Tópicos | miliciano

O filho de 9 anos de Antônio Carlos da Costa Pinto, o Pit, miliciano de 44 anos morto na última sexta-feira (29) na comunidade Três Pontes, zona oeste do Rio de Janeiro, morreu neste sábado (30). A criança estava internada em estado gravíssimo no Hospital Municipal Miguel Couto, desde a última sexta, quando ela e o pai foram atingidos por disparos de armas de fogo, no bairro de Paciência, região dominada por grupos milicianos. O óbito foi confirmado pela secretaria de saúde da cidade.

Pit era tratado como possível sucessor de Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, antigo chefe do grupo criminoso na zona oeste do Rio, que se entregou à Polícia Federal no último domingo (24). As causas das mortes de Pit e do seu filho, Allef Miguel Martins Pinto, estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

##RECOMENDA##

Conforme os dados do Instituto Rio de Paz, este é o 14º caso de criança ou adolescente que morre no Estado do Rio de Janeiro por arma de fogo em 2023. Segundo a organização, este ano atingiu o maior número de mortes deste tipo desde 2007, quando a entidade começou a fazer o levantamento. Com o óbito de Alef, o total de vítimas registradas pelo instituto é de 105.

Na última sexta, agentes do 27°Batalhão da Polícia Militar (Santa Cruz) foram acionados para atender uma ocorrência de possível atentado na comunidade Três Pontes, em Paciência. No local, os policiais já encontraram Pit sem vida, dentro de um carro e com marcas de tiro. Alef precisou ser socorrido e recebeu os primeiros cuidados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paciência, antes de ser transferido para o Hospital Municipal Miguel Couto.

A mesma ocorrência também resultou na morte de outro homem, Leonel Patrício de Moura, de 36 anos, cujo corpo, segundo a Polícia Militar, foi encontrado em Santa Cruz, bairro vizinho de Paciência. A ação também deixou outras duas pessoas feridas, que foram socorridas para hospitais da região. "Foram realizadas perícias nos locais e testemunhas foram ouvidas. Diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação dos crimes", informou a Polícia Civil em nota.

Sucessão no comando da milícia

Pit vinha sendo apontado como sucessor de Zinho no comando da milícia depois que o antigo chefe se entregou Polícia Federal no último domingo, 24.

Pit foi preso em maio de 2019 pelo crime de organização criminosa e por integrar a milícia da zona oeste do Rio, então capitaneada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, irmão de Zinho, e que foi assassinado em 2021 em confronto com a polícia.

Na época, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) cita que Pit era um dos responsáveis pela região do Complexo do Cesarinho, em Santa Cruz, e que possuía "atuação de destaque na organização criminosa". O miliciano foi solto meses depois.

Após se entregar, Zinho está atualmente preso na Penitenciária de Bangu 1, de segurança máxima. Até a rendição, ele vinha sendo apontado como chefe da milícia da zona oeste do Rio, desde a morte de Ecko. Segundo as investigações, Zinho ascendeu à liderança da milícia muito em função das habilidades que tem com contas e administração do dinheiro.

Em outubro, Faustão, braço direito de Zinho e até então considerado o segundo na hierarquia do grupo, foi assassinado durante confronto com agentes da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz.

Em retaliação à morte de Faustão, os milicianos fizeram ataques em série contra veículos nas ruas da zona oeste do Rio no dia 23 de outubro. Na ocasião, ao menos 35 coletivos foram incendiados. Segundo o sindicato das empresas de ônibus do Rio de Janeiro, foi o maior ataque a ônibus da história do município.

Após a maior ação das milícias contra o transporte público e depois do envio de 300 agentes da Força Nacional e 270 policiais rodoviários federais para reforçar a segurança no Rio, o governo federal estuda enviar mais integrantes das Forças Armadas para o Estado. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que avalia a hipótese de criar o Ministério da Segurança Pública, pasta separada da Justiça, conforme explicou no programa semanal Conversa com o Presidente, do Canal Gov.

Segundo Lula, o governo federal analisa como interagir com os governos estaduais, que são legalmente responsáveis pela segurança. "Vamos discutir como é que a gente pode participar mais, como acionar mais a PF (Polícia Federal), como pode fortalecer a Força Nacional, como pode utilizar as Forças Armadas participando como força auxiliar, sem passar a ideia para a sociedade de que Forças Armadas foram feitas para combater o crime organizado. Não é esse o papel das Forças Armadas e não vamos fazer isso", disse Lula. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também confirmou que está em estudo um ministério para cuidar exclusivamente da Segurança Pública.

##RECOMENDA##

DETALHE

Em relação ao uso das Forças Armadas no Rio, não se trata de fazer nova intervenção federal, como a que foi decretada em fevereiro de 2018 por Michel Temer. Segundo o presidente Lula e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, os integrantes das Forças Armadas teriam a função de complementar o policiamento, que continuaria sob o comando do Estado. Durante a intervenção, o general Walter Braga Netto foi nomeado secretário de Segurança.

"Está em debate nesse momento no governo (...) o eventual ingresso das Forças Armadas (na segurança pública do Rio de Janeiro), com papel complementar. Nós não podemos e não vamos substituir o papel do governo do Estado, em respeito à Constituição, à autonomia federativa, mas nós estamos apoiando, e a diretriz do presidente Lula é aumentar esse apoio, quem sabe até, nos próximos dias, com a participação das Forças Armadas para nos ajudar nesse trabalho, complementar aquilo que as forças policiais vêm fazendo", afirmou o ministro.

"Nós não queremos pirotecnia, não queremos fazer uma intervenção no Rio de Janeiro como já foi feito e que não resultou em nada", afirmou Lula. "Nós não queremos tirar a autoridade do governador, tirar a autoridade do prefeito. O que nós queremos é compartilhar com eles, trabalhar junto com eles uma saída." O presidente ainda afirmou que "esse governo não vai se esconder e dizer que é só problema dos Estados". "Eu já conversei com o Flávio Dino e vou conversar com o Múcio (Defesa). Vamos usar a estrutura dos Ministérios da Justiça e da Defesa para ajudar a combater o crime organizado e a milícia no Rio."

