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Após a cerimônia de transmissão de cargo nessa segunda-feira (2), sem a presença da cúpula do governo Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que as Forças Armadas brasileiras "sempre se posicionaram a favor da democracia". Segundo ele, os militares têm senso de responsabilidade.

Múcio disse ter amigos e parentes em acampamentos de apoiadores de Bolsonaro, contrários ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entorno de quartéis pelo País. Ele afirmou que nem todos os participantes são radicais e disse considerar a manifestação legítima, mas entende que vão se esvaziar.

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"Eu acho que aquilo vai se esvair. Na hora em que o ex-presidente da República (Bolsonaro) entregou seu cargo, saiu do cargo, que o general Mourão (ex-vice-presidente) fez um pronunciamento falando que todos voltassem a seus lares", afirmou Múcio, em entrevista.

"Aquelas manifestações no acampamento, falo com autoridade porque tenho parentes lá, no do Recife, tenho alguns amigos aqui, é uma manifestação da democracia. Aos pouquinhos aquilo vai se esvair e vai chegar ao lugar que todos nós queremos", afirmou.

O tom de José Múcio destoa, em público, de outros ministros do governo Lula. A desmobilização dessas concentrações era um desejo de Lula confidenciado a parlamentares, como revelou o Estadão.

Apuração

Investigações policiais apontaram frequentadores do acampamento do Quartel-General do Exército como autores de uma tentativa de atentado a bomba e de cometer atos de vandalismo na capital federal, com incêndios de veículos e ônibus. Questionado se os parentes estavam ainda aglomerados nos quartéis, o ministro esquivou-se, dizendo que iria telefonar para eles.

"Nosso País possui tradições pacíficas. Apesar de sua relevante dimensão geopolítica, o Brasil e nossas Forças Armadas sempre se posicionaram a serviço da paz, da democracia, do respeito às instituições e da cooperação com seus vizinhos. Nossa história, rica em exemplos, mostra que a Marinha, o Exército e a Aeronáutica são instituições de Estado, respeitáveis e ciosas de seus papéis constitucionais, regidas pelos princípios da hierarquia e da disciplina, nelas profundamente arraigados", afirmou.

Dos três comandos, só a Marinha tem cerimônia pendente de passagem de cargo, que deve ocorrer na quinta-feira (5), quando Marcos Olsen assumirá. A do Exército ocorreu na sexta-feira passada (30), quando, com a posse do general Júlio César Arruda.

O brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno recebeu ontem o cargo de novo comandante da Força Aérea Brasileira (FAB). Ele disse que "não fugiria à luta" nem se "furtaria à nobre missão", mesmo diante de descontentamentos. "Que a incompreensão de alguns mais próximos se reverta em futuro entendimento", afirmou Damasceno.

No primeiro discurso como presidente eleito, Lula (PT) definiu sua eleição como a vitória da democracia e citou os eixos que vai priorizar em seu governo. No pronunciamento dentro do Congresso, na tarde deste domingo (1º), o petista criticou a situação do Brasil deixada por Jair Bolsonaro (PL), mas não endossou o tom de revanchismo. 

“Democracia para sempre”, ressaltou após assinar a posse. Líder do Executivo pela terceira vez, Lula também citou pautas que defendeu durante campanha e que comumente eram confrontadas pelo adversário, entre elas a igualdade de gênero no mercado de trabalho, os esforços contra a crise climática, o fortalecimento do Samu, a transparência do governo e a distribuição de renda.

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Contudo, o combate à fome foi sinalizado como a meta principal do seu novo mandato. "Nossas primeiras ações visam a resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiras e brasileiros, que suportaram a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra [...] nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. Ter de repetir este compromisso no dia de hoje é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes", afirmou. 

Lula ainda disse que derrotou adversários inspirados no fascismo e assegurou que erros da gestão anterior serão devidamente apurados e julgados. "Não carregamos nenhum ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a Nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei. Quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal [...] ao ódio, responderemos com amor. À mentira, com verdade. Ao terror e à violência, responderemos com a Lei e suas mais duras consequências", apontou. 

Nesta quarta-feira (14), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) compartilhou uma publicação feita pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede) em abril de 2019 para reforçar que a esquerda também já criticou o Supremo Tribunal Federal (STF), mas não foi acusada de atentar contra a democracia. No post, o parlamentar diz que os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes "fabricam" um AI-5.

O Ato Institucional nº 5, o AI-5, estabeleceu um tribunal de exceção durante o regime militar. Direitos fundamentais foram desrespeitados pela Justiça nesse período.

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Na postagem feita há mais de três anos, Randolfe utilizou uma matéria para criticar a atuação dos magistrados. O texto informava sobre as ordens de busca e apreensão do STF contra militares da reserva e procurados no inquérito das fake news.

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"Com a palavra, Randolfe, o ultra mega blaster 'referência em defesa da democracia' (ex-PT, ex-PSOL e atual REDE) e a mídia democrática…", escreveu o filho de Bolsonaro. Em sua crítica, Carlos reprova os parâmetros desiguais da opinião pública quando seu bloco político e a oposição adotam posturas semelhantes, mesmo em contextos diferentes.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que as pessoas que se manifestam contra sua vitória desde semana passada "voltem para casa". "Democracia é isso. Um ganha, outro perde", afirmou em um encontro com parlamentares no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição em Brasília.

"Algumas pessoas inconformadas com resultado eleitoral estão na frente de quartéis", disse, completando que, "lamentavelmente são uma minoria que não sabe nem o que pede".

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"Não sejam violentos com quem pensa diferente, vamos respeitar quem não pensa como nós. Não peço para ninguém gostar de mim, mas para respeitar o resultado eleitoral", pediu o petista.

Lula disse o País tem "um vencedor e um perdedor", destacando que "uma derrota é apenas um incentivo para me preparar melhor para outra disputa eleitoral". Para ele, o presidente Jair Bolsonaro "tem dívida com povo". "Peça desculpas pelas mentiras", completou.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram torcedores corintianos dispersando manifestação de bolsonaristas na Marginal Tietê, em São Paulo, na noite da terça-feira (1º). Nas gravações, a torcida entoa gritos de "democracia" e também em apoio a Luiz Inácio Lula da Silva, eleito no domingo (30).

As imagens mostram carros se movimentando na via enquanto os torcedores soltam rojões e gritam "vai" e "democracia". A avenida é uma das principais vias expressas da capital, pois liga as regiões oeste, norte, central e leste.

