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Após assumir seu terceiro mandato na Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seu partido e aliados acentuaram críticas e fizeram novas investidas para rever acordos, medidas e até legislação que tenha sido aprovada na esteira da Operação Lava Jato. No campo da narrativa, o presidente e correligionários entoam o discurso de que as investigações, embora recheadas de confissões e recuperação de ativos bilionários no exterior, não passaram de uma "farsa" ou até "armação" de países estrangeiros. No campo da política e da Justiça, Lula e governistas investem contra a lei das estatais, governança na Petrobras e até mesmo contra acordos de leniência de empreiteiras investigadas.

Lula chegou a acumular duas condenações e foi preso para cumprimento de pena em uma delas na Lava Jato, sob a acusação de recebimento de propinas. Em 2021, viu estas investigações serem anuladas pelo Supremo Tribunal Federal em razão da incompetência de Sérgio Moro para julgar o caso, e também da quebra da imparcialidade do juiz.

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Como mostrou o Estadão, mesmo procuradores que apoiaram a operação e participaram de investigações sobre o petista e outros alvos fazem um movimento de autocrítica sobre excessos cometidos nos últimos anos. Ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge defende que não se possa "cometer erros contra os indivíduos, que são os acusados no processo penal". "Se as instituições apostarem nisso, a gente avança bastante, fazendo a lei penal valer para todos e também dando um provimento jurisdicional célere que evite a prescrição", diz.

Especialistas em Direito e Compliance, todavia, afirmam que parte desta herança da Lava Jato representou avanços para prevenir novos escândalos de corrupção, e que elas não fazem parte de um cenário de eventuais erros da operação. Professor da USP, Conrado Hubner afirma que "à sombra da Lava Jato - que já foi destruída - está sendo profundamente funcional para desmontar, e desinstitucionalizar sistemas de controle na democracia brasileira". "Querem transformar todos os debates no sistema de Justiça em um debate entre o lava-jatismo e o anti-lava-jatismo, quando tanto um quanto o outro viraram faces de uma mesma moeda. O anti lava-jatismo virou um lava-jatismo com sinal trocado. Um debate sectário".

O PT busca emplacar a narrativa calcada na negação de corrupção em seus governos. Em uma resolução do partido que teve o aval de Lula, a legenda publicou que "falsas denúncias foram engendradas" contra governos petistas, o partido e suas lideranças, desde o primeiro mandato, a partir de 2003.

Segundo a legenda, essas denúncias "mostram que está mais do que claro que a criminalização da política e a destruição da democracia constituem um mesmo projeto". Já Lula afirmou, em entrevista ao site Brasil 247, que a Lava Jato "fazia parte de uma mancomunação entre o Ministério Público brasileiro, a Polícia Federal brasileira e a Justiça americana, o Departamento de Justiça".

De fato, métodos de cooperações internacionais relacionadas à Lava Jato foram questionados no STF, e chegaram a ter endosso em decisões de ministros, mas em nenhum momento ficou comprovado que a operação era, desde o início, fruto de uma "mancomunação" com países estrangeiros. Os próprios processos contra Lula resultaram na condenação quando debatidos em seu mérito. No Supremo, o petista obteve a anulação dos processos. A parcialidade do juízo reconhecida pela Corte não é uma questão de mérito, mas representa nulidade grave, capaz de fazer com que provas sejam consideradas imprestáveis pelo Judiciário. Foi sob este argumento, por exemplo, que a juíza Pollyanna Kelly, de Brasília, rejeitou reabrir a denúncia no caso do sítio de Atibaia, que havia levado a uma das condenações de Lula.

No entanto, negar que os esquemas tenham existido não encontra respaldo nos autos de qualquer processo, mesmo no Supremo. No mensalão, 24 agentes partidários e operadores foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. Nada foi anulado. Já a operação Lava Jato recuperou mais de R$ 6 bilhões aos cofres da Petrobras, fruto de confissões e cooperações internacionais que encontraram propinas no exterior. Empresas, empresários, doleiros e políticos confessaram corrupção e, até hoje, reafirmam esta versão em depoimentos, mesmo após a anulação de diversas ações pelo STF.

Petrobras

Em outra frente, petistas têm investido em arcabouços legais considerados alinhados a uma herança da Lava Jato. Como mostrou a Coluna do Estadão, a diretoria de governança da Petrobras, criada durante o governo Dilma Rousseff (PT) em 2014, está na mira do ex-senador e hoje presidente da estatal Jean Paul Prates (PT). Ele considera que o órgão não passa de um entulho autoritário da Lava Jato, e engessa a administração da estatal. Prates cogita rebaixá-la ao status de cargo executivo vinculado à área jurídica ou ao CA. Ele considera que há, hoje, poderes excessivos na diretoria responsável por prevenir casos de corrupção e outras inconformidades.

Ex-diretor de governança da Petrobras, Marcelo Zenkner explica que ao cargo "cabe, atualmente, analisar e emitir avaliação prévia acerca da "conformidade processual" de cada pauta que é levada à diretoria executiva da Petrobras". "Detectada alguma falha, a pauta é corrigida antecipadamente ou, então, nem é enviada para deliberação dos demais diretores executivos. Se houver um rebaixamento, esse importantíssimo mecanismo de prevenção a fraudes e a desvios deixará de existir e a empresa ficará muito mais vulnerável a novos escândalos de corrupção".

"Não há nenhum motivo para mudar aquilo que está dando muito certo. Até agora não vi ninguém dizer qual é o problema identificado para justificar uma mudança. Vale lembrar que essa estrutura segue as melhores práticas internacionais e foram, inclusive, validadas pelo DoJ (Departamento de Justiça dos EUA). Qualquer mudança será interpretada pelo mercado e pelos investidores como uma tentativa de enfraquecimento do sistema de integridade corporativa, o qual é o responsável pela prevenção à fraude, à corrupção e à lavagem de dinheiro", afirma Zenkner.

Lei das Estatais

Em outra investida, a AGU sob o governo Lula pediu ao Supremo Tribunal Federal para que revogasse trechos da lei de estatais que preveem quarentena para políticos e agentes de campanhas eleitorais assumirem cargos de direção em estatais. Também no Supremo, três partidos aliados de Lula, o Solidariedade, o PCdoB e o PSOL, pediram a suspensão de todos os pagamentos de acordos de leniência no País feitos até agosto de 2020, o que abarca todo o clube VIP de empreiteiras e a J&F. Eles afirmam haver ilegalidades na costura destes acordos. Entre os signatários, está a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. Ela afirma ao Estadão que "é uma decisão partidária, que parte da compreensão de que é preciso preservar as empresas nacionais como elementos decisivos para impulsionar a economia do país".

