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Milhares de habitantes de um dos bairros mais pobres e populosos de Hong Kong serão forçados a ficar em suas casas a partir da noite desta sexta-feira (22), como parte do primeiro confinamento ordenado pelas autoridades desde o início da pandemia do novo coronavírus.

Esta medida proíbe que qualquer pessoa que more em edifícios situados em área geográfica definida - em que um número crescente de casos de Covid-19 foi registrado nos últimos dias - saia de casa, a menos que apresente teste de detecção negativo, de acordo com a imprensa.

Segundo o South China Morning Post, esta quarentena, que afeta cerca de 150 edifícios e cerca de 9.000 pessoas, entrará em vigor à meia-noite desta sexta-feira, e cerca de 1.700 policiais serão enviados ao local para garantir o respeito à ordem.

A quarentena não deve ser levantada até que toda a população tenha sido testada para a covid-19.

As autoridades de saúde se recusaram a comentar esta informação em uma entrevista coletiva na sexta-feira, mas muitos meios de comunicação têm noticiado sobre isso o dia todo, citando funcionários do governo.

Hong Kong, um dos primeiros locais do planeta afetados pelo novo coronavírus desde o seu surgimento na China continental, é uma das cidades mais ricas do mundo, mas sofre de profundas desigualdades, com graves carências habitacionais e aluguéis exorbitantes.

O tamanho médio de uma casa em Hong Kong é de 46 m2. Muitos habitantes vivem em apartamentos divididos em no máximo 5 m2, às vezes até menos, e compartilham os mesmos banheiros.

Nestes tipos de edifícios deteriorados, muitas vezes sem elevador, foram registrados focos epidêmicos da covid-19.

Cerca de 50 membros da oposição em Hong Kong foram detidos nesta quarta-feira (6) sob a lei de segurança nacional, revelaram duas fontes da polícia à AFP, na maior operação até agora contra os críticos de Pequim.

As prisões somam "quase 50", duas fontes de alto escalão da polícia disseram à AFP, que pediram para permanecer anônimas.

Opositores e membros do partido relataram em suas contas no Facebook e no Twitter pelo menos 21 detenções, a maioria por "subversão".

A operação teve como alvo ex-parlamentares pró-democracia, como James To, Andrew Wan e Lam Cheuk Ting, bem como ativistas mais jovens.

Entre esses mais jovens, duas confirmaram suas prisões via Facebook: Gwyneth Ho, uma ex-jornalista de 30 anos, e Tiffany Yuen, uma vereadora distrital de 27 anos.

Pessoas ao redor de Joshua Wong, uma das figuras mais conhecidas do movimento pró-democracia, atualmente preso, relataram em sua conta no Facebook que sua casa havia sido revistada durante a mesma operação policial. A polícia de Hong Kong não respondeu a perguntas sobre a operação, o número de pessoas presas ou os motivos das prisões.

Segundo dados da oposição, as prisões estão relacionadas às primárias organizadas por partidos pró-democracia no ano passado.

Mais de 600.000 cidadãos de Hong Kong votaram nestas primárias não oficiais, que visavam escolher candidatos para as eleições legislativas de Hong Kong, para uma assembleia em que apenas metade dos 70 assentos são eleitos pelo povo.

O objetivo da campanha era conquistar todas as 35 assentos eleitos e obter a maioria na legislatura pela primeira vez.

Funcionários do poder em Pequim alertaram então que fazer campanha por uma maioria era "subversão" sob a nova lei de segurança. Esta lei foi imposta na cidade no final de junho em resposta às massivas e muitas vezes violentas manifestações pró-democracia de 2019, nas quais milhões de pessoas foram às ruas.

O julgamento contra um grupo de 12 ativistas de Hong Kong detidos no mar em agosto, quando tentavam fugir da cidade, começou nesta segunda-feira (28) no sul da China, sob críticas do governo dos Estados Unidos, que pede a libertação imediata do grupo.

Seis meses depois da adoção de uma lei draconiana sobre segurança nacional em Hong Kong, o processo parece um símbolo de posse da ex-colônia britânica por parte de Pequim.

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"Seu único crime é ter fugido da tirania", declarou um porta-voz da embaixada americana em Pequim. "A China comunista não para diante de nada para impedir que seus cidadãos encontrem a liberdade no exterior", completou.

Os 12 homens, cujo integrante mais jovem tem 16 anos, foram detidos pela Guarda Costeira chinesa 70 km ao sudeste do território autônomo em 23 agosto e entregues à polícia de Shenzhen, cidade da China continental próxima de Hong Kong. O grupo seguia para Taiwan, ilha rival da China comunista.

A audiência para 10 membros do grupo conhecido como "12 de Hong Kong" aconteceu no tribunal do distrito de Yantian, de Shenzhen. Quatro horas mais tarde um comboio de veículos deixou o local.

O tribunal informou que a audiência será divulgada em uma data posterior.

Os jornalistas estrangeiros não tiveram acesso ao tribunal. A polícia registrou a identidade dos repórteres, que receberam ordem de deixar o local.

Dezenas de diplomatas de vários países (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, Portugal, Reino Unido) tampouco tiveram acesso ao julgamento.

De acordo com suas famílias, três acusados têm nacionalidades britânica, portuguesa e vietnamita.

- "Firme oposição" -

Um porta-voz da diplomacia chinesa expressou nesta segunda-feira a "firme oposição" aos comentários da embaixada dos Estados Unidos e pediu a Washington "o fim de qualquer interferência nos assuntos internos da China".

"A China é um Estado de direito, onde as leis devem ser respeitadas, e os infratores devem ser julgados", completou.

As famílias anunciaram na sexta-feira que dez dos 12 acusados seriam julgados nesta segunda-feira. Os outros dois, menores de idade no momento da tentativa de fuga, serão julgados de maneira separada em uma data não determinada.

Eles são acusados de travessia ilegal na fronteira. Dois deles também foram indiciados pela organização da fuga do grupo e podem ser condenados a sete anos de prisão.

