Tópicos | PEC 241

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu, em vídeo divulgado hoje (25), o prazo de vigência da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que prevê a restrição do aumento dos gastos públicos por até 20 anos.

Para Meirelles, se o prazo proposto fosse menor, isso teria um efeito “inócuo” na economia, pois "no momento em que a dívida começa a se estabilizar para cair, já estaria terminado o prazo de vigência da PEC", disse no vídeo divulgado na página do Palácio do Planalto.

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A chamada PEC do Teto está pautada para ser discutida e votada no plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira, após ter sua apreciação adiada devido à falta de quórum na sessão da manhã. Será o segundo turno da votação na Câmara.

A expectativa do governo é que ela seja aprovada pelos deputados com um placar ainda maior do que o registrado no primeiro turno de votação, no último dia 10, quando recebeu 366 votos à favor.

Mensagem ao mundo

O governo, autor da proposta, defende a medida como fundamental para o controle da dívida pública e a retomada de confiança na economia. Movimentos sociais e a oposição, entretanto, estão engajados contra a PEC do Teto, por considerá-la uma ameaça a programas sociais e ao Orçamento de áreas como saúde e educação.

A aprovação da PEC 241 “será uma mensagem da maior importância, para os agentes econômicos, consumidores e investidores do Brasil e internacionais, do mundo todo, que o Brasil está levando a questão fiscal a sério e que o Brasil está engajado nas reformas fundamentais para voltar a crescer”, disse Meirelles, no vídeo divulgado nesta terça-feira.

A PEC 241 propõe um novo regime fiscal para o país, em que o aumento dos gastos públicos, em um ano, esteja limitado pela inflação do ano anterior nos próximos 20 anos. A medida poderá ser revista pelo presidente da República após os primeiros dez anos.

O governo nega que a medida retire recursos de áreas como saúde e educação e trabalha junto aos parlamentares para que a PEC do Teto seja aprovada pelo Congresso ainda este ano, de modo que passe a vigorar já no Orçamento de 2017.

A Câmara dos Deputados retorna nesta terça-feira (25) às discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição 241/2016, a chamada PEC do Teto de Gastos. O debate deve começar em plenário logo após a sessão solene em comemoração aos 30 anos do Tribunal Regional do Trabalho da 15º Região – Campinas/SP.

Embora as manifestações contrárias à matéria sejam incisivas, o governo já dá como certa a aprovação do texto. Tanto que a reunião da base aliada realizada na noite dessa segunda (24) teve um tom de confraternização. No coquetel, realizado na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer cumprimentou os deputados presentes, mas evitou fazer discurso.

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O texto-base foi aprovado em primeiro turno por 366 votos a 111. E agora o governo espera, ao menos, manter os votos favoráveis, embora não se preocupe tanto com o excedente - já que são necessários 308 votos para uma PEC seja aprovada. "A quantidade de votos acima de 308 pra mim é a cereja do bolo. Se tiver 350, 360, ótimo. 366, excepcional", disse o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF).

Favorável à matéria, o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) criticou a forma como o Partido dos Trabalhadores tem se mobilizado contra a PEC. “A população já conhece o formato de como o PT faz política, o terrorismo que é feito ao longo dos tempos. Eles votaram contra a Constituição, votaram contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, votaram contra o Plano Real. Todos os momentos decisivos no Brasil, o PT sempre ficou contra”, disparou.

Para o parlamentar, a PEC precisa ser lida pela população para entender que “não há congelamento do salário mínimo, porque ele pode ser ajustado acima da inflação”. Coelho acredita que as pessoas mais pobres serão beneficiadas pela proposta. “O governo só vai poder gastar o dinheiro que arrecada. Quando o governo gasta o dinheiro que não tem gera inflação. E no final do mês é o pobre que não vai ter dinheiro suficiente para fazer sua feira”, explicou.

Ele também criticou a diferença grande entre os valores do salário mínimo e dos tetos salariais dos servidores públicos. “O que a gente não pode mais aguentar são essas mordomias que foram realizadas no Brasil, não só no período do PT, mas nos últimos 20 anos. Não dá para aguentar as mordomias da Câmara dos Deputados, do Senado, do Judiciário, do Ministério Público. Por que a gente tem que pagar essa conta tão alta?”, indagou.

Para a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) acredita que o texto não é o ideal. "A PEC 241 pode ser entendida como uma medida pra inglês ver. Realmente, pra inglês ver! Aliviando a situação do Brasil hoje, mas longe de garantir alívio futuro, ficando suas consequências ainda duvidosas a serem absorvidas pelas próximas gerações. E outra, a PEC do Teto dos Gastos sem a reforma da Previdência é uma PEC do teto furado, pois a maior claraboia desse teto será a Previdência Social".