As medidas são anunciadas após uma série de ataques de milicianos queimarem 35 ônibus, e paralisarem linhas de ônibus e trens, supostamente como represália após a morte do sobrinho de um dos líderes da organização. Pesquisas internas mostraram desgaste do governo com o tema da segurança pública. Os sucessivos problemas de segurança na Bahia e no Rio, apesar de serem questões estaduais, vêm pressionando o governo federal a agir.

FORÇA-TAREFA

No fim da tarde, o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, que está no Rio, reuniu-se com o governador Cláudio Castro (PL) e debateu uma proposta, apresentada por Castro, para criar uma força-tarefa especializada em identificar e confiscar os bens das facções criminosas. "Seria um grupo de inteligência, composto por órgãos estaduais e federais, para enfrentar os crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. As organizações criminosas utilizam técnicas variadas para lavar o dinheiro, e asfixiar financeiramente essas organizações é decisivo para desmontar essas quadrilhas", disse o secretário. Além dos agentes da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal, estão no Rio 20 policiais civis voltados a investigar pessoas ligadas ao crime organizado ou ao tráfico de drogas e de armas.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (24), que o Brasil "tem um problema crônico no combate ao crime organizado" ao comentar a série de ataques a ônibus que afetou a zona oeste do Rio nesta segunda-feira (23). Ele disse ter conversado com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e que vai conversar com o titular da Defesa, José Múcio, para usar a estrutura dessas pastas no combate ao crime organizado e à milícia no Estado.

"Esse governo não vai se esconder e dizer que é só problema dos Estados. Eu já conversei com o Flávio Dino e hoje vou conversar com o Múcio. Vamos usar a estrutura dos Ministérios da Justiça e da Defesa para ajudar a combater o crime organizado e a milícia no Rio. Nós queremos compartilhar as soluções dos problemas dos estados com o governo federal", informou o presidente.

##RECOMENDA##

Lula acrescentou ainda que é necessário reunir prefeitos e governadores junto ao governo federal para "pensar soluções conjuntas". "A liberação das armas, de forma atabalhoada, fez com que o crime organizado se apoderasse de mais munição e vimos isso nos últimos anos", afirmou.

Ao menos 35 coletivos foram incendiados na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo o sindicato que reúne as empresas de ônibus da capital. Segundo a Polícia Civil, os ataques foram praticados por um grupo de milicianos em represália à morte de Matheus da Silva Rezende, que era conhecido com Faustão ou Teteu, durante confronto com policiais civis numa favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste.

"Nós estamos com o povo do Rio de Janeiro. Vamos compartilhar as soluções com o governo local para que o Rio possa voltar aos jornais pelas suas belezas e o que tem de melhor", acrescentou o presidente.

Lula disse já ter conversado também com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). A intenção, reforçou o presidente, é que a Aeronáutica "possa ter intervenção maior nos aeroportos" e a Marinha, nos portos. "Vamos combater mais o crime organizado, o narcotráfico e o tráfico de armas", disse ele, ao comentar também que a "Polícia Federal vai agir com mais força".

O Rio de Janeiro conta desde o dia 16 de outubro com o reforço de 570 agentes federais para incrementar a segurança em áreas de risco e no patrulhamento de estradas e rodovias. Do total, 300 deles integram a Força Nacional (FN) e 270 são agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

"Vamos ampliar a nossa presença no Rio, com mais agentes, mais viaturas e mais trabalho de inteligência", disse na oportunidade o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

'Toda a força do Rio (está) na rua', diz Castro

O governador Cláudio Castro declarou nesta terça-feira que as forças de segurança do Estado "continuam em estágio de máximo alerta", e afirmou que o efetivo policial está todo nas ruas da cidade.

"Minha orientação é para toda a força do Rio de Janeiro na rua. Viaturas, carros, blindados, helicópteros, drones, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar. A administração penitenciária também com nível máximo de cuidado e de alerta. Até estar totalmente estabilizado, assim vai ser a nossa postura. Uma postura muito na rua, para garantir que o cidadão tenha tranquilidade e o seu direito de ir e vir preservado", disse o governador, em entrevista no início da manhã.

Ele disse que metade das 12 pessoas detidas na segunda-feira por suspeita de participação nos ataques foram liberadas.

"Das 12 pessoas que foram detidas ontem (segunda), seis foram confirmadas a prisão - temos indícios de autoria e materialidade -, e outras seis, por falta de indícios, foram soltas. Mas as investigações e monitoramento dessas pessoas continuam". Ainda segundo o governador, outros dois suspeitos foram presos pela manhã.

Um dia após ataque no Rio de Janeiro, o BRT Transoeste, corredor de ônibus que atende a zona oeste da cidade, iniciou a manhã desta terça-feira, 24, com o serviço praticamente normalizado, conforme informou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), direto do Centro de Operações Rio (COR-Rio), órgão da prefeitura que monitora a cidade por meio de câmeras.

Por volta das 7h40, o corredor já estava com os intervalos normalizados. "Estou acompanhando a situação dos transportes na cidade aqui do Centro de Operações Rio. O BRT Transoeste praticamente normalizado. Diretões começaram a circular e SPPO ainda em 50% da sua frota na zona oeste com impactos também na frota de Barra/Jacarepaguá", disse Paes. Posteriormente, ele citou que o porcentual das linhas de ônibus regulares, que estava em 50%, passou para 80% por volta das 7h30.

Ainda no fim da madrugada, a Supervia informou que excepcionalmente nesta terça-feira, a circulação de trens no ramal Santa Cruz teve início às 4 horas e não haverá partida de trens expressos e dos especiais de Campo Grande.

Castro voltou a afirmar que os alvos da polícia são os líderes de grupos criminosos que atuam no Rio de Janeiro, e descartou a possibilidade de realização de qualquer tipo de acordo com os criminosos. "Não há nenhuma espécie de acordo, nem com tráfico, nem com milícia, nem com ninguém", sustentou.

"Realmente nós estamos atrás, fazendo exatamente o que eu prometi fazer: ir atrás dos líderes. Ontem (segunda) tiramos de circulação um dos maiores líderes de milícia do Brasil, que era conhecido como ‘senhor da guerra’ deles, que era conhecido por juntar tráfico e milícia e fazer as famosas narcomilícias. Infelizmente, a reação deles foi desproporcional, coisa que nunca foi vista antes."

