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Uma mulher de 48 anos, suspeita de organizar e financiar os atos terroristas do dia 8 de janeiro, entregou-se à Polícia Federal, em Campos dos Goytacazes (RJ), na noite dessa segunda-feira (16). A identidade dela não foi revelada. A mulher era um dos alvos dos mandados de prisão da operação Ulysses, deflagrada ontem.

A ação da PF investiga quem organizou e financiou os atos antidemocráticos ocorridos desde o dia 30 de outubro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, e as ações golpistas que aconteceram em Brasília no dia 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes – Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto – foram invadidas e depredadas por bolsonaristas radiciais.

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Nessa segunda, o subtenente Roberto Henrique de Souza Júnior, 52, foi preso por suspeita de ser um dos financiadores e organizadores. Roberto é do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) e está preso no Grupamento Especial Prisional (GEP), no bairro carioca de São Cristóvão, à disposição da Justiça.

Uma terceira pessoa alvo da operação Ulysses ainda está sendo procurada. Segundo um balanço da PF, divulgado nesta terça (17), além das prisões, foram apreendidos celulares, computadores e documentos.

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a extrema direita será a força de oposição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e que isso é "muito grave". Ele voltou a reforçar a reposta das instituições brasileiras aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília.

"Não dá para negar que a extrema direita se organizou no Brasil. A extrema direita será a força de oposição do governo Lula e isso é grave", disse, durante plenária no Fórum Econômico Mundial, em Davos. "O Brasil conviveu com extrema direita no passado, mas nunca foi eleitoralmente viável", acrescentou.

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O ministro da Fazenda disse que, apesar de fragilidade por reunir uma série de partidos, a base de sustentação de Lula é forte para reagir à extrema direita, governar e defender a democracia no Brasil. Segundo ele, a reposta de 8 de janeiro foi institucionalmente muito importante.

"Tivemos êxito muito grande em resposta a atos em Brasília", afirmou, acrescentando que os financiadores de atos já estão identificados e vão responder pelo que patrocinaram. Apesar disso, Haddad disse que não é confortável ter oposição extremista no Brasil e que vê o tema com preocupação.

Ao seu lado, a ministra do meio ambiente, Marina Silva, concordou com Haddad sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, mas ponderou que o extremismo não é um problema só no Brasil, mas no mundo. "Não é confortável para nenhum governo ter oposição extremista", afirmou, dizendo que é "emblemático" estar com ministro da Fazenda em um debate sobre as perspectivas para o Brasil em Davos.

De acordo com Marina, o extremismo é desestabilizador em várias óticas como social, ambiental e econômica. Apesar disso, ela disse que o governo teve capacidade de resposta a atos em poucas horas e ressaltou a fortaleza das instituições no Brasil. Por fim, comentou sobre a ação internacional que Lula fará para reinserir o Brasil no mundo e defender a democracia do País.

A Operação Ulysses, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira (16) em Campos dos Goytacazes (RJ), resultou nas prisões de dois suspeitos de envolvimento em atos antidemocráticos. Um deles é o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Roberto Henrique de Souza Júnior. O outro é o ativista Carlos Victor Carvalho, responsável por administrar perfis nas redes sociais que dão apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Desde o fim do ano passado, grupos que não aceitaram a vitória eleitoral do presidente Luís Inácio Lula da Silva realizaram bloqueios de rodovias e organizaram acampamentos em frente a edifícios do Exército em diversos estados do país para reivindicar uma intervenção militar.

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O inconformismo com a não reeleição de Bolsonaro também resultou em um violento ataque em Brasília no dia 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação de instalações do Palácio do Planalto e das sedes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Como as investigações ocorrem em sigilo, a PF não especificou qual seria a participação de cada um dos dois presos nos atos antidemocráticos. Roberto Henrique de Souza Júnior é bombeiro há 33 anos e atua em Guarus, subdistrito de Campos dos Goytacazes. Em 2018, candidatou-se a deputado federal com o nome de Júnior Bombeiro, mas não foi eleito.

Ele será encaminhado ao Grupamento Especial Prisional (GEP) do Corpo de Bombeiros, na zona norte da capital fluminense e ficará à disposição da Justiça. Em nota, a corporação informou que "acompanha de perto a operação da Polícia Federal e segue a dispor das autoridades para colaborar nas investigações". 

Já Carlos Victor Carvalho se apresenta nas redes sociais como fundador da Associação Direita Campos. Seu perfil pessoal no Facebook possui mais de 50 mil seguidores. Entre suas postagens há manifestações de apoio a Jair Bolsonaro, críticas ao presidente Lula e algumas mensagens com informações falsas.

Em 2020, ele foi candidato a vereador em Campos dos Goytacazes, mas também não obteve sucesso.  Mais cedo, a PF havia informado que a operação havia sido deflagrada para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão temporária de lideranças que bloquearam rodovias na região e que participaram de ocupações em frente a quartéis do Exército.

Foram apreendidos celulares, computadores e documentos diversos. O nome dado a operação é uma homenagem a Ulysses Guimarães, deputado que presidiu a Assembleia Nacional responsável por aprovar a Constituição de 1988 e inaugurar uma nova ordem democrática após 21 anos de ditadura militar.

De acordo com a PF, os delitos investigados incluem associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais. A Agência Brasil não conseguiu localizar a defesa dos dois presos. 