Os opositores desapareceram no obscuro sistema judicial chinês desde sua captura, e os advogados lutavam para ter acesso aos ativistas.

Alguns passageiros da lancha já eram ameaçados por ações judiciais em Hong Kong por sua participação nas grandes manifestações a favor da democracia que sacudiram a cidade em 2019.

Os protestos foram interrompidos no início de 2020 pela pandemia da covid-19, que provocou o fim das manifestações, e depois pela imposição por parte de Pequim, em junho, de uma nova lei rigorosa sobre "segurança nacional".

- Processo secreto -

Os críticos da lei consideram que ela acabou com as liberdades de Hong Kong que estavam garantidas sob o princípio "um país, dois sistemas", quando o Reino Unido devolveu o território à China em 1997.

As famílias dos acusados informaram que, de acordo com as autoridades, este era um processo "secreto" e que não seria admitida a presença de público, ou da imprensa, na audiência.

Apenas as famílias foram autorizadas a solicitar ao juiz permissão para assistir ao julgamento. Devido à pandemia, porém, os habitantes de Hong Kong não podem entrar atualmente na China continental.

Também nesta segunda-feira, a "jornalista cidadã" Zhang Zhan, detida depois de cobrir no início do ano a quarentena da cidade de Wuhan, berço do novo coronavírus, foi condenada em Xangai a quatro anos de prisão.

"Como nos outros casos politicamente delicados, estão aproveitando o período de Natal para reduzir as críticas internacionais", escreveu uma pessoa próxima aos "12 de Hong Kong", no Twitter, na semana passada.

A ação do Alibaba sofreu um tombo nesta quinta-feira (24), ampliando perdas recentes, à medida que a China ampliou a pressão sobre o gigante do e-commerce chinês.

O papel do Alibaba caiu 8,13% na Bolsa de Hong Kong hoje, a 228,20 dólares de Hong Kong, atingindo o menor patamar desde julho, após um pregão mais curto do que o normal nesta véspera de Natal. Desde o pico que atingiu no fim de outubro, a ação da varejista online acumula perdas de mais de 25%.

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A queda veio após reguladores chineses anunciarem hoje que vão investigar o Alibaba por supostas práticas monopolistas. A iniciativa veio semanas depois de a China suspender uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do Ant Group, afiliada de tecnologia financeira do Alibaba, em Hong Kong e em Xangai. Estimava-se que o IPO do Ant atingiria US$ 34 bilhões.

O banco central chinês, o PBoC, e outros reguladores também convocaram executivos do Ant para uma reunião.

Nos últimos meses, Pequim divulgou diretrizes antitruste preliminares para plataformas de internet, apontou que algumas empresas podem se tornar "grandes demais para falir" e as alertou que não desenvolvam práticas como as de precificação predatória, abuso de uso de dados de consumidores e venda de produtos fraudulentos.

Com Dow Jones

Autoridades de saúde em seis regiões da área da baía de São Francisco, nos Estados Unidos, emitiram um novo decreto de permanência em casa na sexta-feira (4), conforme o número de casos do novo coronavírus aumenta e os hospitais enchem. O lockdown entrará em vigor na maior parte da região às 22h de domingo (6) e permanecerá em vigor até 4 de janeiro.

Os condados ainda não alcançaram o limite anunciado um dia antes pelo governador Gavin Newsom de 85% dos leitos de UTI em hospitais regionais cheios, mas as autoridades disseram que o sistema hospitalar será pressionado antes do fim de dezembro. A Califórnia registrou outro número recorde diário de casos na sexta-feira, com 22.018, e as hospitalizações ultrapassaram 9 mil pela primeira vez.

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Restaurantes terão que fechar tanto para refeições internas quanto externas, bares e vinícolas devem fechar junto com salões de cabeleireiro e manicure e playgrounds. Lojas de varejo e shopping centers podem operar com apenas 20% da capacidade de clientes. Reuniões de qualquer tamanho com pessoas fora de sua casa estão banidas.

No Estado da Geórgia, as infecções por coronavírus estão subindo acima de seus piores picos do verão do Hemisfério Norte, resultando em mais hospitalizações e mais mortes. Na sexta-feira, foi registrado novo recorde diário de mais de 6 mil casos suspeitos e confirmados. A média de sete dias de infecções na Geórgia aumentou para quase 4.300. Essa média estava acima do recorde anterior de julho pelo segundo dia consecutivo. As hospitalizações ainda não chegaram ao pico atingido no verão na Geórgia, mas os leitos estão se enchendo rapidamente. Quase 2,4 mil pacientes com Covid-19 estavam hospitalizados na sexta-feira. A Geórgia já registrou 9.725 mortes confirmadas e suspeitas.

A Índia registrou 36.652 casos confirmados do novo coronavírus nas últimas 24 horas. O ministério da saúde do país neste sábado também registrou 512 mortes nas últimas 24 horas, elevando o total de mortes para quase 140 mil. A Índia tem 9,6 milhões de casos totais, atrás apenas dos EUA com 14,3 milhões. Mas, globalmente, tem uma das menores taxas de morte por milhão de habitantes, de acordo com o Ministério da Saúde. O Ministério do Interior da Índia permitiu que os Estados apliquem restrições locais, como toque de recolher noturno.

No Japão, Tóquio reportou neste sábado 584 novos casos do novo coronavírus, o maior aumento em um único dia para a capital japonesa, apesar do horário comercial mais curto adotado voluntariamente por bares de karaokê e estabelecimentos de alimentação nas áreas centrais desde 28 de novembro, após um pedido do governo metropolitano. A governadora Yuriko Koike pediu aos residentes que evitem passeios não essenciais e também pediu aos idosos e pessoas com problemas de saúde que não usem a campanha do governo que subsidia viagens. O Japão relatou 2.432 novos casos na sexta-feira, elevando o total no país para mais de 157.600. O número de mortos é de 2.283, incluindo 43 novas fatalidades.

