Tópicos | Reforma do ensino médio

A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) do Rio de Janeiro anuciou a implementação de uma nova base curricular para os alunos do ensino médio do Estado. A medida, prevista na Lei Federal nº 13.415/2017, foi tema de audiência pública, na última quarta-feira (30), na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).

Com a nova resolução, os estudantes das instituições estaduais terão carga-horária ampliada e um novo currículo em 2022. Nele está prevista a divisão do ensino em dois grupos: formação geral básica, de caráter obrigatório, e disciplinas complementares, que serão opcionais ao estudante.

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Fazendo parte do grupo obrigatório estão português e matemática. Já o grupo dois, não obrigatório, é formado pelas disciplinas física, química e biologia. A medida recebeu críticas durante a audiência pública por parte da comunidade escolar que solicitou adiamento ou suspensão da reforma do currículo do ensino médio.

O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro por telefone e e-mail buscando uma posição sobre as críticas contra a medida. Entretanto, até o fechamento da matéria não tivesmos retorno.

Todos os estudantes do ensino médio deverão ter a acesso a mais de um itinerário formativo no próprio município onde estudam, de acordo com a revisão preliminar das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, que foi divulgada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e está disponível para análise e contribuições de toda a sociedade até o dia 23 de outubro.

Além dos itinerários, as redes terão que ofertar uma parte comum a todos os estudantes, que será definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em discussão no CNE.

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As diretrizes vigentes estão sendo revistas pelo CNE para se adequarem ao Novo Ensino Médio, aprovado em 2017. Pela nova lei, os estudantes poderão escolher ter formações específicas em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. Uma das preocupações levantadas durante a discussão da lei era a oferta das várias opções aos estudantes, sobretudo em municípios menores.

O documento disponibilizado pelo CNE diz que os sistemas de ensino devem garantir a oferta de mais de um itinerário formativo em cada município, permitindo aos estudantes a escolha, dentre diferentes arranjos curriculares, “atendendo assim a heterogeneidade e pluralidade de condições, interesses e aspirações”.

O documento estabelece ainda que o Ministério da Educação (MEC) deverá elaborar um guia para orientar as instituições e redes de ensino na implementação dos itinerários formativos no ensino médio.

A oferta de itinerários formativos deve considerar as possibilidades estruturais e de recursos das instituições ou redes de ensino. Para garantir a oferta de diferentes itinerários, podem ser estabelecidas parcerias entre diferentes instituições de ensino, devidamente credenciadas pelos sistemas de ensino. Caberá aos sistemas de ensino estabelecer as regras para a escolha do itinerário formativo pelo estudante.

Ensino a distância

A revisão das diretrizes estabelece ainda que as redes de ensino poderão ofertar, no total, até 20% da formação a distância. A modalidade pode ser aplicada tanto na formação geral básica quanto nos itinerários formativos do currículo. É preciso, no entanto ter suporte tecnológico e pedagógico apropriado. A porcentagem poderá, a critério dos sistemas de ensino, chegar a 30% no ensino médio noturno.

Ontem (9), a Comissão do Ensino Médio da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação colocou em consulta pública para contribuições da sociedade brasileira, O documento com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio estará disponível para análise e contribuições até o dia 23 de outubro de 2018 no site do CNE. As contribuições deverão ser feitas pelo e-mail dcnensinomedio.cne@mec.gov.br.

O presidente Michel Temer (MDB) afirmou, nesta terça-feira (22), que está aproveitando o seu governo para “trazer, definitivamente, o país para o século XXI”. Em discurso na abertura da Marcha dos Prefeitos a Brasília, na manhã de hoje, o emedebista pontuou que “teve coragem” de realizar, durante os últimos dois anos, ações que vinham sendo discutidas no país há mais de 30 anos, como as reformas do ensino médio e trabalhista. 

“Temos que aproveitar este momento para pregar muito a necessidade de trazer o Brasil definitivamente para o século XXI, quando assumi o governo fui realizando atos que estavam sendo retardados há mais de 20, 30 anos. Tenho mais de 35 anos de estrada política, mas ao longo do tempo sempre percebi que os governos todos não se metiam na história da segurança. Tive a coragem de entrar nesta matéria, não só fazendo uma intervenção no Rio de Janeiro, que é complicado, mas também criando um Ministério”, salientou o presidente.

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Outra iniciativa, segundo Temer em discussão desde 1997, quando ele foi presidente da Câmara dos Deputados,  é a reforma do ensino médio. “Vinte anos depois assumi o governo e não tinha sido feita ainda, veio Mendonça e disse vamos fazer. Fizemos a reforma do ensino médio e hoje é aprovada por 96% de todo setor educacional, a própria modernização trabalhista também foi nesta linha. Tudo, enfim, deve ser feito já. E é o que nós estamos fazendo”, garantiu o presidente. 

Dedicação aos municípios

Diante de uma plateia composta por prefeitos de todo o país, Michel Temer também prometeu que dedicaria os sete meses que ainda restam do seu governo para ações imediatas que atinjam os municípios. 

“Temos dois anos de governo, já fizemos muito. Agora temos 1/3 ainda pela frente e quero que pelo menos metade seja direcionado para ao interesse dos municípios brasileiros. Precisamos dos municípios brasileiros para que a União seja forte como deve ser”, destacou o emedebista, prometendo que iria focar na modificação da Lei de Licitações. 

