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Embora a prioridade do governo seja reformar a Previdência, Jair Bolsonaro tem dito que também pretende "aprofundar" a reforma trabalhista. Mas, ao contrário das mudanças nas regras de aposentadoria, que já são alvo de forte resistência dos parlamentares, alterações na CLT devem encontrar um caminho mais livre: a bancada sindical na próxima legislatura - que se inicia em fevereiro - será a menor dos últimos 30 anos.

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a partir do próximo mês a Câmara terá apenas 35 parlamentares com origem ou ainda ligados a sindicatos.

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A quantidade é bem inferior a da atual legislatura, que contava com 51 deputados nesse campo de atuação. Entre 2010 e 2014 havia pelo menos 83 deputados federais vinculados ao sindicalismo. No Senado, a bancada ligada às pautas sindicais caiu de nove para cinco parlamentares.

Já a bancada patronal - que considera os empresários que se elegeram para o Congresso no ano passado - também diminuiu, mas em proporção muito menor. De 250 parlamentares para 234, sendo 196 na Câmara e 38 no Senado.

Ou seja, para cada deputado sindicalista haverá mais de cinco deputados empresários. No Senado, essa proporção é de pelo menos um para sete. Além disso, na avaliação do Diap, as bancadas que cresceram nessa legislatura - militares, evangélicos e ruralistas - não têm dificuldades em votar a favor da agenda patronal.

"A agenda no Congresso continuará voltada para o interesse dos empresários, com um espaço cada vez mais estreito para a discussão pelos trabalhadores. A primeira reforma trabalhista reduziu os recursos dos sindicatos, sem um período de transição para se buscar alternativas financeiras. Isso se refletiu em uma menor capacidade de eleger representantes", avalia o analista político do Diap, Marcos Verlaine.

Moderação

Segundo ele, como o próprio presidente Bolsonaro já deixou claro que não deve abrir grandes canais de entendimento com as centrais sindicais, o trabalho da bancada que representa essas entidades deverá ser o de criar espaços para que o debate não fique interditado.

"Só pode bater de frente quem tem força equivalente. A bancada sindical não terá condições de enfrentar a bancada dos patrões. A moderação é o melhor caminho. É importante negociar, porque qualquer vitória já será importante no atual contexto."

Para tocar tanto a reforma da Previdência como o aprofundamento da reforma trabalhista, Bolsonaro escalou o relator desta última na Câmara, o ex-deputado Rogério Marinho, que não se reelegeu em 2018.

Durante a campanha, o presidente prometeu a criação de uma nova carteira de trabalho com outras cores na capa (a carteira verde-amarela), que seria voluntária para os jovens e teria menos direitos que os garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A Constituição Federal já assegura no artigo 7.º uma série de direitos (mais de 30), como a aposentadoria, repouso semanal remunerado, 13.º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e seguro-desemprego. Mas o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em seu primeiro discurso à frente da pasta que o novo governo "vai inovar e abandonar a legislação fascista da CLT".

Para o professor de Direito do Trabalho do Insper, Fernando Peluso, a vantagem numérica no Parlamento aponta para um cenário favorável a novas mudanças na legislação trabalhista, mas não significa que o governo "passará por cima" da oposição.

"A proposta terá de obedecer o mesmo trâmite usual do Congresso, e qualquer tentativa de reforma trabalhista gera comoção social e barulho no mercado. Como se trata de um assunto que envolve questões políticas muito fortes, a aprovação pode não ser tão fácil como parece", avalia o professor.

Além disso, aponta Peluso, a depender do desempenho do governo nas tratativas da reforma da Previdência, as mudanças na legislação trabalhista podem até mesmo ser adiadas por um tempo. "Se houver um desgaste político muito grande pela aprovação da Previdência, o governo pode optar por segurar as mudanças trabalhistas até recompor esse cenário que hoje parece muito favorável." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O especial "Trabalhador" escancara os malefícios das "diferentes dores" dos trabalhadores brasileiros a partir da herança escravocrata no Brasil. Foto: Paulo Uchôa/LeiaJáImagens

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Pelo segundo ano consecutivo, o LeiaJá é finalista no Prêmio MPT de Jornalismo, promovido pelo Ministério Público do Trabalho. Nesta segunda-feira (7), o órgão anunciou os 27 trabalhos finalistas da edição 2018. O portal concorre nacionalmente na categoria "webjornalismo", representando o Nordeste, com o especial "Trabalhador - Herança escravista, pobreza e irregularidades.

Os grandes vencedores serão revelados durante a cerimônia de premiação que ocorrerá no dia 6 de fevereiro de 2019, na sede do Ministério Público do Trabalho, em Brasília.

A série de reportagens publicada pelo LeiaJá escancara os malefícios das "diferentes dores" dos trabalhadores brasileiros a partir da herança escravocrata no Brasil. Mostramos como pobreza e desigualdade social estão fortemente atreladas às condições de trabalho de muitos brasileiros; em busca do sustento familiar, pessoas pobres são submetidas a atividades informais que exigem extrema força corporal.

Os autores das reportagens são Nathan Santos, Marília Parente e Eduarda Esteves. Os vídeos e fotografias foram produzidos por Chico Peixoto, Paulo Uchôa e Rafael Bandeira. A pós-produção e arte são de Raphael Sagatio, enquanto que a montagem e edição dos vídeos são de Danilo Campello. A coordenação de web é de Thiago Azurém.

“Num contexto da progressiva perda dos direitos dos trabalhadores, o núcleo de especiais do LeiaJá insiste em fazer jornalismo, profissão que se solidificou num contexto revolucionário em que o principal mote era ‘liberdade, igualdade e fraternidade’. Publicizar a dor inerente à história do trabalho e dos trabalhadores no Brasil é escancarar a hipocrisia dos discursos conservadores, que seguem legitimando o açoite nas costas que carregam o país. Que jornalismo em sua essência lhes traga alteridade, empatia e humanidade em tempos de tanta cegueira, escuridão e desprezo pelos direitos humanos", ressaltou a repórter Marília Parente.

Com as feridas escravistas abertas no país, surgiram diferentes tipos de "dores" que, até então, assolam o trabalhador que luta para sobreviver e alimentar as esperanças de um futuro mais brando. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

De acordo com o MPT, nesta edição, 395 reportagens de profissionais da imprensa de todo o país foram inscritas no principal concurso dedicado à valorização de peças jornalísticas que abordam irregularidades contra os trabalhadores brasileiros. Entre elas, 27 venceram a fase regional, sendo classificadas para a etapa nacional.