Na Austrália, houve um total de 10 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas, com cerca de 45 casos ativos registrados, de acordo com os dados mais recentes disponíveis no site do Departamento de Saúde do governo federal. Ocorreram 908 mortes por Covid-19 em todo o país desde 22 de janeiro.

Em Hong Kong, que registrou 101 casos confirmados do novo coronavírus neste sábado em meio ao ressurgimento da doença, as autoridades anunciaram na sexta-feira que aumentarão as penalidades por violar legislações antiepidêmicas para 5.000 dólares de Hong Kong, equivalentes a US$ 645, de 2 mil dólares de Hong Kong cobrados anteriormente. A multa valerá para quem participar de reuniões de grupo proibidas ou não usar máscara em locais públicos obrigatórios.

Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.

O magnata de Hong Kong Jimmy Lai, figura de destaque na luta pró-democracia, foi colocado em prisão preventiva nesta quinta-feira (3), como parte de uma investigação por fraude, em um dos vários processos judiciais contra dissidentes e críticos de Pequim na ex-colônia britânica.

À noite, outra figura da oposição de Hong Kong, o ex-deputado Ted Hui, ameaçado de processo por sua participação em protestos em favor da democracia, anunciou que havia decidido "partir para o exílio", depois que um tribunal autorizou que participasse de uma conferência na Dinamarca.

Outros líderes pró-democracia já haviam fugido da repressão chinesa, o que não foi o caso de Lai, 73 anos, dono do tabloide "Apple Daily", conhecido por seu compromisso com o movimento pró-democracia e por suas críticas ao Executivo de Hong Kong, alinhado a Pequim.

Nesta quinta-feira (3), o empresário e dois de seus principais executivos, Royston Chow e Wong Wai-keung, compareceram a um tribunal por acusações de fraude. De acordo com os documentos judiciais, a sede do jornal seria utilizada para fins que não estariam previstos no contrato de aluguel do edifício.

Centenas de policiais realizaram uma operação de busca em agosto no edifício, incluindo a redação do Apple Daily.

Vários funcionários do grupo de comunicação, incluindo Lai, foram detidos sob suspeita de "conluio com forças estrangeiras", com base na lei de segurança nacional imposta em junho por Pequim na região semiautônoma. Até o momento, nenhum deles foi acusado formalmente com base nessa lei, mas há uma investigação em andamento.

- Na prisão -

Nesta quinta-feira, o tribunal que examinava as acusações de fraude rejeitou o pedido de fiança de Lai, mas concedeu o benefício a Wong e Chow, com a próxima audiência programada para abril. Isso significa que o empresário milionário, fotografado com as mãos algemadas, passará os próximos meses na prisão.

"Os Estados Unidos estão consternados com a perseguição política do governo de Hong Kong contra os bravos defensores da democracia", declarou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, sem anunciar novas punições.

Pequim aumentou nos últimos meses a pressão para retomar o controle da ex-colônia britânica, em particular com a lei de segurança promulgada em junho. Em 2019, Hong Kong viveu sua crise política mais grave desde a devolução para a China, em 1997.

Vários nomes importantes da oposição foram impedidos de disputar as eleições legislativas, adiadas em um ano, sob a alegação do risco relacionado à pandemia de coronavírus. Além disso, vários membros do Parlamento perderam seus mandatos, e o restante da oposição renunciou em solidariedade.

Dezenas de ativistas pró-democracia também foram acusados ou detidos. Ontem, três figuras de destaque do movimento em favor da democracia, entre elas Joshua Wong, foram condenadas a penas de prisão por sua participação nas manifestações de 2019. Lai também é processado por sua participação nessa mobilização, em um processo diferente do caso desta quinta-feira.

Há alguns meses, vários países ocidentais criticaram outra detenção de Lai, proprietário do grupo de comunicação Next Digital, e denunciaram um ataque à liberdade de expressão.

Os meios de comunicação estatais chineses consideram Lai um "traidor" e o apontam como o instigador dos protestos de 2019.

Lai chegou clandestinamente a Hong Kong com sua família, aos 12 anos, a bordo de um barco procedente de Cantão. Trabalhou em uma fábrica, aprendeu inglês e abriu o próprio negócio têxtil.

Após a repressão aos protestos de Tiananmen (Praça da Paz Celestial), em 1989, que, segundo ele, transformou sua visão política, Lai fundou a Next Media, em 1990.

Hong Kong reinstaurou, nesta segunda-feira (30), novas restrições a seus habitantes para tentar conter a quarta onda de contágios de coronavírus que abala o território semiautônomo.

A partir de quarta-feira (2) o governo local limitará reuniões a não mais de duas pessoas, fechará bares de karaokê e salas de mahjong (um jogo de tabuleiro chinês) e pediu que a maioria dos servidores civis trabalhe em casa.

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As medidas se somam às restrições anunciadas no domingo (29), que encerrarão o ensino presencial nas escolas pelo restante do ano, também a partir de 2 de dezembro.

Há quase um ano, Hong Kong proibiu reuniões de grandes grupos e fechou setores de sua economia, devido a picos de contágio. Isso limitou os casos a cerca de 6 mil, e as mortes, a 109, para uma população de 7,5 milhões de habitantes.

Nos últimos dias, porém, os contágios diários subiram para mais de 100, obrigando as autoridades a reimpor as rígidas restrições da primavera e do verão.

"Esta nova onda chegou muito rápido a Hong Kong", disse a executiva-chefe da região, Carrie Lam, à imprensa.

Em torno de 170 mil funcionários públicos trabalharão de forma remota, a menos que sua presença física seja essencial. Carrie Lam pediu ao setor privado que siga essa medida.

O parque temático Ocean Park e a Disneylândia também baixarão as portas, disse a secretária para os Alimentos e a Saúde, Sophia Chan.

"Será muito crítico nas próximas duas semanas", disse Lam. "Espero que o povo de Hong Kong consiga continuar sendo tolerante."