“Logo no início do meu governo disse que iríamos recuperar a federação brasileira e para isso tínhamos que começar pelos municípios. Isso não apenas porque eu desejasse, mas porque isso é fruto da história brasileira… Ser prefeito é mais difícil do que ser governador ou presidente porque o sujeito sabe onde é a sua casa, pleiteia e vocês tem que atender”, completou, fazendo ainda um balanço do que prometeu nas últimas marchas que participou.

O presidente Michel Temer (MDB) completa, neste sábado (12), dois anos à frente do Palácio do Planalto - data em que assumiu a Presidência como interino, após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), antecedendo a destituição do mandato que viria apenas em agosto de 2016. Em publicação no Twitter, para apresentar um balanço das atividades realizadas por ele durante o período, o emedebista disse que conquistou “números incontestáveis”, no que trata da economia do país, e “os defensores da crise perderam”.

“Temos um novo Brasil, mais forte, mais otimista. Não há espaço para retroceder. As mudanças precisam continuar. Os defensores da crise perderam. O Brasil aprendeu a crescer com consistência”, argumentou o presidente no microblog. O emedebista, que assumiu o comando do país dizendo que não tinha pretensões eleitorais, agora ensaia uma candidatura à reeleição e, inclusive, já projetou lançar o nome de um dos seus ex-auxiliares, Henrique Meirelles (MDB), ao pleito para "dar seguimento" ao projeto iniciado por ele. 

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Apesar da pretensão, desde que assumiu a vaga Temer amarga níveis altos de impopularidade, já sendo apontado como o pior presidente do mundo. Mesmo assim ele pregou sempre que não se preocupava com as avaliações e, durante o balanço exposto na rede social, disse ter conseguido cumprir a missão de “retirar o país da sua mais grave recessão, estancar o desemprego, recuperar a responsabilidade fiscal e manter os programas sociais”. 

“De fato, tudo isso foi feito. O Brasil, que encolhia a um ritmo de quase 4% ao ano, agora vai crescer mais de 2%. A recessão que dizimava mais de 150 mil empregos/mês acabou. O emprego voltou, com cerca de 204 mil vagas com carteira assinada em 2018 e mais de 1,5 mi de postos de trabalho gerados no último ano”, relatou, lembrando também ações em outras áreas como educação. 

“Tive a coragem de fazer a reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular, demandas de mais de 20 anos dos educadores brasileiros. A mudança na educação das nossas crianças e jovens já começou. Criamos mais 500 mil vagas de ensino em tempo integral”, salientou.

“O governo está investindo R$ 2 bi na Política de Formação de Professores, beneficiando 190 mil mestres. E com o programa Criança Feliz, estamos cuidando de crianças e gestantes beneficiárias do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada”, completou.

O documento que estabelece as diretrizes para os currículos das escolas de ensino médio será enviado pelo Ministério da Educação ao Conselho Nacional de Educação (CNE) só no início do ano que vem. A previsão inicial do governo era que a Base Nacional Comum Curricular do ensino médio fosse concluída até o fim deste ano.

Segundo o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Rossieli Soares, o adiamento aconteceu porque ainda está sendo finalizada a análise da Base Nacional Comum Curricular para a educação infantil e o ensino fundamental.

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“Agora vamos concentrar todas as nossas energias aqui, mas em paralelo estamos ouvindo muitas pessoas sobre a base do ensino médio para que ela reflita tanto a reforma do ensino médio quanto outros pontos que precisam ser aperfeiçoados”, disse Rossieli.

O presidente do CNE, Eduardo Deschamps, informou que o conselho também realizará consultas sobre a base para o ensino médio, assim como fez com o documento que trata da educação infantil e do ensino fundamental. Segundo ele, por causa da reforma do ensino médio, o CNE também vai elaborar a revisão das diretrizes curriculares nacional do ensino médio.

O CNE deverá votar a proposta da base para a educação infantil e o ensino fundamental na primeira semana de dezembro. Após a aprovação, o documento ainda deverá ser homologado pelo ministro da Educação.

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A reforma do ensino médio foi o tema da audiência pública na manhã de hoje (21) no Ministério Público de São Paulo (MPSP). A reforma foi aprovada pelo senado em fevereiro deste ano (2017) e significa uma mudança no sistema educacional vigente, com início provavelmente em 2019.

Promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc), a audiência, debatida em dois dias, tratou sobre a política educacional do estado, o financiamento da educação e sobre a qualidade da educação infantil e especial.

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No início da manhã desta sexta-feira, o Procurador-Geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, falou sobre a perspectiva de ajustes no sistema educacional nacional e paulista. “Hoje, o Ministério Público pretende encontrar junto com a coletividade um caminho para a construção de um sistema de ensino que atenda às expectativas da sociedade e aos princípios constitucionais”.

No primeiro semestre deste ano (2017), foram realizadas várias enquetes sobre o assunto, das quais participaram especialistas, secretarias de ensino e entidades da sociedade civil. “Agora chegou a hora de ouvirmos a sociedade porque o Geduc acredita que a construção de políticas públicas na área da educação deve ser pautada em conjunto com toda a comunidade escolar”, afirmou o promotor de Justiça João Paulo Faustinoni.