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Bolsonaristas protagonizam bloqueios em rodovias e estradas brasileiras em vários Estados desde o domingo, quando foi confirmada a derrota do atual presidente, Jair Bolsonaro, nas urnas. O movimento antidemocrático pede por novas eleições.

Conforme mostrou o Estadão, torcidas organizadas de futebol se manifestam e exigem estradas livres para seus comboios a outras cidades e Estados. Com a rodada do meio de semana do Campeonato Brasileiro, ônibus e caravanas começam a se deslocar pelas estradas nacionais em direção aos estádios mandantes.

Nas redes sociais, duas torcidas agem contra os bloqueios com mais ímpeto: a Império Alviverde, do Coritiba, e a Galoucura, do Atlético-MG. Ambos os times jogam fora de casa neste meio de semana, em São Paulo e no Rio Grande do Sul, respectivamente.

A Justiça Federal autorizou ainda na segunda-feira, 31, a desocupação das rodovias federais em pelo menos seis Estados. As decisões também proíbem novas interdições.

Os pedidos para acabar com os protestos foram feitos pela Advocacia-Geral da União (AGU), Ministério Público Federal (MPF), Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) e por concessionárias que administram as rodovias.

Na terça, governadores passaram a empregar a força militar para desfazer os bloqueios. Em São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB) enviou o Batalhão de Choque para confrontar os manifestantes na Castello Branco, que liga a capital paulista com o interior, incluindo a grande São Paulo, como Barueri e Osasco.

Quase dois dias após o pleito, Bolsonaro pediu aos manifestantes que não usem "os métodos da esquerda", que, segundo ele, são violentos. Sem mencionar o rival ou reconhecer explicitamente a derrota, o atual chefe do Executivo disse que manifestações pacíficas são "bem-vindas" e justificou os atos mencionando que os manifestantes estariam indignados com a "injustiça" do processo eleitoral.

Apoiadores do presidente, porém, reproduzem nas redes um trecho do discurso do chefe do Executivo para defender a continuidade dos protestos que fecham rodovias pelo Brasil. No pronunciamento, Bolsonaro afirmou que "nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca". A frase foi interpretada como uma autorização para a continuidade. Políticos da oposição criticaram o caráter vazio e ambíguo da fala do presidente.

O feriado de 2 de novembro começou com ao menos 167 pontos de bloqueios e interdições nas rodovias federais do País, segundo informe divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por volta das 6 horas desta quarta-feira.

Ainda há ocorrências no Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O total de manifestações desfeitas pela corporação chegou a 563.

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Diversos partidos emitiram notas com cumprimentos à vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais. As legendas citaram o compromisso com a democracia e sugeriram propostas para trazer de volta a paz ao país.

“Cumprimentamos o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Que ele seja capaz de pacificar o País, e avance em pautas por mais empregos e renda”, destacou o MDB em nota assinada pelo presidente do partido, deputado Baleia Rossi (SP). O texto também parabenizou a vitória do governador reeleito de Alagoas, Paulo Dantas, e dos vice-governadores do partido Gabriel Souza (RS) e Geraldo Júnior (BA).

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Legenda do candidato à Presidência Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar no primeiro turno, o PDT disse que a vitória trará esperança de futuro para as crianças e os jovens. “Hoje a democracia venceu! Podemos acreditar em futuro melhor para as crianças e jovens do nosso Brasil! Viva a democracia!”, postou a conta do partido na rede social Twitter.

Em nota, o PSOL  avaliou que Lula teve votação respeitável e que a vitória representa uma derrota para a extrema-direita e para o orçamento secreto. “Mais de 60 milhões de votos pela democracia!!! Tem que respeitar! Que o fascismo se prepare, porque a democracia venceu!!!! Azedou para o bolsolão! O orçamento secreto foi derrotado! Os corruptos perderam!!!!!! O fascismo perdeu!!! O mundo democrático está em festa!”, postou o partido nas redes sociais.

“Derrotamos a extrema-direita!!! Viva o brasil!!!! Derrotamos o fascismo!!!! Viva a democracia!!!! O fascismo sempre será derrotado pelo povo!!!! Acabou! A democracia venceu: lula presidente!”, completou a nota do PSOL.

A Federação PSDB-Cidadania cumprimentou Lula e pediu compromisso em reunificar o país. “O presidente agora tem a difícil missão de unificar um país dividido e com graves problemas sociais a serem superados. Sem repetir os erros do passado, precisará de diálogo e responsabilidade para governar”, escreveu o presidente da Federação, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).

Partidos de oposição ao futuro governo também se manifestaram. O candidato à Presidência pelo Partido Novo, Felipe D´Ávila, derrotado no primeiro turno, cumprimentou o presidente eleito e informou que pretende exercer oposição com responsabilidade.

“Cumprimento Lula pela vitória. Agora, nos resta fazer o papel de oposição ao novo governo. Seguirei firme defendendo os valores, princípios e propostas que apresentei ao longo da campanha presidencial: combate implacável ao populismo, defesa da livre economia, erradicação da pobreza extrema, prioridade à educação básica, luta para transformar o Brasil em uma potência ambiental”, escreveu D’Ávila.

“O nosso programa de governo continuará a nortear as nossas ações, propostas e posicionamento político nessa difícil travessia que o Brasil terá de fazer nos próximos quatro anos. Podem sempre esperar da minha parte o que demonstrei na campanha: coragem, coerência e perseverança para lutar pelo Brasil que queremos”, completou o ex-candidato pelo Partido Novo.

Além do ministro Alexandre de Moraes, outros cinco ministros que integram o Supremo Tribunal Federal exaltaram, neste domingo (30), a democracia e o trabalho da Justiça Eleitoral no pleito deste ano. A presidente da Corte máxima, Rosa Weber, apontou que, a cada vez que o povo vai às urnas e escolhe seus dirigentes, 'reafirma-se a democracia e o Estado Democrático de Direito'. Seu vice, Luís Roberto Barroso, apontou como o voto é uma 'oportunidade que ninguém deve desperdiçar'. "Quem não vota está deixando que outras pessoas decidam pela sua vida", afirmou.

Barroso também afirmou que, em um ambiente democrático, 'não há espaço para derrotados não aceitarem o resultado das urnas'. "O Brasil vive há 34 anos com estabilidade institucional, e nunca considero hipóteses que não sejam as previstas na Constituição", ponderou. "Ganhe quem ganhar, o resultado será respeitado. É assim que se faz nas democracias, é assim que se vive a vida civilizada".

