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Após gravar um vídeo indo tomar café em um acampamento bolsonarista localizado em Itapema, Santa Catarina, um homem identificado apenas como Rafael foi torturado, humilhado e obrigado a se retratar após ser descoberto pelos apoiadores do presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL). 

Na gravação compartilhada pelo deputado federal Alexandre Frota (PROS) em sua conta no Twitter, o rapaz, que é tido como apoiador do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aparece dizendo: "estou aqui na frente dos bolsonaristas em Itapema e vim tomar um café e beber uma água aí. É para isso que eles estão servindo agora", fala. 

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Em seguida, o vídeo mostra Rafael sem camisa dentro de um veículo no meio de dois homens não identificados que dizem ter localizado "o cara do cafezinho". Fora do automóvel, a vítima aparece enrolada em uma bandeira do Brasil, com um chapéu do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sendo humilhada e obrigada a se retratar. 

"Meu nome é Rafael e hoje de manhã, infelizmente, fiz uma brincadeira de muito mau gosto. Estou muito arrependido do que eu fiz", falou. Em seguida ele é, mais uma vez, obrigado a falar que "está tomando um cafezinho com o povo do Bolsonaro". 

No entanto, outro bolsonarista presente retruca e diz que não é "com o povo de Bolsonaro", mas com "a nação brasileira". Esse mesmo apoiador do presidente Bolsonaro manda Rafael tirar o chapéu do MST da cabeça e pisar em cima. "Aí o que a gente faz com petista é assim, oh". 

Os bolsonaristas insistem na tortura psicológica contra o Rafael e o obrigam a tomar o café e a água, garantindo que "não tem veneno" porque eles não são "vagabundos" e estão há 19 dias "lutando pra gente igual" ao Rafael, que é chamado de "lixo". No final da gravação, o homem é vaiado e obrigado a tomar todo o café que havia no copo. 

De acordo com a Lei 9.455/97, que define os crime de tortura no Brasil, quem constrange alguém a prestar informação ou declaração, sob ameaça ou violência, resultando em sofrimento físico ou mental, comete o crime de tortura.

Confira:

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Atos golpistas

Desde o dia 30 de outubro, quando Jair Bolsonaro perdeu para Lula, os bolsonaristas insistem em não reconhecer o resultado das urnas e clamam por um golpe das Forças Armadas. 

Em Santa Catarina, onde Rafael foi psicologicamente torturado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que as pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos realizados no fim de semana usaram métodos terroristas que lembram os black blocs. Eles usaram bombas caseiras com gasolina, rojões e até óleo foi derramado na pista.

A defesa da ex-deputada federal Flordelis, que está presa pela morte do seu marido, o pastor Anderson do Carmo, em 2019, afirma que a pastora foi torturada e extorquida por agentes penitenciários. Os advogados apontam que as chantagens começaram após ela ser flagrada usando celular na cela em maio deste ano.

Cinco meses depois, a ex-deputada foi flagrada com dinheiro escondido na genitália e ainda confrontado a direção do presídio sobre a falta de segurança na unidade, denunciando dois agentes penitenciários. A defesa alega que, após o registro, Flordelis teria sido agredida na cadeia. 

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"Ela foi flagrada com um dinheiro na genitália para dar aos guardas que a chantageavam. Quando foi levada à direção, ela questiona a falta de segurança e informa quem estava a extorquindo. Fomos no dia seguinte entender o que estava acontecendo e vimos ela andando torta, fazendo cara de dor. Ao nos encontrar ela começa a chorar e quando pedimos para ela levantar a camisa vimos que ela estava com várias marcas roxas, hematomas e queimaduras de cigarro", diz Janira Rocha, uma das advogadas da ex-deputada.

A defesa da acusada alega que um procedimento interno foi instaurado para apurar os fatos e os dois agentes foram transferidos para outra unidade prisional. Flordelis e outros três réus irão a julgamento pelo assassinato de Anderson nesta segunda-feira (7).

O Ministério Público Federal de Sergipe ofereceu denúncia nesta segunda-feira, 24, contra os policiais rodoviários federais Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia pela suposta tortura de dois jovens, um de 23 anos e outro menor de idade, durante uma abordagem policial em 23 de maio na cidade de Umbaúba (interior de Sergipe, a 100km de Aracaju). Em outra ação penal, Nascimento e Noia também foram denunciados pelo assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, morto dentro de uma viatura sufocado por gás.

