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Um grupo de lideranças indígenas, organizado pela Articulação de Mulheres Indígenas em Contexto Urbano, se reuniu no centro do Recife nesta segunda-feira (5) para se manifestar contra o projeto de lei (PL) 490/2007, o Marco Temporal, que permite que setores ruralistas estabeleçam a partir de quando um território pode ser considerado ou não indígena.

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Os manifestantes percorreram a Avenida Conde da Boa Vista em direção à ponte Duarte Coelho, onde participantes falaram e expressaram sua aversão ao PL, que foi aprovado na Câmara dos Deputados no final de maio. “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá, mas essa terra aqui não é sua, ela é dos Capinauá, dos Pankará, Pankararu do Xukuru, do povo Fulni Ô e dos demais de norte a sul”, declamou uma participante no microfone.

Uma das lideranças presentes foi Adriana Caianê, indígena Xucuru de Ororubá, de Pesqueira. “É uma luta não só pela vida da mãe natureza, mas também para que a Constituição seja respeitada, e a gente também está lutando para que os territórios sejam mantidos. O Marco Temporal é a destruição, não só dos territórios mas também dos povos, porque esse PL é morte”, declarou Adriana.

Após a aprovação do PL 490/07 na Câmara, o texto foi encaminhado e aguarda apreciação e votação no Senado.

Fotos: Rachel Andrade/LeiaJáImagens

Nascida em uma comunidade indígena da zona rural de Boa Vista (RR) e militante de longa data do movimento, a atual presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, acredita que o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, em junho de 2022, voltaram a atrair a atenção do país e do mundo para um problema histórico: a fragilidade da proteção dos territórios indígenas de todo o Brasil, em particular da Amazônia.

  “O que me pergunto é: será que o caso teria toda esta repercussão se não houvesse um jornalista estrangeiro entre as vítimas?”, comentou Joenia ao conversar com a reportagem da Agência Brasil sobre o duplo homicídio que completa um ano nesta segunda-feira (5). 

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“Temos vários casos envolvendo [agressões de todos os tipo contra] os povos indígenas e que, geralmente, recebem pouca divulgação”, acrescentou a presidenta da Funai, afirmando que, de forma geral, a sociedade brasileira recebe “pouca informação quanto à seriedade do que se passa na região” amazônica.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dos 176 assassinatos de indígenas identificados no Brasil, em 2021, ao menos 99 foram registrados em estados da Amazônia, encabeçados pelo Amazonas, onde foram contabilizadas ao menos 38 ocorrências. 

Memória

Dom e Bruno foram vistos ainda com vida, pela última vez, no dia 5 de junho de 2022, quando visitavam comunidades ribeirinhas do entorno da Terra Indígena Vale do Javari, próximas à Atalaia do Norte (AM). Correspondente do jornal The Guardian, o jornalista inglês estava percorrendo a região entrevistando lideranças comunitárias e outros personagens para um futuro livro-reportagem sobre a preservação da floresta amazônica.

Já Bruno coordenava reuniões com comunidades atendidas pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), organização não governamental para a qual trabalhava desde que se licenciou da Funai, em fevereiro de 2020, poucos meses após ser dispensado do cargo de coordenador-geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato.

Pessoas próximas alegam que a insatisfação de Bruno com os rumos que a equipe de governo do então presidente Jair Bolsonaro impunha à política indigenista foi decisiva para que ele pedisse licença alegando precisar tratar de assuntos pessoais. Ao passar a atuar nos projetos de autoproteção comunitária da Univaja, Bruno recebeu novas ameaças de morte – algo com que já convivia no serviço público e que informou às autoridades.

“[Antes dos homicídios de Bruno e Dom] servidores da fundação, inclusive o próprio Bruno, vinham alertando para a necessidade de o órgão fortalecer suas Bases de Proteção Etnoambiental e garantir a segurança de seus trabalhadores, dos povos indígenas e das demais comunidades”, disse Joenia. “[Já após os assassinatos] Naquele momento de fragilidade, não só não foram dadas as devidas condições de segurança aos servidores, como se colocou em dúvida tudo o que estava se passando.” 

A presidenta da Funai admite que, apesar das ações implementadas após os assassinatos de Bruno e Dom, como o envio de policiais da Força Nacional de Segurança Pública, a região ainda sofre com a falta de efetivo para patrulhar uma área tão vasta quanto a da segunda maior terra indígena do país, com cerca de 8,4 milhões de hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial). 

“É um desafio muito grande garantir a estrutura [necessária] à proteção dos territórios indígenas. Há questões administrativas como, por exemplo, o deficit de servidores, que é muito grande. Além do mais, para avançarmos com as políticas públicas [que cabem à fundação implementar], precisamos de pessoas preparadas”, ponderou Joenia.

Ela assegurou que, “aos poucos”, a fundação e o governo federal vêm tentando atender as principais reivindicações do movimento indígena, como a retomada das demarcações de áreas da União destinadas ao usufruto exclusivo dos povos originários. Um exemplo citado por Joenia: após mais de quatro anos sem que nenhuma nova terra indígena fosse reconhecida, em abril deste ano o governo federal homologou seis novas reservas. 

“Isso não vai se dar de um dia para o outro. A Funai tem buscado [realizar] ações mais permanentes, mas precisamos reforçar nossas estruturas. Aos poucos, o governo está fortalecendo as bases de proteção, mas é necessária uma política [de segurança pública] mais eficaz, mais permanente. É preciso, por exemplo, dar mais suporte à fiscalização fluvial, que é um gargalo, uma fragilidade que ficou bastante visível durante a recente crise [humanitária] yanomami”, finalizou a presidenta da Funai.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse ter esperança de que o Senado rejeite o Projeto de Lei nº 490, cujo texto base foi aprovado na terça-feira (30), na Câmara dos Deputados, por 283 votos favoráveis contra 155 contrários. 

“Apesar do que assisti ontem, tenho esperança e acredito que os parlamentares e as parlamentares comprometidos com a vida irão se empenhar para barrar o projeto no Senado”, declarou a ministra ao participar, nesta quarta-feira (31), de uma audiência pública a convite da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados. 

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Proposto em 2007 pelo ex-deputado federal mato-grossense Homero Pereira, que faleceu em 2013, o PL 490 ficou conhecido como Projeto do Marco Temporal. O termo faz alusão à tese de que os povos indígenas só tem direito às terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, quando a atual Constituição Federal foi promulgada.