 

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta segunda-feira (16) dois pedidos de liberdade a presos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O ministro rejeitou a libertação por questões processuais.

Citando jurisprudência da Corte, Lewandowski entendeu que não pode julgar, por meio de habeas corpus, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão de todas pessoas que estavam no acompanhamento instalado no quartel do Exército em Brasília no dia dos ataques.

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Os pedidos de liberdade foram protocolados pela defesa do empresário Eduardo Zeferino Englert, de Santa Maria (RS). Os advogados alegaram que ele não tem relação com o financiamento dos atos, pagou sua passagem de ônibus com os próprios recursos para participar pacificamente da manifestação e chegou em Brasília após os atos de vandalismo.

A advogada de Francisca Elisete Cavalcante Farias disse que ela estava no acampamento em frente ao quartel, ma somente participou de atividades religiosas e não esteve na Esplanada dos Ministérios.  Mais cedo, a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informou que deve concluir hoje as audiências de custódia dos mais de mil presos acusados de participação nos atos.

Conforme o último levantamento divulgado pelo conselho, 1.418 pessoas foram presas. Elas foram encaminhadas para o presídio da Papuda e à penitenciária feminina da Colmeia, ambos no Distrito Federal.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse nesta segunda-feira, 16, que o governo federal pode ter feito "vista grossa" à invasão dos manifestantes golpistas ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) e permitido os atos para poder se fazer de "vítima".

"Me parece que houve um erro da direita radical e houve um erro, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse posteriormente de vítima", afirmou Zema, em entrevista à Rádio Gaúcha. Para ele, a avaliação ainda está no campo da suposição, mas ele pondera que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estava ciente da mobilização e não fez nenhum plano de contingência.

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A fala do governador repete uma retórica usadas por políticos simpáticos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Zema condenou os atos de vandalismo, mas, para ele, não se pode confundir o "cidadão de bem" com quem realizou as depredações. "Que se prenda, que se puna exemplarmente aquelas pessoas que fizeram essa depredação, o vandalismo que eu condeno totalmente. Agora você estender isso para aqueles que estão se manifestando de forma ordeira, que não afeta o ir e vir e de ninguém, é uma coisa muito distinta. Estão confundindo alhos com bugalhos", disse.

O mineiro ainda criticou a postura do ministro do STF Alexandre de Moraes, que afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Zema acredita que há uma "arbitrariedade gigante" nas punições. "Eu julgo que em várias ações que ele tem feito, realmente ele tem excedido. Uma delas, na minha opinião, é o afastamento do governador do DF. E se teve erro, também teve erro do GSI, que é do governo federal, que fica subordinado ao ministério da Justiça", disse.

"Estamos assistindo a uma arbitrariedade gigante, você não poder discordar, ter que ficar calado, ter que se omitir mesmo não concordando. Uma coisa é desinformação, invasão, quebra-quebra, como aconteceu, os culpados precisam ser realmente punidos. Outra coisa é você discordar, é ter uma posição diferente. Julgo que houve excesso da mesma maneira com o afastamento do governador", adicionou.

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu nesta segunda-feira, 16, com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para discutir ações de combate aos atos de vandalismo a torres de transmissão de energia registrados nos últimos dias. Entre as ações em análise, segundo a pasta, está a participação de forma integrada de agentes de segurança estadual e federal, com o reforço do patrulhamento em áreas estratégicas e o reforço do monitoramento das linhas de transmissão com o uso de novas tecnologias, como câmeras e drones.

Em nota, o MME informou que a iniciativa da reunião partiu da pasta, com objetivo de evitar novos casos e assegurar o suprimento energético no País.

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Uma nova reunião sobre o tema está prevista para ser realizada nesta terça-feira, 17, com representantes do setor elétrico, da Abrate, da Aneel e do ONS para a determinação de medidas.

Ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o ministro Alexandre Silveira afirmou que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também participarão do encontro.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até o momento foram registradas sete ocorrências de atos contra as instalações de transmissão.

No total, quatro torres foram derrubadas em Rondônia e no Paraná. Também foram registradas atos de vandalismo, sem quedas de torres, em São Paulo e no Paraná. A situação vem sendo monitorada por um gabinete de acompanhamento conjunto desde a última semana. A agência ressaltou que as ocorrências não causaram interrupção do fornecimento de transmissão de energia e que as empresas estão atuando nos dados detectados.

O MME informou que encaminhou ofícios para os governos de São Paulo, Rondônia e do Paraná para adoção de medidas preventivas e investigativas.

Em nota, o ministro afirmou que o governo irá agir com o rigor da lei, punir e cobrar o ressarcimento dos vândalos. "O MME também enviou ofício para as maiores transmissoras e para a Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (ABRATE) para efetuarem medidas preventivas de inspeção e de reforço na segurança das instalações, inclusive de monitoramento eletrônico, e para adotarem planos de contingência para restabelecimento célere dos equipamentos danificados."

A desmontagem de acampamento de bolsonaristas em Brasília e a prisão dos extremistas gerou um novo conflito de versões entre o governo e a Polícia Militar do Distrito Federal de um lado e o Exército do outro. No centro agora da polêmica estaria a resistência em acabar de uma vez com o local na noite do domingo, dia 8 - horas depois da invasão da sede dos três Poderes - e prender os radicais que teriam se refugiado na frente do Quartel-General da Força Terrestre, no Setor Militar Urbano (SMU).