Luciana Casasanta, ex-diretora de conformidade da Eletrobras, afirma que a Lei das Estatais "fortaleceu a relação das empresas com o núcleo político e estabeleceu limites para evitar que situações que já haviam deflagradas não voltassem a acontecer". Ela afirma que, a despeito de negacionismo do governo Jair Bolsonaro, o "negacionismo do PT na questão da corrupção é uma coisa impressionante". "Não se pode destruir aquilo que é realmente a sustentação da Lei das Estatais".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio ao resgate da velha Lava Jato aos holofotes, com a movimentação de processos na Justiça Federal do Paraná, um antigo conhecido da operação foi ouvido nessa quarta-feira (29), na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba: o ex-diretor de Serviços da Petrobrás, engenheiro Renato Duque - emblemático personagem do esquema de corrupção e cartel montado na estatal entre 2003 e 2014, indicado ao cargo pelo PT.

Inquirido pelo juiz Eduardo Appio, novo magistrado da Lava Jato, no bojo de uma ação a que responde por corrupção e lavagem de dinheiro, Duque afirmou que 'não tinha porta aberta' no Ministério Público Federal. O engenheiro citou uma tentativa de acordo com a Procuradoria e fez menção ao procurador da República Orlando Martello, ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato.

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Após a citação ao procurador, a defesa de Duque pediu que Martello seja ouvido como 'testemunha referida'. Eduardo Appio acolheu a solicitação. A oitiva ainda será agendada e tem relação com o acordo de delação que o ex-diretor da Petrobrás celebrou com o MPF.

O engenheiro fechou o acordo dois anos depois de ser preso, em 2015. O acerto com o MPF abrange somente fatos ligados às empresas Tenaris Group, Techint Engenharia e Confab Industrial. No bojo de outras ações, ele diz atuar como 'colaborador espontâneo'.

Duque diz que 'foi buscar' a delação como 'defesa'. Para o ex-diretor da Petrobrás, 'não tinha porta aberta' para ele no Ministério Público Federal. "Acho isso porque de alguma maneira eu era relacionado com o PT", seguiu.

O magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba questionou. "Havia uma porta fechada ao PT na sua opinião?". Duque respondeu: "Eu acho que sim. Hoje eu olhando, na minha opinião, eu acho que sim. Não sei nem se deveria estar falando isso."

O ex-diretor disse se recordar de uma 'tentativa', antes da celebração do acordo, envolvendo o procurador Orlando Martello. Segundo Duque, procuradores de Brasília foram visitá-lo na prisão e, ao final da conversa, decidiram como 'positivo' o acordo.

"E o dr Martello me fez uma pergunta. Ele se referiu a uma empresa X. 'Com relação à empresa X, você tem alguma coisa a falar?' Eu disse que não. Muito tempo depois, fiquei sabendo que, em um adendo da delação do sr. João Bernardo, ele se referiu a essa empresa, dizendo que eu o havia procurado na prisão para que ele não citasse essa empresa na delação dele, porque eu teria 12 milhões de dólares para receber da empresa. Hoje, olhando para trás, o dr. Orlando Martello me perguntou uma coisa, que há menos de 15 dias, ele tinha ouvido na delação. E eu disse para ele que, teoricamente, estava mentindo. Só que quando veio o processo, na frente do juiz (Sergio) Moro, o delator negou essa conversa", narrou Renato Duque.

Duque depôs por quase duas horas no processo em que é réu ao lado de Luis Alfeu, dono da Multitek Engenharia. A Procuradoria atribui aos dois supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre 2011 e 2012, no âmbito de contratos fechados com a Petrobrás.

Com relação ao ex-gerente de Serviços Pedro Barusco - seu braço-direito -, Duque disse não 'ter inimizade nem amizade'. No entanto, demonstrou descontentamento com a situação do ex-colega que, espontaneamente, devolveu US$ 100 milhões que disse ter recebido em propinas.

O ex-diretor da Petrobrás disse que Barusco ficou preso 'zero dias', enquanto ele ficou encarcerado cinco anos.

"O Barusco ia junto às empresas e negociava uma propina. Ele recebia parte do dinheiro, e, não com periodicidade definida, repassava pra mim em contas no exterior. O que ele repassava não era vinculado a determinada empresa. Ele repassava valores de um montante que recebia de várias empresas", indicou.

Segundo Duque, o combinado era que eles dividissem 'meio a meio' as propinas pagas no bojo dos contratos da estatal.

O ex-diretor da Petrobras sustentou ainda, no depoimento desta quarta-feira, 29, que, comparando os valores devolvidos por Barusco aos cofres públicos com os montantes que ele mesmo devolveu, o ex-gerente de Serviços 'ficou com um montante muito superior'. "O que denota que grande parte do dinheiro ele ficou sem repassar". Duque disse ter devolvido 20 milhões de euros e quatro milhões de dólares, como parte de seu acordo de delação premiada.

Duque negou ter tratado sobre propinas ou tido 'conversa estranha' com Luis Alfeu, dono da Multitek Engenharia - 'jamais, em momento algum'. "Muitas vezes o seu nome é usado para ene coisas. Eu nunca conversei com o Luis sobre o assunto, nem antes, nem depois de eu sair da Petrobras", afirmou. Duque relatou que 'todo esse assunto' - ou seja, das propinas - era tratado por Barusco. "Ele não me falou dessa empresa. Só se relacionava com empresas maiores", seguiu.

O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu hoje (30), em Brasília, arquivar três processos que apuravam o uso de recursos ilícitos desviados da Petrobras nas campanhas eleitorais de 2014, envolvendo os partidos PT, PMDB e PP. Os casos estavam relacionados às revelações de caixa dois (recursos não declarados) provenientes da Operação Lava Jato. 

As três representações haviam sido abertas em 2016, por iniciativa da então corregedora-geral eleitoral, ministra Maria Thereza de Assis Moura. Ela decidiu abrir os processos após receber grande volume de documentos encaminhados pelo ex-juiz Sergio Moro, então responsável pela Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. 

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“Constato, nesta análise preliminar da documentação, indícios de práticas ilegais tanto por parte do Partido dos Trabalhadores (PT), quanto pelo Partido Progressista (PP) e pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)”, escreveu ela na ocasião. 

Gravidade das acusações

No mesmo despacho, ela havia decidido pela distribuição - por sorteio - dos casos para outros relatores no TSE, por entender que não deveriam ser de responsabilidade somente da corregedoria, ante o tamanho e a gravidade das acusações. 

Os casos ficaram quase um ano parados enquanto o plenário do TSE decidia se deveria haver a distribuição livre ou não. Ao final, as representações acabaram sendo distribuídas para relatoria da ministra Rosa Weber e do ministro Luiz Fux.

