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Ao comentar a ausência de uma meta comum para o desmatamento zero na Declaração de Belém, divulgada nessa terça-feira (8), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que ninguém pode impor sua vontade a ninguém. O documento é resultado da Cúpula da Amazônia, que reuniu representantes dos oito países amazônicos. 

“O processo de negociação é sempre mediado. Ninguém pode impor a sua vontade. Então, são os consensos progressivos – na medida em que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento. Uma coisa muito importante que aconteceu é que todos os países concordam que a Amazônia não pode ultrapassar o ponto de não retorno, ou seja, o ponto de quando não há volta. Porque, se ultrapassar 25% de desmatamento, a floresta entra num processo de savanização.” 

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“Aí, é um ponto de não retorno. Será a destruição da floresta. E a destruição da floresta significa a destruição, sobretudo, do nosso sistema de chuvas. Nós só não somos um deserto porque temos a Amazônia. Isso a gente tem que pensar com muita atenção. Quando se diz desmatamento zero é porque a ciência e o consenso estão nos mandando parar, porque essa floresta é responsável pelas chuvas, por 75% do PIB [Produto Interno Bruto] da América do Sul e pelo equilíbrio do planeta.” 

Ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro, Marina lembrou que quando a Organização do Tratado De Cooperação Amazônica (OTCA) foi criada, há 45 anos, diversas questões atualmente relacionadas à mudança do clima ainda não estavam em pauta. 

“Há 14 anos, não tínhamos uma reunião dos presidentes que compõem o Tratado de Cooperação da Amazônia. Esse espaço de tempo foi prejudicial ao andamento de políticas regionais que nos levem a enfrentar o problema do desmatamento, da desigualdade social, do abandono das comunidades indígenas quando se pensa na região amazônica.” 

Marina lembrou ainda que a cúpula, que termina nesta quarta-feira (9), tem como previsão a divulgação de dois documentos. “Essa cúpula terá dois comunicados. O comunicado conjunto dos oito países e o comunicado conjunto da sociedade, que servirá de impulso para os governos. Tudo aquilo que ainda não foi possível estabelecer como consenso na perspectiva dos vários países já é um consenso na perspectiva da ciência e da sociedade.” 

“O Brasil já tem um compromisso de desmatamento zero. Já estamos trabalhando para alcançar o desmatamento zero até 2030”, disse, ao citar que, nos primeiros sete meses de governo, a pasta ampliou a capacidade de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em quase 200%, além de registrar queda de 42% no desmatamento do país. 

“Só no mês de julho, que é um dos mais difíceis, quando temos um pico de desmatamento, a queda foi de 66%, queda que aconteceu nos mais diferentes estados da Amazônia, em vários municípios. Portanto, ainda que não tenhamos na declaração conjunta, em função de não se chegar a um consenso com outros países, o Brasil já tem esse compromisso e nós vamos continuar perseguindo”, concluiu. 

 

Para o advogado e coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinaman Tuxá, os desaparecimentos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira podem ser mais um capítulo da escalada de um processo que se intensificou nos últimos anos. Violência e destruição da floresta se retroalimentam, diz Dinaman, de Paris, em entrevista ao Estadão.

O grupo está na Europa para discutir com líderes da região temas como a exploração de ouro na Amazônia, a presença do narcotráfico e possíveis sanções econômicas internacionais ao Brasil. No domingo, 12, o grupo vai a Bruxelas para se reunir com uma comissão do Parlamento Europeu. Eles vão debater a proposta de proibição de produtos do agronegócio que consideram ligados ao desmatamento e à degradação florestal.

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Como recebeu a informação do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira?

O ilícito se inicia com a própria invasão. Ali (Vale do Javari) é uma área de indígenas isolados, que deveriam ser protegidos pelo Estado e fica claro que ele não está cumprindo com suas funções quando um funcionário público federal e um jornalista inglês desaparecem nesta região. A gente não sabe ainda o que aconteceu, mas sabemos que é resultado de ações que estavam ocorrendo ali naquele momento.

Como avalia a presença do clima organizado na região amazônica?

O crime organizado se estruturou na região amazônica não só no narcotráfico. Eles estão atuando na extração de madeira, no garimpo e no narcotráfico. Estamos preocupados porque não há uma mobilização do Estado para combater esse tipo de crime, as invasões. Eles estão se apropriando não só pelo poderio bélico, mas pela ausência do Estado. Eles estão à vontade para cometer todo tipo de ilícito na região. Com o desmonte das políticas indigenistas e ambientais, o Estado brasileiro está cada vez mais ausente das terras indígenas, principalmente das mais longínquas que precisam de uma atuação diferenciada para a proteção das populações isoladas. Estamos fazendo a narrativa do Vale do Javari onde o crime organizado atua no narcotráfico e no garimpo e não há uma política de combate. O que acontece ali não é trazido para a população porque é uma região muito distante, os responsáveis não são indiciados e os crimes são esquecidos. São regiões sem leis.

Qual a relação entre esse desmonte e a violência?

O desmonte das políticas indigenistas e ambientais afetam os povos indígenas do Brasil como um todo. Um exemplo é o aumento da criminalização das lideranças ambientais. A falta de demarcação faz com que os povos indígenas se mobilizem para autodemarcação e isso acaba gerando tensão. A falta de política de Estado também gera violência.

Quais podem ser as repercussões desse processo para o resto do País?

O que acontece na Amazônia tem repercussão para o resto do País. O desaparecimento do Dom Phillips e do Bruno Pereira, o desmatamento e o garimpo têm uma comoção internacional. Estamos falando da destruição de um ecossistema, pessoas morrendo como resultado de uma atividade econômica. Para que isso aconteça há um mercado consumidor, um mercado que está financiando a destruição. O que está acontecendo vai ter impacto primeiro nas questões ambientais com repercussões no fluxo ambiental e nas mudanças climáticas, como estamos vendo agora com as chuvas em Pernambuco, mas já vimos em Minas, na Bahia, no Rio e na seca no Sul neste ano. Mas não é só isso. Esse processo vai se refletir na questão econômica. Os países da Europa vão começar a impor sanções econômicas ao Brasil e o brasileiro vai sentir o resultado no bolso.

Bárbara Paz causou alvoroço no tapete vermelho do Festival de Veneza, nessa quarta-feira (1º), ao fazer um manifesto a favor da Amazônia. A atriz chegou ao festival “vestida de floresta amazônica” e roubou a cena.