Na sexta-feira passada, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse em depoimento que o Comando do Exército não havia permitido que o acampamento fosse desmontado no dia 29 de dezembro, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Agora foi a vez do ex-comandante da PM do DF Fábio Augusto Vieira afirmar, em depoimento à Polícia Federal, que a Força se negou a permitir que a tropa de choque da PM entrasse no acampamento para deter os vândalos na noite do dia 8.

O coronel afirmou que, em meio ao início das ações golpistas, o Exército "já estava mobilizado para não permitir" a entrada da PM no SMU, onde estava localizado o acampamento de bolsonaristas.

De fato, naquela noite, o Exército posicionou sua Tropa de Choque e três blindados, cercando a praça na frente do QG. O jornal O Estado de S. Paulo esteve no local e verificou que a ordem então era que ninguém podia entrar no acampamento, só sair.

Naquele momento se desenvolvia uma reunião da qual participavam os ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa) com os comandantes do Exército, Julio Cesar Arruda e do Planalto, Gustavo Henrique Dutra Menezes.

Na versão dos militares, eles estavam havia um mês desocupando paulatinamente o acampamento por meio de um estrangulamento. Imagens feitas com drones pela inteligência militar confirmariam a ação. Antes do fim do dia 7, o total de acampados havia caído para cerca de 200.

O número aumentou novamente coma chegada de caravanas de extremistas a Brasília. Na reunião com os ministros, os generais afirmaram que fariam a desocupação do terreno na manhã de segunda-feira.

De acordo com a versão dos militares, a ordem de prisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, só foi expedida depois do término da reunião.

A ordem, portanto, de quem ninguém entraria na área do acampamento à noite tinha por objetivo impedir os riscos de uma operação noturna em um ambiente com mulheres, crianças e idosos e não impedir o cumprimento da ordem judicial do STF.

'Ato pacífico'

Em outro momento, na audiência de custódia após ser preso, o ex-comandante da PM afirmou que "tudo apontava no domingo para um ato pacífico", quando apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro levaram a cabo o que chamaram de "tomada de poder". Segundo o militar, as operações da corporação no dia dos atos golpistas foram realizadas de acordo com informações da área de inteligência, "inclusive de outros órgãos".

A alegação do ex-comandante da PM do DF conflita com o alerta emitido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Em ofício enviado a Ibaneis Rocha na véspera das investidas extremistas, ele apontou riscos de violência nos atos previstos para o dia seguinte. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Dino enviou ofício às autoridades de segurança pública do DF.

No documento, o ministro afirma que a PF havia identificado "intensa movimentação" de caravanas rumo a Brasília e, ainda de acordo com o texto, os manifestantes tinham a intenção de "promover ações hostis e danos contra os prédios" da capital federal.

Vieira foi preso na terça-feira passada, por ordem de Moraes, com base em "fortes indícios" de "omissão". A audiência de custódia foi realizada na quarta. No mesmo despacho em que determinou a prisão de Vieira, o ministro do STF decretou também a prisão preventiva - sem prazo determinado -, efetuada no sábado, do então secretário da Segurança Pública, Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro até o dia 31 de dezembro.

Negativas

Vieira e Torres negam que tenham se omitido no enfrentamento da ação dos vândalos, que furaram, sem dificuldades barreiras policiais e não encontram pelotões suficientes para contê-los. Diante desse cenário, Ibaneis foi afastado do cargo de governador por 90 dias. A decisão de Moraes foi chancelada pelos integrantes do Supremo.

Na audiência de custódia, acompanhado de advogados, Vieira negou "conivência" com a ofensiva dos apoiadores de Bolsonaro. "Não houve da nossa parte facilitação para que os atos ocorressem", disse o ex-comandante da PM-DF.

Já Ibaneis negou ao depor à PF ter tido "qualquer tipo de conivência" com os atos radicais em Brasília e afirmou que foi a favor da remoção dos acampamentos bolsonaristas em frente ao QG, mas que o comando do Exército foi contrário à medida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta segunda-feira, 16, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já tem 40 denúncias prontas contra golpistas que invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília no último dia 8. O deputado se reuniu com Aras nesta segunda-feira (16) para entregar uma notícia-crime contra as pessoas que foram presas pela Polícia Legislativa durante o ataque de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional.

"Daremos o tratamento legal cabível à notícia-crime. Hoje já temos 40 denúncias prontas e associaremos até sexta-feira as novas denúncias, que poderão ser acompanhadas de medidas cautelares para essas pessoas que foram presas depredando e invadindo a Câmara Federal", disse Aras. "Ou, se não houver elementos para a denúncia, providenciaremos os inquéritos", emendou.

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De acordo com Aras, a grande preocupação da PGR é que fatos como a invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) não voltem a acontecer "nunca mais". "A democracia tem um preço caro, mas precisamos sempre ter a conversa, formar um consenso social através do diálogo permanente que Vossa Excelência bem representa no cotidiano da vida pública brasileira", afirmou o procurador-geral da República a Lira.

