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A procura por livros não acabou, apesar de muitas livrarias terem fechado durante a pandemia da covid-19 no Brasil. Isolados por pouco mais de um ano, os brasileiros tiveram que reestruturar seus hábitos e a leitura tornou-se parte da rotina de muitos deles. As tags booktok e bookgram ganharam força nas redes sociais, principalmente entre os mais jovens, que tiveram um incentivo para começar a ler.

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Há quem acredite que as redes sociais afastam as pessoas de atividades saudáveis, como ler e passear ao ar livre. Mas com o uso apropriado, as ferramentas digitais revolucionam e contribuem para o estímulo à leitura e à criatividade de jovens e adultos.

Durante a pandemia, o TikTok teve seu momento de ascensão no Brasil e no mundo. A rede social que é famosa por seus "challenges" vai muito além das dancinhas do momento; o Tiktok é composto por nichos dos mais variados gostos. Booktok é uma comunidade do aplicativo voltada para os leitores, onde os usuários podem compartilhar suas experiências literárias e provocar o interesse de outras pessoas.

Atualmente a tag #booktok conta com cerca de 51,1 bilhões de visualizações em todo o mundo; no Brasil os números ultrapassam os 3 bilhões. Os vídeos da rede social fizeram sucesso por usarem a linguagem do público jovem sobre um assunto que é visto como obrigação acadêmica. Além dos usuários fazerem lives para os seguidores lerem ao mesmo tempo, durante um período de isolamento social.

A estudante Maria Clara Pitangui, 18 anos, conta que voltou a ler durante a pandemia após ver vídeos no TikTok em que os usuários contavam histórias como se tivessem acontecido com eles e no final revelavam que era de determinado livro. “Eles te instigam a ler o livro”, falou.

É o caso também de Bianca Santos, estudante do ensino médio. Aos 18 anos, Bianca acompanha as principais tags literárias do Instagram e do TikTok. "Eu sempre via trechos de alguns livros lá e acabei me interessando por um em específico e depois comecei a ler vários", conta. Desde o início da pandemia, a estudante estima que leu mais de 60 livros e afirma que o hábito a ajudou a escrever melhor.

Foi por meio dessas tags que influenciadores e livrarias encontraram uma forma de criar e divulgar conteúdo literário e continuar trabalhando, apesar da pandemia. A jornalista paraense Thamyris Jucá, 34 anos, revela que produzir conteúdo literário lhe traz grande satisfação. "O meu projeto surgiu durante a pandemia e digo com segurança: foi a salvação da minha saúde mental", conta a jornalista. Suas páginas no TikTok e no Instagram (@thammyreads) têm mais de mil seguidores. Thamyris divulga suas resenhas literárias, unboxings e tour por livrarias.

Fora do Tiktok, a comunidade de leitores também está em alta no bookgram, na rede vizinha. Kamila Monteiro, 28 anos, é criadora de conteúdo há cinco anos. Em 2017 a estudante de Pedagogia decidiu criar um perfil no Instagram (@kamonmila) para ter contato e troca com outros leitores, e desde então segue produzindo conteúdos literários para 10 mil seguidores. Kamila está tentando profissionalizar o perfil. Ela posta dicas, curiosidades e resenhas literárias em parceria com editoras e autores.

A influencer relata que se sente pressionada pela exigência de constância da plataforma. O algoritmo não perdoa. Alguns dias sem conteúdo já significa baixo engajamento e os criadores de conteúdo precisam de bons números. Kamila conta que já consegue lidar bem com isso e hoje respeita o tempo que precisa ficar sem criar novos posts, apesar do reflexo nos números. “A saúde mental precisa vir primeiro, principalmente porque ainda não tiro remuneração do meu perfil”, disse.

A estudante conta que a leitura sempre esteve presente na sua vida e em muitos momentos os livros foram seus melhores amigos. “É algo fundamental pra mim, me ajuda a ter novas percepções, entender outros pontos de vista, ser mais tolerante, enxergar o outro com um olhar diferente”, diz.

Kamila defende a importância das redes sociais no incentivo à leitura. Para ela, durante a pandemia, muitas pessoas se sentiram acolhidas e resgataram o hábito pela facilidade da abordagem utilizada pelos internautas. “A escola empreende a literatura enquanto instrumento de prova, e não por prazer ou hábito. Sempre terá aqueles que não gostem, isso é normal. Mas impor uma leitura de avaliação afasta ainda mais os jovens, e nas redes o processo é o inverso”, afirma.

Wattpad e os estigmas da leitura

Afinal, só é leitor de verdade quem lê os clássicos da literatura? Thamyris Jucá diz que não. Ela acredita que esse pensamento afasta os leitores e cria uma barreira. "Todo mundo tem capacidade de ser leitor e pode ler o que quiser, sem julgamentos, sem pressões. O importante é adquirir o hábito e investir nele um pouco a cada dia", disse a jornalista.

Mas ainda há uma dose de preconceito em relação às fanfics, histórias criadas de fãs para fãs de algum universo, literário ou não. A linguagem mais atual e mais simples dos contos acaba gerando interesse nos jovens pela leitura. Foi o caso de Kamila Santos, estudante de 18 anos. Ela diz que muitos livros publicados como fanfics acabam sendo vendidos por editoras depois, como "Crepúsculo", da autora Stephenie Meyer. "Eu acho que quando a gente tem uma média de leitura de apenas 2 livros por ano, acaba que qualquer incentivo é válido", disse a estudante, quando perguntada sobre a visão de que fanfic não é leitura de verdade.

A fanfic é considerada gênero textual digital e é tema de debate em muitos trabalhos acadêmicos e entre professores de língua portuguesa. Em sua defesa de mestrado no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), Adriana Campos diz que é fundamental que o aluno entenda as variações dos textos falado e escrito. Em seu trabalho publicado na internet, Adriana diz que a fanfic "trata-se de um fenômeno contemporâneo, com adesão do público jovem nos meios digitais, permitindo interatividade e incentivando a criatividade do autor", e que por isso serviria de relevante ferramenta de ensino.

E para ajudar nesse incentivo, o Wattpad conta com milhares de livros publicados por autores independentes. Foi nessa comunidade que Maria Cristina Freire, recepcionista de um hospital em São Paulo, conheceu Jahmilly, estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Pará (UFPA). Tudo começou em 2017, quando uma autora que Cristina acompanhava migrou para o site e um grupo de leitura foi criado para discutir a obra. Cristina conta que havia perdido a vontade de ler, mas que a comunidade do Wattpad reacendeu esse hábito, além de ter feito novas amizades. Apesar de não lerem mais fanfics como antes, as amigas concordam que foi o que expandiu o gosto literário delas.

Falta de representatividade nacional

Apesar das redes sociais terem alavancado o mercado dos livros, ainda há poucas obras brasileiras na roda. A maior parte dos livros indicados são estrangeiros, como os da autora queridinha do TikTok, Colleen Hoover. A empreendedora Caroline dos Santos Lima, 23 anos, é uma leitora voraz e diz que os livros indicados nas tags são muito repetitivos. "Tem tantos livros nacionais incríveis que não tem tanta visibilidade. Claro que é legal ler os livros do hype, mas também é bom sair um pouco deles e explorar, tem tanta opção", conta.

Na lista dos 25 best-sellers mais vendidos no Brasil em 2021, divulgada pela Amazon, apenas quatro livros são nacionais, apesar de ocuparem posições elevadas. Em primeiro lugar, "Torto Arado", do escritor e geógrafo Itamar Vieira Junior, também é divulgado nas redes sociais, e retrata a vida no sertão baiano, a partir da história de duas irmãs. Em 2020, a posição foi ocupada pelo "Pequeno Manual Antirracista", da filósofa Djamila Ribeiro.

Jahmilly discorda da afirmação de que livros estrangeiros são mais interessantes e diz "tem muito livro bom nacional que acaba não tendo reconhecimento e os da gringa tomam esse título". A estudante Kamila Macedo, 18 anos, afirma que não vê muitas editoras investindo em livros nacionais. “Normalmente a gente encontra mais autores independentes, então, para um público maior, fora das redes sociais, acaba sendo bem mais complicado saber mais sobre esses livros". E acrescenta: "Eu acho que crescemos com a ideia de sempre esperar o melhor de outros países, e isso não se trata apenas de livros, mas de diversas coisas se tratando de arte".

