Tópicos | 8 de janeiro

O fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters, será ouvido na próxima terça-feira (15) pela CPMI do 8 de Janeiro. Ele participou da cobertura dos atos antidemocráticos. Parlamentares da CPMI pediram a convocação dele afirmando que Machado foi filmado confraternizando com manifestantes. A reunião está marcada para 9h, na sala 2 da Ala Senador Nilo Coelho.

A oitiva de Adriano Machado foi pedida em nove requerimentos aprovados pela CPMI. Entre os autores estão os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES).

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De acordo com o senador Girão, Machado teve sua imagem registrada em vídeo, divulgado pela rede CNN, gravado no dia dos ataques aos prédios do Congresso, STF e Palácio do Planalto.

“Neste vídeo, ele aparece em companhia de manifestantes fazendo fotos flagrantemente planejadas e coreografadas, no interior do Palácio do Planalto, demonstrando familiaridade com aqueles que se encontravam no ambiente, além de estar protegido por aqueles que o acompanhavam, como se tudo estivesse combinado”, diz Girão no seu requerimento.

Para Girão, o depoimento do fotógrafo ajudará a esclarecer diversos aspectos relacionados ao objeto de investigação da CPMI.

Fonte: Agência Senado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira, 10, que as redes sociais compartilhem com a Procuradoria-Geral da República (PGR) todas as publicações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que tenham relação com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as Forças Armadas, as eleições e o próprio STF.

A ordem foi dada na investigação sobre os autores intelectuais dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Moraes mandou notificar Instagram, LinkedIn, TikTok, Facebook, Twitter e YouTube.

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As plataformas também devem informar se extremistas denunciados por envolvimento nos protestos violentos seguem ou seguiam ou ex-presidente nas redes sociais e se compartilharam publicações de Bolsonaro com ataques ao sistema eleitoral.

O ministro despachou a pedido da PGR. O órgão busca entender o alcance das publicações de Bolsonaro contra as urnas e as instituições.

Ao atender o pedido, Moraes justificou que as garantias individuais não podem servir como "escudo" para a prática de crimes. "Imprescindível a realização das diligências requeridas pela PGR, inclusive com a relativização excepcional de garantias individuais", escreveu.

Bolsonaro foi incluído no rol de investigados do inquérito porque publicou, no dia 10 de janeiro, um vídeo com questionamentos sobre o resultado da eleição. A postagem foi apagada horas depois. Em depoimento à Polícia Federal, ele alegou que estava sob efeito de remédios e que a publicação foi acidental.

Sem se referir diretamente ao ex-presidente, Moraes já escreveu diversas vezes em seus despachos sobre o 8 de janeiro que autoridades coniventes e omissas serão responsabilizadas pelos atos golpistas.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-aliado e coordenador de ajudantes de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentou acessar, por 99 vezes, o antigo e-mail presidencial, desativado pelo Governo Lula em março. A informação, que foi obtida pela Folha de S.Paulo através da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro, consta em uma planilha entregue pela Casa Civil à CPMI. 

As 99 tentativas ocorreram em apenas 72h, nos primeiros três dias após o bloqueio, entre 15 de março e 17 de março, quando houve a última tentativa, às 11h16. O e-mail funcional de Cid foi acessado mais de 500 vezes em 2023, mesmo após a saída de Bolsonaro. Nos documentos constam que o usuário maurocbc (iniciais de Mauro César Barbosa Cid) foi impedido de entrar sempre pelo mesmo motivo: "Conta desativada, expirada ou bloqueada". 

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As informações de acesso aos e-mails utilizados por antigos membros do Governo Bolsonaro foram solicitadas pelos parlamentares da CPI "quando ocorreram acessos ao e-mail no período após 31/12/2022 e o nome dos eventuais responsáveis pelo login", descreve a solicitação. 

A Casa Civil respondeu que, durante esse período, "constam registros de validação das credenciais do agente público mencionado na requisição [Cid], realizadas por meio dos servidores de rede que disponibilizam o acesso via internet ao serviço de correio eletrônico". Antes do bloqueio do endereço eletrônico, o militar chegou a receber mensagens com os roteiros de viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da equipe de segurança do atual presidente. 

O documento entregue à CPI mostra todos os registros de autenticação do e-mail funcional de Cid em 2023. A informação é gerada quando são validados dados do usuário, como nome e senha, para acessar o e-mail. 

E-mails entregues à CPI também sugerem que o militar tentou vender por quase R$ 300 mil um relógio recebido como presente em viagem oficial. As mensagens recebidas por Cid em 2023 mostram nomes dos responsáveis pela coordenação da segurança de eventos com a presença de Lula.

Circula, nas redes sociais, um novo vídeo de bolsonaristas comemorando o direito à liberdade provisória, após as prisões pelo 8 de Janeiro. O grupo é composto apenas por mulheres, muitas delas idosas. As imagens não especificam data e nem local da gravação, mas teria sido posterior à última terça-feira (8), quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão preventiva de 90 réus que estavam detidos desde o início do ano. 

Essas pessoas participaram diretamente das invasões aos Três Poderes, em Brasília, seja com atuação in-loco, organização das investidas criminosas ou manutenção dos acampamentos bolsonaristas, desmontados pela Guarda Municipal. No novo vídeo, é possível ver as mulheres cantando uma música cuja letra trata a prisão como um sacrifício pela população, e também cita que “a verdade” irá aparecer.  

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"Vim pra família 'tamo', voltando, a temporada da colmeia 'tá' acabando. Nossa prisão foi ilegal, fere o principios da CF [Constituição Federal] nacional. Olé, olé. Fui pra colmeia, foi por mim e foi por você. Olé, olé, voltei pra casa pra verdade aparecer”, canta o grupo. 

Ao todo, foram soltos 37 mulheres e 53 homens. Todos deverão cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e recolhimento domiciliar noturno. 

 

Relatórios obtidos pelo Estadão atestam que Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no 8 de janeiro, antecipou suas férias para o dia 6 de janeiro, mesmo depois de receber alertas por escrito de seus subordinados na pasta e, posteriormente, alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para o risco de violência nos atos em Brasília.

Os relatórios alertavam ainda para preparativos de invasões a prédios públicos, como o chamamento para a participação de indivíduos armados que se enquadram na categoria de Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs).

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Esses relatórios foram enviados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) aos parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques golpistas do dia 8 de janeiro.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) leu trechos do material ao interrogar Torres na CPMI na sessão desta terça-feira, 8. O ex-secretário alegou que viajou na noite do dia 6 de janeiro sem ler o documento feito por seus subordinados na Subsecretaria de Inteligência da SSP-DF, que citava riscos de "invasão de órgãos públicos" e de "bloqueios em distribuidoras de combustíveis".

