventes

Rua Professor Henrique de Lucena, 56. - Jardim São Paulo-

4) Bestafera Bar @bestaferabar

Rua Mamede Simões, Centro.

5) Centro Comunitário Germinar

Rua Andaraí, 101,Cj. Flor do Carmelo, Jardim Piedade

6) AMPAC - Associação de Mãe, Pai e Adolescente do Coque @ampacoque

Rua Catalão, 92, Joana Bezerra, Coque.

7) Poço das Artes @pocodasartes

Rua Álvaro Macedo, 54, Poço da Panela.

Durante live realizada nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) debochou do Projeto de Lei (PL) que garantiria a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda, presidiárias e mulheres em situação de rua. Na última quinta-feira (14), o mandatário chamou o benefício de “auxílio Modess” - uma antiga marca de absorventes femininos - e disse estar “torcendo” para o Congresso derrubar seu veto.

“A gente vai se virar e vamos aí estender o ‘auxílio Modess’, é isso mesmo, ‘Auxílio Modess’, absorvente?”, disse. "Vou dar a solução no caso: é só o Parlamento derrubar o veto que daí eu sou obrigado a promulgar [o projeto] depois. E daí a gente vai arranjar recurso no próprio Ministério da Saúde ou na Educação; ou nos dois, ou tirar um pouquinho de cada lugar", continuou o presidente, ameaçando retirar investimentos básicos para viabilizar o projeto.

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Bolsonaro sancionou, no dia 7 de outubro, o PL que institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, mas deixou de fora a principal medida, que seria a distribuição do produto de higiene às mulheres em situação de vulnerabilidade. De acordo com o projeto de lei, os recursos estão previstos nos orçamentos da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), e no Fundo Penitenciário, para as das detentas.

De autoria de 35 deputados, entre eles a pernambucana Marília Arraes (PT-PE), o programa poderia beneficiar cerca de 5,6 milhões de mulheres que menstruam. A estimativa do impacto fiscal era de R$ 84,5 milhões ao ano. Em suas redes sociais, Marília disse estar se “mobilizando” pela derrubada do veto. O texto agora volta para o Congresso, onde os parlamentares darão a palavra final sobre sua aprovação.

O que diz o Congresso

Na semana passada, o presidente do Senado - que também é presidente do Congresso -, Rodrigo Pacheco, aumentou as especulações acerca da derrubada do veto do presidente. “O Congresso está pronto para contribuir com o governo nas soluções de cunho fiscal, mas considero desde já que esse veto é candidatíssimo a ser derrubado”.

“São impressionantes as histórias de proteção com papel de jornal e miolo de pão por adolescentes e mulheres carentes”, acrescentou Pacheco na publicação feita através do Twitter. O veto deve ser analisado em sessão do Congresso Nacional, quando deputados e senadores decidem se mantém ou derrubam vetos presidenciais a projetos aprovados na Casa.

Cumprindo agenda no Paraná, a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de escolas públicas e mulheres em situação de vulnerabilidade. 

Segundo afirmou em entrevista, o governo não tem dinheiro para fazer as entregas dos absorventes. "A gente não precisa de uma lei para um programa como esse porque o nosso governo já estava apresentando esse programa. Não foi ainda entregue por conta da pandemia. Hoje a gente tem que decidir se a prioridade é a vacina ou o absorvente", afirmou Damares.

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A ministra acrescentou que "as mulheres pobres sempre menstruaram e a gente não viu nenhum governo se preocupar com isso. Agora, Bolsonaro é o carrasco porque ele não vai distribuir neste ano. O programa próprio do governo a gente vai estar ofertando sim, mas na hora certa".

Damares assevera que, atualmente, todo o orçamento do Ministério da Saúde é para os remédios e vacina contra a Covid-19. "É uma questão de prioridades, não vamos tirar o arroz da cesta básica para colocar o absorvente. 