Mas, afinal, por que o brasileiro lê pouco?

Segundo dados da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, divulgada em 2020, o Brasil perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. A pesquisa, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, revela que a média de livros lidos inteiros por ano é de 2,5 livros por pessoa. A pesquisa também aponta que o número de não leitores diminui de acordo com a renda familiar e com a classe social.

Para a pedagoga Ingrid Louzeiro, os brasileiros não leem porque não têm incentivo desde criança. Ocorreu com Jahmilly. A estudante conta que não teve incentivo em casa e foi na internet que descobriu a paixão pela literatura. Jahmilly lembra de quando começou a ler. Apesar de gostar de livros físicos, não tinha como comprar muitas unidade. Na internet ela conheceu comunidades de leitores que compartilham livros digitais e pôde expandir seus gostos. “Comecei a ler pela internet, em blogs e wattpad, depois entrei em grupos e segui perfis nas redes sociais sobre o assunto”, contou.

Segundo Kamila Monteiro, a falta de incentivo e de metodologia eficaz e apropriada dentro das escolas é determinante para o baixo índice de leitura do país. “Dois tempos de literatura no ensino médio não incentivam de fato a leitura, e também o preço dos livros não colabora. Livros são artigos de luxo, há uma ideia de que leitura, cultura e educação são privilégios e não direitos”, afirma.

Para a Ingrid, é preciso ter projetos educacionais dentro e fora das escolas que incentivem e estimulem a leitura desde cedo nos brasileiros. Kamila defende a necessidade de políticas públicas por parte do governo e uma revisão de como a literatura e a leitura são inseridas nas escolas. “Não dá pra achar que apenas os bookstans (fãs que acompanham determinada saga ou autor de livros) conseguem de fato converter leitores”, finalizou.

Por Álvaro Frota e Jéssica Quaresma (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Jean-Paul Sartre (1905-1980) foi um filósofo, escritor e dramaturgo francês. Sartre é autor de dezenas de livros, tendo em sua obra clássicos da filosofia contemporânea como “O ser e o nada”. Sartre foi fortemente influenciado por pensamentos filosóficos que derivaram da escola alemã de Nietzsche e Heidegger, além da influência da fenomenologia do filósofo matemático alemão Edmund Hasserl.

Sartre é considerado um dos maiores pensadores da filosofia existencialista. A leitura de clássicos desde a juventude despertou-lhe um espírito criativo. A ausência de uma figura paterna repressiva, alinhada a uma presença mais branda (de seu avô) proporcionaram a Sartre, como o autor costumava dizer, um espírito mais livre.

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Suas primeiras produções literárias começaram em 1921, quando Sartre entra para o Liceu Louis-le-Grand. Lá Sartre inicia uma amizade com o filósofo Henri Bergson. Em 1924, entrou para o curso de Filosofia da Escola Normal Superior de Paris, onde conheceu outro intelectual que viria a marcar o século XX, o filósofo e cientista político Raymond Aron.

De todos os intelectuais com que Sartre teve contato em seus primeiros anos de estudos acadêmicos, a então estudante de filosofia Simone de Beauvoir foi quem mais o marcou. Simone viria, mais tarde, tornar-se uma referência em estudos sobre filosofia existencialista, questões de gênero e também sobre feminismo.

Conheça a seguir três obras para iniciar o contato com a obra de Sartre:

Jean-Paul Sartre | Documentário Humano, demasiado humano – BBC

Direção: Alain de Botton | Ano: 1999 | Duração: 47min.

Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) estudou na Escola Normal de Paris e em Berlim, onde recebeu a influência de Husserl e Heidegger. Desenvolveu uma filosofia existencialista em obras como O ser e o nada (1943) e O existencialismo é um humanismo (1946). Nela, aprofunda temas como a liberdade humana, a angústia e as paixões. Em 1945, fundou, com Merleau-Ponty, a revista Les Temps Modernes. Entre sua produção literária, estão A náusea (1938) e a trilogia “Os caminhos da liberdade“, composta de A idade da razão (1945), Sursis (1947) e Com a morte na alma (1949), assim como suas obras de teatro Mortos sem sepultura (1946) e Entre quatro paredes (1945).

Compreender Sartre - Gary Cox

Jean-Paul Sartre é um dos filósofos mais lidos do século XX e hoje é considerado por muitos leitores, como "cult", um ícone cujas idéias continuam fazendo efetivamente parte do presente. Compreender Sartre é uma obra que vai além do conceito de existencialismo e das obras que o revelam, é um livro para todas as pessoas que querem se aprofundar e entender Sartre como filósofo, não como celebridade, sobretudo é um texto voltado para aqueles que vêem a filosofia como uma fonte de crescimento pessoal.

A náusea - Jean Paul Sartre

A náusea é o primeiro romance de Jean-Paul Sartre, considerado pela crítica e pelo próprio autor o mais perfeito de sua sempre inquieta e inovadora carreira. O protagonista desta história é o intelectual pequeno-burguês Antoine Roquentin, símbolo de uma geração que descobre, horrorizada, a ausência de sentido da vida.

Em um diário, o personagem passa, então, a catalogar impiedosamente todos os seus sentimentos, que culminam em uma sensação penetrante e avassaladora: a náusea. Publicado pela primeira vez em 1938, o livro foi um marco na ficção existencialista e é até hoje um dos textos mais famosos da literatura francesa do século XX. Esta edição conta com prefácio inédito de Caio Liudvik, pós-doutor em Filosofia e autor de Sartre e o pensamento mítico.

 

A leitura é fundamental para todos os estudantes, especialmente para os que desejam se destacar na prova, bem como na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O estudo de alguns livros pode trazer bons resultados, tanto ampliando a visão de mundo, como expandindo o repertório sociocultural.

Diferente de alguns vestibulares, como Unicamp e Fuvest, o Enem não lista obras obrigatórias para os estudos, o que pode trazer aos vestibulandos algumas dúvidas de quais livros são importantes para melhorar o desempenho.

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Segundo o professor de literatura Talles Ribeiro, o Enem traz uma percepção mais genérica acerca das obras, ou seja, existe um aprofundamento crítico, mas não é algo específico. O professor ressalta que a leitura é necessária, trazendo um conhecimento mais avançado para o aluno. 

“O aluno conseguirá um bom desempenho tendo uma noção a respeito da escola literária, as características do autor e tendo conhecimento histórico daquela obra”, explica Talles.

Pensando nisso, o LeiaJá trouxe cinco livros importantes para enriquecer o repertório na redação e prova do Enem. Confira quais são eles:

Constituição de 1988

“Os estudantes precisam compreender que ter uma boa noção dos direitos fundamentais do cidadão é uma das formas de tomar posse de dois conceitos basilares para levantarmos questionamentos na hora da escrita de uma redação, o de igualdade de direitos e o de equidade”, explica o professor de Linguagens e redação, Isaac Melo.  

A Constituição é uma leitura que exige mais tempo e complexidade, muitas vezes inacessível ao grande público devido ao seu tipo de linguagem. Então, dominar os artigos 5º e 6º é o suficiente, ou seja, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, assim como os direitos sociais, com o direito à educação, à alimentação, ao trabalho, à moradia, aos transportes, ao lazer, e a assistência aos desamparados são boas noções para a problematização de temas que toquem nesses assuntos.

Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda)

A obra de Sérgio Buarque de Holanda traz eixos temáticos como racismo e formação social do Brasil.  “Ele [o livro] aponta como típico do brasileiro as ações que têm como pulsão o coração, ou seja, agimos pela emoção e compreendemos as esferas públicas como se fossem privadas. A isso, ele dá o nome de "homem cordial", homem esse dissertado em um capítulo inteiro da obra. Em outras palavras, Raízes do Brasil escancara a nossa vida pública como se fosse uma extensão da própria casa, a vida privada”, destaca Isaac.  

Ainda segundo o professor, as raízes da construção cultural e social do país podem servir de base para temas como violência social, doméstica, cultural e religiosa.