No entanto, o cientista político Daniel Cara, coordenador da campanha nacional Direito à Educação que esteve presente na audiência de hoje, abordou os aspectos negativos da reforma nacional do ensino médio. “Essa proposta trouxe mais caos ainda ao que já era caótico”, ressaltou. De acordo com Daniel Cara, as redes estaduais de educação “não sabem o que fazer com essa lei” porque a implementação dela é inviável. O especialista ainda diz que a reforma “irá evidenciar o ensino médio em detrimento da educação infantil e do ensino fundamental em termos de financiamento”.    

Com entrada gratuita, na sexta-feira (26), a capital pernambucana recebe o simpósio “Caminhos para o Novo Ensino Médio”, que debaterá as novas medidas do governo federal, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reforma do ensino médio. O evento reunirá alguns especialistas de educação do país para tratar o assunto, além do atual Ministro da Educação, Mendonça Filho.  

Segundo a organização do simpósio, os palestrantes irão apontar as principais mudanças ao modelo vigente e analisarão quais os impactos mais expressivos para as escolas brasileiras. O debate será realizado das 13h30 às 18h30, no Auditório da Facipe, localizado na Rua Barão de São Borja, 433, bairro da Soledade, no Recife. 

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Para participar, os interessados precisam se inscrever através do site da Hackademia, que juntamente com a Mind Lab, Missu e a Educare, promove o evento. Os palestrantes são os seguintes: Rossieli Soares da Silva, secretário de Educação Básica do MEC; Mozart Neves Ramos, ex-secretário de Educação de Pernambuco e atual diretor do Instituto Ayrton Senna; Armando Reis Vasconcelos, diretor do Colégio Equipe; Ir. Wellington Medeiros, diretor do Colégio Marista São Luís, e Sérgio Ribeiro, diretor do Colégio Motivo.

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Com o discurso de alavancar a retomada do crescimento econômico do país, o presidente Michel Temer completa nesta sexta-feira (12) um ano à frente do Executivo Federal - inicialmente como interino e posteriormente como efetivo após o impeachment de sua antecessora, Dilma Rousseff. Conhecido pela sua capacidade de articulação, nesses primeiros 12 meses de gestão, o peemedebista consolidou uma base aliada no Congresso e, embora com discordâncias, têm conseguido avanços em relação ao pacote de reformas encaminhado ao Parlamento.

Em um momento de turbulência política e econômica, Temer lançou mão do diálogo com deputados e senadores para levar à frente uma política para acalmar os ânimos do mercado financeiro e voltar a atrair os investimentos da classe empresarial. Os ministros, inclusive, fizeram uma frente para articular as aprovações. Em vários momentos do seu governo, por exemplo, ele realizou jantares com os parlamentares para garantir que suas propostas tivessem o voto favorável da maioria. Não foram poucas, ainda, as audiências com a base para negociar pontos polêmicos dos projetos. Essa abertura para conversas com o Congresso é uma das marcas de seu governo, em contraste a Dilma, que era conhecida por manter o distanciamento e falta de diálogo com as bancadas.

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“A diferença fundamental ente os dois é que Michel Temer é um presidente parlamentarista, mas a Dilma Rousseff não era. O presidente Temer, mesmo entre assuntos polêmicos, tem conseguido agregar base parlamentar em torno do seu governo. A presidente Dilma, mesmo com a ausência de temas polêmicos inicialmente e depois com temas polêmicos na área da economia como a reforma da previdência, não conseguiu agregar uma base em torno de sua administração”, compara o cientista político Adriano Oliveira.

Com a base alinhada à sua proposta de governo, Temer conseguiu aprovações em temas polêmicos, como a reformulação do ensino médio (já sancionada), o limite para os gastos primários nos próximos 20 anos (já promulgada) e a reforma trabalhista (aprovada na Câmara e em tramitação no Senado); e agora trabalha para emplacar a reforma da previdência, lançando mão de agrados à base aliada, além de melhorar a estratégia de comunicação, com a veiculação de vídeos explicando a proposta na televisão e redes sociais.

Para o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho, Temer deve manter a forma de governar em benefício dos setores empresariais, já que seu governo está ancorado nesse segmento, mesmo com a oposição de sindicatos e servidores públicos. “Essas ações [as propostas enviadas ao Congresso] repercutiram positivamente nos setores empresariais e econômicos, já que sua agenda é de liberalização econômica e passa pelas reformas trabalhista e previdenciária”, frisa.

Sem o apoio de grande parcela da população, a estratégia de governar junto com o Congresso e o mercado terá continuidade até quando permanecer no poder. “[A agenda de reformas] é muito difícil para um governo que não tem a sustentação das urnas, mas que vem conseguindo arregimentar apoios significativos do Congresso. Apesar de não ter a legitimidade das urnas, ele consegue trazer para o Congresso uma pauta passiva de discussão e aprovação, mostrando certa habilidade desse governo na execução de sua plataforma”, avalia.