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O Governo de Pernambuco lançou nesta quinta-feira (7), o Programa de Educação em Saúde Menstrual para todas as escolas da Rede Estadual. A iniciativa visa promover a distribuição de absorventes, formação e orientação sobre as questões sociais, biológicas e emocionais que afetam a vida da mulher durante o período menstrual.

O governo estadual alerta que, segundo dados da Organização das Nações Unidas, uma em cada dez meninas do mundo falta às aulas durante o seu período menstrual. No Brasil, a realidade é que uma em cada quatro estudantes já deixou de ir para a escola por não ter absorvente.

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Por meio de parcerias institucionais com as secretarias de Saúde e da Mulher, o programa prevê – além da distribuição gratuita e contínua de absorventes para as estudantes em idade menstrual – a realização de rodas de diálogos e palestras virtuais e presenciais com as 16 Gerências Regionais de Educação (GRE), voltadas para os docentes e discentes de todo o Estado.

O governo assegura que também serão promovidos eventos online e presenciais para discutir o cuidado da saúde menstrual e o uso adequado dos absorventes, entre outras questões.

 “Nossa preocupação não é apenas com a distribuição dos absorventes. Queremos trabalhar também o ambiente escolar para cuidar da saúde das estudantes e ampliar o debate acerca do tema”, afirmou o secretário de Educação e Esportes, Marcelo Barros.

Após a publicação dos vetos presidenciais ao seu Projeto de Lei (PL) que previa a distribuição de absorventes para alunas de escola pública, reclusas e mulheres em vulnerabilidade social, na manhã desta quinta-feira (7), a deputada Marília Arraes (PT-PE) classificou a posição de Jair Bolsonaro (sem partido) como 'um verdadeiro absurdo'. Para barrar os principais trechos do texto, o gestor alegou que a proposta 4968/2019 não esclarece de onde os recursos serão retirados.

Ao destacar o cerceamento da atuação das mulheres instituído pela cultura patriarcal, Marília criticou o descaso de Bolsonaro à causa que visa garantir o apoio do Estado a uma questão da natureza fisiológica feminina. "É um verdadeiro absurdo para as mulheres do Brasil dizer que absorvente não é essencial. Quem tá dizendo é o presidente", apontou.

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A parlamentar reforçou que o PL apresentado em 2019 foi aprovado na Câmara e no Senado após a conciliação de lideranças partidárias, inclusive da própria base governista. "Um episódio lamentável de veto do projeto aprovado em plenário [...] nós trabalhamos muito para em um momento difícil como esse unir o país em uma causa e não dividir como o presidente costuma fazer", disse na sessão desta quinta (7).

Para Marília, a união do Congresso, especialmente da bancada feminina, provou que as mulheres precisam de mais dignidade no Brasil. "Fiquei muito impressionada com o veto porque tratou de questões que já estavam resolvidas, que foram alvo de negociações exaustivas entre nós, autores do projeto", considerou ao comentar sobre os fundos de custeio das medidas.

Os recursos para manter os eixos do PL seriam remanejados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Penitenciário Nacional. A proposta também pretendia distribuir o item de higiene nas cestas básicas entregues pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

Mesmo com a negativa do Planalto, o texto volta para a Câmara, que tem até 30 dias para avaliar os vetos e decidir se vai mantê-lo ou não.

Foi sancionada, nesta sexta-feira (24), pelo prefeito do município de Paudalho, na Mata Norte de Pernambuco, Marcelo Gouveia, a Lei nº998 de 2021 que institui o programa de fornecimento de absorventes descartáveis para alunas da rede municipal de ensino da região.

A distribuição dos itens nas instituições de ensino será realizada pela Secretaria de Educação da cidade. Por meio da assessoria, o gestor municipal, explica que a norma é uma questão de saúde pública e um direito. "Sabemos que no Brasil existe a Lei de Combate à Pobreza Menstrual que determina o acesso a absorventes higiênicos e muita das vezes a aluna deixa de ir até a escola pela falta dos absorventes e isso causa a evasão. Nós queremos com essa ação combater esse fator e também garantir o direito", afirma Gouveia.