Academias de ginástica e centros esportivos continuarão abertos, mas só com duas pessoa por vez no máximo, e salões de massagem e de beleza permanecerão em operação, mas também com rígidos limites de capacidade, como anunciou o governo.

Os horários de atendimento dos restaurantes ficarão restritos e com um máximo de duas pessoas por mesa.

Os bares de Hong Kong já estão fechados, mas alguns estão tentando driblar as regras proporcionando pratos e talheres a clientes sob a alegação de que estão jantando. (Com agências internacionais)

Quatro deputados pró-democracia de Hong Kong foram expulsos do Parlamento nesta quarta-feira, após a adoção por parte da China de uma resolução que concede às autoridades locais o poder para cassar os mandatos de políticos apontados como uma ameaça para a segurança nacional.

A decisão foi anunciada dois dias após a ameaça feita por 20 legisladores da oposição pró-democracia de renunciar "em massa" em caso de expulsão de algum deputado.

O governo de Hong Kong publicou em um comunicado que os quatro legisladores em questão "perderão de maneira imediata o título de deputado".

Um dos principais comitês legislativos da China autorizou a Hong Kong o direito de revogar qualquer mandato considerado uma ameaça à segurança nacional, sem a necessidade de passar pela justiça.

Os partidários pró-democracia de Hong Kong são alvos de ataques permanentes desde que a China aprovou, no fim de junho, uma lei draconiana de segurança nacional em resposta às grandes manifestações do ano passado.

Entre as punições previstas figura a detenção por mensagens publicadas nas redes sociais. Alguns ativistas decidiram partir para o exterior.

O Parlamento vota as leis de Hong Kong, mas apenas metade dos 70 representantes são definidos por eleições diretas. Um complexo sistema de nomeação garante a maioria das forças pró-China.

O cardeal Joseph Zen era adolescente quando fugiu da China comunista e se refugiou em Hong Kong. Agora, ele teme que este território semiautônomo, novamente sob o controle rigoroso de Pequim, deixe de ser um santuário da liberdade religiosa na China.

O bispo emérito de Hong Kong, de 88 anos de idade, achou preocupante a aproximação entre a China e o Vaticano nos últimos anos. Seus temores aumentaram em junho, quando Pequim impôs uma drástica lei de segurança nacional em Hong Kong, que seus críticos consideram liberticida.

"Vemos em todo o mundo que, se tirar a liberdade das pessoas, a liberdade religiosa também desaparece", disse o cardeal à AFP na missão salesiana que entrou há mais de 70 anos.

Desde a devolução desta ex-colônia britânica à China em 1997, a liberdade religiosa foi preservada.

Na China continental, no entanto, os grupos religiosos são estritamente controlados pelo Partido Comunista no poder, que desconfia de qualquer organização, especialmente religiosa, que possa ameaçar sua autoridade.

O governo do presidente Xi Jinping impôs nos últimos anos uma política de "sinicização" das religiões, exigindo, por exemplo, que igrejas e mesquitas exibam a Constituição chinesa e pendurem a bandeira vermelha.

Os menores de idade agora estão proibidos de entrar nos locais de culto e muitos edifícios religiosos estão sendo destruídos em todo o país.

Hong Kong, por outro lado, permite todos os tipos de cultos religiosos, até mesmo grupos que defendem o proselitismo, como Testemunhas de Jeová ou Falun Gong.

Mas o cardeal Zen teme que isso não dure muito.

As autoridades afirmam que a liberdade religiosa não está contemplada na nova lei de segurança, a resposta da China à enorme mobilização popular em Hong Kong em 2019 e que visa reprimir a secessão, a subversão ou a conivência com forças estrangeiras.

Assim como a população de Hong Kong, as comunidades religiosas do território semiautônomo têm diferentes posicionamentos sobre a relação com a China.

Muitas igrejas possuem membros que apoiam Pequim, como a chefe do executivo Carrie Lam, uma católica fervorosa.

O chefe da Igreja anglicana local é membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC), uma câmara legislativa encarregada de assessorar o governo comunista.

- "Não há razão para que saia ilesa" -

O cardeal Zen não é o único preocupado.

Muitas igrejas de Hong Kong desconfiam de Pequim e tomam partido abertamente pelo movimento pró-democracia.

Durante os protestos de 2019, não era raro que as igrejas abrissem suas portas para que os manifestantes escapassem do gás lacrimogêneo.

"Cantem aleluia ao Senhor" foi inclusive um dos hinos do protesto.

O pastor Yuen Tin-yau, um veterano da luta pró-democracia, acredita que é ingênuo pensar que a religião escapará à lei de segurança nacional.

"É um ataque muito amplo às liberdades e aos direitos humanos", disse à AFP. "Não há razão para que a liberdade religiosa saia ilesa".

A empresa multinacional Alpargatas, fabricante das Havaianas, Osklen, Mizuno e Dupé, está com inscrições abertas até a próxima segunda-feira (5) para seu programa global de trainee 2021. Serão selecionados 20 jovens para vagas distribuídas entre as unidades da empresa em São Paulo, Madri, Los Angeles e Hong Kong. 

Para participar, é necessário ter graduação em qualquer curso com formatura entre 2017 e 2020, falar inglês avançado e, no caso de estrangeiros, possuir visto de moradia e trabalho no país ao qual se candidata. Experiência profissional e conhecimento em outros idiomas (além do inglês) são diferenciais na seleção. 

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Os candidatos serão selecionados em cinco etapas: testes on-line, dinâmica de grupo em formato de game board, Alpa Challenge (desafio on-line, com a participação de gestores das áreas), entrevistas individuais e um painel com o CEO e diretores da empresa. Os candidatos selecionados começam a trabalhar na segunda quinzena de janeiro de 2021.

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O ativista Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos do movimento pró-democracia em Hong Kong, foi detido nesta quinta-feira (24) por "reunião ilegal" durante um protesto organizado em outubro de 2019 no território semiautônomo, informou seu advogado.