"Este documento, deputado, ele foi transmitido para o gabinete do secretário e eu já tinha saído da secretaria", alegou Torres em depoimento à CPMI. "Quando eu viajei, não havia informação de inteligência", acrescentou.

O deputado rebateu e disse que o gabinete de Torres recebeu esse relatório na tarde do dia 6 de janeiro. O ex-secretário tinha alegado que viajou de férias, para os Estados Unidos, com sua família, na noite do dia 6 de janeiro. Ele admitiu que viajou de forma antecipada, porque suas férias só estavam marcadas para o dia 9 de janeiro.

O relatório da equipe de Torres tinha destacado as ameaças, articuladas em grupos de WhatsApp e redes sociais, de invadir prédios públicos e bloquear distribuidoras de combustíveis, para "sitiar Brasília" com a ajuda de indivíduos armados que, em tese, teriam porte de arma garantido por serem CACs.

"Assinala-se ainda grupo de mensagem, no qual os integrantes seriam pessoas conhecidas por CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) e com postagens sobre 'sitiar Brasília' e que denotam a intenção de prática de atos de violência no dia 08JAN23", diz o relatório enviado para Torres por sua equipe na Subsecretaria de Inteligência da SSP-DF.

A pasta de Torres também recebeu alertas de agências de inteligência para as ameaças de grupos golpistas que falavam em "tomada de poder" e alertas da Abin sobre o crescimento das convocações de manifestantes para o ato golpistas do dia 8 de janeiro. Os alertas recebidos pela SSP-DF foram reunidos pela pasta depois do dia 8 de janeiro, e enviados para o ex-interventor federal Ricardo Cappelli, para serem encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU), que apura a atuação de agentes públicos no dia 8 de Janeiro.

"O gabinete do Secretário de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal e a Subsecretaria de Operações Integradas - SOPI/SSPDF receberam o Relatório de Inteligência n. 06, elaborado e difundido no dia 06 de janeiro de 2023", diz documento enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal quando houve a invasão e depredação dos prédios do três Poderes em 8 de janeiro, Anderson Torres — ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro — apresentou-se à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) nesta terça-feira (8) amparado por habeas corpus. 

A relatora do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), autora de um dos 17 requerimentos de convocação de Torres, classificou o depoente como "figura central" no âmbito das investigações" e enfatizou que não é crível que a "minuta do golpe", encontrada pela Polícia Federal “guardada” na casa de Torres, em 10 de janeiro, “seria um documento para descarte”.

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Torres disse à CPMI que a minuta é “aberração jurídica e apócrifa" que estava "pronta para ir para o lixo”.

— Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido — disse.

Sobre outras minutas de golpe, como a relacionada ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, o depoente disse que só tomou conhecimento pela imprensa.

Delegado da Polícia Federal, a testemunha afirmou ainda que houve “falha grave” no Protocolo de Ações Integradas (PAI) que detalhava como cada órgão distrital e federal atuaria diante dos atos que vinham sendo convocados pelas redes sociais, como o fechamento da Esplanada dos Ministérios, e negou que tenha recebido qualquer alerta até 6 de janeiro, quando viajou aos Estados Unidos.

PRF

Questionado sobre uma suposta operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), cujo objetivo seria cercear o direito ou atrapalhar o exercício do voto, especialmente no Nordeste, Torres afirmou que não houve interferência do Ministério da Justiça no planejamento operacional da PRF e que “a informação recebida do diretor-geral era de que o planejamento do segundo turno tinha sido semelhante ao primeiro turno e foi executado sem alterações”.

— Ninguém deixou de votar, e o próprio TSE reconheceu isso. O comparecimento no segundo turno foi superior ao registrado no primeiro turno. Eu não tinha atribuição de vetar o planejamento operacional de qualquer instituição.

Segundo a senadora, de acordo com os RIFs (Relatório de Inteligência Financeira), por meio de documentos fornecidos pelo Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf), notou-se uma estranha movimentação, que envolve, por exemplo, Julio Carlos Correia.

A relatora também questionou o fato de, na gestão ministerial de Torres, a PRF ter celebrado “diversos contratos milionários” com a Combat Armor, empresa investigada pela comissão. O depoente disse desconhecer a empresa, ao alegar que a PRF tem autonomia e independência.

Torres explicou que m 25 de outubro de 2022, esteve em Salvador, a convite diretor-geral da Polícia Federal, para inspecionar as obras da Superintendência da Polícia Federal.

— Nós nos reunimos, conversamos sobre a obra e as eleições. Tratei também de vídeos divulgados pela internet, nos quais um grupo criminoso dizia ter controle sobre eleitores. O superintendente disse ter conhecimento dos vídeos e esclareceu que a notícia ainda não havia sido confirmada na checagem.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Planilha

Inquerido por Eliziane, o ex-secretário disse que a Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça produziu uma planilha onde constavam os locais onde os candidatos Lula e Bolsonaro haviam obtido mais de 75% dos votos no primeiro turno, com intuito de fazer um cruzamento e identificar possíveis crimes eleitorais nesses redutos.

— Esse documento não foi compartilhado com Polícia Rodoviária Federal e, até onde eu sei, também não foi difundido nos canais de inteligência. Eu nunca questionei o resultado das eleições.

Para a relatora, “houve uma tentativa, sobretudo no segundo turno, de direcionamento do processo eleitoral e depois de não aceitação do resultado”.

Torres informou ainda que na manhã de 6 de janeiro, houve reunião com o comandante Militar do Planalto, General Gustavo Henrique Dutra, e a secretária de Ação Social do Distrito Federal, Ana Paula Marra, além da coronel Cíntia Queiroz, que ocupava o cargo de subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança para tratar da retirada total do acampamento, que ocorreria a partir do dia 10 de janeiro. De acordo com a testemunha, imagens apontavam que os acampamentos estavam quase todos desmontados, com “pouquíssimas pessoas”.

Alertas

O ex-secretário disse que assinou o PAI na tarde do dia 6, mas que ações não são operacionalizadas pela secretaria, mas pelos órgãos envolvidos, como a Polícia Militar do Distrito Federal, responsável pela execução da ordem e proteção em Brasília.

— Quando eu viajei, não havia informações de inteligência. O PAI assinado com as determinações para os órgãos trabalharem no 8 de janeiro é tão completo, que se tivesse sido cumprido, não teria havido o 8 de janeiro.

A senadora enfatizou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviou de 2 a 8 de janeiros alertas em diversos grupos, como o de WhatsApp chamado de “Difusão”.  Para Eliziane, há até então um jogo de empurra-empurra pelas responsabilidades do 8 de janeiro. A senadora questionou o ex-secretário se a Polícia Militar não enviou o efetivo suficiente para as ações na Esplanada.