O presidente da Câmara, por sua vez, colocou a advocacia da Casa à disposição para ajudar no processo de investigação. "Muito mais do que a depredação do patrimônio público, foi um atentado às instituições", declarou. "Estamos à disposição do Ministério Público para que todas as necessidades de documentação que seja preciso para instruir esse processo a Câmara possa dispor de tudo que ela puder."

Lira disse esperar que o MP "cumpra seu papel" e pediu a punição dos golpistas. Na última sexta-feira, 16, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se reuniu com Aras para entregar dados dos invasores e defender a punição dos culpados.

Réu por tentativa de explosão de uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza teve uma trajetória movimentada nos últimos quatro anos: em 2019, ocupou cargo comissionado com remuneração de R$ 10.373,30 no Ministério chefiado pela hoje senadora Damares Alves; em 2020, recebeu quatro parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial; em 2021, foi preso pela Polícia Federal pela divulgação de 'ato violento e antidemocrático'; e em 2022 concorreu a um cargo na Câmara dos Deputados pelo PTB.

Já na última terça-feira, 20, Wellington Macedo De Souza se tornou alvo de uma ação penal por crime de explosão, ao lado de Alan Diego dos Santos Rodrigues e Washington de Oliveira Sousa - que chegou a ser preso e confessou a montagem da bomba. Segundo o depoimento de Washington, Alan teria sido o responsável por levar a bomba até a Estrada Parque Aeroporto, onde o artefato foi encontrado pela Polícia Militar do Distrito Federal.

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Wellington Macedo De Souza foi assessor da Diretoria de Promoção e Fortalecimento dos Direitos da Criança e do Adolescente no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos na gestão Damares Alves. O cargo ocupado pelo bolsonarista tem o código código DAS 102.4, correspondendo a um dos níveis mais altos no Grupo-Direção e Assessoramento Superiores. Segundo a tabela de remuneração de cargos comissionados do governo federal, a remuneração para tal cargo é de R$ 10.373,30.

No Portal da Transparência, é possível observar que o ex-servidor do governo Jair Bolsonaro recebeu, além dos salários, cerca de R$ 24 mil em pagamentos do Executivo federal, entre eles indenizações após a exoneração e pagamentos de diárias. O mesmo site indica ainda que, meses depois de deixar o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o blogueiro passou a receber auxílio emergencial - quatro parcelas de R$ 600, pagas em maio, junho, julho e setembro de 2020.

Em setembro de 2021, Wellington Macedo De Souza foi preso pela Polícia Federal no inquérito aberto para investigar a organização de manifestações violentas no feriado de 7 de Setembro. Foi no bojo de tal inquérito que o ministro Alexandre de Moraes determinou, na última semana, medidas contra os atos golpistas registrados no último dia 8 em Brasília.

À época, ele foi apontado pela PGR como um dos responsáveis pela divulgação de 'ato violento e antidemocrático' previsto para o feriado. Uma de suas postagens no Twitter, na ocasião, registrava, em provável referência ao golpe militar de 1964: "Após 57 anos, serão derrotados os que se achavam donos do poder. Poder o povo dá. Poder o povo tira, só o povo é o poder."

Um ano depois, o blogueiro concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados, mas acabou derrotado. Nas redes sociais, onde se apresenta como coordenador nacional da Marcha da Família, ele pedia votos exibindo uma tornozeleira eletrônica - medida imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, em substituição ao decreto de prisão no inquérito dos atos antidemocráticos.

COM A PALAVRA, WELLINGTON MACEDO DE SOUZA

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com o réu, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi à Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira (16), pedir a punição das pessoas que foram presas pela Polícia Legislativa durante a invasão do Congresso por apoiadores golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lira entregou à PGR uma notícia-crime com informações sobre os vândalos, segundo informou a Procuradoria. Na última sexta-feira (13), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se reuniu com o procurador-geral da República, Augusto Aras, para entregar dados dos invasores.

Mais cedo, durante visita a um Batalhão da Polícia Militar localizado nas proximidades da Praça dos Três Poderes, Lira disse que os parlamentares que mentiram e divulgaram fake news sobre os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes serão "chamados à responsabilidade". Em coletiva de imprensa, ele também afirmou que deputados não podem divulgar fatos que "não condizem com a realidade".

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O presidente da Câmara, contudo, disse não ver ligação dos deputados eleitos Nikolas Ferreira (PL-MG), Clarissa Tércio (PP-PE) e André Fernandes (PL-CE) com a invasão dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). "Não vi nos três parlamentares nenhum ato que corroborasse com os inquéritos que foram abertos", declarou Lira, que também afirmou ter conversado com os três.

Na última quinta-feira (12), a PGR pediu ao STF que André e Clarissa, além da deputada eleita Silvia Waiãpi (PL-AP), sejam investigados por incitação aos atos golpistas. "Ao que está posto, tem postagem de seis meses anteriores ao fato. Todos que tiverem responsabilidade vão responder", afirmou Lira. O presidente da Câmara acrescentou não ter nenhuma informação sobre Silvia.

Ao defender punição a parlamentares que "mentiram" sobre os ataques, Lira se referiu ao deputado eleito Abilio Brunini (PL-MT), que publicou nas redes sociais um vídeo no Salão Verde da Câmara e afirmou que não houve "praticamente nenhum estrago" no local. "É que, se você fica assistindo só na internet, parece que está tudo quebrado em Brasília. Mas não é verdade", diz Brunini, no vídeo.