Conscientização (Paulo Freire) 

A leitura aborda assuntos importantes, como educação no Brasil, empoderamento e conscientização. “No livro, é possível encontrar um bom resumo da filosofia pedagógica de Paulo Freire, defendendo o processo educativo como uma ferramenta de apropriação da realidade do cidadão, que é, na maioria das vezes, opressora. Isso, segundo o estudioso, possibilita a liberdade, a autonomia, a posse de si mesmo enquanto sujeito social”, explica Isaac.

Como conversar com um fascista (Marcia Tiburi) 

Segundo o professor Isaac, o livro traz assuntos filosóficos importantes para a nossa atualidade. Nos temas abordados de forma clara, direta e, principalmente, acessível, é abordado intolerância, raízes autoritaristas no Brasil e no mundo, polarização política, fobias diversas baseadas em preconceitos.

O Direito à Literatura (Antônio Cândido) 

“O artigo do crítico literário Antônio Cândido explica como a cultura atua sobre o nosso consciente e qual a importância dela para a formação de nosso caráter”, destaca o professor Isaac.

Vale ressaltar que, apesar do campo de estudo da obra ser especificamente sobre literatura, o trabalho do estudioso é trazer uma reflexão teórica sobre arte, cultura e literatura.  

Em junho, é comemorado o Mês do Orgulho LGBT+. Segundo o IBGE, no Brasil cerca de 2,9 milhões pessoas com 18 anos ou mais se declaram como gays, lésbicas ou bissexuais. Para comemorar, o Leia Já separou uma lista de livros LGBTQIA+, veja:

Membro do trio clássico da sociologia, ao lado de Durkheim e Marx, Weber foi crucial para o desenvolvimento da teoria social. A leitura do alemão Max Weber (1864-1920), cuja morte completou 102 anos ontem, não é simples, pois sua obra abarca temas diversos. Desde análises de estruturas agrárias do Império Romano ao protestantismo irradiando em organizações culturais, penetrando em diferentes formas de manifestações culturais.

Partindo da premissa que as ideias determinam também as condições sociais e econômicas, a contribuição de Weber é fundamental para a compreensão do que é o capitalismo, sendo esse mais do que uma estrutura econômica, mas um novo tipo de sociedade. Sociedade essa que se destaca por sua administração burocrática e uma racionalização perversa de todos os setores da vida.

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Na matéria de hoje, separamos cinco leituras essenciais para a compreensão da obra de Max Weber, confira: 

História agrária romana

Ao analisar as relações agrárias no Império Romano, Weber se ocupa de suas implicações jurídicas: formas de assentamento, proteção da propriedade da terra, divisão da posse e contatos firmados entre produtores e proprietários. O livro ajuda a entender as posteriores formas de transição das reformas agrárias europeias.

A ética protestante e o espírito do capitalismo

Weber estuda o impacto do protestantismo e do catolicismo na economia. Para o protestantismo, os homens são predestinados, mas só alguns vão para o céu. Por isso, cada homem se vê obrigado a encontrar algum alívio psicológico que lhe permita acreditar que é um dos escolhidos. Esse alívio era dado pela glorificação de Deus por meio do esforço produtivo. Ao contrário do catolicismo, que submete o homem à vida monástica, para o protestantismo a salvação depende do trabalho, que legitima a riqueza daí advinda. O espírito do capitalismo é a consequência não intencional do ascetismo protestante.

A política como vocação

É uma conferência de 1919, quando a política nacional socialista já começava a afrontar a liberdade de pensamento. Weber vê o Estado moderno como exercício do monopólio legítimo da violência e mostra como a ação política às vezes se desconecta de seu sentido original.

Economia e sociedade  (capítulos relativos à sociologia jurídica)

Obra póstuma e densa. Weber analisa a passagem, no Ocidente, de um sistema social em que as normas eram impostas pela Igreja para um tipo de sociedade laica. Duas indagações são centrais nesses capítulos. De onde o direito extrai a sua obrigatoriedade? Quais são os fundamentos de validade da ordem jurídica?

Economia e sociedade (capítulos relativos à sociologia política)

Um dos destaques da análise é a burocracia, vista como forma de domínio. Ela atingiu seu mais alto grau de racionalidade no Estado moderno, graças à divisão de funções, seleção meritocrática de pessoal e ordem hierárquica. Segundo Weber, a burocracia impessoal permitiu ao capitalismo se desenvolver, mas fugiu ao controle.

Por Matheus de Maio

Honoré de Balzac (1799-1850), prolífico autor francês fundador do Realismo na literatura, nasceu no dia 20 de maio de 1799 em Tours, na França. Aos oito anos de idade, foi enviado para o Oratorian College de Verdôme, uma escola antiga que contava com disciplina severa e condições primitivas de aprendizado. Seu refúgio se tornou a literatura, porém, a leitura excessiva provocou em Balzac algum tipo de doença nervosa. Em 1913, após seu problema de saúde, a família de Honoré se mudou para Paris, onde o jovem completou seus estudos secundários em 1819.

Formado em Direito, Balzac recusou-se a entrar na profissão jurídica desapontando seus pais. Seu real sonho era seguir uma carreira literária, publicando obras. Seu pai lhe forneceu uma pequena mesada durante dois anos, com a condição de que ele teria de produzir uma obra-prima ou abandonar suas ambições.

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Balzac tornou-se editor, e em 1825 lançou as primeiras edições das obras Molière e La Fontaine, que não venderam muito bem. Obstinado, Honoré adquiriu um negócio de impressão com dinheiro que tomou emprestado, além de uma fundição de tipos (para a fabricação dos moldes de letras). Os empreendimentos de Balzac não foram bem sucedidos e sua breve carreira comercial terminou em 1828, deixando o autor com diversas dívidas.

Para apreciar e conhecer mais sobre o legado de Balzac, para a literatura mundial, confira a lista a seguir, com cinco indicações das principais obras do autor:

A mulher de trinta anos

A mulher de trinta anos foi escrito entre 1829 e 1842 e conta a história de uma mulher pressionada a se casar que, no entanto, num momento decisivo da vida chega a conhecer a liberdade, o que para o caso significa ter um amante. Uma  ligação que Balzac aplaude, mas que a sociedade pune. A obra retrata o ponto de vista do autor sobre a condição das mulheres casadas com homens, ele também critica que as mulheres casadas só conhecem os defeitos a meio das suas vidas de casais.

A Missa do Ateu é uma pequena história publicada em 1836. É um dos Scènes de la vie privée em A comédia humana. O personagem principal, Desplein, é um cirurgião de sucesso e um ateu. Seu antigo assistente e amigo é o Dr. Horace Bianchon. Um dia, Bianchon vê Desplein entrar na igreja de Saint-Sulpice e o segue. Ele vê Desplein sozinho assistindo a uma missa.

A duquesa de Langeais

A duquesa de Langeais é um romance escrito no ano 1834 que qual descreve o colapso virtual do mundo aristocrático francês, incapaz de superar a derrota infligida tanto pela Revolução como pelo desenvolvimento das próprias classes sociais e sua reordenação lógica, apesar da tão apregoada Restauração. A duquesa de Langeais, é uma mulher bela e fascinante cortejada por toda a sociedade parisiense. Está ambientada numa atmosfera de intensa frivolidade e amores trágicos. Neste ambiente, o nobre general Montrivau, homem duro, cativo na África, célebre por sua coragem pessoal, se apaixona pela duquesa Langeais, cujo casamento de conveniência impede que seu amor seja consumado.

O coronel Chabert

O coronel Chabert é um romance de 1832. Ela está incluída na série de romances de Balzac (ou Roman-fleuve) conhecida como A Comédia Humana, que representa e paródia a sociedade francesa no período da Restauração (1815-1830) e da Monarquia de julho (1830-1848). O Coronel Chabert se casa com Rose Chapotel, uma prostituta. O coronel torna-se então um oficial de cavalaria francês muito estimado por Napoleão Bonaparte. Após ter sido gravemente ferido na Batalha de Eylau (1807), Chabert é registrado como morto e enterrado com outras baixas francesas.

Pai Goriot

Pai Goriot é um romance de 1835  incluído na seção Scènes de la vie privée de seu romance sequencial “A comédia humana”. Situado em Paris em 1819, segue as vidas interligadas de três personagens: o velho que adora Goriot, um misterioso criminoso ocultista chamado Vautrin, e um ingênuo estudante de direito chamado Eugène de Rastignac.