Wong, de 23 anos, indicou no Twitter que foi acusado de violar a "lei que proibia o uso de máscara" para ocultar o rosto, aprovada na época pelo governo local para tentar enfraquecer as manifestações e que foi posteriormente declarada inconstitucional.

O advogado de Wong afirmou que o jovem foi detido quando se apresentou a uma delegacia, o que tem a obrigação jurídica de fazer periodicamente por outro caso judicial em curso.

A detenção coincide com um aumento do controle da China sobre Hong Kong desde junho, graças fundamentalmente a uma lei sobre segurança nacional que é vista como uma resposta à crisis política de 2019.

Atualmente, o uso de máscara é obrigatório nos locais públicos de Hong Kong para evitar a propagação do coronavírus, mas há um ano era proibido cobrir o rosto nas ruas, algo que ampliou ainda mais os protestos no momento em que a ex-colônia britânica registrava grandes manifestações, um movimento inédito desde a devolução a China, em 1997.

"Wong é suspeito de ter participado em uma reunião ilegal, em 5 de outubro do ano passado, data em que centenas de pessoas saíram às ruas para opor-se à norma de uso das máscaras estabelecida pelas autoridades em virtude de normas de emergência da época colonial", explicou Jonathan Man, advogado do ativista.

Ao proibir que os manifestantes cobrissem os rostos, as autoridades locais facilitavam o trabalho da polícia e dissuadiam alguns jovens de participar nos protestos.

As autoridades locais invocaram leis de 1922, que não eram utilizadas desde 1967, para justificar a proibição do uso de máscaras nas manifestações.

Quase cem pessoas foram presas, neste domingo (6), pela polícia de Hong Kong, durante manifestações contra o adiamento das eleições legislativas.

Esta votação estava inicialmente prevista para este domingo e permitiria a renovação do Conselho Legislativo (Legco, Parlamento), uma das raras ocasiões para os cidadãos de Hong Kong exercerem o voto.

A chefe do Executivo local, Carrie Lam, nomeada por Pequim, anunciou no dia 31 de julho o adiamento das eleições por um ano em razão da pandemia de coronavírus, despertando a ira da oposição que pretendia expressar sua oposição ao governo.

Centenas de policiais de choque foram posicionados no bairro de Kowloon para impedir os chamados ao protesto pela internet.

Ao longo da tarde, a polícia foi criticada pelos manifestantes, que gritavam "devolva o meu voto" e "policiais corruptos", enquanto os agentes realizavam várias prisões, revistavam pessoas e ordenavam a dispersão da multidão.

Em um comunicado postado no Facebook, a polícia declarou que pelo menos 90 pessoas foram presas, a maioria por participar de uma manifestação não autorizada.

Uma mulher foi detida sob a nova lei de segurança imposta por Pequim em Hong Kong. Ela é acusada de gritar palavras de ordem em favor da independência, acrescentou a polícia.

Vídeos transmitidos ao vivo mostraram que três figuras importantes do movimento pró-democracia - Leung Kwok-hung, Figo Chan e Raphael Wong - também foram presos.

Essas prisões ocorreram após a detenção, no início da manhã, de um ativista pró-democracia pela unidade da polícia encarregada da segurança nacional.

Tam Tak-chi, um locutor de rádio, é acusado de "fazer comentários sediciosos".

A polícia não especificou os comentários que Lam teria feito.

Pequim lançou uma vasta campanha de repressão à dissidência de Hong Kong, após sete meses consecutivos de grandes protestos, muitas vezes violentos, que sacudiram o centro financeiro no ano passado.

Praticamente todas as reuniões foram proibidas este ano, com as autoridades citando preocupações de segurança e medidas para combater o coronavírus.

Desde a entrada em vigor, no final de junho, da nova lei de segurança, pelo menos 22 pessoas, incluindo o magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai e a famosa ativista Agnes Chow, foram presas.

Na sexta-feira, relatores especiais da ONU alertaram que a polêmica lei representa um risco para a liberdade e o direito de protestar na ex-colônia britânica.

As autoridades de Hong Kong afirmam que esta nova legislação não afeta as liberdades de expressão e de reunião garantidas pelo princípio "um país, dois sistemas", estabelecido após a devolução em 1997 do território à China.

Muitos ativistas pela democracia denunciam, por sua vez, um texto liberticida.

Hong Kong lançou nesta terça-feira (1°) uma campanha de detecção do novo coronavírus gratuita e voluntária, na qual meio milhão de residentes já se cadastraram, apesar da desconfiança gerada pela participação de médicos e empresas da China continental.

Desde a abertura das inscrições, no último sábado (29), mais de 510 mil pessoas se registraram, o que representa 7% dos 7,5 milhões de habitantes de Hong Kong.

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Mais da metade dos 141 locais de testes distribuídos pelo território, principalmente em escolas e centros esportivos, estão com a agenda completa para esta terça-feira, primeiro dia da ação. Mas alguns residentes desconfiam do governo local e de Pequim e temem o uso dos dados colhidos.

O magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai, preso recentemente devido à polêmica lei de segurança nacional, tuitou que não ir fazer o teste é um ato de "resistência passiva".

Em Hong Kong, território densamente povoado, a população adota medidas de distanciamento social desde o começo da pandemia, mas, desde julho, é registrado um forte aumento do número de infectados, relacionado, principalmente, a profissões isentas das medidas de quarentena.

O ministro do Exterior da China defendeu os campos de detenção do país em Xinjiang e a nova lei de segurança de Hong Kong neste domingo, afastando preocupações com direitos humanos por parte de países europeus e advertendo contra a interferência em assuntos chineses.

O ministro Wang Yi está no seu primeiro tour na Europa desde o início da pandemia do coronavírus, buscando reviver o comércio e as relações desgastados pela crise econômica e de saúde.

