Chamada a responder sobre as mortes em rebeliões no Complexo Prisional do Curado, antigo Aníbal Bruno, na Organização dos Estados Americanos (OEA), a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco (SJUDH) tem divulgado semanalmente informações sobre apreensões no interior dos presídios do Estado. Somente em 2015, foram realizadas 178 revistas feitas por agentes penitenciários, por vezes com apoio da Polícia Militar. Além das 2.850 armas, também foram encontrados telefones celulares, drogas e até fábricas de cachaça artesanal.
Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), ligada á SJUDH, as revistas são realizadas de forma periódica, constante, sem dia ou hora marcada. No horário de entrada de familiares, segundo a Seres, os pertences dos mesmos são revistados com equipamentos de segurança, como scanner de mão ou esteiras de raio-x, semelhante às vistas em aeroportos.
##RECOMENDA##O LeiaJá questionou a Seres sobre os motivos que levam à tantos materiais entrarem nos presídios, mesmo com todo o aparato que a Secretaria afirma utilizar para evitar que isso ocorra. No entanto, o orgão se limitou a dizer que "a entrada de qualquer tipo de material ilegal é constantemente investigada pela SERES", sem dar maiores detalhes sobre os resultados destas investigações.
Audiência Pública - Após três rebeliões e ao menos 16 mortos, incluindo um policial, no último ano, a Corte Interamericana de Direitos Humanos convocou o Estado brasileiro a uma audiência pública no final do mês para responder sobre as violações reiteradas no Complexo Prisional Aníbal Bruno (renomeado Complexo do Curado).
A Corte ordenou o Estado brasileiro a proteger a vida e integridade dos presos, funcionários e visitantes do notório presídio em maio de 2014, quando examinou centenas de denúncias de abusos apresentadas por uma coalizão de organizações de direitos humanos. Na audiência—a ser realizada em 28 de setembro e transmitida ao vivo da Costa Rica às 14:00 (horário de Brasília) na página da Corte (http://www.corteidh.or.cr)— essa coalizão apresentará novas provas demonstrando a continuidade de graves violações no Complexo, incluindo decapitações, estupros coletivos, espancamentos e ataques com facões.
Segundo a OEA, o Completo Prisional do Curado encarcera mais de 7 mil homens em um espaço para menos de 1.900, com um número insuficiente de agentes para assegurar adequadamente a custódia.
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