Matheus de Maio

Nove de maio ficou marcado na história como o dia em que a Alemanha Ocidental ingressou na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) durante a Guerra Fria. Este período de tensão emergiu após a Segunda Guerra Mundial, quando americanos e russos, aliados e vencedores da Segunda Guerra (1939-1945), disputavam no xadrez da geopolítica a influência global de suas ideologias. Conheça cinco recomendações de leituras para você "mergulhar" neste período:

Guerra fria história e historiografia - Sidnei José Munhoz

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Guerra Fria: História e Historiografia promove uma reflexão acerca do conflito "Guerra Fria", evidenciando as relações de poder e seus desdobramentos que caracterizaram a política internacional no período de 1947 a 1991. Aborda diferentes debates relacionados às origens, ao desenvolvimento e ao desfecho do conflito a partir de um balanço de ampla produção historiográfica. O livro foi estruturado de forma a combinar a apresentação de reflexões teóricas adensadas e oferecer uma narrativa histórica dos eventos que conformaram a emergência, o desenrolar e o crepúsculo da Guerra Fria. A obra contempla o exame de temas relacionados à Segunda Guerra Mundial que influenciaram a emergência de conflitos entre os aliados, a Doutrina da Contenção, o Plano Marshall, a formação dos blocos capitalista e soviético, a intensificação e a mundialização dos conflitos, bem como a multiplicidade de diferentes aspectos que deram origem à conformação da Guerra Fria.

"Os últimos soldados da Guerra Fria: A história dos agentes secretos infiltrados por Cuba em organizações de extrema direita dos Estados Unidos" - Fernando Morais

No início da década de 1990, Cuba criou a Rede Vespa, um grupo ( 12 homens e duas mulheres) que se infiltrou nos Estados Unidos e cujo objetivo era espionar alguns dos 47 grupos anticastristas sediados na Flórida. O motivo dessa operação era colher informações com o intuito de evitar ataques terroristas ao território cubano. De fato, algumas dessas organizações ditas "humanitárias" se dedicavam a atividades como jogar pragas nas lavouras cubanas, interferir nas transmissões da torre de controle do aeroporto de Havana e, quando Cuba se voltou para o turismo, depois do colapso da União Soviética, sequestrar aviões que transportavam turistas, executar atentados a bomba em seus melhores hotéis e até disparar rajadas de metralhadoras contra navios de passageiros em suas águas territoriais e contra turistas estrangeiros em suas praias.

"Guerra Fria: Um Guia Para Entender Tudo Sobre O Conflito Mais Tenso Do Séc. XX" - Guilherme Hiancki Monteiro

O conflito entre superpotências que nós conhecemos como Guerra Fria representou para a humanidade aquele que pode ser considerado o momento mais tenso de toda a sua trajetória em toda a sua história. Como chegamos a essa situação? Quais foram os seus principais motivadores? Como o nosso mundo atual foi forjado pelo conflito mais perigoso de todos os tempos? Estas são as questões que o autor propõe durante o corpo do texto.

"Era dos extremos (O breve século XX)" - Eric Hobsbawm

Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores da atualidade, dá seu testemunho sobre o século XX: "Meu tempo de vida coincide com a maior parte da época de que trata este livro", diz ele na abertura, "por isso até agora me abstive de falar sobre ele". Na obra ele passeia sobre os principais acontecimentos do século até a queda do Muro de Berlim (que para ele, encerra o século passado antecipadamente) e abandona seu silêncio voluntário para contar, em linguagem simples e envolvente, a história da "era das ilusões perdidas".

"O espião e o traidor: O caso de espionagem que acelerou o fim da Guerra Fria" - Ben Macintyre

Seguindo os passos do pai e do irmão, Oleg Gordievsky se tornou oficial da KGB após frequentar as melhores instituições soviéticas. Porém, ao contrário deles, nutria uma secreta aversão pelo regime da URSS. Ele resolveu assumir seu primeiro posto da inteligência russa em 1966. Em 1974, tornou-se agente duplo do MI6, o serviço de inteligência britânico, e dez anos depois era o homem mais importante da União Soviética em Londres. Gordievsky ajudou o Ocidente a virar o jogo contra a KGB na Guerra Fria, expondo espiões russos, fornecendo informações de extrema relevância e frustrando incontáveis planos de espionagem. Ele foi fundamental para distensionar a relação com a liderança soviética, que estava cada vez mais paranoica com a possibilidade de um ataque nuclear dos Estados Unidos.

O MI6 tentou ao máximo proteger seu espião, nunca revelando o nome de Oleg para seus colegas da CIA. Só que a agência americana estava determinada a descobrir a identidade da fonte britânica privilegiada. Essa obsessão acabou condenando Gordievsky: o homem designado para identificá-lo era ninguém menos que Aldrich Ames, que se tornaria famoso por espionar secretamente para os soviéticos.

No Dia do Amigo (18), é importante lembrar sobre a importância das relações de amizade na vida cotidiana. Uma boa amizade ajuda a manter nosso corpo e mente em forma. Além de uma boa alimentação, rotina de exercícios e sono, ter relações sociais estabilizadas e satisfatórias são componentes essenciais na construção de uma vida saudável.

Um estudo recente de Harvard concluiu que amizades sólidas em nossas vidas ajudam a promover a saúde geral do cérebro. As amizades nos ajudam a lidar com o estresse, fazer escolhas melhores, encontrar um estilo de vida compatível e longevo, além de ajudar na recuperação de doenças.

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Mas além de nos ajudar fisicamente, a amizade também é fonte de muita inspiração e, por vezes, arte! Neste Dia do Amigo, preparamos uma lista com leituras essenciais para descobrir e explorar mais os limites do que é ser um amigo, confira:

Capitães da Areia - Jorge Amado: Este é um dos livros mais aclamados de Jorge Amado. Capitães de Areia narra a vida de um grupo de meninos de rua que, para sobreviver, praticam pequenos delitos em Salvador. O livro acompanha a vida de quatro personagens centrais, são eles: Pedro Bala, o líder do grupo; Professor, o único letrado que ensina os outros; Pirulito, o mais religioso do grupo e, por fim, Gato, o mais galante dos quatro.

Esquecidos pelas autoridades e entregues à própria sorte, os garotos são obrigados a conhecer o lado insalubre da vida enquanto ainda contam com a inocência juvenil, que os une em grupo.

Sociedade dos Poetas Mortos - Nancy H. Kleinbaum: O livro homônimo ao filme conta com reflexões sobre o papel e a existência de cada aluno em sala. O professor cumpre o papel de instigar os mesmos a pensarem sobre a fragilidade do que é viver e também sobre o tempo que cada um tem para realizar seus sonhos. Uma expressão repetida no filme, muito dita nos dias de hoje, é o famoso “Carpe Diem”, ou aproveite a vida/momento. Alguns dos alunos começam a aplicar as filosofias do professor e viver de acordo com os próprios ideais, recriando a “Sociedade dos Poetas Mortos”, grupo que havia sido elaborado pelo próprio professor em sua passagem pela escola.

Ao recriar o grupo, os alunos passam a se encontrar à noite em uma caverna próxima à escola. Com o ressurgimento da Sociedade, cada aluno se vê envolvido e experimenta uma verdadeira revolução em suas vidas, encontrando novos interesses, vocações, amizades e, principalmente, fazendo florescer a juventude através da inspiração poética.

Da Amizade - Montaigne: “Da Amizade” surgiu de um momento sombrio na vida de Montaigne. O ensaio foi redigido após o falecimento de Etienne de la Boétie, melhor amigo do autor. Acontecimento este tão marcante para o autor que ele escreve: “O  mesmo dia trouxe a ruína de ambos”.

No livro, Montaigne busca reaver a consciência de si, dilacerada após o falecimento de Etienne, porém, sua dor e sofrimento são geradoras de um dos textos mais belos sobre o tema. Montaigne diz: “Assim como quem quer contemplar-se olha no espelho, quem quer conhecer-se olha-se no amigo”.

Com o Mar Por Meio. Uma Amizade em Cartas - Jorge Amado e José Saramago:

A amizade de Jorge Amado e José Saramago teve início quando ambos já contavam com uma idade avançada e consolidada carreira literária, porém, tal fato não impediu com que ambos desenvolvessem uma profunda relação de amizade e afeto através de cartas trocadas.