Ainda em 2020, os relatores votaram pelo arquivamento dos processos. Em seguida, o corregedor Luís Felipe Salomão, que sucedeu Maria Thereza de Assis Moura, pediu vista (mais tempo de análise) dos processos, que ficaram parados desde então. 

Nesta quinta-feira, o atual corregedor-geral eleitoral, Benedito Gonçalves, devolveu as vistas e decidiu acompanhar os votos pelo arquivamento. “Não há o mínimo suporte de prova para poder prosseguir com a investigação”, afirmou ele. Os demais ministros fizeram o mesmo. Com isso, as representações serão arquivadas antes mesmo de se tornarem ações de investigação judicial eleitoral (Aije’s).

 

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quarta-feira, 29, um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as acusações do advogado Rodrigo Tacla Duran contra o senador Sérgio Moro (União-PR) e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR). O procedimento é praxe. A PGR deve dizer se vê elementos para abrir uma investigação. O caso corre em sigilo.

Apontado na Lava Jato como operador de propinas pagas pela Odebrecht a políticos e agentes públicos, o advogado afirma que foi vítima de extorsão em troca de facilidades para clientes em acordos de colaboração com a força-tarefa. Ele não detalhou qual teria sido a participação de Moro e Dallagnol no suposto esquema, mas declarou que havia uma 'prática comercial' em torno das delações.

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"As autoridades que passaram pelo processo pensavam que eu estava apostando na estratégia da prescrição, que eu não queria me defender, não, nunca foi isso, jamais. Eu só estava esperando ter um juízo transparente", afirmou em audiência na segunda-feira. 27

"Eu não cedi, até porque eu nunca admiti criminalizar a advocacia ou a minha profissão. Eu não entreguei cliente meu intimidado, ameaçado para ser preso. Esse é o problema aqui na origem", seguiu.

O caso chegou ao STF nesta semana, depois que Tacla Duran pediu uma audiência com o juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, e reiterou as acusações. Ele já havia lançado suspeitas sobre as negociações de delações da Lava Jato em 2017.

Com a implicação de Moro e Dallagnol, que têm direito a foro privilegiado, Appio decidiu encaminhar os autos ao Supremo. Ele também pediu uma investigação urgente na superintendência da Polícia Federal no Paraná.

O senador e o deputado afirmam que as acusações são falsas e vêm sendo usadas politicamente. Em nota, Moro chamou o advogado de "criminoso confesso e destituído de credibilidade". Também disse que as provas que o advogado diz ter foram "fabricadas". Dallagnol afirmou que a história é "requentada" e já foi investigada pela PGR.

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato, requereu ao juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que não despache mais em processos da extinta operação até a análise do pedido de suspeição formulado contra o magistrado por uma procuradora de Ponta Grossa, no interior do Paraná.

Moro também pede que Appio reconsidere a decisão de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as acusações feitas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran - desafeto do ex-juiz e alvo da Lava Jato - contra ele e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-chefe da extinta força-tarefa no Ministério Público Federal.

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Os pedidos foram protocolados no bojo do processo em que Tacla Duran - que trabalhou para a Odebrecht e foi apontado pela força-tarefa da Lava Jato como operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção - foi ouvido por Appio na segunda-feira (27), em audiência virtual.

O novo titular da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba intimou o advogado a depor depois de revogar uma ordem de prisão preventiva contra ele decretada por Moro em 2016. Durante a oitiva, Tacla Duran alegou ter sofrido tentativas de "extorsão" na Lava Jato em troca de facilidades para clientes, implicando Moro e Deltan.

Nesta terça-feira (28), Appio pediu à Polícia Federal abertura "urgente" de um inquérito sobre as acusações de Tacla Duran. O advogado foi colocado no programa de proteção a testemunhas.

Como "interessado", Moro pediu que Appio pare de proferir decisões nos autos de processos da Lava Jato até analisar o pedido de suspeição protocolado por uma procuradora de Ponta Grossa.

O ex-juiz da Lava Jato alega que seu sucessor deixou de cumprir a lei processual que estabelece a "precedência" da chamada "exceção de suspeição". Para Moro, o pedido deve ser analisado com prioridade, antes de Appio analisar quaisquer autos da Lava Jato.

Segundo o senador, tal prioridade visa "prevenir que atos processuais sejam ordenados por juiz suspeito". Em 2021, Moro foi declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal para julgar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, o que levou uma série de investigações da força-tarefa à estaca zero.

Moro cita decisões proferidas por Appio em autos ligados à Lava Jato antes da análise da suspeição, como a decretação de prisões do doleiro Alberto Youssef - um dos delatores mais conhecidos da Lava Jato - e o despacho que revogou o bloqueio de bens e dinheiro do empresário Márcio Pinto de Magalhães, ex-representante da multinacional Trafigura no Brasil. Em tal documento, o juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba colocou em dúvida a imparcialidade da juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Moro no mesmo juízo.

Com relação aos atos processuais envolvendo Tacla Duran, Moro diz que Appio fez audiência com o advogado com o "único propósito" de "colher notícia crime requentada envolvendo parlamentares federais que atuaram no passado nos feitos da Lava Jato e em relação aos quais Vossa Excelência (o juiz) tem, reiteradamente, criticado".

O senador diz que "não receia qualquer investigação" - "mas a realização do ato revestiu-se de caráter inusitado". Ainda de acordo com o parlamentar, a prática de atos "extravagantes" atribuídos a Appio e a "demora ilegal" em apreciar a suspeição "apenas robustecem as preocupações do Ministério Público Federal que motivaram a exceção".

Moro argumenta que as alegações de extorsões são falsas e que análise das mesmas não é de competência do Supremo Tribunal Federal. Segundo o ex-juiz, considerando o entendimento da Corte máxima de que o foro por prerrogativa por função só abarca questões ligadas ao mandato parlamentar, as acusações sobre sua atuação enquanto magistrado e de Deltan enquanto este era procurador devem ser processadas em primeiro grau.

Em mais uma reviravolta na Operação Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran, colocado na lista de foragidos da Interpol no auge da investigação, agora está no programa de proteção a testemunhas.

A decisão é do juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que viu 'risco concreto de vida e segurança'. Ele determinou que a Polícia Federal (PF) garanta a 'segurança necessária' caso o advogado volte ao Brasil. Tacla Duran vive há anos na Espanha.

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"O acusado está sendo encaminhado ao programa federal de testemunhas protegidas por conta do grande poderia político e econômico dos envolvidos, sendo certo que toda e qualquer medida somente será apreciada por este Juízo Federal em caso de risco concreto à visa e/ou segurança das testemunhas e autoridades envolvidas", diz um trecho da decisão.