Na Carta Magna, os constituintes reconheceram o chamado direito originário dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Também estabeleceram a responsabilidade da União demarcar, em até cinco anos, não só as áreas habitadas em caráter permanente, mas também aquelas que indígenas usem para suas atividades produtivas, bem como as consideradas imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao bem-estar e à reprodução física e cultural das comunidades.

Substitutivo

O texto aprovado pela Câmara dos Deputados é um substitutivo. Ou seja, uma proposta alternativa apresentada pelo relator da matéria, o deputado Arthur Maia (União-BA), que altera substancialmente a propositura legislativa original. Além de sobrepor o marco temporal ao direito originário constitucional, o substitutivo também prevê a proibição de que as áreas demarcadas sejam ampliadas e a autorização para que comunidades indígenas possam plantar cultivares transgênicos em seus territórios. A proposta permite a anulação de processos demarcatórios que não atendam às novas regras.

  “Uma lei ordinária jamais terá o poder de alterar o texto constitucional”, afirmou a ministra Sônia Guajajara, durante a audiência da CCJ da Câmara, referindo-se ao PL 490, o qual classificou como exemplo da “postura anti-indígena de alguns parlamentares”.

“Sabemos que, infelizmente, para muitas pessoas deste país ainda é muito difícil compreender o conceito da dívida histórica [que o país tem com os indígenas]. Até mesmo para alguns parlamentares desta Casa, as políticas públicas afirmativas que visam à reparação desta dívida histórica nem deveriam existir.” 

Após mencionar que há séculos os indígenas são obrigados a enfrentar “a violência institucional”, Sônia Guajajara rebateu que a aplicação do Marco Temporal nos processos demarcatórios ajudem a trazer segurança jurídica e paz ao campo.

“Sabemos que os conflitos entre indígenas e proprietários rurais existem e que, inclusive, aumentaram consideravelmente nos últimos anos, mas a razão para que estes conflitos não cessem é apenas uma: a morosidade do Estado brasileiro em demarcar os territórios indígenas. Não haverá segurança jurídica no campo sem que todas as terras indígenas sejam demarcadas”, acrescentou a ministra, garantindo que o reconhecimento das terras indígenas seguirá sendo uma prioridade do governo federal. 

“Quero deixar claro que, apesar das investidas deste Parlamento, que visam a restringir e negar os direitos constitucionais dos povos indígenas, o compromisso do presidente Lula em garantir as pautas socioambientais e indígenas permanece de pé. Apesar das movimentações para tentar alterar a estrutura organizacional do atual governo, a política demarcatória das terras indígenas prosseguirá.”

Nesta manhã, o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues usou as mídias sociais para reafirmar que, no Senado, a base governista se empenhará “para ampliar o debate, aprofundar a discussão, incluir e defender os representantes dos povos indígenas, garantindo os direitos constitucionais de quem vive nestas terras desde sempre”. Ontem, o senador já tinha classificado a aprovação do PL 490 como um “retrocesso”, uma “violação” e um “frontal ataque aos direitos dos povos indígenas”.

Diversos representantes de povos indígenas protestaram no Salão Verde da Câmara dos Deputados contra a votação marcada para esta segunda-feira (30) do marco temporal de terras indígenas. Marco temporal é uma tese jurídica segundo a qual os povos indígenas têm direito de ocupar apenas as terras que ocupavam ou já disputavam em 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Constituição. 

A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) afirmou que a tese, se aprovada, representará um genocídio. “É um genocídio legislado. O PL 490/07 é um perigo para a humanidade por permitir que se adentre territórios indígenas”, protestou a parlamentar. 

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O que é marco temporal e quais são os argumentos favoráveis e contrários

A deputada Juliana Cardoso (PT-SP) afirmou que o projeto é um retrocesso em relação à pauta ambiental no mundo. “Defendemos uma economia na qual caibam a relação ambiental, nossos povos e nossa cultura”, disse.  A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, pediu a retirada da proposta da pauta de hoje da Câmara.

“Vai afetar os povos isolados e vai permitir a entrada de terceiros onde vivem pessoas e povos que nunca tiveram contato com a sociedade”. Segundo ela, o PL 490/07 ainda permite o garimpo ilegal nessas terras. “Estamos lutando para acabar com o garimpo ilegal, nós assistimos o crime humanitário contra os yanomamis”, criticou a ministra. 

O representante da Articulação dos Povos Indígenas no Brasil, Kleber Karipuna, cobrou que o Supremo Tribunal Federal julgue o marco temporal. O julgamento está marcado para o dia 7 de junho. Os ministros vão decidir se a promulgação da Constituição Federal deve ser adotada como parâmetro para definir a ocupação tradicional da terra por indígenas. O relator da ação, ministro Edson Fachin, votou contra a tese do marco temporal. 

“Pedimos a continuidade da votação do marco temporal no dia 7 de junho na pauta do Supremo e que ele não se acovarde para negociar a aprovação do PL 490/07.  Frente agropecuária quer votação O coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Pedro Lupion (PP-PR), afirma que os parlamentares estão com boa expectativa da votação sobre o marco temporal. Segundo ele, os deputados estão negociando com os ministros do STF o adiamento do julgamento para que o Congresso dê tempo de aprovar a proposta. “A Câmara está fazendo seu papel de legislar”, disse Lupion. 

“Que o STF suspenda o julgamento, porque estamos fazendo nossa parte para que esse problema se resolva e acabe qualquer vazio legal em relação a essa questão”, afirmou o deputado.

*Da Agência Câmara de Notícias

Depois de 17 dias perambulando pela Amazônia colombiana, comendo frutos selvagens e expostas a animais selvagens, quatro crianças indígenas, que estavam desaparecidas após um acidente com um avião de pequeno porte, foram encontradas vivas por socorristas nesta quarta-feira (17).

Tratam-se de três crianças de 13, 9 e 4 anos e um bebê de 11 meses que estavam perdidos desde 1º de maio, quando a aeronave em que viajavam caiu, aparentemente devido a uma falha mecânica.

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"Depois do árduos trabalhos de buscas das nossas Forças Militares, encontramos com vida as quatro crianças que tinham desaparecido após o acidente", ocorrido em 1º de maio entre os departamentos (estados) de Guaviare e Caquetá, no sul do país, informou o presidente Gustavo Petro pelo Twitter.

Liderados por militares, os trabalhos de busca terminaram com um balanço de três mortos, inclusive o piloto da aeronave e a mãe das quatro crianças da etnia huitoto.

