Um dia após a desocupação do Edifício Maria Elisa, em Casa Caiada, em Olinda, muitos moradores permanecem no local, alegando não terem para onde ir. Segundo eles, nenhum tipo de alternativa foi oferecida, nem a equipe de assistência social foi ao local, e eles ameaçam fazer um protesto em frente à Prefeitura de Olinda nesta quarta-feira (19), caso ninguém apareça. O edifício, cuja estrutura apresentava risco de desabamento e muitas rachaduras, sendo considerado impróprio para a habitação pela Defesa Civil em 2009, voltou a ser ocupado ao longo desses cinco anos.
Com a nova ordem de desocupação do prédio, os moradores tiveram que sair de seus lares na segunda-feira (17), muitos alegando não terem conhecimento do caso. “Eu não sabia que o prédio podia cair, e estava aqui há cinco anos. Estou no meio da rua, pois não tenho onde ficar, por sorte consegui alugar um quarto por R$ 300,00 para ficar com minhas filhas, mas falta fazer a mudança”, disse a moradora Fabiana Maria, 27 anos. Ela permanece em frente ao prédio com seus pertences e as duas filhas, que estão doentes. Segundo ela, a retirada aconteceu de forma violenta, com muitos policiais no local intimidando as pessoas e nenhum tipo de garantia oferecida pela prefeitura. “Disseram que a gente teria auxílio-moradia, no valor de R$ 220, mas depois disseram que a gente não tem direito a nada”, completou.
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Outra pessoa que precisou deixar o local, Fabiana Bueno também permanece em frente ao edifício. “Eu sabia da ocupação, pois no início de fevereiro veio um oficial aqui com uma ordem, explicando que teríamos que sair”, informou. Segundo ela, na manhã desta quarta (19) dois carros da polícia chegaram ao local e permanecem lá, e uma última família está retirando seus pertences. “Não nos ofereceram nada, nem a assistente social veio. Liguei para a Defesa Civil e disseram que hoje uma equipe vai vir aqui, mas se até a hora do almoço ninguém aparecer, faremos um protesto pela tarde”, garantiu.
Sobre o caso, a prefeitura de Olinda informou as 20 famílias que estavam no local invadiram o edifício, que já havia sido interditado devido ao risco de desabamento, e que já havia informado aos moradores que eles precisariam deixar o local. O secretário de planejamento de controle urbano, Estevão Brito, falou com a reportagem do LeiaJá sobre a situação. “No momento as últimas famílias estão sendo retiradas do local e oferecemos um caminhão para o transporte dos móveis até o local que as pessoas ficarão, assim como mão de obra para tirar os objetos do local, e muita gente está na casa de parentes. O destino do prédio está com a Caixa, responsável pela construção do imóvel, e vai ser decidido junto com a justiça, nossa preocupação foi retirar vidas do local antes que uma tragédia acontecesse”, informou.
AInda segundo o secretário, o auxílio moradia falado pelos moradores não pode ser oferecido, pois este caso se trata de uma ocupação irregular. “Isso seria ilegal, então não podemos conceder este auxílio, que é oferecido a pessoas que moram em locais como morros e barreiras”, concluiu.