O Prêmio MPT de Jornalismo reconhece reportagens nas seguintes categorias: jornal e revista impressa, radiojornalismo, telejornalismo, webjornalismo, fotojornalismo e universitário. Com o propósito de informar a sociedade sobre a importância da proteção e da defesa dos direitos do trabalhador, as reportagens classificadas envolvem temas como trabalho infantil, discriminação de gênero, cor e pessoas com deficiência, condições inadequadas e precárias de trabalho, entre outros.

Conheça todos os finalistas:

Fotojornalismo

Nordeste - Alpinista do lixo 

Sudeste - Carteira de sangue 

Centro-Oeste - Os últimos dias do lixão sem fim 

Norte - Longe de Casa 

 Sul Consumidos pela escravidão

Jornal Impresso e Revista Impressa

Sul - Cicatrizes do Bahamas

Centro-Oeste - O desrespeito como obstáculo

Nordeste - Entre a terra e o mar

Sudeste - Vidas transformadas

Radiojornalismo

Sudeste - Vidas transformadasCentro-Oeste Agrotóxicos: a dor silenciosa das comunidades rurais

Norte - REESCREVENDO A HISTÓRIA LONGE DAS RUAS

Sul - Do abrigo à universidade: iniciativa do MPT permite ingresso de jovens carentes em cursos superiores

Sudeste - Correntes Invisíveis

Nordeste - Trans: o difícil caminho para a educação e o mercado de trabalho

Telejornalismo

Nordeste - CASAS DE FARINHA : o fim da tradição, o início da escravidão!

Sudeste - Infância Comprometida 

Sul - Oito de março: uma reflexão sobre assédio sexual 

Centro-Oeste - CATADORES DE SONHOS

Universitário

 Centro-Oeste - Amendoim fora de época Universitário

Nordeste - A relação dos ambientes de Call Center com o adoecimento no trabalho

Sul - Cinco anos da PEC que garantiu direitos aos domésticos 

Sudeste - Na Casa dos Outros – Histórias Vividas por Trabalhadoras Domésticas

Webjornalismo

Centro-Oeste - Aviação agrícola: perigo no céu e na terra 

Nordeste - Trabalhador – Herança escravista, pobreza e irregularidades

Norte - Se achasse negócio melhor, trocaria’, diz carregador que trabalha na zona portuária de Manaus e tem aposentadoria incerta

Sudeste - 100 anos de servidão

Sul - QUEFAZER . uma história sobre a labuta dos imigrantes

O presidente Jair Bolsonaro sinalizou em entrevista exibida nesta noite de quinta-feira, 3, pelo SBT que pode vir a discutir o fim da Justiça do Trabalho. Ele disse também que quer aprofundar a reforma da legislação trabalhista.

Na primeira entrevista após a posse, Bolsonaro usou exemplos do exterior e disse que os processos trabalhistas têm de tramitar na Justiça comum. Para o presidente, há um "excesso de proteção" aos trabalhadores.

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Questionado sobre a possibilidade de o governo dele encapar o fim da Justiça do Trabalho, Bolsonaro respondeu: "Poderia fazer, está sendo estudado. Em havendo clima, poderíamos discutir e até fazer uma proposta".

O presidente repetiu também que a ideia dele é aprofundar a reforma trabalhista, "sem tirar direito de ninguém". "Empregado ganha pouco, mas a mão de obra é cara. É pouco pra quem recebe e muito pra quem paga, tem que mudar isso aí", comentou.

Bolsonaro repetiu e adaptou ainda uma das frases mais usadas por ele na campanha. "Eu dizia que é difícil ser patrão no Brasil. Mais difícil é estar desempregado no Brasil", brincou.

Um ano após a vigência da reforma trabalhista, o líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT), afirmou que as mudanças na legislação “foram um fiasco” e geraram “estagnação do emprego formal, precarizaram as relações de trabalho e lançaram os brasileiros na informalidade”. Na ótica do senador, a reforma também produziu uma queda no volume de ações trabalhistas, por medo dos trabalhadores de serem responsabilizados por reclamações que eventualmente levem à Justiça.

“De nada serviu essa reforma de Temer a não ser a aprofundar as condições precárias de trabalho e o abismo entre ricos e pobres. E todo esse contexto de terror deve aumentar com a assunção de Bolsonaro, cujo compromisso de governo é com os empresários e não com os trabalhadores”, afirmou, nesta quarta-feira (14).

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Humberto Costa também lembrou que os ministros do governo Temer diziam que as medidas da reforma gerariam até 6 milhões de novos postos de trabalho, mas as estatísticas “desmentiram completamente essa previsão”. O petista apontou que entre novembro de 2017 e setembro deste ano, foram criadas apenas 372,7 mil vagas formais, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). E, de acordo com o IBGE, o índice de desemprego era 12% naquele mês do ano passado para 11,9% em setembro deste ano.  

“E o cenário para os próximos anos se mostra sombrio, principalmente porque o presidente eleito defende claramente a retirada de mais direitos. Ele diz que o trabalhador precisa optar entre ter direitos ou ter emprego. Essa é uma equação absolutamente equivocada. No mundo inteiro, as duas coisas caminham concretamente juntas”, observou. 

“E não adianta atribuir ao PT uma suposta herança maldita para justificar os fracassos que estão por vir. Há dois anos, o país é governado por Michel Temer. Se há uma herança maldita, ela é de Temer”, completou Humberto Costa.

A reforma trabalhista completa um ano neste domingo (11). A legislação alterou mais de 100 pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e institui novas forma de contratação, como a modalidade de trabalho intermitente e a formalização do teletrabalho.

Outras mudanças foram a demissão por meio de acordo entre empregado e patrão, formalização do teletrabalho, divisão das férias em três períodos e o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical.

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Geração de empregos

Na época em que entrou em vigor, a expectativa do governo era que a reforma contribuísse para a geração de vagas de emprego e a redução da informalidade.

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, desde que a lei passou a vigorar, foram criados mais de 372,7 mil postos de empregos formais em todo país. No mesmo período, foram registradas 47.139 contratos de trabalho intermitente, quando a remuneração é pelas horas trabalhadas. 

Para o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Paulo Joarês Vieira, o resultado ficou aquém do esperado. Para ele, a redução do desemprego não se deu pelo ganho de vagas formais, mas pelo ingresso de pessoas no mercado de trabalho informal.

