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Os pastores evangélicos Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura Correia conquistaram acesso privilegiado ao governo Jair Bolsonaro. Sem cargo na máquina pública, passaram a atuar como prepostos informais para acesso ao Ministério da Educação (MEC), chefiado pelo reverendo presbiteriano Milton Ribeiro, e às verbas bilionárias da pasta, parte delas concentrada no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), um feudo do Centrão com forte influência política dos evangélicos.

Gilmar dos Santos é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede em Goiânia. O ministro já pregou no templo, durante culto denominado Ceia Geral. A igreja dele é de pequeno porte se comparada a outros braços da Assembleia de Deus com atuação nacional. Além de Goiás, está presente em Estados como Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Gilmar dos Santos diz ter mais de 40 anos como pastor.

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BRAÇO DIREITO

Também presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos, Gilmar dos Santos tem como braço direito Arilton Moura, que atua como assessor de Assuntos Políticos da entidade. Moura é apresentado, em registros oficiais do governo, com o cargo de secretário nacional da entidade. Em 2020, ele passou um mês nomeado em cargo de confiança na Liderança do MDB na Câmara dos Deputados. Dois anos antes, ocupou o cargo de secretário extraordinário para Integração de Ações Comunitárias, no governo Simão Jatene, no Pará. E foi presidente estadual do antigo PHS, hoje Podemos, no Estado.

Santos se notabilizou no meio evangélico como um pregador conhecido por frequentar diversas igrejas, para além do meio "assembleiano". Apesar da amizade pública e do acesso diferenciado ao ministro Milton Ribeiro, o vínculo deles com o governo Bolsonaro é anterior à chegada de Ribeiro à Esplanada dos Ministérios.

Em 2019, eles foram recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro duas vezes, uma delas ao lado general Luiz Eduardo Ramos, que é da igreja Batista, então ministro da Secretaria de Governo. Na ocasião, uma comitiva religiosa foi recebida num dos salões de cerimônias do Palácio do Planalto. Em 2020, mais uma audiência na Presidência da República. O vice-presidente Hamilton Mourão também os recepcionou.

AMIGOS

Quem abriu as portas do governo à dupla, segundo integrantes da bancada evangélica, foi o deputado João Campos (Republicanos-GO), pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira.

O parlamentar participou de reuniões com os dois pastores no gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, líder do Centrão e do Progressistas. O ministro da Cidadania, João Roma, também do Republicanos, disse que eles são amigos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O gabinete do ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi capturado por um grupo de pastores ligados a ele. Embora não tenham vínculos com a administração pública nem com o setor de ensino, segundo apurou o Estadão, eles formam um gabinete paralelo que facilita o acesso de outras pessoas ao ministro e participam de agendas fechadas onde são discutidas as prioridades da pasta e até o uso dos recursos destinados à educação no Brasil.

Com trânsito livre no ministério, os pastores atuam como lobistas. Viajam em voos da FAB e abrem as portas do gabinete do ministro para prefeitos e empresários. O grupo é capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade.

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O Estadão identificou a presença dos dois em 22 agendas oficiais no MEC, 19 delas com o ministro, nos últimos 15 meses. Algumas são descritas como reunião de "alinhamento político" na agenda oficial de Ribeiro, que também é pastor.

Os pastores operam em duas frentes: levam prefeitos a Brasília, participando de encontros no MEC, e acompanham o ministro em viagens pelo País. No dia 16 de fevereiro último, Ribeiro e o pastor Arilton receberam, no gabinete do MEC, a prefeita de Bom Lugar, no Maranhão, Marlene Miranda (PCdoB), e o marido dela, Marcos Miranda. Segundo ele, a reunião foi para tratar da liberação de R$ 5 milhões para construção de uma escola na cidade. Miranda disse que "o encontro foi agendado para tratar de assuntos do município, e não de igreja". Questionado se foi preciso fazer uma contribuição ao pastor, respondeu: "Que eu saiba, não".

Numa viagem de Ribeiro ao município de Centro Novo do Maranhão (MA), em maio do ano passado, o pastor Gilmar dos Santos afirmou, de forma categórica, que era o responsável por garantir verbas para prefeituras. "Estamos fazendo um governo itinerante, principalmente através da Secretaria de Educação, levando aos municípios os recursos, o que o MEC tem, para os municípios", disse em vídeo ao qual Estadão teve acesso. A prefeitura da cidade de 22 mil moradores é comandada por Junior Garimpeiro, do Progressistas.

No evento, o ministro da Educação disse que preferia fazer o contato direto com os gestores municipais, sem a intermediação de deputados ou senadores - função que agora cabe aos seus "amigos" pastores. "Nós já fizemos em alguns lugares. Sem política, sem discurso de parlamentar nenhum. Respeito os parlamentares, mas é técnica", afirmou.

'USURPAÇÃO'

Especialistas em Direito Público consultados pelo Estadão veem indícios de irregularidade e até mesmo tráfico de influência na ação dos pastores. Na avaliação do advogado Cristiano Vilela, praticar atos dentro do gabinete do ministro e fazer anúncios oficiais em atos do governo poderiam ser enquadrados como usurpação da função pública. "Qualquer pessoa pode levar determinados pleitos a algum representante do poder público. É legítimo. Agora, a partir do momento que passa a ser uma prática, um exercício de uma atividade pública (por alguém que não faz parte da administração), configura o crime", disse Vilela.