Nas suas redes sociais, ela publicou fotos e legendou demonstrando a importância da floresta. “Amazônia é o pulmão do mundo e a humanidade tem o direito de respirar. Todos carregamos um pouco dela em nós“, escreveu Bárbara.

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A iniciativa foi aplaudida e comentada pelos amigos e seguidores da atriz que em menos de 3 horas já tinham deixado mais de 17 mil curtidas e milhares de comentários. “Você é incrível”, escreveu a apresentadora Didi Wagner, “musa”, disse o ator Thiago Rodrigo.

 

Com a proteção da Floresta Amazônica como pauta principal, foi reinstalado nesta segunda-feira (21) o Parlamento Amazônico (Parlamaz). O grupo reúne representantes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Equador. Tem o objetivo de estabelecer políticas integradas, estreitando as relações sobre as questões amazônicas e promovendo a cooperação e o desenvolvimento sustentável da região. 

O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), senador Nelsinho Trad (PSD-MS), foi eleito por unanimidade para presidir o Parlamaz. Ele pediu que os membros indiquem candidatos para a vice-presidência até o dia 21 de janeiro, bem como os apontamentos para o plano de trabalho do colegiado. 

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Criada em 17 de abril de 1989, a comissão funcionou alguns anos, mas acabou desmobilizada. A ideia de reativá-la, depois oito anos inativa, voltou em 2019, após uma reunião dos países-membros na Embaixada do Equador. Segundo Nelsinho Trad, depois daquele encontro foram realizados debates decisivos para a continuidade do projeto. O senador apontou o papel do Parlamaz de fortalecer a representação democrática, com respeito à região e aos seus habitantes, e ressaltou a felicidade pela reativação do grupo. Ele disse que nenhum representante dos países-membros aceitará delegar a titularidade sobre as políticas a serem adotadas na região. 

"Nossa intenção é dar voz às populações nativas, oferecer não uma obra passageira, mas uma contribuição definitiva que se perpetuará no tempo. A reinstalação do Parlamaz significa um passo importante, e os resultados poderão impactar de modo decisivo e firme o nosso futuro. Pedimos a Deus que continue nos dando saúde para enfrentarmos as dificuldades que teremos pela frente", afirmou. 

Desafios

O deputado colombiano Juan David Velez falou da importância da reinstalação do grupo parlamentar. Ele observou que, como o colegiado tem representação internacional, outro grande desafio dos países-membros consiste em sugerir ações de proteção ao meio ambiente também de forma geral. 

"Para nós, o Parlamaz trará sinergia para a região [amazônica], visando ações que gerem produtividade sustentável e riqueza. Não queremos seguir com a pobreza, e precisamos tratar desse tema de modo responsável". 

Uma das representantes da Bolívia, a deputada Marta Ruiz Flores disse que o parlamento boliviano está comprometido com a causa. Ela ponderou que todos os países, irmanados, podem promover mudanças importantes para a sustentabilidade do bioma amazônico. 

Aquecimento global

Na opinião do presidente da Assembleia Nacional da Guiana, Manzoor Nadir, o aquecimento global tem trazido mudanças e consequências que não podem ser medidas, mas que precisam ser combatidas. Ele chamou atenção para a responsabilidade do Parlamaz no tocante à legislação ambiental. 

"Estamos falando de uma lei que tem um poder único de apresentar números e trazer soluções. Nosso tempo de agir é agora". 

O deputado brasileiro Léo Moraes (Podemos-RO) também ressaltou a importância do diálogo para posicionar os interesses de todos os países-membros diante do mundo. Para ele, além de defender os amazônidas, como indígenas e ribeirinhos, é fundamental que o grupo parlamentar chame à participação todas as populações que habitam a área. 

"Temos que cuidar e aliançar o interesse pelo desenvolvimento e pelo progresso pensando, sobretudo, na nossa soberania. Ninguém melhor que os moradores e desbravadores dessa região para nos transmitir as experiências inerentes a esse rincão e estamos à disposição para promover esse bom debate". 

Cooperação

Para Carlos Alberto Lázare Teixeira, da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca), o Parlamaz é um canal de diálogo e cooperação entre os legislativos desses países, fundamental para consolidar as políticas de Estado necessárias à Amazônia. Ele também destacou a importância de valorização dos habitantes locais. 

"Nosso grande esforço é para difundir todos os elementos fundamentais para a região, baseado na centralidade do ser humano, já que há ali cerca de 35 milhões de habitantes. Também é importante que todos os membros mostrem seu apoio ao tratado, com a missão de levar em frente toda essa agenda de cooperação". 

Membros do Parlamento Amazônico

Brasil: senadores Nelsinho Trad (PSD-MS), Eduardo Braga (MDB-AM), Plínio Valério (PSDB-AM), Paulo Rocha (PT-PA) e Telmário Mota (Pros-RR); deputados Marcelo Ramos (PL-AM), Léo Moraes (Podemos-RO), Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e José Ricardo (PT-AM) 

Bolívia: Marta Ruiz Flores, Sara Kattya Condori, Carlos Hernán Arrien Aleiza, Alcira Rodríguez, Ana Meriles e Genaro Adolfo Mendoza 

Colômbia: Germán Alcides, Blanco Álvares, Harry Gonzalez, Henry Correal, Juan David Velez, Maritza Martinez, Harold Valencia, Carlos Cuenca e Jorge Guevara 

Equador: Fernando Flores, Carlos Cambala 

Guiana: Manzoor Nadir 

Peru: Gilmer Trujillo Zegarra 

Suriname: Marinus Bee 

Venezuela: María Gabriela Hernández Del Castillo, Romel Guzamana

*Da Agência Senado

 

Depois de passar cinco dias perdida na Floresta Amazônica e outros cinco internada em um hospital no município de Santana, a 24 quilômetros de Macapá (AP), Ana Vitória Soares, de 4 anos, retornou na quarta-feira (8) para sua casa na comunidade ribeirinha Maniva. O local fica em uma das ilhas da cidade de Afuá, na divisa entre o Amapá e o Pará.

A família já estava quase sem esperanças de localizar a criança com vida. "Até o caixãozinho dela já estava pronto", disse a prima Érica Silva, de 36 anos. Em 29 de dezembro, último domingo de 2019, Ana Vitória brincava no quintal de casa com uma irmã de 8 anos. Era fim de tarde quando desapareceu. Ao chamar pela filha, a mãe, Rosilete de Souza, não a encontrou.