Ex-advogado da Odebrecht, apontado pela Lava Jato como operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção, Tacla Duran foi ouvido por autoridades brasileiras pela primeira vez nesta segunda-feira, 27, em uma audiência por videoconferência.

Ele voltou a antagonizar com o senador Sérgio Moro (União-PR), ex-juiz da Lava Jato, a quem acusou de parcialidade, e com o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que foi coordenador da força-tarefa. As acusações serão analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"As autoridades que passaram pelo processo pensavam que eu estava apostando na estratégia da prescrição, que eu não queria me defender, não, nunca foi isso, jamais. Eu só estava esperando ter um juízo transparente", afirmou.

"O que estava acontecendo não era um processo normal, era um bullying processual, onde me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito ser extorquido", seguiu.

O advogado afirma que sofreu tentativas de extorsão na Lava Jato, em troca de facilidades para clientes, e que passou a ser 'perseguido' por não compactuar com o que chamou de uma prática 'comercial corriqueira'.

"Eu não cedi, até porque eu nunca admiti criminalizar a advocacia ou a minha profissão. Eu não entreguei cliente meu intimidado, ameaçado para ser preso. Esse é o problema aqui na origem", seguiu.

Tacla Duran apresentou à Justiça fotos e gravações que comprovariam a versão. Ele implicou o advogado Carlos Zucolotto Junior, sócio da deputada Rosângela Moro e amigo próximo do senador, e o empresário Fábio Aguayo na suposta tentativa de extorsão.

A menção a Sérgio Moro e a Deltan Dallagnol, que têm prerrogativa de foro privilegiado, levou o juiz Eduardo Appio a encaminhar o caso para a segunda instância.

"Eu me desligou desse processo, porque aí há menção a pessoas com foro privilegiado, no caso tanto o senador Sérgio Moro quanto o deputado federal Deltan Dallagnol. Eu me desligo e agora quem conduz essa questão, até para não criar um impedimento meu, é a Polícia Federal", explicou o juiz.

COM A PALAVRA, O SENADOR SÉRGIO MORO

"Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado em 9/6/22.

O senador não teme qualquer investigação, mas lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade."

O juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, revogou o bloqueio de bens e dinheiro do empresário Márcio Pinto de Magalhães, ex-representante da multinacional Trafigura no Brasil, em uma ação penal derivada da Operação Lava Jato.

Magalhães foi preso preventivamente na 57.ª fase da operação, que investigou o pagamento de propinas a funcionários da Petrobras por empresas de compra e venda de petróleo e derivados.

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Ao pedir a liberação dos bens, a defesa argumentou que a juíza Gabriela Hardt, que havia decretado o bloqueio, demonstrou 'animosidade' com acusados em processos da Lava Jato e 'associação' com a força-tarefa de procuradores.

Em nota, Gabriela diz estar 'tranquila em relação à correção' de sua atuação como magistrada.

Em sua decisão, Eduardo Appio coloca a imparcialidade da juíza em dúvida e afirma que 'pode ter existido, de fato, uma associação' entre com os membros do Ministério Público Federal. "De maneira a colocar a acusações em posição mais favorável do que a defesa", afirma.

O despacho cita as mensagens obtidas a partir da Operação Spoofing, que prendeu os hackers responsáveis pela invasão de celulares de autoridades, incluindo procuradores da Lava Jato e o senador Sérgio Moro (União-PR).

"As cautelares deferidas em favor da acusação - a qual, segundo os referidos diálogos contidos na Operação Spoofing - teria atuado em conjunto de esforços com a juíza federal substituta dos feitos da chamada Operação Lava Jato, Dra Gabriela Hardt, não estão revestidas dos requisitos de verosimilhança e urgência. Muito pelo contrário, qualquer invasão na vida, patrimônioprivacidade dos cidadãos brasileiros somente pode ser realizada à vista de elementos probatórios verdadeiramente contundentes, produzidos com as garantias do contraditório e ampla defesa e, acima de tudo, por juiz absolutamente imparcial", escreve.

A autenticidade dos diálogos vazados pelos hackers nunca foi formalmente atestada pela Polícia Federal. A perícia nos celulares não pôde ser realizada porque os procuradores da Lava Jato não entregaram seus aparelhos, o que permitiria confrontar os registros com as mensagens divulgadas. A Constituição proíbe o uso de provas obtidas ilegalmente, o que não impediu que as conversas fossem citadas no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou Moro parcial para julgar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Appio também afirmou que, considerando o tempo decorrido, o bloqueio dos bens passou a funcionar quase como um 'confisco judicial, privando o acusado e sua família do acesso aos bens e valores que lhes pertencem durante todos estes anos'.

"Não há notícia de que o acusado tenha, em algum momento, subtrair seu patrimônio pessoal da futura ação do Estado, seja no âmbito cível ou criminal. Partiu se, indevidamente, do pressuposto de que o acusado iria dilapidar ou movimentar valores de maneira a afastar a futura constrição judicial que poderia envolver multas ou penas alternativas, além do ressarcimento da vítima", defendeu.

"Um modelo de Força Tarefa não pode prescindir da regular fiscalização recíproca destes órgãos de Estado, sob pena de inversão, na prática, do ônus probatório, transferindo aos cidadãos comuns o invulgar peso de produzir provas que sustentem a sua inocência", segue o juiz, em outro trecho crítico à Lava Jato.

Gabriela substituiu temporariamente o ex-juiz Sérgio Moro na 13.ª Vara de Curitiba quando ele aceitou o convite para ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro, em 2018. O nome da juíza voltou a circular na imprensa depois que ela autorizou a operação para prender membros do PCC envolvidos em um plano para sequestrar e matar o senador.

COM A PALAVRA, GABRIELA HARDT

"O art.12, II, do código de ética da magistratura, bem como o art. 36, III, da Loman, impedem a magistrada de comentar decisões proferidas por outros juízes. Contudo, a juíza federal Gabriela Hardt expressa tranquilidade em relação à correção do seu agir como magistrada."

O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu por lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato, deve voltar a depor à Justiça nesta segunda-feira (27). As circunstâncias do depoimento, desta vez, são diferentes, considerando que o mandado de prisão preventiva contra o investigado caiu após uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski que, antes de comunicar a aposentadoria da Corte, travou algumas das ações abertas na extinta operação anticorrupção.

Duran é desafeto do senador Sergio Moro (União Brasil), que ordenou a prisão preventiva do advogado em 2016. Apesar do pedido, a prisão no Brasil nunca ocorreu. Os dois trocaram acusações no pico das investigações. Enquanto Moro o acusou de lavar mais de R$ 50 milhões e de ter pago para não ser preso - o que foi parcialmente confessado como verdade pelo próprio acusado -, Durán acusou Moro de abusos e negociações paralelas na operação.

