Neste domingo (09) e no próximo (16), estudantes que não conseguiram realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no mês de novembro vão ter a oportunidade de fazer as provas. Ainda no ritmo da preparação, alguns estudantes possuem dúvidas do que esperar em relação aos conteúdos cobrados, quando comparado com o que foi visto na aplicação regular 2021. Pensando nisso, o LeiaJá conversou com professores para sanar essas questões. Confira:
Para a professora de redação, Fernanda Bérgamo, a dificuldade dos temas cobrados não deve variar. “Vou dar como exemplo a edição de 2016. O tema da primeira aplicação foi ‘caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil’ e o tema da segunda aplicação foi ‘caminhos para combater o racismo no Brasil’. O que normalmente acontece com a banca do Inep é que os temas não tem muita diferença no nível de dificuldade.”, afirmou a professora.
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“Eu tenho certeza que na prova de domingo os textos de apoio vão ajudar muito o candidato. Se o tema for meio surpreende como "o direito do registro civil como caminhos para a cidadania", que foi o da primeira aplicação, ler com muita atenção os textos de apoio vai ajudar o candidato a encontrar caminhos para reflexão, informações importantes e disso tirar a tese e defendê-la apresentado uma solução”, aconselhou Fernanda.
Pamella Soares, professora de português, acredita que os temas principais como variação linguística, gêneros textuais e funções de linguagem devem ser cobrados. “Acredito que os principais, como variação linguística, gêneros textuais e funções da linguagem ainda devem ser contemplados. Entretanto, graças às denúncias em relação a defasagem do banco de questões, acredito que o estilo de questões e os textos que serão abordados devem seguir os mesmos moldes da primeira aplicação.”, afirmou a docente.
Com relação a literatura, a professora aponta: “aposto em textos da escola modernista e nomes, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. É possível vê-los, se não em questões de literatura, em outros aspectos da prova de linguagens. Mas a aplicação de novembro, mostrou que é importante estar atentos às outras escolas, como realismo e romantismo.“, disse.
Já para o professor de história, José Carlos Mardock, a prova não deve surpreender os candidatos. “Não acredito em surpresas com esse Inep. Questões conservadoras e didáticas serão mantidas.”, disse. O docente recomenda os estudantes a prestarem atenção em questões que abordem temas como império, constituição, crises econômicas e guerras. “Em história do Brasil fiquem de olho no Império, tais como, na constituição e política do 1° Reinado. E no 2° Reinado com o Parlamentarismo e o desgaste político, econômico e social do período. Já em Geral, a primeira metade do século XX , com as guerras e crises econômicas provocadas pelos efeitos dos conflitos, tem espaço garantido”, recomenda.
Hilton Rosas, também é professor de história, e por sua vez chama a atenção para as questões objetivas que podem conter “cascas de banana” ou “pegadinhas”. “Não basta conhecer o fato, tem que saber o contexto daquilo que a questão oferece. Podemos esperar questões em História Geral sobre a Europa e América na Segunda Metade do Século XIX, que engloba de Imperialismos á Belle Epoque. Em Brasil, podemos destacar o bicentenário da Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna no Contexto da República Velha“, completou o Rosas.
Para o professor de geografia, Dino Rangel, a prova não deve trazer grandes surpresas, o que pode acontecer é acrescentarem alguns assuntos. “Assuntos que não caíram na primeira prova podem ser cobrados como: biogeografia, vegetação, climatologia e geomorfologia. São assuntos que comumente caem nas provas, mas que não foram muito abordados no último exame que focou mais em assuntos humanos como: industrialização e trabalho. Tiveram apenas uma questão de urbanização e uma de geografia agrária que sempre caem”, afirma.
Segundo Dino Rangel, temas clássicos possuem grandes chances de estarem presentes no Enem. “Nessa prova agora, o aluno tem que esperar geografia agrária, todas as provas caem pelo menos uma questão do tema. Questões de vegetação, globalização, demografia, urbanização, climatologia, que são assuntos clássicos, talvez estejam mais presentes nessa segunda prova.”, disse.
Para ele, os alunos precisam estar preparados para dar de cara com conteúdos que não apareceram na aplicação regular. "Se na primeira prova caíram pouquíssimas questões da parte física, de repente, essa aplicação pode seguir o mesmo modelo, caindo mais questões humanas”, completou.
Também conversamos com o professor Carlos Lima, de geografia. Ele acredita que devido ao pouco tempo entre as aplicações a prova de geografia não apresente muita modificações. “Acho pouco provável ocorrer grandes mudanças do nível e estilo, devido ao pouco tempo entres as aplicações. O que talvez tenha alguma modificação, seja quanto a questões ideológicos, mas ressalto que acho pouco provável devido ao pouco tempo. Infelizmente a primeira aplicação deixou a desejar na qualidade e estilo das questões de humanas, lembrava muito uma continuidade da prova de linguagens com muita interpretação”, disse ele.