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De acordo com o texto sancionado, a Secretaria de Educação poderá receber doações de absorventes, através de parcerias com empresas privadas ou organizações não governamentais. No entanto, a maioria das despesas com o projeto será de responsabilidade da prefeitura. Além da distribuição, a Lei propõe que as escolas promovam rodas de conversa, palestras ou cursos para conscientização sobre o tema da menstruação e menarca (primeira menstruação).

Aprovado com unanimidade pela Câmara Municipal do Recife no último dia 22, o programa de distribuição gratuita de absorventes nas escolas públicas será lançado nesta quinta-feira (8). A iniciativa "Ciclo de Cuidado" prevê garantir o item de higiene íntima para 17 mil estudantes, a partir dos 10 anos, da rede municipal de ensino.

O Projeto de Lei Ordinária (PLO) 311/2019 foi proposto pelo vereador Hélio Guabiraba (PSB) com intuito de garantir dignidade menstrual às alunas em vulnerabilidade social do Recife. O programa tem a finalidade de evitar perdas pedagógicas causadas pela ausência das alunas nas aulas e reduzir os casos de infecção causadas pelo uso de material higiênico inadequado.

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A gestão anunciou que o programa 'Ciclo de Cuidado' será lançado oficialmente às 11h pelo prefeito João Campos (PSB), em um evento na sede da gestão, na área Central da capital.

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A Prefeitura de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, anunciou que distribuirá absorventes gratuitamente para estudantes de toda a rede municipal.

Cerca de 6 mil adolescentes, a partir do segundo semestre, irão receber o item de higiene. A Secretaria de Educação da cidade deseja, por meio da ação, evitar que estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e social deixem de ir à aula por falta de acesso a itens básicos.

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Para o Estado de Pernambuco, a deputada Dulci Amorim (PT) criou o Projeto de Lei (002188/2021), que visa garantir o fornecimento gratuito de absorventes higiênicos nas escolas públicas, unidades básicas de saúde, unidades prisionais e outras instituições pernambucanas que sejam públicas. O PL está em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe)

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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) emitiu uma recomendação para que o presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do estado, se abstenha de incluir em pauta um projeto de lei para distribuição de absorventes para mulheres em situação vulnerável sem que haja alteração no texto. O promotor de Justiça Eleitoral Lúcio Carlos Malta Cabral destaca que a Lei das Eleições proíbe distribuição gratuita de bens no ano em que se realiza eleições.

O projeto da Lei do Absorvente é do vereador Klemerson Ferreira de Souza, conhecido como Pipoca (PSDB). A medida foi aprovada em primeira votação na quinta-feira (30) e deverá retornar para segunda votação.

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Na recomendação, o promotor pede que o projeto seja alterado, em articulação com os demais parlamentares, para que seus efeitos tenham vigência a partir de 2021. Caso as alterações não sejam realizadas, ele recomenda que o prefeito não sancione o projeto. 

Conforme o artigo 73 da Lei 9.504/1997, a Lei das Eleições, fica proibido a distribuição de bens, valores ou benefícios por parte da administração pública no ano de eleição, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior. A recomendação do MPPE ressalta que a distribuição de absorvente não possui qualquer relação com os recentes casos de calamidade pública provados pela Covid-19, "até porque a condição física da mulher (ciclo menstrual), sempre existiu, não sendo proporcional o entendimento de que só agora venham os parlamentares a aprovar esse projeto", diz o texto.

Nas redes sociais, o vereador Pipoca comemorou a aprovação na primeira votação. "O projeto visa o benefício das mulheres! Esse foi o público que mais apoiou essa causa! Menos machismo. Nosso compromisso é com toda a população", publicou.

Alvo de discussões acaloradas nos últimos dias, o projeto de lei que prevê distribuição gratuita de absorventes higiênicos em locais públicos ganhou o apoio de deputadas e senadoras de diferentes partidos, além de profissionais de saúde e educação. A proposta apresentada pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP) às vésperas do Dia Internacional da Mulher, sob a justificativa de dar mais dignidade a mulheres pobres, despertou reações contrárias até de integrantes do governo, como o ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Entre as parlamentares, o tema acabou unindo representantes que vão do PCdoB ao MDB. "Não estamos falando só de absorvente, estamos falando de saúde da mulher", disse a primeira-secretária da Câmara, Soraya Santos (PL-RJ). Ela avaliou que a pauta deve mobilizar a bancada das mulheres, hoje a maior na história da Câmara, com 76 representantes.