"Todos que tiverem responsabilidades vão responder, inclusive parlamentares que andam difamando e mentindo com vídeos dizendo que praticamente houve inverdades nas agressões que a Câmara dos Deputados sofreu no seu prédio. Então, esses deputados serão chamados à responsabilidade, porque todos viram a invasão, as cenas são terríveis, violentas, gravíssimas", disse Lira.

"Eles terão que ser chamados à responsabilidade porque, de qualquer maneira, é um parlamentar eleito e não pode estar divulgando fatos que não condizem com a realidade", emendou o presidente da Câmara. Lira visitou o Batalhão da PM junto com a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli.

Cerca de 800 pessoas presas em flagrante no dia 8 de janeiro por participarem de atos golpistas em Brasília já passaram por audiências de custódia, informou o Ministério Público Federal (MPF). As oitivas têm o objetivo de evitar prisões ilegais ou desnecessárias e devem ser encerradas ainda hoje, de acordo com o interventor federal na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

As audiências estão sendo conduzidas pela Justiça Federal do DF, por meio de um mutirão que envolve promotores, procuradores e outros agentes do sistema de Justiça.

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Ao todo, 1.398 pessoas (904 homens e 494 mulheres) foram presas, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape). A decisão final sobre manter ou não as prisões caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF) - onde o caso tramita.

Conhecimento das plantas dos prédios

Ricardo Cappell disse nesta segunda-feira, 16, que a investigação sobre os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro apura se havia pessoas envolvidas com conhecimento da planta da Câmara e do Planalto.

"Há indícios, e a investigação está apurando, de que pessoas que invadiram Câmara e Planalto tinham conhecimento dos locais, conheciam a planta. O processo está em curso, comandado pela Polícia Federal com apoio da Polícia Civil", afirmou durante entrevista coletiva realizada no batalhão da PM que faz a segurança da Esplanada dos Ministérios, ao lado da governadora interina do DF, Celina Leão, e do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Questionado sobre a presença de profissionais em meio aos golpistas, Cappelli disse que ouviu, de policiais feridos durante os atos, que os agentes de segurança não estavam "enfrentando apenas manifestantes". O interventor disse ouvir de um sargento ferido que "existiam homens no campo de batalha com conhecimento do terreno, de táticas de combate, com características profissionais que estavam no meio dos manifestantes".

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou, nesta segunda-feira (16), que os parlamentares que mentiram e divulgaram fake news sobre os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes serão "chamados à responsabilidade". Em coletiva de imprensa, Lira disse que deputados não podem divulgar fatos que "não condizem com a realidade".

Lira se referiu ao deputado eleito Abilio Brunini (PL-MT), que publicou nas redes sociais um vídeo no Salão Verde da Câmara e afirmou que não houve "praticamente nenhum estrago" no local. "É que, se você fica assistindo só na internet, parece que está tudo quebrado em Brasília. Mas não é verdade", diz Brunini, no vídeo.

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"Todos que tiverem responsabilidades, vão responder, inclusive parlamentares que andam difamando e mentindo com vídeos dizendo que praticamente houve inverdades nas agressões que a Câmara dos Deputados sofreu no seu prédio. Então, esses deputados serão chamados à responsabilidade, porque todos viram a invasão, as cenas são terríveis, violentas, gravíssimas", disse Lira.

"Eles terão que ser chamados à responsabilidade porque, de qualquer maneira, é um parlamentar eleito e não pode estar divulgando fatos que não condizem com a realidade", emendou o presidente da Câmara, que visitou nesta segunda-feira um Batalhão da Polícia Militar localizado nas proximidades da Praça dos Três Poderes, junto com a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli.

Lira ressaltou, contudo, que a punição dos envolvidos nos atos golpistas será feita pela Justiça. "A Câmara tão somente vai contribuir para fornecer, como já fez, todas as evidências, filmagens, perícia, contribuir para a identificação dos culpados e ajudar na formulação de leis que impeçam que esses atos se repitam", afirmou.

Depois de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadirem e depredarem o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), a preocupação agora, segundo Lira, é com a segurança da posse de deputados e senadores, da eleição da Mesa Diretora do Congresso e do início dos trabalhos no Judiciário em 1º de fevereiro.

"Temos de ter a clareza de que muitas pessoas vão se deslocar, de todos os lugares do Brasil, para Brasília. É importante que todos nós estejamos atentos, com um plano de segurança preventivo bastante rígido", declarou Lira. "É importante que todos nós estejamos atentos, com um plano de segurança preventivo bastante rígido", emendou.

Ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) - e lançado na carreira política pelo ex-presidente - o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), condenou os atos golpistas liderados por bolsonaristas, que culminaram na destruição em prédios Três Poderes no dia 8 de janeiro. No entanto, para o dirigente estadual, a democracia brasileira se provou "sólida", e agora é preciso "olhar para frente".

"A gente precisa juntar os cacos, remontar o nosso País, caminhar na direção da pacificação e aproveitar a oportunidade que nós temos", disse, em entrevista à CNN. Tarcísio cumpre agenda no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Segundo ele, este momento é o de reindustrialização e redivisão das cadeias globais de produção.