— Nós tivemos o 12 de dezembro, na tentativa de invasão da Polícia Federal, só houve prisão muitos dias depois — afirmou a relatora que disse esperar mais resultados os documentos recebidos e a receber, como quebra de sigilo, diante dos atuais resultados dos depoimentos.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Movimentações financeiras

Torres também foi questionado sobre a movimentação da quantia total de R$ 60 mil para a esposa e para a irmã, quando retornou ao Brasil, em 14 de janeiro, e sobre a informação de ele teria esquecido o aparelho celular nos Estados Unidos, onde passava férias desde o dia 6 de janeiro.

— Na verdade as transferências foram feitas assim que saiu a prisão, para pagar as despesas — disse Torres, que alegou ter entregue senha de nuvem para as autoridades.

Eliziane também perguntou sobre informações de que haveria, em inquéritos do Supremo Tribunal Federal, áudios do ex-ministro em que ele falaria de sequestro de ministro da Suprema Corte. Torres responder ser tal informação uma “maluquice” e afirmou desconhecer qualquer fato sobre isso.

O ex-secretário teve sua prisão decretada em 14 de janeiro por indícios pela omissão nos ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília. Torres esteve preso por quatro meses e sua soltura foi autorizada no dia 11 de maio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que determinou medidas cautelares, entre as quais uso da tornozeleira eletrônica. 

Fonte: Agência Senado

O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres defendeu, nesta terça-feira (8), que a responsabilidade pelo número de policiais na Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro era da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Torres argumentou que a Secretaria de Segurança era responsável pelo planejamento da operação, e não a execução. 

“O que o protocolo colocou para a PM, a PM tem que cumprir; o que o protocolo colocou para a Polícia Civil, a Polícia Civil tem que cumprir. Meios, efetivos, número de homens, é com cada instituição”, explicou o ex-secretário em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

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Esta é a primeira vez que Torres fala em público sobre o papel dele à frente da secretaria de segurança do DF quando ocorreu a invasão das sedes dos Poderes, em Brasília  

De acordo com Torres, caso o Protocolo de Ações Integradas (PAI) assinado por ele, que continha o planejamento da segurança para o dia 8 de janeiro, tivesse sido seguido à risca, “seríamos poupados dos lamentáveis atos do dia 8 de janeiro”.  

O ex-secretário, que ficou preso preventivamente devido aos atos golpistas, disse que viajou “tranquilo” para os Estados Unidos na noite do dia 6 de janeiro porque não tinha informações sobre risco de ação radical em Brasília.

Segundo ele, o Comandante Militar do Planalto, general Dutra, havia mostrado que o acampamento em frente ao Quartel General (QG) do Exército, em Brasília, estava “praticamente desmontado”. O ex-secretário acrescentou ainda que “não havia confirmação de ônibus chegando à cidade”.     

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou a versão do depoente. Para a parlamentar, as autoridades ouvidas pela comissão estão jogando a reponsabilidade uma para a outra.  

“Nós estamos ouvindo pessoas dos serviços de inteligência, nós estamos ouvindo pessoas da ação mais ostensiva, e a fala é sempre a mesma: 'Eu mandei alerta e eles não cumpriram'. Quem está do lado que deveria cumprir, que é a ação ostensiva, e diz: 'Olha, eu não estava aqui no Brasil, eu estava fora do Brasil, era para a Polícia Militar fazer e ela não fez'. Então, fica, na verdade, um jogo de responsabilidade”, concluiu. 

Eliziane Gama acrescentou que os depoimentos podem não dar resultado, mas que a CPMI produzirá um documento com conclusões. “Com o cruzamento de dados e com as informações que chegarem a esta Comissão e que estão chegando a esta Comissão, de fato, nós chegaremos a esses responsáveis e esse relatório será, de fato, um relatório conclusivo”, afirmou. 

Em alegações finais apresentadas nesta segunda-feira (7), o Ministério Público Federal (MPF) reiterou o teor das denúncias e requereu a condenação de 40 pessoas acusadas de participar dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de reclusão.

Integrantes do núcleo de executores, os réus respondem por cinco crimes: associação criminosa armada (artigo 288, parágrafo único), abolição violenta do Estado Democrático de Direito (artigo 359-L), golpe de Estado ( artigo 359-M), dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima (artigo 163, parágrafo único, I, II, III e IV), todos do Código Penal, além de deterioração de patrimônio tombado (artigo 62, I, da Lei 9.605/1998).

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Para o coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da Procuradoria-Geral da República (PGR), Carlos Frederico Santos, "a pena a ser aplicada aos acusados deve ser exemplar por se tratar de crimes graves praticados em contexto multitudinário que visavam a implantar um regime autoritário no lugar de um governo legitimamente eleito.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

As petições detalham os fatos registrados no dia da invasão aos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF a partir de provas reunidas durante quase oito meses de investigação. Entre elas, estão registros fotográficos e em vídeo, documentos como relatórios de inteligências, autos de prisões em flagrante e depoimentos de testemunhas e dos próprios réus. Por tratar-se de crimes multitudinários, as alegações finais têm uma parte comum a todos os réus, mas também contemplam informações individualizadas.

As alegações finais rebatem os argumentos apresentados pelas defesas dos acusados, apontando a existência de provas de que “o propósito criminoso era plenamente difundido e conhecido” pelos denunciados antes do dia 8 de janeiro.

Também afirmam que, tendo como pano de fundo uma suposta fraude eleitoral e o exercício arbitrário dos Poderes Constituídos, a associação criminosa insuflava as Forças Armadas a tomar o poder e agia com dolo para tentar impedir de forma contínua “o exercício dos Poderes Constitucionais e ocasionar a deposição do governo legitimamente constituído”.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para os investigadores, não há dúvidas de que os acusados incitaram o Exército para que fosse às ruas para estabelecer e consolidar o regime de exceção pretendido pelo grupo, àquela altura, acampado em Brasília.

Ao detalhar os atos registrados em 8 de janeiro, Carlos Frederico Santos pontua que, conforme registros de câmeras de segurança, a multidão rompeu a barreira de contenção policial por volta das 14h15, avançando em seguida para as sedes dos Três Poderes, que só foram desocupadas por volta das 19h, após intervenção das forças de segurança.

As informações reunidas durante as investigações demonstram, segundo os investigadores, “uma coordenação na execução da empreitada criminosa”, o que pode ser constatado pela forma com que se deu a ocupação. As invasões aos três prédios ocorreram no intervalo entre 15h e 15h35, com grupos diferentes em cada local.