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O vice-presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski ressaltou que 'as urnas eletrônicas constituem um instrumento de facilitação da expressão da vontade popular': "Brasil ingressou definitivamente no rumo da democracia". As declarações foram divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Os outros ministros que se pronunciaram após votarem neste segundo turno foram Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Dos seis magistrados citados, quatro votam em Brasília - Rosa, Toffoli, Lewandowski e Barroso. O decano, Gilmar, se dirigiu a Diamantino, em Mato Grosso, para votar. Já Alexandre votou na capital paulista.

Na avaliação do ministro Ricardo Lewandowski, a participação dos eleitores 'com convicção e tranquilidade demonstra que o Brasil ingressou definitivamente no rumo da democracia'. O ministro Dias Toffoli afirmou que trata-se do sistema que permite a todo cidadão decidir o seu destino. "Por esse motivo, é preciso sempre lembrar que as eleições são a celebração da democracia, e todos devem defendê-la", afirmou.

O tema também foi abordado pela ministra Rosa Weber, que afirmou: "É um lugar comum, mas é preciso sempre reiterar: as eleições constituem a festa da democracia. Agora, é só esperar até as 17 horas para que todos possamos juntos, ao final, mais uma vez, celebrar".

Lewandowski ainda destacou o trabalho da Justiça Eleitoral 'como elemento garantidor da paz social e da tranquilidade dessas eleições'. "A atuação do TSE mostra que a opção do legislador, feita em 1932, de entregar a arbitragem das eleições para o Poder Judiciário, um poder neutro, foi uma decisão sábia", afirmou.

Na mesma linha, Toffoli diz que este domingo, 30, é o dia de 'celebrar o esforço' de todas as pessoas que trabalham no processo eleitoral. Segundo o ministro, as eleições brasileiras são as mais bem organizadas do mundo. "Quem diz isso não sou eu, mas os próprios observadores de vários grupos e de organismos internacionais diferentes".

Zambelli

Tanto Barroso como Lewandowski foram questionados sobre a conduta da deputada Carla Zambelli neste sábado, 29, em São Paulo. O vice presidente do TSE disse que a corte 'tomou todas as medidas para evitar o uso de armas durante as eleições'. "A população deve permanecer desarmada e deve confiar nas forças de segurança". Já Barroso indicou que 'os fatos devem ser apurados pelas instâncias próprias para gerar as responsabilizações eventualmente devidas'.

Dados da pesquisa Datafolha divulgados nesta quinta-feira (20), mostram que 79% dos brasileiros avaliam que a democracia é a melhor forma de governo. Este é o maior apoio à democracia da história desde 1989.

Além disso, as taxas de apoiadores à ditadura e de indiferentes também são as mais baixas da série histórica. O maior percentual de apoio à democracia havia sido em agosto deste ano, quando bateu 75%, assim como foi em junho d 2020. 

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Para 11% dos entrevistados, tanto faz a democracia ou ditadura. Para 5% deles, em certas circunstâncias, uma ditadura é melhor que um regime democrático. Já 5% da parcela não opinou sobre o tema. 

Em comparação a outubro de 2018, o apoio à democracia cresceu dez pontos percentuais; era de 69%. Enquanto isso, a taxa de apoiadores à ditadura caiu sete pontos percentuais; era de 12%.

Entre os eleitores de Lula, 78% apoiam a democracia, 13% são indiferentes e 3% apoiam a ditadura em certas circunstâncias. Já entre os eleitores de Bolsonaro, 80% apoiam a democracia, 9% são indiferentes e 7% apoiam a ditadura em certas circunstâncias. 

Apoio à democracia cresce

O percentual de apoio à democracia aumenta de acordo com a escolaridade e renda do eleitor. Por escolaridade, 62% que têm ensino fundamental apoiam a democracia; no ensino médio, o percentual é de 82%; já quem tem ensino superior, o número sobe para 92%. 

Na renda, 72% que recebe até dois salários mínimos apoia a forma de governo; de dois a cinco salários mínimos, há 86% de apoio; mais de cinco a 10 salários mínimos, 89%; mais de 10 salários mínimos, 93% apoia a democracia. 

Já entre funcionários públicos e estudantes, 91% são favoráveis. No entanto, entre os desempregados, 69% concordam; e nos trabalhadores sem carteira assinada, 73%. 

Esta pesquisa entrevistou 2.912 pessoas em 181 municípios brasileiros entre os dias 17 e 19 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um índice de confiança de 95%. 

Depois de se reunir com a imprensa na sede da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE), onde confirmou o seu apoio a candidatura de Marília Arraes (Solidariedade), ao Governo de Pernambuco, o ex-presidente Lula (PT) saiu em caminhada pelas ruas da área central do Recife.

O líder petista conseguiu reunir uma multidão na capital pernambucana, diferente do que aconteceu com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que fez um ato em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, na quinta-feira (13), mas não conseguiu reunir muitos apoiadores.

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Na contramão do que aconteceu com o atual mandatário, Lula conseguiu mostrar a sua força em Pernambuco, onde conseguiu 3.558.322 de votos no primeiro turno, o que representa 65,27% dos votos no estado. Bolsonaro ficou em segundo, com 1.630.938 (29,91%) dos votos pernambucanos, ficando em segundo lugar.

“Alguém tinha que ligar para o Bolsonaro e pedir pra ele ver na televisão o tamanho do nosso ato hoje em Recife”, ironizou o ex-presidente. O petista encerra a sua passagem por Recife na Praça do Carmo, onde ele, Marília Arraes e alguns outros líderes políticos discursam para a multidão de apoiadores.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, destacou neste domingo, 2, após votar na Escola Parque, em Brasília (DF), que espera que, no futuro, a sociedade brasileira possa olhar para o dia de hoje e concluir que foi a reafirmação da democracia no País. Desde que assumiu a presidência do STF, no meio de setembro, a ministra tem feito uma forte defesa da lisura do processo eleitoral brasileiro em meio aos ataques reiterados do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, às urnas.

"Desejo sinceramente que no futuro possamos olhar para esse 2 de outubro de 2022 e concluir que foi a reafirmação do nosso Estado Democrático de Direito", disse Rosa Weber, em rápida declaração à imprensa.

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A ministra também disse esperar que a tarde deste dia de votação transcorra com "a mais absoluta normalidade" e "na paz que a sociedade brasileira merece", destacando que tem ocorrido dessa forma até o momento.