Nesta segunda-feira (24), Humberto Costa (PT) voltou a criticar a PEC 241. O senador afirmou que, caso a Proposta seja aprovada, as universidades federais do Brasil correm o risco de acabar com a gratuidade. "Essa PEC da Maldade enviada pelo golpista de Temer é uma tragédia para todos os setores da sociedade, em especial para a educação. As universidades federais já estão em dificuldade por causa da crise, agora precisarão conviver com um recurso extremamente baixo que vai acabar sucateando o ensino ou até mesmo fazendo perder a sua gratuidade. Os alunos terão que começar a pagar mensalidades para poder manter a instituição em que estudam", disse.

Humberto Costa também declarou que nunca imaginou vivenciar a crise atual. "Realmente não sei qual será o pior legado que a PEC 241 vai deixar para as universidades. Se é tirar a gratuidade de vez de qualquer tipo de graduação ou sucatear as instituições com ensino de má qualidade e condições físicas precárias", acrescentou.

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Na última quinta (20), Humberto Costa esteve no Recife para participar de ato contra a PEC 241, no Derby. Para os presentes, na ocasião, o líder do PT no Senado pontuou que "fica evidente e claro qual foi o objetivo do golpe feito neste ano contra a democracia. Era exatamente interromper um projeto iniciado lá atrás, que é derrubar um conjunto de conquistas para os trabalhadores e para o povo brasileiro de modo geral. A PEC é apenas o início de uma forte investida contra direitos históricos dos trabalhadores”, advertiu.

Novo protesto

Nesta terça-feira (25), mais um protesto está marcado, com concentração às 16h, na Praça do Derby. Organizado pela Frente Povo Sem Medo, o ato acontece no mesmo horário previsto para que a Câmara dos Deputados vote a proposta em segundo turno. Além da capital pernambucana, outras sete cidades realizam atos contra a PEC entre hoje (24) e amanhã. 

 

 

 

 

 

 

 

Contrários à PEC 241, professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) cruzam os braços nesta terça-feira (25). Segundo a Associação dos Docentes (Adufepe), a decisão pela paralisação foi tomada em assembleia realizada no dia 11 deste mês.

Ao LeiaJá, o presidente da Adufepe, Augusto Barreto, garantiu que os professores podem deflagrar uma greve. Porém, isso só acontecerá caso servidores públicos de outras áreas entrem numa paralisação por tempo indeterminado

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Nesta segunda-feira (24), técnicos-administrativos da UFPE deflagraram greve e estudantes promoveram protestos contra o teto dos gastos públicos. Também teve início a primeira ocupação do Campus Recife, concentrada no Centro de Educação (CE), cujo objetivo é combater a PEC 241.   

Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fazem uma manifestação nesta segunda-feira (24), no quilômetro 68 da BR-101, em frente à reitoria da unidade. O protesto é contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, conhecida como PEC do Teto, que propõe que por um prazo de 20 anos haja um limite máximo de despesas primárias igual às despesas primárias de 2016 atualizadas anualmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Os manifestantes colocaram fogo em pneus e estão impedindo a entrada de veículos na universidade. O trânsito está complicado no local. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Corpo de Bombeiros foram acionados para o local.

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A previsão é que a PEC do teto de gastos seja votada em segundo turno na próxima terça-feira (25) na Câmara dos Deputados. Em Pernambuco, estudantes já organizaram protestos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), na Universidade de Pernambuco (UPE) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata. 

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É crescente a ocupação de estudantes nos campi da Universidade de Pernambuco (UPE), ocorrida desde a última quinta-feira (20). No Campus de Palmares, Zona da Mata Sul de Pernambuco, alunos também aderiram à causa e seguem ocupando a unidade, como forma de resistência às principais mudanças na educação promovidas pelo atual governo.

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Em nota oficial emitida no Facebook, os estudantes também tiveram o apoio de coordenadores e Professores participantes do Planejamento do Curso de Serviço Social, em que salientam o momento como forma de repudio e fortalecimento da luta:

"Nós coordenadores e Professores participantes do Planejamento do Curso de Serviço Social, em 18 de outubro de 2016, apoiamos a mobilização dos estudantes e, no intuito de fortalecer o momento de repudio a agenda contrarreformista do governo Temer para educação, Saúde, Assistência Social, Previdência e demais políticas sociais, propomos uma agenda de atividades em parceria aos discentes e técnicos para unificarmos as lutas com as demais IES e IF´s, mediante a realização de propostas propositivas e de impacto político", afirmaram. 

Por meio de assembleia geral para oficializar a mobilização, as comissões que dividem os alunos definiram que é provável a ocupação de todas as unidades de ensino da UPE no estado serem habitadas, até que seus pedidos sejam acatados pela gestão.

A iniciativa nacional, com centenas de escolas e centros acadêmicos ocupados em todo o Brasil, se dá devido à objeção das novas medidas propostas pelo atual governo Temer, que consiste no congelamento de investimentos durante 20 anos, a chamada PEC do Teto, além do projeto ‘Escola sem Partido’.