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Desesperada, Rosilete conseguiu contato com uma sobrinha de Santana, e esta pediu ajuda ao Corpo de Bombeiros. A família temia que Ana Vitória tivesse se afogado em um rio. Nos dias seguintes, os bombeiros iniciaram as buscas no curso d'água, mas não encontraram a menina.

Érica contou que Rosilete teve uma intuição e foi procurá-la no mato. Ela entrou na floresta e viu o que acreditou serem os rastros da filha. "Ela voltou para casa e contou para todo mundo. Todos pegaram lanternas e foram para a mata", afirmou a prima. Nada encontraram.

Segundo Érica, uma mulher evangélica chamou o irmão dela, Nelson Silva, também de 36 anos, e disse para ele entrar na mata separado do grupo, rezando, e que, assim, a encontraria. E Silva realmente a localizou.

A menina estava sentada embaixo de um buritizeiro. Silva, que trabalha como piloto de pequenas embarcações, disse que Ana Vitória estava confusa e perguntava sem parar pelo pai. Ela foi encontrada a cerca de dois quilômetros de sua casa.

Emoção

"Ao chegar em casa, com a menina no colo, todo mundo se emocionou e chorou de alegria. Ninguém acreditava que ela estivesse viva", disse Érica. Desidratada e com ferimentos nos pés e picadas de mosquito pelo corpo, Ana Vitória foi levada para um hospital e, na terça-feira (7), recebeu alta.

A criança não soube contar para a família como se perdeu, mas disse que sentiu muito "medinho", se alimentava de frutas, como taperebá e buriti, e bebia água de um igarapé.

"Para nós, o ano novo não começou no dia 1º. Só começou quando Ana Vitória foi encontrada e foi uma vitória para nós", afirmou Érica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontou que somente no mês de novembro houve um aumento de 104% em relação ao mês anterior, nas práticas de desmatamento na região amazônica. No monitoramento anual, o desmante cresceu 84% este ano, segundo dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) do Inpe. 

Este sistema existe para ajudar o Ibama nas ações de combate a destruição da floresta amazônica, além de identificar tendências de devastações da mata. Contudo, não funciona como medidor oficial dos desmatamentos na Amazônia. Que nesse caso, é de responsabilidade do Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), cujos estudos mostram que os índices de destruição na floresta em novembro deste ano são os maiores desde 1998. 

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De acordo com os dados Inpe, estiveram sob alerta em novembro deste ano 8.695,21 km², área que representa quase o dobro do que foi analisado no mesmo mês em 2018: 4.878,7 km². O último grande aumento antes de novembro havia sido em junho, quando houve um crescimento de 90% nos desmatamentos do bioma. 

No período em que o Inpe colheu esses últimos dados, o presidente Jair Bolsonaro declarou que os desmatamentos não comprometem as florestas brasileiras, por se tratar "de uma questão cultural". 

Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles disse na reunião com governadores da Amazônia Legal o Brasil estava avançando na redução dos desmatamentos, o que contraria os estudos das entidades responsáveis por investigar os desmantes. 

Queimadas e desmatamentos castigam a Floresta Amazônica. Considerada um dos maiores bens naturais da humanidade, a Amazônia tem sido pauta de debates entre a sociedade, ambientalistas, políticos, professores e estudantes.

Direto da Floresta, o programa Vai Cair No Enem, projeto multimídia que em parceria com o LeiaJá oferece conteúdos sobre a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, produziu uma aula que mostra, com exclusividade, como a Amazônia pode ser cobrada na prova do Enem 2019. Os professores de geografia e química Benedito Serafim e Berg Figueiredo, respectivamente, comandam as explicações.

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O programa desta semana foi produzido direto de Belém-PA, uma das cidades onde o Vai Cair No Enem realizou aulões. Assista:

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LeiaJá também

--> Confira mais conteúdos no site do Vai Cair No Enem

Sendo a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia, concentra uma grande riqueza em biodiversidade. Atualmente, muito tem se falado na importância da preservação da Floresta Amazônica em razão dos desmatamentos e dos altos índices de queimadas que comprometem o seu ecossistema.

Os estudantes que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, já devem estar esperando que assuntos podem aparecer de alguma forma na prova. A Amazônia pode ser tema na prova de maneiras muito singulares, já que se trata de um assunto amplo. Uma matéria recente do LeiaJá contextualiza conteúdos importantes para você estudar sobre a mata amazônia e tudo que a envolve. Mas você sabia que é possível resolver questões sobre a Amazônia em mais de uma disciplina? Em história, por exemplo, o professor Pedro Botelho diz que há um conjunto de episódios ao longo da nossa história que poderia ser cobrados. “Não necessariamente algo muito atual, como os problemas. Porque, como é muito recente, dificilmente vai cair na prova, pois a prova é uma prova apologética, que não vai tecer críticas duras e diretas ao governo” comenta.

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Um exemplo lembrado pelo professor que está relacionado à história que poderia ser cobrado é expansão territorial do Brasil, que fala do Tratado de Madrid assinado em 1750. “O Brasil passa a ganhar os contornos geográficos e territoriais que são muitos parecidos com o que nós temos hoje, tirando o Acre e outros territórios menores. E a região amazônica acaba entrando para o território brasileiro pela questão do uso e posse que vai ser o argumento utilizado pela coroa portuguesa”, explica.

Um outro assunto indicado pelo professor é a exploração da borracha. Confira o exercício abaixo:

A exploração da borracha amazônica teve um impressionante salto no fim do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. O contexto político e econômico da borracha está ligado:

a) ao sistemático arrefecimento da produção cafeeira, marco da Primeira República

b) ao cenário nacionalista da Era Vargas, sendo a borracha o carro-chefe da economia brasileira

c) ao período da Belle Epoque, fornecendo a matéria-prima necessária para as potências industriais

d) ao trabalho efetivo dos governos populistas em dinamizar a economia no setor norte do país

Gabarito: C

Resolução: com a Segunda Revolução Industrial (1850-1900), a demanda pela borracha aumentou exponencialmente, causando uma rápida expansão da extração do látex. Países como Inglaterra e Alemanha se beneficiaram dos seringais brasileiros, o que ocasionou, no Brasil, um desenvolvimento socioeconômico da região Norte.