Morte de miliciano desencadeou ataques

Matheus da Silva Rezende, de 24 anos, é sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que desde 2021 é o líder do principal grupo miliciano que atua no Rio. Resende era o segundo na hierarquia do grupo, segundo a polícia.

Ele foi morto durante confronto com policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa mesma operação, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Medicada, ela passa bem.

Depois da morte, os ônibus começaram a ser atacados e incendiados. Segundo o sindicato das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do Rio. São 20 de linhas municipais, cinco do BRT e dez avulsos, de fretamento. Também foi colocado fogo em um trem.

A tarde de pânico na zona oeste do Rio nesta segunda-feira (23), quando ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados, foi uma reação do principal grupo miliciano carioca à morte de Matheus da Silva Resende, conhecido pelos apelidos de Faustão e Teteus, segundo a polícia.

Ele morreu durante confronto com policiais civis ocorrido pela manhã em uma favela dominada por essa milícia na zona oeste do Rio. Resende era sobrinho do chefe da quadrilha e segundo na hierarquia do grupo criminoso.

##RECOMENDA##

Aos 24 anos, Resende era o "senhor da guerra" da milícia liderada por seu tio, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, segundo afirmou nesta segunda-feira o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). "(Resende) Era o responsável pela união entre tráfico e milícia, fazendo as narcomilícias", disse.

Castro declarou também que a polícia "não vai sossegar" enquanto não prender os três maiores milicianos do Rio, conhecidos pelos apelidos de Zinho, Tandera e Abelha.

A milícia de Zinho atua em três bairros da zona oeste (Santa Cruz, Campo Grande e Paciência) e, segundo estimativa da polícia, arrecada de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões por mês, com cobrança por oferecer suposta segurança privada a moradores e comerciantes e vender botijões de gás, sinal de internet e até galões de água.

A Polícia Civil considera que o miliciano estava sendo preparado para substituir o líder da quadrilha, seu tio Zinho - que, por sua vez, assumiu o comando do grupo criminoso em função da morte do irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021. Resende era o responsável pelas ações armadas da milícia. Foragido, era um dos criminosos elencados no Portal dos Procurados, do Disque Denúncia.

Em setembro, Resende foi um dos seis denunciados à Justiça pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) como responsáveis pelo assassinato do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, ocorrido em agosto de 2022 na zona oeste do Rio. Ex-policial civil, Jerominho foi preso em 2007 acusado de fundar a Liga da Justiça, a quadrilha de milicianos hoje comandada por Zinho. Condenado, passou 11 anos detido.

Segundo o Ministério Público do Estado do Rio, Jerominho tinha planos de retomar o comando da milícia e, por isso, foi morto pelos comparsas de Zinho, entre eles o sobrinho morto neste segunda-feira.

Pânico na zona oeste

Depois da morte de Resende, ônibus começaram a ser atacados e incendiados. Segundo o sindicato das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do Rio. São 20 de linhas municipais, cinco do BRT e dez avulsos, de fretamento.

Pneus também foram incendiados e veículos atravessados em vias expressas da cidade. Pelo menos 32 escolas interromperam as aulas em função dos ataques.

Os 12 homens detidos por suspeita de participação nos ataques aos ônibus na cidade serão mandados para outros Estados, em presídios federais, por praticarem "ações terroristas", segundo o governador.

Ao menos 35 ônibus foram incendiados na tarde desta segunda-feira, na zona oeste do Rio, segundo a prefeitura da capital e a polícia fluminense. O governador Cláudio Castro anunciou que 12 homens foram presos colocando fogo nos coletivos.

Segundo a Polícia Civil, os ataques foram praticados por um grupo de milicianos em represália à morte do vice-líder da quadrilha, ocorrida horas antes, durante um confronto com policiais civis em uma favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste." Às 18h40, o município do Rio entrou em estágio de atenção, o terceiro de uma escala de cinco, o que significa que uma ou mais ocorrências já afetavam a rotina de parte da população.

##RECOMENDA##

HIERARQUIA

Matheus da Silva Resende, de 24 anos, é sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que desde 2021 é o líder do principal grupo miliciano que atua no Rio. Resende, conhecido como Teteu ou Faustão, era o segundo na hierarquia do grupo, segundo a polícia.

Ele foi morto durante confronto com policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na Favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa mesma operação, uma criança de 10 anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida.

Depois da morte, os ônibus começaram a ser atacados e incendiados. O Centro de Operações Rio (COR-Rio), órgão da prefeitura que monitora a cidade por meio de câmeras, informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz, na zona oeste.

Segundo o sindicato das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do município do Rio. São 20 de linhas municipais, 5 do BRT e 10 avulsos, de fretamento. Pneus também foram incendiados e veículos atravessados em vias expressas. No BRT Transoeste, corredor de ônibus que atende a zona oeste, apenas duas linhas estavam funcionando à tarde. As demais foram interrompidas.

Pelo menos 32 escolas interromperam as aulas em função dos ataques. Estações de trem na zona oeste foram fechadas entre Benjamim do Monte e Santa Cruz. Os trens circulavam somente entre as Estações Central e Campo Grande. Um trem chegou a ser abordado por bandidos nas proximidades da estação de Tancredo Neves. O maquinista foi obrigado pelos bandidos a abrir a porta, descer da composição e teve de retornar à estação. Os criminosos atearam fogo à cabine.

'HOMEM DE GUERRA'

Mais cedo, o governador Cláudio Castro havia parabenizado os policiais que participaram da operação que resultou na morte de Matheus da Silva Rezende. "Não vamos parar! Nossas ações para asfixiar o crime organizado têm trazido resultados diários", disse. "Hoje demos um duro golpe na maior milícia da zona oeste. Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como 'homem de guerra' do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio."

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, por sua vez, desqualificou os milicianos nas redes sociais. "Quando o sujeito além de bandido é burro", escreveu.

"Milicianos na zona oeste queimam ônibus públicos, pagos com o dinheiro do povo para protestar contra a operação policial. Quem paga é o povo trabalhador. E, para piorar, tivemos de interromper o transporte na zona oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, os únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais!"