A denúncia tramita perante a 7ª Vara Federal de Sergipe, sob responsabilidade do juiz Rafael Soares Souza. De acordo com o MPF, os policiais, que integram o Grupo de Motopoliciamento Tático da Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe, solicitaram aos rapazes que parassem para uma abordagem. Eles teriam resistido à ordem, o que em tese motivou os agentes a agredirem-nos com ‘pisões no corpo e no rosto, chutes, tapas e ameaças, como castigo pessoal por não terem obedecido’.

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O ato, de acordo com as investigações, foi tipificado como crime previsto na Lei de Tortura e tem uma pena que pode chegar a oito anos. Segundo o MPF, duas agravantes devem incidir sobre o caso: o fato de uma das vítimas ser menor de idade e a autoria do crime ser de um agente público. Caso sejam condenados, os três policiais serão exonerados de suas funções.

Santos, Nascimento e Noia, de acordo com a Procuradoria, ‘submeteram dois jovens a intenso sofrimento físico e mental’. As lesões provocadas nos rapazes foram confirmadas pelo Instituto Médico Legal e cinco testemunhas teriam presenciado tanto as agressões quanto a ausência de qualquer reação por parte das vítimas.

A morte de Genivaldo Jesus dos Santos aconteceu no dia 25 de maio, na mesma cidade, apenas dois dias depois da agressão aos dois rapazes. Eles registraram ocorrência no dia 27 daquele mês, depois da repercussão que teve o caso de Genivaldo. A Justiça determinou a prisão preventiva de Nascimento e Noia no último dia 14.

COM A PALAVRA, CLENILSON SANTOS, PAULO NASCIMENTO E WILLIAM NOIA

Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com a defesa dos policiais Clenilson José dos Santos, Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

No vídeo, mulher ferrou o bezerro duas vezes. (Reprodução/Instagram)

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Circula nas redes sociais um vídeo em que uma bolsonarista é filmada ferrando o número "22" na face de um bezerro. As imagens, que revoltaram usuários das redes sociais, foram compartilhadas pela página @forcaguerreiros, no Instagram, e chamam a atenção pela crueldade no trato com o animal.

Nelas, é possível ver o momento em que o bezerro é contido no chão por um homem. A mulher, então, se aproxima, pisa no rosto do animal e ferra seu rosto à brasa duas vezes, cravando duas vezes o número "2" em seu rosto. As imagens são fortes, mas podem ser conferidas clicando aqui.

"Chorei vendo isso. é de uma maldade sem tamanho. o olhar do pobre do animal é doloroso", lamentou uma usuária. 

Embora ainda exista no Brasil, a prática de ferrar o gado é repudiada por muitos produtores rurais e, mesmo quando ocorre, não costuma acontecer no rosto do animal, por ampliar seu sofrimento e submetê-lo a maior risco de infecções. É ampla a adesão do setor aos brincos de identificação na orelha dos bois.

Conforme o artigo 32 da Lei nº 9.605, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime. A pena é de detenção de três meses a um ano e multa.

 

A Promotoria francesa acusou uma mulher de 24 anos, nesta segunda-feira (17), pelo assassinato de uma menina de 12 anos, cujo corpo foi encontrado em um porta-malas.

O caso chocou o país.

A mulher, que estaria sofrendo de distúrbios psiquiátricos, foi acusada de assassinato e estupro, com agravantes de tortura e barbárie, disse uma fonte judicial à AFP. Um juiz ordenou que ela fosse mantida em prisão preventiva.

O tribunal ordenou também a detenção de um homem de 43 anos que teria recebido e transportado a suposta autora do homicídio.

Na noite de sexta-feira, o corpo sem vida da menina Lola foi encontrado em uma área comum do prédio onde morava em Paris. Seus pais haviam reportado seu desaparecimento depois dela não voltar de sua escola, localizada a poucos metros de casa.

A acusada, detida na madrugada de sábado a noroeste de Paris, aparece nas imagens de videovigilância do edifício. Uma testemunha também relatou a presença desta mulher, que teria lhe pedido ajuda para mover um grande baú, segundo diversos meios de comunicação.