Mais de cem soldados com cães farejadores seguiram o rastro das crianças e caminharam pela selva entre os departamentos (estados) de Caquetá, onde a aeronave foi encontrada com a parte da frente destruída, e Guaviare, ambos no sul do país.

Petro não informou onde as crianças foram resgatadas, nem quantos quilômetros percorreram enquanto estavam perdidas.

Os soldados encontraram um "abrigo construído de maneira improvisada com gravetos e galhos", suspeitando que havia pelo menos um sobrevivente.

Tesouras, fitas de cabelo, sapatos, roupas e uma mamadeira encontrados no meio da mata serviram de pistas para os militares.

Também foram encontradas "frutas da floresta mordidas", disse à AFP Germán Camargo, diretor da Defesa Civil no departamento (estado) de Meta, de onde os trabalhos de resgate e retirada dos corpos das vítimas do acidente foram coordenados.

Entre segunda e terça-feira, os soldados encontraram os corpos do piloto e dos adultos que viajavam no avião vindos de uma área de floresta com destino à cidade de San José del Guaviare.

As crianças, de sobrenomes indígenas Ranoque Mucutuy, são irmãs e viajavam com sua mãe, uma das vítimas fatais.

Árvores gigantescas de até 40 metros, animais selvagens e fortes chuvas dificultaram as buscas.

A Força Aérea se somou à chamada "Operação Esperança", com três helicópteros que sobrevoaram a mata densa.

Um deles levava um alto-falante "capaz de cobrir uma área de cerca de 1.500 metros" com uma mensagem gravada pela avó dos menores. Em língua huitoto, a mulher dizia a seus netos que eram procurados e pedia-lhes que não avançassem pela mata.

As autoridades não informaram as razões do voo da família de indígenas. Nesta região de difícil acesso por rio e sem estradas, os moradores costumam viajar em voos privados.

Segundo a Organização Indígena da Colômbia (ONIC), os huitoto vivem em "harmonia" com as condições hostis da Amazônia e conservam tradições como a caça, a pesca e a colheita de frutos silvestres.

O piloto relatou problemas no motor da aeronave minutos antes do acidente, de acordo com o órgão oficial de atendimento a desastres.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou nesta terça-feira, 16, que a Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para apurar a compra de 19 toneladas de bistecas congeladas para indígenas no governo Jair Bolsonaro que nunca foram entregues. O caso foi relevado em série de reportagens do Estadão que mostram diversas compras sob suspeita na Funai durante a pandemia de covid-19.

Como mostrou o Estadão, o governo Bolsonaro comprou 19 toneladas de bisteca para compor cestas básicas que deveriam ser enviadas ao Vale do Javari, no Alto Solimões (AM), mas a carne congelada nunca foi de fato entregue às comunidades indígenas. Mesmo se o produto tivesse sido entregue, não haveria local de armazenamento e conservação para acomodar o alimento. Os contratos foram assinados no governo Bolsonaro entre 2020 e 2022 e seguem em vigor na atual gestão do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

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O sumiço das bistecas foi confirmado ao Estadão pelos indígenas que deveriam receber o produto e por uma das empresas contratadas para entregar a carne. Mislene Metchacuna Martins Mendes, atual diretora de administração e gestão da Funai, que assinou o contrato de compra, admitiu desperdício de dinheiro público na aquisição. Ela afirmou ao jornal que a Funai ignorou alerta dos técnicos sobre os produtos, mas disse que "a ordem era entregar".

A série de reportagens ainda mostra ainda que a gestão passada desrespeitou recomendações técnicas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e pagou R$ 4,4 milhões para adquirir sardinha enlatada e linguiça calabresa para enviar ao Território Indigena Yanomami no meio de uma crise humanitária. Os alimentos, contudo, não são tradicionalmente consumidos pelos indígenas e a falta de hábito do consumo podem gerar doenças.

Nesta terça, o Estadão mostrou ainda que o governo Bolsonaro pagou R$ 260 o quilo da carne de pescoço de frango também para enviar a indígenas. Da mesma forma, não há comprovação de que os alimentos foram entregues.

Contratos

Os contratos da bisteca seguem em vigor no governo Lula. Após as reportagens, a Funai informou que mandou averiguar as compras. O comando da Funai no governo Bolsonaro foi procurado, mas não se manifestou.

O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) abriu, nesta terça-feira (16), um processo seletivo para profissionais de nível médio e superior. Os contratados atuarão no Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI/BA).

Ao todo, são oferecidas 15 vagas para os cargos de psicólogo, técnico de enfermagem, auxiliar de saúde bucal, técnico em saneamento, assistente social, enfermeiro e cirurgião dentista.

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Os interessados podem realizar as inscrições até às 17h do dia 24 de maio, por meio do e-mail saudeindigenaselecao.dseiba@imip.org.br. A remuneração varia de R$ 1.692,63 a R$ 17.631,54, de acordo com o cargo desejado.

Segundo o edital de abertura, os candidatos serão avaliados mediante análise curricular e entrevista com o corpo diretório da instituição.

De janeiro a março deste ano, o Disque 100 registrou 2.846 violações de direitos humanos contra povos indígenas, de acordo com levantamento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ao qual a Agência Brasil teve acesso.

No total, o serviço recebeu 430 denúncias de violações de diferentes etnias. A maioria dos relatos - feitos de forma presencial - tratou da falta de atendimento médico, melhoria nas escolas, ausência de transporte e violência contra lideranças indígenas relacionadas à demarcação de territórios tradicionais e conflitos fundiários, segundo o ouvidor do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Bruno Renato Teixeira.   

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Nesta semana, o ministério tem promovido diversos encontros com povos indígenas que participam do Acampamento Terra Livre, em Brasília, para a coleta de relatos e denúncias por meio de escutas ativas.

De acordo com o ouvidor, em escutas ativas, os indígenas pediram proteção às lideranças que estão à frente da luta pela regularização de áreas. Líderes relatam que se sentem ameaçados. . “Algumas lideranças se sentem ameaçadas. Temos de fortalecer os programas de proteção executados pelo Ministério dos Direitos Humanos, em conjunto com os estados”, disse Bruno Teixeira.

Mato Grosso do Sul 

Na semana passada, foram iniciadas negociações para ida de uma comissão interministerial a Mato Grosso do Sul, em razão de uma escalada de violência contra líderes guarani kaiowá.

Recentemente, um grupo de indígenas foi preso após protestar contra a destinação de um terreno na cidade de Dourados para construção de condomínio de luxo. O grupo argumenta que a área é território indígena.