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou nesta segunda-feira, 23, que os 12 detidos por suspeita de participação nos ataques aos ônibus na cidade serão mandados para outros Estados, em presídios federais, por praticarem "ações terroristas". Ao menos 35 coletivos foram incendiados na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo o sindicato que reúne as empresas de ônibus da capital.

Segundo a Polícia Civil, os ataques foram praticados por um grupo de milicianos em represália à morte de Matheus da Silva Rezende, que era conhecido com Faustão ou Teteu, durante confronto com policiais civis numa favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste.

##RECOMENDA##

"Eles estão presos por ações terroristas e, por isso, estarão sendo enviados para presídios federais", disse o governador.

Presos acusados de participação em atos terroristas são levados a presídios federais de segurança máxima devido à alta periculosidade. O entendimento das autoridades é que, em razão do perfil desse tipo de criminoso, se ele permanecer no sistema carcerário estadual poderá manter contato com outros integrantes da facção da qual faz parte.

Não foi revelado para quais presídios federais serão encaminhadas os 12 homens presos nesta segunda-feira no Rio. O Brasil possui cinco penitenciárias federais: Papuda (DF), Campo Grande (MS), Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). Nas federais ficam chefes de facções criminosas, presos condenados por integrar quadrilhas violentas, delatores que estão com a segurança sob risco e envolvidos em tentativa de fuga de presídios comuns.

Castro disse que os ataques não puderam ser combatidos previamente porque não tiveram coordenação, então não foram descobertos pelas equipes de inteligência da polícia. "Hoje nós demos um duro golpe numa das maiores milícias da zona oeste do Rio", afirmou.

Castro declarou também que a polícia "não vai sossegar" enquanto não prender os três maiores milicianos do Rio, conhecidos pelos apelidos de Zinho, Tandera e Abelha. "A grande prova de que estamos no cerco é essa reação descomum que eles estão fazendo", disse o governador.

Matheus da Silva Resende, de 24 anos, é sobrinho de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que desde 2021 é o líder do principal grupo miliciano que atua no Rio. Resende era o segundo na hierarquia do grupo, segundo a polícia.

Ele foi morto durante confronto com policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa mesma operação, uma criança de dez anos foi atingida de raspão na perna por uma bala perdida. Medicada, ela passa bem.

Depois da morte, os ônibus começaram a ser atacados e incendiados. Segundo o sindicato das empresas de ônibus, esse já é o maior ataque a ônibus da história do Rio. São 20 de linhas municipais, cinco do BRT e dez avulsos, de fretamento. Também foi colocado fogo em um trem.

Pelo menos 32 escolas interromperam as aulas em função dos ataques.

Castro também atacou a atuação das milícias. "Me solidarizo com a população. É triste que criminosos usem a população de escudo. É a própria população, que alguns deles dizem defender, que é atacada em um momento desses", disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia não haver fatos para substituir a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Em conversas reservadas, o petista disse não ter visto nada que desabone a ministra, embora ela tenha recebido apoio de milicianos na campanha eleitoral. Daniela do Waguinho - como é conhecida - atribui a adversários as acusações de ligação com miliciano.

"Inimigos querendo me queimar, mas não irão conseguir", escreveu a ministra nesta quarta (4), em uma mensagem de WhatsApp flagrada pela reportagem do Estadão. Lula sempre condenou a aproximação do ex-presidente Jair Bolsonaro com integrantes de milícias. Na sua avaliação, porém, a ministra do Turismo pode ter sido vítima de fogo amigo.

##RECOMENDA##

O Estadão apurou que uma ala do União Brasil, partido de Daniela, quer trocá-la porque ela não foi uma indicação da bancada da Câmara. O nome da ministra foi sugerido pelo presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), e pelo senador Davi Alcolumbre (AP).

Em mensagem no celular, a ministra admitiu o desconforto com o noticiário, que revelou a participação da família do miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, em campanhas dela e na gestão de seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho.

Ex-policial militar, Jura foi condenado e preso por chefiar uma milícia há quatro anos. Mesmo assim, já ocupou cargo na prefeitura do município na Baixada Fluminense, enquanto a mulher dele, Giane Jura, foi cabo eleitoral da ministra, em 2018 e 2022. Preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, Jura teve a permissão para deixar a cadeia para trabalhar revogada pela Justiça.

Diálogos

"Desconfortável hoje. Jornalistas cochichando", disse Daniela ao seu chefe de gabinete na Câmara e futuro secretário executivo do ministério, identificado como Bento. "Talvez seja porque você já está impressionada. Aí as coisas ficam mais gritantes para você", respondeu ele.

A ministra, então, minimizou o abalo emocional. "Não sou dramática. Isso não prosperará. Os trabalhos irão abafar a notícia ruim", disse. Em conversa com um contato identificado como Doutor Santoro H.F., escreveu que não vai abonar crimes de quem quer que seja. "Recebi muitos apoios, mas não respondo por outras pessoas. Não compactuo com qualquer ato ilícito. Cabe à política e à Justiça investigar e julgar casos que são da polícia e da Justiça."

Ontem, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, minimizou as suspeitas de relação de Daniela com integrantes de uma milícia no Rio. Costa também negou que haja pressão do União Brasil para que ela seja demitida e substituída por outro integrante da bancada na Câmara.

"Não tem nada até aqui, nenhuma repercussão ou materialidade concreta que crie algum tipo de desconforto. Se surgirem coisas novas, aí é outra história, mas até o momento não há nada", afirmou o ministro.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também saiu em defesa de Daniela. "Nada do que tem até agora desabona a atitude dessa ministra." O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o fato de haver uma imagem "não significa ter ligação com as atividades eventualmente ilegais dessas mesmas pessoas". Ele sugeriu que a ministra deveria prestar esclarecimento. Segundo ele, hoje em dia políticos tiram fotos com todo mundo.

Daniela foi a deputada federal mais votada do Rio, no ano passado. Na campanha do ano passado, ao lado do marido, aliou-se a Lula e ao PT.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) cobra R$ 20 mil ao deputado federal André Janones (Avante) por chamá-lo de miliciano. O filho de Jair Bolsonaro (PL), pela terceira vez, apresentou ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que que Janones seja notificado por injúria.