Este livro é uma coletânea de escritos trocados entre 1992 e 1998, conta com bilhetes e cartas que discorrem sobre a vida pessoal, profissional, conselhos etc. Os autores debatem com humor sobre os prêmios recebidos, especulam quem será o próximo a receber um Nobel e, principalmente, mostram uma preocupação geral com o bem-estar do outro e de suas respectivas companheiras.

Por Matheus de Maio

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) publicou esta semana edital para a inscrição de obras no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2024. Nessa edição, o programa prevê a aquisição de obras didáticas, literárias e recursos educacionais digitais para estudantes e professores do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Os livros selecionados serão usados entre 2024 e 2027 nas escolas públicas do país. 

A novidade é que o edital prevê, além das tradicionais obras impressas, a aquisição de livros digitais-interativos. Os editores interessados em participar devem ficar atentos ao cronograma, que começa em julho deste ano. O edital pode ser consultado na internet. 

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As obras serão selecionadas em três grupos. O Objeto 1 é voltado para a escolha de livros didáticos por componente curricular e em versão impressa e digital-interativa, com a abordagem de todas as competências gerais, específicas e as habilidades estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O grupo Objeto 2, por sua vez, trata das coleções de Recursos Educacionais Digitais (REDs), que devem ser inscritas por componente curricular e apenas em versão digital-interativa. Já o Objeto 3 abarca obras literárias em língua portuguesa e inglesa. Elas devem ser inscritas em versão impressa e digital-interativa e em duas categorias específicas: Categoria 1, para o 6º e 7º ano do ensino fundamental, e Categoria 2, para o 8º e 9º ano.

O PNLD compreende um conjunto de ações voltadas para a distribuição de obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, destinadas a estudantes e professores das escolas públicas de educação básica do país. A cada edição, o programa é voltado para uma etapa de ensino.

Veja os períodos de inscrição de cada objeto:

- Obras Didáticas (Objeto 1) - das 9h do dia 25 de julho às 18h do dia 5 de agosto de 2022

- REDs (Objeto 2) - das 9h do dia 10 de outubro às 18h do dia 21 de outubro de 2022

- Obras Literárias (Objeto 3) - das 9h do dia 12 de setembro às 18h do dia 23 de setembro de 2022.

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A escritora e jornalista Iaci Gomes, formada pela UNAMA - Universidade da Amazônia, criou a ação solidária Soprando Letras, em 2015, com o objetivo de incentivar a leitura entre jovens e crianças. Para divulgar o trabalho, o projeto realiza ações solidárias.

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Autora do livro "Nem te conto", Iaci decidiu colocar sua obra a serviço de três instituições de Belém: Gueto Hub, instituto Áster e Au Family. Até o dia 25 de março, o livro está à venda pela internet (clique aqui) e 50% dos lucros vão ser doados a essas instituições.

A Gueto Hub é um espaço criativo que tem um papel importante de promoção da leitura nas periferias de Belém. O instituto Áster, outro beneficiado pelo Soprando Letras, tem como objetivo proporcionar ao adultos e jovens portadores de câncer de baixa renda melhores condições de tratamento. A Au Family, que atua na proteção e adoção de cães e gatos abandonados, também é uma instituição beneficiada.

Segundo Iaci Gomes, a leitura está presente em sua vida desde de criança. Em 2015, ela quis comemorar seu aniversário de forma diferente, estimulando doações de livros para bibliotecas comunitárias e espaços de incentivo à leitura. “O principal foco é estimular os jovens e crianças esse prazer pela leitura”, destacou.

Por causa da pandemia, o projeto Soprando Letras teve que parar e retornou em 2022. Está na sexta edição. De 2015 a 2019 foram mais de quatro mil livros arrecadados, em ações pelas redes sociais e nas praças de Belém. A divulgação se dá pela internet e em contatos com a imprensa, influenciadores e pessoas próximas à jornalista.

Para mais informações sobre o livro "Nem te conto", acesse https://www.leiaja.com/cultura/2021/10/04/terror-e-realismo-fantastico-em-cenarios-paraenses/

Por Maria Gabriela Barbosa (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel).

Com mais de 40 obras publicadas que ilustram a cultura e o imaginário amazônico, o escritor, poeta e jornalista Salomão Larêdo é um dos maiores nomes da literatura paraense. Mestre em Teoria Literária pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Salomão retrata em sua obra as diversas nuances da sociedade. Nesta entrevista ao LeiaJá Pará, ele fala da carreira, de sua vida e dos projetos futuros.

A publicação mais recente do escritor é o romance ficcional “Pedral, Canal do Inferno”, lançado no primeiro semestre de 2021, inspirado na leitura de “De Belém a S. João do Araguaia – Vale do Rio Tocantins” (1910), livro do engenheiro cametaense Ignácio Baptista de Moura. O cenário da ficção é o Pedral do Lourenço, formação rochosa com 43 quilômetros de extensão, localizada no rio Tocantins, município de Itupiranga, sudeste do Pará, que no período de estiagem impede a navegação. Para viabilizar a hidrovia Araguaia-Tocantins, o poder público pretende destruir o imenso pedral.

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Porém, por não serem ouvidas, comunidades, movimentos sociais, colônias de pescadores, quilombolas, mulheres, entre outros, manifestam-se contra a ação. “Como aconteceu com a construção da hidrelétrica de Tucuruí (inaugurada em novembro de 1984), e na oportunidade escrevi o romance ficcional 'Sibele Mendes de amor e luta', que lancei em 1984. A história se repete”, relata Larêdo.

Salomão Larêdo se descreve como circunscrito à Amazônia, tratando de temas do povo e da região. Pelas abordagens, no entanto, sua literatura ganha dimensões e interesse universais.

O escritor conta que desde criança aprecia o movimento do rio Tocantins que passa na frente da casa onde nasceu, na Vila do Carmo, em Cametá, no nordeste do Estado. “Aprendi a ler com meu pai, ouvindo minha mãe contar e cantar encantadamente na comunidade onde vivíamos, partícipes das águas do rio Tocantins, imersos na vida da natureza ao nosso redor”, diz.

Salomão Larêdo diz que sua obra seduz e fisga o leitor pelo enredo e pela maneira simples de escrita. “Não escrevo para intelectual, escrevo para leitor, para o povo, sempre valorizando o que é nosso, utilizando a linguagem do povo da Amazônia, o sotaque paraense, tudo tão rico, quase não lido, não estudado”, descreve.

O escritor também fala das dificuldades de publicação e afirma que trabalha bastante, e que o fruto do esforço cotidiano e permanente na literatura é a aceitação dos livros pelo público. “O leitor gosta, adquire, lê, discute e pouco a pouco vamos conquistando mais espaço e leitores na Amazônia, no Brasil e no mundo”, observa.

Para o escritor, artistas regionais e a cultura do povo precisam ser mais valorizados. Ele afirma que a região amazônica, apesar da beleza e das riquezas, ainda é pouco estudada e pesquisada por pessoas nativas.

Salomão afirma que trabalha para a formação do leitor crítico, com a adoção de bibliotecas, de livros. “Para que o acesso seja o mais democrático possível e, através da leitura que faz o povo pensar, mudemos o status quo”, enfatiza.

O escritor cita algumas influências como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Amado e alguns mestres no Pará e na Amazônia, como Dalcídio Jurandir, Ildefonso Guimarães, entre outros. Pesquisa e escreve muito, de forma permanente. Segundo ele, tudo é material para livros futuros. “Tenho alguns em curso. Vem aí o 'Banhos de Rio', romance ficcional muito bonito, encorpado, rico em propostas, jeito novo de narrar, modo, outro estilo, que fiz antes do 'Pedral - Canal do Inferno'”, revela.

Ele destaca outro projeto futuro bastante esperado pelo público, o "Onze Bandeirinhas", ficção com cenário localizado no bairro do Guamá, em Belém. “Contém as emoções das relações humanas, acontecimentos do encontro entre pessoas no nosso mundo Guamá. Para a leitora e o leitor dialogar com a leitora e com o leitor ao seu modo e no seu mundo Guamá”, diz.