No dia 7 de agosto, os pastores levaram o ministro para uma agenda com prefeitos em Coração de Maria (BA), de 28 mil moradores, governada por Kley Lima, outro prefeito do Progressistas. Ao discursar na solenidade, o pastor Arilton Moura agradeceu a presença de Milton Ribeiro, deixando claro que ele havia patrocinado a visita do ministro.

"Houve o maior interesse de trazer o ministro, nosso irmão, nosso amigo, para cá", disse o religioso. "Esse é o nosso governo. É o governo do presidente Jair Bolsonaro." Ribeiro, por sua vez, saudou "meus amigos Arilton e Gilmar". "As coisas aconteceram também pela instrumentalidade dos senhores", disse o ministro.

CENTRÃO

Os pastores atuam especialmente na intermediação entre a pasta e prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos, legendas que integram o núcleo duro do Centrão. O bloco de partidos comanda o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão que concentra os recursos do ministério é presidido por Marcelo Ponte, ex-assessor do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, chefe do Progressistas. De um orçamento de R$ 45 bilhões do MEC em 2022, o FNDE possui R$ 945 milhões.

Em 11 de março do ano passado, mais uma reunião no gabinete de Ribeiro com a presença dos dois pastores e representantes de 20 municípios. O site da prefeitura de Vianópolis (GO) informa a presença do ministro da Educação e dos religiosos "que, juntos, conduziram a reunião com as autoridades convidadas". O objetivo omitido da agenda oficial aparece no informe da prefeitura de Vianópolis: "A reunião foi para orientar sobre os recursos ligados à educação".

'AMIZADE'

Durante congresso religioso em outubro passado, em Camboriú (SC), Milton Ribeiro voltou a ressaltar a ligação entre ele e os pastores. "Quero agradecer o honroso convite que eu tive da liderança aqui desse nosso encontro, à minha amizade ao pastor Gilmar, Arilton, que estão lá em Brasília, mais perto", afirmou. Gilmar dos Santos retribuiu. "Nesses últimos anos, Deus me deu esse privilégio de comungar uma comunhão e uma amizade muito sólida com o pastor Milton Ribeiro", disse. "Minha gratidão ao pastor Arilton Moura, fique de pé, pastor Arilton, pastor da nossa convenção, que é nossa base ali em Brasília."

Foi num encontro de prefeitos com Milton Ribeiro, em janeiro do ano passado, na sede do MEC, que o pastor Gilmar dos Santos explicou sua atuação. "Nós solicitamos esta reunião com o ministro para trazer ao conhecimento dele vários prefeitos que trabalham também com a igreja", disse. "Muitos deles são obreiros da nossa igreja e estão exercendo lá sua administração da maneira que o presidente da República defende, sem corrupção."

Procurado, o ministro da Educação não se manifestou. O Estadão tentou contato com os pastores por meio da Assembleia de Deus, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu líderes evangélicos no Palácio da Alvorada, nessa terça-feira (8), e afirmou que dirige o Brasil para o lado que os pastores desejarem. Em troca, os presidentes das igrejas garantiram apoio nas eleições.  

O encontro de 2h não tinha tema definido e sequer constava na agenda oficial, mas serviu para Bolsonaro confirmar o apoio político de 24 congregações evangélicas. Diferente de outras reuniões, dessa vez, o evento foi transmitido no Facebook.

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"Seria muito fácil estar do outro lado. Mas, como eu acredito em Deus, se fosse para estar do outro lado, nós não seríamos escolhidos. Eu falo 'nós' porque a responsabilidade é de todos nós. Eu dirijo a nação para o lado que os senhores assim o desejarem", declarou o presidente a cerca de 280 convidados, entre parlamentares da bancada evangélica e ministros.  

Em determinado momento do discurso, Bolsonaro chorou ao falar da facada na campanha de 2018 e agradeceu a presença dos líderes religiosos. "Agradeço do fundo do meu coração essa manifestação de preocupação com o futuro da nossa pátria, do nosso Brasil", complementou.

O encontro misturou orações e discursos políticos. O presidente da Igreja Comunitária das Nações, JB Carvalho, comparou o brasileiro a Donald Trump e afirmou “Jair Bolsonaro é a resposta à oração da igreja”. 

Outro que se posicionou contra a vitória de outros candidatos foi o presidente da Renascer em Cristo, Estevam Hernandes. Ele apontou que o desafio das igrejas evangélicas é “não permitir que o ‘espinheiro’ governo o Brasil”.

 Doze pastores da Igreja Universal do Reino de Deus são investigados por um possível desvio de R$ 3 milhões relativos aos dízimos de fiéis. De acordo com o Portal Metrópoles, as denúncias partiram da direção da própria Igreja, que demitiu os líderes religiosos.

A Universal suspeita que o esquema era liderado pelo ex-pastor regional do Distrito Federal, Nei Carlos dos Santos, que ganhava da Universal um auxílio mensal de R$ 2,9 mil, mas conseguira comprar um apartamento de luxo de R$ 2,6 milhões e pelo menos três carros no valor de R$ 248 mil. Ele era o responsável por tratar dos assuntos financeiros da Igreja.

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Os religiosos teriam criado empresas de fachada para lavar o dinheiro, que seria oriundo do chamado "Culto dos 318", que tem como público empresários e que desejam alavancar suas vidas financeiras. Os envolvidos estariam ligados a Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins" e preso pela Polícia Federal em agosto.

De acordo com o Metrópoles, os suspeitos abriram empresas em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. O caso é investigado pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Com o novo fechamento de estabelecimentos na Costa Oeste dos Estados Unidos, duas igrejas evangélicas da Califórnia registraram-se como clubes de strip tease para seguir com os cultos em meio à pandemia. Pastores chegaram a tirar parte da roupa e dançaram em um palco diante dos fiéis.