O valor solicitado por Carlos Bolsonaro é referente à reparação por danos morais. O vereados também solicita a condenação criminal do deputado federal. De acordo com o site O Globo, oficiais de Justiça tentaram intimar Janones, mas não obtiveram êxito.

##RECOMENDA##

Advogados de Carlos chegaram a fornecer informações sobre contatos para localização do parlamentar e o relator do processo, o ministro Ricardo Lewandowski, determinou a notificação de André Janones no final de agosto.

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, deixou a XV Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indigenas da America Latina (FILAC), realizada na Espanha, após ser atacado pelo indigenista Ricardo Fao, ex-funcionário da Funai, aos gritos de "miliciano" e "bandido".

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra o momento que Fao grita aos participantes que Xavier não merecia estar na reunião . 

##RECOMENDA##

"Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira. Esse homem é responsável pela morte de Phillips. Você é um miliciano, bandido. Vai embora mesmo, vai para fora", gritou Ricardo, se referindo ao  jornalista Dom Phillips e ao indigenista Bruno Pereira, assassinados em junho deste ano.

O vídeo mostra o presidente da Funai deixando o local da reunião após as acusações de Fao, que pede desculpa aos participantes e também deixa o local atrás de Xavier. Confira o vídeo.

[@#video#@]

Em áudio divulgado nesta sexta-feira (8) pelo jornal Folha de S. Paulo, a viúva do ex-miliciano Adriano da Nóbrega, Júlia Lotuffo, afirma que uma antiga companheira do militar foi funcionária fantasma no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A conversa foi gravada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, através da Operação Gárgula, e se refere a um registro de julho de 2019, quando Adriano estava foragido.

No áudio, Júlia se queixa das reclamações de Danielle Mendonça da Nóbrega, ex-mulher do PM executado, sobre as investigações do caso da "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quando ele ainda era deputado. Ouça:

##RECOMENDA##

[@#video#@]

“Aí vem a Danielle e dá ataque que bateram na porta da casa dela e ela não está mais casada com ele. Mas e aí? Não estava levando dinheiro lá? […] Ela sabia muito bem qual era o esquema”, disse Júlia.

A mulher completa: "Ela foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? [...] Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu".

O ex-PM ficou foragido de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020, quando foi morto num suposto confronto durante uma operação policial na Bahia, onde estava escondido. Ele era acusado de comandar a principal milícia da zona oeste do Rio de Janeiro. Adriano também era investigado na ocasião sob suspeita de envolvimento no suposto esquema de "rachadinha'' no antigo gabinete de Flávio.

Danielle trabalhou entre setembro de 2007 e novembro 2018 no gabinete de Flávio, que na época era deputado estadual. O salário variou de R$ 3.000 a R$ 6.000 durante esse período.

Ela foi uma das denunciadas em dezembro de 2020 sob acusação de envolvimento no esquema, mas as provas da investigação foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Cada vez mais dedicado a estruturar a pré-campanha para se fortalecer nas pesquisas, Sergio Moro (Podemos) começou a viajar o Brasil nessa quarta-feira (5). Nome com maior apoio da terceira via, o ex-juiz alfinetou os adversários e se apresentou como opção para reverter a "triste polarização entre pelegos e milicianos".

[@#video#@]

##RECOMENDA##

Ainda no embarque à Paraíba, ao citar 'pelegos e milicianos', Moro enfatizou a suspeita relação do atual presidente e da sua família com os integrantes de milícias do Rio de Janeiro. Como referênciaao ex-presidente Lula, usou o termo pelego, que designava sindicalistas alinhados ao Governo e corrompidos com as causas trabalhistas.

Logo após se filiar ao Podemos, em dezembro do ano passado, o pré-candidato já havia visitado quatro capitais para vender seu livro sobre a atuação na Operação Lava Jato e os impasses que o fizeram abandonar o Ministério da Justiça de Bolsonaro.

Políticos do PSOL ironizaram a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tentou justificar a sua ida para o PL, partido do Centrão. Guilherme Boulos afirmou que Bolsonaro não passaria nem na porta do PSOL. "Aqui não entra genocida nem miliciano".

O presidente, que já está quase certo para se filiar ao PL, que tem como presidente o ex-deputado Valdemar Costa Neto, envolvido em escândalos de corrupção, disse em entrevista que tem gente criticando a sua ida para o PL.

##RECOMENDA##

"Pessoal critica: ah, tá conversando com o Centrão. Quer o quê? Que eu converse com o PSOL? Com o PCdoB? Tem 513 deputados e 81 senadores. Essa é minha lagoa, esses são os peixes na lagoa e eu tenho que convencê-los a votarem nas minhas propostas", declarou.

A menção ao PSOL gerou burburinho nas redes. Confira a reação de outros integrantes do partido. 

[@#video#@]

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta sexta-feira (30), o ex-vereador Cristiano Girão Martins, contra o qual existia mandado de prisão preventiva em aberto por duplo homicídio qualificado. Os agentes também cumpriram um mandado de prisão contra Ronnie Lessa, réu preso - pela morte da vereadora Marielle Franco - apontado pelas investigações como executor do crime, e diversos mandados de busca e apreensão ligados aos alvos nos estados de São Paulo e no Rio de Janeiro.

A operação policial aconteceu após trabalho de inteligência, monitoramento e vigilância do acusado, que foi localizado e preso no bairro Pari, área central da cidade de São Paulo, onde residia atualmente. A ação foi realizada pela equipe da DHC, com apoio da Polícia Civil paulista, para cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça.

##RECOMENDA##

Girão foi surpreendido quando dirigia seu carro, após ter saído, ainda na madrugada, da loja onde dormia para evitar sua localização. Segundo as investigações, ele passou a adotar tal rotina depois da veiculação de notícia que apontava que havia um pedido de prisão contra ele.

De acordo com as investigações, a motivação do duplo homicídio seria uma disputa territorial entre grupos de milicianos comandados por Cristiano Girão contra a facção criminosa liderada por uma das vítimas, que tentava dominar a região da Gardênia Azul, na Zona Oeste, após a prisão do ex-vereador, que buscou retomar o domínio financeiro da organização sobre a comunidade e contratou Ronnie Lessa, mediante pagamento, para a execução do crime.