Uma comissão interministerial - em parceria com Procuradoria Geral da República em Mato Grosso do Sul e a Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal - deverá ir à região, em maio, para uma escuta ativa e traçar um diagnóstico da situação. Alguns dos órgãos federais envolvidos são os Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e dos Povos Indígenas.

O ouvidor Bruno Teixeira afirmou que a escuta visa identificar quais as políticas públicas que precisam ser implementadas na região e propor a instalação de uma câmara permanente de mediação de conflitos.

“É preciso um ambiente com mais tranquilidade para implementação das políticas públicas necessárias. Quanto mais célere for o processo de demarcação das áreas, mais rápida será a pacificação”, opinou.

Segundo ele, há ainda demandas para busca efetiva de soluções de conflitos no Maranhão e no Amazonas.   

Como funciona o Disque 100   

O serviço Disque 100 recebe denúncias de violações de direitos humanos dos mais variados grupos populacionais, como crianças, idosos, pessoas com deficiência e mulheres. Qualquer pessoa pode fazer a denúncia sem ter a identidade revelada.

Veja abaixo os canais de atendimento:   

Disque 100: ligação telefônica gratuita fixa ou celular pelo número 100   

WhatsApp: basta enviar uma mensagem para o número (61) 99611-0100.   

Telegram: basta digitar “Direitoshumanosbrasil” na busca do aplicativo.

APP SABE: ferramenta Interativa conectada diretamente ao Disque 100.

Baixe o aplicativo no sistema Android ou faça o download do aplicativo no sistema iOS.

Site: digite no seu navegador www.gov.br/mdh/pt-br/ondh

Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado nesta segunda-feira (17), mostra que o ano de 2022 foi marcado pelo elevado crescimento nos dados sobre violência contra a pessoa em decorrência de conflitos no campo. Ao todo, foram 553 ocorrências, que vitimaram 1.065 pessoas, 50% a mais do que o registrado em 2021 (368, com 819 vítimas). Nesse cenário, que inclui assassinatos, tentativas de assassinato, ameaças, agressões, tortura e prisões, povos tradicionais despontam como as principais vítimas.

Em 2022, 38% das 47 pessoas assassinadas no campo eram indígenas, o que totaliza 18 casos. Em seguida, aparecem trabalhadores em terra (9), ambientalistas (3), assentados (3) e trabalhadores assalariados (3). Além desses, as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, somam-se ao cenário crítico de vítimas dos conflitos agrários 2022.

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O número de assassinatos por conflitos no campo no ano passado representou crescimento de 30,55% em relação a 2021 (36 mortes) e 123% em comparação com os dados registrados em 2020 (21 mortes).

Entre os assassinatos, destacam-se os casos ocorridos em Mato Grosso do Sul, em territórios de retomada dos indígenas Guarani-Kaiowá. Foram seis indígenas vitimados entre maio e dezembro, colocando o estado como o terceiro do país que mais registrou assassinatos decorrentes de conflitos no campo. Três dessas mortes ocorreram em ação de retomada da Tekoha Guapoy, no interior da Reserva Indígena de Amambai. No local, emboscadas e perseguições resultaram na morte de Vitor Fernandes, em 24 de junho de 2022, durante despejo ilegal executado pela Polícia Militar do estado, em ação que deixou mais 15 pessoas feridas. As outras vítimas foram Márcio Moreira e Vitorino Sanches, o segundo uma liderança assassinada no centro de Amambai e que já havia sobrevivido a outra investida similar enquanto dirigia pela estrada que dá acesso a Tekoha.

"Temos visto uma queda das ocupações de terra e avanço dos conflitos para dentro de comunidades ocupadas por populações tradicionais. Há um ataque efetivo contra as comunidades indígenas, de forma específica", diz Isolete Wichinieski, da Coordenação Nacional da CPT.

Mulheres e crianças

Outro número divulgado pelo relatório é o de tentativas de assassinatos. Em 2022 foram notificadas 123 ocorrências desse tipo de violência, um número 272% maior que os 33 registrados em 2021. Em seguida estão os dados de ameaça de morte, que também aumentaram na comparação entre 2022 e 2021, passando de 144 para 206, com crescimento de 43,05%.

Boa parte dessas violências por conflitos no campo atingiram especificamente mulheres. Foram seis assassinatos, número que se iguala aos ocorridos em 2016 e 2017. Os demais tipos de violência sofrida pelas mulheres em 2022 foram a ameaça de morte (47, resultando em 27% do total), intimidação (32, com 18%), criminalização (14, com 8%), tentativa de assassinato (13, com 7%) e agressão e humilhação (9 cada uma, com 5%).

Crianças e adolescentes passaram a estar na mira desse tipo de violência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De 2019 a 2022, segundo os números levantados pela CPT, foram nove adolescentes e uma criança mortos no campo. Desses, cinco eram indígenas. Entre os dados de violência contra a pessoa, a morte em consequência de conflito registrou 113 casos, sendo 103 na Terra Indígena Yanomami, com 91 vítimas crianças, representando 80,5% dos casos. O povo Yanomami viveu, nos últimos anos, um agravamento da crise humanitária de saúde e segurança em meio à invasão de suas terras por garimpeiros.

"O futuro das comunidades indígenas está ameaçado, não só pela invasão de suas terras e o assassinato de lideranças, mas por impedir a existência das próximas gerações", afirma Isolete. A dirigente da CPT cobra do novo governo que cumpra a promessa de resgatar as políticas de proteção territorial e de reforma agrária, que demanda orçamento e pessoal. Ela também cobra a reforma e ampliação do programa de defensores de direitos humanos, para enfrentar as graves ameaças e impedir o assassinato recorrente de lideranças comunitárias no campo.

O relatório anual da CPT referente a 2022 apontou um total de 2.018 ocorrências de conflitos no campo, envolvendo 909,4 mil pessoas e mais de 80,1 milhões hectares de terra em disputa em todo o território nacional, o que corresponde à média de um conflito a cada quatro horas.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou medida provisória para liberar crédito extraordinário de R$ 640,074 milhões em favor dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Defesa, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e dos Povos Indígenas, para custear ações voltadas para a população indígena.

A medida está publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (3) e, dentre os programas que o recurso bancará, há fiscalização ambiental em terras indígenas; emprego das Forças Armadas em apoio a ações emergenciais em terras indígenas; distribuição de alimentos a grupos populacionais tradicionais e específicos e a famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional temporária; e regularização, demarcação e fiscalização de terras indígenas e proteção dos povos indígenas isolados.