Esse foi o método adotado pelos líderes da Awaken Church e da Godspeak Calvary Chapel, em San Diego e Thousand Oaks, para driblar a fiscalização norte-americana. Em um vídeo, o pastor Jurgen Matthesius age como um stripper ao lado de outro representante do templo. Eles tiram os blazers e arremessam aos integrantes da Awaken, que foi rebatizada como Awaken Family Friendly Strip Club.

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"CLUBES DE STRIP (não igrejas) estão isentos dos bloqueios da Covid e são considerados essenciais por nosso governador! Entãããão ... decidimos que agora somos o AWAKEN FAMILY FRIENDLY STRIP CLUB!", criticou Matthesius no Instagram. Já o líder religioso da Godspeak, o pastor Rob McCoy, atacou a medida e disse tratar-se de uma "tirania" do governo.

Matthesius explicou que precisa se apresentar por, pelos menos, 30 segundos para oficializar a mudança, informou a rádio WIBC. Ainda assim, o pastor classifica o atual clube de strip como um local "onde tiramos o diabo de seu controle, poder e autoridade sobre a vida das pessoas".

Confira

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Preocupado com a integridade dos membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) solicitou ao gestor do país africano, João Manuel Lourenço, que proteja pastores e integrantes da congregação. O documento enviado pelo brasileiro lamenta a presença das autoridades em templos e aponta que membros chegaram a ser agredidos.

Em cumprimento da operação que investiga relação da igreja fundada pelo bispo Edir Macedo com crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, na última sexta-feira (10), agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) da Polícia Nacional de Angola apreenderam computadores, câmeras de segurança, livros de contabilidade e documentos bancários em templos e nas residências de pastores. As autoridades também procuraram cofres e fundos falsos nos locais, segundo o Uol.

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A carta publicada pelo filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL), indica que a perseguição é proveniente de "disputas internas" e ressalta que 65 dos cerca 500 líderes da Igreja são brasileiros. "Meu apelo a Vossa Excelência é para que, sem prejuízo dos trâmites judiciais, com seu tempo próprio, se aumente a proteção de membros da IURD, a fim de garantir sua integridade física e material e a restituição de propriedades e moradias, enquanto prosseguem as deliberações nas instâncias pertinentes", pediu Jair Bolsonaro.

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Um grupo de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola romperam com o Bispo Edir Macêdo e assumiram o controle de 85 templos, sendo 35 em Luanda e 50 em outras províncias do país. Os líderes religiosos angolanos acusam a direção brasileira de evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade e imposição da prática de vasectomia aos pastores.

A confusão entre as lideranças se tornou pública em novembro do ano passado, quando os pastores e bispos angolanos denunciaram as situações vividas. Segundo eles, as melhores igrejas sempre foram designadas aos brasileiros, que seriam beneficiados também com melhores salários e carros modernos.

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Segundo reportagem da BBC, o controle da Universal em Angola será assumido a partir de agora pelo bispo Valente Bezerra Luiz e a igreja passará a se chamar Igreja Universal de Angola. A Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, tem 10 mil templos espalhados em mais de 100 países e reúne cerca de 500 mil fiéis só em Angola.

Mais de R$ 30 milhões – esse é o valor que a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) gastou em campanhas veiculadas em rádios e TVs de líderes religiosos que apoiam Jair Bolsonaro. Segundo levantamento da Agência Pública, o governo pagou com verba pública ações publicitárias em cinco veículos ligados a pastores de igrejas evangélicas que se reuniram com o presidente no início de junho, em Brasília. Na ocasião, os líderes se encontraram com Bolsonaro para “interceder pela nação e levantar um clamor pelo Brasil”, como afirmou Silas Malafaia, um dos organizadores do encontro. 

Segundo a reportagem apurou, o valor gasto pela Secom em campanhas nesses veículos equivale a quase 10% de tudo que a secretaria desembolsou desde o início do governo Bolsonaro. Na semana passada, ela foi incorporada ao Ministério das Comunicações, recriado pelo presidente. 

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Parte do valor gasto cobre os custos das agências de comunicação contratadas pelo governo para desenvolver as campanhas, mas a maioria vai para as próprias redes de TV e rádio, como anúncio publicitário. Segundo a apuração, dos mais de R$ 30 milhões contratados pela Secom, R$ 25,5 milhões foram pagos aos veículos. 

A maior parte do valor pago pela Secom foi para campanhas na rádio e TV Record, controlada pelo bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A secretaria pagou mais de R$ 28 milhões para campanhas publicitárias veiculadas na rádio e TV da emissora e na Record News. Desse total, R$ 25,1 milhões foram pagos diretamente aos veículos para custear os anúncios publicitários. O bispo Eduardo Bravo representou Edir Macedo na comitiva que esteve com Bolsonaro no dia 5. 

A Secom pagou também cerca de R$ 30 mil em campanhas em emissoras afiliadas à Record. A TV Pajuçara, afiliada em Alagoas, recebeu R$ 12 mil. 

Segundo a reportagem apurou, a maioria da verba pública gasta na Record foi para promover a reforma da Previdência. O governo contratou cerca de R$ 11 milhões em ações apenas na emissora de Edir Macedo, cerca de 15% de tudo que a Secom gastou para promover a reforma. A campanha é a mais cara já realizada desde a posse de Bolsonaro, com mais de R$ 70 milhões contratados ao todo. 

