Completa quatro meses, nesta sexta-feira (14), o crime que chocou os pernambucanos no ano passado: o assassinato do promotor de Itaíba, Thiago Faria, de 36 anos. Apesar do tempo, o caso ainda não foi desvendado, nem o inquérito chegou a ser concluído. Cada mês surge uma nova versão para o crime, que está sendo investigado sobre sigilo.
Uma briga por terra ou morte encomendada pela noiva em troca de pensão aparecem como os principais motivos para o assassinato. Essa primeira hipótese chegou a ser divulgada 48h após crime, pelo então secretário de Defesa Social do Estado (SDS), Wilson Damázio. Logo em seguida, o agricultor Edymacir Ubirajara foi preso, apontado como principal suspeito dos disparos, mas solto em dezembro por falta de provas.
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Procurado pelo LeiaJá, o arsenal montado pelo Governo do Estado para desvendar os motivos da morte não apresentou nenhuma resposta sobre a data de finalização do inquérito. “A delegada que está à frente do caso (Josineide Confessor) está de férias, mas as investigações estão andando. Talvez peçam mais uma extensão de prazo para a entrega do inquérito. Ainda não temos previsão de encerrar”, disse o delegado substituto, Paulo Rameh.
Já o Ministério Público, respondeu por meio da assessoria, que o prazo para entrega do inquérito é hoje, mas não confirma se foi finalizado, pediu que a nossa equipe retornasse a ligação somente nesta tarde para que eles possam apresentar algum posicionamento.
Enquanto isso, em Águas Belas, a família de Edmacy clama por um desfecho desse caso. “Estamos esperando uma resposta para poder processar o Estado por danos morais. Meu irmão é inocente e passou por um sufoco desnecessário na cadeia”, conta Cláudio Ubirajara.
Ele ainda criticou a forma como a polícia agiu antes de chegar à prisão do irmão. “Ele se entregou porque tava com a consciência limpa. De repente anunciaram que ele foi reconhecido por Mysheva como o autor dos disparos, e agora ela vem e se contradiz?”, questiona.
A dúvida de Ubirajara é baseada na recente declaração do advogado de Mysheva, José Augusto Branco. Ele disse à imprensa, em janeiro desse ano, que a cliente não teria dado a certeza de que de fato teria sido Edmacy o homem que atirou no promotor. A partir daí, surgiram mais especulações sobre os principais responsáveis pelo assassinato.
Histórico do crime
14 de outubro de 2013
O promotor foi morto enquanto seguia de carro para a cidade de Itaíba, no Agreste, pela rodovia PE-300. Ele estava acompanhado da noiva, Mysheva Freire Ferrão Martins, e de um tio dela, quando outro automóvel teria se aproximado e feito os disparos. Os passageiros conseguiram escapar ilesos.
15 de outubro de 2013
O agricultor Edmacy Cruz Ubirajara se apresenta na Delegacia de Águas Belas, no Agreste, para prestar depoimento e é preso, apontado como autor dos disparos.
16 de outubro de 2013
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco diz que a disputa pelas terras da Fazenda Nova, em Águas Belas, no Agreste pernambucano, é o principal motivo do conflito entre as famílias da noiva do promotor Thiago Faria. E o homem apontado como mandante do crime é o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa.
17 de outubro de 2013
O MPPE nomeia um novo promotor para assumir em Itaíba e cria uma força-tarefa para agilizar o andamento dos processos parados na 5ª Circunscrição Ministerial.
22 de outubro de 2013
Família do agricultor Edmacy Ubirajara rebate a SDS e apresenta vídeos de câmeras de segurança de comércios da cidade e uma lista com testemunhas que podem provar a inocência do
agricultor. Secretário de Defesa Social descarta os vídeos e diz que existe a imagem de uma câmera de segurança da cidade de Águas Belas que registra o momento em que Edmacy entra no carro que interceptou o veículo de Thiago. Imagens essas que nunca foram apresentadas. Diante destas especulações sobre a ausência de provas que fundamentassem o inquérito, a Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) decidem manter a investigação em sigilo.
18 de dezembro de 2013
Edmacy Cruz é liberado por falta de provas.
23 de dezembro de 2013
É feita uma reprodução simulada do assassinato do promotor em Itaíba.
28 de janeiro de 2014
O fazendeiro Zé Maria, ainda foragido, manda um segundo vídeo para imprensa. Ele acusa a noiva do promotor, a advogada Mysheva Martins como mandante do assassinato.
29 de janeiro de 2014
Advogado de Mysheva diz que cliente não teria dado a certeza de que de fato teria sido Edmacy o homem que atirou no promotor