“No setor privado, apenas desconsiderando o setor público e o setor doméstico, o IBGE aponta a perda de 300 mil vagas formais neste período de um ano. Então, o impacto nesse aspecto foi negativo, do nosso ponto de vista”, avalia o procurador, que é coordenador nacional de combate às Fraudes nas Relações de Trabalho do MPT.

Ministério do Trabalho

Na avaliação do Ministério do Trabalho, trabalhadores e empregadores ainda estão se adaptando às novas normas. “Acreditamos que a implantação da Lei 13.467 ainda está em curso, e, talvez, demande mais algum tempo para se consolidar em nosso mercado. No entanto, vemos que a cultura das relações de trabalho está mudando e isso é bom. É um processo gradual”, disse o secretário-executivo substituto da pasta, Admilson Moreira dos Santos, em nota publicada no site do ministério.

Vieira lembra que algumas das novidades trazidas pela reforma, como o trabalho intermitente, em que o empregador chama o trabalhador de acordo quando necessário, também acabaram não gerando um volume de contratações como imaginado. 

“O trabalho intermitente atingiu em torno de 30 mil contratações, o que em comparação com o volume do mercado de trabalho é um número pequeno. Mas, são 30 mil contratos precários em que o trabalhador não tem garantia nem de renda, nem de uma jornada de trabalho”, comenta. 

Ações na Justiça 

Considerando as ações trabalhistas na Justiça, os efeitos da reforma foram mais significativos. Balanço do Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostra que em novembro de 2017, quando a lei entrou em vigor, as Varas do Trabalho receberam mais 26,2 mil processos, volume considerado pico naquele ano. 

A partir de dezembro de 2017, no entanto, o número de casos novos a cada mês caiu, sendo menor em comparação a todos os meses do ano anterior. De janeiro a setembro de 2017, o número de reclamações trabalhistas alcançou a soma de 2.013.241. De janeiro a setembro deste ano, foram recebidas 1.287.208 ações, o que representa volume menor de aproximadamente 40%. 

O estoque de processos pendentes de julgamento também caiu. Em dezembro de 2017, havia 2,4 milhões de processos a espera de decisão das primeiras ou segundas instâncias da Justiça do Trabalho. Em agosto deste ano, o resíduo de processos não julgados era de 1,9 milhão, volume cerca de 20% menor do que o registrado quando a reforma começou a vigorar. 

“Até o momento, o principal impacto é a redução do número de reclamações trabalhistas, o que pode ser comprovado pelos dados estatísticos. Paralelamente, houve um aumento de produtividade”, disse o presidente do TST e do Conselho Superior do Trabalho (CSJT), ministro Brito Pereira.

O procurador Paulo Vieira pondera, contudo, que a redução no número de ações trabalhistas pode estar relacionada a obstáculos de acesso à Justiça que surgiram com a reforma, que determinou, por exemplo, o pagamento das custas judiciais pela parte que perde a ação.

“Aconteceu a redução dos processos, mas, do nosso ponto de vista, não é um número positivo, porque não representa um progresso da sociedade, mas sim um retrocesso de desrespeitar o direito constitucional de que todos tenham acesso à Justiça e todos possam buscar a reparação dos seus direitos quando lesados”, disse. 

Contestações

A reforma não é um consenso e provocou questionamentos judiciais. De acordo com o TST, há 19 ações de inconstitucionalidade contra a reforma em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), ajuizados pela Procuradoria-Geral da República, entidades que representam trabalhadores e empregadores de vários setores da economia.

Entre os pontos mais questionados está o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. A questão já foi julgada pelo Supremo, que declarou em junho deste ano a constitucionalidade do artigo. 

Outro ponto que deve ser julgado é o que prevê que a parte vencida no processo deve pagar os honorários de advogados e peritos, mesmo que a parte seja beneficiária da justiça gratuita.

O trabalho intermitente, atualização dos depósitos recursais, a fixação por tabela de valores de indenização por dano moral e a realização de atividades insalubres por gestantes e lactantes também são objeto de ações a serem julgadas pelo Supremo.

Trabalhadores e empregadores

A visão de trabalhadores e empregadores sobre o primeiro ano da reforma trabalhista também são diversas.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a nova lei representa uma revolução e prestigia o diálogo entre o empregado e o empregador para que definam de forma autônoma e de comum acordo as condições e rotinas de trabalho.

A confederação defende que a reforma oficializa a adoção de “arranjos aparentemente corriqueiros” dentro do mercado, como o home office e jornadas mais flexíveis. Segundo a CNI, pesquisa aponta que oito em cada dez brasileiros desejam trabalhar em casa ou em locais alternativos à empresa. 

Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) avalia que a reforma trabalhista precarizou as condições de trabalho. Em nota divulgada em seu site, a entidade critica que a maioria dos postos de trabalho, criada no último ano, foi sem carteira assinada, com menos direitos e salários mais baixos.

A central destaca que houve aumento no número de demissões por acordos feitos fora dos sindicatos e se queixa de desrespeito dos patrões às cláusulas sociais das convenções coletivas de trabalho e da dificuldade de acesso à Justiça do Trabalho.

* Com informações de Débora Brito

De cada dez pequenos e médios empresários, quatro acreditam que a reforma trabalhista facilitou o processo de contratação e demissão de trabalhadores. É o que aponta o levantamento realizado pelo Centro de Estudos de Negócios do Insper em parceria com o Banco Santander.

De acordo com a pesquisa, para 38,94% dos empresários a reforma trouxe um impacto positivo ou muito positivo nas contratações e demissões. Já 49,39% dos entrevistados afirmam que não houve qualquer tipo de influência com a reforma, enquanto 11,67% acham que o impacto foi negativo ou muito negativo.

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Na análise por setores, a influência mais positiva da reforma trabalhista foi observada no comércio (41%). Em seguida, estão indústria (40%) e serviços (36%).

A reforma trabalhista, em vigor desde novembro de 2017, alterou diversos pontos da legislação trabalhista. Uma das mudanças é a possibilidade de demissão por comum acordo e a contratação de trabalho esporádico ou intermitente.

O Insper e o Banco Santander realizaram o levantamento por meio de entrevistas telefônicas com 1.320 pequenos e médios empresários de todo o Brasil.