Em geografia, o professor Dino Rangel concorda com Pedro Botelho no que diz respeito a abordagem de assuntos mais recentes. “Acredito que a prova do Enem, se levarmos em consideração a interferência direta do atual governo em sua elaboração, não deverá abordar aspectos polêmicos, como: demarcação de terras indígenas, a usina de Belo Monte... e aí, talvez nem tão pouco a questão das queimadas. Desta forma, ela poderá trazer o crescimento industrial da região Norte, através da Zona Franca de Manaus, da Transamazônica e da expansão da fronteira agrícola vinda do Centro-oeste. Outras possíveis abordagens são exatamente a da questão abaixo (características biogeográficas e climáticas da região) e também a questão das migrações de refugiados (que é o caso dos venezuelanos em Roraima).

Confira a questão de geografia elaborada pelo professor:

“Oh, riqueza das Américas!... És bela, és perene, és hidro, és densa, tão arbórea e heterogênea quanto nenhuma outra! Mas que sofres por tamanha ganância antrópica, seja pelos garimpos ou pela expansão da soja... choras, choras e choras pedindo socorro por sentir o ardor e destruição de tuas raízes, troncos, folhas... por sentir, na verdade e na pele, o descaso da soberania de uma nação que emblema “ordem e progresso” as custas de tua exploração! Oh, riqueza das Américas!... até quando derramarás tuas lágrimas?...”

O texto acima explicita características biogeográficas e sociais de uma região que apresenta:

a) Menores índices pluviométricos do país

b) Menores reservas mineralógicas da nação

c) Maiores latitudes do continente americano

d) Menores amplitudes térmicas do país

e) Maior concentração industrial nacional

Gabarito D

Por se localizar bem próximo ao Equador, a Região Norte do país apresentará durante o ano todo, praticamente, temperaturas elevadas, além das chuvas abundantes por conta da floresta amazônica. O que torna assim a diferença entre as maiores e menos temperaturas verificas ao longo do ano baixas.

 

O exercício trazido pelo professor de biologia Douglas Marques foca no impacto causado pelas queimadas na floresta.

 

No ano de 2019 o Brasil apresentou um aumento expressivo nos focos de queimadas na floresta amazônica, tendo um crescimento de 71% em relação ao ano anterior. Alguns especialistas indicam que esses eventos provocados por ação antrópica podem trazer um impacto bem maior do que a perda da biodiversidade, o que tem levantado discussões em toda a comunidade mundial.

Dentre os impactos diretos causados pelas queimadas na floresta amazônica estão:

a) o aumento na concentração de CO2 pela combustão incompleta.

b) elevação na temperatura e diminuição nos níveis de chuvas da região.

c) a perda de microrganismos no solo que afetam a ciclagem de nutrientes.

d) a degradação erosiva do solo e a extinção de espécies.

e) a formação de chuva ácida e acidificação dos rios da região.

Gabarito: C

As queimadas provocadas empobrecem o solo, já que eliminam os microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica e, consequentemente, prejudicam a reciclagem natural de nutrientes no ecossistema.

 

Outra matéria que pode facilmente falar sobre a Amazônia é a Química, que, assim como biologia, está inserida na área de conhecimento de Ciências da Natureza e suas Tecnologia. O professor de química Berg Figueiredo preparou uma questão trazendo a fotossíntese.

 

A Amazônia apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta e embora as variedades sejam enormes, o processo de obtenção de energia das plantas é o mesmo. A fotossíntese é o processo de conversão no qual o Gás Carbônico é convertido em Gás Oxigênio por diversas relações complexas que ocorrem nas plantas, árvores e seres clorofilados.

De forma simplificada, a reação da fotossíntese seria:

Luz + 6 CO2  +  6 H2O  -----> C6H12O6  + 6 O2   + clorofila

Dadas as entalpias de formação do CO2 (-94 kcal/mol), da H2O (-58 kcal/mol) e da glicose (-242 kcal/mol), pode-se concluir que o processo é:

A) endotérmico e a energia envolvida, 1152 kcal/mol de glicose

B) endotérmico e a energia envolvida, 670 kcal/mol de glicose

C) exotérmico e a energia envolvida, 1152 kcal/mol de glicose.D) exotérmico e a energia envolvida, 670 kcal/mol de glicose

E) endotérmico e a energia envolvida, 392 kcal/mol de glicose

Gabarito: B

 

A questão cobra a energia envolvida para o processo de fotossíntese. Nesse caso o processo será a variação de Entalpia:

Delta H = Entalpia dos Produtos - Entalpia dos Reagentes

Delta H = (-242kcal) - (6(-94kcal) + 6(-58kcal))

Delta H = -242kcal + 912kcal

Delta H = + 670kcal

Lembrando, Delta H > 0, o processo é endotérmico.

 

Obs.: Substância simples na forma alotropica mais estável tem a Entalpia igual a zero. Por isso o valor do gás oxigênio não entrou na fórmula pois seu valor é zero.

 

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), divulgou um vídeo chamando o presidente Jair Bolsonaro (PSL) a responsabilidade quanto as queimadas que atingem a floresta amazônica. Na gravação, Ciro dá conselhos a Bolsonaro e, entre as recomendações, pede: “cale a boca”. 

Na avaliação do candidato do PDT a presidente em 2018, a “devastação que acontece na Amazônia” tem sido agravada pelas “declarações estapafúrdias dos nossos governantes” e isso pode gerar consequências negativas para o país. 

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“Eu me senti obrigado, por responsabilidade com o Brasil, a fazer sugestões ao senhor presidente Jair Bolsonaro: é preciso que ele cale a boca, pare de falar tantas coisas que só põe gravame nessa situação tão terrível, viaje tão logo para a região, que demita esse canalha incompetente e corrupto que ele nomeou para o Ministério do Meio Ambiente como sinal de satisfação ao povo brasileiro de que está querendo resolver o problema e tome imediatas providências para conter esse devastador incêndio”, enumera Ciro Gomes. 

Segundo Ciro, Portugal e países norte-americanos têm equipamentos que podem ajudar o Brasil a conter o fogo que tem atingido a Amazônia. “Pare de falar bobagem, assuma a responsabilidade e tome a linha de frente na defesa desse patrimônio dos brasileiros, mas que é também objeto da cobiça internacional”, alertou o pedetista. 

“É preciso apagar o fogo político que bota muita bobagem, muito disparate, muita declaração estúpida que pode fazer com que o Brasil não seja mais considerado apto a gerir esse patrimônio”, completou. 