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"Entendo que a democracia no Brasil é uma democracia muito sólida e deu demonstrações disso. Passamos por um ataque que precisa ser repudiado veementemente, esse tipo de ação tem que ser combatida, mas está na hora de a gente olhar para frente", afirmou, quando questionado sobre a invasão dos Três Poderes, em Brasília.

Ao ser questionado, nesta segunda-feira (16), sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro nos atos golpistas contra as sedes dos Três Poderes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), respondeu que cada um deve responder pelo que faz. "O meu CPF é um, o CPF do presidente Bolsonaro é outro", declarou o deputado, durante coletiva de imprensa.

Na última sexta-feira (13), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu Bolsonaro na investigação sobre os atos golpistas, após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). No dia 8, apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram a Corte, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

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"Nós temos que ter calma neste momento e investigar todos os aspectos. A nossa fala não muda: todos que praticaram e contribuíram para esses atos de vandalismo devem ser severamente punidos", disse Lira nesta segunda. O presidente da Câmara visitou um Batalhão da Polícia Militar localizado próximo à Praça dos Três Poderes, junto com a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli.

Desde que atos golpistas deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes, o ministro Alexandre de Moraes decretou - além de prisões - o bloqueio de contas em redes sociais, inclusive de parlamentares, o cancelamento do passaporte de suposto líder dos protestos antidemocráticos e a coleta de material biológico dos detidos.

As ordens constam do inquérito aberto, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para investigar suposta "omissão" do governador Ibaneis Rocha (MDB), do ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres, do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira e do ex-secretário interino da Segurança Pública Fernando de Sousa Oliveira.

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Boa parte dos despachos foi assinada na quarta-feira passada, mesmo dia em que o ministro proibiu a "interrupção ou embaraço" ao trânsito em todo País em meio a ameaça de novos atos golpistas.

Quando assinou a primeira decisão, já no dia 8, Moraes havia determinado o bloqueio de 17 contas, perfis e canais de bolsonaristas acusados de instigar os atos antidemocráticos, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.

Na quarta, o ministro mandou bloquear mais 34 perfis do Facebook, Rumble, Telegram, Tik Tok, Twitter e YouTube.

Entre os canais bloqueados estão os dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e José Medeiros (PL-MT) e dos influenciadores Monark e Bárbara "Te Atualizei".

Moraes afirmou que a medida era "necessária, adequada e urgente" para interrupção de "eventual propagação dos discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática".

Medidas

Outra medida adotada pelo ministro do STF foi o cancelamento do passaporte de Esdras Jonatas dos Santos, "investigado por liderar movimentos antidemocráticos".

A medida foi decretada em razão da notícia de que Esdras teria se "evadido do território nacional".

Ele é o comerciante que obteve, na Justiça de Minas, autorização para voltar a acampar na frente do quartel de Belo Horizonte, desmontado pela prefeitura no início do mês.

A reportagem buscou contato com os alvos das medidas decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, mas não obteve retorno até a conclusão da edição de domingo do jornal O Estado de S. Paulo.

Da euforia à desolação, o humor dos entusiastas da chamada "revolta dos manés" mudou após a prisão de extremistas no levante contra o Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre grupos e canais de aplicativos de mensagem pairam os sentimentos de frustração, receio e tensão. Há usuários que só puderam lamentar o desfecho da investida golpista em Brasília.

Os atos de vandalismo no domingo passado tinham por mote uma fala do ministro Luís Roberto Barroso, do STF: "Perdeu, mané". A declaração foi dada em Nova York, quando o magistrado foi abordado por um apoiador de Jair Bolsonaro, candidato derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a eleição, nas ruas, nas redes sociais e em plataformas como WhatsApp e Telegram, bolsonaristas põem em xeque a vitória do petista.

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A reportagem do Estadão acompanhou a troca frenética de mensagens em dois grupos no WhatsApp - um deles restrito - e em 15 no Telegram. "Que mistura de sentimentos. Eu sinto raiva, tristeza, decepção. É como estar em luto e não saber quando irá terminar. Sinto muito pelas pessoas de bem que lá estão (presas) e as pessoas de mal soltas por aí", afirmou uma integrante do grupo Peladeiros 1. Há também relatos de desilusão: "Exército nos abandonando mais uma vez".

O grupo, que é fechado, já se chamou Resistência Joinville. Após a prisão dos extremistas em Brasília, dezenas deles mudaram de nome, mensagens foram apagadas e membros debandaram. "Estamos à beira da loucura. Entramos na era do medo", disse uma usuária do Peladeiros 1, grupo especialmente afetado pela ação policial: o organizador e administrador, o influenciador bolsonarista Eduardo Gadotti Murara, de Joinville (SC), foi detido e está preso em Brasília.

Paranoia

Paranoia, desde então, circula entre os usuários. Há o medo constante de que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, leia as mensagens - sentimento replicado em grupos, tanto do WhatsApp como do Telegram. É de Moraes a ordem para prender manifestantes em flagrante, pôr fim aos acampamentos na frente de instalações militares, prender Anderson Torres - ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro - e afastar o governador Ibaneis Rocha (MDB).

No Instagram, Murara é dono de uma página em que fazia "lives" sobre a rotina do acampamento no Quartel-General do Exército em Brasília. Nas postagens, ele convocava apoiadores do ex-presidente a acompanhar os protestos na capital federal e em também em suas cidades.