A 12 dias das eleições, o embate polarizado entre os candidatos a governador Armando Monteiro (PTB) e Paulo Câmara (PSB) tem crescido. Nesta terça-feira (25), durante o debate feito pela TV Jornal, Paulo provocou o petebista por ele ter votado a favor da reforma trabalhista, questionando-o se ele era a favor do fim dos 30 dias de férias, do trabalhador não receber um salário mínimo e de que as grávidas trabalhassem em locais insalubres. O senador, por sua vez, disparou contra o pessebista chamando-o de “camaleão” e “exterminador de empregos”. 

“Paulo não sustenta as posições dele. Tenho um texto que ele defende a necessidade da reforma trabalhista e tem ao seu lado um candidato ao Senado que votou pela reforma trabalhista. [...] Você é um exterminador de empregos pelo grande número de obras paradas em Pernambuco, muitas por incompetência. Ele não foi capaz de destravar e vencer a burocracia. Incompetência, inépcia e falta de iniciativa do Governo do Estado”, respondeu Armando, com um tom incisivo. Na ótica de Armando, Paulo “não ajudou o emprego em Pernambuco”.  

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Em réplica, Paulo negou o fato de ter defendido a reforma trabalhista e disse que Pernambuco é o “quarto Estado mais eficiente do Brasil”. “Fizemos mais com menos”, resumiu o governador. E acrescentou: “Fomos contra a reforma trabalhista porque entendemos que os direitos dos trabalhadores não poderiam ser retirados. Sou contra a pessoa trabalhar em locais insalubres, sou contra que o trabalhador não ganhe ao menos um salário mínimo e a redução dos 30 dias de férias”. 

Mostrando um texto do site do Palácio do Planalto em que Paulo defendia a reforma, Armando disse que o governador tinha um discurso de ocasião. “Na realidade ele defendeu sim e há registros. Inclusive faz referência direta a redução de custos de contratação”, ponderou. “Ele vai mudando ao sabor das circunstâncias, vota com Aécio e agora se abraça com Lula. Foi a favor do impeachment de Dilma e agora se diz arrependido. Paulo é verdadeiramente um camaleão”, completou, alfinetando.

Ainda no primeiro bloco do debate, que acontece na manhã de hoje, os candidatos também perguntaram entre si sobre saúde, gestão fiscal e saneamento. Em todos os aspectos, Paulo Câmara foi criticado. 

O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, chamou a reforma trabalhista de "selvagem" durante uma caminhada em uma rua de comércio popular no centro de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Em agenda de campanha, Ciro andou no calçadão Dom Pedro II acompanhado do ex-prefeito da cidade e candidato a deputado federal pelo mesmo partido Sebastião Almeida.

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Durante seu discurso sobre a reforma trabalhista em vigor desde 2017, o presidenciável disse que se eleito pretende revogá-la. "Nós vamos revogar e substituir por outra que consulte o diálogo que eu quero promover entre os trabalhadores, os empresários e a legislação internacional comparada", afirmou.

Para Ciro, a reforma levou quase 1 milhão de trabalhadores assalariados para o mercado informal. "Essa reforma trabalhista é selvagem. Ela produziu quase 1 milhão de pessoas para a informalidade no Brasil. Portanto, o que nós queremos é substituir essa selvageria por uma coisa digna que proteja a força mais fraca que é a força do trabalho. Ainda mais com 13 milhões e 700 mil pessoas desempregadas e 33 milhões empurradas para viver de bico", declarou.

O candidato prometeu ainda que um dos focos da sua gestão será tratar o saneamento básico como questão de saúde pública, retomando as obras paradas no setor a fim de evitar a transmissão de doenças.

A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse, em entrevista ao programa Central das Eleições, da GloboNews, que não vai revogar a reforma trabalhista, mas vai corrigir "pontos draconianos" da legislação.

Entre eles, Marina citou a exposição de grávidas e lactantes a ambientes insalubres em caso de ausência de laudo médico e o ponto que diz que os custos de uma ação trabalhista serão pagos por quem perder o processo, o que, segundo ela, tem desestimulado os trabalhadores a entrarem na Justiça contra as empresas.

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A pré-candidata criticou a reforma aprovada pelo governo Michel Temer porque, segundo ela, foi feita às pressas e sem discussão e, no fim, criou insegurança jurídica. Marina disse que manteria o fim do imposto sindical, mas que é preciso definir como os sindicatos vão existir e com que forma de contribuição.

Sobre a reforma da Previdência, a ex-ministra do Meio Ambiente evitou expor suas opiniões. Ela foi instada a falar sobre a idade mínima, mas disse apenas que propõe o debate sobre o assunto. "A minha opinião é de que devemos fazer o debate. Em relação à idade dos homens e mulheres, quero debater com os especialistas." Ela completou que os privilégios da aposentadoria dos militares têm de ser encarados.

Alianças

Sobre a aliança entre Rede e Podemos no Rio, beneficiando o pré-candidato ao Governo do Estado Romário (Podemos), Marina sugeriu ter ficado pouco satisfeita. "No Rio de Janeiro, eu queria manter a candidatura do Miro (Teixeira, deputado federal), mas ele resolveu que iria fazer aliança com o Romário. Meu palanque vai ser do Miro. Não estou em aliança com o Romário, o palanque dele é do Álvaro Dias (pré-candidato à Presidência do Podemos)", disse, negando ter um comportamento incoerente em relação as alianças.

Segundo ela, o posicionamento da Rede é de autonomia dos Estados. "Diziam que a Rede seria o partido da Marina. Não sou dona da Rede. Dou a minha opinião, se sou ouvida, ótimo, mas entendo o partido como um movimento."

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 9467/18, do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que revoga o trabalho intermitente, incorporado à legislação pela reforma trabalhista (Lei 13.467/17) em 2017.

Segundo Molon, o trabalho intermitente afronta o princípio da dignidade humana por não garantir o salário mínimo mensal para o empregado. “Ele frustra a garantia do pleno emprego, pois haverá contrato de trabalho sem trabalho e sem salário na inatividade, por interesse do empregador”, diz o deputado.

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O trabalho intermitente é aquele que pode ser realizado durante alguns dias e até horas dentro de um mês, sendo remunerado proporcionalmente.

De acordo com Molon, a reforma trabalhista não conseguiu gerar novos empregos. “O que se tem visto é desanimador: demissões em massa; ofertas de vagas de trabalho em condições cada vez mais precárias; trabalhadores sendo condenados ao pagamento de honorários”, afirma. Ele ressalta que vários “absurdos” são justificados pela nova legislação.