Atualmente, também se encontram ocupados os campi de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte e Petrolina, no Sertão. Em entrevista ao Portal LeiaJá, os ocupantes afirmaram que também já é prevista a habitação nas Universidades Federal(UFPE) e Rural de Pernambuco (UFRPE), até o dia 9 de novembro. A assessoria de imprensa da UPE ainda não se posicionou sobre o fato.

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A bancada do PSB na Câmara pode atrapalhar os planos do governo Temer de aumentar o placar de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para o crescimento dos gastos na segunda votação da matéria no plenário da Casa, marcada para a próxima terça-feira.

No partido, a previsão é de que 12 deputados votem contra a PEC na segunda votação - dois a mais do que no primeiro turno, quando 10 dos 32 parlamentares do PSB se posicionaram contrários à proposta. Além disso, outros dois deputados que tinham votado a favor da PEC devem faltar.

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Os deputados Rafael Motta (PSB-RN) e Paulo Foletto (PSB-ES), líder do partido na Câmara, não deverão comparecer à votação em segundo turno da PEC do teto. O primeiro estará em viagem internacional, enquanto o segundo fará uma cirurgia na própria terça-feira.

No Palácio do Planalto, a ordem é trabalhar para aumentar o placar da aprovação da PEC na segunda votação, para passar um sinal de força do governo ao mercado. No primeiro turno, a proposta foi aprovada por 366 votos a 111. No segundo turno, o governo quer aprovar a matéria com um placar próximo de 400 deputados.

Para garantir o apoio, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai promover um jantar para parlamentares da base aliada na noite de segunda-feira. Com o jantar um dia antes da votação, o governo também garante a presença dos deputados em Brasília na terça-feira. A mesma estratégia foi usada pelo presidente Michel Temer na votação anterior. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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Cerca de 50 estudantes que estão ocupando o prédio da reitoria da Universidade de Pernambuco (UPE), localizado na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife, desde esta última quinta-feira (20), seguem mantendo a manifestação de forma tranquila e pacífica.

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Instalados no gabinete da reitoria e dividindo as atividades em comissões,  o grupo de jovens representa parte de alunos dos cursos de história, enfermagem, geografia, educação física e afins, oriundos dos Campus Recife e Nazaré.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, alguns dos estudantes que não quiseram ter seus nomes divulgados, ressaltaram de forma unânime que as ocupações já têm apoio de servidores e professores e que a tendência é que cresça em todo o país, até que seus direitos sejam acatados pelo Governo Federal. Em vídeo, alguns representantes das comissões explicaram a situação, confira:

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Os alunos devem se reunir na tarde desta sexta-feira (21) com os servidores da UPE para explanar os fatos e objetivos pretendidos, em uma roda de diálogo. De acordo com eles, o local também deverá receber mais aderentes à ocupação até o fim dessa semana. Ainda segundo os estudantes, as Universidades Federal(UFPE) e Rural de Pernambuco (UFRPE) também tendem a serem ocupadas oficialmente até o dia 9 de novembro, como forma de relutância às reivindicações.

A assessoria de imprensa da UPE ainda não se posicionou sobre o fato, mas informou que possivelmente até o fim da tarde desta sexta-feira (21), emitirá um nota oficial estabelecendo as medidas.

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Para atender às novas regras previstas na proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o limite para o aumento dos gastos públicos, o Congresso terá de fazer um corte no Orçamento do próximo ano de R$ 14 bilhões. O cálculo desse "buraco" foi informado ao jornal O Estado de S. Paulo pelo relator-geral do Orçamento de 2017, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

A preocupação em fechar as contas tem permeado as conversas nos últimos dias entre Braga e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e já chegou até ao Palácio do Planalto. O Orçamento de 2017 - o primeiro que limita o crescimento dos gastos à inflação do ano anterior - não deixou margem para a tradicional prática dos parlamentares de aumentarem os recursos com emendas para atender suas bases eleitorais.

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O orçamento federal de 2017 prevê uma receita líquida de R$ 1,177 trilhão, para uma despesa de R$ 1,316 trilhão - o que representará o déficit estimado de R$ 139 bilhões nas contas públicas. Mas a dificuldade para fechar os números aumentou após um incremento de R$ 7 bilhões nos repasses previstos originalmente para a saúde, decorrentes de negociações para aprovar a PEC do Teto no Congresso, e de outras despesas não computadas originalmente. É esse incremento que deve agora ser cortado.

A margem de manobra de Eduardo Braga é estreita, uma vez que, segundo ele, as despesas passíveis de corte somam apenas R$ 64 bilhões, entre elas investimentos. Todas as demais são de desembolso obrigatório. Ele disse que pretende impedir que esses cortes atinjam as áreas de investimentos na saúde, na educação e na segurança pública.