Ligação com caso Marielle

A viúva do ex-capitão do BOPE e miliciano Adriano da Nóbrega, morto na Bahia, afirmou que a ordem para a execução da vereadora Marielle Franco teria partido de Cristiano Girão. No entanto, essa tese foi refutada por amigos, familiares e companheiros de partido da política.

Presidente da CPI das Milícias em 2008, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), explicou a "carreira" do ex-vereador e ex-bombeiro, que já havia sido preso antes:

[@#video#@]

Morreu neste sábado (12) o miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, considerado o principal chefe de milícia do estado do Rio de Janeiro. Ele foi baleado em confronto durante operação da Polícia Civil e foi socorrido, mas acabou não resistindo.

Ecko foi preso na casa de parentes, na localidade de Três Pontes, em Paciência, zona oeste do Rio, região controlada por sua milícia. A Polícia Civil chegou a divulgar uma foto de Ecko deitado, de olhos abertos, ainda vivo, com uma perfuração abaixo do coração, logo após sua captura.

##RECOMENDA##

A polícia tinha informações de que ele iria visitar a família e deflagrou a operação, batizada de Dia dos Namorados. Além de dominar os bairros da zona oeste, a quadrilha do miliciano também estava se expandindo para a Baixada Fluminense. 

Os milicianos controlam o transporte clandestino, a entrega de botijões de gás, serviços de TV e internet e também cobram a chamada taxa de segurança dos moradores e comerciantes, obrigados a pagar parcelas semanais ou mensais para que não sejam ameaçados pela milícia.

Na manhã desta quarta-feira (19), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou confirmar sua candidatura para 2022, mas comentou sobre os principais concorrentes da disputa e a frágil relação do PT com o PSB em Pernambuco. Apesar do tom apaziguador, ao comentar sobre o presidente Jair Bolsonaro, ele apontou que não gosta de ‘lambe-botas’ e o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) só pensa em si.

O petista reafirmou que ainda não é o momento de discutir sobre a disputa à Presidência e sim de discutir a distribuição de vacinas. "É a única coisa que vai dar liberdade ao povo brasileiro", disse em entrevista à Rádio Folha de Pernambuco.

##RECOMENDA##

Para o gestor, a saída da crise econômica no Brasil passa pela entrega de crédito aos pequenos produtores e investimentos na infraestrutura: "Quando você gera empregos, a Economia começa a girar. Foi assim que nós fizemos, por isso que nós geramos 20 milhões de empregos em nosso país".

Em relação ao presidente Bolsonaro, Lula afirmou que ele "só conversa com miliciano" ao invés de dar atenção às classes mais vulneráveis e tenta “gerar desconfiança” para sustentar seu discurso em relação ao voto impresso. "Quem faz política conversa, quem faz política negocia. Se você não quiser ter contato com todo mundo, quiser ser o carrancudo, não faça política [...] não gosto de lambe-botas. Bolsonaro não foi preparado para ser civilizado, ele foi preparado para ser um miliciano", avaliou.

Questionado sobre os recentes ataques do ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PDT), que o classificou como o "maior corruptor da história brasileira" e já deixou claro que fará campanha para arrancar os votos do petista, Lula minimizou os ataques.

"Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo, mas ele não quer. Se ele não quer, ele não vai ser. O Ciro quer brigar porque ele quer encontrar espaço na política, mas eu não quero brigar. O Ciro não é inimigo, não vou ficar dizendo os defeitos porque o povo já sabe. O problema do Ciro que ele só gosta dele”, disparou.

Policiais civis da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) prenderam, nessa quarta-feira (5), um homem apontado como o principal fornecedor de armas e munições para a principal facção criminosa de tráfico de drogas do Rio de Janeiro.

Publicamente, o suspeito se passava por latifundiário e negociador de cavalos de raça para a prática de hipismo. Ele morava em um condomínio de luxo, na Barra da Tijuca e, segundo a polícia, levava uma vida de ostentação. Segundo o jornal O Dia, o local é o mesmo onde morava o vereador Dr. Jairinho, preso acusado de matar o enteado Henry Borel.

##RECOMENDA##

No momento de sua prisão, ele conduzia um veículo avaliado em mais de R$ 150 mil. O Núcleo de Inteligência da Polícia apurou que este carro seria de propriedade da cunhada de "Marcinho VP", principal líder da organização criminosa e atualmente preso no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.

De acordo com a polícia, o homem tem extensa ficha criminal e responde pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, estelionato, receptação, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito e roubo qualificado.

Investigações apontam que, por trás da imagem de um latifundiário bem sucedido, existia um traficante que articulava a compra de munições vindas dos Estados Unidos para as comunidades dominadas pela facção criminosa. Ele seria o principal fornecedor de armas desta organização, tendo ligação estreita com o próprio "Marcinho VP".

Diálogos transcritos a partir de grampos telefônicos sugerem que comparsas do miliciano e ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega recorreram ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo reportagem do The Intercept Brasil. As conversas integram relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio, elaborado com a quebra de sigilo telefônico e  telemático de suspeitos de ajudar o chefe do Escritório do Crime durante os 383 dias em que esteve foragido.

Após a morte do miliciano, em fevereiro de 2020, os cúmplices fizeram contato com "Jair" e "HNI (PRESIDENTE)", e disseram que iriam conversar com "cara da casa de vidro". Para fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro ouvidas pelo The Intercept, o conjunto de circunstâncias permite a conclusão de que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro. O termo "cara da casa de vidro" seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo e da Alvorada, residência oficial do presidente, com fachada de vidro.

##RECOMENDA##

O Ministério Público do Rio pediu que a justiça encerrasse as escutas após as citações. A postura reforça a ideia de que as referências são a Jair Bolsonaro, pois o MP do Estado não pode investigar o presidente da República. O órgão tem a obrigação constitucional de encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República. A PGR não informou se recebeu a investigação.

Segundo as transcrições, Ronaldo Cesar, o Grande, apontado como um dos elos entre os negócios legais e ilegais de Adriano, diz a uma mulher não identificada que iria ligar para o "cara da casa de vidro". O contato ocorreu horas após a morte do miliciano. Na ligação, Grande demonstra preocupação com questões financeiras.

