De forma descontraída e com um sorriso estampado no rosto em grande parte da entrevista exibida na noite dessa quinta-feira (29), no programa do Ratinho da SBT, o quase presidenciável governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) falou durante 27 minutos e pontuou vários assuntos nacionais. A inflação, o atraso da Transnordestina, a construção de campos de futebol, as eleições de 2014 e o governo Dilma (PT) foram alguns temas abordados pelo socialista.
No início da sabatina, a primeira pergunta respondida pelo presidente nacional do PSB foi à especulação de sua candidatura. Com a frase bem usada em vários locais públicos por onde passa, ele repetiu o discurso. “Não tomamos essa decisão ainda. Essa decisão vamos tomar em 2014, porque nesse momento que estamos vivendo temos que cuidar do Brasil”, disse.
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Campos opinou sobre as manifestações ocorridas em várias cidades brasileiras e avaliou de forma positiva. “Eu acho que as manifestações são boas para o Brasil. Se as pessoas vão para a rua é porque querem um Brasil melhor, precisam melhorar a saúde, já tivemos impeachment (...). Eu acho que a gente tem que buscar essa energia boa, que está nas ruas”, afirmou.
O governador também aproveitou o espaço público para pincelar suas ações em Pernambuco e expor seu ponto de vista sobre vários temas como o investimento para a construção de estádios para a Copa do Mundo. “O caminho para se aceitar nas escolhas é o político ter humildade e saber que quem tem que escolher é o povo. Nós ganhamos ano passado um prêmio da ONU, por nosso modelo de gestão. Vamos nas comunidades ouvir o povo”, contou.
Também não faltaram discretas frases mostrando seu possível intuito de governar a nação. “O Brasil cada vez mais, quer quem sabe construir as coisas de baixo para cima, focado nas prioridades”, soltou, respondendo em seguida uma indagação sobre as altas taxas de impostos do País. “O absurdo maior é que quem paga mais impostos são aqueles que ganham menos. Aquela que paga a energia, que faz a feira, não sabe os tributos que tem ali dentro. Nós precisamos de uma reforma tributária no Pais (... ), porque a gente tem aquela mania de fazer a reforma para amanhã (... ). Na hora que a gente começar a fazer uma reforma que começa daqui a oito anos, essa turma que atrapalha não iria atrapalhar”, disparou.
Questionado pelo apresentador Ratinho sobre o atraso da Transnordestina ele colocou a culpa nas construtoras. “Parou porque algumas empresas abandonaram os contratos. Elas queriam reajustes que o Tribunal de Contas não aceitou. Ela é uma obra muito importante. Mas estamos fazendo outras ações. Há caminhões transportando água a 180km para levar para vilarejos. Estamos fazendo várias obras para que nas próximas secas não se sofram tanto com estiagens no Nordeste”, justificou.
Pré-candidatos - Sobre os futuros postulantes no próximo ano, Eduardo Campos acredita que nenhum nome é descartado neste momento. “É difícil dizer agora quem tá fora. Acho que todos podem estar dentro. A eleição não está definida, o quadro de partidos ainda não está definido. Esse movimento que aconteceu no Brasil vai ter influencia em 2014. Quero dizer que a eleição em 14 está totalmente aberta. Pode ter alguém neste momento que esteja na condição de favorito, mas o que quero dizer é que essas eleição vai ser diferente da de 2010”, relatou.
Segurança pública – Durante o bate papo o administrador estadual foi questionado sobre a segurança pública no Brasil e se teria chance desse problema ser solucionado. Expondo sua opinião, ele aproveitou o espaço para criticar os poucos recursos enviados aos estados. “Eu não recebo um real para cuidar de Pernambuco. Dá para fazer (resolver) e mandar recursos para os estados. Gastamos com oito mil novos policiais, colocamos câmeras, fizemos um trabalho de enfrentamento do crack”, descreveu afirmando em seguida ser a favor da privatização de presídios, contra a redução penal e alfinetou a situação dos presídios. “hoje a estrutura carcerária do Brasil não permite a recuperação de ninguém. Hoje virou a faculdade do crime”, cravou.
Articulações no meio empresarial – O diálogo e a ampliação do governador no meio empresarial nos últimos meses, participando e inclusive, palestrando em alguns eventos importantes, também foram abordados pelo gestor. Não diferente do que se especula no meio político, ele frisou abertamente que é para se tornar mais conhecido. “Eles (os empresários) na verdade querem me conhecer, o Nordeste conhece, mas o Brasil não. Há uma curiosidade: quem é esse governador que se elegeu com maior votação? O que representa? Acho que é um o governo que se realizou, porque se não tiver um plano de governo, e gente para fazer, só conversa não dá”, argumentou.