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A proposta prevê a distribuição gratuita em espaços públicos para mulheres de baixa renda, e também em presídios. Os custos ficariam a cargo do governo - essa é uma das razões para as fortes críticas nas redes sociais. Tabata estima um custo aproximado de R$ 119 milhões ao ano. A proposta deixa a cargo do governo os critérios de quantidade, tipo de absorventes e locais de distribuição.

"É óbvio que isso tem um impacto financeiro que precisa ser analisado, mas, a princípio, com regramentos e objetivos específicos, tem, sim, o meu apoio", disse a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MDB-MS).

Para Tabata, a reação negativa é fruto do preconceito contra a agenda feminina. "Pautas femininas são invisíveis e ainda um grande tabu na sociedade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou sua conta no Twitter para tirar sarro do projeto proposto deputada Tábata Amaral (PDT). A parlamentar apresentou à Câmara dos Deputados, na última quinta-feira (5), um projeto de lei (428/2020) que garante a distribuição gratuita de absorventes biodegradáveis em espaços públicos.

“A nova esquerda (colar de pérolas e financiada por monopolistas) quer gastar R$ 5 bilhões (elevando impostos) para fornecer "gratuitamente" absorventes femininos. Como será o nome da nova estatal? CHICOBRÁS? MenstruaBR?”, escreveu o ministro.

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No texto, apresentado por Tábata Amaral, a justificativa para o início do projeto se dá por conta da dificuldade de acesso a absorventes higiênicos pela população de baixa renda. “O uso de materiais inadequados como jornal, papel higiênico,miolo de pão ou tecidos e ainda a troca infrequente dos absorventes, por motivo de economia, podem trazer riscos para a saúde como infecções. Alguns países buscam enfrentar a questão por meio da oferta em escolas; outros reduziram impostos sobre absorventes”, diz o texto.

Desde a puberdade até a menopausa, a mulher usa, em média, mais de 10 mil absorventes - seja ele externo ou externo. São cerca de 150 kg de lixo durante a vida fértil. Colocando na ponta do lápis, o gasto anual com o produto é de pelo menos R$ 100. Para se degradar na natureza, o absorvente externo leva 100 anos, enquanto o interno leva até um ano. Indo além das questões financeiras e ecológicas, existe, também, o problema do desconforto durante o período menstrual. 

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Opções ao incômodo absorvente têm surgido desde os anos 1990, mas, no Brasil, vêm ganhando força há alguns anos. O coletor menstrual e, mais recentemente, a calcinha absorvente, têm sido algumas das alternativas encontradas pelas mulheres que consideram o produto caro ou desconfortável, e também se preocupam com a questão da sustentabilidade. Como é o caso da desenvolvedora de software Letícia Woelfer, 21 anos.

"Eu sempre detestei absorvente, mas quando soube da existência do coletor menstrual, me interessei também por conta da questão ambiental, porque nós mulheres acabamos produzindo muito lixo com os absorventes durante toda a vida. Resolvi usar porque imaginei que traria benefícios não só a mim, como também para o meio ambiente", explica Letícia que faz uso do coletor menstrual da marca Inciclo há mais de dois anos. O produto é inserido na vagina e coleta o fluxo menstrual. Ele pode ser usado por até 12 horas e não é necessário retirar para urinar ou evacuar.