Ernani Carvalho acredita que, embora tenha enfrentado um momento de crise política e econômica quando assumiu a Presidência da República, Temer vem de um contexto que deu a ele mais liberdade para governar. “O início do segundo governo Dilma foi bastante turbulento. Ela foi obrigada a fazer uma mudança radical nas diretrizes da sua política econômica, inclusive colocando várias agendas que estavam sendo sustentadas pelo seu opositor Aécio Neves. Uma presidente que tinha dois terços da população contra o seu governo e perdeu totalmente o controle de agenda com o Congresso Nacional, ficou totalmente isolada e não conseguiu implementar o seu programa de governo”.

“Já o governo Temer é completamente diferente. Primeiro porque não é um governo ungido nas urnas, mas é um governo constitucional, um governo tampão, que assume ali o papel que está estabelecido na Constituição, dado o afastamento da titular. E obviamente por não ser um governo que tenha criado um caminho eleitoral claro - não teve que fazer acordos nem negociações na pré-campanha -, ele tem um pouco mais de liberdade e adotou uma agenda política vinculada com o que ele está chamando de modernização da economia e do estado brasileiro”, ressalta.

Popularidade

Embora tenha conquistado vitórias no campo político, o Palácio do Planalto ainda não conseguiu melhorar a imagem de Michel Temer diante da opinião pública. A avaliação geral do governo é negativa para 55% da população. Na última pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 73% dos entrevistados disseram desaprovar a maneira de Temer governar. Entre os pernambucanos, o cenário é ainda pior: 91% de reprovação.

Para o professor da UFPE, Ernani Carvalho, a demora na melhora dos índices econômicos do país influencia a avaliação negativa do governo. “No início, Temer contava que nesse segundo semestre de 2017 a economia voltasse a crescer, mas os dados mostram que isso não vai acontecer. Embora a inflação esteja controlada, não tem havido o estímulo na classe empresarial para o aumento dos investimentos. Alguns indicadores começam a apontar certa melhora, mas ainda não é o suficiente”, explica. “A retomada do crescimento só virá em 2018, quiçá no segundo semestre. Ou seja, já uma leitura muito mais conservadora sobre a economia do que se tinha antes”.

O cientista político Adriano Oliveira acredita que diante do cenário do Brasil neste momento, qualquer que fosse o nome no comando do executivo nacional, inclusive Dilma Rousseff, teria que lidar com uma baixa popularidade. “Qualquer presidente não estaria bem avaliado neste momento se tivesse proposto reformas essas que são reprovadas pela população - 71% dos eleitores reprovam a reforma da previdência e 60% dos eleitores dizem que a reforma trabalhista só beneficia empresários. Soma-se a isso a crise econômica em que o Brasil está, com cerca de 13 milhões de desempregados, sem crescimento econômico, e é um momento em que custa a sair de uma grande recessão”, salienta.

“Qualquer presidente teria o mesmo problema. Você tem escândalo de corrupção, recessão, demora em recuperar o crescimento econômico e as reformas impopulares. No entanto, a impopularidade externa não está afetando a popularidade interna, no Congresso”, frisa ele, lembrando que a bancada governista ainda é maioria, mesmo diante de pressões. “Inclusive o Lula estaria certamente hoje com baixa popularidade. Não como a do presidente Temer, mas teria”, aponta.

Nas ruas, o movimento Fora Temer não tem conseguido a mesma expressão que o Fora Dilma. Oliveira minimiza a ausência da população nas manifestações. “Um segmento da população – as classes A e B – tiveram maior disponibilidade de sair às ruas contra o governo Dilma, ao contrário da ausência de disponibilidade das classes C e D para sair às ruas contrárias ao governo Temer”. Segundo ele, não é possível dizer, diante disso, que Temer é menos impopular que Dilma antes do impeachment. “Nós tivemos uma manifestação mais nítida contra o governo Dilma. Isso é fato. Mas não podemos desprezar os dados de opinião pública, que 71% declaram ser contra a reforma da previdência ou a reprovação do governo Temer. Nós não podemos dizer que as pessoas estão satisfeitas com o governo Temer porque não estão nas ruas”, conclui.

Mesmo que consiga melhorar sua imagem no decorrer dos próximos meses, Michel Temer já adiantou que não pretende ser candidato à reeleição nas eleições do próximo ano e, inclusive deixará a vida política. "Aposentar-me nunca, jamais, mas eu não tenho intenção de continuar a atividade política, já cumpri meu papel", afirmou em entrevista recente à Rede TV. "Só espero que as reformas deem certo e que não haja necessidade de pedirem para eu continuar", disse.

Aprovada nessa quarta-feira (8), a reforma do ensino médio poderá ser implementada apenas em 2020 e ainda assim, não deve chegar imediatamente a todas as escolas. A previsão é dos estados e das escolas particulares. Isso porque a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), elemento fundamental para a implementação da reforma ainda está em discussão no Ministério da Educação (MEC).

"Quem entra nos holofotes agora é a Base, o início da implantação da reforma é atrelado à Base". A BNCC do ensino médio será definida pelo MEC e encaminhada para a aprovação do Conselho Nacional de Educação (CNE), para depois retornar à pasta para homologação. "Se isso ocorrer no segundo semestre, teremos até 2020 para iniciar o processo. Claro que vai depender de grande discussão, de várias definições. Começa agora uma etapa de discussão nos estados de como se dará a implementação", diz.