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Falando em Paris neste domingo (30), Wang repetiu a afirmação de que todos os enviados a centros e reeducação em Xinjiang foram liberados e empregados - mesmo que grupos de defesa de direitos humanos e famílias relatem que as detenções dos muçulmanos uigures da região continuem.

"Os direitos de todos os trainees dos programas de educação e treinamento, mesmo que suas mentes tenham sido invadidas pelo terrorismo e extremismo, foram totalmente garantidos", ele disse em uma conferência no Instituto de Relações Internacionais da França. "Agora todos eles se graduaram, não há nenhum no centro de educação e treinamento. Todos eles encontraram empregos."

Estima-se que o governo chinês tenha prendido um milhão ou mais membros de minorias étnicas turcas em Xinjiang, mantendo-os em campos e prisões onde são sujeitos a disciplina ideológica, forçados a denunciar sua religião e língua e vítimas de agressões físicas. A China suspeita que os uigures, que são na sua maioria muçulmanos, têm tendências separatistas por causa de sua cultura, língua e religião.

Perguntado sobre a lei de segurança de Hong Kong, Wang disse: "nós certamente não poderíamos aguardar e deixar o caos tomar conta, então passamos uma lei mantendo a segurança nacional que especificamente se adequasse à situação de Hong Kong."

A lei é vista por muitos como a jogada mais audaciosa de Pequim no sentido de colocar abaixo as barreiras legais entre o território semiautônomo de Hong Kong e a autoridade do Partido Comunista. Wang classificou ambos os assuntos como internos à China e disse que potências internacionais não devem intervir.

Na sexta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron expressou ao ministro do Exterior chinês "sua grande preocupação com a situação em Honk Kong, e com os direitos humanos, em especial dos uigures, e a necessidade de a China respeitar seus compromissos internacionais", de acordo com o gabinete de Macron.

O jornal científico Clinical Infectious Diseases, da Universidade de Oxford, publicou, nesta segunda-feira (24), um estudo que exibe o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus confirmado no mundo. O caso aconteceu em Hong Kong, na China, e foi observado em um homem de 33 anos, que teve a segunda infecção confirmada no aeroporto, ao voltar para Hong Kong de uma viagem à Espanha.

Segundo as informações das entidades locais, o paciente havia se recuperado da primeira infecção em abril, mas testou positivo novamente no início de agosto. Para concluir que o homem havia sido infectado novamente, os pesquisadores da Universidade de Hong Kong usaram uma sequência genômica. 

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Em seu segundo contato com o SARS-CoV-2, o chinês não apresentou nenhum sintoma, o que pode identificar, para os cientistas, que as reinfecções podem ser mais leves. As autoridades sanitárias chegaram a cogitar, a princípio, que o paciente poderia ser um “portador persistente do vírus”, mantendo o agente em seu corpo desde a primeira infecção, aponta o estudo.

O estudo ainda observa que "muitos acreditam que os pacientes recuperados da Covid-19 têm imunidade contra reinfecções porque a maioria desenvolveu uma resposta baseada em anticorpos neutralizantes no soro", mas lembram que já existem evidências de que alguns pacientes apresentam níveis decrescentes de anticorpos após alguns meses.

O estudo da Universidade de Hong Kong foi aceito em Oxford e corrobora com os resultados de outros pesquisadores da área, mas os responsáveis pela conclusão científica ainda apontam a necessidade de mais pesquisas voltadas aos casos de reinfecção.

Os cidadãos de Hong Kong saíram às ruas nesta terça-feira (11) para comprar exemplares do Apple Daily, um símbolo do apoio da população ao jornal pró-democracia, depois que o dono da publicação, o empresário Jimmy Lai, foi detido na véspera com base na polêmica lei de segurança nacional.

Os sinais de uma forte repressão na região semiautônoma foram intensificados desde que Pequim promulgou o texto repressivo, em uma resposta a meses de protestos sem precedentes em 2019.

Lai, magnata da imprensa, está entre as 10 pessoas detidas na segunda-feira (10) em uma grande operação contra o movimento pró-democracia. Quase 200 policiais participaram em uma operação de busca e apreensão na redação do Apple Daily, um jornal muito crítico ao regime de Pequim.

Mas em uma nova demonstração da popularidade da oposição na ex-colônia britânica, os moradores compareceram em peso às bancas de jornais nesta terça-feira para comprar o Apple Daily, que havia antecipado a demanda e preparou uma tiragem excepcional de 550.000 exemplares, contra os 70.000 habituais.

O dono de um restaurante do popular bairro de Mongkok adquiriu 50 cópias e explicou que planejava distribuir gratuitamente aos clientes.

"Como o governo não quer que o Apple Daily sobreviva, nós, cidadãos de Hong Kong, devemos salvá-lo", afirmou o homem, que se apresentou com o nome de Ng.

- "Lutaremos" -

Preocupados com a nova lei de segurança, cada vez menos pessoas aceitam falar com a imprensa e revelar sua identidade.

"Lutaremos", afirma na primeira página a edição de terça-feira do Apple Daily, uma promessa escrita em vermelho sobre uma foto de Jimmy Lai sendo levado por policiais na redação do jornal.

Outra demonstração de solidariedade a Lai foi a alta de quase 800% das ações de seu grupo de imprensa, Next Digital, após sua detenção.

As detenções e a perseguição foram condenadas como ataques "sem precedentes" à liberdade de imprensa em Hong Kong, ações inimagináveis há alguns meses.

"A polícia agora combate abertamente a liberdade de imprensa. Estou enfurecida", declarou em Mongkok uma mulher que se apresentou como Chan e que comprou 16 exemplares do jornal.

Considerada uma resposta de Pequim a meses de manifestações pró-democracia em Hong Kong no ano passado, a lei de segurança nacional promulgada em 30 de junho concede às autoridades locais novos poderes para reprimir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Muitos ativistas consideram o texto liberticida porque acaba com o princípio de "um país, dois sistemas" estabelecido durante a transferência de 1997 e que garantia a Hong Kong liberdades desconhecidas no restante da China até 2047.