Nos primeiros dias de janeiro, o influenciador fez a convocação para uma "festa" - código usado por bolsonaristas nas plataformas digitais para os protestos, a "festa da Selma". Tratava-se do ato de Brasília. Catarinenses que não pudessem se deslocar para a capital federal receberam a orientação de procurar o acampamento no quartel de Florianópolis. Murara transmitiu ao vivo a invasão dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes.

Reação

No grupo do WhatsApp, a reação após as forças de segurança retomarem o controle da situação foi imediata. Todas as mensagens enviadas no domingo foram apagadas. O verde a amarelo cedeu lugar a uma imagem de uma bola de futebol.

"Estou preocupada com Eduardo. Não deu sinal", disse um usuário na madrugada de terça-feira (10). Na tarde do mesmo dia, uma usuária perguntou se Murara havia sido preso. Uma pessoa que mantém contato com o influenciador bolsonarista confirmou a informação, o que causou comoção entre os integrantes. Em seguida, uma dezena de mensagens foi apagada.

Outras resistiram. "Esse grupo pode estar sendo monitorado para estimular o povo a falar coisas. Depois recebemos um processo. O povo da esquerda está com sangue nos olhos. Ideal seria desfazer o grupo. Pelo menos este", disse uma usuária. "Pessoal, tem de evitar falar certas coisas aqui. Pode ser que o telefone do Eduardo esteja com o Xandão (apelido dado a Moraes)", respondeu outro usuário.

Tristeza

A tristeza dominou os bolsonaristas. "Já chorei tanto hoje. O povo não merece isso", afirmou uma integrante do grupo. "O mais triste é essa impotência que sentimos. Dói", escreveu outro.

Na quinta-feira (12), o nome de Murara passou a figurar na lista oficial da Polícia Federal dos detidos pelos atos de vandalismo. "Eduardo lutou tanto por nós e agora está preso como um marginal. Que dó dele, gente", afirmou um integrante do grupo ao receber a confirmação da prisão. "Muito difícil que quem foi para a penintenciária conseguirá sair", disse outro. A reportagem não localizou a defesa do influenciador.

Em grupos do Telegram, os relatos se repetem. "Que tristeza. Políticos corruptos e no poder e pessoas de bem presas. Uma vergonha para o Brasil", publicou uma usuária.

A temperatura sobe com a presença cada vez maior de supostos petistas infiltrados nos grupos para provocar bolsonaristas: "Tá com medo do Xandão?", questionou um membro, que trocou a foto de perfil para a de Moraes. Dezenas de usuários trocaram ofensas entre si em seguida.

Dissociação da realidade

Em grupos bolsonaristas, há a crença de que os atos violentos foram causados pela ação de "infiltrados". Para Patrícia Rossini, pesquisadora da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, há uma "dissociação da realidade". "Para algumas pessoas, há uma dissociação entre eles e as pessoas que cometeram os atos violentos. Elas não se veem como parte ou contribuidoras daquele movimento de vandalismo", afirmou.

Essa distopia, afirmou o analista de dados do Rooted in Trust Brazil e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), João Guilherme dos Santos, ocorre por que se formou uma rede bolsonarista tão grande em diversas plataformas que os usuários perderam o contato com o contraditório. "Não podemos tomar como base que essas pessoas viram a mesma coisa que vimos. Existe uma rede de confirmação social das coisas que elas estão acessando. Há os programas jornalísticos delas, os cientistas delas", afirmou.

Segundo Santos, as redes alimentam como convicções reais informações distorcidas. Esse negacionismo se reflete em campos como política e ciência, afirmou o pesquisador. "Meu Deus do céu. Estão picando as pessoas com o veneno. Muita crueldade", afirmou uma usuária sobre o fato de os presos serem vacinados contra covid ao dar entrada no Complexo Penitenciário da Papuda, onde ficam os homens, ou na Colmeia, onde está as mulheres.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República e incluiu Jair Bolsonaro na investigação sobre atos golpistas. O requerimento foi apresentado na apuração sobre a autoria intelectual dos protestos violentos de domingo passado (8), quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília.

O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, escalado pelo procurador-geral, Augusto Aras, para chefiar o recém-criado Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, assinou a petição enviada ao STF. Aras tem sido pressionado pelos pares do Ministério Público Federal a tomar medidas mais duras em relação às condutas do ex-presidente.

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O objetivo, de acordo com Santos, é investigar "atos praticados antes e depois" de domingo. Nesta quinta-feira (12), 79 procuradores e subprocuradores enviaram um documento a Aras no qual pediram a inclusão de Bolsonaro no inquérito.

Nele, os membros do MPF citaram um vídeo publicado pelo ex-presidente no Facebook e apagado horas depois, com suspeitas infundadas sobre a lisura das eleições, a atuação de ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A postagem foi feita na terça-feira, 10 - dois dias depois dos ataques aos Poderes.

"Ocupando o mais alto cargo do País, em numerosas oportunidades, ele (Bolsonaro) lançou, sem qualquer respaldo na realidade, dúvida sobre a higidez dos pleitos, que, aliás, o elegeram ao longo de décadas. Suas falas, portanto, mostraram-se ocupar uma posição de destaque na câmara de eco desinformativo do País", afirmaram os procuradores na representação enviada a Aras.