Salomão Larêdo reitera que deve haver investimento em educação e cultura, e reforça a necessidade de formação de leitores, cidadãos políticos e culturais que sabem fazer escolhas e que possuem senso crítico. “É um direito das pessoas que o livro esteja à disposição delas, em toda parte e lugar, pois a cultura, os bens culturais, é um direito de todos que devem fruir e usufruir desse direito”, afirma.

O escritor aconselha aqueles que têm vontade de seguir uma trajetória por meio da escrita. “Quem quer escrever, antes de tudo tem que ler, ler muito sempre e pesquisar, ler e ler e ler bastante, pois o ato de ler precede, sempre, o de escrever”, conclui.

Por Isabella Cordeiro (sob acompanhamento e orientação de Antonio Carlos Pimentel).

O centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no palco do Theatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922, com participação de Mário e Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, e outros artistas, têm movimentado o mercado editorial brasileiro. Confira a lista de livros que tratam da importância da Semana de Arte Moderna:

"A brasilidade modernista: sua dimensão filosófica" de Eduardo Jardim. Editora: Ponteio Edições e Editora PUC-Rio. Lançado originalmente em 1978, a obra tornou-se um clássico ao relacionar o modernismo a debates intelectuais que remontavam ao século XIX. Professor da PUC-Rio, Eduardo Jardim, resgata a figura de Graça Aranha, apoiador da Semana, e discute a "brasilidade" modernista segundo as vertentes "analíticas", proposta por Mário de Andrade, e a "intuitiva", defendida por Oswald de Andrade e.  

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"É apenas agitação" de  Nélida Capela. Editora: Telha. O livro reúne 10 entrevistas concedidas a Peregrino Júnior e publicadas no carioca O Jornal em 1926. Na Academia Brasileira de Letras comentavam a Semana de Arte Moderna de 1922. Alguns comemoravam a ousadia dos paulistas, capazes de mexer na arte nacional. Já outros reduziam o movimento à "agitação" inconsequente. 

"Inda bebo no copo dos outros: por uma estética modernista" de Mário de Andrade. Organização: Yussef Campos. Editora: Autêntica. "Bem poderíamos em 2022 celebrar o 1º Centenário de nossa independência literária", escreveu Mário de Andrade na revista Klaxon, em 1922. Este é um dos textos que integram "Inda bebo no copo do outros", reunião inédita de artigos publicados pelo autor de "Macunaíma" em jornais, revistas e livros, antes e depois da Semana, sobre a renovação estética proposta pelo modernismo.  

"Modernismo em preto e branco: arte e imagem, raça e identidade no brasil, 1890-1945"  de  Rafael Cardoso. Editora: Companhia das Letras. No livro, o historiador da arte questiona a associação do modernismo a um grupo paulistano e reivindica a modernidade de manifestações da cultura de massas, como a imprensa ilustrada, a publicidade, a música popular e até o Carnaval. 

"O guarda-roupa modernista" de Carolina Casarin. Editora: Companhia das Letras. Nesta pesquisa, Carolin Casarin analisa os ideais e as contradições do modernismo a partir do figurino do casal da arte brasileira: a pintora Tarsila do Amaral e o poeta Oswald de Andrade. 

"Semana de 22: antes do começo, depois do fim" de  José de Nicola e Lucas de Nicola. Editora: Estação Brasil. Em "Semana de 22", livro caprichosamente ilustrado, o especialista em literatura José de Nicola e o historiador Lucas de Nicola, pai e filho, traçam as origens e apresentam os desdobramentos da Semana de Arte Moderna. 

Por Camily Maciel

 

 

Um possível bug no site da Amazon Brasil, notado por usuários já no começo da madrugada desta quarta-feira(26), permitiu compras a preço de banana ou mesmo completamente gratuitas a centenas de clientes da loja. Blogs e perfis de promoção nas redes sociais se uniram para divulgar códigos promocionais que, cumulativos, permitiram descontos de R$ 330 ou mais. O site apresentou instabilidade devido ao alto tráfego de usuários. 

A lista mais popular foi a de mangás e histórias em quadrinhos (HQs), que possuíam cupons de desconto específicos. No entanto, os códigos eram válidos para produtos de todas as lojas. Alguns usuários do Twitter relataram ter conseguido comprar gratuitamente até mesmo o Kindle, produto original da Amazon. 

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A promoção, no entanto, valeu apenas para usuários que criaram suas contas recentemente e estariam realizando um primeiro pedido ou compra. Contas com histórico de compras ou que, mesmo sem histórico, tenham sido criadas há muito tempo, não estavam elegíveis aos descontos.

Por volta das 9h30 de hoje, a correção do bug foi feita e já não era mais possível comprar com os cupons. A situação gerou um pico de reclamações no site DownDetector por volta das 8h. 

A Amazon Brasil ainda não se pronunciou sobre o bug ou se vai tomar alguma medida contra as contas de usuários que usaram os cupons cumulativos. No fim do ano passado, duas empresas no Brasil baniram contas de usuários que exibiram o mesmo comportamento, que foi o caso do Mercado Livre, com a “promoção” relâmpago na loja da Ri Happy Brinquedos, e com o PayPal, que por um bug, deu cupons de R$ 50 para todos os usuários através do aplicativo do celular. 

Confira a repercussão nas redes: 

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Depois de estimular a vacinação doando caldinho a quem recebesse o imunizante, o Recife anunciou outro brinde, desta vez, voltado para as crianças. Segundo o prefeito João Campos (PSB), os pequenos ganharão um livro em troca da vacina.

“No Recife, a imunização de crianças contra covid-19 será com vacina no braço e livro na mão. Quem tem de 5 a 11 anos, e for se vacinar, recebe um livro do nosso programa de incentivo à leitura”, anunciou Campos em suas redes sociais.

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O prefeito do Recife também prometeu uma programação especial e “outras surpresas” para as crianças que forem ao posto de vacinação. “Bora de vacina”, conclamou o filho de Eduardo Campos.

Prioridades

Representantes do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação se reuniram, na última terça-feira (11), para definir as orientações sobre o início da imunização de crianças de 5 a 11 anos em Pernambuco.

A definição dos especialistas, diante da expectativa do recebimento gradativo de doses destinadas para imunização do público, foi a criação de grupos prioritários para cada etapa da campanha. A partir da chegada da primeira remessa, crianças de 5 a 11 anos com doença neurológica crônica, com distúrbios do desenvolvimento neurológico - priorizando neste momento meninas e meninos com síndrome de down e autismo – e indígenas terão seus esquemas vacinais iniciados.

Faça o cadastro de vacinação de crianças no Recife

Neste mês de janeiro, a Biblioteca Pública do Estado (BPE) promove programação especial de férias. A partir da próxima segunda-feira (10), o equipamento cultural realizará atividades gratuitas, que serão realizadas no setor infantil do espaço, que está localizado na área central do Recife.

Pela primeira vez, a Biblioteca Pública oferecerá oficinas de música para bebês e gestantes.

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“Temos um acervo de livros com temáticas variadas, autores renomados e que abrangem várias faixas etárias, com coleções específicas para primeira infância. A prática de leitura para bebês e gestantes é comum em vários países, a proposta é fazer esse trabalho orientado para que essas mães possam colocar este conhecimento em prática no seu dia a dia”, comenta, por meio da assessoria, Roberta Alcoforado, gestora da BPE.

Além disso, neste período de férias escolares, haverá inscrições para o Clube de Leitura do setor juvenil. Ao todo, são 22 mil livros e jogos didáticos no acervo do espaço. Os participantes do clube podem levar os livros, por empréstimo, para casa.