No caso das emendas parlamentares, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que governo só reservou na proposta recursos para atender as de caráter obrigatório, que são as individuais e as de bancada. As que não são obrigatórias, como as propostas por comissões temáticas e pelo relator do Orçamento, não estão contempladas. No Orçamento de 2016, as emendas totais aprovadas chegaram a R$ 21,3 bilhões. Para o ano que vem, o que está reservado no Orçamento é cerca de R$ 14 bilhões.

O relator de Receitas do Orçamento de 2016, deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), tem defendido que os cortes atinjam não só as emendas, mas também o funcionamento da máquina pública e investimentos. Segundo ele, se o foco for nas emendas, o Legislativo pode não aprovar a peça orçamentária de 2017.

"O Parlamento não vai aceitar isso (corte nas emendas). A Casa vai se rebelar e não vai votar o Orçamento. Tem de cortar de tudo um pouco", disse Vilela. Mesmo a pouco mais de dois meses do fim do ano, ainda não há uma decisão tomada sobre como será resolvido o impasse.

A votação do Orçamento - prevista para até 19 de dezembro - deve embolar com a própria votação da PEC no Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) obrigou o Palácio do Planalto a fazer um movimento para aumentar a demonstração de força no Congresso e afastar o clima de incerteza e mais crise política à vista.

Horas depois de chegar a Brasília, na quinta-feira (20), vindo de uma viagem à Índia e ao Japão, o presidente Michel Temer telefonou para líderes da base aliada e pediu apoio para a nova votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita em 20 anos os gastos públicos.

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A PEC será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira (25), em segundo turno, antes de seguir para o Senado. O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava Jato não atrapalha o ritmo do Congresso.

O receio é de que um placar menor do que os 366 votos obtidos na primeira etapa da votação, no dia 10, indique perda de controle do Planalto sobre a base e provoque dúvidas no mercado em relação à retomada da estabilidade. Para aprovar a PEC são necessários 308 votos.

"Para que possamos atrair investimentos, temos de dar confiança. E essa confiança só se dá com liderança política", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O ministro admitiu a apreensão do governo. "É claro que tem preocupação. Queremos ter um desempenho ainda melhor do que os 366 votos. Isso é uma sinalização interna e externa de que não tem mais crise política."

O assunto Cunha, porém, virou tabu no governo. Em reunião na quinta-feira, 20, com ministros, Temer reforçou a ordem - já transmitida por telefone, ainda em viagem - para que ninguém comentasse o episódio. Auxiliares do presidente repetem o mantra "a vida continua".

Nos bastidores, no entanto, há o temor dos próximos capítulos. Antes de ser preso, o ex-presidente da Câmara disse com todas as letras a aliados: "Vou explodir o Moreira". Era uma referência ao secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.

Em setembro, dias após perder o mandato, Cunha afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que Moreira era o "cérebro" do governo Temer e o acusou de estar por trás de irregularidades para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio. Argumentou, ainda, que o programa de concessões de Temer nascia "sob suspeição". Moreira negou as acusações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No final da tarde desta quinta-feira (20), manifestantes e diversos movimentos se reuniram, na Praça do Derby, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. O texto-base da chamada PEC do Teto prevê que o crescimento das despesas do governo estará limitado à inflação acumulada em 12 meses, até junho do ano anterior, por um período de 20 anos. Após discurso de diversos representantes de movimentos e entidades, os manifestantes saíram em protesto até a Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista. 

Presente na capital de Pernambuco para participar do ato, o senador Humberto Costa (PT) disse que, com a apresentação da Proposta, "ficou evidente e claro qual foi o objetivo do golpe feito neste ano contra a democracia. Era exatamente interromper um projeto iniciado lá atrás, que é derrubar um conjunto de conquistas para os trabalhadores e para o povo brasileiro de modo geral. A PEC é apenas o início de uma forte investida contra direitos históricos dos trabalhadores”, advertiu, para um público, em sua maioria, formada por jovens.

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Riscos

Em entrevista após pronunciamento, o senador declarou que, caso aprovada, o maior risco da PEC 241 será uma carência ainda maior aos direitos sociais. “O primeiro passo é estagnar, congelar os gastos do orçamento da nossa república. O segundo passo é retirar direitos porque a população brasileira vai continuar crescendo. Hoje, por exemplo, o Governo Federal tem que gastar, pelo menos, 18% das suas receitas com a educação e isso vai cair. A qualidade dessas políticas públicas irão cair violentamente”, alertou.

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS) perderá até R$ 743 bilhões caso a PEC 241 seja aprovada.

Constranger os parlamentares

Humberto Costa também pontuou que a articulação acontecerá até o último momento. “Os parlamentares da esquerda vão se mobilizar, tentar criar constrangimento entre os demais para não aprovar. O mais importante é a população se organizar, cobrar, denunciar, e isso pode mudar o voto dos parlamentares”.

“Cada dia mais crianças vão precisar de escolas, a população brasileira está envelhecendo cada vez mais. Vamos precisar de aposentadoria e de atendimento medico de qualidade. Se a PEC for aprovada, se o Brasil crescer ou não, se o Brasil aumentar ou não a sua arrecadação, os gastos serão os mesmos. Por isso, temos que denunciar a toda a população brasileira o que a Proposta representa”, acrescentou Humberto.

Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS) perderá até R$ 743 bilhões caso a PEC seja aprovada.

O presidente da República, Michel Temer, vem reiterando que o governo não quer aumento da carga tributária e que, se a PEC for aprovada, não será preciso nem sequer pensar em aumentos de tributos. Ele disse estar confiante na aprovação da PEC 241 e de outras medidas que o governo enviará para apreciação do Congresso. 

O presidente, em recente discurso, ainda disse que se o texto não for aprovado, a dívida pública bruta poderá chegar a 100% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. 

Votação

O texto, agora, seguirá para o plenário da Casa. A Proposta será votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em 9 de novembro. Caso aprovada, segue para votação em 1º turno, em 29 de novembro. Apenas após essas etapas, a PEC 241 será votada em 2º turno no Senado, definitivamente, no dia 13 de dezembro.

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Pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 20, mostrou que 60,4% dos brasileiros aprovam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241 que limita a expansão dos gastos públicos. Para 40,9% dos entrevistados, a resposta foi "sim". Desse total, 60,4% se declararam favoráveis à proposta e 32,5% contrários. Um grupo de 7,1% não sabia ou não queria responder.

Os dados foram coletados entre 13 e 16 de outubro por meio de 2.002 entrevistas realizadas em 137 municípios. A pesquisa foi feita em 25 universidades federais e nas cinco regiões do país. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais com 95% de nível de confiança.

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O texto da PEC 241 foi aprovado no último dia 13, na Câmara dos Deputados, por 366 votos favoráveis e 111 contrários.  

A Comissão Especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, mais conhecida como PEC do Teto dos Gastos, aprovou na terça-feira (18) a redação final da proposta por 21 votos a 7. Agora, a matéria volta ao plenário da Câmara para votação em segundo turno. O objetivo da base do governo é votar a PEC a partir da próxima segunda-feira (24). Caso aprovada, a proposta segue para o Senado.

A reunião da comissão só foi possível graças a uma manobra do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que suspendeu por uma hora a sessão em curso do Congresso para permitir que demais colegiados pudessem se reunir.

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A deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou a atitude Renan e disse que, com a aprovação da matéria, não haverá mais concursos públicos ou reajustes salariais, além de aumento nos repasses para saúde e educação. "Se votarem essa PEC, estão tirando a oportunidade dos filhos e filhas dos trabalhadores brasileiros."

Deputado da base do governo, Sílvio Torres (PSDB-SP) disse que a oposição está tentando desvirtuar o objetivo da PEC. "A proposta não congela nenhum setor, não é uma PEC de congelamento de 20 anos, nem mesmo a 'PEC da Morte'. É a PEC da ressurreição para um País em estado terminal, praticamente morto", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo aprovada a proposta de limitar o crescimento das despesas públicos nos próximos 20 anos, o governo ainda terá de fazer uma economia monumental para alcançar seu objetivo. Segundo Manoel Pires, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda durante o governo Dilma Rousseff, sem reformas adicionais, seria necessário fazer uma redução gigantesca, de R$ 87 bilhões, nas despesas do governo que não são obrigatórias, o que seria inviável.

Até num cenário de aprovação de medidas extremamente impopulares, o corte das despesas necessário até 2021 seria de R$ 14 bilhões para o cumprimento do teto, de acordo com simulações feitas por Pires em estudo sobre a PEC do Teto. Ele levou em conta a reforma da Previdência, o fim do abono salarial a partir de 2018, a proibição de aumento do salário mínimo acima da inflação e a elevação para 70 anos da idade mínima para acesso aos benefícios de assistência social (Loas).

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"Ainda dá tempo de mudar a PEC", diz Pires. Para ele, o pior cenário para o País seria o governo ter de dar um sinal invertido pouco tempo depois de aprovada a PEC do teto do gasto, alterando a proposta. Essa possibilidade chegou a ser aventada pelo próprio presidente Michel Temer, que admitiu alterações das regras do teto depois de quatro, cinco anos de vigência. Pelo texto da PEC, as despesas não poderão crescer acima da inflação por 20 anos.

Economista do Ipea, Pires defende a aprovação de um limite de gasto como importante instrumento "pedagógico", mas defende que haja possibilidade de aumento real dos gastos pelo menos a partir do segundo ano de vigência do teto. Pelos seus cálculos, o governo já deve começar a ter problemas para administrar as despesas no segundo ano de vigência. O pesquisador avalia que a melhor solução é o teto vinculado à taxa de crescimento do PIB.

Braço direito do ex-ministro Fazenda do governo Dilma Rousseff, Nelson Barbosa, Pires diz que a quantidade de reformas necessárias para adequar o crescimento corrente da despesa ao teto é enorme e improvável que ocorra. Segundo a conclusão do estudo, o limitador do crescimento das despesas proposto pelo governo pode "implodir" o Orçamento do governo federal.