Além de promover as mudanças na aposentadoria dos brasileiros, a Secom usou verba pública na Record para veicular campanhas de prestação de contas do governo, sobre segurança pública, no combate à violência contra a mulher e ações para divulgar uma imagem favorável do governo federal, como a “Agenda Positiva”. A reportagem encontrou mais mais de R$ 700 mil gastos pela Secom para veicular a campanha na Record, cerca de 12% de tudo que a secretaria já contratou para a ação, feita para mostrar “como cada ato do governo beneficia diretamente o cidadão e faz mudar seu dia a dia para melhor”. A Pública havia revelado que o governo já gastou R$ 14,5 milhões com a Agenda Positiva e manteve gastos milionários mesmo durante a pandemia do novo coronavírus. 

A reportagem encontrou R$ 510 mil gastos na campanha “Dia da Amazônia” apenas em veiculações na Record. A ação foi anunciada em setembro de 2019, após críticas internacionais sobre queimadas na floresta amazônica. Segundo o governo, a campanha, que já custa mais de R$ 3,1 milhões, serve para reafirmar “soberania do Brasil em relação ao território” e “mostrar como o Brasil defende e conserva o bioma”.

A Pública questionou a Secom sobre os valores gastos em publicidade em emissoras religiosas, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. 

Pastor dono de TV e rádio alegou prejuízo financeiro com pandemia 

Além do bispo Eduardo Bravo, representante de Edir Macedo, da Universal, outras nove igrejas evangélicas tinham membros presentes no encontro ou foram mencionadas pelos organizadores da comitiva. 

Um dos presentes foi o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo. A igreja é dona da Rede Gospel, uma emissora de TV mantida pela Fundação Evangélica Trindade. Segundo a Pública apurou, a Fundação recebeu R$ 402,7 mil da Secom durante o governo Bolsonaro. 

Em abril, no meio da pandemia, a Rede Gospel teria feito demissões em massa alegando dificuldades financeiras por queda de arrecadação dos dízimos e por estar com os templos fechados. Em 2012, o apóstolo Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa Sônia Hernandes, foram obrigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver R$ 785 mil aos cofres públicos por fazer uso de repasses do Ministério da Educação à Fundação Renascer. O dinheiro deveria ter sido utilizado para alfabetização de jovens e adultos. O casal foi preso nos Estados Unidos, em 2007, acusado de tentar entrar no país com dinheiro não declarado dentro de uma bíblia. 

Outro membro da comitiva, o pastor R. R. Soares (Romildo Ribeiro Soares) está à frente da Igreja Internacional da Graça de Deus e é proprietário de várias empresas de mídia, incluindo editoras, gravadoras e distribuidoras de filmes. Listada como Rádio e Televisão Modelo Paulista, a Nossa TV recebeu R$ 1,5 mil da Secom. Embora os dados informados pela secretaria levem a um endereço no Rio Grande do Sul – a Nossa TV tem sede no Rio de Janeiro –, o nome de André Bezerra Ribeiro Soares, filho de R. R. Soares, aparece como sócio na consulta do CNPJ no site Brasil.io, que lista dados de empresas brasileiras. 

Apesar de não estarem presentes, o pastor Samuel Câmara e o bispo Robson Rodovalho foram citados por Silas Malafaia na transmissão do encontro. Câmara é proprietário da Rede Boas Novas, uma TV aberta com cobertura nacional que tem duas emissoras próprias e quase cem retransmissoras e afiliadas. A empresa recebeu R$ 472 mil da Secom. Já o bispo Rodovalho comanda a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, mantida pela Fundação Sara Nossa Terra. Durante o governo Bolsonaro, a Secom repassou R$ 741 mil à fundação, cuja estrutura de comunicação inclui a Rede Gênesis, emissora de televisão com abrangência nacional por canais pagos, e a Sara Brasil FM, uma emissora de rádio sediada em Brasília.

“Comitiva de pastores” deve R$ 194 milhões ao governo

As igrejas e veículos de comunicação ligados ao grupo de pastores que se reuniu com Bolsonaro deve mais de R$ 194 milhões em dívidas com a União. 

A maior devedora é a Igreja Internacional da Graça de Deus, de R. R. Soares, que sozinha tem uma dívida de mais de R$ 145 milhões. A dívida da igreja com a Receita cresceu no ano passado: eram R$ 127 milhões segundo dados informados anteriormente à Pública, referentes a agosto de 2019.

Além dos R$ 145 milhões em dívidas previdenciárias – valores não pagos referentes a funcionários, como a contribuição patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) –, a editora Graça Artes Gráficas, ligada à igreja, deve mais de R$ 968 mil ao governo. 

No Brasil, igrejas acumulam dívidas milionárias com a Receita Federal. De acordo com apuração da Pública, no final de 2019 elas somavam R$ 460 milhões. Mais de 1.200 entidades e grupos religiosos estavam em débito com o governo. 

Segundo reportagem do Estadão, em abril o deputado federal David Soares (DEM-SP), filho do missionário R. R. Soares, se reuniu com Bolsonaro e o secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, para encontrar “uma solução” para as dívidas tributárias das igrejas. 

Em 2019, o governo Bolsonaro havia flexibilizado a prestação de contas de entidades religiosas. Igrejas que arrecadam menos de R$ 4,8 milhões deixaram de precisar enviar dados financeiros à Receita pela Escrituração Contábil Digital (ECD). Segundo a Pública apurou, igrejas e organizações evangélicas são a maioria entre as entidades religiosas que devem à Receita e juntas acumulam cerca de 80% do total em dívidas. Apesar disso, a arrecadação das instituições religiosas vem crescendo ano após ano, bem como o número de entidades registradas na Receita. 