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Quem é Rodrigo Tacla Duran 

Duran vive na Espanha e deverá participar da audiência desta segunda-feira (27) através de videochamada. Nascido no Brasil, ele é filho de espanhol e possui dupla cidadania. O país europeu chegou a rejeitar o pedido de extradição apresentado pelo Brasil durante as descobertas da Lava Jato. Duran foi considerado foragido até mesmo pela Interpol, mas teve seu nome removido da lista de procurados internacionais. 

Ele é advogado de empresários e acusado de lavar dinheiro para envolvidos na Lava Jato em diversos países, incluindo a Espanha, Cingapura, China e Hong Kong. Na Espanha, chegou a ser detido, mas foi liberado e permaneceu livre de acusações, mesmo com evidências coletadas a partir de uma confissão feita às autoridades do país.

Quais as acusações

Na Lava Jato, Duran é visto como “um grande operador” do esquema de corrupção. Segundo os procuradores, empresas de fachada ligadas ao advogado receberam recursos de empresas envolvidas na 48ª fase da Lava Jato, que mirou em contratos de pedágio no Paraná. Rodrigo teria usado a função de advogado como “fachada” para lavar dinheiro, enquanto contratava escritórios menores e que cobravam menos para realizar os serviços, de forma terceirizada.  

Às autoridades brasileiras, ele nunca admitiu o que se diz nas acusações. O empresário insiste que trabalhou apenas como consultor, jamais sendo parte de atos ilícitos. Já na Espanha, onde depôs na condição de testemunha, ele chegou a admitir que lavou dinheiro e que pagou para não ser preso. 

O advogado é alvo de três processos criminais no Brasil. O andamento das ações é lento por causa das dificuldades para citá-lo na Europa. A força-tarefa de Curitiba o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para a Odebrecht e outras empresas. 

O depoimento de Tacla Duran às autoridades espanholas foi anexado pelos procuradores do Paraná a um outro processo, contra o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como responsável por repasses de propina a políticos do PSDB. Paulo foi preso. 

O investigado reconheceu ter emitido notas fiscais fictícias para justificar a entrada de recursos da Odebrecht nas contas de suas empresas, e identificou advogados e outros operadores que ajudaram a viabilizar as transações na Espanha. Ele também admitiu encontros com empresários e ter recebido dinheiro em espécie para realizar transações à Odebrecht no exterior. 

O que esperar do novo depoimento

Desde que foi considerado investigado, o advogado repreende a Odebrecht e a Lava Jato, acusando os delatores de fraude e omissão. Ele também apontou o advogado Carlos Zucolotto como intermediário de negociações paralelas entre ele e os procuradores. Amigo do ex-juiz Sergio Moro, Zucolotto nega ter participado de negociações com a Lava Jato.  

Rodrigo Tacla Duran foi intimado pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que sucedeu a Sérgio Moro. A decisão de Appio ocorreu três dias após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinar a suspensão de processos abertos contra Tacla Duran com base em informações apresentadas por delatores da Odebrecht. 

Nesta segunda-feira (27), é esperado que possíveis revelações sobre as supostas irregularidades cometidas por Sergio Moro sejam feitas. Tacla Duran foi condenado em duas ações penais por Moro com base em provas que foram posteriormente anuladas pelo Supremo. Moro e Deltan Dallagnol sempre se negaram a ouvir o advogado. 

 

A Câmara aprovou, a toque de caixa, um projeto que favorece políticos condenados e investigados na Lava Jato e em outras operações no País. A proposta absolve os réus quando há empate em decisões do Judiciário envolvendo processos penais, uma realidade frequente nos julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF).

A medida foi articulada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e por líderes do Centrão como uma forma de o grupo se antecipar à próxima composição do Supremo, após a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, e foi apelidada de "Lei Cristiano Zanin", em referência ao advogado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer indicar para a vaga. Para virar lei, o projeto dependerá agora do Senado e do petista.

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A expectativa é de que o placar no Supremo, em processos da Lava Jato, fique empatado com a saída de Lewandowski e com a impossibilidade de Zanin - se integrar à Corte - participar dos julgamentos, pois ele trabalhou na operação como advogado e não poderia ser juiz das ações.

Na prática, políticos poderão ficar livres da prisão ou de uma condenação quando houver empate em julgamentos do Supremo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de tribunais da segunda instância. A tese é defendida pelo ministro do STF Gilmar Mendes, que, na segunda-feira, 20, determinou o trancamento de três ações de improbidade administrativa que atingiam Lira no bojo da extinta Lava Jato. O decano ainda derrubou todos os bloqueios de bens decretados contra Lira no âmbito dos processos.

Mudança

A mudança poderá alterar o resultado de condenações já proferidas no passado e provocar uma onda de revisões nos tribunais. A regra de o empate favorecer o réu foi alterada em 2021 pelo Supremo, por decisão do então presidente da Corte, Luiz Fux, e passou a valer apenas para habeas corpus, quando o acusado está preso e pede a liberdade. Com o projeto de Lira, porém, valerá para todos os julgamentos.

A votação desta quarta, 22, foi simbólica, ou seja, sem mostrar o nome dos parlamentares favoráveis e contrários. Nenhum líder se manifestou contra. O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) discutiu com o relator da proposta, Elmar Nascimento (União Brasil-BA). "O deputado 'Dellagnol' representa aqui aquele pensamento punitivista do Ministério Público", disse Elmar, no plenário. Dallagnol quis rebater, mas Lira não deu a palavra.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, intimou para depor na próxima segunda-feira, 27, o advogado Rodrigo Tacla Duran. O depoimento será por videoconferência em uma ação penal em que Tacla Duran é réu por lavagem de dinheiro.

O processo foi aberto a partir de investigações da extinta Operação Lava Jato.

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O advogado ganhou notoriedade como desafeto do ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu a Lava Jato entre 2014 e 2018, ano em que deixou a toga e aceitou convite do então presidente eleito Jair Bolsonaro (PL) para assumir o Ministério da Justiça.

No auge da Lava Jato, Moro decretou a prisão de Tacla Duran, acusado pela força-tarefa do Ministério Público Federal de usar empresas no Brasil e no exterior para lavar propinas supostamente pagas pela UTC Engenharia e pela Odebrecht a agentes públicos em troca de contratos com a Petrobras.

Em reação, o advogado acusou publicamente Moro por suposta negociação de vantagens em delações premiadas no âmbito da operação.