Opiniões – Eduardo Campos fez um breve ping-pong no decorrer da conversa. Disse ser torcedor do Náutico Capibaribe, escolheu Alceu Valença como cantor e macarronada como prato preferido. Sobre quem seria seu ídolo respondeu: ‘Deus’ e afirmou ter admiração profunda por seus pais. Questionado de seus defeitos, desconversou e não descreveu nenhum, resumindo falar ter muitos. “Tenho muitos, mas Deus nos fez com qualidades e defeitos” e depois defendeu como medida provisória a vinda dos médicos cubanos. “Eu sou a favor de fazer universidades para os meninos aprenderem. Essa é a transformação (...). Então, eu acho que como paliativo tem que se chamar de onde vier. Muitas vidas se perdem porque se deixam de fazer procedimentos médicos”, opinou. Ele também afirmou ter medo da inflação. “Eu sei que ela mata o futuro do Brasil e ofende a renda dos mais pobres. Temos que ter todo o cuidado porque a inflação é um germe perigoso”.
Dilma e Lula – Sem arrodeios, o socialista disse ter votado na petista nas últimas eleições e falou que faltava mais traquejo político. “Eu votei na Dilma porque foi um apelo que o Lula fez. Na época, queríamos lançar o Ciro, mas votamos na Dilma. Tenho o maior respeito, mas acho que a falta de traquejo político (...). Precisa de ter humildade, comando, equipe , diálogo e capacidade de ouvir”, enumerou descrevendo posteriormente pontos positivos, indagados pelo Ratinho. “As políticas sociais que aprofundou que já viam, merecem aplausos como o Minha Casa, Minha vida. Mas nos últimos oito dez meses vimos enfrentando uma crise de expectativas, as pessoas ficaram meio assombradas com o futuro e isso tudo esta atrapalhando o Brasil de que amanhã vai ser melhor, e isso só se faz como o diálogo“, ratificou.
Outras ações do governo Dilma abordado por Campos foi à questão dos programas sociais e a educação. “Eu acho que o Brasil esta chegando numa hora que vai ter que evoluir para uma política social 2.0. Nós temos tanta exclusão e a gente não pode condenar que uma mãe de família receba uma ajuda para comprar um pacote de leite. Agora, a gente não pode aceitar que isso vá resolver o problema. O que vai resolver é uma aposta na educação desde a creche à universidade. É a gente estruturar as políticas públicas”, analisou.
Já sobre o ex-presidente Lula, o socialista relatou uma boa intimidade. “Tenho com ele uma relação muito especial. Conheci em 1979 e o Lula foi lá quando meu avô voltou do exílio. Fiz a campanha dele em 89 e desde quando começou. Eu fui o mais jovem ministro do governo, tenho com ele uma relação de grande respeito e de grande admiração (...). Eu acho que na vida a gente pode ter uma igreja e nosso amigo ter outra”, comparou com as ideologias políticas.
Copa do Mundo e Eleições – As últimas perguntas respondidas pelo chefe do executivo estadual foram sobre o tempo de conciliar os jogos mundiais no próximo ano e as eleições. “Eu acho que vai dar tempo. Eu sou contra desta tentativa de diminuir o tempo da campanha, isso não pode acontecer, isso é um golpe. Tem que ter um tempo de conhecer cada um, de haver um debate e agente ver o Brasil melhorar”, defendeu.
Indagado sobre sua principal ação em Pernambuco, frisou a unidade. “Unir o Estado, dialogar. Hoje a nossa terra não tem saudades do passado, tem saudades do futuro e me sinto muito feliz em poder andar o Estado como eu ando”, contou.
No finalzinho da sabatina, o apresentador deixou o socialista a vontade para fazer as considerações finais. Os minutinhos foram aproveitados para fazer uma breve apresentação própria. “Vocês sabem, eu venho lá do Nordeste brasileiro, de gente brasileira guerreira. Nós nos últimos anos fizemos democracia, estabilidade econômica, ganhou respeito na comunidade internacional (...). Mas a mola do Brasil é sua gente, então, não desista do País”, finalizou o possível presidenciável se colocando a disposição para voltar ao programa: “Em 14 volto aqui para falar disso (eleições)"!!!