Teletrabalho

O texto obriga os empregados em regime de teletrabalho a seguir uma jornada de trabalho definida, a não ser quando esse controle não for possível. Teletrabalho é definido como a prestação de serviços frequentemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação.

Atualmente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-Lei 5.452/43) exclui os empregados em teletrabalho do capítulo sobre duração do trabalho.

Para Molon, essa exclusão é injusta porque o trabalhador pode comprovar que sofria controle de frequência através de sistemas de informática como monitoramento de jornada através de sistema de câmera, por exemplo.

Dano extrapatrimonial 

A proposta permite a aplicação das regras do direito comum para os casos de reparação de dano extrapatrimonial, criado pela reforma trabalhista para disciplinar ações de danos morais, existenciais e outros requeridos em processos trabalhistas.

Atualmente, a reparação desse tipo de dano é restrita ao estabelecido na CLT. Esse entendimento, para Molon, ignora a responsabilidade objetiva do empregador, prevista no Código Civil (Lei 10.406/02).

Seria o caso de um posto de gasolina que, ao explodir, fere clientes e empregados do local. A indenização para o cliente seria mais simples de se conseguir que a do empregado, que precisaria provar dano, nexo causal e culpa do empregador. “A diferença de tratamento causa uma injustiça social incompatível com o ordenamento jurídico”, diz Molon.

Arbitragem

O texto exclui a arbitragem como forma de solucionar conflitos em acordos individualizados de livre negociação para empregados com instrução de nível superior e salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do INSS.

“O instrumento da arbitragem é incompatível com a natureza dos conflitos individuais trabalhistas”, afirma Molon, ao citar a falta de poder do árbitro em fazer cumprir decisões em caso de algum direito não concedido.

Tramitação

A proposta tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

PL-9467/2018

Reportagem – Tiago Miranda

Edição – Pierre Triboli

Da Agência Câmara 

A reforma trabalhista é inconstitucional ao tornar facultativa a contribuição sindical sem ter reduzido as obrigações das entidades que representam o trabalhador. Essa foi a avaliação do ministro Edson Fachin ao relatar o processo que analisa a constitucionalidade do fim do imposto sindical. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) argumentou ainda que se trata de receita pública - já que 10% dos recursos eram direcionados ao governo para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) - que acabou sem previsão de impacto orçamentário, o que também contraria a Constituição.

No voto, Fachin argumentou que a Constituição de 1988 consolidou um tripé que sustenta a organização dos sindicatos no Brasil formado pela unicidade sindical, representação obrigatória e contribuição compulsória. "Entendo que, sem alteração constitucional, a mudança de um dos pilares desestabiliza todo o regime e não pode ocorrer de forma isolada", defendeu o ministro no plenário.

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O ministro relator defendeu que a arquitetura sindical prevista pela Constituição impõe obrigações às entidades, como a representação de todos os trabalhadores sindicalizados ou não. "Sem a existência de uma fonte de custeio obrigatória, inviabiliza a atuação prevista na Constituição Federal", defende, ao citar que a falta de custeio afeta diretamente "a capacidade concreta de funcionamento das entidades".

Além disso, o ministro lembrou que o atual modelo sindical prevê apenas uma entidade de representação por categoria, empresa ou região - a chamada unicidade - o que impede a livre escolha dos empregados. Ou seja, também obriga os empregados a aderir a apenas uma entidade.

Outra linha de argumentação analisou a destinação dos recursos. Além de financiar a atividade sindical, a contribuição que deixou de ser obrigatória também ajuda os cofres públicos. A lei prevê que 10% do total arrecadado tem destinação obrigatória para a "conta especial emprego e salário" - fonte de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

"Constitui, nesse particular, uma receita pública. E, nessa medida, era obrigação constitucional indicar uma estimativa de impacto orçamentário e financeiro", disse Fachin, ao citar que não encontrou nenhuma estimativa na tramitação da reforma trabalhista. "O que configura inconstitucionalidade formal", disse, ao lembrar também que o próprio STF tem outras decisões sobre o tema que usaram como base a compreensão de que a contribuição tem natureza "tributária". Portanto, o que reforça o entendimento de que se trata de receita pública.

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar hoje (28), a partir das 14h, ações protocoladas por diversos sindicatos de trabalhadores contra alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), feitas pela Lei 13.467/2017, a reforma trabalhista.

O primeiro item da pauta de julgamento será uma ação que trata de royalties de petróleo para Santa Catarina. Se o julgamento for concluído, as ações trabalhistas serão analisadas. 

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Entre os pontos contestados estão o fim da contribuição sindical obrigatória e o reconhecimento da prática do trabalho intermitente, modalidade de contratação de mão de obra autorizada pela nova legislação trabalhista.

As federações sindicais alegam que o fim do imposto sindical obrigatório viola a Constituição, pois inviabiliza suas atividades por extinguir repentinamente a fonte de 80% de suas receitas. Para os sindicatos, o imposto somente poderia ser extinto por meio da aprovação de uma lei complementar, e não uma lei ordinária, como foi aprovada a reforma.

No caso do trabalho intermitente, os sindicatos alegaram que a modalidade precariza a relação de emprego e ofende os princípios constitucionais da vedação ao retrocesso social e da dignidade humana.

Pelo trabalho intermitente, o trabalhador autônomo poderá prestar serviços a mais de um contratante, em horários distintos, mesmo que os contratantes atuem no mesmo segmento econômico. Com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, o contrato de trabalho autônomo afasta o vínculo empregatício permanente.  

Entretanto, o período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador e nem será remunerado - hipótese em que restará descaracterizado o contrato de trabalho intermitente caso haja remuneração por tempo à disposição no período de inatividade.

Em parecer enviado ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer a favor das alterações.

Com um leque de pesquisas que vai do emprego ao preço da cesta básica, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sofreu um duro golpe com a perda de recursos dos sindicatos, diz o diretor técnico, Clemente Ganz Lúcio.

A entidade, financiada pelo movimento sindical, deve ter no ano que vem metade do orçamento de 2015 e busca alternativas de financiamento para manter as atividades.

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Leia, a seguir, trechos da entrevista.

O que os sindicatos podem fazer para contornar as perdas?