As petições descrevem um encadeamento de fatos, executados de forma sucessiva pelos autores das invasões, os quais, segundo o entendimento da PGR, tinham como propósito resultados lesivos, que em parte (o vandalismo) foram efetivados. São mencionados ainda a instigação de um movimento contra os Poderes constituídos e o governo recém-empossado, a arregimentação de pessoas dispostas a “tomar o poder”, o deslocamento desse grupo para a capital federal, a omissão de agentes públicos responsáveis por garantir a segurança dos locais invadidos, o início da execução do plano, com a superação das barreiras policiais, e a consumação dos crimes.

Articulação prévia

Um dos pontos citados nas alegações finais - inclusive na caracterização da organização criminosa - é a constatação de que a organização dos atos de se deu de forma antecipada e com ampla difusão de mensagens de teor convocatório.

Carlos Frederico Santos destaca o Relatório de Inteligência 06/2023/30/SI/SSP/DF, datado de 6 de janeiro de 2023, com referências a atos previstos para o período entre os dias 6 e 9 de janeiro. O documento lista quatro aspectos relacionados ao movimento, entre os quais, a possibilidade de invasão e ocupação de órgãos públicos.

Também são mencionados o fato de o grupo ter a participação de Caçadores, Atiradores e Colecionadores de Armas de Fogo (CACs) e a possibilidade de ocorrerem bloqueios em refinarias e/ou distribuidoras.

“Nesse mesmo sentido, os Informes de Inteligência produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), amplamente divulgados em fontes abertas já noticiavam risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades, destacando-se que haviam incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas”, frisam as petições.

As manifestações reproduzem trechos de depoimentos de testemunhas, como a de policiais legislativos que estavam no prédio do Senado e atuaram para conter a horda de invasores. As falas não deixam dúvidas quanto à violência empregada pelos invasores, seja nas palavras proferidas, seja nos ataques aos bens públicos.

“A presença de indivíduos armados, componentes da associação criminosa, é irrefutável. As declarações prestadas pelas testemunhas noticiam a utilização de objetos como armas no ataque às forças de segurança durante a invasão aos edifícios públicos”, afirma um dos trechos.

No local, foram apreendidos canivetes, facas, machadinhas, explosivos e máscaras, entre outros objetos.

Confirmação de autoria e materialidade

A PGR apresenta longo e aprofundado relato que sustenta tanto a autoria quanto a materialidade de todos os crimes apontados nas ações penais. Cada prática foi detalhada e enquadrada na respectiva previsão legal. No caso da abolição violenta do Estado Democrático de Direito, por exemplo, as alegações finais destacam que essa intenção estampou faixas e cartazes levados e amplamente divulgados pelos invasores, além de constar de diversas manifestações do grupo, inclusive no momento das invasões.

Prejuízos

Os prejuízos materiais já calculados pelos órgãos públicos atingidos pelos atos chegam a R$ 25 milhões: R$ 3,5 milhões, no Senado; R$ 1,1 milhão na Câmara dos Deputados; R$ 9 milhões no Palácio do Planalto (considerando apenas as obras de arte danificadas) e R$ 11,4 no Supremo Tribunal Federal. Entre as penas previstas para os crimes, está o ressarcimento integral dos danos.

Foto: Pedro França/Agência Senado

Crimes multitudinários

Uma das sessões das alegações finais apresentadas por Carlos Frederico Santos é destinada à explicação para crimes cometidos por multidões, situação registrada nos atos antidemocráticos, na avaliação do representante da PGR. As peças reproduzem entendimento de diversos juristas acerca do tema, os quais apontam a existência de elementos como sugestão e imitação e a configuração de uma espécie de “alma nova” em movimentos que se agrupam para um objetivo comum, unidos por um vínculo subjetivo.

Ainda de acordo com as petições, as práticas criminosas registradas em contextos multitudinários configuram o chamado concurso de pessoas quando se verifica: a pluralidade de agentes traduzida na pluralidade de condutas; a relação de causalidade material entre as condutas e o resultado; o vínculo de natureza psicológica ligando as várias condutas; e a existência de um fato punível. Para a PGR, essas condicionantes foram verificadas e comprovadas nos atos registrados no dia 8 de janeiro.

Ainda de acordo com as manifestações encaminhadas ao relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes, é irrelevante discriminar qual ou quais bens cada denunciado danificou, por exemplo. Isso por que, pelas provas reunidas, “os crimes, praticados em contexto de multidão, somente puderam se consumar com a soma das condutas e comunhão dos esforços de todos que, unidos pelo vínculo psicológico - propósito comum ou compartilhado -, contribuíram efetivamente para a realização dos resultados pretendidos”. Como consequência, o pedido é que no julgamento dos réus sejam consideradas as regras do caput do artigo 29 do Código Penal, que trata do concurso de pessoas, e as do artigo 69, referente ao chamado concurso material.

Com informações da assessoria do MPF

A participação de Anderson Torres na CPI dos Atos Golpistas foi marcada para a próxima terça (8). O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça é suspeito de ser omitir à invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Torres estava nos Estados Unidos no dia dos ataques. A invasão já era prevista pela convocatória de pessoas insatisfeitas com o resultado das eleições para uma mobilização no Distrito Federal.

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Ele chegou a ficar preso por quatro meses quando voltou ao Brasil. A Polícia Federal representou pela prisão preventiva e o pedido foi aceito pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Fora da prisão, Anderson Torres cumpre medidas protetivas e é monitorado por tornozeleira eletrônica.

Para conseguir acesso gratuito à internet, quatro invasores envolvidos nas investidas do 8 de Janeiro cadastraram nome e CPF no registro do Congresso Nacional, assim, produzindo, acidentalmente, provas contra si. As informações constam em um documento confidencial enviado pela Câmara dos Deputados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, que retomou suas atividades na terça-feira (1º). O documento foi obtido pelo jornal O Globo e parcialmente revelado. 

Uma mulher de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e um homem de Teresina, no Piauí, já foram identificados, presos e atualmente estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica. Os nomes dos outros dois invasores não estão na lista de suspeitos presos pelos eventos de 8 de janeiro, divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal. 

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A Polícia Legislativa iniciou o procedimento para rastrear “os registros de tentativas de conexão e conexões efetuadas à rede sem fio” no dia dos ataques, a fim de identificar os invasores. 

“Para acessar a rede sem fio, é necessário fazer um pré-cadastro fornecendo principalmente dados como CPF, nome e telefone. Ao analisar esses registros, verificou-se que quatro conexões foram efetivamente realizadas por pessoas não autorizadas a acessar a Casa em 8 de janeiro de 2023”, diz o documento da Câmara, ao qual O Globo teve acesso. As evidências também foram compartilhadas com a Polícia Federal. 