Também estão preocupados com a possibilidade de Pequim utilizar leis similares para silenciar os protestos em outras partes de seu território.

Várias autoridades estrangeiras expressaram preocupação, incluindo o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se reuniu com Lai no ano passado e considerou sua detenção "mais uma prova de que o Partido Comunista Chinês destruiu as liberdades de Hong Kong e os direitos de seu povo".

Lai foi detido por acusações de conivência com forças estrangeiras e fraude.

Dois filhos do empresário também foram detidos, assim como a jovem militante democrática Agnes Chow e Wilson Li, um ex-ativista que se apresenta como jornalista independente para a emissora britânica ITV News.

Pequim celebrou a detenção do empresário de 71 anos, apresentado como um "agitador antichinês" que conspirou com os estrangeiros para "provocar o caos".

Prisões, candidaturas invalidadas ... Um mês após a promulgação da draconiana lei de segurança em Hong Kong, as consequências são inúmeras.

"É como se a noite tivesse caído", disse Tony Chung, um estudante de 19 anos que foi preso acusado de escrever mensagens nas redes sociais que ameaçavam a segurança nacional.

No mesmo dia, três outros estudantes, incluindo uma garota de 16 anos, foram presos pelas mesmas acusações.

Essas prisões foram feitas no âmbito da lei de segurança imposta por Pequim no final de junho e que levanta temores de um sério declínio das liberdades na ex-colônia britânica.

A entrada em vigor desta lei - no dia 30 de junho - considerada liberticida por muitos ativistas pró-democracia, desencadeou um verdadeiro terremoto político no território.

Nos termos do acordo de retrocessão com Londres, Pequim deveria permitir a Hong Kong um elevado nível de autonomia até 2047, sob o princípio "Um país, dois sistemas", que teoricamente garante aos seus habitantes liberdades desconhecidas no resto da China.

A lei de segurança nacional foi aprovada em resposta às enormes, e muitas vezes violentas, manifestações que abalaram o enclave no ano passado, pondo fim a este compromisso.

- "Como segundo retrocesso" -

Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram sanções contra líderes chineses e de Hong Kong, incluindo a chefe do Executivo local, Carrie Lam.

Apesar das garantias de Pequim de que a lei atinge apenas uma minoria de pessoas, da noite para o dia certas opiniões políticas pacíficas se tornaram ilegais.

"Em uma noite, a mudança foi tão espetacular e importante que foi como um segundo retrocesso", disse à AFP o advogado Antony Dapiran.

O conteúdo da nova legislação, que põe fim em particular à independência judicial de Hong Kong, foi mantido em segredo por Pequim até ser promulgado.

O texto dá às autoridades novos poderes para reprimir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.

Discurso de ódio contra o governo, apoio a sanções estrangeiras ou perturbação da ordem pública também compõem a lista de crimes.

As primeiras prisões ocorreram em 1º de julho, aniversário da devolução de Hong Kong à China.

Alguns dias depois, escolas e bibliotecas foram forçadas a retirar livros de suas prateleiras. Os professores foram instruídos a não levantar questões políticas nas aulas.

A polícia local goza de amplos poderes de vigilância, sem a necessidade de uma decisão judicial para agir.

Nesta segunda-feira, o magnata da imprensa pró-democracia Jimmy Lai foi preso junto com outras seis pessoas, todas acusadas de conluio com forças estrangeiras.

Já no âmbito desta onda de repressão, em julho as autoridades invalidaram 12 candidaturas do movimento pró-democracia para as próximas eleições legislativas.

As autoridades argumentaram que alguns desses candidatos criticaram a lei de segurança e se recusaram a reconhecer a soberania chinesa.

Mais tarde, Lam decidiu adiar as eleições por um ano por causa da pandemia de COVID-19.

Nesse contexto, o New York Times transferiu de Hong Kong para Seul seu serviço digital.

Gwyneth Ho, um dos candidatos desqualificados, disse à AFP: "Agora estamos em território desconhecido."

O magnata Jimmy Lai foi detido nesta segunda-feira (10) e seu grupo de imprensa em Hong Kong foi alvo de uma operação de busca e apreensão com base na polêmica lei de segurança, mais um passo na crescente influência de Pequim na ex-colônia britânica.

O homem de 71 anos foi detido em sua casa durante a manhã, informou à AFP Mark Simon, um de seus colaboradores mais próximos. Outros dois funcionários da empresa também foram detidos.

Em um comunicado, a polícia anunciou sete detenções por suspeitas de conluio com forças estrangeiras - uma das novas proibições citadas na lei de segurança nacional - e por fraude.

Dois filhos de Lai estão entre as pessoas detidas, segundo uma fonte policial.

Considerada por muitos uma resposta de Pequim aos meses de manifestações pró-democracia que sacudiram o território semiautônomo em 2019, a lei de segurança nacional concede às autoridades novos poderes para reprimir quatro tipos de delitos contra a segurança do Estado: subversão, separatismo, terrorismo e conluio com forças estrangeira.

Vários ativistas pró-democracia denunciaram que, na prática, a lei acaba com o princípio "um país, dois sistemas" que vigorava desde a retrocessão, em 1997, e que em teses garantia até 2047 uma série de liberdades para os cidadãos de Hong Kong que não existem no restante da China.

- "Inimaginável há um mês" -

Jimmy Lai é dono de duas publicações abertamente pró-democracia e críticas ao governo de Pequim, o jornal Apple Daily e a revista Next Magazine.

No fim da manhã desta segunda-feira, quase 200 policiais compareceram à sede do grupo de comunicação em uma área industrial do bairro Lohas Park.

Jornalistas do Apple Daily transmitiram ao vivo no Facebook as imagens da operação, que mostram o chefe de redação da publicação, Law Wai-kwong, solicitando aos policiais o mandato de busca.