O ex-governador ainda refutou as afirmativas de Bolsonaro de que as Organizações Não Governamentais (ONGs) estariam por trás das queimadas. “O presidente da República não pode ser um palpiteiro, ele tem bons serviços de inteligências e se há algum elemento criminoso disso, ou quem quer que seja, o presidente não pode dar palpites, tem que mandar prender”, disse Ciro.

E emendou: “se quiserem flagrante eu dou uma pista, houve um movimento que chamou o dia do fogo e essas pessoas, despudoradamente, certos de que estão protegidos pelo presidente, anunciaram um dia que esse fogo começou”. 

A ex-senadora Marina Silva afirmou, nesta quinta-feira (22), que a Rede Sustentabilidade vai apresentar no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Na avaliação da líder do partido, Salles cometeu crime de responsabilidade ao descumprir o dever de garantir um meio ambiente equilibrado. 

“A REDE Sustentabilidade vai entrar no STF com o pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de responsabilidade, pelo descumprimento do dever funcional relativo à Política Nacional do Meio Ambiente e à garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado como consta no art. 225 da Constituição Federal”, escreveu Marina.

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O artigo da Constituição citado pela ex-ministra do Meio Ambiente observa que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

O item constitucional diz também que a Floresta Amazônica brasileira e o Pantanal, atingidos pelas queimadas dos últimos dias, “são patrimônio nacional” e salienta a necessidade da sua preservação ambiental.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a floresta amazônica está sendo atingida há duas semanas pela maior queimada dos últimos cinco anos. Nessa quarta (21), Marina Silva também se manifestou sobre o assunto e disse que as irresponsabilidades do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Ricardo Salles só agravam a “emergência ambiental no Brasil”.

A Rede também acusa Salles de desacatar a Constituição ao alterar a governança Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que reúne representantes do governo e de ONGs para discutir as políticas ambientais no país.

Cabe ao STF julgar pedidos de impeachment de ministros de Estado, por crimes de responsabilidade autônomos, não conexos com infrações da mesma natureza do presidente da República. De acordo com a Lei do Impeachment, caso os atos forem conexos, a destituição do ministro do cargo deve ser denunciada na Câmara dos Deputados, assim como do presidente.

Na entrevista matinal que concede ao deixar o Palácio da Alvorada, antes de cumprir a agenda do dia, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reforçou, nesta quinta-feira (22), que as Organizações Não Governamentais (ONGs) são suspeitas de provocar as queimadas que atingem a região da floresta amazônica há pouco mais de duas semanas.

Indagado por jornalistas se os autores do foco das queimadas poderiam ser os fazendeiros, ele disse que sim, mas não poupou as ONGs.“Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs”, disparou. 

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Nessa quarta (21), Bolsonaro fez as primeira insinuações sobre as organizações ambientais e chegou a dizer que isso poderia ter acontecido porque eles “perderam a boquinha”. "Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses 'ongueiros' para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos", afirmou quando estava de saída do Palácio da Alvorada ontem.

Hoje, o presidente questionou manchetes dos jornais. "Vocês me entrevistaram ontem, vocês viram o que saiu nos jornais? Não é culpa de vocês, passa pelo filtro do editor. Em nenhum momento eu fui e falei, acusei as ONGs. [Falei de] suspeita", disse.

E aproveitou para ironizar: "São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples."

Para Bolsonaro, como as ONGs perderam dinheiro, agora “tem que tentar fazer o que? Tentar me derrubar". 

Ao ser questionado se tinha provas sobre o envolvimento das organizações, ele negou. "Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso", disse.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), essa é a maior queimada que a região amazônica está sofrendo nos últimos cinco anos. Além da Amazônia, áreas do Pantanal também já foram atingidas pelas chamas.

No momento em que desastres naturais e crimes ambientais atingem o Brasil, a exemplo dos recentes temporais no Rio de Janeiro e do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, o nome de Chico Mendes vem à tona como um dos grandes defensores na natureza, no País.

Tanto no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como em outros vestibulares, Chico Mendes é figurinha carimbada. Na edição de 2013 do vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), uma questão de Ciências Humanas trouxe o nome do seringueiro como base para responder à alternativa correta. Na proposição, o estudante deveria escolher uma entre a cinco possibilidades. Confira a questão abaixo:

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Segundo o professor de geografia Carlos Lima, a resposta correta é a letra “b”. “Uma das grandes lutas de Chico Mendes era contra a precariedade das relações de trabalho. A questão de Chico Mendes não era só de luta pelo meio ambiente, mas lutava também pela melhoria das condições de trabalho da floresta Amazônica, no setor extrativista, o primeiro setor da economia”, explicou.

Quem foi Chico Mendes

Nascido em 15 de dezembro de 1944, no Xapuri, cidade do Acre, Francisco Alves Mendes Filho foi um grande defensor na Amazônia. Ele era filhos de cearenses, que resolveram ir para a floresta em busca de uma vida melhor do que a do Nordeste, à época uma das regiões mais esquecidas pelo poder federal.

Como não havia escolas, Chico Mendes só foi alfabetizado aos 16 anos. Na sua infância e adolescência, acompanhou os pais nos seringais. Mendes entrou no Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia como forma de lutar contra o desmatamento que atingia os seringais e ameaçava as atividades dos trabalhadores.

No ano de 1976, Mendes foi um dos encabeçadores do “empate às derrubadas”: consistente em reunir as famílias dos seringueiros, na área de acampamento dos trabalhadores que atuavam no desflorestamento, e derrubar as barracas e parar as motosserras. Por conta disso, o líder do sindicato, Wilson Pinheiro, foi morto na sede da associação em 1980, na Brasileia.

Matriz ideológica

O grande legado de Chico Mendes para a história foram as Reservas Extrativistas (Resex), consistentes em áreas preservadas ecológica e culturalmente. A ideia das reservas é assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da área, por meio de agricultura de subsistência e pecuária com criação de animais de pequeno porte. 

As Resex são de domínio público, com concessão às populações extrativistas tradicionais. Entre anos de 1987 e 1988, Chico Mendes ganhou o 'Global 500', prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), na Inglaterra, e a Medalha de Meio Ambiente da Better World Society, nos Estados Unidos. Esse feito o fez ser reconhecido no mundo inteiro.