Além dessas pistas, a PF está identificando os invasores por meio das imagens das câmeras de segurança e da análise de material genético deixado por eles. A perícia é realizada em garrafas, pontas de cigarro, pedaços de roupa encontrados no Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal. 

 

A Polícia Federal (PF) confirmou que prendeu um homem, nessa quinta-feira (20), que teria envolvimento com os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A prisão ocorreu em Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro, a cerca de 240 quilômetros do Rio. A Polícia Federal não deu mais detalhes sobre o caso.

A prisão acontece no âmbito da Operação Lesa Pátria, que investiga golpistas - incluindo financiadores – que participaram de ataques terroristas do começo do ano, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal foram invadidos e depredados.

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Mandados de prisão

Até o fim do mês passado, a Lesa Pátria, que tem caráter permanente, tinha cumprido 68 mandados de prisão, 206 de busca e apreensão e instaurado 17 inquéritos.

Segundo a PF, os fatos investigados pela operação constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

A PF disponibiliza o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br para receber informações sobre a identificação de pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os atos golpistas.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu nesta terça-feira (18) pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) de acesso aos dados de identificação dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Na segunda-feira (17), o subprocurador Carlos Frederico Santos solicitou a medida ao ministro Alexandre de Moraes para apurar eventuais manifestações de Bolsonaro a favor dos atos golpistas de 8 de janeiro.

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Em nota divulgada à imprensa, a procuradoria afirma que o acesso às informações de seguidores servirá apenas para medir o alcance das postagens.

"O órgão esclarece que essas pessoas não estão sendo investigadas nem terão seus dados expostos. O objetivo do pedido é obter informações que permitam avaliar o conteúdo e a dimensão alcançada pelas publicações do ex-presidente em relação aos fatos ocorridos em 8 de janeiro nas redes sociais", escreveu o órgão.

O subprocurador também reiterou que a investigação envolve apenas o ex-presidente Bolsonaro. Santos lembrou entre os seguidores estão pessoas que acompanham as redes sociais de Bolsonaro por serem admiradores, por curiosidade ou motivação profissional. 

"Impõe-se dimensionar o impacto das publicações e o respectivo alcance. Jamais iria investigar milhões de pessoas, seria até impossível fazer isso”, concluiu. 

Bolsonaro foi incluído na investigação após publicar, no dia 10 de janeiro, um vídeo que questionava a legitimidade do resultado das eleições de 2022. A postagem foi apagada após a repercussão do caso, mas Moraes determinou que as plataformas preservem o material.

Falas do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL), sobre a rotina nos palácios do Planalto e Alvorada durante o último governo, acabam de ganhar repercussão após fontes próximas ao militar vazarem as conversas. A informação é do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, que obteve os registros. Nas declarações, o conservador alegou problemas de convivência com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a quem chamou de “difícil”.
O militar era envolvido em discussões pessoais e políticas do antigo casal presidencial, “principalmente” quando o assunto era o pagamento de contas da família. O oficial do Exército disse que Michelle era uma pessoa de lidar no cotidiano e que ela não gostava dele. “Dona Michelle era muito difícil e não gostava de mim”, afirmou. A principal razão da diferença entre os dois tinha como pano de fundo exatamente as questões relacionadas a dinheiro, segundo o militar.
De acordo com a coluna, o tenente alegou ter recebido “ordens explícitas" de Bolsonaro para pagar contas da própria Michelle, mas que o então presidente detestava que ele pagasse também faturas de familiares da primeira-dama. Mesmo assim, ela mandava essas contas com ordens para pagar. “Não ia me meter em briga de casal. Se ela pedia, eu depositava”, afirmou o tenente-coronel em uma das conversas, registrada meses atrás. A coluna não especifica a data dos registros. Cid também alegou precisar fazer a prestação de contas e os pagamentos por ordem de Michelle voltavam a ser tema de discussão.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro diz que, muitas vezes, preferia nem saber quais eram as despesas que precisavam ser pagas. Repetia que, se a ordem era da “dona Michelle”, liberava os valores sem realizar questionamentos. Assim foram feitos, também, os pagamentos do plano de saúde do irmão, mensalidades da faculdade da irmã, depósitos em contas de outros parentes de Michelle que vivem em Brasília.
Uma das maiores confusões que Cid vivenciou ao lidar com os pagamentos das contas de Michelle Bolsonaro ocorreu, segundo os relatos do próprio, quando ele descobriu que tinha que pagar, entre as várias contas, boletos do cartão de crédito que a primeira-dama usava, mas era de uma amiga dela, funcionária comissionada do Senado.

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--> ‘CPI dos Atos Golpistas aciona Mauro Cid na Justiça’ 

Nesta quinta-feira (13), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de Janeiro acionou a Justiça Federal do Distrito Federal com uma representação contra o tenente-coronel Mauro Cid por abuso do direito ao silêncio. O militar foi interrogado na sessão da CPI na última terça-feira (11) e, por ter direito ao silêncio, fez uso da tática por cerca de 40 vezes. Os parlamentares entendem que o tenente abusou do princípio jurídico para desviar do interrogatório. 

A sessão de perguntas durou pouco mais de sete horas. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permitia que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não respondesse perguntas que o pudessem incriminar, mas isso não o isentaria de responder às perguntas sobre as quais tivesse conhecimento. O militar se recusou, inclusive, a responder questionamentos básicos, como informar a própria idade. 

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Mauro Cid foi chamado a depor após a Polícia Federal encontrar em seu celular mensagens apoiando a tentativa de golpe em 8 de janeiro, na primeira semana do Governo Lula. O militar e o coronel do exército Lawand Júnior falavam sobre uma possível decretação de intervenção militar contra a posse do presidente Lula. 

Durante os debates ao longo do depoimento, parlamentares da CPI questionaram a postura do ex-ajudante de ordens e o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil), disse que tomaria as medidas cabíveis. 

Após acionar a Polícia Legislativa para analisar o caso, a CPI decidiu pela representação contra Mauro Cid por abuso do direito ao silêncio ao calar a verdade como testemunha. 

 

Os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, e o chefe da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, reuniram-se na segunda (10) para debater sobre a punição aos militares envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro. Os julgamentos que avaliam a participação dos militares ainda não foram concluídos. 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a competência para julgar os militares envolvidos na manifestação violenta no Distrito Federal é da Corte e não da Justiça Militar. O Ministério da Defesa e as Forças Armadas preservam o direito de trânsito em julgado dos suspeitos e aguardam as sentenças para que sejam cumpridas as punições administrativas. 