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A reforma do ensino médio define que as escolas devem passar a oferecer opções de itinerários formativos para os estudantes. Eles deverão optar por uma formação com ênfase em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou formação técnica.

Parte da formação (40%) será voltado para a ênfase escolhida e o restante do tempo, para a formação comum, definida pela Base Nacional Comum Curricular. Os estados devem começar a implementar o novo modelo no segundo ano letivo subsequente à data de publicação da BNCC. Isso pode ser antecipado para o primeiro ano, desde que com antecedência mínima de 180 dias entre a publicação da Base Nacional e o início do ano letivo – ou seja, caso aprovada no primeiro semestre, poderia começar a vigorar em 2019.

A diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, acredita que a reforma deve ser implementada em 2020 porque não há tempo hábil, sobretudo para o setor público se adequar. As escolas, segundo ela, precisam ter os projetos político-pedagógicos encaminhados às secretarias de educação para começarem a implementar as mudanças. "O setor [privado] é mais ágil na mudanças, mas no final depende da secretaria de educação, que define as normas e as propostas a serem implementadas. De qualquer maneira, vamos fazer a melhor proposta e prestar o melhor serviço", diz. 

Atualmente, o ensino médio tem 8,1 milhões de matrículas, a maioria em escolas públicas (87%) da rede estadual (80%), ou seja, a implementação da MP recairá principalmente sobre os estados. A reforma se estende a todas as escolas, ou seja, a rede particular também terá que se adequar.

Em termos de implementação, cada estado poderá definir a melhor forma de ofertar os itinerários formativos. As escolas particulares estudam parcerias entre si. Uma das possibilidades é que um conjunto de escolas próximas ofertem cada uma um itinerário e atenda também os estudantes das demais.

Mudanças

A reforma do ensino médio define ainda que as escolas devem ampliar a carga horária para 5 horas diárias - atualmente a obrigação é 4 horas diárias - em cinco anos. A intenção é que progressivamente ampliem a carga horária para 7 horas diárias, para ofertar educação em tempo integral.

Segundo Amâncio, mais da metade dos estados ainda têm a carga horária de 4h. Já nas esocolar particulares, segundo Amábile, a maioria já está adequada à nova regra.

“Será um desafio para os estados, cada um vai ter que fazer o seu planejamento”, diz Amâncio. O financiamento será um dos grandes entraves, segundo ele, uma vez que vários estados enfrentam crises e endividamento. “Sabemos que a reforma tem um impacto [no orçamento]. Isso impacta no tempo de implementação da reforma. Cada estado vai depender das suas contas, não é questão apenas de vontade”.

O governo federal já anunciou duas principais linhas de auxílio aos estados. Uma delas é o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral oferece, para o ensino médio, R$ 2 mil a mais por aluno por ano para ajudar os estados. A ajuda, que seria por até quatro anos, foi prorrogada para dez anos.

Outra linha é o MedioTec destinado a ofertar formação técnica e profissional a estudantes do ensino médio. Ao todo, serão ofertadas 82 mil vagas. Segundo Amâncio, isso fará com que a ênfase em ensino técnico seja a primeira a entrar em vigor nas escolas. Nessa semana foi feito um workshop em Brasília para os secretários estaduais. A expectativa é que o programa comece a funcionar no segundo semestre.

A reforma no ensino médio será a primeira matéria a ser analisada pelo Plenário do Senado no retorno das atividades legislativas, a partir de 2 de fevereiro. A Medida Provisória (MP) 746/2016, que trata do tema, tranca a pauta de deliberações e precisa ser votada antes das demais. O texto tem dividido opiniões tanto dos parlamentares quando da classe educacional. Estudantes fizeram protestos em todo o país contra a medida com ocupações de escolas públicas.

Com ajustes nos pontos mais criticados, a MP foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 30 de novembro. Porém, o texto resultante, na forma do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 34/2016, chegou ao Senado apenas no dia 14 dezembro, o último de votações na Casa antes do recesso parlamentar. Por isso, o exame ficou para 2017. A MP havia passado inicialmente pela análise de comissão mista de deputados e senadores. Como as discussões se prolongaram, o prazo de vigência foi prorrogado por mais 60 dias, até o dia 2 de março. Caso so senadores não deliberem sobre o texto até lá, a MP perderá a validade. 

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Currículo flexível

Um dos pontos centrais da matéria é a flexibilização curricular, com redução do conteúdo obrigatório para que sejam privilegiadas cinco áreas de concentração: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. A intenção do governo federal era incentivar as redes de ensino a ofertar ao aluno a oportunidade de dar maior ênfase em seus estudos a alguma dessas cinco áreas, também chamadas de “itinerários formativos”.

No texto original da MP, entre os conteúdos que deixariam de ser obrigatórios nesta fase de ensino estavam artes, educação física, filosofia e sociologia. A rigor, o conteúdo dessas disciplinas não seria eliminado, mas o que seria ensinado de cada uma delas ficara na dependência do que viesse a ser determinado como conteúdo obrigatório previsto na futura Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Diante das fortes críticas, centradas na necessidade de os jovens serem contemplados contassem com formação mais reflexiva, os deputados optaram por deixar claro no texto da MP a inclusão da obrigatoriedade das quatro disciplinas na base nacional comum. Além disso, a Câmara ampliou de 50% para 60% a composição do currículo da etapa preenchido por essa base comum. Os 40% restantes serão destinados aos itinerários formativos, por escolha do estudante.