Com o mesmo propósito, a gastrônoma Juli Moreira, 34 anos, resolveu experimentar a calcinha absorvente há dois anos. Comprou de uma marca internacional pois, na época, o produto ainda não era vendido no Brasil. “Usava um pacote de absorvente todo mês. Agora não produzo mais esse lixo”, conta. Para ela, os benefícios vão ainda além. “Absorvente sempre foi uma coisa incômoda para mim. Na época que usava, acordava toda vez que meu fluxo descia no meio da noite, achando que podia ter vazado. Hoje não me preocupo mais com isso. E posso ir para aula de dança ou para a academia também sem desconforto ou medo. Fora o ganho financeiro. O investimento das calcinhas mais que compensou o gasto com absorvente”, revela Juli.

As calcinhas têm tecido antimicrobiano que absorve o fluxo e bloqueia os odores. Os valores variam entre R$ 75 e R$ 95. A peça pode ser usada por até 12 horas e dura, em média, 2 anos. Há modelos da calcinha para fluxo leve, moderado e intenso. Aperfumista Viviane Silva, 35 anos conheceu o produto há seis meses e resolveu investir. "Eu costumava gastar muito com absorventes mensalmente. Em pouco tempo eu acabei pagando as minhas [calcinhas] com a economia que fiz em não precisar comprar o absorvente comum. O conforto é enorme, não causa assadura, reduziu os corrimentos. Só vejo benefícios", conta.

Preocupada com a relação das mulheres com a menstruação e com a quantidade de lixo gerada durante o período menstrual, a terapeuta holística Dani Lins criou o bioabsorvente. Feito de pano, o produto é artesanal, reutilizável e sem químicas. Com valores entre R$ 10 e R$ 25, os bioabsorventes podem ser usados de 2 a 4 horas - a depender do fluxo de cada mulher. “Apesar de ser algo antigo - nossas avós usavam, as nossas mães usavam os paninhos -, a nossa geração ficou muito distante disso quando apareceu o absorvente de plástico. Num primeiro momento, as mulheres não perceberam o quanto esse tipo de absorvente prejudica a nossa saúde e a natureza”, explica. Segundo Dani, os bioabsorventes têm recebido uma grande aceitação. “É algo que é antigo, mas que é novo para nossa geração. Quando a mulher passa a usar um bioabsorvente, ela percebe que não há mau cheiro no sangue, ela passa a ter uma relação com o sangue dela de uma forma diferente. Está tendo uma receptividade muito boa das mulheres, tem muitas aderindo e se abrindo para isso”, conta.

Apesar das inúmeras opções ao absorvente comum e dos benefícios apontados, muitas mulheres ainda se sentem inseguras para substituí-los. O LeiaJa.com conversou com a ginecologista do Hospital da Mulher do Recife, Karina Cidrim, para esclarecer as principais dúvidas.

Usar o coletor menstrual/calcinha de pano é uma boa opção?

Sim. Não só para a mulher, como para o meio ambiente também. São usadas quantidades enormes de produtos na confecções dos absorventes e eles levam anos para se degradar. Além disso, é uma opção, também, para algumas mulheres têm alergias a absorventes descartáveis - isso chega a ser até um motivo para algumas mulheres chegarem ao consultório pedindo para suspender a menstruação.

O que é importante observar no uso do coletor?

No caso dos coletores, é importante que a mulher já tenha tido relações sexuais. É importante porque é um copo que se coloca na vagina. Então, ao contrário do absorvente interno - que dependendo do tipo de hímen pode ser usado por virgens-, o coletor precisa que a mulher tenha um bom conhecimento da sua anatomia, e que a vagina já esteja, digamos, "confortável" para relaxar o suficiente. O bom relacionamento da mulher com a vagina também é um fato que vemos ser impeditivo no uso. Mais de 70% das mulheres não conhecem a sua anatomia, então não sabem exatamente onde o coletor fica, como ele age e acabam não se dispondo a utilizar.

Existe algum tipo de restrição para o uso do coletor?

Do ponto de vista do material utilizado, ele é hipoalergênico e não existe relato de reações alérgicas graves. Mas existem várias marcas e tamanhos e isso também é importante e deve ser observado. Algumas mulheres principalmente que ainda não tiveram filhos, ou acabaram de iniciar a atividade sexual podem não se sentir confortável com aquele tamanho ou material - o segredo é testar. Outra contraindicação é no pós parto imediato -seja ele normal ou cesareana- pela modificação da flora vaginal e pequenas lesões na vagina. Se houver ainda infecções vigentes, em tratamento com creme vaginal, também deve ser evitado o uso.