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A segurança presidencial também entrou na pauta do encontro. Em junho, Lula (PT) dividiu sua segurança entre civis e militares, sob ordens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A Polícia Federal (PF) considera que o formato híbrido é um retrocesso, pois acaba submetendo os civis aos militares. 

Outro ponto da reunião foi o decreto de regulamentação das armas de fogo de Flávio Dino. O texto sugere passar o controle dos registros dos CACs (caçadores, atiradores esportivos e colecionadores) para a PF. Atualmente, esse cadastro é feito pelo Exército. 

O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), solicitou à Polícia Legislativa que investigue se o deputado bolsonarista Abilio Brunini (PL-MT) cometeu crime de homofobia contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) durante o depoimento do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid à comissão nesta terça-feira, 11. Segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que está sentado uma fileira à frente de Brunini, o parlamentar teria feito um comentário homofóbico durante uma fala da deputada.

Erika afirmou que Abilio deveria "tratar sua carência em outro espaço". "É muito difícil toda sessão o deputado atrapalha os trabalhos da CPMI, causa tumulto. Eu aconselharia que o deputado procurasse tratar sua carência em outro espaço", afirmou Erika.

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O comentário homofóbico do deputado teria sido proferido neste momento, de acordo com Carvalho, que interrompeu a fala da deputada para fazer o relato.

"O senhor Abilio fez uma fala homofóbica quando a companheira estava se manifestando. Ele disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia e desrespeito e peça para o deputado se retirar", interrompeu Carvalho.

Questionado pelo presidente da CPI, Abilio Brunini negou que tenha feito qualquer comentário. A senadora Soraya Thronicke (Podemos), que estava ao lado do senador Rogério Carvalho, confirmou o teor da fala homofóbica.

"Eu não ouvi, mas outros deputados estão falando que ouviram Abilio. Vamos fazer investigação vendo as filmagens. Se falou, vai ter leitura labial e obviamente se agiu dessa forma vai ter penalidade", afirmou Arthur Maia.

Ao retomar o microfone, a deputada explicou que havia dito que o deputado Abilio Brunini "quer chamar a atenção" em todas as sessões, por isso teria dito para ele tratar sua carência.

"Para aliviar o histerismo dos deputados que não compreenderam o que eu quis dizer, usei o meu tempo para me explicar quando falei da carência do deputado Abílio. Em todas as sessões o deputado parece querer chamar a nossa atenção. Parece fazer algo para chamar a atenção. Isso me parece um comportamento baseado na psicanálise, não em questões de gênero, de sexualidade, que é a única coisa que tem na cabeça dessa gente. Jamais entrei nessa seara", explicou.

Após o fim da sessão, Erika escreveu nas rede sociais que "as tentativas de ataques transfóbicos realizados hoje contra mim por parte dos bolsonaristas na CPMI só demonstram o desespero daqueles que atentaram contra nossa democracia com suas próprias ações".

Em 8 de janeiro de 2023, o Brasil viveu uma página triste e lamentável de sua história. Os edifícios-sede dos Três Poderes da República (o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal), patrimônio histórico dos brasileiros e da humanidade, foram severamente vandalizados em atos criminosos e antidemocráticos. 

Neste sábado, seis meses após o atentado, as instituições brasileiras seguem firmes. Cadeiras, quadros, vidraças e obras de artes foram restaurados. O impacto financeiro da destruição é da ordem de R$ 11,4 milhões, apenas no STF. Mas apesar das marcas que ficarão para sempre na memória da sociedade brasileira, a democracia não cedeu e segue inabalada. 

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8 de janeiro

Poucas horas após os ataques, representantes dos Três Poderes repudiaram, em uníssono, os graves acontecimentos. A cúpula do Poder Judiciário, com a presidente do STF, ministra Rosa Weber, à frente, reafirmou o seu papel constitucional de garantir os direitos fundamentais e o Estado Democrático de Direito.

“O STF atuará para que os terroristas que participaram desses atos sejam devidamente julgados e exemplarmente punidos”, afirmou a ministra em nota.

“O prédio histórico será reconstruído. A Suprema Corte não se deixará intimidar por atos criminosos e de delinquentes infensos ao Estado Democrático de Direito”.  Na noite de 8 de janeiro, ao se depararem com as imagens da invasão e da depredação exibidas pelas emissoras de televisão, as equipes da Secretaria de Administração de Serviços e Gestão Predial (SAP) do STF iniciaram, de imediato, o planejamento do trabalho para a reconstrução do espaço. 

9 de janeiro

Em um movimento simbólico pela união dos Poderes e em defesa da democracia, no dia seguinte aos ataques, a ministra Rosa Weber e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhados dos governadores dos estados e de representantes do Legislativo, fizeram uma caminhada do Palácio do Planalto até a sede do Supremo. 

Nesse mesmo dia, a Polícia Federal iniciou as perícias técnicas no prédio do Supremo. Funcionários também começaram o trabalho de catalogar os estragos e quantificar os prejuízos. O edifício-sede foi interditado. Os anexos 1 e 2, que não foram alvos de vandalismo, continuaram funcionando normalmente. A prestação jurisdicional não foi interrompida. 

Em paralelo, foram proferidas as primeiras decisões no sentido de investigar os responsáveis pelos atos antidemocráticos de 8/1. 

10 de janeiro

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, o secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares, e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, estiveram no Supremo para vistoriar os danos causados no edifício-sede. Os Três Poderes iniciaram uma ação para catalogar tudo o que foi perdido e o que poderia ser recuperado. 

Durante a semana seguinte aos ataques, os ministros do STF vistoriaram as dependências do edifício-sede pela primeira vez. 

A ministra Rosa Weber instituiu o gabinete extraordinário para reconstrução do Plenário da Corte. A Portaria 14/2023 levou em consideração a diretriz "da proteção jurisdicional da Constituição e da integridade do regime democrático" e o papel do Supremo de guardião da Constituição. O texto firmou o compromisso da presidente de entregar o Plenário reconstruído na sessão de abertura do Ano Judiciário 2023, em 1º/2. 

17 de janeiro

Em resposta aos atos de vandalismo, o Supremo lançou a campanha Democracia Inabalada (#DemocraciaInabalada). Vídeos e cards sobre o episódio foram exibidos na TV Justiça, em outras emissoras, em sites e nas redes sociais do Tribunal. O primeiro mostra a destruição do edifício-sede do STF. 

18 de janeiro

Após as audiências de custódia realizadas entre 13 e 17 de janeiro, o STF iniciou a análise da situação das pessoas presas pelos atos terroristas. Foram analisadas 1.459 atas de audiência relativas a 1.406 custodiados. A prisão em flagrante de 942 pessoas foi convertida em prisão preventiva, e 464 obtiveram liberdade provisória, mediante medidas cautelares. 