*Com a Agência Senado.

Os alunos que estão ocupando as oito unidades acadêmicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) assinaram o termo de acordo na tarde dessa quarta-feira (21) com a Reitoria, para deixarem os prédios ao 12h nessa sexta-feira (23). A Administração Central se comprometeu a suspender o calendário acadêmico 2016.2 nos dias 21, 22 e 23 de dezembro. Na sexta-feira (23), às 09h, será discutido e acordado o novo calendário, em reunião com o Conselho e o Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão.

A Reitoria assumiu o compromisso de criar quatro Grupos de Trabalho (GTs) para tratar da Segurança, Orçamento, Assistência Estudantil e do Restaurante Universitário. Os grupos serão instalados por meio de portaria até o dia 10 de janeiro, com representação dos estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes. De acordo com a assessoria, a assinatura do termo ocorreu no Auditório João Alfredo, na Reitoria, por volta das 13h. Subscreveram o documento representantes da Gestão da UFPE, da Frente Juristas pela Democracia, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e dos estudantes das ocupações.

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O presidente Michel Temer defendeu hoje (20) a reforma do ensino médio por meio da Medida Provisória (MP) 746/16. Foi durante cerimônia, no Palácio do Planalto, destinada a assinar a liberação de recursos para o ensino técnico e integral, com a presença do ministro da Educação, Mendonça Filho.

A defesa ocorre um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter se posicionado contra a utilização de uma de medida provisória como instrumento para promover a reforma.

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Temer justificou a atitude com o argumento de que há mais de 20 anos tramitavam projetos no Congresso Nacional versando sobre a temática e que já haveria um debate acumulado na área. Ele disse ainda que resolveu editar a MP atendendo a uma sugestão do ministro da Educação, que argumentou que a MP iria “mobilizar” o país.

“Mobilizou tanto que até escolas ocupadas se verificaram. A discussão, ao longo do tempo, se deu com muita animação e mobilizou o país. E o apoio que temos tido no Congresso Nacional fez com pudéssemos, no prazo da vigência da MP, aproveitar todas as discussões que fizemos ao longo de 20 anos, antes de a Câmara aprovar a reforma do ensino médio”, disse o presidente.

Ontem (19), em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Rodrigo Janot defendeu que a MP não apresenta os requisitos de relevância e urgência para edição de medidas provisórias, além de ferir diversos princípios constitucionais.

PSOL vê retrocesso social

A manifestação faz parte da análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.599, proposta pelo PSOL. Segundo o partido, a norma viola os pressupostos exigidos pela Constituição para edição de medidas provisórias. O PSOL sustenta ainda que seria cristalina a ausência do requisito constitucional da urgência, além de desrespeitar o acesso amplo à educação e dificultar a redução de desigualdades, ao promover verdadeiro retrocesso social, segundo o partido.

Para Janot, medida provisória, por seu próprio rito abreviado, não é instrumento adequado para reformas estruturais em políticas públicas, “menos ainda em esfera crucial para o desenvolvimento do país, como é a educação”.

“Demonstração concreta de que falta urgência para edição precipitada da norma está no fato de que, se aprovada pelo Congresso Nacional ainda em 2016, a reforma só será adotada nas escolas em 2018”, argumenta.

Cinco áreas serão beneficiadas

O texto encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional no dia 22 de setembro estabelecia, entre outras mudanças, a diminuição do conteúdo obrigatório para privilegiar cinco áreas de concentração: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional, além da retirada da obrigatoriedade das disciplinas de artes, sociologia, filosofia e educação física.

O texto também previa o aumento da carga horária progressivamente, passando das atuais 800 horas até atingir 1.400 horas anuais.

As alterações na estrutura do ensino médio por meio de medida provisória foram objeto de críticas de entidades representativas dos professores. Em razão das mudanças, estudantes de vários estados ocuparam escolas pedindo a retirada da proposta.

 

A votação da MP foi concluída na semana passada na Câmara dos Deputados, com algumas modificações. Entre elas, a inclusão da obrigatoriedade das disciplinas de educação física, arte, sociologia e filosofia na Base Nacional Comum Curricular. O texto segue agora para o Senado.

 

Na cerimônia de hoje, Temer e o ministro da Educação assinaram a liberação de recursos para a implantação de escolas em tempo integral e o ensino técnico, por meio do Mediotec, braço do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), voltado a ofertar formação técnica e profissional a estudantes do ensino médio. Ao todo, serão ofertadas 82 mil vagas.

Durante seu discurso, o presidente disse ainda que a aprovação do texto só foi possível devido ao “diálogo produtivo” com o Legislativo e voltou a negar que a emenda à Constituição que instituiu o teto de gastos públicos por 20 anos vá retirar recursos da saúde e da educação.

Segundo o presidente, a destinação de recursos para os ensinos técnico e integral está sendo possível devido ao ajuste nas contas públicas. “Se este ato diz respeito à responsabilidade social, de outro lado temos que ter a responsabilidade fiscal”, disse.