"Hoje é um dia muito importante para todos nós, brasileiros e brasileiras, porque estamos celebrando a democracia, essa democracia que nos une nas nossas diferenças e que assegura que o povo, de forma consciente e independente, defina os destinos do nosso País via a afirmação de sua vontade soberana", completou Rosa Weber.

A presidente do STF esperou pacientemente, por cerca de 40 minutos, na fila da sua seção de votação, que ela chamou de democrática, para registrar suas escolhas na urna, embora tivesse prioridade. Rosa completa 74 anos hoje.

"Nada como uma fila republicana e democrática. Prefiro esperar a minha vez", respondeu à juíza eleitoral Thaissa de Moura Guimarães, responsável pela sua seção eleitoral, que a recepcionou.

Rosa Weber vai aguardar os resultados da votação em primeiro turno no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao lado de ministros da corte eleitoral e de outros membros do STF, além de autoridades como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas.

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, chamou as principais autoridades do País para acompanhar a apuração in loco, em meio aos reiterados ataques de Bolsonaro à lisura das urnas e do processo eleitoral.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), publicou na tarde deste domingo, 2, em suas redes sociais, mensagem na qual diz que espera, com as eleições deste domingo, 2, "a manutenção da democracia" no País. O senador destacou sua expectativa de que os vencedores assumam suas responsabilidades, e o derrotados "reconheçam o resultado".

"Neste domingo, exercemos nosso direito livre ao voto, e o resultado que espero das urnas eletrônicas é a manutenção da democracia", afirmou Pacheco em sua postagem. "Que os eleitos assumam suas responsabilidades e, os derrotados, que reconheçam o resultado", publicou.

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O presidente do Senado fez uma alusão aos recentes ataques ao sistema eleitoral do País, promovidos em sua maioria pela base do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Em diversas oportunidades, o chefe do Executivo atacou as urnas eletrônicas, dizendo, sem apresentar provas, que a eleição que o elegeu teria sido fraudada a favor de seu adversário.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, reiterou, nesta quinta-feira (29), sua confiança na Justiça Eleitoral e na certeza de que as eleições do próximo domingo (2) serão íntegras, seguras e em paz, como a sociedade merece. Ela participou da abertura do programa de observadores e convidados internacionais para as eleições gerais deste ano, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

“Em tempos turbulentos como os atuais, mais do que nunca se há de proclamar a irrestrita confiança que devotamos à Justiça Eleitoral quanto à integridade das eleições e à legitimidade dos resultados eleitorais. Estamos certos da atuação sempre firme do TSE a assegurar que nada tumultue a escolha livre e consciente dos cidadãos brasileiros do que entendam ser o melhor para o país, em absoluto respeito ao processo democrático, tal como ocorreu em 2018, quando, na presidência do TSE, diplomei os candidatos vencedores nas urnas”, afirmou. 

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Sistema confiável

De acordo com a presidente do STF, a Justiça Eleitoral é patrimônio do povo brasileiro, e a urna eletrônica, o melhor exemplo da obra coletiva dos que sucessivamente, há décadas, se dedicam no TSE ao fortalecimento da democracia, proporcionando sistema eleitoral confiável, seguro e auditável, que serve de modelo para todos. 

Tolerância

A ministra Rosa Weber reforçou que a democracia é conquista diária e permanente e pressupõe diálogo, tolerância, convivência pacífica com os defensores de ideias antagônicas, que são adversários, e não inimigos. “A democracia exige observância às regras do jogo. Nela não se faculta à vontade da maioria, cuja legitimidade não se contesta, suprimir ou abafar a opinião dos grupos minoritários, muito menos tolher-lhes os direitos constitucionalmente assegurados”, disse. 

Respeito à imprensa A presidente do Supremo cobrou respeito ao trabalho da imprensa na cobertura eleitoral, lembrando que a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) noticiou o aumento dos casos de agressão contra profissionais da mídia. “Considerando que a liberdade de imprensa é, assim como a liberdade de expressão, premissa da democracia, enfatizo que cabe aos poderes constituídos atuar para a garantia da segurança dos jornalistas, para que se mantenham firmes na missão de informar a sociedade”, destacou. 

Colaboração Na avaliação da ministra Rosa Weber, a presença de convidados internacionais nas eleições é importante para testemunhar o trabalho do TSE e colaborar para o constante aperfeiçoamento do processo eleitoral brasileiro.  Autoridades Entre as demais autoridades presentes no evento estavam o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, e o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Beto Simonetti. 

Leia a íntegra do discurso

*Do STF

 

Em uma leitura do Brasil para representantes internacionais convidados a acompanhar as eleições no Brasil, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse que o país vive um momento de instabilidade democrática. A reunião nesta quinta-feira (29) contou com a participação da presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.  

Moraes descreveu que a democracia tem entre suas características a "plena segurança e liberdade no exercício de voto" e considerou ela como um instrumento "para quem acredita na redução das desigualdades, nas garantias de todos os brasileiros. A Justiça Eleitoral garantirá que o exercício da democracia será assegurado de maneira segura e confiável. A democracia brasileira vive o maior período de instabilidade democrática da República. O TSE tomou inúmeras e importantes medidas para garantir que o eleitor tenha absoluta tranquilidade". 

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Sobre o sistema eletrônico, o presidente do TSE também exaltou a tecnologia do processo brasileiro. “É com agilidade, segurança, competência e transparência. É graças à tecnologia avançada, confiável, segura e auditável de nossas urnas eletrônicas. Isso sempre foi e continuará sendo motivo de orgulho nacional. No domingo, tenho absoluta certeza que nós teremos a festa da democracia de todos os brasileiros e todas as brasileiras com paz, segurança, harmonia, respeito e liberdade, consciência e reponsabilidade”. 

Também estiveram presentes o chefe da Missão de Observação da União Interamericana dos Órgãos Eleitorais (Uniore), Lorenzo Córdova, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti. Entre as autoridades estrangeiras convidadas, estão a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla; a ex-vice-presidente da Colômbia Marta Lucía Ramírez; a senadora uruguaia Mónica Xavier; o secretário-geral Kevin Casas-Zamora; e o diretor regional para América Latina, Daniel Zovatto, todos integrantes do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea Internacional).    

Também devem acompanhar as eleições no Brasil representantes de Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Guiné-Bissau, Honduras, Indonésia, México, Moçambique, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Rússia, Timor-Leste e Uruguai. 

Até este sábado (1º), eles vão assistir a palestras sobre o pleito no Brasil. No dia da votação (2), vão acompanhar o início da votação em uma seção e o Teste de Integridade das Urnas Eletrônicas. Em seguida, vão visitar outros locais de votação e retornarão ao TSE para assistir à totalização dos votos, que começa às 16h30, no horário de Brasília. 