Simulações feitas pelo economista indicam que a PEC produz um impacto muito grande sobre o Orçamento corrente, se nenhuma reforma ocorrer. Isso porque as despesas do governo são bastante rígidas de forma que vários itens do Orçamento crescem por regras específicas.

Cortes

As simulações feitas até 2021 mostram que os principais itens de despesas obrigatórias continuam crescendo muito acima do limite do gasto. Nesse caso, os demais itens de despesa deverão passar por uma redução significativa. Pelos cálculos do estudo, ao final de 2021, os demais itens de despesa deverão sofrer uma redução correspondente a 2,3 ponto porcentual do PIB. Com as reformas rigorosas, os resultados indicam que ainda haverá uma queda de 1,5 ponto porcentual em relação ao PIB, apontando para a necessidade de um contingenciamento significativo de investimentos e em outras políticas sociais como Educação.

No estudo, Pires avalia que a PEC não pode ser aprovada sem que haja concordância sobre as reformas futuras que serão necessárias. "Se isso ocorrer, o Orçamento poderá implodir, com as despesas contingenciáveis ou os investimentos públicos caírem até chegar a zero", diz o estudo.

O estudo reforça a avaliação de muitos economistas de que não basta a PEC para definir qual será a taxa de crescimento real do gasto nos próximos anos. Para o pesquisador do Ipea, a pior situação será aprovar a PEC com "a ilusão de que o gasto foi reduzido e o ajuste foi concluído". "Se o Congresso não concordar com a integralidade dos ajustes, uma vez aprovada a PEC, o Orçamento ficaria inviável, diz Pires."Quem contrataria um engenheiro que começa a construir a casa pelo seu teto?", ressalta ele no estudo. Pires trabalhou na proposta desenhado por Barbosa de impor no Plano Plurianual (PPA) limites para o aumento da despesa pública em proporção ao PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após a ocupação de alunos no prédio da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), no campus Petrolina Centro, Sertão de Pernambuco, alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Centro Acadêmico de Vitória (CAV) também decretaram greve na última segunda-feira (17).

Alunos dos cursos de educação física (licenciatura e bacharelado), enfermagem, nutrição e saúde coletiva ocuparam o campus para um ato de mobilização com reivindicações à PEC 241, conhecida como PEC do Teto. A iniciativa quer fixar o limite para as despesas e estabelecer um teto máximo para os gastos do governo por 20 anos, para controlar os gastos públicos.

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Caso aprovada, um dos setores mais impactados com a PEC será a educação. O estudante de saúde coletiva e participante do 'CAV R_existe', Breno Michel, informou ao LeiaJá que cerca de 50 alunos passaram a noite no campus. Segundo ele, o movimento é independente e não tem relação direta com o ocorrido em Petrolina.

Na tarde desta terça-feira, professores estarão em uma roda de debate com os alunos sobre os impactos da PEC 241 na saúde e educação. Segundo Flor Ribeiro, presidente em Pernambuco da União Nacional dos Estudantes (UNE-PE), hoje haverá uma assembleia em Palmares e, amanhã, em Nazaré da Mata, para que as ocupações sejam iniciadas.

“A UNE deu o comando de ocupação e os estudantes estão tomando a iniciativa por campus. A ideia é ocupar todas as universidades públicas do estado”, explicou Flor.

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Nesta terça-feira (18), a comissão especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o teto dos gastos públicos, deve votar a redação final do texto. A ideia é que a votação em segundo turno seja realizada na próxima semana, para então seguir ao Senado. Para o líder do PT, o senador Humberto Costa (PE), os programas de assistência social do governo são os que mais sofrerão, caso a proposta seja aprovada.

“Toda a assistência social corre um risco muito grande, inclusive o próprio BPC [Benefício de Prestação Continuada], que garante benefícios a deficientes e idosos com renda menor de R$ 200. Estão condenando o País a voltar a um passado de fome e miséria, a cenas como as que a gente jamais pensou em ver de novo”, frisou.

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Segundo ele, o levantamento "O Novo Regime Fiscal e suas Implicações para a Política de Assistência Social no Brasil", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), evidencia essa queda nos investimento, ao mostrar que a verba para a assistência social será reduzida de 26% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015, para 0,7% do PIB até o fim dos próximos 20 anos.

“A área de assistência social terá uma perda gigantesca. Estão apostando em um modelo ultrapassado que amplia as desigualdades e penaliza os mais pobres. Com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, até mesmo o Bolsa Família corre o risco de extinção, um projeto reconhecido pela ONU como um exemplo para o combate e a erradicação de pobreza para todo o mundo”, destacou.

