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SALVADOR (BA) - Na tarde desta quinta (20), mais de 20 mil pessoas, do movimento Passe Livre Salvador, se concentraram na Praça do Campo Grande, no bairro de mesmo nome, às 14h. Com cartazes, faixas, mascarás, mochilas equipadas com panos, vinagre e óculos de natação, os manifestantes seguiram em direção à Itaipava Arena Fonte Nova, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA). Na assembleia realizada por integrantes do movimento, durante a concentração, foram definidos 24 pontos de pauta.
Além das pautas, os integrantes do Passe Livre Salvador também se posicionavam contra o projeto de Cura Gay, aprovado na Câmara dos Deputados, nesta terça (18), que pretende liberar psicólogos e psiquiatras para medicar a população gay no Brasil. As faixas sinalizavam críticas à corrupção e também houveram participantes questionando o lema do Passe livre ‘o gigante acordou’. Na entrada do Dique do Tororo, no Vale da Graça, com acesso para Arena Fonte Nova, o Comando da Polícia entrou em confronto com os manifestantes.
Precauções e Prevenções – Os manifestantes do movimento Passe Livre Salvador lançaram, nesta segunda (17), um documento, via internet, informando formas de precaução, preparo e prevenção pra quem participasse da manifestação. Mafá Santos, de 22 anos, participou pela primeira vez do protesto. Ela disse não saber dos comandos da polícia no percurso de acesso à Arena Fonte Nova, em Salvador. “Fiquei impressionada quando vi tanto policial na subida pra cá”, afirmou ela.
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A manifestante não esperava que acontecesse atos violência durante o protesto. “Se algo acontecer eu não tenho certeza se estou preparada. A gente sempre pensa que vai agir de uma forma e acaba agindo de outra”, afirmou. “O pessoal do movimento lançou na internet um documento que ensinava a trazer vinagre por causa do gás lacrimogênio e andar em grupos ”, conta. Ela não levou o vinagre, mas estava em um grupo de nove pessoas e recrutando mais.
A experiência também conta – Paulo Victor, de 19 anos, participou da Revolta do Busú, também em Salvador, no ano de 2009. De acordo com ele, participar da manifestação o fez perceber a discussão de mobilidade urbana e aprender coisas práticas em caso de uma manifestação de rua. “A Revolta do Busú não estava associada ao Passe Livre, mas aprendi a importância do transporte urbano”, explicou. “Aqui, inclusive, tem alguns juristas e equipes médicas preparadas para estar no ato”, enfatizou. O manifestante estava de calça de jeans, bandana no pescoço, blusa de manga e mochila nas costas.
O confronto – Por volta das 16h, as pessoas envolvidas no movimento encontraram a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), a Tropa de Choque de Salvador e a Cavalaria, no Vale dos Barris. Ao tentar ter acesso à rua, a PM-BA disparou bombas de gás lacrimogênio e em seguida tiros de borracha sobre os manifestantes. Uma pessoa, que não quis revelar o nome, informou que por volta das 18h, alguns manifestantes deitaram no chão e a Cavalaria passou sobre eles.
“As pessoas deitaram pedindo paz e a Cavalaria as pisoteou ”, informou. Ainda às 19h, o acesso aos ônibus na Avenida Heitor Dias, no largo do Campo Grande, foi interrompida devido ao tratamento da Polícia de Choque. “Aqui não tá pegando ônibus, tem que descer para o Vale do Canela”, avisou uma manifestante que estava passando. Meia hora depois, ouvia-se os estouros das bombas de gás na Praça do Campo Grande.
Na Avenida Sete de Setembro, lojas foram arrombadas e saqueadas. O confronto policial seguiu os manifestantes até o Farol da Barra e no Shopping Iguatemi. Em nota, a PM, informou que as ações desenvolvidas estão em consonância com os padrões técnicos e legais do uso progressivo da força.
PAUTAS DEFINIDAS PELO MOVIMENTO PASSE LIVRE SALVADOR
Confira a lista de reivindicações:
1. O Passe Livre é pauta prioritária do movimento
2. Assegurar Passe Livre para estudantes e desempregados
3. Auditoria das contas do metrô
4. Auditoria das contas “caixa-preta” do SETPS
5. Reativação do Conselho Municipal de Transporte
6. Estabelecer o Conselho da Cidade com caráter deliberativo
7. Lutar contra a privatização da Estação da Lapa
8. Lutar pela municipalização do transporte
9. Lutar pela estatização das empresas de transporte
10. Assegurar transporte 24 horas
11. Lutar por uma melhor política de mobilidade urbana
12. Implantação de ciclovias em toda a cidade
13. Lutar pela Tarifa Zero
14. Auditoria dos gastos da Copa
15. 10% do PIB para educação pública, gratuita, e de qualidade
16. Anulação da PEC 37
17. Lutar contra a criminalização dos movimentos sociais
18. 100% do Pré-sal e da Petrobrás para financiamento estatal
19. Aumento em mais de 100% nos alimentos de Cesta básica
20. O repúdio do movimento à mídia golpista, que busca manipular o movimento
21. O movimento se articulará com as pautas das manifestações que estão ocorrendo nacionalmente
22. Fazer uma carta aberta com as pautas do movimento
23. Mobilizar de forma criativa, dialogar com grupos artísticos
24. Convocar demais movimentos sociais para compor as manifestações