Após Joaquim Barbosa declarar apoio à Lula (PT), outro ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) endossou a eleições do petista já no 1º turno. Aposentado há quase dois anos, Celso de Mello elevou as críticas a Jair Bolsonaro (PL) e disse que o atual presidente possui um "elevado coeficiente de mediocridade". 

LeiaJá também: 'Bolsonaro não é um homem sério', critica Joaquim Barbosa

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Inclinado em sua defesa ao Estado Democrático de Direito, Celso de Mello rechaçou o que entende como 'desapreço' de Bolsonaro à democracia. Por meio de carta, o ex-ministro classificou o candidato como uma "constrangedora figura de um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade". 

Em seu entendimento, Bolsonaro é "adepto de corrente ideológica de extrema-direita que perigosamente nega reverência à ordem democrática, ao primado da Constituição e aos princípios fundantes da República e, cujo comportamento vulgar, de todo incompatível com a seriedade do cargo que exerce", definiu.   

Apesar de chancelar condenações contra ex-líderes do PT no STF, ao fim do seu posicionamento, ele anunciou o voto no petista para evitar mais quatro anos da atual gestão. 

O papa Francisco recebeu uma série de cartas de órgãos civis e religiosos brasileiros nesta semana pedindo para que o pontífice se manifeste em prol da democracia no país por conta das eleições do próximo dia 2 de outubro.

Os documentos foram entregues para o chefe da Igreja Católica durante as celebrações no âmbito do encontro "Economia de Francisco e Clara" com jovens do mundo todo e na audiência geral no Vaticano.

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Uma das cartas foi entregue pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns, que revelou o conteúdo do documento em seus canais.

"O Brasil prepara-se para escolher aqueles que irão dirigir os seus destinos, começando por quem irá assumir a presidência da República. Seria um momento de júbilo, de coesão nacional e de afirmação da soberania popular não fossem as ameaças que pairam sobre algo precioso para o povo brasileiro: a democracia", ressalta o texto.

O documento ressalta os problemas econômicos que afetam muitos brasileiros, como o aumento da pobreza e da fome, e a violência "no campo ou na cidade".

"Os eleitores vão às urnas pressionados não só pelas vicissitudes da vida, mas pelas ameaças de ruptura da ordem democrática. São ameaças que partem de quem parece não aceitar um resultado eleitoral que não lhe favoreça. Que são diuturnamente inflamadas pelo discurso de ódio propagado a partir de gabinetes oficiais. Que estigmatizam mulheres, afrodescendentes, indígenas, fiéis de distintas religiões, promovendo sobretudo o extermínio da juventude negra e pobre, no contexto de um projeto criminoso de armar a população", acrescenta.

Quem também entregou uma carta ao Papa foi o candidato a deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), em texto escrito pelo candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o ex-presidente fala do risco à democracia no caso de um segundo turno na disputa e defende medidas "urgentes" para acabar com a fome no Brasil.

"Levo carta do presidente @LulaOficial para o Papa. Na carta, Lula defende combate urgente à fome e relembra minha luta pela #rendabásica que implementará em seu governo", ressaltou.

Também entregou uma carta e participou do evento católico o grupo de economistas do Educafro, que alertou no documento o problema do racismo estrutural vivido no Brasil e citou as eleições deste ano.

"Com denúncias fortes contra o racismo estrutural, que domina o sistema político brasileiro e a estrutura da Igreja Católica no Brasil, o grupo entregou a carta ao papa Francisco. Essa carta tem tudo para fazer uma mexida nas eleições brasileiras, pois ela denuncia o sistema politico que é excludente, gerando estragos na vida do povo afro-brasileiro", diz o Educafro.

Em um longo documento, apontando casos de racismo tanto na sociedade como na instituição religiosa, o grupo ainda pede que o líder se manifeste tanto para os líderes da Igreja Católica e para os candidatos e partidos brasileiros pedindo por políticas públicas para as minorias.

"Que faça uma carta aberta aos partidos políticos brasileiros solicitando-os a não deixarem crescer, no seio da sociedade brasileira, práticas que estão em dissintonia com os valores do Reino de Deus, como a perseguição e morte de quase 100 parlamentares afro-brasileiros desde 2018 até 2022. Também solicitamos que cobre o compromisso de todos os presidenciáveis de se concluir o inquérito, julgamento e prisão dos mandantes do assassinato da Vereadora Marielle Franco", pontua a organização.

Da Ansa

Democracia é o regime político onde o poder emana do povo. É assim que vem definida a palavra no dicionário e na sua etimologia. Mas não apenas isso, viver em um país democrático também é ter garantido os direitos expressos na Constituição, entre eles, a dignidade humana, o acesso aos serviços públicos, a garantia da liberdade e o respeito à todas as esferas de poder.

Estes e outros princípios estão expressos na Declaração Universal da Democracia, assinada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em 1997 e lembrada anualmente no Dia Internacional da Democracia, celebrado por 128 países, inclusive o Brasil, nesta quinta-feira (15).

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A declaração construída pela ONU pontua que “a democracia é um direito básico de cidadania, a ser exercido em condições de liberdade, igualdade, transparência e responsabilidade, com o devido respeito à pluralidade de pontos de vista, no interesse da comunidade”. Mas será que o Brasil vive uma democracia plena ou recheada de interesses políticos individuais que se sobrepõem ao povo?

Para o historiador Barthô Júnior, ter hoje uma Constituição que garanta o direito da população e viver em um país com um regime democrático "é uma questão de orgulho e, de certa forma, alívio”, principalmente levando em consideração que tal sistema já foi anulado por governos que cercearam os rumos da democracia, como os dos 21 anos da ditadura militar brasileira.

"Viver hoje em uma democracia, cujo país já passou por tantos desmandos e pela ausência de um estado de direito, de um poder soberano do povo, é um fator que nos leva a comemorar e ao mesmo tempo pensar se ela é totalmente plena”, ponderou Barthô.

“Uma democracia plena deve estar presente não só na Constituição, e a mesma, como o próprio nome diz 'Constituição Cidadã', deve vigorar também na sociedade, não apenas nas urnas, onde na atual legislação o voto passa a ser universal para toda pessoa adulta, conquista importante obviamente, mas essa mesma legislação declara a seguridade de uma soberania, do bem estar da nação e da dignidade humana, ou seja, a Constituição por meio dos poderes Executivo e Judiciário devem garantir que tais direitos democráticos sejam de fato executados para aqueles ao qual a democracia foi criada, para o povo”, emendou.