Quatro dias depois da morte do ex-capitão, Grande fala com HNI (PRESIDENTE) - a sigla significa homem não identificado. O telefonema de mais de cinco minutos foi reduzido na transcrição por duas frases: "GRANDE fala sobre que está tendo problemas com a família devido às divisões dos bens. HNI se coloca à disposição de GRANDE caso venha a ter algum problema futuro" (sic).

No mesmo dia, o nome "Jair" aparece em conversas de outros comparsas de Adriano. O pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher, Ana Gabriela Nunes, segundo as investigações, esconderam o miliciano em uma fazenda da família após ele ter escapado de um cerco policial na Costa do Sauípe, no litoral baiano. Ana Gabriela relata a uma interlocutora identificada como "Nina" que Leandro está querendo falar com Jair".

Minutos depois, Ana Gabriela faz telefonema de um minuto de duração. O documento da transcrição diz que o diálogo se deu entre Ana Gabriela e Jair. A conversa não está transcrita e os analistas apenas reproduzem a frase anterior: "Gabriela diz que Leandro quer falar com Jair".

O analista da Polícia Civil sugeriu que não fossem renovados os grampos do casal nem de Grande. O Ministério Público do Rio aceitou a recomendação. O Intercept questionou o MP sobre os motivos para encerrar as escutas, mas não obteve retorno.

Em 9 de fevereiro de 2020, Adriano da Nóbrega foi cercado por policiais do Rio e da Bahia quando estava escondido no sítio do vereador Gilson Batista Lima Neto, o Gilsinho de Dedé (PSL) em Esplanada-BA. Os agentes contaram que Adriano reagiu a tiros e foi baleado duas vezes.

Em 2005, Adriano foi condecorado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio. O miliciano estava preso preventivamente por assassinar um guardador de carros. Jair Bolsonaro disse que pediu para o filho fazer a homenagem. Flávio também empregou a mãe e a ex-mulher de Adriano em seu gabinete na Alerj.

Em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) reforçou sua ligação com Adriano Nóbrega e contou que o conheceu através de Fabrício Queiroz. O filho do presidente ainda revelou que o ex-capitão do Bope, envolvido na execução da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL), foi seu instrutor de tiro.

Ouvido no inquérito que apura o esquema de ‘rachadinha’ em seu antigo gabinete como deputado, Flávio prestou depoimento no dia 7 de julho. "Conheci Adriano dentro do Bope, ele me dando instrução de tiro. Por intermédio do Queiroz, que serviu com ele no batalhão, não sei qual", disse o senador no depoimento, de acordo com O Globo.

##RECOMENDA##

Flávio nomeou Danielle Mendonça, ex-esposa de Adriano, e Raimunda Veras Magalhães, mãe do miliciano, para integrar seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) ao lado do ex-policial militar Queiroz. Embora tenha recebido uma 'moção de louvor' protocolada pelo então deputado, Adriano teve a carreira manchada pelo envolvimento em crimes e chegou a ser preso por assassinato, 2003.

Enquanto esteve atrás das grades, ele foi visitado por Flávio, que na época emitiu nota se distanciando do miliciano, “não há nenhuma relação de Flávio Bolsonaro ou da família com Adriano”, divulgou. Em 2014, Adriano foi expulso por contravenção e juntou a outros dois ex-policiais para formar o grupo de matadores conhecido como Escritório do Crime. Escondido na Bahia, o ex-capitão foi assassinado em uma troca de tiros com a Polícia Militar em fevereiro deste ano.

Investigações da polícia e do Ministério Público mapearam ao menos sete ligações entre o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, preso desde o dia 18, e o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, morto em fevereiro. A relação entre os dois começou nos anos 1990, quando eram policiais militares, passa por 2003, ano em que a dupla foi alvo de uma investigação de homicídio, e chega pelo menos até dezembro de 2019. Naquele mês, familiares dos dois se encontraram para combinar fuga, de acordo com promotores.

Com a prisão decretada desde janeiro de 2019, capitão Adriano ficou mais de um ano foragido e, para não ser pego, teria contado com uma rede de proteção formada por policiais, políticos e advogados. Um desses "amigos" seria Queiroz, de acordo com a investigação. Assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entre 2007 e 2018, ele é apontado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) como o operador financeiro do suposto esquema de "rachadinhas" e de nomeações fantasmas no gabinete. Ele nega a acusação.

##RECOMENDA##

Queiroz e Nóbrega se conheciam desde os anos 1990, quando entraram na PM. Lotados no 18.º Batalhão da Polícia Militar, no Rio, em 2003, foram alvo de investigação sobre a morte de um suspeito, durante abordagem na Cidade de Deus. A apuração ainda não foi concluída. Nóbrega viria a ser expulso da corporação, envolvido em denúncias de ligação com o jogo do bicho.

Em 2007, Queiroz foi nomeado para o gabinete de Flávio na Alerj. No mesmo ano, a ex-mulher do capitão Adriano, Danielle Mendonça da Nóbrega, foi contratada para trabalhar no escritório. Segundo o MP-RJ, Danielle e Raimunda Veras Magalhães, mãe do miliciano contratada em 2015, receberam R$ 1 milhão de salários da Alerj entre 2007 e 2018, supostamente sem trabalhar.

Os investigadores conseguiram rastrear pelo menos R$ 400 mil sendo "devolvidos" para Queiroz, o que configuraria a "rachadinha". Parte desse dinheiro saiu de contas de restaurantes de Nóbrega.

As investigações também mostram que o miliciano e o assessor se falaram sobre nomeações de familiares e sobre as investigações. O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) sustenta que Queiroz e Nóbrega agiram, desde o início das investigações, para atrapalhar o Ministério Público e a Justiça, com orientação de superiores hierárquicos e de advogados.

Para comprovar essa afirmação, os promotores citam trocas de mensagens em que os dois orientam a ex-mulher do miliciano a faltar a depoimento no MP-RJ no início de 2019. "E ordenar que a mesma não mencionasse em conversas telefônicas crimes praticados na Alerj", diz documento da Promotoria anexado aos autos.

Por fim, em dezembro de 2019, a mulher de Queiroz se encontrou com a mãe de Nóbrega para combinar formas de escapar dos investigadores.