Donos de emissoras católicas prometem “mídia positiva” em troca de anúncios

Encontros do presidente da República com líderes religiosos cristãos se tornaram prática recorrente do governo Bolsonaro. No dia 12 de abril, domingo de Páscoa, o presidente participou de uma live com católicos e evangélicos, incluindo Iris Abravanel, escritora e esposa de Silvio Santos, dono do SBT; o pastor Silas Malafaia, o padre Reginaldo Manzotti; e o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos). O encontro foi transmitido nas redes sociais do presidente e pela TV Brasil, que é uma emissora estatal. A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos contestou o uso da emissora pública na Justiça alegando proselitismo religioso na transmissão. 

Durante uma videoconferência no dia 21 de maio, com participação de Bolsonaro, padres que controlam emissoras católicas de rádio e TV ofereceram mídia positiva das medidas de enfrentamento do novo coronavírus em troca de anúncios e outorgas do governo federal. O caso veio à tona em reportagem do jornal Estadão, que mostrou repasses de R$ 4,6 milhões da Secom para emissoras de TV ligadas a grupos religiosos no ano passado. Após a reportagem, comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmaram em nota que “não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares” e que “a Igreja Católica não faz barganhas”.

*Reportagem de Bruno Fonseca e Mariama Correia da Agência Pública

Mesmo tendo garantida a isenção de uma série de impostos, os líderes evangélicos mais badalados do Brasil somam uma dívida de cerca de R$ 276 milhões aos cofres públicos, aponta a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A maioria do débito é referente ao não pagamento de taxas como o INSS de funcionários. As informações são da Fórum.

A maior devedora evangélica é a Igreja Internacional da Graça de Deus, que é comandada pelo pastor Romildo Ribeiro Soares - o R.R. Soares - e acumula R$ 139,7 milhões de encargos não quitados. Em segundo lugar está a Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada por Valdemiro Santiago, com R$ 85,9 milhões. A lista segue com as contas da Igreja Renascer em Cristo, de R$ 31,3 mi; Igreja Evangélica Assembleia de Deus, com R$ 9,8 mi; e a Igreja Batista da Lagoinha, que deve R$ 9,4 mi.

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Apoiadores ferrenhos do presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido), a ala religiosa foi uma das responsáveis por angariar um alto número de eleitores em troca de afrouxamento de obrigações tributárias. Entre as 'permutas' para consolidar a relação, o Governo Federal permitiu o fim da obrigação das igrejas menores se inscreverem no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e a elevação para R$ 4,8 milhões do teto de arrecadação para que uma igreja seja obrigada a informar suas movimentações financeiras diárias. Outra medida para afagar os pastores e manter os adeptos envolve a intenção de Bolsonaro em isentar o pagamento da conta de luz dos templos.

Além de amontoar dívidas milionárias com o funcionamento das suas igrejas, alguns pastores também não costumam pagar os tributos das suas empresas privadas, como é o caso da produtora de TV Rede Mundial de Comunicação, do pastor Valdemiro Santiago. Para manter seus cultos televisionados e programetes, a instituição deve R$ 6,1 milhões em impostos. Outro 'mau pagador' é o gestor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia. A sua gravadora gospel calcula R$ 1,2 milhão em impostos não pagos.

O presidente Jair Bolsonaro chegou pouco depois das 10h ao Palácio da Cidade, uma das sedes do Executivo municipal do Rio, para encontro com o prefeito Marcelo Crivella (PRB) e com pastores evangélicos. O evento é restrito a convidados e a imprensa não teve acesso.

Após esse encontro, Bolsonaro almoça com o comandante da Marinha, almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior, no 1.º Distrito Naval. Uma das agendas mais aguardadas, contudo, está prevista para o Aeroporto Santos Dumont, quando o presidente deverá se reunir com a atriz Regina Duarte, cotada para assumir a Secretaria de Cultura.

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O encontro está previsto para ocorrer por volta de 15h, antes do retorno de Bolsonaro a Brasília.

Três pastores brasileiros foram detidos na última quinta (9), em Portugal, acusados de tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal. Segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o líderes evangélicos atraíam cidadãos brasileiros prometendo-lhes trabalho e legalização da sua situação migratória no país europeu em troca de dinheiro.

O esquema foi descoberto após uma denúncia anônima feita por um cidadão estrangeiro. Durante a ação, que incluiu cinco mandados de busca na zona da Grande Lisboa, foram encontrados cerca de 30 brasileiros alojados nos locais em que ocorriam os cultos promovidos pelos pastores. As condições dos lugares era precária e também foram encontradas crianças. 

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Edite Fonseca Fernandes, inspetora do SEF, afirmou, em entrevista à TV portuguesa, RTP, que os brasileiros encontrados estavam em situação ilegal no país e tinham que pagar um aluguel de até 300 euros (R$ 1.358), para viver nos alojamentos, além de contribuir com 10% de sua renda mensal para a igreja. A inspetora afirmou, ainda, que os pastores são suspeitos de obrigar os imigrantes a trabalharem para a igreja sem remuneração além de os enganarem quanto a sua situação documental que estaria, em sua maioria, sem resolução.

 

 A candidatura de Armando Monteiro (PTB) ao governo de Pernambuco foi considerada uma "resposta de Deus" às orações do segmento evangélico, pelo pastor Alexandre França, responsável pela Igreja Deus Liberta, do Recife. Alexandre foi um dos cerca de 200 pastores, de 15 igrejas diferentes da Região Metropolitana do Recife (RMR), que participou de um encontro com o petebista e a chapa liderada por ele em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, nesta quinta-feira (6). 