Indagado sobre como avaliava o contexto atual da democracia brasileira, tendo em vista o que o país já viveu historicamente, o professor ressaltou o significado do direito do voto e a sua evolução, como também a eficácia do regime político na vida da sociedade.

"O voto é para nós o rosto da democracia, mas não devemos parar por aí. A democracia é muito mais ampla do que apenas o direito ao voto, e sim direito a serviços básicos que estão presentes na Constituição, que deveria dar a todo o povo brasileiro a dignidade humana, sem distinções. Isso não quer dizer que não estamos em um país democrático, constitucionalmente somos, mas o que falta é essa democracia estar refletida em todos os setores da sociedade que competem ao Estado. A democracia deve estar presente na educação, na saúde, na mesa e no prato do brasileiro, essa seria uma democracia plena, em direitos e deveres, entre o povo e o estado, não menos que isso”, frisou.

Um sistema ameaçado constantemente

O Brasil teve a democracia restituída em 1985, com o fim da ditadura militar que durou 21 anos, e em 1988 viu a sua Constituição Federal vigente ser elaborada. Após as duas décadas mais duras vividas pelo país, o regime democrático vem sendo cada vez mais amadurecido, contudo, nos últimos anos passou a ser alvo de ameaças constantes por grupos que começaram a pregar a volta dos militares ao poder e, mais especificamente de 2019 para cá, essa minoria viu suas falas endossadas em diversos discursos do presidente Jair Bolsonaro (PL), dos seus filhos e aliados.

Uma prova disso é a queda do Brasil nos índices internacionais que medem a eficácia da democracia nos países. Em fevereiro deste ano, o tradicional índice aferido pela revista The Economist – existente desde 2006 e que apura dados de 165 países – mostrou que a pontuação brasileira caiu de 6,92, em 2020, para 6,82, em 2021. Em 2006, o país registrava 7,3 pontos.

Segundo o cientista político Antônio Henrique Lucena, desde a crise financeira de 2008 se instalou nos Estados Unidos e na Europa uma onda de políticos antissistema e com discursos populistas, e o Brasil está passando por esta onda. Se ela continuará ou não veremos com o resultado das eleições em outubro.

“Bolsonaro terminou sendo um ‘acidente’ em virtude do lavajatismo e do antipetismo que a gente tinha e foi galvanizado por Sérgio Moro, o descontentamento com os anos petistas e a crise econômica. Isso tudo ajudou na ascensão dele que se vendia como um outsider, mas na verdade, ele era um insider heterodoxo que se vendia como um outsider do sistema, não conformado com as regras estabelecidas. E aí, a gente viu como tudo se colocou”, disse o especialista.

De acordo com os dados do Índice da Democracia do The Economist deste ano, o melhor aspecto democrático apontado no Brasil é o processo eleitoral, que atinge uma pontuação do que classificam como sendo de uma “democracia perfeita”. Ainda assim, os brasileiros viram Jair Bolsonaro – eleito em 2018 e outras oito vezes – questionar a lisura do sistema eleitoral e levantar suspeitas, antecipadamente e sem provas, de uma suposta fraude no pleito deste ano.  

Além disso, também vem sendo possível registrar eleitores bolsonaristas indo às ruas, como no último 7 de setembro, pedir uma espécie de intervenção militar, mas com o presidente Jair Bolsonaro no poder. O que é inconstitucional.

“[Pedidos de intervenção militar] mostram um descontentamento com a democracia, assim como também irresponsabilidade, porque é inconstitucional. Intervenção militar com Bolsonaro no poder não existe. É uma minoria que não respeita o processo democrático. Não são pessoas que estão preocupadas com a democracia, mas em manter seu candidato no poder e isso é muito ruim”, avaliou Antônio Lucena.

Até que ponto vão os riscos?

A junção dos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral – que desencadearam uma carta elaborada pela Faculdade de Direito da USP em defesa da democracia com o endosso de juristas, políticos e artistas – com esse possível desejo de manter Bolsonaro no poder, mesmo que não seja vitorioso nas urnas - tema que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigar um grupo de empresários brasileiros, entre eles o fiel bolsonarista Luciano Hang, dono das Lojas Havan – tem gerado discussões sobre os reais riscos que a democracia corre atualmente.

Na ótica de Antônio Lucena, contudo, é “relativamente baixa a possibilidade de um golpe de estado, com blindados na rua e militares apoiando o governo Bolsonaro caso ele perca as eleições”.

"O custo disso é muito alto, não estamos em 1964. O Brasil já é uma democracia. Estamos vendo um mundo muito mais organizado, apoiando militarmente a Ucrânia frente a uma investida genocida da Rússia contra aquele país, várias sanções que a Rússia está sofrendo, e provavelmente um golpe militar no Brasil não seria bem visto internacionalmente e catastrófico para a nossa economia”, argumentou o cientista político.

Fora os dois aspectos citados acima, também há quem tema um rompimento democrático com uma replicação do que se viu nos Estados Unidos, quando o então presidente não reeleito, Donald Trump, incentivou a invasão do Capitólio - centro do poder Legislativo americano – por seus apoiadores para contestar o resultado das urnas.  

Entretanto, para Lucena, isso não deve acontecer no Brasil, pois haveria um isolamento em uma tentativa de aventura.  

“Arruaças a gente deve ter, sem dúvida nenhuma. E já estamos vendo pessoas já morreram por conta disso. Em grande medida, o fruto dessa instabilidade é o próprio Bolsonaro que fica atiçando, batendo de frente contra as instituições e esticando a corda. Termos governantes que respeitem a democracia, que defendam esse legado tão dificilmente construído após 1988 é extremamente importante para a população, e em uma tentativa de aventura, as pessoas que lideram ficariam isoladas”, projetou.

As eleições são uns dos eventos mais importantes para um País, já que por meio do voto popular, no qual as pessoas têm o direito de eleger seus representantes políticos, a democracia acontece no seu nível mais puro. Com tamanha importância, é claro que esse período irá repercutir em diversas camadas da sociedade, inclusive, na educação.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), esse tema pode cair em algumas questões, já que a participação política é um aspecto importante da sociedade. Assim, para descobrir como as eleições podem aparecer na prova, o LeiaJá conversou com o professor de atualidades Benedito Serafim e com o docente de história, Marco Aurélio, que explicaram um pouco sobre essa possibilidade. 