Na semana passada, Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato, derrubou o mandado de prisão preventiva contra Tacla Duran que havia sido decretado pelo hoje senador Moro (União Brasil-PR), em 2016.

O advogado vive na Espanha e chegou a ser colocado na lista de foragidos da Interpol, mas nunca foi preso.

O argumento de Appio para derrubar o decreto de prisão foi o de que Tacla Duran tem direito a aguardar a conclusão do processo em liberdade.

"O cidadão Tacla Duran, como qualquer outra pessoa, merece e tem o direito constitucional de receber do Estado brasileiro uma jurisdição serena apolítica e republicana, na qual os dois pilares fundamentais são a certeza do conteúdo da acusação (para que possa se defender), bem como plena isenção dos agentes de Estado (juízes, procuradores, policiais e demais protagonistas)", escreveu Eduardo Appio.

O juiz assume a alcunha de 'garantista' e já declarou publicamente, em entrevistas e publicações, que se opõe aos métodos da antiga Lava Jato.

O juiz Marcelo Malucelli, convocado para atuar no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, acaba de derrubar a segunda ordem de prisão preventiva contra o doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato.

A decisão é o capítulo mais recente da queda de braço travada com o também juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável pelos processos remanescentes da Lava Jato.

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Malucelli reiterou que o colega não poderia ter expedido o mandado de prisão de ofício, ou seja, sem um pedido do Ministério Público Federal (MPF).

"Inexiste alteração fática ou documento novo juntado que justifique a mudança de entendimento exarada na decisão anterior, que concedeu a liminar", escreveu o magistrado.

O primeiro mandado de prisão do doleiro foi expedido na segunda-feira, 20, pelo juiz Eduardo Appio, com a justificativa de que Youssef não teria quitado débitos com a Receita Federal. Ele foi preso ainda ontem pela Polícia Federal (PF) no litoral de Santa Catarina.

"O acusado não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros", justificou o juiz.

A defesa acionou o TRF4 e o juiz Marcelo Malucelli concedeu a primeira liminar para soltar o doleiro, por considerar que o tribunal já havia autorizado o uso de tornozeleira eletrônica, com o aval do MPF.

Um novo mandado de prisão sobreveio. Eduardo Appio fundamentou a decisão no relatório da PF sobre o cumprimento da primeira ordem de prisão. Ele afirmou que o documento traz indícios de que o doleiro tenha 'sonegado das autoridades judiciais e fiscais a verdadeira posse e propriedade dos prédios edificados no município Balneários de Itapoá'.

"Sua alegação de que o irmão mora no local, despida de qualquer documento que demonstre atividade e renda lícita e estável do irmão, está a indiciar que o investigado estaria envolvido em novas práticas delitivas, especialmente crimes contra a ordem tributária, bem como sonegando a existência de bens próprios das autoridades judiciais que acompanham a execução penal", afirmou.

Diante do novo decreto de prisão preventiva expedido por Eduardo Appio, a defesa de Youssef ingressou com outro pedido de habeas corpus junto ao TRF4. O advogado Luiz Gustavo Flores, que defende o doleiro, afirmou ao Estadão que o juiz 'inventou novo e absurdo motivo' para mantê-lo preso.

Mudança de endereço motivou nova ordem de prisão de Appio

Quando policiais federais chegaram na tarde de segunda-feira, 20, na rua Dona Cristina, em Itapoá, no litoral de Santa Catarina, em busca do doleiro Alberto Youssef, foram surpreendidos ao descobrir que ele não reside no endereço informado no mandado de prisão preventiva. Os agentes acabaram encontrando Youssef em outra casa de Itapoá e ali o comunicaram sobre a ordem de prisão expedida pelo juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba. O doleiro foi preso por supostamente não quitar débitos com a Receita.

A informação faz parte de relatório detalhado da Polícia Federal (PF) e levou o juiz Eduardo Appio a decretar nova ordem de prisão de Youssef, nesta terça, 21, mesmo depois que o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) acolheu pedido liminar da defesa e mandou soltar o doleiro.

Ele afirmou que o documento traz indícios de que o doleiro tenha 'sonegado das autoridades judiciais e fiscais a verdadeira posse e propriedade dos prédios edificados no município Balneários de Itapoá'.

"Sua alegação de que o irmão mora no local, despida de qualquer documento que demonstre atividade e renda lícita e estável do irmão, está a indiciar que o investigado estaria envolvido em novas práticas delitivas, especialmente crimes contra a ordem tributária, bem como sonegando a existência de bens próprios das autoridades judiciais que acompanham a execução penal", afirmou.

Na segunda, 20, o doleiro foi encontrado em um condomínio de casas à beira-mar, próximo ao endereço inicialmente lançado no mandado de prisão, a casa da rua Dona Cristina.

De acordo com o relato dos policiais, Youssef estava 'bastante inconformado' com o decreto de prisão em seu desfavor.

"Ato continuo ingressou na viatura, no banco traseiro, entre EPF/APF, sem algemas, mantendo-se questionador e inconformado durante todo o trajeto até a SR/PF/PR, porém sem maiores alterações de humor", relataram os agentes.

A confusão de endereços foi o argumento do juiz Eduardo Appio para decretar nova ordem de prisão preventiva contra o doleiro. Essa decisão de Appio foi dada logo após o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, considerar o primeiro mandado ilegal e ordenar a soltura do delator da Lava Jato, no início da tarde desta terça, 21.

Diante do novo decreto de prisão preventiva expedido pelo juiz Eduardo Appio, a defesa de Youssef já havia ingressado com mais um pedido de habeas corpus junto ao TRF4.

O advogado Luiz Gustavo Flores, que defende o doleiro, afirma ao Estadão que o novo endereço do cliente já havia sido informado à Justiça.

"Nos autos de execução o próprio juiz reconheceu isso", diz Flores.

Para a defesa, o juiz da 13.ª Vara de Curitiba 'inventou novo e absurdo motivo' para manter o doleiro preso.

ENTENDA A CRONOLOGIA DO CASO

- Juiz Eduardo Appio, 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, manda prender Alberto Youssef por supostamente não quitar débitos com a Receita Federal;

- Defesa entra com habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região;

- Juiz Marcelo Malucelli, convocado para atuar no TRF4, concede liminar para soltar o doleiro por considerar ordem de prisão ilegal;

- Eduardo Appio expede novo mandado de prisão preventiva após PF relatar que doleiro não foi encontrado em endereço informado à Justiça;

- Defesa volta a acionar o TRF4 e afirma que juiz 'inventou' motivo para prender Youssef;

- Marcelo Malucelli dá nova liminar para soltar o doleiro.

O desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, atendeu nesta terça-feira, 21, a um recurso da defesa e mandou soltar o doleiro Alberto Youssef, preso na segunda, 20, sob acusação de não quitar dívidas com o Fisco.

A decisão do TRF4, no entanto, pode não livrar da prisão o delator da Operação Lava Jato. Ainda nesta terça, 21, o juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, expediu novo mandado contra o doleiro, após receber novos documentos no âmbito de outro processo.

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A decisão liminar de Marcelo Malucelli foi dada no início da tarde desta terça e afirma que a primeira ordem de prisão preventiva foi 'ilegal' porque o TRF4 já havia autorizado o uso de tornozeleira eletrônica pelo delator.

"Estabeleceu a 8ª Turma desta Corte as medidas que entendeu pertinentes, e que subsistem, registro, sem qualquer objeção por parte do Ministério Público Federal", escreveu.

A prisão preventiva havia sido decretada de ofício pelo juiz Eduardo Appio no âmbito de uma representação fiscal para fins penais apresentada pela Receita Federal.

"O acusado não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros", justificou o juiz.

A nova ordem de prisão contra Youssef cita 'elementos de convicção devidamente fornecidos pela Polícia Federal na manhã de hoje' e vale até 2033. A decisão foi tomada na audiência de custódia realizada mais cedo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou pela primeira vez que, quando estava preso em Curitiba, tinha uma ideia fixa e a declarava quando recebia visitas formais de procuradores e delegados na cadeia. Segundo o petista, em todas as visitas as autoridades lhe perguntavam se estava bem. Lula diz que dava sempre a mesma resposta: "Só vai ficar bem quando eu f**** com o Moro".

O presidente foi condenado e preso por sentença assinada pelo então juiz Sergio Moro (União Brasil), hoje senador pelo Paraná. O petista foi acusado de se beneficiar de desvios de recursos na Petrobras a partir de investigações na operação Lava Jato. A condenação acabou anulada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente e Moro parcial ao julgar Lula.

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A revelação de Lula sobre os dias da prisão foram feitas durante entrevista ao site 247. O presidente disse acreditar que a Lava Jato foi orquestrada pelo Ministério Público junto com autoridades do governo dos Estados Unidos para atacar as empreiteiras brasileiras.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta terça-feira (21), que é preciso fazer com que novas empresas de engenharia cresçam e se desenvolvam no País. Ele voltou a criticar a Lava Jato e disse que a operação poderia ter prendido um empresário que roubou, mas mantendo o funcionamento da empresa.

"O que não pode é quebrar empresa como quebrou", disse.

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"Muitos confessaram que fizeram bobagem e se fizeram bobagem tem que pagar o preço de fazer bobagem. O que não dá é para um País do tamanho do Brasil, com as empresas de engenharia que tinha, ter de trazer empresas chinesas, espanholas ... para fazer uma obra qualquer", disse, durante entrevista à TV 247, ao comentar sobre as consequências da Operação Lava Jato.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta segunda-feira (20), o trancamento de três ações de improbidade administrativa que atingiam o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), no bojo da extinta Operação Lava Jato. O decano ainda determinou o levantamento de todos os bloqueios de bens decretados contra Lira no âmbito dos processos.

A avaliação de Gilmar Mendes é a de que as ações se debruçam sobre fatos parecidos ou idênticos aos relatados na denúncia do chamado "quadrilhão do PP" - acusação rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro destacou que a Corte máxima rejeitou integralmente as acusações contra Lira e seu pai, Benedito, e assim considerou que a tramitação de ações de improbidade, na esfera civil, sobre os mesmos fatos, seria uma tentativa de "contornar o entendimento" firmado pelo STF.

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Segundo Gilmar, os elementos para fundamentar os processos em primeiro grau são equivalentes ao acervo apreciado e rejeitado pelo Supremo, que "assentou categoricamente a fragilidade da narrativa sustentada pelo Estado-acusador". "Assim, compulsando o conteúdo das petições iniciais, concluo que a propositura da ação de improbidade administrativa em primeiro grau de jurisdição, fundada no mesmo acervo probatório, corresponde a uma tentativa de contornar o entendimento firmado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Inquérito 3.994/DF", ressaltou.

As ações em questão já estavam suspensas por medida liminar - decisão provisória, dada em casos urgentes - concedida por Gilmar Mendes em abril de 2021. Duas delas foram movidas pela Advocacia-Geral da União (AGU) e a outra, pelo Ministério Público Federal (MPF).

Em um dos processos, a Justiça Federal no Paraná bloqueou, em fevereiro de 2017, bens no valor de R$ 10,4 milhões de Lira e de seu pai, Benedito. A medida foi tomada pelo juiz Flávio Antônio da Cruz, da 11.ª Vara Federal de Curitiba, em dezembro de 2016, a pedido da AGU no âmbito de uma ação de improbidade administrativa aberta a partir de informações sobre suposto envolvimento dos parlamentares em desvio de verbas da Petrobras para custear as campanhas eleitorais de pai e filho em 2010.

À época, a AGU atribuiu "condutas ímprobas praticadas por Benedito de Lira, enquanto atuava como deputado federal e por seu filho, Arthur Cesar Pereira Lira no exercício do mandato de deputado estadual, por conta de vantagens indevidas auferidas junto a Alberto Youssef (doleiro da Lava Jato), Ricardo Pessoa (empreiteiro delator) e Constran S/A".

A decisão foi proferida no bojo de uma reclamação impetrada no Supremo após a Segunda Turma da Corte máxima arquivar a denúncia de organização criminosa apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara e outros três parlamentares no caso conhecido como "quadrilhão do PP". O resultado marcou mais uma derrota da Operação Lava Jato no Supremo.

Ao acolher o pedido da defesa de Lira e trancar as ações de improbidade, Gilmar Mendes relembrou da decisão da Segunda Turma do STF, ressaltando que o colegiado não "se limitou a reconhecer a ausência de suporte probatório mínimo para a ação penal", mas também "apresentou argumentos que apontam para a não participação dos réus em atos ilícitos, reconhecendo expressamente a fragilidade da narrativa construída" em desfavor de Lira e de seu pai.

"Incide, portanto, a remansosa jurisprudência da Corte no sentido de que a mesma narrativa fática que deu ensejo a um juízo de certeza negativo na esfera criminal não pode provocar novo processo no âmbito do direito administrativo sancionador", ressaltou.

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu cinco ações penais abertas na esteira da falecida Operação Lava Jato com base em provas obtidas a partir do acordo de leniência da construtora Odebrecht, declaradas inválidas pela Segunda Turma da Corte.

A decisão atende pedidos de alvos emblemáticos da extinta força-tarefa: o ex-senador Edison Lobão, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Pinheiro da Silva, o suposto operador financeiro do ex-governador do Paraná Beto Richa, Jorge Atherino, e o advogado Rodrigo Tacla Duran.