O primeiro de provas também é dedicado ao inglês e ao espanhol, idioma escolhido no momento da inscrição. Saiba também o que esperar das questões:
Pedro Santos, professor de inglês, afirma que a prova deve vir sem muitas surpresas e que questões de interpretação de texto se relacionarão com outros assuntos. “O candidato vai se deparar com 5 questões de interpretação de texto que se relacionarão com assuntos como: coesão textual (uso dos linking words), escolhas das palavras específicas no texto, análise da função poética em textos literários, uso de expressões linguísticas em inglês, o que envolve conhecimentos diversos como os verb tenses.”, disse.
Já a professora de espanhol, Kilza Pascoal, aponta que o exame sempre teve uma base interpretativa com diversos gêneros, sendo os mais comuns, textos jornalísticos, fragmentos de textos literários e charges. “Na prova anterior, por exemplo, tivemos fragmentos de romance, um trecho da resenha de um livro, uma charge, então eu acredito que esse gêneros vão voltar a aparecer na próxima prova e acredito também que os textos serão mais curtos. Na última prova, os textos apareceram de forma mais curta comparada com anos anteriores. A dica é da uma lida nas expressões idiomáticas mais utilizadas e realizar as provas de edições anteriores”, finaliza a docente.
No próximo domingo (16), segundo dia de provas da reaplicação do Enem é dedicado aos conteúdos de ciências da natureza e matemática. Em biologia, o professor André Luiz, explica que podemos esperar uma prova tranquila e com conteúdos bem distribuídos. “Devemos esperar uma prova de biologia bem tranquila com conteúdos bem distribuídos. Os estudantes devem priorizar assuntos de ecologia, citologia, fisiologia, seres vivos, genética e biotecnologia”, recomenda o professor.
Para a prova de química, o professor Francisco Coutinho, pontua que as poucas modificações que irão aparecer na prova se devem a implementação do novo ensino médio. “A prova de 2022 não vai variar muito da prova de 2021, porém vai ter pequenas mudanças devido ao novo ensino médio. A prova vai ter o princípio bem parecido com a prova do ano passado, será conteudista, porém a parte interdisciplinar, que já é forte, vai aumentar ainda mais devido ao novo ensino médio. Os alunos não precisam se preocupar pois a mudança será gradativa e apenas em 2024 mais bruscas”, salienta Coutinho.
Falando ainda sobre as questões de química, na opinião do professor Berg Figueiredo, os conteúdos cobrados podem aparecer de forma mais simplista. “Para muitos a segunda aplicação tem um nível de dificuldade um pouco menor. Vale lembrar que o grau de dificuldade das questões está relacionado a quantidade de acertos e erros que os candidatos daquela edição estão fazendo. Ou seja, se muita gente acerta a questão por mais que ela seja considerada difícil ela é classificada como fácil, o contrário também acontece. Como a quantidade de candidatos que fazem a segunda aplicação é menor, seguindo essa lógica, se essa quantidade menor erra muito essas questões elas acabam se classificando como difíceis mesmo sendo fáceis. O que equilibra a dificuldade", afirma.
Já o professor de química, Josinaldo Lins, a segunda aplicação costuma apresentar uma abordagem diferente trazendo conteúdos que trabalham menos o cotidiano do aluno: “quanto à abordagem dos conteúdos em química, costuma ser bem diferente da primeira aplicação, chegando a trazer conteúdos pouco vistos nesta. Outra característica da segunda aplicação é trabalhar menos com o cotidiano do aluno em relação à primeira, se bem que os enunciados das questões primam pela clareza e objetividade.”, afirmou. O professor afirma que os alunos podem esperar questões sobre Conceitos Fundamentais da Química, Interações Intermoleculares, Estequiometria e Termoquímica, dentre outros assuntos.
Física costuma trazer dor de cabeça para alguns estudantes que temem as fórmulas e cálculos, mas o professor Gustavo Bruno, diz que não devem haver surpresas. O esperado é uma prova seguindo o padrão das últimas edições do Enem, principalmente o exame de novembro.“Por exemplo, muitas questões falando sobre circuitos elétricos, calorimetria, dando uma ênfase a parte de propagação de calor. Espero também que a prova tenha um olhar melhor na parte de mecânica, principalmente no tópico Leis de Newton. Na edição do ano passado, esse tópico não foi contemplado no exame impresso, apenas no digital”, completa Bruno.
E finalmente, a prova de matemática. De acordo com o professor Ricardo Rocha, os conteúdos cobrados são os esperados todos dos anos como: Estatística, probabilidade, análise de gráficos e tabelas, proporcionalidade, cálculo de volume e área, funções e progressão aritmética. Ricardo deixa um conselho aos candidatos: responder questões de provas anteriores como uma forma de chegar bem familiarizado com o Enem.
“O estudante deve revisar respondendo questões anteriores do exame. Dessa forma vai perceber a forma como é exigido os conteúdos nas avaliações. Um foco especial nos conteúdos citados, fazer sempre as questões consideradas simples ( fáceis) primeiro em sequência as de maior dificuldade.“, finaliza o docente.