23 de janeiro

É lançado o segundo vídeo da campanha #DemocraciaInabalada, tendo a Constituição de 1988 como protagonista. 

24 de janeiro

O Laboratório de Restauro da Corte deu início ao processo de recuperação dos itens danificados do acervo histórico e artístico. Entre as peças restauradas estão obras de arte, mobiliário, presentes de chefes de Estado estrangeiros e objetos em geral, além do Brasão da República e da escultura em bronze “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti. 

27 de janeiro

O terceiro vídeo da campanha #DemocraciaInabalada reforçou que a Justiça jamais será intimidada. 

1° de fevereiro

A sessão solene de abertura do Ano Judiciário de 2023 foi realizada no Plenário totalmente reconstituído. Em seu discurso, a ministra Rosa Weber voltou a repudiar a invasão criminosa.

“Que os inimigos da liberdade saibam que no solo sagrado deste Tribunal o regime democrático, permanentemente cultuado, permanece inabalável”, disse. 

Após a sessão, cerca de mil servidores, colaboradores e estagiários, além de ministros, deram um abraço simbólico no edifício-sede como forma de celebrar o momento. O último vídeo da campanha #DemocraciaInabalada mostrou a trajetória de reconstrução do Plenário. 

2 de fevereiro

Com o intuito de documentar e ressignificar o atentado, foi inaugurado o projeto Pontos de Memória. A ação, ainda em andamento, consiste em exposições de peças danificadas, fragmentos produzidos pela violência e demais vestígios físicos do ataque, instaladas em locais de maior circulação de pessoas, para que esse dia não seja esquecido. 

8 de fevereiro

Em pronunciamento no início da sessão do dia em que se completou um mês dos ataques, a ministra Rosa Weber reiterou a importância de que a data seja sempre lembrada para que não se repita. Ela frisou que o episódio, longe de enfraquecer a democracia, intensificou o convívio harmonioso entre os Poderes da República. “Restou fortalecida a comunhão nacional em torno do princípio nuclear e inderrogável que privilegia e consagra entre nós a democracia, que não pode, em absoluto, sofrer qualquer transgressão”, afirmou. 

16 de fevereiro

A ministra Rosa Weber e os ministros Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin visitaram o Hall dos Bustos, totalmente restaurado, e o primeiro espaço dedicado ao projeto Pontos de Memória. 

25 de fevereiro

Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes explicou que as pessoas presas em 9 de janeiro em Brasília em razão dos atos terroristas do dia 8 podem receber visitas conforme as regras gerais do sistema prisional local. 

28 de fevereiro

O STF concedeu liberdade provisória a 173 denunciados pelos terroristas. Como as investigações não os apontaram como financiadores ou executores principais, o ministro Alexandre de Moraes considerou que eles podem responder em liberdade mediante medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno e nos finais de semana e tornozeleira eletrônica, além de cancelamento de passaporte e suspensão de porte de arma de fogo. Nas semanas seguintes, a medida seria estendida a outros presos.

  9 de março

O Museu do Supremo Tribunal Federal (STF) reabriu para visitação do público, dois meses após os ataques de 8 de janeiro. 

16 de março

STF encerrou a análise da situação de todos os envolvidos nos atos terroristas. Mais 129 denunciados obtiveram liberdade provisória, e 294 tiveram o pedido negado. Foi concluída a reconstituição do terceiro andar do edifício-sede, permitindo o retorno da Presidência ao gabinete. 

10 de abril

A ministra Rosa Weber e o ministro Alexandre de Moraes visitaram, no Complexo da Papuda, denunciados por envolvimento nos atos terroristas. Eles ouviram as considerações da direção, inclusive sobre a necessidade de mais agentes policiais, para que o estabelecimento esteja operacional em sua totalidade. 

18 de abril

Foram finalizadas as obras do segundo andar do edifício-sede do STF, onde estão a Diretoria-Geral e a Secretaria de Comunicação Social, locais mais atingidos em termos de fiação e equipamentos. 

A Corte iniciou o julgamento das 100 primeiras denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) pelos atos de 8/1. 

25 de abril

O STF recebeu as primeiras 100 primeiras denúncias e instaurou inquéritos para apurar a responsabilidade dos autores intelectuais e das pessoas que instigaram os atos (INQ 4921) e dos executores materiais dos crimes (INQ 4922). Também foi iniciada a análise de mais 200 denúncias. 

27 de abril

STF concede liberdade provisória a 12 pessoas presas em flagrante em 9/1 quando estavam acampadas nas imediações de batalhões do Exército em Rio Branco (AC) e Belém (PA). 

3 de maio

Mais 200 denúncias apresentadas pela PGR são recebidas pelo STF.  A campanha #DemocraciaInabalada recebe a categoria prata do “Prêmios Lusófonos da Criatividade”, em Portugal. 

5 de maio

Tribunal concede liberdade provisória a mais 26 homens e 14 mulheres que estavam presos em razão dos atos golpistas.

  8 de maio

Atos de vandalismo contra os Três Poderes completam quatro meses com pleno funcionamento das instituições 

9 de maio

Mais 250 denúncias são aceitas pelo STF. 

10 de maio

Quatro meses após atos antidemocráticos, Museu do STF ganha painel de memória com referência ao episódio. 

16 de maio

Mais 245 pessoas envolvidas nos atos de 8/1 se tornam rés no STF. 

23 de maio

Corte torna réus mais 250 denunciados. 

30 de maio

No sexto bloco de denúncias, mais 131 pessoas viram rés no STF. 

1° de junho

O Supremo retomou as visitas presenciais ao edifício-sede oferecidas ao público, que estavam suspensas desde os atos de vandalismo. 

12 de junho

Mais 70 pessoas viram rés por atos antidemocráticos no 8/1. 

26 de junho

STF inicia audiências de 232 ações penais contra acusados pelos atos golpistas. As audiências ocorrerão por meio de videoconferência e devem ser finalizadas até 31 de julho.

  27 de junho

Supremo aceita mais 45 denúncias apresentadas pela PGR contra pessoas acusadas de envolvimento nos atos golpistas.  8 de julho Para lembrar os seis meses do Dia da Infâmia, o STF promoverá tuitaço para reforçar a estabilidade do Poder Judiciário, da democracia e da Constituição Federal.

*Do STF

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro adiou para a próxima terça-feira (11), às 9 horas, a oitiva do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Mauro Cid está preso desde 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. O depoimento estava inicialmente previsto para esta terça-feira (4).

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Mauro Cid é obrigado a prestar depoimento à CPMI. Ele pode ser acompanhado por advogados e tem o direito de ficar em silêncio para não responder perguntas que o incriminem.