 Mesmo com o discurso de isenção religiosa dos candidatos e de alguns líderes, para Alexandre França, Armando é um "representação política de suma importância" e "se todos os evangélicos entenderem que [ele] é o melhor para todos será uma benção".

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“É importante não só para a sociedade [dialogar com um candidato], mas para todos os evangélicos. Vínhamos lutando há muito tempo por um representante no governo do Estado e isso é fruto de resposta de oração de todos nós evangélicos e agora estamos diante de uma grande oportunidade. Estamos juntos nesta batalha, unidos para que possamos colocá-los onde eles precisam e devem estar”, considerou o pastor. 

Um dos fatores que tem pesado para a preferência de parte do segmento evangélico pelo petebista é o fato de o vice, Fred Ferreira (PSC), também ser do setor.

Pedido de votos em cultos é crime - Apesar da influência direta de líderes religiosos, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) já alertou que pedir votos em cultos religiosos é crime eleitoral. Em agosto, o órgão reuniu representantes de todas as religiões para fazer o alerta e pontuar que a multa para os religiosos que infringem a lei pode chegar a até R$ 8 mil.

Um dos mais midiáticos cabos eleitorais dos evangélicos, o pastor Silas Malafaia está animado com as chances de seus escolhidos nas urnas. "É a coisa mais fácil do mundo: é só usar as redes sociais. É o que vai mandar nessa eleição", diz o pastor, que ficou famoso com aparições na TV, mas hoje investe pesado na seara digital, com dois milhões de seguidores no Facebook e 1,3 milhão no Twitter. "É só você falar nos três anos anteriores o que você pensa. Eu venho fazendo isso há tempos. Aqui todo mundo já sabe quem representa o Malafaia", diz o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Ele sabe do que está falando. Em 2014, Malafaia, que tem um irmão deputado estadual no Rio e um membro de sua igreja como vereador carioca, elegeu para a Câmara dos Deputados Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), fiel da Vitória em Cristo. Com o aliado, o pastor, que já era cabo eleitoral de aspirantes a político País afora, aumentou seu poder de influência e uniu-se a um grupo de líderes evangélicos com representação no Congresso por meio de membros de suas igrejas. É o caso de Edir Macedo (Universal), Manoel Ferreira (Assembleia de Deus Madureira), R.R. Soares (Internacional da Graça de Deus), Valdemiro Santiago (Mundial do Poder de Deus), José Wellington Bezerra da Costa (Assembleia de Deus Belém), Mário de Oliveira (Igreja do Evangelho Quadrangular).

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A seu favor neste ano, eles contam com o desgaste da classe política - a Lava Jato atingiu políticos evangélicos, mas, diferentemente de outros casos, o grupo não ficou no centro do escândalo - e com o apelo de valores conservadores em segmentos da população. Para congressistas e pesquisadores, em uma campanha de curta duração e sem dinheiro de empresas, quem já tem "base eleitoral" sairá na frente - caso dos evangélicos.

O Ministério Público e a Justiça Eleitoral, porém, vêm tentando ampliar a vigilância. O objetivo é conter a tentativa de religiosos de usarem templos para influenciar o eleitorado. A lei não permite que candidatos recebam doação de igrejas ou façam campanha dentro delas. Mas ainda é tema controverso o chamado "abuso do poder religioso". O conceito tem sustentado decisões em tribunais a partir da interpretação de magistrados de que igrejas atuaram diretamente para eleger candidatos.

Deputados eleitos sob o manto evangélico temem ainda que o sucesso dos últimos anos os prejudique em razão da proliferação de candidaturas. "Votos não se multiplicam, eles migram", diz Feliciano, questionando se a ânsia por lançar evangélicos não fará a bancada, em vez de crescer, minguar em 2019. A resposta virá em outubro. / R.A.

Assembleia lidera

 

"Elegemos a Câmara mais conservadora desde 1964", comemora Marco Feliciano (Podemos-SP), o deputado-pastor de Orlândia que ganhou projeção nacional após assumir, em 2013, no governo Dilma, a presidência da Comissão de Direitos Humanos, historicamente liderada pela esquerda. O posto resultou em protestos e rendeu ao deputado espaço no noticiário. Líder da Catedral do Avivamento, ligada à Assembleia de Deus, o pastor foi reeleito em 2014 com quase o dobro de votos - foi o quarto deputado mais votado no País.

Não ascendeu sozinho. A bancada evangélica alcançou patamar inédito, indicam levantamentos. Segundo pesquisa do cientista político Fábio Lacerda, que em sua tese de doutorado na USP produziu um banco nacional de candidaturas evangélicas, o total de deputados saltou de 35 eleitos em 2006 para 67 em 2014. Para o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o número foi de 36 deputados em 2006 para 75 eleitos em 2014, um aumento de 108% - a diferença em relação aos 84 achados pelo Estadão/Broadcast explica-se pela diferença de método dos levantamentos e pela entrada de suplentes.

A expansão no Congresso reflete o aumento dos seguidores das igrejas evangélicas. Em 1991, eram 9% dos brasileiros. Em 2010, no censo do IBGE, representavam 22%. Pesquisa Datafolha de 2016 apontou que eles já beiram 30% da população, ou 60 milhões de pessoas. É uma das maiores populações evangélicas do mundo.