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As eleições de 2022 podem repercutir na prova?

De acordo com o professor Benedito Serafim, o período eleitoral de 2022 não cairá diretamente na prova, já que o Enem tem um padrão de sempre utilizar um banco de questões antigas. Assim, o estudante não deve se preocupar com assuntos muito específicos do ano, mas, sim, em contextos históricos relacionados às eleições.

"É muito difícil que caia alguma coisa sobre as eleições deste ano ou as de 2018, pensando que o banco de questões que vai cair nesse Enem foi contemplado em 2017. Mas, relacionado às eleições, existem alguns pontos, sim, que a gente pode apontar que podem vir na prova", diz. 

Constituição cidadã

Como o professor Benedito afirmou, as eleições podem aparecer no Enem por meio de temas históricos que tenham relação com a conquista do direito ao voto, com a democracia e demais pautas sociais. “Para ter eleição, é preciso que tenha uma constituição que resguarde essa eleição, então pode-se dar ênfase cair alguma questão sobre a constituição cidadã que promoveu a eleição em 1989, que foi uma eleição extremamente importante porque foi a primeira eleição direta para presidente após a ditadura militar”, explica.

“A Constituição de 1891 ampliou o direito ao voto para os homens alfabetizados, já que as mulheres não tinham esse direito. Nesse período, o voto ainda não era secreto e as eleições que ocorreram no Brasil durante a Vigência da Constituição de 1891 foram marcadas por fraudes”, explica o professor Marco Aurélio.

Eleições Americanas 

O professor enfatizou que acontecimentos relacionados a participação política com influência global também podem se fazer presente no Enem, principalmente no que se refere aos conteúdos cobrados no campo de atualidades. 

“Saindo um pouco do Brasil, pode cair no aspecto de atualidades algo sobre a eleição de Trump, que virou presidente em 2016 nos EUA, e alguma coisa sobre a política internacional estadunidense, não só o por quê ele foi eleito, mas também a forma que ele foi eleito, a forma como os partidos se organizam dentro da política norte americana, o partido Democrata e o partido Republicano, no caso, como ocorre essa troca de cadeiras”, recomenda Benedito Serafim.

Direito ao voto feminino

De acordo com o professor de atualidades, um marco histórico que pode render discussões interessantes no Enem é a luta pela participação das mulheres na política, como também os movimentos juvenis que se mostram ativos em momentos decisivos da democracia.

“Direito ao voto feminino, que vai basicamente ser fortalecido no governo Vargas, mesmo sendo uma luta anterior, e também a participação dos jovens nas últimas eleições, no direito à votação dos eleitores abaixo dos 18 anos de idade, são todos pontos que podem cair na prova do Enem esse ano”, conclui. 

Evolução das constituições no Brasil

O professor Marco Aurélio também destacou que as eleições podem aparecer na prova do Enem por meio de enunciados que resgatem as constituições do Brasil, já que elas são imprescindíveis para a manutenção da democracia e do direito ao voto.

Constituição de 1824

“O primeiro tópico está atrelado à Constituição Outorgada de 1824. Nela, o voto era Censitário, ou seja, pautado na renda. No Brasil, o direito ao voto nesse período era garantido às pessoas que tivessem uma renda de cem mil-réis”, explica.

Constituição de 1934

“De 1930 a 1934, Getúlio Vargas assume o governo através de um golpe. Esse período é chamado de Governo Provisório, assim, todas as medidas que foram criadas ali, elas não eram constitucionais. Em 1932, através de uma medida provisória, foi criada a justiça eleitoral e algumas mulheres que tinham emprego comprovado e eram alfabetizadas tiveram direito ao voto", explica Marco Aurélio.

O professor destaca para os estudantes que o voto feminino só veio a se concretizar constitucionalmente um pouco depois de 1932. “Porém, do ponto de vista constitucional, de acordo com as leis que regem esse direito, o direito ao voto feminino só passa a ser citado na Constituição de 1934.”

Constituição 1937

“Em 1937, Getúlio Vargas dá um Golpe de Estado (Estado Novo). Nesse momento, Vargas instala uma Ditadura no Brasil, que vai de 1937 - 1945. Durante essa fase, não ocorre eleição no Brasil e a Constituição de 1934 deixa de existir - em seu lugar é criada em 1937, uma constituição mais centralizadora, na qual o presidente passa a nomear de forma direta as pessoas que deveriam ocupar os principais cargos políticos", salienta o professor.

Constituição de 1988

“A Constituição Promulgada de 1988 garantiu o voto para todo brasileiro nato ou naturalizado. O destaque para esta carta é o voto secreto, feminino e para os analfabetos. Um dos maiores desafios do século XXI é fazer com que as pessoas tenham a sensação de que de fato são representadas na política. Para isso ocorrer, é importante que o número de mulheres ocupando cargos políticos cresça", opina Marco Aurélio.

O professor finaliza relembrando a Lei das Eleições (9.504/1997), que estabelece que "cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo".

Integrantes da sociedade civil e setores empresariais ligados à articulação do movimento em defesa da democracia e do sistema eleitoral no último 11 de agosto esperam que a iniciativa do mês passado contenha arroubos autoritários no próximo 7 de setembro. A preparação para a data é acompanhada nos bastidores, em interlocução com representantes dos militares, polícias e diplomatas.

"Estamos em vigília. Mas não se trata de uma vigília passiva. Neste momento, temos mantido diálogo com os diversos setores do Estado brasileiro, inclusive segurança e Forças Armadas", afirma o professor de Direito da Fundação Getulio Vargas Oscar Vilhena. Ele foi um dos articuladores do manifesto que reuniu entidades empresariais, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e outros movimentos em torno da defesa do processo eleitoral.

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Não há, no entanto, um plano de reação previamente traçado para caso o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, ou integrantes do Estado, como policiais ou militares, ultrapassem linhas democráticas no feriado desta semana. "Acredito que neste ano vamos ter um movimento de rua muito estridente, mas não acredito em risco de uma ação desestabilizadora por parte das Forças Armadas. Sob esse ponto de vista, estou mais otimista agora do que estava no 7 de setembro do ano passado", afirma Vilhena.

A avaliação do professor, compartilhada por outros articuladores dos atos de 11 de agosto, é que três movimentos, em sequência, fizeram a tensão arrefecer. São eles: a nota por meio da qual o governo dos Estados Unidos defendeu o modelo de eleições no Brasil; a dimensão do evento na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que teve apoio de empresários, juristas e intelectuais; e a posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com uma demonstração ampla de respaldo da classe jurídica e política ao ministro.