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Uma perícia da Polícia Federal (PF) no telefone celular de Mauro Cid mostrou trocas de mensagens entre ele e o ex-subchefe do Estado Maior do Exército Jean Lawand Júnior tratando de um golpe de estado, o que foi negado por Lawand.

Vários parlamentares pediram a convocação de Mauro Cid: deputados Rafael Brito (MDB-AL), Rogério Correia (PT-MG), Rubens Pereira Júnior (PT-MA), Erika Hilton (Psol-SP), Henrique Vieira (Psol-RJ), Duarte Jr. (PSB-MA), Duda Salabert (PDT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (PT-ES), Rogério Carvalho (PT-SE), Ana Paula Lobato (PSB-MA), Eliziane Gama (PSD-MA), relatora do colegiado, e do senador licenciado Marcos do Val (ES).

Golpe de Estado

De acordo com o senador Rogério, há indícios de que Mauro Cid tramou um golpe de Estado. “Mauro Cid teve conversas com outro auxiliar do ex-presidente, Ailton Barros, nas quais houve trama para abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil. Na conversa, Ailton afirma que o golpe precisaria da participação do comandante do Exército ou de Jair Bolsonaro, e que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes deveria ser preso”, afirma o senador.

Para o senador Contarato, as mensagens do celular mostram que Mauro Cid pode ter envolvimento “com a conspiração que levou aos atos de violência do dia 08 de janeiro de 2023”.

"A análise das comunicações feitas por Cid, no entanto, tem revelado a prática de

diversos atos ilícitos que vão muito além da quebra de sigilo do inquérito que apurava fraudes nas urnas eletrônicas", afirma Jandira Feghali.

Segundo a deputada, as mensagens trocadas entre Cid e outros militares, servidores e pessoas próximas à família de Bolsonaro, "estão revelando seu envolvimento no caso da tentativa de apropriação de joias milionárias da Arábia Saudita e da fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro, do próprio Cid".

O presidente da CPMI é o deputado Arthur Maia (União-BA).

*Da Agência Câmara de Notícias

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, revelou, nesta quinta-feira (29), que havia 54 profissionais encarregados da segurança do prédio da Corte no dia da invasão de golpistas à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Weber ainda confirmou que, até o final daquele dia, o quantitativo chegou a 75, após o Judiciário acionar outros órgãos de emergência. 

Os dados foram levantados por meio do requerimento do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que questionou o efetivo de seguranças voltados para o órgão nos dias 7 e 8 de janeiro de 2023, “no contexto das manifestações ocorridas na capital federal”. 

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Na última quarta-feira (28), houve ainda a confirmação de que, no dia anterior aos ataques, havia 38 seguranças em serviço para proteger o STF. 

 

Após acordo entre governo e oposição, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou, nesta terça-feira (20), a convocação de mais quatro pessoas. Além dos 36 nomes já convocados, deverão também prestar depoimento à CPMI, na condição de testemunhas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Marco Edson Gonçalves Dias e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha. Ambos foram indicados já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

  Também foram aprovadas as convocações de Renato Martins Carrijo, perito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), responsável pela elaboração do laudo sobre o exame do local onde foi encontrado artefato explosivo próximo ao aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro, e do coronel Jean Lawand Junior, ex-subchefe do Estado-Maior do Exército e atual adjunto do adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos. 

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A convocação de Gonçalves Dias e de Saulo Moura da Cunha era uma reivindicação dos parlamentares da oposição. Apesar de requerimentos com esse mesmo objetivo terem sido rejeitados na semana passada, os senadores Sergio Moro (União-PR), Izalci Lucas (PSDB-DF), Magno Malta (PL-ES) e os deputados Delegado Ramagem (PL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL), Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) voltaram a apresentar o pedido. Eles querem esclarecimento, entre outras questões, sobre as informações enviadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o objetivo de alertar e prevenir autoridades e órgãos públicos dos ataques ocorridos em janeiro.

Já a convocação do coronel Jean Lawand Junior foi colocada em votação como item extra pauta de autoria da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e dos deputados Duarte (PSB-MA), Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Duda Salabert (PDT-MG) e Rafael Brito.   

Eles argumentaram ser necessário ouvi-lo “tendo em vista a recente divulgação pela imprensa de conversas telefônicas entre o convocado e o ex-ajudante de ordens da presidência da República, coronel Mauro Cid – o qual mantinha um grande vínculo de amizade – sobre a necessidade de deflagração de um golpe de Estado”, diz o deputado Duarte na justificação do requerimento. 

 O presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), informou que até o dia 12 de julho só prestarão depoimento os convocados que estejam relacionados à fase cronológica inicial estabelecida pela relatora no plano de trabalho. 

— Isso é fruto de um entendimento nosso. Nós, inclusive, podemos considerar que a última sessão antes do recesso é no dia 12 de julho. Até lá, nós só ouviremos depoentes que estejam envolvidos em acontecimentos pré-8 de janeiro. Isso é um procedimento para que a gente dê tranquilidade a todos para saber como é o andamento das coisas — esclareceu. 

 Inquéritos em sigilo A CPMI terá acesso a inquéritos, processos e procedimentos decorrentes das investigações dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023 e que estão em sigilo, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, com base na Súmula 14 da própria Corte, somente serão encaminhados os inquéritos que já tiveram todas as diligências finalizadas. Aqueles ainda pendentes de diligência deverão ser encaminhadas quando concluíds, num prazo de cerca de 45 dias, como explicou Arthur Maia.

   — A Súmula 14 informa que nós não podemos fazer o compartilhamento de inquéritos, de assuntos sigilosos que estejam sob segredo de Justiça, que estão com diligências pendentes. Então nós estamos acatando e incluindo a observância dessa Súmula 14 nesses requerimentos que vamos aprovar agora.

Foram aprovados cinco requerimentos para acesso desses inquéritos. Os pedidos partiram das senadoras Augusta Brito (PT-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) e dos deputados Delegado Ramagem e Marco Feliciano.

Marcos do Val

O deputado Rogério Correia (PT-MG) apresentou questão de ordem com a solicitação de cerca de 16 parlamentares para que a direção da CPMI substitua o senador Marcos do Val (Podemos-ES) por outro integrante do seu partido. Ele argumentou que Marcos do Val é investigado pelo STF em inquérito relacionado aos ataques ocorridos em 8 de janeiro, o que, considerou ele, poderia comprometer o andamento das investigações da comissão. Arthur Maia indeferiu o pedido justificando que a presidência “não tem autoridade para incluir ou excluir um membro da CPMI”. Marcos do Val se defendeu, criticou a operação ocorrida na última sexta-feira (16) e apontou contradições nas investigações que o envolvem. 

*Da Agência Senado

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