A necropsia concluiu que Lola morreu por asfixia, informou uma fonte próxima à investigação. As primeiras verificações indicaram lesões significativas no pescoço.

A investigação tenta agora determinar o que motivou o crime e o que aconteceu desde o desaparecimento da menor até a descoberta de seu corpo por um morador de rua de 42 anos.

Na escola Georges Brassens, onde a menina estudava, o sentimento nesta segunda-feira era de medo e descrença. Pela manhã, os representantes dos pais e mães de alunos se organizaram para acolher os adolescentes.

"Minha filha está com medo. Não quis vir hoje", confidenciou uma mãe de aluna, que pediu anonimato.

Mafy, cujo filho era da mesma turma de Lola, afirmou que o menino "não quer comer nada" desde sexta-feira.

O ministro da Educação, Pap Ndiaye, também esteve na escola, onde participou de um minuto de silêncio na sala dos professores e na sala de aula de Lola, segundo o Ministério. As autoridades instalaram uma unidade de apoio psicológico para alunos, professores e pais, afetados pela tragédia que atingiu este bairro familiar.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e outros líderes políticos expressaram seu choque com a morte do jovem.

"Paris está de luto pela pequena Lola. Nossos pensamentos estão com ela e sua família", tuitou a prefeita, que visitou a escola no nordeste da capital francesa na segunda-feira.

Nove guardas municipais já foram presos, acusados de participar de um esquema de torturas e achaques contra suspeitos de furtos e tráfico de drogas, em Sorocaba, interior de São Paulo. As detenções vêm acontecendo desde o dia 5 último, quando houve a prisão dos quatro primeiros GMs no decorrer de uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Conforme o MP, os guardas agiram como se fossem uma milícia, cometendo mais crimes do que os que pretendiam combater.

Nesta segunda-feira, 22, policiais civis de São Paulo cumpriram mandados de prisão contra mais dois suspeitos na base da Guarda Municipal de Sorocaba, região central da cidade. Outros três integrantes da corporação tinham sido presos no último dia 16. As prisões fazem parte da Operação Pantera Negra, que há dois meses investiga a conduta de agentes da Guarda Civil de Sorocaba, utilizando inclusive escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Como as investigações prosseguem, não estão descartadas novas prisões.

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Conforme o Gaeco, os guardas são integrantes do grupo de elite da GCM, mas agiam como se fossem uma milícia, com o mesmo "modus operandi" em comunidades urbanas de baixa renda. Eles são acusados da prática recorrente de torturas contra os suspeitos a fim de que dessem informações sobre os chefes do tráfico em cada região da cidade. De posse das informações, os agentes invadiam as casas dos suspeitos sem mandado judicial, agrediam as pessoas e recolhiam dinheiro e objetos de valor. Há suspeita da prática de extorsão e desvio de drogas. Os agentes ainda "esculachavam" as vítimas - há denúncia de que ao menos uma delas foi obrigada a praticar sexo oral em um GCM.

A investigação começou depois que uma vítima procurou o Ministério Público em Sorocaba alegando que havia sido detida pelos agentes e levada para um galpão vazio, onde foi submetida a uma longa sessão de tortura. Os guardas a agrediram com socos, chutes e pauladas. A vítima passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba e o laudo confirmou as agressões.

Os presos foram ouvidos e encaminhados para uma unidade prisional do Estado. Eles não tiveram as identidades reveladas, mas alguns estão há mais de 20 anos na corporação, criada em dezembro de 1987. A prefeitura informou que a Guarda Civil Municipal e o município seguem colaborando com "tudo o que for possível nas investigações, assim como tomando todas as medidas administrativas cabíveis".

Os dois guardas presos nesta segunda ainda não tinham defesa constituída. Os defensores dos outros sete GCMs informaram que vão se pronunciar em momento oportuno.

Um professor universitário de 45 anos é alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal após ser considerado suspeito de agredir e ameaçar a ex-noiva de morte, sob prática de tortura, durante oito horas. O caso ocorreu na última quarta-feira (21), na região de Taguatinga, na casa do docente, dois dias após ele pedir a ex-companheira em casamento. O homem teria usado uma faca para ameaçar a vítima. As informações são do Universa, blog da Uol. 