Não vale chorar pela reforma aprovada. É o que passou no Congresso. Agora, precisamos ver de que maneira a Justiça do Trabalho e o Ministério Público vão agir para combinar opções alternativas de financiamento para os sindicatos. A legislação trabalhista foi rasgada para quebrar o movimento sindical, mas podemos sair vitoriosos disso, de outros modos, chegar a uma decisão (sobre o financiamento) que pode ser mais coerente, com mais autonomia e prestação de contas aos trabalhadores.

Que impacto a perda de recursos sindicais terá no Dieese?

Estamos trabalhando com um cenário de perdas expressivas, em termos de receita sindical. A hipótese é que o orçamento do ano que vem seja a metade do que tivemos em 2015. Na época, o orçamento era R$ 42 milhões. Em 2019, deve ficar em torno de R$ 20 milhões, isso em um cenário otimista.

A falta de recursos pode comprometer o andamento das pesquisas que o Dieese faz?

Tivemos algumas baixas por decisões de parceiros com quem o Dieese trabalha. Acabamos de interromper a pesquisa de emprego e desemprego em Porto Alegre, que era feita desde os anos 90, por iniciativa do governo gaúcho. O Ceará já tinha feito o mesmo. Se caminharmos para um orçamento cortado pela metade, vamos ter de decidir quais pesquisas deixaremos de fazer.

Além das demissões, o que foi feito para equilibrar as contas?

Abrimos uma campanha para receber doações, fizemos uma parceria com uma universidade para ampliar uma pesquisa sobre cesta básica, criamos um comitê de reestruturação para fazer todo um redesenho do nosso financiamento e estamos tentando imaginar alternativas de financiamento para além do movimento sindical. Isso não é simples. Por sermos uma entidade do movimento sindical, é o caso de termos investidores? É o caso de cobrarmos por serviços que hoje são abertos? É uma reengenharia institucional complexa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O "ajuste fiscal" chegou também para os sindicatos. Depois da entrada em vigor da reforma trabalhista, em novembro, que acabou com o imposto sindical, as entidades viram sua arrecadação despencar 88% nos quatro primeiros meses do ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Enxutos, os sindicatos querem contornar o baque se mostrando mais atuantes junto aos trabalhadores e tentam compensar parte da queda de receita com a conquista de novos associados.

As mudanças nas leis trabalhistas drenaram recursos dos sindicatos. Apenas em abril, o volume total arrecadado pelas associações que representam trabalhadores foi de R$ 102,5 milhões - uma queda de 90% em relação ao mesmo mês de 2017.

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Isso porque, com a nova legislação, em vigor há mais de seis meses, a cessão obrigatória do equivalente a um dia de trabalho, que era destinada a sindicatos, centrais e federações que representam as categorias, foi extinta. A contribuição ainda existe, mas agora é voluntária, e a empresa só pode fazer o desconto com uma autorização, por escrito, do funcionário.

"A extinção da contribuição fragilizou as entidades", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico nacional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). "Os sindicatos agora questionam na Justiça e buscam uma alternativa de financiamento coerente com o princípio da autonomia dos empregados."

O desemprego elevado também colabora para a escassez de recursos. Sem uma vaga formal, o trabalhador não se filia e nem contribui às entidades.

Com menos dinheiro, os sindicatos se viram obrigados a cortar despesas para sobreviver: demitiram funcionários, fecharam subsedes, venderam carros, alugaram imóveis e reformularam os serviços prestados aos associados. A tendência, segundo dirigentes, é que as entidades se acostumem a operar com menos recursos em caixa.

De volta às origens. Um dos efeitos percebidos após a reforma trabalhista é a volta dos sindicatos para ações de rua, seja com mais mobilizações nas portas de fábricas ou no maior esforço direcionado a aumentar a quantidade de sindicalizados. A maior parte das entidades diz ter reforçado as equipes de campo, mesmo com um quadro mais enxuto. Funcionários que antes só exerciam atividades internas foram deslocados.

No Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres), como a frota de veículos próprios teve de ser reduzida pela metade, de 33 para 15, desde o ano passado, parte dos funcionários agora vai de ônibus promover ações nas empresas.

Um dado positivo é que as entidades percebem um aumento no número de associados desde o início da reforma. No Sintracon-SP, que reúne os trabalhadores da construção civil, a quantidade de filiados passou de 19 mil, em dezembro de 2017, para 69 mil em abril deste ano, de acordo com o presidente, Antonio de Sousa Ramalho.

"O nosso trabalho de campo aumentou, deslocamos parte da equipe que antes tinha funções internas para ir até o canteiro de obras, para ouvir as demandas da categoria. Mas o que a gente também percebe é que muitos trabalhadores passaram a procurar espontaneamente o sindicato para se filiar."

Ele diz que a reforma está mudando a imagem que o trabalhador faz do sindicato. Com a economia fraca e o desemprego perto de 13%, aumentou a insegurança, sobretudo em relação às novas formas de contratação, como o trabalho intermitente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Imóveis para alugar, carros à venda e cortes de pessoal. A rotina dos sindicatos não tem sido fácil nos primeiros meses de reforma trabalhista. Desde o fim do ano passado, o texto, que retirou a obrigatoriedade da contribuição sindical, tem forçado o dirigente a cortar custos e buscar fontes alternativas de receita para sobreviver.

O jornal O Estado de S. Paulo ouviu alguns dos sindicatos laborais que mais receberam recursos em 2016 e 2017, antes da reforma entrar em vigor. A maioria deles teve de cortar na carne para equilibrar as contas. A dependência do imposto tem cobrado caro e o sentimento é de preocupação. No Sindicato dos Securitários de São Paulo, por exemplo, 80% da receita vem da contribuição, que agora é facultativa.

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Os representantes dos químicos de São Paulo não tiveram outra saída além de fechar as quatro subsedes. Os imóveis, que são próprios, ficarão sem uso por tempo indeterminado. Eles dizem que ainda tentam redefinir prioridades na atuação do sindicato e que desde a reforma intensificaram a presença na porta das fábricas.

Para economizar, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres) teve de desativar 3 dos 14 andares da sua sede, no centro de São Paulo. Os espaços serão alugados ou vendidos. Eles também estão vendendo um imóvel que era usado para atividades de apoio, em Santos, e um terreno na cidade de Ilha Comprida.

"A reforma trabalhista pegou todo mundo de surpresa. No ano passado, recebemos R$ 6,7 milhões de contribuição. Este ano, esse valor passou para R$ 1,2 milhão, poucos trabalhadores contribuíram. Ainda assim, conseguimos chegar a um equilíbrio entre receitas e despesas, mas não é nada fácil", diz o presidente, Genival Leite.