Confira a programação completa de férias da Biblioteca Pública do Estado:

10/01 Músicas de Colo com o Maestro Gill Manjim

20 vagas Público: Mães com seus bebês (de O a 6 meses)

Horário: 9:30h às 11h Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

11/01 Lançamento dos livros “A casa vazia” e “A invasão do bebê gigante”, do autor Thiago Corrêa Ramos / Contação de Histórias com Adélia Oliveira

Horário: 9:30 às 11h

Público: Livre Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

12/01 Contação de Histórias com Marlene Albuquerque / Oficina de Pintura: Pintando o Patrimônio Imaterial de Pernambuco com Anselmo Cabral

20 vagas

Público: a partir de 4 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

13/01 Gincana Literária

20 vagas

Público: a partir de 8 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

14/01 Piquenique Literário com poesias, histórias e frutinhas

20 vagas

Público: a partir de 4 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

17/01 Músicas para Gestantes com o Maestro Gill Manjim 20 vagas

Público: Mulheres gestantes

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

18/01 Jogos de Tabuleiro

20 vagas

Público: a partir de 4 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

19/01 Contação de Histórias com Marlene Albuquerque / Oficina de Máscaras: Modelando o Nosso Carnaval com Anselmo Cabral

20 vagas

Público: a partir de 7 anos Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

20/01 Oficina de Pipas com equipe do setor Infantojuvenil

Público: a partir de 5 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

21/01 Brincadeiras Populares

20 vagas

Público: a partir de 4 anos

Horário: 9:30 às 11h

Local: Setor Infantojuvenil (O uso de máscara é obrigatório)

A Amazon e outras gigantes do comércio on-line terão de aumentar seus preços para a entrega de livros na França, em virtude de uma lei aprovada nesta quinta-feira (16) pelo Senado francês, que busca proteger as livrarias tradicionais.

Já aprovada na Câmara, a lei prevê a imposição de um "preço mínimo" para os gastos de envio, o qual o vendedor "não pode oferecer de maneira gratuita". O valor será definido pelo governo francês.

A medida foi aprovada por unanimidade em ambas as Casas.

Na mira dos legisladores, estão as ofertas feitas por gigantes do comércio eletrônico como a Amazon, que fixa os custos de envio, sistematicamente, em 0,01 euro. Os livreiros tradicionais não têm como aplicar esses benefícios.

A ministra da Cultura, Roselyne Bachelot, celebrou a nova lei que permitirá, segundo ela, "reforçar a equidade no setor editorial", em um país que tem a cultura como um de seus símbolos.

A Amazon garantiu, por sua vez, que o custo para o poder aquisitivo da aprovação final do projeto de lei chegaria a "mais de 250 milhões de euros anuais" (em torno de US$ 283 milhões).

"Atualmente, 90% das comunas francesas não têm livrarias em seu território, e mais de 40% do envio de livros pela Amazon se destina a códigos postais sem livraria", alegou um porta-voz da plataforma.

Em relação ao custo para o poder de compra - uma das preocupações dos franceses na eleição presidencial de abril -, o senador comunista Pierre Ouzoulias garantiu que as "classes abastadas e urbanas" são as que usam a Amazon.

A nova legislação reforça a Lei Lang, de 1981, que estabeleceu um preço único para os livros. Segundo os parlamentares, esta medida é considerada vital para a diversidade do setor, que conta com 3.300 livrarias independentes.

Os sites de vendas on-line também devem identificar se são livros novos, ou usados. A nova lei também autoriza as autoridades locais a subsidiarem livrarias independentes, em até 30% de seu faturamento.

Com o fim do ano chegando, correntes de solidariedade começam a surgir para levar esperança a famílias em vulnerabilidade social que enfrentam a fome no país. Para ajudar a enfrentar o cenário agravado pela pandemia e crise econômica, em Pernambuco, a Ong Paratodos lançou campanha de Natal para arrecadar mais de mil cestas personalizadas com alimentos, livros e brinquedos. As doações vão até o dia 22 de dezembro. 

Dentre as instituições a serem contempladas com as doações, estão: Lar de Maria, Associação de Apoio à Pessoa com Deficiência e Comunidade São João Batista, em Jaboatão dos Guararapes; o Instituto Dom de Deus, em Vitória de Santo Antão; a Comunidade Quilombola Onze Negras, no Cabo de Santo Agostinho; o Centro Espírita Zita Lustosa (CEZIL) e Projeto Reviver do Centro de Integração Social e Cultural José Cantarelli, em Belém do São Francisco; Amigos no Sertão, no Sertão pernambucano; e o Centro de Integração Social Fraternidade Espírita Francisco Peixoto Lins, a Peixotinho, em Boa Viagem.

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Quem quiser ajudar nas doações, pode fazer PIX, através  do CNPJ da Ong Paratodos: 37.370.455/0001-09 . Para conhecer essas e outras ações da instituição, o doador pode acessar o link do site

Os itens arrecadados serão doados para as instituições parceiras que serão atendidas pela ação de Natal. As entidades serão responsáveis pela montagem dos kits e  distribuição nas comunidades assistidas por elas. “Estabelecemos a meta de pelo menos mais de mil  cestas para o ano de 2021, porque nos reunimos com nossos parceiros e eles apontaram a quantidade almejada. Há muita gente precisando de doações e quanto mais pudermos pulverizar essa distribuição, melhor será. Com essa ação, levaremos cestas básicas, livros e brinquedos do Litoral ao Sertão de Pernambuco. Mais do que nunca precisamos nos unir, para ajudarmos uns aos outros a enfrentar as desigualdades que se agravaram ainda mais por causa da pandemia”, compartilhou a presidente da Ong Paratodos, Marina Maciel.

Da assessoria

A 20ª Bienal do Livro Rio vendeu mais de 2 milhões de obras ao longo de dez dias de duração. O evento terminou neste domingo (12), no pavilhão do Riocentro, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Mais de um milhão de pessoas de todas as idades participaram das atividades e debates organizados por uma curadoria coletiva, presencial e virtualmente no maior festival cultural do país.

Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Marcos da Veiga Pereira, “as vendas da Bienal 2021 foram muito surpreendentes. Nos impressionou o apetite dos visitantes. A sensação geral foi de muita segurança e conforto, com as ruas mais largas, filas bem organizadas e a limitação de público. A programação cultural foi outro sucesso, com as sessões cheias presencialmente e com boa audiência 'online'”, destacou.

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A Bienal do Livro Rio teve, pela primeira vez, o formato híbrido. As mesas de debates da Estação Plural foram transmitidas também em tempo real pela plataforma digital, contabilizando 750 mil acessos. De acordo com o balanço apresentado há pouco pela organização, 34,5% do público presente no Riocentro estiveram no evento pela primeira vez e 50,8% tinham entre 18 e 25 anos. Das 250 mil pessoas que passaram pelos três pavilhões, na Barra da Tijuca, 99% compraram pelo menos um livro. A média foi de seis livros adquiridos por visitante.

Atrativos da Bienal

Pesquisa realizada pela organização da Bienal do Livro identificou que a variedade de títulos e os bons preços encontrados foram alguns dos atrativos citados pelo público. A diretora da GV events, responsável pela realização do festival literário,Tatiana Zaccaro, acredita que a aposta de fazer o evento foi acertada. “Ser o primeiro evento de grande porte era uma responsabilidade enorme e estamos muito felizes com o resultado. Conseguimos comprovar que é possível fazer um grande evento com segurança e qualidade. Víamos a felicidade em cada olhar e no contato carinhoso com os livros e com os autores. A Bienal é um momento de experiência leitora sem igual e o público estava ávido por isso”, disse Tatiana.

A 20ª edição da Bienal do Livro Rio recebeu mais de 180 convidados, entre nomes nacionais e internacionais de renome. Entre eles, destaque para Lázaro Ramos, Conceição Evaristo, Fabio Porchat, Thalita Rebouças, Ailton Krenak, Julia Quinn, Matt Ruff, Casey McQuinston, Míriam Leitão, Itamar Vieira Junior, Junji Ito, Mariana Enriquez, Gabriela Prioli, Muniz Sodré, Priscilla Alcantara, Bráulio Bessa e muitos outros, que estiveram presentes nas mesas de debate da Estação Plural. Já o Espaço Metamorfoses, patrocinado pela Petrobras Cultural, atraiu milhares de crianças, adolescentes e adultos que se encantaram pelo ambiente imersivo, interativo, lúdico e 'hi-tech', que convidava a uma reflexão sobre as mudanças do mundo.

Entre as mesas mais badaladas da edição, dentro da provocação sobre que histórias queremos contar a partir de agora, uma das mais celebradas foi “Lulu Traço & Verso: 40 anos de carreira”, em que o cantor Lulu Santos lançou 'songbook' com suas músicas ilustradas por Daniel Kondo, para comemorar as quatro décadas de carreira, e criou ainda um karaokê que animou a noite do dia 4. Foram disputadas também as mesas “Os Novos Rumos da Literatura LGBTQIAP+, com autores da cena jovem debatendo a literatura 'queer' e esgotando todas as pulseiras de autógrafos; e “Ficção e Realidade no crime’, com debate em torno das narrativas de 'true crime' (crime real) com Raphael Montes, Ivan Mizanzuki.