"As condições não estão presentes, não há espaço para qualquer aventura golpista. A repercussão que temos tido é que grupos radicalizados - em polícias, entre os CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) e nas Forças Armadas -, estão mapeados e que não encontram lugar junto aos quadros superiores", afirma Vilhena.

Celso Campilongo, diretor da Faculdade de Direito da USP, diz que estará atento às manifestações do dia 7 de Setembro e, se houver excessos, é possível que se manifeste de alguma maneira. O mesmo é avaliado entre o grupo que escreveu a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros deste ano, composto por juristas, embora não haja nada programado.

O professor organiza o lançamento no site da faculdade de uma série de podcasts que trate de decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo TSE que tenham gerado críticas por setores da sociedade. "Faremos algo didático, com professores, para que expliquem algumas das decisões mais controversas dos dois tribunais e entendam os votos (dos ministros)", diz Campilongo. Na lista das decisões a ser abordada está, por exemplo, a instauração do inquérito das fake news, conduzido por Moraes no STF.

ATOS DE RUA

Movimentos antibolsonaristas não sairão às ruas no dia 7 de Setembro. Uma mobilização em resposta a atos de espírito golpista está sendo agendada para o dia 10 deste mês, para não haver confronto de grupos na rua. "A manifestação do 7 de Setembro do ano passado foi construída de forma muito violenta pelo bolsonarismo. De fato, neste ano, nosso objetivo não é estimular a violência política no País. Sabemos que eles vêm com discurso golpista e também postura muito violenta e nossa ideia não é essa", afirma Josué Rocha, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Os atos de rua do próximo dia 10 não contam com nenhum envolvimento dos organizadores do movimento pela democracia do mês passado. A mobilização em diferentes cidades do País é feita por movimentos sociais. "Queremos fazer no dia 10 uma grande manifestação em defesa da democracia, com a demonstração de que o Brasil é maior do que o bolsonarismo", diz Rocha.

De cunho partidário, os atos de rua também serão de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A própria campanha do petista desaconselhou que movimentos sociais fossem às ruas se opor ao bolsonarismo no dia 7 de setembro. Aliados do candidato se preocupam com o risco de violência política.

Um vídeo que apresenta as falas manipuladas do ex-presidente Lula (PT) nas redes sociais deverá ser excluído, segundo determinação do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo de Tarso Sanseverino, neste sábado (2). 

O vídeo havia sido publicado pelo cantor Latino e outros perfis compartilharam o conteúdo. O discurso do vídeo foi realizado em ato organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em São Bernardo do Campo (SP), em outubro de 2017. 

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Nele, Lula afirma que “a primeira coisa que eles [adversários] têm que saber é que aqui não tem vagabundo, aqui não tem traficante, aqui não tem bandido e muito menos bandida. Aqui têm homens e mulheres, mães e pais que certamente ou ainda estão trabalhando ou já trabalharam e foram mandados embora, e que eles não querem confusão”. 

No entanto, segundo a coligação partidária Brasil da Esperança, que entrou com a representação no TSE, “o vídeo foi editado e veiculado a fim de transmitir a ideia de que o candidato Lula teria dito que os apoiadores e filiados presentes seriam vagabundos, bandidos e traficantes, sendo que a fala proferida na ocasião foi exatamente ao contrário”. 

O ministro afirmou que “as publicações impugnadas transmitem, como alegado, informação sabidamente inverídica e prejudicial à honra do candidato Lula, ao veicularem um trecho reconhecidamente manipulado”. Ele determinou uma multa diária de R$10 mil em 24 horas, além de dar dois dias para que o cantor “apresente sua manifestação”. 

Nas redes sociais, Latino criticou a atitude e chamou de “democracia velada”. “Recebemos na data de hoje, 03/09/2022, uma notificação solicitando a retirada de uma postagem de sua rede social, e declarou: “Independente de ser artista, sou brasileiro e respeito a liberdade de expressão assim como decisões da justiça”. 

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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro aposentado Carlos Ayres Britto, disse nesta quinta-feira, 1º, que um golpe militar contra a democracia é "impensável" no Brasil.

"Fora da democracia se tem a autocracia e autocracia é barbárie. A democracia só é radical em uma coisa: não admite alternativa", afirmou. "Nós precisamos internalizar essa ideia de que a democracia é mesmo, por enunciação constitucional claríssima, o princípio dos princípios."

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O ministro aposentado defendeu que os militares não podem se "rebelar" contra o regime democrático.

"As Forças Armadas são criaturas. A Constituição é criadora. A criatura não pode se rebelar contra a criadora ou contra o criador. O conteúdo não pode dinamitar o continente. Todos os conteúdos da democracia devem reverência à democracia e existem para tonificar, densificar, conceituar e turbinar a democracia, que é o único regime de um povo civilizado", defendeu.

Ayres Britto também pregou que as instituições estejam "vigilantes" na defesa da democracia.

"A democracia, se não se defender, se não for vigilante, se for negligente, se permitir tudo contra ela, está se prometendo ao túmulo", pregou em evento organizado pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB).

Liberdade de expressão

O ex-presidente do STF ainda comentou a condenação do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ). O parlamentar foi sentenciando a oito anos e nove meses de prisão por ataques ao Supremo Tribunal Federal e por defender atos repressivos da ditadura militar, mas teve a pena anistiada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Ayres Britto, as manifestações de Silveira excederam a liberdade de expressão.

"A liberdade de expressão, mesmo sendo a maior expressão da liberdade, só é absoluta nos marcos da democracia. Imunidade parlamentar por opiniões, palavras e votos só é prerrogativa dos parlamentares nos marcos da democracia. Se alguém usar da liberdade de expressão para cortar os pulsos da democracia, vai matar a democracia. A democracia vai morrer por assassinato e a liberdade de expressão, a imunidade parlamentar vai morrer por suicídio", disse.

Ativismo judicial

 

Ayres Britto comentou as críticas de que o Poder Judiciário tem avançado o sinal e interferido indevidamente na atuação do Legislativo e do Executivo. Para o ministro, "não se pode confundir proatividade com ativismo".

"O legislador legisla, não há dúvida, sob o princípio da sabedoria popular, mas uma vez manifestada a vontade popular pelos seus representantes políticos, a lei de emancipa, se desgarra do legislador, ganha vida própria. E nós é que entendemos de interpretação das leis a partir da Constituição", afirmou.

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