Antonio Neto, do Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, diz que a reforma desconsiderou o modelo sindical brasileiro. "Mas nós estamos otimistas que o Supremo Tribunal Federal vai reconhecer a necessidade do financiamento."

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em telecomunicações (Sintetel-SP), Mauro Britto, reconhece que é preciso se reinventar. "Fizemos uma parceria com escolas técnicas, para que os trabalhadores pudessem estudar por R$ 145. A condição para participar é ser sócio. Conseguimos 1.600 novos filiados apenas em abril."

Reajuste

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) havia estimado, em novembro, que cerca de 100 mil empregados diretos e indiretos que atuam em entidades sindicais seriam afetados pela reforma.

No sindicato dos trabalhadores da construção de São Paulo, os cortes quase extinguiram o setor que prestava serviço médico aos filiados. "Dos 450 funcionários, ficaram 150. O atendimento foi mantido porque fizemos uma parceria com uma entidade do setor, mas quase todos os médicos contratados do sindicato foram demitidos", diz o presidente do Sintracon-SP, Antonio de Sousa Ramalho.

"O desafio agora é continuar oferecendo benefícios sem poder aumentar a despesa. Essa matemática virou rotina. Infelizmente, a reforma pegou quase todo mundo desprevenido", diz ele.

O Sintracon-SP também teve de vender uma subsede que ficava em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

O corte no quadro de pessoal não afetou apenas os sindicatos. O próprio Dieese, que até o ano passado tinha uma equipe de 360 pessoas, ficou com 230. E deve operar o ano que vem com a metade do orçamento de 2015.

"O ajuste não foi pequeno e não descartamos mais cortes. A nossa fonte de financiamento é sindical e de convênios e contratos. Neste momento, em que a crise fiscal dos Estados cria dificuldades, a interrupção de uma parceria nos leva a perder um funcionário que tinha sido treinado por décadas", diz o diretor técnico, Clemente Ganz Lúcio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU),  incluiu o Brasil na lista de países acusados de descumprir normas internacionais de proteção aos trabalhadores após uma sessão da Comissão de Normas da 107ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, na última terça-feira (29), e designará um comitê para analisar as denúncias. 

Ainda no ano passado o Brasil chegou a ser incluído na lista mais ampla e preliminar, mas acabou de fora da lista definitiva, mas agora foi colocado após denúncias de sindicatos e consultas do Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a reforma trabalhista. Além do Brasil, outros 23 países, como o Haiti, Camboja, México, Japão e Líbia integram a lista.

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Antes da aprovação das mudanças na legislação, o Ministério Público do Trabalho (MPT) alertou o Congresso Nacional e o governo federal que ela violava a Constituição Federal e normas internacionais ratificadas pelo Brasil e, em abril, levou informações ao diretor-geral da OIT, Guy Rider, em Genebra.

O Comitê de Peritos da OIT pediu ao governo brasileiro que revisasse o pontos da reforma trabalhista que permitem a prevalência de negociações coletivas sobre a lei, confirmando o seu entendimento de que o projeto de lei que mudou as normas do trabalho no país viola a Convenção nº 98, sobre direito de sindicalização e de negociação coletiva, ratificada pelo Brasil. 

O procurador-geral do MPT, Ronaldo Fleury, afirma que “É uma pena o Brasil ser exposto internacionalmente, entretanto isso é resultado da reforma trabalhista, que só visou a precarização das relações de trabalho, criando formas alternativas e precarizantes de contratação e, principalmente, visando o enfraquecimento da estrutura sindical”. 

Para Fleury, o movimento dos caminhoneiros mostra como entidades com baixa representatividade entre suas categorias têm dificuldade de negociar. ““O Brasil inteiro sente o enfraquecimento da estrutura sindical com o movimento dos caminhoneiros, das empresas, que tem trazido o grande drama de se fazer um movimento muito rapidamente, entretanto não ter como sair dele pela falta de legitimidade, pela falta de representatividade das entidades sindicais dos trabalhadores. Essa situação vai com certeza se refletir nas outras categorias, com a ampla pejotização“, acrescentou.

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O presidente Michel Temer (MDB) afirmou, nesta terça-feira (22), que está aproveitando o seu governo para “trazer, definitivamente, o país para o século XXI”. Em discurso na abertura da Marcha dos Prefeitos a Brasília, na manhã de hoje, o emedebista pontuou que “teve coragem” de realizar, durante os últimos dois anos, ações que vinham sendo discutidas no país há mais de 30 anos, como as reformas do ensino médio e trabalhista. 

“Temos que aproveitar este momento para pregar muito a necessidade de trazer o Brasil definitivamente para o século XXI, quando assumi o governo fui realizando atos que estavam sendo retardados há mais de 20, 30 anos. Tenho mais de 35 anos de estrada política, mas ao longo do tempo sempre percebi que os governos todos não se metiam na história da segurança. Tive a coragem de entrar nesta matéria, não só fazendo uma intervenção no Rio de Janeiro, que é complicado, mas também criando um Ministério”, salientou o presidente.

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Outra iniciativa, segundo Temer em discussão desde 1997, quando ele foi presidente da Câmara dos Deputados,  é a reforma do ensino médio. “Vinte anos depois assumi o governo e não tinha sido feita ainda, veio Mendonça e disse vamos fazer. Fizemos a reforma do ensino médio e hoje é aprovada por 96% de todo setor educacional, a própria modernização trabalhista também foi nesta linha. Tudo, enfim, deve ser feito já. E é o que nós estamos fazendo”, garantiu o presidente. 

Dedicação aos municípios

Diante de uma plateia composta por prefeitos de todo o país, Michel Temer também prometeu que dedicaria os sete meses que ainda restam do seu governo para ações imediatas que atinjam os municípios. 

“Temos dois anos de governo, já fizemos muito. Agora temos 1/3 ainda pela frente e quero que pelo menos metade seja direcionado para ao interesse dos municípios brasileiros. Precisamos dos municípios brasileiros para que a União seja forte como deve ser”, destacou o emedebista, prometendo que iria focar na modificação da Lei de Licitações. 

“Logo no início do meu governo disse que iríamos recuperar a federação brasileira e para isso tínhamos que começar pelos municípios. Isso não apenas porque eu desejasse, mas porque isso é fruto da história brasileira… Ser prefeito é mais difícil do que ser governador ou presidente porque o sujeito sabe onde é a sua casa, pleiteia e vocês tem que atender”, completou, fazendo ainda um balanço do que prometeu nas últimas marchas que participou.

Líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE) afirmou que o presidente Michel Temer (MDB) mentiu para aprovar a reforma trabalhista. A prova disso, segundo o parlamentar petista, é "falta de articulação" do emedebista diante da perda de validade da Medida Provisória (MP) 808/17 que suavizava alguns dos mais polêmicos pontos da nova legislação e foi construída a partir de um acordo feito com a base governista. A caducidade da MP deu validade integral ao texto aprovado pelo Congresso Nacional. 

Para Humberto Costa, as regras instituídas pela reforma põem diretamente em risco a vida dos trabalhadores. “Temer negociou duplamente com a própria base. De um lado, disse que iria suavizar algumas questões, de outro, mas deixou a MP caducar. Mentiu para os que, por um motivo ou outro, ainda acreditavam nele. No meio disso tudo, ficam os trabalhadores e trabalhadoras que assistem a corrosão dos poucos direitos que ainda restavam. Os resultados dessa nova investida contra o povo são gravíssimos”, alertou o senador. 

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Entre os trechos da Reforma que passam a ter efeito com o fim da Medida Provisória está o que permite que mulheres grávidas e lactantes possam trabalhar em áreas insalubres. Pela MP, a gestante poderia trabalhar em local insalubre apenas se apresentasse um aval médico. 

“Chega a ser criminosa essa liberação. Autorizar grávidas a trabalhar sem condições de segurança fere a dignidade humana e pode oferecer riscos reais para a mãe e para o bebê. É inaceitável o que estão querendo fazer com as trabalhadoras desse país”, assinalou Humberto. 

Outro ponto que gera muitas críticas é o que autoriza empresas a demitir funcionários com o contrato normal de trabalho para depois recontratá-los como trabalhadores intermitentes. “Com a nova versão da Reforma, o governo Temer vai jogar uma nova leva de desempregados no mercado para que os trabalhadores possam exercer a mesma atividade por um salário menor e sem nenhum tipo de garantia. É aterrador pensar no cenário que está por vir”, considerou o líder oposicionista. 

A Medida Provisória 808/2017, que modifica diversos pontos da lei que instituiu a reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) perde a validade nesta segunda-feira (23). O texto não foi analisado pela comissão mista, que não chegou a ter um relator eleito. O posto caberia a um deputado.

O texto contém mudanças de 17 artigos da reforma trabalhista e fazia parte de um acordo firmado pelo presidente da República, Michel Temer, com os senadores quando o projeto da reforma foi votado na Casa, em julho de 2017.

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Entre os assuntos tratados estão os trabalhos intermitente e autônomo, a representação em local de trabalho, as condições de trabalho para grávidas e lactantes e a jornada 12x36, entre outros pontos. A MP chegou a receber 967 emendas, a grande maioria teve o chamado trabalho intermitente como alvo. Deputados da oposição buscavam revogar a novidade ou garantir mais direitos ao trabalhador nestes casos.

Falta de negociação

O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), relator do projeto de reforma na comissão especial, disse que houve demora de quatro meses na instalação da comissão, além de falta de acordo com os deputados. "Não houve negociação com o Congresso. Houve negociação com a base do governo no Senado da República. O Congresso é o Senado e a Câmara Federal", disse ele.

Para o vice-presidente do colegiado, deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), é preciso haver um novo acordo, com uma nova medida provisória ou um projeto de lei. Ele assumiu os trabalhos da comissão depois de o senador Gladson Cameli (PP-AC), eleito como presidente, renunciar pouco depois de assumir o cargo. 

Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), agora é preciso aguardar o encaminhamento do Executivo. Ele reforçou, porém, que cada comissão tem autonomia e ritmo próprios. A MP 808 foi publicada no mesmo dia em que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu, em entrevista, que os ajustes à reforma trabalhista fossem encaminhados por projeto de lei e não por medida provisória.

Na terça-feira (17), Maia disse que a responsabilidade da votação do texto não era da Câmara, nem dele, antes de sair da comissão mista. "Não sou eu que indico membros da comissão, nem que pauto. Se chegar aqui [no Plenário] a gente pauta", afirmou Maia.

*Da Agência Senado

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A proposta das escolas particulares de rever parte dos direitos adquiridos pela categoria, com a reforma trabalhista, vem afetando a rotina dos estabelecimentos de ensino em São Paulo.

A convenção coletiva que estabelece cláusulas específicas, como recesso escolar e bolsa de estudo para filhos, por exemplo, não foi renovada em março. Sem um acordo, a definição sobre manter ou não os direitos está sendo feita caso a caso pelos colégios.

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De um lado, escolas maiores e com mensalidades mais altas - como Bandeirantes, Santi, São Luís, Oswald de Andrade - informaram seus professores que vão manter as cláusulas da convenção antiga. De outro, colégios com menos alunos dizem que continuar concedendo os direitos atuais compromete sua saúde financeira.

Justiça

O impasse fez o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que toda a categoria mantenha os mesmos direitos. Especialistas dizem que a falta de padronização das condições pode ampliar as diferenças de qualidade do ensino dentro da rede privada.

Dentre as alterações propostas pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) estão, por exemplo, a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos 10 horas; reduzir o recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias e aumentar o tempo de contratação de 22 para 60 meses para ter direito à garantia de semestralidade (que estabelece o pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre).

Mauro Aguiar, diretor do colégio Bandeirantes, na zona sul da capital, diz que já informou os docentes sobre a manutenção dos principais pontos da convenção. "Não temos nem o limite de dois filhos por professor. Sempre tivemos como visão que a bolsa faz parte da remuneração e é um atrativo para bons profissionais."

No Santi, também na zona sul, os direitos foram preservados para este ano. No entanto, Fernando Cury, diretor administrativo, diz que alguns pontos podem ser negociados nos próximos anos. Segundo ele, as escolas têm poucos dias disponíveis para as formações continuadas, já que 200 dias do ano são necessariamente para atividades com os alunos.

Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro-SP, avalia que as decisões individuais enfraquecem as conquistas adquiridas. "O que era um direito se torna um privilégio", diz. Sérgio Firpo, professor do Insper e especialista em Economia da Educação, diz que a mudança nos direitos aumenta as discrepâncias dentro da rede privada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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