De acordo com os relatos da vítima à reportagem, foram oito horas de tortura física e psicológica. A mulher, que não foi identificada, alegou ter sido agredida com socos, chutes e puxões de cabelo, das 9h30 às 17h30, além do agressor tê-la ameaçado de morte, colocando a ponta de uma faca em seu pescoço. A vítima diz ter pensado em se jogar pela janela do terceiro andar, para fugir do suspeito, mas conseguiu convencê-lo a deixá-la ir após dizer que não procuraria a polícia. 

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"Todas as agressões possíveis eu vivi. Ele jogava água gelada em mim e ligava o ar-condicionado. Me dava murros na cabeça. Pensei que fosse morrer. Só pedia a Deus para que me tirasse dali", contou a vítima. 

Ainda segundo a ex-noiva, o investigado tinha um comportamento possessivo e controlador. O que engatilhou a situação que resultou nas agressões e na tortura, na última quarta-feira (21), foi uma simples interação com um vizinho, enquanto o casal dividia o elevador do prédio do professor com esse conhecido.  

"Eu apenas respondi o 'bom dia'. Depois disso, ele fechou a cara e fomos para a academia. Como não estava me sentindo bem, voltei para o apartamento. Minutos depois, ele chegou dizendo que não tinha gostado da minha postura e começou a me xingar. Ele disse que iria atrás de mim e me mataria caso procurasse a polícia. Depois, quebrou meu celular e apagou todos os registros. Fui embora toda machucada e desesperada”, relatou a mulher. 

Denúncia 

A vítima procurou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II, em Ceilândia, e registrou um boletim de ocorrência contra o professor. Em nota, a Polícia Civil do DF informou que a 17ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Norte, vai investigar o caso. 

"Por se tratar de violência doméstica ou familiar contra a mulher, dentro do âmbito da Lei Maria da Penha, o caso corre em sigilo", explica o texto. A Justiça do Distrito Federal também emitiu uma medida protetiva, que impede que ele volte a se aproximar da ex-companheira. 

No processo, ao qual Universa teve acesso, a juíza Nádia Vieira de Melo Ladosky, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, de Taguatinga, alega que "a situação merece intervenção do Judiciário, a fim de que a integridade física e psicológica da requerente sejam protegidas pelo Estado". 

O agressor, também não identificado, faz parte do corpo docente da Universidade de Brasília (UnB) pelo departamento de medicina, de acordo com a reportagem. Em nota, a instituição disse não ter sido abordada formalmente sobre o assunto, mas que “a Administração Superior da UnB repudia todo e qualquer ato de violência contra as mulheres”. 

 

O Ministério Público de São Paulo denunciou nesta segunda-feira, 25, nove ex-funcionários da Fundação Casa por crimes de tortura, violência arbitrária e falsidade ideológica praticados contra internos da unidade 'Casa Paulista', situada na Vila Maria. O ex-diretor da unidade, Christian Lopes de Oliveira, é acusado dos crimes de tortura, violência arbitrária e falsidades ideológicas. A Promotoria narra oito fatos criminosos, denunciando ainda ex-ocupantes das funções de coordenador de equipe, agente de apoio socioeducativo, psicólogo, assistente social e agente educacional.

A imputação de tortura envolve as agressões a um adolescente de 17 anos que cumpria medida socioeducativa na Fundação Casa. Segundo a denúncia, o jovem foi atingido com socos, cotoveladas e tapas no rosto e no corpo, além de joelhadas em suas costelas e costas. Os denunciados chegaram a algemar o adolescente, que tentava se esquivar dos golpes, para continuar a agredi-lo. Além disso, deram uma 'gravata' do adolescente, que quase desmaiou.

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Após o que o MP chamou de 'sessão de tortura', o adolescente foi levado ao refeitório da Casa Paulista, 'com rosto deformado e desfigurado pelas agressões'. A Promotoria diz que as agressões se deram não só para 'castigar' o jovem, mas também 'ameaçar e amedrontar os demais adolescentes, que poderiam também ser espancados caso desobedecessem às ordens, ainda que arbitrárias, do então Diretor de Unidade'.

Na ocasião, o então diretor da 'Casa Paulista' ainda desferiu golpes contra o rosto de um outro interno, 'além de ofendê-lo e acusa-lo de incitar os demais internos contra sua administração, no que também o submeteu a vexame e a constrangimento ilegais'.