E para as calcinhas absorventes e os absorventes de pano?

O principio é o mesmo do coletor. Elas são ótimas pro meio ambiente, confortáveis e menos alergênicas, mas o grande problema é a higienização. É preciso lavar bem os produtos, higienizar. Muitas mulheres querem usar mas não querem ter contato com o sangue, não querem lavar, e isso não pode acontecer. Respeitando as orientações de uso e higienização, pode ser uma boa opção.

O coletor pode ser usado por mulheres que têm DIU?

Com cautela, pode ser utilizado sim. Teoricamente, o vácuo não é suficiente para retirar o diu de lugar, então não existe uma contraindicação formal ao uso concomitante. Mas deve-se sempre ter cuidado com a cordinha do diu para que ela fique dentro do copinho, que não fique presa nas paredes vagina e que elas não sejam puxadas na hora de colocar. Mas é sempre recomendado conversar com o ginecologista, ser examinada e orientada porque cada corpo é um corpo, uma anatomia, e o médico que acompanha aquela mulher deverá orientar bem esses usos.

A calcinha absorvente se tornou mais conhecida no Brasil em novembro de 2016, quando a chef Bela Gil contou que as usava no lugar de absorventes comuns e coletores menstruais. Na época, ela contou que comprava a roupa íntima no exterior.

Agora, foi lançada a primeira marca brasileira especializada no produto, a Pantys, que produz calcinhas com tecido antimicrobiano com bloqueador de odores. Ela possui apenas 1/3 da espessura de um absorvente padrão, absorve o equivalente a dois absorventes externos, é reutilizável, pode ser lavada na máquina e dura até dois anos. A recomendação é de usá-la de 6 a 10 horas, nos dias de fluxo intenso, e o dia todo nos dias de fluxo leve.

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Uma das bandeiras que a marca levanta é a da sustentabilidade. É estimado que, durante a vida, as mulheres tenham cerca de 450 ciclos menstruais, descartando 150 quilos de absorventes. Com as calcinhas, o lixo gerado é reduzido drasticamente.

A Pantys lançou quatro modelos de calcinhas - tanga, biquíni, clássica e "hot pant - com preços que variam de R$ 75 a R$ 95 no site da marca.

Visto muitas vezes como indesejável e sujo, o período menstrual sempre foi considerado um tabu entre as mulheres. Apesar disso, nos últimos anos, um "copinho" feito com silicone medicinal, produzido para coletar o sangue da menstruação, tem ganhado cada vez mais espaço entre as brasileiras.

Embora tenha sido criado na década de 1930, o coletor menstrual só  ganhou popularidade no Brasil a partir de 2010. O produto é uma alternativa diferente  dos absorventes e armazena o sangue menstrual por um período de até 12 horas e tem duração de até dez anos. A recomendação é de retirá-lo, esvaziá-lo e lavá-lo com algum produto de limpeza antes de reinserir. Durante a menstruação, entre um ciclo e outro,  a mulher deve fervê-lo em uma panela.

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Apesar de ainda pouco conhecido, só no ano de 2015, uma das fabricantes do produto no Brasil, a Inciclo, por exemplo, afirmou que o coletor registrou um crescimento de 938% nas vendas nacionais. De acordo com os fabricantes, "os copinhos" são hipoalergênicos e com isso apresentam baixa possibilidade de acometer reações alérgicas às mulheres. Cada coletor custa em torno de R$ 79 e como tem duração longa, é considerado mais sustentável por diminuir a produção de lixo contínuo no meio ambiente.

Ao contrário do absorvente interno, que é inserido ao fundo da vagina, o coletor fica na entrada e é vendido em vários formatos e tamanhos. O custo-benefício também é um fator que atrai muitas mulheres. 