"Diga a seus colegas que não toquem em nada antes que nossos advogados verifiquem o mandato", advertiu Law.

Os policiais ordenaram aos jornalistas que entrassem em uma fila para um controle de identidade, enquanto outros agentes percorriam a redação. Lai foi levado ao local algemado.

Chris Yeung, presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, chamou a operação de "impactante e aterrorizante".

"Isto não tem precedentes e era inimaginável há um ou dois meses", disse à AFP.

Law enviou uma mensagem aos jornalistas do grupo, na qual pede aos profissionais que permaneçam em seus postos de trabalho para permitir a publicação da próxima edição do jornal, apesar da operação policial e das detenções.

Para muitos cidadãos de Hong Kong envolvidos com o movimento pró-democracia Lai é um herói, um empresário combativo e o único magnata do território semiautônomos que se atreve a criticar a Pequim.

A ação da Next Digital fechou em queda de mais de 180% na Bolsa de Hong Kong, no menor nível desde junho de 2019, enquanto os simpatizantes de Lai iniciaram uma campanha on-line de apoio à empresa.

Poucas pessoas do território provocam tanto mal-estar em Pequim quanto Lai, que é chamado de "traidor" pela imprensa estatal chinesa, que o acusa de ter instigado os protestos de 2019.

As acusações de conluio com uma potência estrangeira aumentaram no ano passado, quando Lai se reuniu com o secretário de Estado americano Mike Pompeo e com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.

Em meados de junho, duas semanas antes da promulgação da nova lei de segurança, Jimmy Lai declarou à AFP que esperava ser detido.

"Estou preparado para ir à prisão", disse "Se isto acontecer, terei a oportunidade de ler os livros que ainda não consegui. A única coisa que posso fazer é permanecer otimista".

Ele rebateu as acusações de conluio e afirmou que os cidadãos de Hong Kong tinham o direito de reunir-se com políticos estrangeiros.

Lai é o arquétipo do empreendedor. Ele chegou a Hong Kong de forma clandestina com sua família quando tinha 12 anos, a bordo de um navio procedente de Cantão.

Começou a trabalhar em uma fábrica têxtil e quando se aproximava dos 30 anos aprendeu a falar inglês e abriu sua própria empresa têxtil.

Mas foi a repressão dos protestos de Tiananmen (Praça da Paz Celestial) em 1989 que transformou sua visão política. Um ano depois fundou a Next Media.

Na entrevista de junho à AFP, ele afirmou que a nova lei deixara Hong Kong "de joelhos" e citou o temor de processos contra jornalistas.

As autoridades da China e de Hong Kong afirmaram que a lei não afetaria em nenhuma medida as liberdades no território semiautônomo e que teria como alvo uma minoria de pessoas.

O comitê permanente do Parlamento chinês iniciou, neste sábado (8), uma reunião de quatro dias para decidir como preencher o vazio legislativo deixado pelo adiamento das eleições legislativas em Hong Kong.

O governo de Hong Kong anunciou no final de julho o adiamento por um ano das eleições para o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento do território semi-autônomo, que estavam marcadas para 6 de setembro, devido à pandemia do coronavírus.

O comitê permanente da Assembleia Nacional do Povo (ANP, parlamento chinês) examinará se prorroga o mandato dos atuais deputados, que expira em 30 de setembro, ou se nomeia um "órgão de transição".

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, considerou que seria mais pragmático prorrogar o mandato da atual assembleia, mas isso esconde uma questão espinhosa: a de estender o mandato de quatro deputados da oposição, impedidos de continuar no cargo.

Suas candidaturas estão entre as 12 que foram invalidadas no final de julho pelas autoridades, invocando a nova lei de segurança nacional imposta por Pequim.

"Não permitiremos que qualquer pessoa que promova a independência de Hong Kong ou participe de ações ilegais, como distúrbios, continue no cargo", disse o deputado pró-Pequim Junius Jo na terça-feira.

De acordo com os críticos, a nova lei de segurança nacional implica um retrocesso nas liberdades vigentes desde que o Reino Unido entregou Hong Kong à China em 1997.

Na sexta-feira, Washington impôs sanções a 11 autoridades em Hong Kong, incluindo Lam.

A governadora de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta sexta-feira (31) o adiamento em um ano das eleições para o Conselho Legislativo da cidade, que estavam marcadas para 6 de setembro, em função da pandemia do novo coronavírus.

Lam disse que essa foi a "decisão mais difícil" tomada neste ano e que ela tem apoio da China para mudar a data do voto. A cidade enfrenta uma terceira onda de contágios pelo Sars-CoV-2 e registrou 121 casos nesta sexta-feira.

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Já a oposição afirma que a medida é uma desculpa para impedir que grupos pró-democracia vençam as eleições. Na última quinta-feira (30), o governo de Hong Kong já havia impedido 12 ativistas de disputar o pleito.

O território acumula cerca de 3,2 mil casos e 27 mortes na pandemia, e Lam disse que o perigo de um "surto de larga escala pode crescer" se o vírus não for contido, alegando que ir às urnas nesse contexto seria um risco para os eleitores, sobretudo idosos.

Já o ativista Joshua Wong, um dos ativistas excluídos da votação, afirmou que Hong Kong vive a "maior fraude eleitoral em sua história", com o veto a candidaturas de oposicionistas e o adiamento do pleito.

"Nossa voz é clara e alta para o mundo, vamos defender nossa liberdade e nossos direitos", disse Wong no Twitter. Ex-colônia britânica, Hong Kong foi devolvida à China em 1997, com a promessa de Pequim manter o sistema de "um país, dois sistemas" e uma relativa autonomia na cidade.

A oposição, no entanto, diz que esse status foi sepultado com a aprovação de uma controversa lei que permitiu a abertura de agências chinesas de segurança nacional em Hong Kong e estabeleceu penas até de prisão perpétua para os crimes de separatismo, subversão e "colusão com forças estrangeiras". 

Da Ansa

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