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O procurador Alisson Marugal, do Ministério Público de Roraima, relacionou diretamente a omissão do governo federal, entre 2017 e 2022, à tragédia humanitária vivida pelo povo ianomâmi no Estado nortista.

Marugal detalhou, em depoimento à comissão do Senado que investiga a tragédia nesta quarta-feira (15), que desde 2019 o Ministério Público, através de ações judiciais, conseguiu vitórias na Justiça cobrando ações do governo federal, mas que na prática não foram cumpridas.

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Marugal afirmou que o garimpo ilegal no território ianomâmi passou a ocorrer de forma descontrolada a partir de 2017. Imediatamente o Ministério Público passou, através de ações judiciais, a tentar reverter a situação. Em 2019 conseguiu, através de decisões da justiça estadual e do STF, exigir do governo federal um plano de ação de combate ao garimpo ilegal. Mas o que passou a ocorrer foram ações muito esparsas, pouco efetivas e insuficientes para expulsão dos garimpeiros.

Marugal disse que a omissão ocorreu também na Fundação Nacional do Índio (Funai) durante esse período. A forte disseminação do garimpo ilegal, incluindo até mesmo a atuação desenfreada de facções criminosas, levou à tragédia humanitária, salientou o procurador. O que fez com que os anos de 2021 e 2022 fossem marcados pela morte de centenas de crianças, jovens e adultos ianomâmi por desnutrição. Ele ainda denunciou o completo sucateamento da educação indígena no território ianomâmi nos anos recentes.

Crimes sexuais, drogas e armas

Também se generalizou a exploração sexual de menores e mulheres indígenas, além da disseminação de drogas e armas entre os povos originários. Esse quadro, somado à contaminação de rios e a inviabilização do uso do território para plantio, caça e pesca pelos ianomâmi, levou à tragédia humanitária.

Para Marugal, somente agora, em 2023, o governo federal implantou um plano de ação visando combater o garimpo ilegal, o que tem levado à expulsão de 80% dos invasores do território.

A fala do procurador foi corroborada pelo diretor da ONG Instituto Socioambiental, Márcio Santilli. Para ele, a omissão do governo, especialmente a partir de 2021, foi determinante para a tragédia humanitária, que levou à disseminação de doenças e fome entre os indígenas. Santilli salientou que o descaso com os ianomâmi tornou-se mais grave a partir de 2017. 

A fala de Santilli foi contraditada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Ela afirmou que Santilli foi presidente da Funai em 1995 e 1996, e que já naquela época existiam denúncias de descaso em relação aos ianomâmi. Santilli respondeu que a situação durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando ocupou a presidência da Funai, não tem "a menor condição de ser comparada com o que vimos nos anos recentes".

Santilli também usou o termo "genocídio" para se referir à omissão do governo nos últimos anos. O uso do termo também foi contraditado pelo relator da comissão, senador Dr. Hiran (PP-RR). Ele disse que o garimpo ilegal invade territórios indígenas "há pelo menos 80 anos", inclusive em Roraima, e que é um crime que precisa de combate efetivo do Estado. O senador também entende que o termo "genocídio" está relacionado a crimes contra a humanidade, e ele vê a situação do garimpo ilegal com "nuances que envolvem, inclusive, a busca pela sobrevivência de muitos brasileiros que vivem na miséria e na pobreza na Amazônia".

Missão Evangélica Caiuá

O diretor da ONG Missão Evangélica Caiuá, Geraldo Silveira, também participou da reunião. Essa ONG tem, nos últimos anos, gerido grandes recursos repassados pelo governo no atendimento à saúde dos ianomâmi. Silveira confirmou que problemas estruturais fizeram com que o número de atendimentos caísse de cerca de 11 mil para 2 mil por ano recentemente.

Esses problemas estão ligados a ameaças contra médicos e enfermeiros por parte de invasores, falta de medicamentos e grande dificuldade no transporte dos profissionais, o que fez com que muitos desistissem de atuar por ali. Outro problema relatado foi o sucateamento dos postos de saúde.

O presidente da comissão, senador Chico Rodrigues (PSB-RR), observou que a ONG Missão Evangélica Caiuá geriu mais de R$ 2 bilhões de recursos públicos nos últimos anos, "um orçamento maior até do que a Funai", por isso entende que a prestação de serviços precisa ser melhor averiguada.

Para Damares Alves, o Brasil precisa discutir se a saúde indígena, em casos como os dos ianomâmi, deve ser terceirizada ou ser assumida mais diretamente pelo Estado brasileiro.

*Da Agência Senado

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O jornalista e professor Thiago Barros, docente do curso de Comunicação Social da UNAMA – Universidade da Amazônia, lança nesta terça-feira (7), às 19h30, o livro "Coração da Amazônia, território em disputa: movimento indígena e representação política em campanha contra hidrelétricas". O trabalho será apresentado no evento de abertura de semestre do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC) da UNAMA, no auditório D200, na UNAMA Alcindo Cacela.

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Doutor em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC/UNAMA, 2021), mestre em Planejamento do Desenvolvimento do Trópico Úmido - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA, 2011), Thiago Barros se divide entre a redação do jornal O Liberal, em Belém, onde atua como editor, e a academia. Pesquisador, integra o Grupo de Pesquisa Comunicação e Política na Amazônia (Compoa - UFPA/CNPq) e recebeu a medalha Margarida Kuncsh pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), em 2007.

Thiago faz parte do corpo docente do PPGCLC e já integrou o grupo de professores orientadores do projeto LeiaJá na Universidade da Amazônia. Tem experiência interdisciplinar em comunicação, política, políticas públicas e desenvolvimento sustentável e trabalha na linha de pesquisa sobre representação política, desenvolvimento sustentável e processos midiáticos.

Da Redação do LeiaJá Pará.

A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu dois inquéritos civis ligados à proteção de indígenas durante o governo Jair Bolsonaro. A gestão do ex-chefe do Executivo já está na mira de investigações do Ministério Público Federal em Roraima sobre suposta desassistência aos povos originários, em especial os Yanomami. Também é alvo de investigação sobre suposto genocídio, omissão de socorro e crimes ambientais.

As novas apurações foram oficialmente abertas pelo Ministério Público Federal com base em procedimentos preparatórios que já tramitavam na Procuradoria. As portarias de instauração dos inquéritos foram assinadas no último dia 13.