Morte

Apesar de toda a repercussão de suas ações, Chico Mendes não obteve proteção por parte do Estado. O seringueiro e grande nome da defesa do meio ambiente foi morto em uma emboscada, nos fundos da sua própria residência, pelo grileiro Darly Alves, em 22 de novembro de 1988.

A reverberação da sua morte ganhou proporções nacionais e internacionais, o que refletiu na imprensa da época a necessidade de trazer a história e a luta do seringueiro à tona. Em 1990, os acusados pela morte de Chico Mendes foram julgados e condenados. O fato, segundo o Instituto Chico Mendes, foi histórico para a justiça rural do Brasil.

Abordagem nos vestibulares

De acordo com o professor Carlos Lima, Chico Mendes é um personagem fundamental  para o entendimento do homem com o meio ambiente na questão Amazônica. “Normalmente em vestibulares, quando se cita Chico Mendes, normalmente é citado aquele Chico que lutava pelos direitos do trabalhador nos seringais, aquele trabalhador que tinha salários precários e não conseguia manter uma qualidade de vida digna. Pode ser citado também o Chico Mendes que lutava pela melhoria na preservação na região Amazônica”, pontua o docente.

Nos relatos do seringueiro, segundo Lima, ele deixava clara a relação entre a qualidade do trabalhador e a preservação da floresta. “Então ele é uma das figuras das mais importantes da história do Brasil e é fundamental para a gente entender essa relação que existe entre o homem e o meio, onde ele pregava uma relação harmoniosa, de interdependência entre esses dois aspectos”, concluiu o professor Carlos Lima.

Polêmica

Recentemente, o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve sua fala repercutida nas redes sociais. Em entrevista a um programa de televisão, Salles disse: “Que diferença faz quem Chico Mendes nesse momento?”, quando questionado sobre sua relação com o seringueiro.

O líder da pasta revelou que desconhecia a história de Chico Mendes e apenas tinha escutado relatos sucintos sobre sua vida. “Do lado dos ambientalistas, mais ligado à esquerda, há um enaltecimento do Chico Mendes. As pessoas que são do ‘agro’, que são da região, dizem que o Chico Mendes não era isso que é contado”, posicionou-se.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou imagens evidenciando a presença de índios isolados no Estado do Amazonas. O registro foi feito sem contato direto, com a utilização de um drone que sobrevoou a região dos afluentes dos rios Jutaí e Juruazinho.

As regiões são consideradas de difícil aceso. A equipe percorreu mais de 180 quilômetros em embarcações, caminhonetes, motos e a pé. A atividade faz parte da expedição "Monitoramento da Presença de Índios Isolados no Rio Juruazinho", realizada entre os dias 16 de julho e 1º de agosto.

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Entre as evidências de etnia isolada encontradas estão: uma maloca, que é um tipo de moradia indígena; machado desgastado amarrado com fibra vegetal; buzina feita com casca de árvore; e canoas escavadas em palmeira.

Proteção

A equipe encontrou provas e registrou também a presença assídua de caçadores em diversos igarapés afluentes do Rio Juruazinho. Duas equipes de caça que se encontravam próximas aos limites da terra indígena Vale do Javari foram flagradas com animais vivos. 

Um proprietário de terras da região, que pretendia ocupar ilegalmente parte da Terra Indígena Mawetek, foi advertido pela equipe da Funai, assim como outros dois proprietários de fazendas de gado foram notificados formalmente com prazo para retirada de seus bens e correção de suas cercas. 

Há pouco mais de um mês, o município de Marechal Thaumaturgo, localizado na Floresta Amazônica, no Acre, ganhou 1º supermercado brasileiro onde é possível trocar o seu lixo por comida. O estabelecimento "TrocTroc" oferece aos seus cliente a possibilidade de trocar detritos plásticos e latas de alumínio por alimentos e artesanatos cultivados localmente. O primeiro ecomercado indígena do Brasil é uma parceria da Fundação House of Indians e a Tribo Ashaninka do Rio Amônia, no Vale do Juruá.

A iniciativa é de Marcelo Valadão, presidente da House of Indians Foundation, entidade internacional que luta pelo respeito e preservação da cultura indígena. Para ele, além de fomentar a economia local e valorizar seus costumes de troca, o supermercado é uma resposta ao execesso de detritos jogados na região, poluindo principalmente a margem do Rio Amônia. O projeto é supervisionado localmente pelos próprios índios da Tribo Ashaninka.

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No mercado, cada quilo de material reciclável vale R$ 0,50 em compras. Em caso do cliente trazer os resíduos já limpos e amassados, facilitando sua reciclagem, o valor do bônus tem acréscimo de 20%. Estão disponíveis nas prateleiras, artigos como frutas, grãos, legumes e verduras. Todos os alimentos são produzidos localmente, com o intuito de valorizar os produtores rurais da região.

O ecomercado garante a transferência das matérias-primas recolhidas para o centro de reciclagem situado na cidade de Rio Branco, 560 quilômetros de Marechal Thaumaturgo. "A ambição é de realizar um projeto piloto que possa ser um modelo para empresas vizinhas que desejam inspiração", conforme informações do Fundação House of Indians.

Benki Pyãko, líder ashaninka, diz que a iniciativa visa também desenvolver a consciência da população sobre o valor ecológico da reciclagem. "Hoje as nossas águas estão sendo poluídas e nossas florestas destruídas. Queremos reativar novamente a mente das pessoas para que assim possamos viver o que a natureza nos oferece no dia a dia", ressaltou. 

O idealizador do projeto, Marcelo Valadão, presidente da fundação House of Indians garante suporte logístico para que o projeto piloto possa incentivar outras iniciativas parecidas no país. Valadão comenta em apenas um mês de funcionamento já foi arrecadado mais de 5 mil toneladas. "A ideia do mercado veio para resolver um probleama social e ambiental", declarou.

A expectativa é de que ainda este ano um restaurante seja aberto nos mesmos moldes. "Já adquirimos um espaço de mil metros quadrados e estamos aguardando financiamento privado. A ideia é que utilizemos as sobras do mercado para preparar as comidas", explicou. 

Os idealizadores do projeto pretendem arrecadas por meio de doações o total de 55 mil doláres para garantir o funcionamento e a infraestrutura aos produtores locais. Uma página do ecomercado no Facebook também foi criada para divulgar o projeto e atrair mais atenção da população global para a questão da reciclagem.