De acordo com Santos, "não se nega a existência de conexão probatória entre os fatos contidos na representação e o objeto deste inquérito, mais amplo em extensão". O inquérito mira quatro núcleos: instigadores e autores intelectuais, executores, autoridades omissas e financiadores.

Bolsonaro será investigado na frente que mira "expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta". A primeira medida sugerida na investigação é que o tribunal determine a recuperação e o armazenamento do vídeo.

Atentado

Na decisão, o ministro Moraes afirma que o pronunciamento de Bolsonaro, na rede social, "se revelou como mais uma das ocasiões em que o então mandatário se posicionou de forma, em tese, criminosa e atentatória às instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal - imputando aos seus ministros a fraude das eleições para favorecer eventual candidato - e o Tribunal Superior Eleitoral -, sustentando, sem quaisquer indícios, que o resultado das eleições foi fraudado".

'Infiltrados'

Em nota, o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, afirma que o ex-presidente "sempre repudiou todos os atos ilegais e criminosos, e sempre falou publicamente ser contra tais condutas ilícitas, assim como sempre foi um defensor da Constituição e da democracia".

O advogado do ex-presidente recorre a um bordão do ex-mandatário, de que "sempre atuou dentro das quatro linhas da Constituição". "O presidente Jair Bolsonaro repudia veementemente os atos de vandalismo e depredação do patrimônio público cometido pelos infiltrados na manifestação. Ele jamais teve qualquer relação ou participação nestes movimentos sociais espontâneos realizados pela população", afirma Wassef.

Essa não é a primeira investigação sobre atos contra a democracia que atinge Bolsonaro. Ele também é investigado no inquérito das milícias digitais, que mira a atuação de grupos mobilizados na internet para atacar as instituições.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Circula nas redes sociais um dos poucos vídeos da ação policial que teve como objetivo retomar o Palácio do Planalto e os Três Poderes, após a invasão bolsonarista que resultou em atos terroristas no domingo (8), em Brasília. Nas imagens, um policial militar é visto dando uma rasteira em uma extremista, após gritar palavras de ordem, ao tentar conter a multidão junto à equipe. Os militares se identificaram como membros do Batalhão de Choque (Bope). “Senta! Senta todo mundo! Senta!”, afirmou um membro da tropa. 

Após a ordem, os golpistas começaram a se sentar. Quando alguns radicais tentaram conversar, os membros da PMDF disseram: “Cala a boca! Cala a boca! Ninguém fala aqui. Acabou! Acabou a brincadeira!”. No entanto, uma das golpistas não obedeceu e começou a caminhar em direção aos policiais. “É algemada! É algemada!”, gritou um militar. Na sequência, outro militar aplica uma rasteira. A reação das pessoas detidas é imediata e o vídeo curto mostra gritos e repreensão por parte dos envolvidos. 

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Pouco depois, o policial é cercado por colegas e pelo militar superior, e parece ser repreendido pela ação. O PM não foi identificado e nem a corporação de manifestou sobre o caso posteriormente. Confira o momento: 

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Mais de mil pessoas já foram detidas, o governador do Distrito Federal Ibaneis Torres (MDB) foi afastado por 90 dias e o ex-secretário de Segurança Anderson Torres teve a prisão decretada. 

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta sexta-feira, 13, após seu encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, que foi detectada uma nova articulação para atos antidemocráticos para esta segunda-feira, 16. "Novamente, vamos ter que mobilizar milhões e milhões de reais para prover segurança e infraestrutura."

De acordo com Dino, o encontro com a ministra teve como objetivo passar duas mensagens: de que "ninguém rouba a democracia" e de busca de "ampla união nacional".

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Perguntado a respeito da situação do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, Dino afirmou que o termo encontrado em sua residência "é uma peça relevante para um quebra-cabeça".

Mais cedo, ele afirmou que pedirá a extradição de Torres caso ele não volte ao Brasil.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entregou à Procuradoria Geral da República pedido para manutenção da prisão e ainda bloqueio de bens de 38 pessoas envolvidos na invasão e depredação do Congresso no domingo, 8. Os citados foram detidos pela Polícia Legislativa do Congresso no dia da ocupação. O Senado estima que o prejuízo causado pela depredação seria de pelo menos R$ 3,5 milhões.

Pacheco se reuniu nesta sexta-feira com o procurador-geral Augusto Aras e defendeu a punição dos envolvidos e a reparação dos danos. "A razão da nossa visita, de forma muito singela, é a apresentação dessa representação criminal contra essas pessoas que já foram identificadas e presas sem prejuízo de outras representações que possam vir a partir da identificação de novos fatos e autores de crimes, sobretudo aqueles que tenham financiado e contribuído intelectualmente para a prática desses crimes", declarou Pacheco.

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Augusto Aras afirmou que foram constituídos grupos de trabalho no MPF que se debruçarão sobre os atos antidemocráticos que ocorreram no domingo, 8, em Brasília. Segundo ele, até terça-feira, 17, a Procuradoria Geral deverá mover ações penais ou ações cautelares ou apresentar inquérito contra os acusados.

De acordo com Aras, os grupos trabalharão pela identificação da autoria e da materialidade dos fatos ilícitos cometidos e atos preparatórios. "O grupo de trabalho vai se dedicar, no final de semana, para dar uma resposta à sociedade brasileira, ao Estado Brasileiro e ao Senado Federal", garantiu.

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