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Um deles vai se debruçar sobre possível prática de improbidade administrativa na gestão da Fundação Nacional do índio (Funai). O outro trata de suposta irregularidade no uso, pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de somente 44% do orçamento previsto para 2020, 'impactando programas vinculados às políticas de proteção das populações indígenas e quilombolas'.

Na avaliação da procuradora Luciana Loureiro Oliveira ainda havia necessidade de realização de diligências para que o MPF decidisse quais medidas deveriam ser adotadas nos casos. Para ela, não cabe o arquivamento das apurações preliminares.

O governo Bolsonaro já é alvo de outras investigações envolvendo a proteção de povos indígenas. No final de janeiro, a Procuradoria da República em Roraima abriu um inquérito civil para apurar como 'ações e omissões' de agentes públicos contribuíram para a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami.

Segundo o Ministério Público Federal, no âmbito de outras investigações em curso, já há 'vasto acervo de evidências para a imediata responsabilização' do Estado pela crise que assola a comunidade indígena.

Por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, a tragédia na terra indígena também é investigada pela Polícia Federal, que mira 'altas autoridades federais' do governo passado por suposto crime de genocídio de povos indígenas, assim como delitos ambientais relacionados à vida, à saúde e à segurança de tais comunidades.

Acompanhamento e explicações

A repercussão sobre a tragédia em Roraima levou o Senado a instituir uma Comissão Temporária Externa para acompanhar a situação dos indígenas no local, assim como a saída de garimpeiros da Terra Yanomami. No entanto, uma visita do presidente do grupo à comunidade no último dia 20 chamou atenção do Ministério Público Federal.

Na terça-feira, 21, a Procuradoria da República em Roraima oficiou o senador Chico Rodrigues, presidente da Comissão, solicitando informações sobre sua visita.

A Procuradoria quer identificar os objetivos e atividades do grupo na Terra Indígena, 'na perspectiva da defesa dos povos que habitam' o local. Chico Rodrigues tem dez dias para responder o documento, que também foi remetido à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

No primeiro dia de desfiles das escolas de samba no Carnaval São Paulo em 2023, os amantes do samba vão ouvir enredos que exaltam a resistência negra, os indígenas, às mulheres e o próprio samba. A primeira noite do Grupo Especial acontece no Sambódromo do Anhembi nesta sexta-feira (17). 

Após o desfile das velhas-guardas de São Paulo, a primeira escola de samba a desfilar no Sambódromo do Anhembi é a Independente Tricolor. A previsão é que a escola entre na passarela do samba às 23h15 com o enredo “Samba no pé, lança na mão, isso é uma invasão!”

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O samba-enredo vai ser entoado por Pê Santana e Lico Monteiro. O tema usa referências da mitologia e traça um paralelo com a realidade. Segundo a escola, o enredo é uma alusão à estratégia para vencer batalhas, partindo da vitória grega sobre os troianos, e à conquista de espaços, uma referência ao retorno da escola ao Grupo Especial em 2023.

Assinam a obra que vai embalar o desfile da Independente Tricolor os compositores Maradona, André Diniz, Evandro Bocão e Marcelo Valência.

Veja a letra completa do enredo.

Acadêmicos do Tatuapé

A segunda escola a entrar na avenida é a Acadêmicos do Tatuapé, que vai apresentar uma homenagem à cidade de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro.

A cidade da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), da arquitetura colonial, do Caminho do Ouro, da natureza exuberante,  Patrimônio da Humanidade, da gastronomia criativa, dos caiçaras, indígenas e quilombolas é, também, do carnaval paulistano.

Com o tema Tatuapé Canta Paraty! Do Caminho do Ouro à Economia Azul. Patrimônio Mundial, Cultura e Biodiversidade. Paraty Cidade Criativa da Gastronomia, o intérprete Celsinho Mody canta o enredo dos compositores Fabiano Tennor, Henrique Silva, Magoo e Kuka Monteiro.

Veja a letra completa do samba

Barroca Zona Sul

Terceira escola a desfilar, a Barroca Zona Sul leva para a avenida o enredo Guaicurus. O tema da verde e rosa vai contar a história da tribo indígena homônima no Pantanal brasileiro.

Historicamente, os guaicurus habitaram os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e a região do Chaco paraguaio. O espírito guerreiro é a marca deste povo indígena.

Os compositores são Thiago Meiners, Claudio Mattos, Sukata, Morganti, Tubino, André Mattos, Thiago Savanna, Wilson Mineiro, Julio Alves, Rodrigo Alves, Silvio Ribeirinho, Fernando Negão e Pixulé, que também é o intérprete do samba.

Leia a letra completa do enredo

Unidos de Vila Maria

A Unidos de Vila Maria entra no desfile em 2023 com o samba-enredo que faz referências a desfiles antigos, ao bairro e à própria história. O samba Vila Maria. Minha Origem. Minha Essência. Minha História! Fonte de Amor Muito Além do Carnaval é assinada por Alemão do Pandeiro, Paulo Senna, Anderson Magrão e Tadeu Gomes e será interpretada por Wander Pires.

Conheça a letra completa do enredo

Rosas de Ouro

Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome é assim que em 2023, a Rosas de Ouro faz coro à busca por respeito e igualdade racial. A resistência negra através dos tempos vai ser retratada em um manifesto racial no sambódromo do Anhembi.

A proposta do samba-enredo é mostrar desde a ancestralidade até os dias de hoje, e para agregar algo atual, foi inserida a frase "que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”, que é uma referência à música AmarElo, do Emicida. O samba tem composição de Arlindo Cruz, Fabiano Sorriso, Pedrinho Sem Braço, Paulinho Sampagode e Osmar Costa e será interpretado por Royce do Cavaco.

Veja a letra completa do enredo

Tom Maior

A Tom Maior leva para o sambódromo este ano Um Culto às Mães Pretas Ancestrais que aborda o maternar espiritual, através dos pilares: criação, ensinamento, guia, força, respeito e devoção. Os compositores que falam desse amor são Gui Cruz, Turko, Portuga, Rafa do Cavaco, Vitor Gabriel, Fabio Souza, Imperial, Junior Fionda, Willian Tadeu e Anderson. O samba-enredo será interpretado por Gilsinho.

Veja aqui o samba-enredo da Tom Maior

Gaviões da Fiel

E a escola que vai fechar o primeiro dia de desfiles, já ao amanhecer, é a Gaviões da Fiel, com o samba-enredo Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!. O enredo fala sobre a edificação da humanidade através da fé e propõe uma reflexão sobre a intolerância religiosa.