A partir de abril, fãs de videogame poderão conhecer um jogo bem diferente dos convencionais e genuinamente brasileiro. Em vez de armas de fogo, serão índios e flechas. No lugar dos monstros e inimigos armados, jiboias, antas, pacas e outros elementos visíveis e invisíveis da Floresta Amazônica.

O projeto foi elaborado por antropólogos, programadores visuais e integrantes do povo Kaxinawá - ou Huni Kuin, como eles se autodenominam, e que significa “pessoa verdadeira”. O som de tiros e músicas eletrônicas, comuns na maioria dos jogos, é substituído pelos da mata e dos cantos dos povos da floresta.

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Os heróis do game “Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia” tem como protagonistas dois irmãos gêmeos - um caçador e uma artesã. Concebidos pela jiboia Yube em sonhos, eles herdam poderes especiais. Se conseguirem vencer todos os obstáculos, o jovem se tornará pajé e a moça, mestra dos desenhos. O jogador ainda tem a oportunidade de ouvir o idioma hatxã kuin.

Antropólogo da Universidade de São Paulo (USP) e idealizador do projeto, Guilherme Meneses, esclareceu que o conhecimento dos rituais ancestrais, dos animais, das plantas e dos espíritos é fundamental para o sucesso no jogo. A equipe do projeto conta com programador, artista digital, game designer e antropólogos, mas participaram da produção cerca de 45 índios Kaxinawás de algumas das 32 aldeias existentes no Acre.

“Decidimos com eles o roteiro e as histórias. Eles desenharam os protótipos, gravaram as músicas e os efeitos sonoros. Os pajés narraram as histórias”, informou Meneses, que viu no projeto uma ferramenta contemporânea para explorar e divulgar a cultura dos Kaxinawá.

“Minha ideia original era que gamers e outros interessados tivessem uma visão de como é uma aldeia, o mundo indígena, os mitos e que isso ajudasse a derrubar certos preconceitos que até hoje existem por falta de informação da população sobre os indígenas”, acrescentou o antropólogo.

O jogo tem cinco fases, cada uma abordando um mito tradicional da etnia. Em cada nível, o jogador ganha conhecimentos guiados pela história do pajé. Nesse processo, o usuário mergulha nos rituais e nos grafismos dos Kaxinawá.

 Além do português e do hatxã kuin, há legendas disponíveis em inglês e espanhol. “A jiboia é um animal encantado dentro do universo Kaxinawá e dentro da primeira história é o personagem principal”, destacou Meneses.

Foram seis meses de pesquisa e quase três anos para concluir o jogo. A experiência na aldeia São Joaquim/Centro de Memórias durou cerca de quatro meses intervalados, período em que foram feitas oficinas de audiovisual e produção de conteúdo. Segundo o antropólogo, o contato com os indígenas evidenciou o potencial do game também como elemento de fortalecimento interno do povo, conta.

“A própria questão da tecnologia é uma transformação na aldeia. É uma demanda deles entrar em contato com nossas cidades, de conseguir trabalho, projetos e visibilidade dentro do cenário nacional”, informou Guilherme Meneses, destacando o grande fascínio que a tecnologia exerce sobre muitos indígenas, sobretudo os mais jovens.

De acordo com um dos coordenadores do trabalho na aldeia Isaka Kaxinawá, o processo de produção do vídeo e a experiência com o jogo aproximou a juventude dos mais velhos e da cultura Kaxinawá. “Fortaleceu a sabedoria dos nossos velhos, porque o velho sabe muito da tradição e temos de aproveitá-los. Eles nos ajudam a pensar nosso futuro, o do nosso filho e do nosso neto”, afirmou.

Conforme o coordenador, a experiência com a produção do jogo semeou novas ideias e projetos. “Estamos agora produzindo um documentário sobre o ritual txirin, que é a cerimônia do Gavião Real”, complementou.

O patrocínio dos parceiros institucionais, como Itaú Cultural e Universidade de São Paulo (USP), serviu para ajudar as aldeias participantes com instalação de painéis solares e cursos de áudio visual que continuam em curso.

“Não teria sentido eles ficarem fora dos recursos, uma vez que o vídeo é sobre eles e feito também por eles. É reivindicação dos indígenas ter acesso à energia e à internet nas aldeias. Hoje muito poucas aldeias têm energia e internet”, disse Meneses.

O “Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia” será lançado primeiro nas comunidades indígenas que participaram do projeto, na primeira semana de abril. O lançamento mundial ocorrerá logo depois pela internet, quando poderá ser baixado gratuitamente.

Meneses e a equipe sonham com a adaptação do jogo para o celular no futuro. “Estamos sem recursos, mas estamos buscando com os parceiros acadêmicos”, adiantou. Ele não descartou a ferramenta do crowdfunding.

Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, o Brasil tem mais de 7,5 mil integrantes dos Kaxinawá. Destes, mais de três mil estão no Acre.

Sucesso absoluto com o filme lançado em 2011, a animação Rio ganha uma sequência ainda mais empolgante que a primeira. Agora, as araras azuis Blu (Jesse Eisenberg), sua esposa Jade e seus três filhos vivem uma aventura na selva amazônica junto com seus amigos Nico, Pedro, Rafael e Luiz. De início, o filme já começa com uma cena musical espetacular em pleno réveillon carioca, uma das comemorações mais importantes da cidade. Na animação de 2011, o tema central de Rio é o Carnaval, misturando samba e bossa nova. 

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Saldanha então decidiu fazer a sequência na selva brasileira. “Eu queria um cenário muito diferente do que já havíamos explorado em Rio”, explica o diretor. “Pensei que deveríamos ir para longe da cidade.” E a ideia funciona. Junto com Saldanha, que começou a escrever a história, os roteiristas Don Rhymer (falecido em 2012), Carlos Kotkin, Jenny Bicks e Yoni Brenner acrescentam uma mensagem reflexiva acerca da ganância humana. Eles também não deixam passar as belezas da fauna e flora amazônica, em cenas de captação profunda que se assemelham à realidade.

A ideia da aventura na selva surge quando Jade, com dublagem original em inglês feita por Anne Hatheway, assiste a uma entrevista de Linda (Leslie Mann) e Tulio (na voz de Rodrigo Santoro em inglês e português), na qual eles relatam a possibilidade de existir mais aves da espécie Arara Azul. A mulher de Blu também fica preocupada com a criação de seus três filhos Bia, Tiago e Carla, que a adotam cada vez mais o comportamento de um humano.