O crescimento dessa base potencial de eleitores não se traduziria em votos, no entanto, não fosse a determinação de algumas igrejas, especialmente as neopentecostais, em ter voz no Congresso. "Desde 1986, a participação deles no Congresso só cresce. Em 2006, há queda pontual, em função do escândalo dos Sanguessugas, que envolve líderes evangélicos", diz Ronaldo Almeida, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento.

Algumas das igrejas começaram a adotar a estratégia de escolher candidatos oficiais. Em outros casos, líderes se lançaram ao pleito. A denominação mais bem-sucedida é a Assembleia de Deus, que funciona como uma congregação de igrejas, com centenas de braços. Hoje 25 deputados dizem segui-la - 11 pastores. Logo após vêm a Igreja Batista, com 11, e a Igreja Universal do Reino de Deus, com dez.

Os evangélicos logo se tornaram "puxadores de voto", atraindo interesse das legendas. "Quase todos os partidos passaram a desejar ter candidatos evangélicos. Isso não acontece em outros países", diz o pesquisador canadense Paul Freston. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça do Rio proibiu nesta segunda-feira, 16, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) ou outros servidores públicos municipais de privilegiar determinadas categorias ou utilizar a máquina pública para benefício pessoal ou de grupos religiosos. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, também está impossibilitado de utilizar espaços públicos para discursos religiosos. Em caso de descumprimento, o prefeito poderá ser afastado do cargo.

A determinação é do juiz Rafael Cavalcanti Cruz, da 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital, e atende a pedido do Ministério Público. A ação foi movida após reunião de líderes evangélicos no Palácio da Cidade, sede do Executivo municipal, no último dia 4. No encontro, Crivella ofereceu auxílio em cirurgias de cataratas e varizes para fiéis e assistência a pastores que tivessem problemas de IPTU em seus templos. Além disso, exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.

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"No caso em exame, as vantagens oferecidas pelo demandado (Marcelo Crivella) a pastores e líderes de igrejas evangélicas, na reunião intitulada 'Café da Comunhão', não foram permitidas por lei, razão por que a conduta imputada ao réu provavelmente ofendeu o princípio da legalidade", ressaltou o juiz Rafael Cruz em seu despacho.

A decisão, em caráter liminar, determina ainda que o prefeito Marcelo Crivella deixe de atuar em favor da Igreja Universal e que não mantenha relação de aliança com entidade religiosa a fim de privilegiá-la. O prefeito também está proibido de usar espaços públicos para fazer discursos religiosos.

A reportagem pediu posicionamento à Prefeitura do Rio, mas ainda não obteve retorno.

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (12), em sessão extraordinária, a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB).

A votação terminou com placar de 29 votos a 16 em favor do prefeito, que é acusado de oferecer benefícios a pastores e fiéis evangélicos na administração municipal, como cirurgias e isenções do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) para templos.

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Os vereadores analisaram dois pedidos, mas concordaram que, se o primeiro fosse rejeitado, o segundo também seria. Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, foi gravado durante um encontro com evangélicos em uma das sedes da Prefeitura, oferecendo vantagens como operações de catarata, varizes e vasectomia.

"Temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem", disse o prefeito. A sessão extraordinária desta quinta havia sido convocada após 17 vereadores terem assinado um requerimento para interromper o recesso parlamentar e discutir o impeachment.

Apesar da vitória na Câmara, Crivella ainda pode ter o balanço da Prefeitura relativo a 2017 rejeitado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), que apura indícios de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Da Ansa

O Ministério Público do Rio ajuizou ação civil pública por improbidade administrativa contra o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), na noite desta quarta-feira, 11. A 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital entendeu que Crivella, em sua gestão, feriu o princípio legal do Estado laico.

Um dos motivos da iniciativa do MP foi a reunião realizada pelo prefeito com pastores e líderes de igrejas evangélicas no Palácio da Cidade, na semana passada. Na ocasião, Crivella ofereceu apoio para cirurgias de catarata e varizes pelo sistema público da saúde e para resolver "problemas" com a isenção legal de pagamento de IPTU por templos religiosos.

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O MPE alegou que o artigo 19 da Constituição da República determina a separação entre Estado e religião e garante a liberdade religiosa.

"A controvérsia, por óbvio, não se cinge na religião professada pelo Prefeito Municipal, mas, sim, na interferência do poder público na vida privada das pessoas e na utilização da máquina pública para benefício de determinado segmento religioso", afirmou o MP.

De acordo com os promotores, pode ter ocorrido no evento discriminação contra outros segmentos religiosos e culturais, "o que não pode e nem deve ser admitido". A ação foi distribuída para a 7ª Vara de Fazenda Pública.

Crivella é investigado pelo MP desde agosto de 2017 por supostas irregularidades envolvendo a liberdade religiosa e o caráter laico do Estado. Além do encontro com pastores, a ação aponta o episódio que ficou conhecido com "censo religioso na Guarda Municipal". Nele, servidores da corporação foram orientados a preencher um questionário que incluía perguntas sobre sua orientação religiosa.

O MP também apura demissões de servidores comissionados de órgãos municipais para contratação de pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus. Crivella é bispo licenciado da IURD.

A ação também faz um pequeno histórico de outras políticas municipais que teriam supostamente violado o caráter laico do Estado. São eles: o censo religioso nas academias "Rio Ar Livre"; a promoção do Festival de Cinema Cristão na Cidade das Artes; o corte de patrocínio de eventos religiosos de matriz afro-brasileira; o controle de eventos com poder de veto diretamente pelo gabinete do prefeito; e a realização de eventos pela Igreja Universal do Reino de Deus em escolas públicas.

A Prefeitura do Rio informou que Crivella ainda não foi notificado sobre a ação e, portanto, não se pronunciará a respeito dela.

Impeachment

Após o episódio da semana passada, Marcelo Crivella pode ser alvo de um processo de impeachment. A Câmara Municipal do Rio vai se reunir nesta quinta-feira, 12, para debater projeto sobre o impedimento do prefeito.

Um grupo de manifestantes invadiu o 13º andar da sede administrativa da Prefeitura do Rio, no centro, na manhã desta quarta-feira, 11. Eles foram interceptados por guardas municipais no corredor do prédio e saíram. Os manifestantes, que se diziam servidores municipais, pediam a saída do prefeito Marcelo Crivella (PRB) do cargo.

Segundo a prefeitura, o manifesto acabou em poucos minutos e o grupo "se retirou pacificamente da prefeitura". O vereador David Miranda (PSOL), que estava com os manifestantes, relatou, porém, que a Guarda Municipal agiu com truculência.

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"O movimento estava pacífico até a hora que tentaram agredir a gente. A Guarda Municipal, truculenta mais uma vez, machucou uma de nossas companheiras. Tivemos que agarrá-la porque agarram ela fortemente. Mas nós mostramos o nosso recado", disse Miranda, em um vídeo divulgado em seu Facebook, falando ainda de dentro do prédio.

Crivella passa por uma crise institucional desde quando foi divulgada uma reunião fechada, no Palácio da Cidade, na qual ele ofereceu ajuda a pastores e líderes religiosos da Universal em cirurgias de catarata e varizes pelo SUS. Além disso, ele ofertou auxílio a pastores que estivessem com problemas de IPTU em seus templos.

David Miranda foi um dos 17 vereadores que assinou, nesta terça-feira, 10, um pedido de sessão extraordinária para votar a abertura de processo de impeachment do prefeito. Com isso, os parlamentares deverão voltar do recesso, nesta quinta-feira, 12, para decidir a questão.

A assessoria da Prefeitura do Rio informou que recebeu com "muita tranquilidade" a notícia de que o pedido de impeachment será avaliado pela Câmara Municipal.

"Inclusive, o prefeito Marcelo Crivella aconselhou sua base a abrir um pedido de mesmo teor àquele apresentado pela oposição, para que tudo possa ser esclarecido. O documento da base protocolado tem, até agora, 26 assinaturas, e a expectativa é que chegue a 30 signatários, 13 a mais do que as assinaturas obtidas pelos vereadores da oposição no outro pedido", informou.

O Ministério Público do Rio vai investigar o evento promovido pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, em que ofereceu facilidades a pastores e líderes de igrejas. No evento, divulgado pelo jornal O Globo, Crivella ofereceu auxílio em cirurgias de cataratas e varizes para fiéis e assistência a pastores que tivessem problemas de IPTU em seus templos. Além disso, exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.

O MP informou que a coordenação das promotorias de Justiça da Cidadania vai analisar se houve "inobservância da laicidade do Estado", conferindo tratamento privilegiado aos fiéis de um determinado segmento religioso - o que é proibido pela Constituição e pode, em tese, configurar improbidade administrativa. As falas de Crivella também serão analisadas pela Coordenação de Saúde do MP, para a fiscalização da política de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Entenda o caso

O prefeito (PRB) promoveu um encontro reservado no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura, na última quarta-feira, 4, com pastores e líderes religiosos. Segundo O Globo, os organizadores chegaram a pedir que os participantes não registrassem o encontro. Além disso, solicitaram reivindicações por escrito, relações de suas igrejas e número de fiéis.

Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, discursou por mais de uma hora e exaltou o pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira. A reportagem divulgou áudios do encontro. Em um deles, Crivella diz que, se "os irmãos" tivessem alguém na igreja com problema de catarata era só procurar um de seus assessores.

"É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar e, daqui a uma semana ou duas, eles estão operando", disse o prefeito no áudio gravado pelo jornal. O prefeito também ofereceu ajuda a pastores com problema no pagamento do IPTU.

"Igreja não pode pagar IPTU, nem em caso de salão alugado. Mas, se você não falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar. Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso", disse.

Em nota, a Prefeitura do Rio disse que a reunião citada "teve como objetivo prestar contas e divulgar serviços importantes para a sociedade, entre eles o mutirão de cirurgias de catarata e o programa sem varizes". "Desde o início de sua gestão, o prefeito Marcelo Crivella já recebeu os mais diversos representantes da sociedade civil, para tratar dos mais variados assuntos, tanto em seu gabinete quanto no Palácio da Cidade", informou a prefeitura, por meio de nota.

O presidente Michel Temer participa nesta quinta-feira de uma reunião de pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Madureira, em Brasília. Os líderes da igreja prometem receber o presidente no evento e fazer uma oração por Temer. O emedebista também deve fazer um discurso na reunião.

"Neste plenário ele estará recebendo a oração pelo Brasil, obviamente na qualidade de presidente, não para um momento político, mas para um momento espiritual", disse na noite desta quarta-feira, 30, o bispo Samuel Ferreira, presidente da convenção, ao convidar os pastores para o encontro.

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O líder religioso costuma se aproximar de políticos que participam de eventos da igreja de olho no eleitorado evangélico. Segundo ele, o Brasil "precisa da igreja" e a oração por Temer ocorre em função de o presidente ser "o mandatário maior do País".

Pela agenda oficial do Planalto, Temer se reúne, por volta das 10h, com os presidentes estaduais da igreja e, na sequência, participa da plenária da assembleia geral organizada pela instituição.

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