Os compositores são Araken, Fabinho do Cavaco, Armênio Poesia, Nando do Cavaco, Bruno Jaú, Maestro Jota IlhaBela, Sebastian e A. Filosofia e o intérprete é Ernesto Teixeira.

Veja aqui o samba-enredo da Gaviões da Fiel

Programação

17 de fevereiro, sexta-feira

20h30 – Desfile das velhas-guardas de São Paulo

23h15 – Independente Tricolor

00h20 – Acadêmicos do Tatuapé

01h25 – Barroca Zona Sul

02h30 – Unidos de Vila Maria

03h35 – Rosas de Ouro

04h40 – Tom Maior

05h45 – Gaviões da Fiel

Jovens mulheres cis e trans negras, indígenas e refugiadas, na faixa etária de 18 a 29 anos, podem se inscrever até o próximo dia 6 de março para os cursos gratuitos de audiovisual, jogos digitais e jogos de mesa, promovidos pela instituição sociocultural Cinema Nosso, por meio do projeto Empoderamento e Tecnologia: Jovens Negras no Audiovisual. As inscrições podem ser feitas por meio deste link.

As aulas dos dois cursos de cinema voltados para ficção e documentário e dos dois cursos de jogos digitais e jogos de mesa serão online e presenciais, mas somente para jovens do Rio de Janeiro. Já as do laboratório de roteiro para séries terão formato virtual e estão abertas para todo o país. Ao todo, são destinadas ao projeto 175 vagas, sendo 35 para cada uma das cinco formações oferecidas.

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O Cinema Nosso é uma das maiores escolas populares de audiovisual da América Latina, contabilizando mais de 10 mil jovens formados em seus cursos. As aulas para os cursos de cinema serão iniciadas no dia 20 de março, enquanto as dos cursos de jogos têm começo previsto para 27 de março. O encerramento dos cursos ocorrerá em 25 de novembro. A Cinema Nosso está localizada na Rua do Resende, 80, no bairro da Lapa, região central da cidade do Rio de Janeiro.

A assistente sênior de Formação Pedagógica do Cinema Nosso, Laís Muniz, informou à Agência Brasil que o projeto Empoderamento e Tecnologia: Jovens Negras no Audiovisual surgiu a partir de pesquisa feita em 2019 pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) sobre a quantidade de mulheres negras no mercado do audiovisual. Segundo ela, "foi uma porcentagem irrisória". Isso acontece em cargos de direção, direção de fotografia, roteirista, citou Laís. “A gente está aí formando jovens negras para serem inseridas no mercado audiovisual. O projeto tem esse recorte”, destacou.

Tema

Anualmente, é escolhido um tema que prioriza o empoderamento negro, buscando trazer referências para as alunas produzirem seus projetos. Este ano, o tema escolhido foi Escrevivências e terá como inspirações obras da escritora Conceição Evaristo, trazendo o seu conceito que ganhou grande notoriedade nos últimos tempos. De acordo com Laís, a ideia é ressaltar que, por meio da escrita, “conseguimos expor as nossas experiências e vivências na sociedade enquanto mulheres negras e a cultura afro-brasileira, como uma forma de resistência, sendo ferramenta para o processo de empoderamento”.

Todas as formações contarão com mentorias de gestão de carreira, palestras e workshops. Para concluir o curso, é necessário obter 75% de presença, além da entrega do trabalho final. Laís Muniz destacou que ela própria foi uma das alunas do primeiro ano do projeto. “Fiz parte da primeira turma de cinema de ficção, em 2019, e hoje trabalho no Cinema Nosso. Outras colegas que se formaram comigo estão como diretoras de fotografia, são roteiristas. Estão encaminhadas no mercado”. Durante a formação, as alunas terão contato com vários profissionais do mercado.

Cinema Nosso

O Cinema Nosso é uma instituição sociocultural que atua alinhada ao mercado audiovisual para reduzir as desigualdades sociais e proporcionar tecnologia e experiências de inclusão para a produção de narrativas juvenis, fomentando a cadeia produtiva do audiovisual no Brasil.

A instituição foi criada em 2000, a partir da experiência do filme “Cidade de Deus”, pelos diretores e atores do filme. Hoje, o Cinema Nosso é um centro de inovação e tecnologia que oferece iniciativas para crianças e jovens, com ênfase em programas de empreendedorismo e empregabilidade.

Um grupo de indígenas isolados, dentro do Território Yanomami, em Roraima, está a apenas 15 quilômetros de um ponto de garimpo ilegal. Imagens captadas durante um sobrevoo, nesta sexta-feira (10), comprovam a existência da comunidade e registram, inclusive, malocas e plantações de alimentos no entorno.

O monitoramento faz parte de uma ação coordenada que envolveu os ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Força Nacional e Polícia Federal.

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De acordo com a Funai, tratam-se de indígenas do povo Moxihatëtëa. Eles ainda não foram contatados, mas são monitorados pela fundação desde 2010. Os povos isolados são comunidades que, por decisão própria ou por determinadas circunstâncias, vivem em isolamento total ou sem contato significativo com a sociedade em geral.

Pelo menos desde 2017, o Ministério Público Federal (MPF) vem alertando sobre a ameaça de genocídio dos povos yanomami isolados Moxihatëtëa. Em 2021, dois indígenas da comunidade foram mortos a tiros por garimpeiros.

Além dos Moxihatëtëa, a Funai estima que há pelo menos outras três comunidades de indígenas isolados no território Yanomami, mas ainda não há comprovação oficial. O temor dos especialistas é que o contato forçado dessas comunidades isoladas com não indígenas provoque a dizimação desses povos, seja por conflitos diretos ou propagação de doenças. 

Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras há anos, os indígenas yanomami têm sofrido com casos de desnutrição, doenças como malária e pneumonia, além de violência, incluindo episódios de agressões e assassinatos. A situação se agravou nos últimos quatro anos.

A repercussão internacional das imagens de crianças e adultos desnutridos e de unidades de saúde lotadas de pessoas com malária e outras doenças mobilizou o governo federal a implementar medidas emergenciais para socorrer os yanomami. As ações incluem a elaboração de relatórios de diagnóstico, envio de equipes médicas, de insumos e alimentos, bem como a repressão direta aos garimpeiros e seus financiadores.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para apurar a responsabilidade cível do governo de Roraima, após as falas do governador do estado, Antonio Denarium, que declarou que os indígenas "têm que se aculturar e não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho".