Dados da empresa Fleurity, marca que revende o produto, registram um faturamento mensal de até R$ 700 mil. Apenas em 2016, a estimativa da empresa é faturar R$ 2 milhões mensais. De acordo com a Fleurity, o coletor é uma alternativa mais econômica, ecológica, confortável e com baixo risco de vazamento. Para a paulista Juliana Sousa, 31 anos, usuária do produto há seis anos, a preocupação com o seu conforto e com o meio ambiente foram decisivas. "Eu me interessei muito pela ideia de não usar mais absorvente,  já não usava o externo, mas o interno me incomodava. A questão ambiental também me fez refletir sobre  quanto lixo eu ainda produziria na minha vida menstrual e quanto dinheiro eu gastaria", contou.

Para mulheres, coletor é libertação

Visto por algumas mulheres como "revolucionário" e "libertador", o coletor menstrual também ganha espaço nas redes sociais. Para Monique Zaioncz, 21 anos, a descoberta foi muito positiva. "Conheci o coletor através do Facebook e decidi usá-lo porque ao pesquisar mais sobre como era e como se usava, achei que parecia ser bem mais confortável que os absorventes descartáveis e mais higiênico. Eu tinha assaduras por causa dos absorventes", explica.

Embora o produto tenha vindo à tona nos últimos anos, Monique lamenta os estigmas culturais. "Várias marcas de coletores têm páginas no Facebook e muitas mulheres comentam que acham nojento e anti-higiênico e isso é reflexo de uma educação repressora", pontua. 

Em muitas páginas sobre o assunto no Facebook, mulheres que já fazem uso do produto há mais tempo, se dedicam a repassar informações sobre como utilizar coletor menstrual, onde devem comprar e buscam atrair cada vez mais adeptas. Só a página 'Coletores Brasil - menstrual cups' já possui mais de 70 mil mulheres participantes.

O tabu com o corpo feminino, no entanto, ainda é um impedimento no uso do produto, aponta a operadora de telemarketing, Danielle Menezes, que começou a utilizar o coletor há dois meses. Para ela, desde a infância é ensinado que não devemos falar sobre menstruação em público. "As mulheres não têm o hábito de de conhecer seu corpo desde a adolescência, mas vejo algumas que são mais maleáveis a mudanças e acho que se o coletor fosse mais divulgado e acessível, elas se interessariam mais em experimentar", comentou. 

Com o desejo de tornar o produto mais conhecido entre as mulheres, a professora Petra Ramalho, de 39 anos, passou de ser apenas usuária e agora também revende o coletor na cidade de João Pessoa, na Paraíba. "Eu faço isso porque eu tenho prazer em colaborar para um futuro melhor para o nosso planeta. Não faço muito pelo lucro, mas pela necessidade de fazer mais mulheres da minha cidade conhecerem o produto", explicou.

Petra diz que muitas vezes só recebe o pagamento meses depois da entrega do produto. "Fico feliz em fazer outras mulheres que desejam comprar o coletor e não podem pagar no momento que recebem". Para ela, não apenas os estigmas culturais com relação aos fluidos do corpo feminino impedem a divulgação do produto. "Acho que é mais o desconhecimento quase completo do seu próprio corpo por parte das mulheres", afirma. 

Recentemente, a engenheira mecânica, Gisele Milanezi, 35 anos, optou por utilizar o "copinho" durante a menstruação para fugir dos anteconcepcionais. "Eu não menstruava por uso de contraceptivos hormonais por dez anos e estava pensando em descontinuar por causa de efeitos colaterais.Como sempre tive muito problema no uso de absorventes como alergias e assaduras e desconforto, resolvi dar uma chance ao coletor e isso mudou a minha vida", falou.

Feliz com a decisão libertadora, ela conta que pode utilizar o produto sem necessidade de troca durante o trabalho, sem preocupações com vazamentos e sem o incômodo do absorvente interno. "Ví que não preciso mais interromper de forma hormonal minha menstruação, ela não é mais um incômodo". 

