Pela décima vez, o deputado Inocêncio Oliveira (PR) caminha para tornar letra morta a sua decisão de encerrar a carreira política. Aos 76 anos, no exercício do 9º mandato consecutivo na Câmara dos Deputados, o velho cacique sertanejo anunciou, em setembro do ano passado, que, de forma irreversível, estava pendurando as chuteiras do jogo político.
Na ocasião, anunciou que o seu sucessor seria o deputado estadual Sebastião Oliveira, sobrinho e afilhado político. As águas de março de 2014 chegaram e com elas mais um recuo de Inocêncio.
Embora a decisão não seja ainda oficial, sua secretária no Recife está ligando para todos os prefeitos para comunicar que refletiu melhor e será, mais uma vez, candidato. Inocêncio tem todo o direito de rever estratégias, mas a esta altura provoca uma grande cisão em sua base.
Sebastião, o mais prejudicado, já liberou todos os prefeitos comprometidos com a sua reeleição para Assembleia. Rogério Leão, presidente do Porto, escolhido para herdar o espólio eleitoral de Sebastião, já está em campanha há 90 dias. E também, a esta altura, não tem como sair de cena em apoio a Sebastião e este, disputando com Inocêncio, teria enormes dificuldades para se eleger, ao contrário do que prega o cacique sertanejo.
O recuo de Inocêncio, portanto, implode o PR. E pode trazer consequências danosas ao próprio líder republicano, como uma reação de confronto tanto da parte do sobrinho quanto de Rogério, que traçariam seus próprios caminhos. Aos aliados, Inocêncio garante que tem bases suficientes para se eleger e puxar Sebastião, mas, mesmo que este cenário seja real, o ambiente no PR fica deteriorado.
O INCENTIVADOR – De Lisboa, onde se encontra em missão oficial, o deputado Alberto Feitosa confirmou, ontem, o desejo de Inocêncio de tentar o 10º mandato federal. “Não vejo nenhuma razão para Inocêncio ficar da política num momento tão importante, quando Pernambuco pode ter Eduardo presidente”, afirmou. O que Inocêncio alega é que 70% dos prefeitos aliados não quiseram apoiar Sebastião.
Quorum assegurado – A segunda dosagem do FEM (Fundo Estadual dos Municípios), que será confirmada na próxima segunda-feira, em congresso da Amupe, está orçada em torno de R$ 250 milhões. Há risco de algum prefeito faltar, mesmo não estando apoiando Paulo Câmara (PSB) a governador?
O reencontro – No seminário da Amupe, o governador Eduardo Campos e o senador Armando Monteiro Neto poderão ter o primeiro cara a cara após o rompimento. Pelo cerimonial, ambos estarão presentes na abertura do evento, mas na parte principal – o anúncio de R$ 250 milhões do FEM, previsto para a tarde – certamente Armando já estará em Brasília.
Sucessão tucana - A sucessão no PSDB pós-morte do ex-deputado Sérgio Guerra se define, finalmente, na próxima segunda-feira em reunião marcada para meio dia na sede do partido. Acertado com o comando nacional, o novo presidente será o deputado federal Bruno Araújo, já no exercício na função na condição de primeiro-vice-presidente.
João em campanha - Embora o PT não tenha formalizado ainda a aliança com o PTB, o deputado João Paulo, cotado para disputar o Senado na chapa de Armando Monteiro Neto a governador, estará hoje na Zona da Mata acompanhando o roteiro do trabalhista. A formalização da aliança PTB-PT está marcada para a próxima sexta-feira.
CURTAS
NO PAJEÚ – O governador Eduardo Campos confirmou no roteiro da Agenda 40 o Sertão do Pajeú para a próxima semana. Na sexta, 21, visita os municípios de São José do Egito, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada. De Serra, segue para Salgueiro, já no Sertão Central.
CONCURSO –A prefeita de Arcoverde, Madalena Brito (PTB), acatou, ontem, recomendação do Tribunal de Contas do Estado e cancelou concurso público que faria para contratar novos servidores. A seleção, com 411 vagas, se destinava a candidatos com nível médio, técnico e superior.
Perguntar não ofende: Quando o PP vai seguir o exemplo de João Paulo e já se integrar à comitiva de Armando?