“Com equilíbrio financeiro, sairemos da recessão e voltaremos a crescer. Teremos mais dinheiro para os programas sociais”, acrescentou o presidente.

Ministro defende medida provisória

A manifestação da Procuradoria-Geral da República também foi comentada por Mendonça Filho, que disse ter “uma respeitosa divergência daquilo que manifestou o parecer”. Em entrevista, o ministro da Educação defendeu a MP como urgente, uma vez que o ensino médio concentra os piores indicadores da educação básica.

“Para mim, qualquer mudança na área de educação é relevante, e a urgência está determinada a partir de dados estatísticos”, afirmou Mendonça Filho.

Hoje, o ministro anunciou duas medidas relacionadas à MP: o Mediotec, que vai ofertar vagas no ensino técnico para alunos do ensino médio, e o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral para o Ensino Médio, destinado a aumentar a carga horária do ensino médio para 7 horas diárias.

“Estive com Fachin [Luiz Fachin, ministro do STF] há 30 dias, ou um pouco mais, junto com a procuradora e advogada-geral Grace Mendonça, levando algumas informações sobre a nossa visão técnica e jurídica da MP e confiamos que o Supremo terá o mesmo entendimento”, disse.

Em um dos momentos mais efervescentes da história política brasileira, manifestações ganham os estados, de ponta a ponta do País, entre opiniões favoráveis e contrárias aos atos. A PEC do Teto, que prevê um limite de gastos no setor público, é disparada o principal alvo de críticas dos protestantes. Junta-se à proposta a reforma do ensino médio, que desencadeou ‘um mar de ocupações’ em várias escolas, institutos federais e universidades públicas e privadas. Os governos estaduais e federal pregam que, por ser um país democrático, o Brasil é livre para promover protestos, mas são enfáticos ao pedirem o esvaziamento dos locais ocupados, argumentando que as intervenções atrapalham o direito de ir e vir.

Nessa batalha de pautas reivindicatórias, opiniões críticas às ocupações ganham forma. Enquanto que de um lado os próprios estudantes, apoiados por movimentos sociais, fortalecem as intervenções, no outro extremo há quem defenda o direito de manter as aulas e o de ir e vir, acusando as ocupações de terem interesses políticos e partidários. Mas para manchar o centro das discussões, em alguns casos a violência fere o espírito da democracia, e o que seria um debate saudável, se torna troca de agressões físicas. Neste mês, um trágico acontecimento marcou a história das ocupações. De acordo com as autoridades policiais, um pai matou o filho de 20 anos, na cidade de Goiânia, por não aceitar que ele participasse das ocupações.

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Personagens importantes para a construção de um pensamento crítico e democrático dos jovens, os pais brasileiros estão sujeitos a presenciarem os filhos em ocupações. De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), mais de mil unidades de ensino, entre escolas, universidades e institutos, ainda estão ocupadas contra a PEC do Teto e reforma do ensino médio. Alguns pais, por não entenderem o direito democrático de protestar, discordam dos filhos que resolvem participar das ocupações e até pedem o fim das intervenções. Mas em uma das escolas públicas ocupadas no Recife, uma mãe resolveu deixar a própria casa, e ao lado da filha se juntou à intervenção em protesto contra cortes financeiros para a educação.

Na Escola de Referência Martins Júnior, no bairro da Torre, Zona Oeste do Recife, dezenas de alunos ocupam a unidade há quase três semanas. Durante todos os dias, além de manterem a escola limpa e realizarem melhorias na estrutura da unidade de ensino, os ocupantes participam de atividades pedagógicas e culturais. Segundo um dos responsáveis pelo movimento que preferiu não se identificar, boa parte das ações realizadas tem como tema de debate a PEC do Teto, cuja intenção é deixar claro para os manifestantes o real motivo das ocupações. Entre os adolescentes da escola ocupada, uma mulher de 33 anos acompanha cada detalhe das atividades. Ela é responsável por cuidar da alimentação do grupo, além de orientar as tarefas de cada ocupante durante o dia a dia.

A mulher em questão, que também não quis se identificar, é mãe de uma aluna de 16 anos de idade, integrante da ocupação. De acordo com a mãe, de início, ela nem sabia o motivo da ocupação. “Quando cheguei na escola já estava tudo ocupado. Resolvi ficar mesmo sem saber o motivo da ocupação. Pensei depois que a escola ia fechar, mas com o tempo fui aprendendo com minha filha e os próprios alunos que eles protestam contra a PEC. Descobri que o governo pode deixar de investir dinheiro na educação. A gente que é pai tem que lutar para os políticos continuarem investindo nas escolas públicas, porque esse é o futuro dos nossos filhos”, conta.

Desde o início da ocupação, a mãe passou a viver na Escola Martins Júnior ao lado dos estudantes, que contam com doações de alimentos oriundos da sociedade civil. Só sai da unidade nos finais de semana para trabalhar como cuidadora de idosos, mas depois do expediente retorna à escola com o objetivo de apoiar o movimento. “Entrei com eles para apoiá-los. Eu acredito nos objetivos da ocupação, porque sei que estão lutando pelo futuro. Quando luto pela educação, automaticamente estou brigando pela vida da minha filha. Durmo aqui na ocupação e não me arrependo de ajudar esses jovens, pois todo mundo tem obrigação aqui dentro e o movimento é organizado”, relata a mãe.