Defesa

O advogado Paulo Emílio Catta Preta, de Brasília, que defendia capitão Adriano em um processo do Rio sobre milícia, e representou a família após a morte do miliciano, assumiu a defesa de Queiroz após a prisão do ex-assessor.

Catta Preta disse que a participação de Queiroz no esquema de "rachadinha" se limitaria ao fato de ele ter sido assessor de Flávio na Alerj. Segundo o advogado, os promotores fizeram uma "leitura absolutamente equivocada" das movimentações financeiras, sem "suficiente suporte empírico" das transações bancárias do cliente.

Flávio Bolsonaro nega todas as acusações.

Pontos de interseção

- Polícia: Na década de 1990, Fabrício Queiroz e Adriano Magalhães de Nóbrega trabalharam na Polícia Militar do Rio. Adriano virou capitão no Batalhão de Operações Especiais (Bope). Foi expulso da corporação em 2014, após ser acusado de envolvimento com crimes vinculados a contraventores do jogo do bicho.

- Assassinato: Em 2003, Queiroz e Nóbrega foram citados em investigação da Polícia Civil para apurar a morte de um suspeito, durante abordagem policial, na Cidade de Deus. Apuração nunca foi encerrada.

- Nomeações: Queiroz foi nomeado para o gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj em 2007. No mesmo ano, Danielle Mendonça da Nóbrega, então mulher de Nóbrega, é nomeada para o gabinete. A mãe do miliciano, Raimunda Veras Magalhães, foi nomeada em 2015. Segundo o MP-RJ, elas nunca trabalharam na Alerj, mas receberam R$ 1 milhão em salários somados.

- Depósitos: O ex-assessor parlamentar recebeu, segundo a investigação, R$ 400 mil de contas ligadas a Danielle e Raimunda. Parte do dinheiro foi transferida de duas contas de restaurantes controlados por capitão Adriano.

- Telefone: Ainda de acordo com a investigação, Queiroz e Nóbrega conversaram, entre 2017 e 2019, para falar de nomeações na Alerj e sobre as investigações. Eles orientaram Danielle a não falar ao telefone sobre esquemas. Segundo o MP, partiu deles a orientação para que Danielle não fosse prestar depoimento.

- Encontros: Entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2019, a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, se encontrou com a mãe do miliciano, Raimunda, e um advogado de Flávio, Luiz Gustavo Botto Maia, em Astolfo Dutra (MG). Para o MP, o objetivo da reunião foi combinar formas de escapar dos investigadores.

- Advogado: O advogado Paulo Emílio Catta Preta passou a representar Nóbrega em 2019, no processo contra a milícia de Rio das Pedras. Após a morte do miliciano, assumiu a defesa da família de Nóbrega. Agora também é advogado de Queiroz.

O Ministério Público no Rio de Janeiro (MP-RJ) estima que o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, possa ter transferido mais de R$ 400 mil para as contas de Fabrício Queiroz, ex-PM apontado como operador financeiro de organização criminosa instalada no gabinete do senador Flávio Bolsonaro quando deputado estadual no Rio.

A indicação consta na decisão do juiz Flávio Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio, que mandou prender Queiroz e sua mulher Márcia Oliveira de Aguiar. O ex-assessor do filho "01" do presidente Jair Bolsonaro foi encontrado na manhã dessa quinta-feira (18), em uma casa em Atibaia (SP) de propriedade d Frederick Wassef, advogado de Flávio. Márcia é considerada como foragida pelo MP-RJ. Queiroz está preso no Rio.

##RECOMENDA##

Adriano foi morto em fevereiro deste ano pela polícia da Bahia, no município de Esplanada. Era apontado por investigadores do Rio como chefe do Escritório do Crime, grupo de pistoleiros da milícia na zona oeste da capital fluminense. Quando ainda era policial militar - chegou a ser capitão do Bope -, Adriano trabalhou com Queiroz no batalhão de Jacarepaguá, também na zona oeste. Ele respondem juntos a um homicídio registrado como "auto de resistência".

A ex-mulher do miliciano, Danielle Mendonça da Nóbrega, e sua mãe Raimunda Veras Magalhães eram empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio. Juntas as duas receberam R$ 1 milhão em salários e devolveram pelo menos R$ 202 mil em transferências identificadas para conta de Queiroz e outros R$ 200 mil ainda não identificados.

Segundo dados de geolocalização obtidos pelos investigadores a partir do rastreio do celular de Raimunda, ela jamais teria aparecido nas cercanias da Alerj no período em que deveria exercer a função pública.

Na representação enviada à Justiça para deflagração da Operação Anjo - que mirou ainda ex-assessores da Alerj, um servidor que foi afastado e um advogado - o Ministério Público do Rio de Janeiro indicou que há registros nos dados bancários de Queiroz que indicam que uma pizzaria administrada por Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano, e uma outra pizzaria administrada pelo próprio miliciano, transferiram R$ 69,2 mil para o suposto operador financeiro de Flávio Bolsonaro.

"Não se pode perder de vista que no período de janeiro de 2016 a janeiro de 2017 foram efetuados 17 depósitos em espécie na conta corrente de Fabrício Queiroz, totalizando R$ 91.796, na agência Rio Comprido do Banco Itaú, localizada na mesma rua dos restaurantes administrados por Raimunda Veras Magalhães", registra ainda a decisão de Nicolau.

Orientações e 'influência' na milícia

O suposto repasse de R$ 400 mil de Adriano para Queiroz foi apontado como um de dois aspectos da relação de Queiroz com grupos paramilitares, ligado à parte econômica, em razão de um suposto enriquecimento associado à milícia carioca. O outro aspecto destacado pelos investigadores é político e foi levantado a partir de suposta "influência" exercida pelo ex-assessor entre os grupos de milicianos.

Em mensagens trocadas com a mulher, Márcia Aguiar, o ex-assessor parlamentar se compromete a "interceder pessoalmente" junto a milicianos em favor de um homem que pede sua ajuda após receber ameaças de paramilitares no Itanhangá, também na zona oeste carioca.

Os promotores também apontaram que em dezembro de 2019, Queiroz sua mulher e o advogado Luiz Gustavo Botto Maia, também ligado ao filho mais velho do presidente teriam orientado a mãe do Capitão Adriano, a ficar "escondida".

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando