Dedicar-se a cuidar de um animal não é tarefa fácil. O projeto Peludinhos da UFPA, formado por um grupo de seis pessoas, surgiu por iniciativa da servidora pública Sueli Palheta. Ela distribuía comida aos animais no portão de um dos campus da Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente, acolhe animais idosos, filhotes, animais com doenças e até animais paraplégicos. O objetivo do projeto é dar qualidade de vida para os animais e conseguir um lar para eles.
A bióloga Elizabete Pereira Pires, coordenadora de saúde do projeto, deu um caráter ambiental para a ação, visando não só à saúde dos animais, mas também à saúde dos humanos, com um olhar voltado para a saúde pública. “Nós começamos a nos organizar, revitalizamos a página do facebook com um novo nome, antes chamado Projeto ‘Vida Digna’, e a partir daí passou a ser Peludinhos da UFPA, com uma logo nova, com uma identidade mais forte. Começamos a promover ações fora da universidade para ganhar visibilidade, porque o projeto é alimentado por doações feitas fora da UFPA”, conta Elizabete.
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O projeto conta com o espaço físico da UFPA, onde os animais podem ficar soltos dentro da universidade. Segundo Elizabete, são em torno de 120 cachorros e 53 gatos acolhidos. “Nós cuidamos desses animais que foram abandonados e procriaram lá dentro”, explica a bióloga.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cachorros. Segundo Elizabete, além do grande problema do abandono de animais dentro da instituição, muitos animais são deficientes em decorrência de atropelamento ocorridos no campus. “Lidamos ainda com situações bem piores como casos de maus-tratos lá dentro. Animais que são espancados e até envenenados”, diz a coordenadora.
O projeto organiza campanhas que sensibilizam as pessoas para que elas não abandonem seus pets. A nova campanha do projeto é o “Calendário dos Peludinhos”. Os animais foram fotografados com artistas da terra como Pinduca, Lia Sophia, Gina Lobrista, Joelma Klaudia, Marcos Maderito, Viviane Batidão e outros. Doze artistas apoiam a causa de proteção aos animais e também para ajudar a construir um novo espaço físico, pois o lugar onde eles estão recolhidos é um espaço inadequado.
O soldado da Aeronáutica Tarcízio Penha, por gostar tanto de animais, decidiu adotar um filhote. “A amiga da minha mãe tinha vários cachorrinhos em casa, mas não tinha condições de criar. Foi ai que eu conversei com a minha família e decidimos adotar um”, contou Tarcízio. “O projeto Peludinhos da UFPA é um projeto bom por não ter muitos assim em Belém. A sociedade deveria pensar mais, porque cachorro não é só um animal de estimação. Ele é como se fosse um membro da família que se apega as pessoas, e quando é abandonado sofre e muita das vezes acaba morrendo de tristeza”, relatou Tarcízio.
Dados divulgados pelo IBGE revelam que o cachorro é, de fato, o melhor amigo do homem. Em 44,3% dos domicílios brasileiros, há pelo menos um cachorro, com um total estimado de 52,2 milhões de cães. Já a população de gatos foi avaliada em cerca de 22 milhões.
Os números mostram que, hoje, é possível dizer que o Brasil tem mais cachorros do que crianças, já que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2013, o país tinha 44,9 milhões de crianças de 0 a 14 anos. Os dados relacionados aos animais são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), elaborada pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, que visitou cerca de 80 mil domicílios, em 1.600 municípios de todo o país, no segundo semestre de 2013. Essa informação apoiará o planejamento do Ministério da Saúde para a compra de vacinas.
O projeto só permite a adoção de animais saudáveis, e a pessoa que for adotar um animalzinho precisa passar por uma entrevista. “Primeiro a gente cuida, e normalmente só fazemos a adoção quando ele está apto e o veterinário libera. Fazemos o que chamamos de ‘Adoção Responsável’. O animal é acompanhado e monitorado durante um mês para saber sobre a sua adaptação. É fazer a adoção com responsabilidade”, diz Elizabete. Conheça mais o projeto aqui.
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Por Clayton Viana.