Benefícios

Em uma pesquisa recente, a empresa Intimina, responsável pela produção de produtos de higiene íntima, perguntou a 1.500 mulheres sobre as mudanças após substituir o uso do absorvente comum pelo coletor menstrual. De acordo com os registros, uma em cada quatro mulher disse além de enxergar uma melhora na vida sexual ter  menos secura vaginal. Ainda segundo a pesquisa, um grupo de 62% afirmou sentir a diminuição do cheiro forte da menstruação. O odor é relacionado diretamente com o uso do absorvente porque o sangue entra em contato com o ar, diz a ginecologista e obstetra do Hospital da Mulher do Recife, Leila Katz, que também é usuária do coletor há pelo menos oito anos.

A médica explica que além da comodidade, da economia e de ser ecologicamente sustentável, o coletor menstrual também é mais higiênico. "Se a usuária seguir as regras de uso de forma contínua os benefícios serão inúmeros. O absorvente, que com a umidade pode levar à proliferação de bactérias e a infecções como a candidíase, as vezes pode ser muito prejudicial à saúde da mulher, diferente do coletor, que apesar de não ser algo de muitos estudos científicos, traz menos riscos", afirmou Leila.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o produto ainda não é regido por uma legislação sanitária específica no Brasil. Por meio de nota, a Anvisa informou que está trabalhando numa proposta de inclusão dos coletores menstruais no escopo regulamentar da Agência. "Estamos avaliando as características do produto para definir seu enquadramento e requisitos mínimos. Os critérios, quando publicados, serão válidos tanto para os produtos nacionais quanto para os produtos importados."

Para a ginecologista Leila Katz, a não oficialização de órgãos fiscalizadores prejudica a propagação do uso do coletor. "Isso dificulta muito o acesso das mulheres ao produto, às vezes não sabem onde podem comprar, por exemplo. No exterior, na maioria dos lugares, isso é vendido livremente em farmácia", argumenta a médica. Apesar disso, O InCiclo, um dos fabricantes do produto no Brasil, recebeu liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. De acordo com resoluções internas da Anvisa, o Departamento de Gerência de Tecnologia de Materiais de Uso em Saúde deferiu a liberação por não considerar o InCiclo um produto para saúde.

Além do impasse na legislação brasileira, a ginecologista também diz que muitas mulheres ainda enxergam como barreiras a manipulação do próprio corpo. Ela conta que muitas pacientes já contaram que têm medo de que o "copinho" entre na vagina e se perca lá dentro. "O coletor também é uma forma de autoconhecimento do corpo feminino porque muitas mulheres ainda tem informações equivocadas sobre o assunto. Eu já indiquei pra muitas pacientes e amigas". Para ela, quando a maioria das mulheres conhecer e se habituar com o uso do coletor menstrual, será libertador.  

A marca Intimus está sendo questionada após a postagem de uma consumidora no Facebook. A estudante de Arquitetura e Urbanismo Samantha Martins Santana diz ter encontrado vários vermes ao abrir um absorvente que estava em uma embalagem intacta. 

"Hoje pela manhã fui trocar meu absorvente e percebi uma pequena mancha escura no absorvente", conta a estudante em texto escrito na segunda-feira (26). "Como não é algo comum de acontecer, decidi abrir o absorvente para ver o que era aquela mancha", continua Samantha, que em seguida revela ter encontrado os vermes no interior do produto.

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Em resposta, a Intimus solicitou que a estudante ligasse para uma central de atendimento. "Gostaríamos de conversar melhor com você sobre o caso", disse a marca. 

Após o contato com a Intimus, Samantha atualizou sua postagem duas vezes. Na última, feita nesta terça-feira (27), ela diz ter obtido a seguinte resposta: "Como os produtos são expostos a altas temperaturas durante o processo de embalagem é impossível a permanência de bichos vivos dentro. Para analisar o caso é mandado um técnico para recolher o produto e analisar o que aconteceu durante o transporte do mesmo". A estudante afirma que só na quarta-feira (28) terá uma resposta concreta de como irá proceder com a situação. 

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