Jade convence Blu e eles embarcam juntamente com os filhos e os amigos para a Amazônia. Apesar das belas paisagens da selva brasileira, os “novos turistas” da região passam por alguns perigos. A cacatua Nigel (Jemaine Clement) aparece novamente na sequência, mas agora junto com uma rã venenosa e um tamanduá, que farão o possível para atrapalhar a vida das araras. Não bastasse isso, Blu precisa conviver com os paradigmas estabelecidos pelo sogro Eduardo, e com Roberto (na voz de Bruno Mars em inglês), uma arara bem portada que pode ameaçar a relação de Jade e Blu. 

Mas a diversidade de Rio 2 não fica apenas no aspecto visual. A trilha sonora da animação, bastante elogiada no primeiro filme, ganha ritmos do norte e nordeste brasileiro, misturando o carimbó do Pará com ciranda e outras músicas nordestinas. “Queríamos experimentar diversas variedades musicais, sons e ritmos novos para fazer a trilha sonora de Rio 2 ainda maior que a do primeiro filme”, diz Saldanha. Para compor a trilha da animação, o diretor reuniu um time de peso: John Powell, premiado compositor de cinema, Sérgio Mendes, produtor executivo musical, e o baiano Carlinhos Brown. A trilha sonora conta também com participações dos artistas brasileiros BarbatuquesUakti e Milton Nascimento. Juntos, eles mostram em Rio 2 a diversidade da música brasileira. 

Há também canções em inglês, idioma original do filme. Algumas delas são cantadas pelos atores que dublam os personagens, outra é interpretada por Janelle Monaé: What is Love, primeira música do filme. A cantora vem se destacando no mundo da música pop e é uma das estrelas em ascensão do rythm and blues (R&B).

Rio 2 estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (27), em 1271 salas, sendo considerado o maior lançamento já feito no país. 

Rio

Produzido pelos estúdios Blue Sky e lançado em 2011 pela 20th Century Fox, Rio foi a melhor estreia do ano no Brasil. O filme ainda ficou entre os cinco melhores de bilheteria de abertura da história do cinema no país, ficando atrás apenas de Homem-Aranha 3, Tropa de Elite 2 e Lua Nova. Rio ficou  à frente de A Era do Gelo 3, cuja direção também é de Carlos Saldanha. 

Na bilheteria mundial, Rio também foi sucesso e arrecadou 486 milhões de dólares.

Real in Rio, que integra a trilha sonora do filme, foi indicada ao Oscar 2012 na categoria melhor canção, mas acabou perdendo para a música Man or Muppet, do filme Os Muppets.

Carlos Saldanha

Saldanha é responsável pelo roteiro e direção de Rio 1 e 2. Nascido no Rio de Janeiro, ele saiu de sua cidade natal em 1991 para seguir sua paixão pela animação. O diretor se formou na Escola de Artes Visuais de Nova York e fez dois curtas-metragens, The Adventures of Korly, the Corkscrew (1992) e Time for Love (1993).

O carioca também foi supervisor de animação das baratas que falam e dançam em Joe e as Baratas (1996) e foi diretor de animação dos personagens gerados em computador no elogiado filme Clube da Luta (1999).

Quando entrou na Blue Sky, Saldanha trabalhou com Chris Wedge na direção de A Era do Gelo (2002) e Robôs (2005). Com o sucesso da primeira animação, Carlos assumiu a direção de A Era do Gelo 2 e A Era do Gelo 3.

O registro do domínio “.AMAZON” na internet enfrenta cada vez mais impedimentos. Nesta quarta-feira (29) o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) contestou o pedido feito à ICANN pela gigante de comércio eletrônico americana. Segundo a CGI, empresas privadas não podem registrar domínios com nomes que façam alguma referência geográfica ou contenham valores culturais e patrimoniais, neste caso a Floresta Amazônica, sem a devida autorização do governo responsável.

Tanto o Brasil quanto o Peru já haviam se pronunciado em abril contra o uso do domínio. Todos os outros sete países que abrigam parte da região e fazem parte da Organização do Tratado de Região Amazônica (OTCA) também se manifestaram a favor da decisão dos seus dois vizinhos sul-americanos e igualmente enviaram uma carta de alerta à ICANN.

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“A atribuição desse domínio de topo à Amazon não atende ao interesse do público, de forma que os setores da sociedade brasileira representados contestam essa delegação”, disse o coordenador do CGI.br, Virgílio Almeida.

O questionamento será debatido em uma audiência marcada para o dia 20 de junho com a senadora Vanessa Grazziotion.

A luta contra a perda da cobertura florestal na Amazônia acaba de ganhar mais um aliado. O Imazon, instituto de pesquisas baseado em Belém, lançou um sistema de monitoramento com imagens de satélite para detectar, além do desmatamento, também o grau de degradação da mata ao longo do ano.

Hoje o instituto já faz um monitoramento mensal - o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) -, que detecta os dois tipos de devastação e informa os órgãos fiscalizadores sobre onde está o problema. O trabalho funciona paralelamente ao Deter, serviço de monitoramento em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

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Até agora, no entanto, o Inpe era o único a ter uma análise anual - o Prodes -, mais precisa e em alta resolução, da perda. O novo produto é equivalente, com o diferencial de detectar também a degradação.

Ao contrário do desmatamento, caracterizado pelo corte raso da mata e facilmente detectável nas imagens de satélite, a degradação, compreendida como a perda de vegetação por queimadas e exploração madeireira, é mais lenta e, portanto, mais difícil de ver. Mas é importante monitorá-la por ter um papel fundamental na conversão da floresta.

É que, em muitos casos, o que começa com uma degradação, ao longo dos anos evolui à perda total da mata. Além disso, ela leva ao empobrecimento da floresta em termos de biodiversidade e estoques de carbono.

Com a nova ferramenta, o Imazon conseguiu fazer um mapa de todo o desmatamento e degradação ocorridos na Amazônia entre 2001 a 2010. Nesses dez anos, a degradação afetou uma área equivalente a 30% da área total desmatada no período, com média de 5.188 quilômetros quadrados por ano.

"É uma perda significativa. E, quando começa a ter pressão, há maior risco de virar alvo do desmatamento, então precisa controlar", diz o pesquisador Carlos Souza Jr. Segundo ele, com a ferramenta será possível investigar exatamente como ocorre essa transição ao longo dos anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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