O líder do PT também criticou a perseguição que, de acordo com ele, os pesquisadores do Ipea têm sido submetidos após a divulgação da pesquisa. “Nem na Ditadura Militar se viu tamanho desrespeito ao Ipea.  Os órgãos de pesquisa devem ser autônomos e independentes. Mas o que está acontecendo é a politização do órgão. O governo Temer dá, mais uma vez, uma demonstração de desrespeito à democracia e a pluralidade de opiniões”.

A comissão especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o teto dos gastos públicos, adiou para esta terça-feira (18), às 16h, reunião do colegiado para votar a redação final do texto, que foi aprovado em primeiro turno pelo plenário da Câmara, na semana passada. A reunião deveria ocorrer nessa segunda (17), mas como não houve quórum o presidente da comissão, deputado Danilo Forte (PSB-CE), transferiu a reunião para terça.

O adiamento da reunião não vai prejudicar a votação da PEC em segundo turno, que está prevista para ocorrer na próxima semana nos dias 24 ou 25. A PEC, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos foi aprovada, em primeiro turno, por 366 votos a 111 e duas abstenções. Agora a proposta depende da aprovação em segundo turno, por no  mínimo 308 votos, para ser enviada à apreciação do Senado.

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Manifestantes reúnem-se desde as 18h no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, para protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o teto dos gastos públicos. Eles alegam que isso vai resultar em uma queda de 40% dos recursos em saúde e educação nos próximos 20 anos.

O ato foi convocado pelo coletivo Democracia na Real, que se define como um movimento horizontal, apartidário, autônomo e que luta por direitos. “Acreditamos que a oposição à PEC 241, que corta gastos na saúde e educação por 20 anos, é uma pauta que diz respeito a todos os brasileiros e brasileiras e por isso estamos tentando convocar além dos círculos de ativistas”, divulgou o coletivo por meio do Facebook.

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Representante do Democracia na Real, Marcio Ribeiro, disse que o coletivo começou a se formar em junho deste ano com o objetivo de construir um debate político. Desde então o coletivo fez aulas públicas no vão do Masp e mais recentemente sobre a PEC 241.

"Esse ato é contra a PEC 241, estamos lutando contra o congelamento dos gastos com serviços sociais, contra os cortes, em última instância, dos direitos sociais", disse Ribeiro. O grupo pretende seguir em passeata pela Avenida Paulista, pegar a Rua Augusta, depois a Avenida Rebouças até chegar à Avenida Brigadeiro Faria Lima, onde fica o prédio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que é um local simbólico, segundo ele.

Para Ribeiro, o ajuste fiscal está sendo feito às custas dos serviços públicos. “O que estamos tentando mostrar é que essa não é a única alternativa para fazer o ajuste fiscal, que existem outras alternativas, por exemplo, o imposto sobre dividendo, o imposto sobre fortuna. De certa forma, a Febraban é uma forma de dizer que são os banqueiros, que são as pessoas muito ricas que deveriam dividir a conta da crise e do ajuste fiscal", disse.

A primeira vitória da PEC do Teto, a inclinação pró-mercado do governo Temer e as recentes mudanças nos negócios da Petrobrás têm estendido a "lua de mel" do investidor com a Bolsa brasileira. O desempenho positivo do mercado acionário tem forte influência dos investidores estrangeiros, que aplicaram R$ 15,2 bilhões em recursos neste ano no mercado local e, só nos onze primeiros dias de outubro, aportaram outros R$ 2,2 bilhões.

Entre 12 importantes bolsas do mundo, como os mercados dos Estados Unidos, Europa, Ásia e Brics, a Bolsa lidera a valorização do ano, com ganho de 42,5%. Só no último pregão, ela atingiu 61.767 pontos e especialistas acreditam que há espaço para avanço maior ainda este ano, na faixa entre 63 mil a 65 mil pontos.

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Para Rafael Ohmachi, analista da Guide, a melhora do cenário trouxe o estrangeiro de volta ao País. "Antes do impeachment tinha um cenário escuro, mas hoje há uma melhora da confiança, que ainda é gradual, e esses investimentos vão voltando", afirma.

Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, pondera que os números não refletem um "céu de brigadeiro", mas que o País está mais próximo de um cenário econômico seguro mesmo diante de um mercado externo instável com a possível alta de juros e eleições nos Estados Unidos. "Gera um pouco de volatilidade, mas não afeta muito.

Outros pontos que pesam a favor dos papéis brasileiros são a onda de desinvestimentos promovida pelas companhias e a entrada de novos parceiros nos negócios. Esses fatores, diz Ohmachi, diminuem os riscos e ajudam a valorizar as ações.

Apesar dos ganhos da Bolsa serem em parte graças aos primeiros passos de Temer, o mercado financeiro ainda aguarda como será aprovada, na prática, a PEC do Teto e se a reforma da Previdência conseguirá avançar.