A filha agradece o apoio da mãe. Diz que se sente mais segura em saber que a tem ao lado do movimento. “Acho que os outros pais deveriam nos ajudar. Fico muito feliz em ter minha mãe por perto”, diz a garota, estudante do segundo ano do ensino médio. A mãe afirma que ficará na ocupação o tempo que for necessário. Para os outros estudantes, sua presença é motivo de orgulho. Assista ao vídeo a seguir: 

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De acordo com a Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco (SEE), em torno de 10 escolas estão ocupadas em protesto contra a PEC do Teto e reforma do ensino médio. A pasta diz que respeita os movimento e que procura dialogar para chegar uma solução que permita a realização das aulas e a continuação do calendário do ano letivo.

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Membros do Levante Popular da Juventude realizam, nesta sexta-feira (18), um protesto em frente à casa do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), em Boa Viagem, na zona sul do Recife. De acordo com o movimento, o ato faz parte da chamada “verdadeira primavera estudantil” que ocorre no país para “barrar medidas que ameaçam” o setor, onde também se enquadram as ocupações em instituições de ensino estaduais e federais.   

Denominada de “escracho a Mendonça”, a manifestação, marcada para as 16h, pretende “denunciar e fazer pressão contra as medidas da agenda do ministério que atacam professores e estudantes”, entre elas, a Medida Provisória que estabelece uma reforma curricular ao ensino médio.

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Além do Levante Popular, representantes da UNE e a UBES também devem participar do ato. Os grupos defendem que Mendonça peça demissão do cargo. 

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De forma tranquila, dezenas de estudantes ocupam um dos pátios do Campus Recife do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), no bairro da Cidade Universitária. A ocupação, que combate a PEC 241 e a reforma do ensino médio, teve início na manhã desta quinta-feira (20), liderada pela União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe).

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No início desta tarde, algumas barracas foram montadas para dar forma à ocupação. Entretanto, o número de participantes antes das 14h ainda era pequeno, mas a previsão é que outros integrantes do movimento fortaleçam o ato até o final do dia. De acordo com a secretária geral da Uespe, Taylinne Silva, pelo menos 200 estudantes deverão ocupar a reitoria do IFPE ainda hoje.

Segundo Taylinne, a meta do movimento é que outras ocupações se estendam nas unidades do IFPE. Antes da ocupação da unidade recifense, estudantes resolveram ingressar no Campus Pesqueira, Sertão do Estado. “No ano passado, aconteceram várias ocupações em São Paulo, mostrando que os alunos estão ligados, que querem mudança. Em Pernambuco, a gente não tinha uma situação para que nós pudéssemos ocupar, agora temos essa PEC 241 e a proposta da reformulação do ensino médio. Tivemos uma assembleia e conseguimos 800 votos pela ocupação”, contou a secretária da Uespe.

Taylinne ainda adiantou que a ocupação deve continuar até esta sexta-feira (22). Nesta quinta-feira, o grupo promove debates que refletem acerca da educação brasileira e como cortes de recursos podem atrapalhar a vida dos estudantes. Os ocupantes do IFPE usam cartazes e prometem realizar amanhã um grande protesto em frente ao Campus Recife.     

A reforma do ensino médio foi novamente defendida pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. Ele foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (10). O gestor colocou os estudantes como donos do seu futuro, ao destacar a possibilidade de o aluno escolher qual área do conhcimento deverá focar ainda na escola.

De acordo com Mendonça Filho, os jovens poderão ter um direcionamento educacional já no ensino médio. O ministro falou durante programa que essa medida tem total relação com a vocação dos estudantes.

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“O Brasil está distante da Europa, Estados Unidos, Ásia, do ponto de vista da flexibilidade. O jovem pode ser dono do seu caminho. Nós estamos propondo uma base curricular de um ano e meio. Depois, será aberto espaço para o jovem definir seu rumo e acentuar seu aprendizado nas áreas que têm vocação para seu futuro”, opinou o ministro.

Para Mendonça Filho, a forma atual como o ensino médio coloca o estudante para aprender de forma intensa disciplinas que não tem a ver com sua vocação, gera até angústia. “Qualquer jovem sabe que se depara com conteúdos de disciplinas que não precisamos ofertar o mesmo nível de intensidade. Vejo alunos que têm muito mais foco em Humanas, agunstiados dentro da sala de aula, porque não precisam ter a profundidade da física”, declarou.

Ainda durante o programa, o ministro foi questionado sobre como as redes de ensino irão arcar com a proposta das escolas integrais. A previsão inicial é que 500 mil jovens estudem integralmente até 2018 e que a carga horária de aula passe de 800 horas para 1,4 mil horas por ano. 

“Acho que o ensino integral não atrapalha a reforma do ensino médio. A necessidade dos 25% dos nossos estudantes na educação integral caminha paralelamente com a reforma e não compromete aquilo que é essencial”, disse o ministro, sem detalhar se o governo federal ajudará as redes de ensino com recursos financeiros.

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