A afirmação ocorreu em entrevista à Folha de S.Paulo, quando o governador respondia sobre os projetos na Terra Indígena Yanomami. De acordo com MPF de Roraima, as falas têm "potencial discriminatório", conforme previsto no Artigo 20 da Lei sobre Crimes de Preconceito de Raça ou de Cor.

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De acordo com o procurador Alisson Marugal, as declarações ofendem a imagem coletiva dos yanomami, rotulando-os como bichos, e expressam opinião depreciativa que implicaria que os indígenas não poderiam viver seu modo de vida tradicional.

Em nota, o Conselho Indígena de Roraima, organização representativa de 261 comunidades, repudiou as falas de Denarium e destacou que o governador de Roraima minimiza o grave estado de calamidade pública enfrentado pelos povos indígenas yanomami por conta da invasão de seu território por garimpeiros ilegais.

O Conselho Indígena de Roraima pediu investigação na Procuradoria da República do estado, Superintendência da Polícia Federal e nos ministérios dos Povos Indígenas e da Justiça.

O documento do MPF já foi encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem cabe instaurar apuração criminal de conduta e denunciar o governador ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), caso haja indícios de ato criminoso.

A Secretaria de Comunicação do governo de Roraima informou que as informações repassadas pelo governador Antonio Denarium foram tiradas do contexto na matéria veiculada. E que, em momento algum, o governador fez qualquer citação discriminatória, e que o desejo pela melhoria da vida das pessoas seria o desejo de qualquer pessoa que valoriza a dignidade de indígenas ou não.

Para aliciar e abusar sexualmente de mulheres e meninas de comunidades indígenas, garimpeiros de Boa Vista, em Roraima, oferecem perfumes, roupas, bebidas alcoólicas e até ouro. O garimpo ilegal na região intensifica a prática. 

“Aquela moça que levou consigo é sua irmã? Se você fizer ela deitar comigo, sendo que você é o irmão mais velho dela, eu vou pagar cinco gramas de ouro”, relatou um yanomami sobre o aliciamento de um garimpeiro ao relatório “Yanomami Sob Ataque”, que reúne as formas mais recorrentes de aliciamento em terras Yanomami. 

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De acordo com a antropóloga do Instituto Socioambiental, Luísa Molina, observa-se a utilização do ouro e da comida como “meios de seduzir e envolver indígenas e ter acesso aos seus territórios”. “Eles [os garimpeiros] prometem cestas básicas, motor de embarcações, porcentagem de ouro em troca de acessos aos territórios”, afirmou. Ela complementou, ainda, que a violência sexual contra as mulheres é uma das formas deles garantirem a entrada nas terras. 

Pessoas mais velhas costumam ser mais resistentes ao aliciamento, informou o Uol, segundo uma fonte que trabalha no território e não quis ser identificada. No entanto, as mais jovens tendem a ser alvos preferenciais de garimpeiros, e as abordagens são feitas em comércios e até postos de saúde. 

O relatório destaca trechos de diálogos entre os garimpeiros e os yanomamis: “Vocês estão tirando ouro de nossa floresta, vocês devem dar comida para nós sem trocar”, disse um Yanomami. “Vocês não peçam nossa comida à toa. É evidente que você não trouxe sua filha. Somente depois de deitar com tua filha eu te darei comida. Se você tiver uma filha e a der para mim, eu vou fazer aterrissar uma grande quantidade de comida que você vai comer. Você se alimentará. Se eu pegar tua filha, não vou mesmo deixar vocês passarem necessidade”, afirmou um garimpeiro.

O relatório confirma que os garimpeiros só oferecem os alimentos depois de tocar nas mulheres. 

 

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta quarta-feira (25) o prazo para o governo federal apresentar um plano de proteção para indígenas que vivem isolados. Foram concedidos mais 30 dias.

O pedido de prorrogação foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) em função do período de transição de governo.

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Em novembro do ano passado, Fachin atendeu ao pedido liminar da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) para obrigar a adoção de um plano de proteção dos indígenas em 60 dias. A entidade alegou omissão do governo de Jair Bolsonaro e risco real de extermínio de indígenas que vivem isolados.

A adoção da medida ocorreu após o falecimento do "índio do buraco”, indígena que vivia isolado na Terra Indígena Tanaru, em Rondônia. Ele era o último remanescente de uma etnia não identificada que foi massacrada na década de 1990.

O perfil do Exército Brasileiro no Twitter tem sido bombardeado por comentários reacionários de contas bolsonaristas, após a comunicação da Força divulgar alguns dos envios feitos à população yanomami, em Roraima, frente à crise humanitária na terra indígena, nessa segunda-feira (23).

Antes associados ao uso das Forças Armadas, a quem recorreram na tentativa de validar um golpe de Estado, bolsonaristas radicais agora alimentam um discurso de abandono e traição por parte do Exército. 

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O povo yanomami, uma das mais tradicionais etnias indígenas do Brasil, passa pela pior crise de sua história. Balanços recentes mostram que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), pelo menos 500 crianças yanomami morreram por fome ou falta de assistência sanitária. O Governo Federal decretou emergência para acelerar o envio de socorro. 

“Nossa tropa do Comando Militar da Amazônia está atuando na missão de apoio às ações interministeriais para atendimento às comunidades da Terra Indígena Yanomami, em Roraima”, escreveu o perfil. As Forças lançaram 1,2 toneladas de alimentos e 95 quilos de material médico em direção ao território.  

Nos comentários, bolsonaristas ironizam a fome do povo yanomami, com um disparo de mensagens pedindo para “fazer o L”, associando a crise do último governo ao recém-empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Há também críticas referentes aos pedidos de socorro dos “patriotas”, que por quase dois meses questionaram as eleições e pediram apoio institucional dos militares para anular os resultados. Os radicais parecem se sentir traídos e acreditam que o Exército se vendeu ao comunismo e aos pedidos de Lula, que é presidente. 

Mensagens como “Frouxos”, a imagem de uma lápide do Exército escrito “Morreu por falta de coragem”, “iFood” e “Quero ver quando virar Venezuela e não ter nada para entregar”, fazem parte das mais de mil respostas à publicação. 

Bolsonaristas investem também no disparo de mais uma notícia falsa: a de que os yanomami mortos e em situação de desnutrição seriam, na verdade, venezuelanos, plantados no território “pela esquerda”, para diminuir as ações do Governo Bolsonaro. Apesar da etnia não estar presente apenas no Brasil, o território yanomami brasileiro é reconhecido e mapeado desde 1992. 

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