"O mercado precificou o otimismo, mas o salto representa mais a saída da Dilma do que as ações do Temer, que ainda estão no papel", destaca André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Entre os destaques da Bolsa está a Petrobrás, que acumula alta de 142,8% (PN) e de 108,9% (ON) no ano. A valorização da estatal se deu pelo fim da obrigatoriedade de explorar o pré-sal, a mudança de gestão e a valorização do petróleo, segundo o analista da Spinelli, Samuel Torres.

A decisão de baixar os preços da gasolina e do diesel, definida na última sexta-feira, também é uma sinalização positiva. Mas é preciso ter cautela. "Em comparação com a valorização da empresa ao longo do ano, seu potencial de valorização hoje é muito menor e, consequentemente, o risco é maior", explica Torres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o crescimento dos gastos públicos à taxa da inflação pelos próximos 20 anos, será "desastrosa" para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, segundo o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich. Pesquisadores temem que o resultado seja um congelamento do orçamento dedicado hoje ao setor, considerado extremamente baixo.

"Se continuarmos na situação atual por mais 20 anos será mortal; vamos voltar ao status de colônia extrativista", disse Davidovich à reportagem. "Na verdade, não digo nem 20 anos. Se for cinco, já será extremamente complicado."

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O orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (hoje chamado MCTIC, após fusão com a pasta das Comunicações) encolheu consideravelmente nos últimos anos. Em valores corrigidos pela inflação, é quase 30% menor do que dez anos atrás, e aproximadamente metade do que era em 2010. "Estamos partindo de um patamar muito baixo", diz Davidovich, físico da Universidade Federal do Rio (UFRJ). "Vamos ficar estacionados numa situação que já é muito ruim."

Aprovada com folga em primeira votação na Câmara do Deputados, no dia 10, a chamada PEC do Teto determina que os gastos do poder público federal só poderão crescer ao mesmo ritmo da inflação pelas próximas duas décadas - com possibilidade de alterações a partir dos primeiros dez anos.

"É um cenário trágico para a ciência", diz a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Helena Nader. Ela teme uma fuga em massa de cérebros para o exterior, caso a situação de perpetue dessa forma. "O que estamos dizendo para os nosso jovens cientistas é: se você tem condições de ir embora do Brasil, vá; porque aqui a ciência não é valorizada."

"Vamos voltar à realidade da década de 1990, quando a única saída para ciência, tecnologia e inovação no Brasil era o aeroporto", diz o bioquímico Jerson Lima da Silva, professor da UFRJ e diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Segundo ele, o sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação vinha crescendo e funcionando bem desde o início dos anos 2000, até que os investimentos começaram a encolher em 2011. "O sistema só não entrou em falência total até agora porque tem uma certa inércia", avalia.

Flexibilidade

Segundo o MCTIC, a PEC 241 não representa um "congelamento" de investimentos, pois não impõe um limite máximo às despesas de nenhum setor em particular. Trata-se de um teto universal para todo o orçamento federal. Ou seja, o governo terá flexibilidade para distribuir recursos como achar melhor entre uma área e outra.

"Nada impede que o Poder Executivo ou o Poder Legislativo fixe despesas para a ciência acima do exercício anterior, desde que outras despesas sejam ajustadas para acomodar tal elevação ao limite total do conjunto de gastos", afirma a pasta.

As expectativas da comunidade científica com relação a isso, porém, são pouco otimistas, já que o setor tem tradicionalmente pouco peso político nas decisões de Brasília. "A PEC coloca uma série de incógnitas, mas dá para adivinhar o que vai acontecer", prevê Davidovich. "A competição por recursos será muito dura."

O orçamento do MCTIC este ano é de R$ 4,6 bilhões, dos quais cerca de R$ 500 milhões estão contingenciados (indisponíveis). O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo governo federal ao Congresso no início de setembro prevê um aumento da ordem de 20% nos recursos para ciência, tecnologia e inovação em 2017. Ainda assim, considerada a inflação deste ano, o valor continua sendo bem menor do que dez anos atrás.

"À medida que houver crescimento econômico, haverá crescimento do orçamento", disse o ministro do MCTIC, Gilberto Kassab, ao Estado. Ele garante que o governo está sensível às preocupações dos cientistas e à necessidade de aumentar investimentos no setor. "Sem a PEC 241 a preocupação seria muito maior. Com certeza a situação será melhor."

Recuperação

O PLOA 2017, segundo Kassab, já foi planejado prevendo a aprovação da PEC. "Iniciamos uma recuperação que pretendemos seja gradual e perene da verba destinada à área científica em anos anteriores. Acreditamos que esse objetivo poderá ser atingido nos próximos anos porque a PEC 241, além de controlar a crise fiscal, seguramente dará mais confiança à iniciativa privada e aos investidores", diz a pasta.

"Você acha que o mundo vai ficar esperando o Brasil? Vamos andar 20 anos para trás", diz Nader. Ela propõe que as áreas de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação sejam isentas do teto imposto pela PEC, por serem estratégicas para o desenvolvimento do país.

A proposta ainda precisa passar por uma segunda votação na Câmara e pelo plenário do Senado.

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