Segurança

No posto de vacinação montado na Bienal em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, foram vacinadas mais de 300 pessoas que ainda não tinham tomado a segunda dose, condição para que pudessem visitar o festival. Por dia, cerca de 50 pessoas, em média, voltaram para casa por não terem apresentado o comprovante de vacinação, que era exigência do evento.

Expositores

Mais de 85 editoras participaram do evento em 2021 e se surpreenderam com o resultado. O aumento nas vendas para os expositores variou entre 20% e 120% em relação a 2019. A Editora Vozes teve aumento de 30% de vendas em relação à edição anterior. Já o estande do Grupo Editorial Record chegou ao último fim de semana com crescimento de 90% nas vendas registradas. Esta foi a melhor bienal da história do grupo em termos de faturamento, superando a edição de 2015, que contou com a presença de autoras de 'best-sellers' internacionais.

Na Globo Livros houve crescimento de 20% no primeiro fim de semana do evento comparado a Bienal anterior. Na Sextante, até a última sexta-feira (10), o aumento tinha sido de 30% em relação ao evento de 2019; e na Intrínseca, de 15%.

Novos leitores

Com o objetivo de estimular o hábito da leitura, a 20ª Edição da Bienal do Livro do Rio recebeu quase 70 mil estudantes da rede pública municipal e estadual. Todos os alunos da Rede Municipal que visitaram a Bienal receberam um cartão de R$ 20 para compra de livros. Os 47.591 servidores da Rede também foram presenteados com um cartão para compras de livros no valor de R$ 200, adquiridos no evento ou na loja online.

Foram disponibilizados, ainda, às 1.561 unidades administrativas (escolas, creches e núcleos de extensão), cartões para compra de livros para os respectivos acervos, com valores que variaram de R$ 1 mil a R$ 1,6 mil. Ao todo, mais de R$ 12 milhões foram destinados a essa ação da Secretaria Municipal de Educação.

Já a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) levou cerca de 20 mil estudantes da rede estadual e 5 mil docentes de 631 unidades escolares para o festival. A parceria visou ampliar as iniciativas de apoio e estímulo à leitura. As escolas receberam um kit com o Cartão Bienal, usado para a aquisição de livros. Os docentes foram contemplados com R$ 160 e os estudantes ganharam R$ 80 para adquirir livros, revistas e quadrinhos (HQs).

Curadora do espaço infantil e membro da Comissão Bienal do Livro Rio do SNEL, Marta Ribas, comemorou o resultado do evento. “A conexão com os educadores foi maravilhosa, de muita troca e aprendizado. Ajudamos com a curadoria de quais títulos poderiam levar de acordo com o perfil de cada unidade”, informou.

O 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil, realizado pela Nielsen BookScan e divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), mostra que as vendas do setor cresceram 33,03% em volume e 31,14% em valor no acumulado de janeiro a novembro deste ano, em comparação a igual período de 2020. 

O resultado supera o desempenho de todo o ano passado, quando foram vendidos 41,9 milhões de exemplares, com receita de R$ 1,74 bilhão. No acumulado até agora, o varejo registrou 43,9 milhões de livros comercializados em 2021, com faturamento de R$ 1,83 bilhão, contra 32,99 milhões de unidades vendidas no mesmo período de 2020, gerando receita de R$ 1,39 bilhão.

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Para o presidente do SNEL, Marcos da Veiga Pereira, o estudo representa o otimismo que os mercados brasileiro e mundial estão vivendo. Segundo Pereira, o isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus favoreceu o encontro dos leitores com a literatura e impulsionou as vendas deste ano, confirmando que o mercado se encontra em expansão.

Em entrevista à Agência Brasil, Marcos Pereira enfatizou que o resultado obtido até o momento “é espetacular''. “A gente não tinha ideia que fosse conseguir manter o crescimento ao longo do ano, nesses meses agora, em que a gente estava vendendo muito livro no ano passado. E continuamos vendendo mais do que no passado, com uma previsão de fechar 2021 perto de 25%”. Ele acredita que a curva continuará ascendente em 2022, mas não nesse nível. “Mas se a gente conseguir continuar crescendo a taxas mais parecidas com algo entre 5% a 10%, eu vou estar muito feliz, porque a gente vai estar em um mercado robusto que continua a crescer”, comenta.

Resiliência

De acordo com o levantamento, a elevada variação apurada este ano, até novembro, resulta de dois momentos diferentes do mercado livreiro: em 2020, um mercado atingido pelas medidas restritivas para conter a transmissão da covid-19 e, em 2021, um setor livreiro mais consolidado e resiliente.

O presidente do SNEL lembrou que no primeiro semestre deste ano, ocorreu uma segunda onda forte da covid, que levou várias lojas ainda a fecharem. “Eu não acho que isso vai acontecer em 2022”. Ao mesmo tempo, assinalou que há uma grande incógnita, ou indefinição, sobre o quanto as eleições e o cenário geral brasileiro podem contribuir negativamente para o setor, de alguma maneira. “Então, eu acredito que a gente precisa continuar a gerar boas notícias, para que a leitura continue em alta e as pessoas continuem interessadas em ler”.

O preço médio por exemplar praticado nos primeiros 11 meses deste ano, da ordem de R$ 41,64, apresentou redução de 1,42% em relação ao valor médio registrado de janeiro a novembro de 2020 (R$ 42,24).

Os dados do Painel são coletados diretamente do “caixa” das livrarias, 'e-commerce' e varejistas colaboradores. As informações são recebidas eletronicamente em formato de banco de dados e, após o processamento, os dados são enviados 'online' e atualizados semanalmente. O Nielsen BookScan é o primeiro serviço de monitoramento de vendas de livros no mundo, atua em dez países, e o resultado de seu trabalho contribui para a tomada de decisão das editoras. O SNEL divulga o Painel das Vendas de Livros no Brasil a cada quatro semanas.

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Nos dias 13, 14 e 15 de outubro será realizado o simpósio “Por uma Lei da Bibliodiversidade: diálogos França-Brasil”, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP). O tema a ser debatido é o projeto de lei Política Nacional do Livro e Regulação de Preços (PL 49/2015), que está em tramitação no Senado, inspirado na Lei do Preço Único do Livro ou Lei Lang, implementada na França há 40 anos.

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O simpósio traz à tona questões importantes sobre a política de regulação do preço do livro e também vai abordar as condições desiguais do mercado editorial que afetam a produção e a distribuição dos livros no Brasil. Profissionais, pesquisadores e representantes de entidades do livro e da classe política vão participar do encontro.

Na quarta-feira (13), além das saudações da Comissão Organizadora e da direção do IEA-USP, o ex-Ministro da Cultura da França Jack Lang, responsável pela implementação da Lei do Preço Único do Livro, realiza a saudação de abertura do evento, a partir das 10 horas. Ao longo do dia, vão ser realizadas mesas-redondas para discutir sobre o panorama e as perspectivas do mercado editorial, o preço do livro e o acesso à leitura, entre outras pautas.

Dando continuidade aos encontros, na quinta-feira (14), o dia começa com a Conferência de Abertura: “O que é a PL 49/2015?”, às 9 horas. Logo depois, de 10h30 até as 13 horas, serão abordadas experiências e expectativas com base na Lei Lang. À tarde, às 14h30, haverá outra mesa-redonda para falar sobre “Editoras e Livrarias Independentes: uma mirada latino-americana sobre a questão do preço fixo”.

Na sexta-feira (15), último dia do simpósio, os convidados falarão sobre “A economia do livro: o preço da leitura no Brasil”, das 10 horas até o meio-dia. Para finalizar a programação, às 14h30, a última mesa-redonda vai tratar do passado e do futuro da difusão e do acesso ao livro no país. 

O simpósio pode ser acompanhado nos seguintes canais:

http://www.iea.usp.br/aovivo

https://www.youtube.com/user/comunicacaoCBL

Por Isabella Cordeiro.

 

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