O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), por meio do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem, em parceria com a Comissão da Romaria das Crianças, e com o apoio da a Diretoria da Festa de Nazaré, realizou no domingo (11) a II Caminhada pela Vida e pela Paz. A concentração foi às 8 horas, em frente ao Theatro da Paz, e os manifestantes caminharam até a Basílica Santuário, em Nazaré.
Anselmo Costa, coordenador da Romaria das Crianças, afirmou que participaram da caminhada aproximadamente sete mil pessoas. Estiveram presentes familiares de vítimas da violência, estudantes e professores de escolas e universidades e representantes de instituições públicas e entidades da sociedade em geral. “Nos sentimos muito gratos por essas pessoas terem vindo para as ruas, cada vez um número maior, pois nossa cidade está muito violenta”, disse Anselmo. Ele disse que crianças e adolescentes sofrem com a violência nas ruas e ficam à mercê da marginalidade. “Precisamos fortalecer a família, a escola e a fé na igreja, só assim iremos atingir nosso objetivo que é a paz e a vida”, afirmou.
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Para acabar com a onda de violência principalmente envolvendo crianças e adolescentes, que são as maiores vítimas, é preciso trazer essa responsabilidade para cada cidadão, e não apenas responsabilizar os órgãos de segurança e o poder público, afirmou Vanilza Malcher, Juíza do Trabalho da 8a Região e Gestora Regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem. “A família e a sociedade organizada em geral devem se unir. A Diretoria da festa do Círio de Nazaré, através da coordenação da Romaria das Crianças, e a Comissão de Combate ao Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho estão de mãos dadas, para que, conclamando a sociedade, possamos iniciar hoje essa grande mobilização em prol da criança e do adolescente, pela paz, pela vida em sua plenitude e contra a violência”, disse a juíza.
“Com essa caminhada nós pretendemos abrir os olhos da nossa sociedade belenense, paraense, no sentido de que o trabalho infantil existe, é uma das mais graves violências dos direitos humanos e que precisa ser combatido na sua raiz a partir da proteção da infância e da adolescência”, ressalta a desembargadora do Trabalho Maria Zuíla Dutra, que também informou quenão está havendo o cumprimento do art. 227 da Constituição Federal. O artigo trata da proteção integral da infância e diz que: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)".
A desembargadora explicou, ainda, que a campanha é em favor da vida em sua plenitude que está sendo ameaçada pela violência. “ A proteção da vida tem que começar na infância, pois ninguém nasce violento, todos nascem inocentes”, finalizou.
A ONG Movida chamou as famílias das vítimas para que estivessem presentes na caminhada, clamando por paz. “Quero parabenizar a iniciativa das igrejas e das escolas, porque se não houver essa mobilização em massa, nós não vamos conseguir chegar onde nós queremos, que é a paz”, afirmou a presidente do Movida, Iranilde Russo. Fundadora e presidente do Movimento pela Vida (Movida), ONG não governamental e sem fins lucrativos, Iranilde perdeu seu filho, Gustavo Russo, há 12 anos. Ele foi feito refém por um bandido que fugia da polícia. Houve troca de tiros e um dos disparos atingiu Gustavo.
A coordenadora do Curso de Serviço Social da Universidade da Amazônia (Unama), Fábia Jaqueline, disse que a inciativa da Universidade de participar da caminhada foi a partir da conscientização de que todos devem lutar pela vida e pela paz. “O envolvimento dos alunos é fundamental porque eles estão em processo de formação. Hoje, nós temos aqui presentes alunos de todas as áreas da Unama. Está sendo uma participação maciça, o que é fundamental pois nós iremos formar profissionais de excelência, com uma consciência bastante crítica em relação ao combate aessas expressões da violência”, informou a coordenadora.
“Pela própria missão que a Universidade pratica, seria inevitável não estarmos aqui presentes. Até mesmo pelo papel do cidadão que a Unama forma é importante a nossa participação. Lutar pela paz independe de crença, de raça, de escolha familiar”, disse Ana Sabrina Favacho, coordenadora do Núcleo de Carreiras da Unama. Ana Sabrina completou dizendo que trabalhar o cidadão independe do curso escolhido e da área de atuação. “A Universidade cumpre sua missão no momento que ela consegue mobilizar alunos de todos os cursos e mostrar que antes de ser profissional, somos todos seres humanos. A família Unama está reunida aqui nesse momento”, enfatizou Ana Sabrina.
A Basílica de Nazaré teve uma participação direta e efetiva na II Caminhada pela Vida e pela Paz. O reitor da Basílica Santuário de Nazaré e presidente da Diretoria do Círio e da Romaria das Crianças, padre Luiz Carlos, afirmou que este ano o número de participantes foi maior. “Nós como cristãos e como cidadãos não podemos ficar de braços cruzados, temos que nos empenhar para lutar pela vida. Jesus nos deu a vida para que nós a tenhamos em plenitude”, disse o padre, também informando que o objetivo da caminhada foi alcançado, que seria chamar a atenção da sociedade e das autoridades no sentido de trabalhar e assumir compromissos para mudar a realidade de violência e de morte contra a vida das pessoas.
Por Carol Boralli.
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