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De saída do STF, aposentadoria marcada para maio, Lewandowski estendeu aos antigos investigados da operação a medida que beneficiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em decisão posteriormente confirmada pela Segunda Turma do STF, o magistrado anulou, em 2021, provas produzidas contra o petista no acordo de leniência entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal.

A avaliação do ministro é que o acervo de provas estaria comprometido porque as negociações da extinta força-tarefa com a Odebrecht foram instruídas pelo então juiz Sérgio Moro, também responsável pela homologação do acordo.

Nos despachos, Lewandowski explicou a 'imprestabilidade' dos elementos de prova obtidos a partir do acordo de leniência da Odebrecht. Segundo ele, 'a própria cadeia de custódia e a higidez técnica dos elementos probatórios obtidos pela acusação por meio dessas tratativas internacionais encontrava-se inapelavelmente comprometida'.

Uma das ações agora travada se debruça sobre suposta corrupção no contrato das obras da Usina de Belo Monte. Nesse processo constam como réus Lobão, seu filho Márcio, sua nora Marta e outros dois acusados. A denúncia relata supostos pagamento ilícitos, entre 2011 e 2014, no valor de R$ 2,8 milhões, por intermédio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, a famosa 'máquina de propinas' da empreiteira.

Já o processo sobre o almirante Othon Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, apura crimes ligados à construção do Estaleiro e Base Naval da Marinha em Itaguaí, no Rio. O Tribunal de Contas da União apontou sobrepreço de R$ 406 milhões na obra.

Na lista de processos travados há ainda uma ação que envolve Jorge Atherino - suposto operador financeiro do ex-governador do Paraná Beto Richa - em tramitação na Justiça Eleitoral do Paraná e também um procedimento na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiva que envolve Rodrigo Tacla Duran, advogado que trabalhou para a Odebrecht.

O juiz Eduardo Appio, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, determinou que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, entregue seis carros de luxo confiscados na Operação Lava Jato.

A frota inclui dois Porsche Cayenne, um Ford Fusion, um Ford Edge, um Hyundai Tucson e um Passat Variant Turbo. Os veículos foram registrados em nome da empresa 'Jesus.com'.

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Os carros estavam bloqueados desde outubro de 2016 por ordem do então juiz Sérgio Moro. Eles não podiam ser vendidos ou transferidos, mas permaneceram com a família de Eduardo Cunha, que ficaram como depositários dos veículos. O bloqueio foi determinado na mesma decisão que mandou prender preventivamente o ex-deputado.

A força-tarefa da Lava Jato afirma que os carros foram comprados com dinheiro de propina. O novo juiz da operação deu cinco dias úteis, a contar da intimação, para que Cunha apresente e deposite os veículos judicialmente.

"Revogo, por conseguinte, o respeitável despacho judicial deste Juízo Federal (nos autos de pedido de prisão preventiva de Eduardo Cunha 5052211-66.2016.4.04.7000 - decisão do evento 03 do então juiz federal Sérgio Moro) o qual havia autorizado que o acusado Eduardo Cunha (e seus familiares) ficassem na posse dos veículos de luxo", escreveu Eduardo Appio.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a rejeição de denúncia apresentada pela própria PGR contra a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo no âmbito da investigação da Operação Lava Jato.

A denúncia acusava Gleisi e Paulo Bernardo de participarem de esquema de corrupção e receberem propina de R$ 1 milhão da Odebrecht proveniente de lavagem de dinheiro na Petrobras. Ainda segundo a denúncia, Gleisi seria uma das mais beneficiadas pelo esquema.

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Agora, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, disse que foi feita uma "reavaliação do entendimento anteriormente exposto, a partir de uma análise aprofundada das teses defensivas apresentadas pelos denunciados" e que a PGR entendeu que não foram apresentadas provas mínimas para a instauração de um processo.

Lindôra apontou que outros petistas foram absolvidos em decisões da primeira instância com o entendimento de que não há "indícios de estabilidade e permanência" da suposta organização criminosa.

"Analisando as razões de decidir adotadas pelo juízo de primeira instância, não obstante a denúncia narre que os denunciados Gleisi Hoffmann e por Paulo Bernardo receberam valores ilícitos de empreiteiras a título de propina oriunda de contratos celebrados com órgãos públicos da Administração Pública direta e indireta, não há na denúncia prova autônoma do crime de organização criminosa a amparar a justa causa", escreveu a procuradora na manifestação.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que o afastamento do juiz da Lava Jato Marcelo Bretas já era esperado por ele que, “em nada me surpreendeu”. Temer também apontou, em nota publicada no seu Instagram nesta quarta-feira (1º), que “a história costuma corrigir as versões”. 

Marcelo Bretas chegou a mandar prender Temer no dia 21 de março de 2019, pela operação Lava Jato. O mandado era baseado em um acordo de delação que, segundo a acusação, o ex-presidente teria cometido os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos da Eletronuclear com a empresa de engenharia Engevix. Ele foi solto quatro dias depois. 

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“A decisão do Conselho Nacional de Justiça, no caso do juiz Marcelo Bretas, em nada me surpreendeu. Era o que eu esperava. A história costuma corrigir as versões quando elas não espelham os fatos. Acima de tudo, o CNJ puniu o método que, até recentemente no Brasil, privilegia a militância e as ambições pessoais em detrimento da justiça. Isso é o que, como constitucionalista e ex-presidente da República, me tranquiliza”, disse na nota. 

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O CNJ decidiu pelo afastamento de Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, por supostas irregularidades na condução dos processos. Duas das três reclamações feitas contra Bretas analisadas pelos conselheiros em sessão sigilosa têm como origem delações premiadas de advogados que declararam ocorrências irregulares do magistrado na condução dos processos. 

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio de votação secreta, realizada nesta terça-feira (28), decidiu por afastar o juiz federal Marcelo Bretas da Lava Jato no Rio de Janeiro. A votação foi encerrada com 11 votos a 4 em favor do afastamento.

Bretas está sendo sendo investigado sob suspeita de parcialidade na condição da operação no estado, por ter proximidade com algumas pessoas envolvidas, incluindo políticos diretamente relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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O processo administrativo aberto contra Bretas foi feito por advogados do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), baseado em uma reportagem da revista Veja, que reúne indícios de que o então juiz tinha envolvimento com procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro. Uma das acusações é de que tenha negociado delações premiadas após ter assumido a operação.

Marcelo Bretas já possui histórico de punição, por superexposição, quando um juiz comenta abertamente processos em andamento, e autopromoção, conforme a Lei da Magistratura.

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