A Promotoria narra também que, após a tortura, os denunciados 'passaram a confeccionar uma série de documentos públicos com conteúdo ideologicamente falso para garantir a impunidade do gravíssimo crime por eles praticado'. A denúncia sustenta que foram registrados um registro de ocorrência e um boletim de ocorrência com conteúdo falso. Segundo o MP, foram omitidas informações sobre as lesões existentes em um dos adolescentes e dados falsos foram inseridos também em documentos referentes ao atendimento de saúde.

Ainda de acordo com a denúncia, com base em tais documentos falsos, o então diretor da unidade submeteu o adolescente que fora espancado a uma Comissão de Avaliação Disciplinar, acusando o jovem, 'de forma ilegal e mentirosa, de ter cometido faltas de incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou disciplina internas e praticar agressão física contra autoridades'.

"Certo é que todos os documentos acima indicados, nos termos do próprio relatório da Corregedoria da Fundação Casa, "foram vergonhosamente elaborados de forma fraudulenta, tentando a todo momento mascarar e/ou encobrir a situação verdadeira ocorrida em 26 de julho de 2018" (fls. 272 do PAD 1749/18), com participação de todos os denunciados, se valendo do seu cargo, na edição de documentos públicos com conteúdo ideologicamente falso para assegurar a impunidade dos crimes praticados no interior da Casa Paulista", registra a peça apresentada à Justiça.

A Promotoria entende que os crimes 'se revestem de gravidade em concreto elevada' uma vez que foram praticados por agentes públicos, no interior de unidade da Fundação Casa, 'cujos intuitos pedagógico e socioeducativo foram subvertidos por meio de violência praticada contra adolescentes pelas pessoas que tinha o dever de garantir e preservar seus direitos, e com envolvimento de outros funcionários que, por ação ou omissão dolosas, contribuíram para maquiar a realidade em documentos falsos e, garantir assim, a impunidade sobre os fatos do dia 26 de julho de 2018'.

Em cota apresentada junto da denúncia, a Promotoria ainda defende que, no caso dos quatro ex-servidores denunciados por tortura, não cabe acordo de não persecução penal ou suspensão condicional do processo. Na avaliação do Ministério Público, os crimes praticados 'envolvem violência extrema em face de adolescentes, no interior de unidade da Fundação Casa, cujo intuito pedagógico e socioeducativo foi por eles deturpado, tornando-se local de espancamento, constrangimento e tortura, justamente por funcionários que detinham poder e dever de garantir sua segurança'.

"Violaram-se deveres humanitários básicos, bem como disposições constitucionais basilares. A devida responsabilização penal, com sancionamento proporcional à gravidade dos fatos, é a única medida adequada e suficiente para repressão e prevenção penais", registra a peça.

Com relação aos demais acusados, o Ministério Público também diz ser 'incabível qualquer benefício', uma vez que não houve confissão formal ou circunstancial e considerando que eles 'contribuíram para a tentativa de maquiar, por meio de documentos ideologicamente falsos, o crime de tortura praticado no interior da Casa Paulista, de forma a assegurar sua impunidade'.

COM A PALAVRA, A FUNDAÇÃO CASA

A Fundação CASA não tolera qualquer tipo de desrespeito aos direitos humanos dos adolescentes em atendimento, assim como repudia quaisquer práticas de maus-tratos que servidores venham a realizar nos centros socioeducativos. Sobre o caso envolvendo funcionários do Complexo da Vila Maria, ocorrido em 2018, à época, a Instituição tomou todas as providências cabíveis, com a investigação e o processamento administrativo dos envolvidos por meio de sua Corregedoria Geral. No final, três servidores foram demitidos por justa causa e dez suspensos.

Na ocasião, a própria Corregedoria da Fundação CASA designou que todas as informações do processo administrativo disciplinar fossem encaminhadas ao Ministério Público, responsável pela persecução penal dos envolvidos. A denúncia em curso, pelo Ministério Público, recai diretamente sobre os servidores denunciados, não sobre a Fundação CASA.

A Fundação CASA investe continuamente na capacitação de seus servidores quanto ao atendimento humanizado e sem violência, por meio de cursos a distância oferecidos pela Universidade Corporativa da Fundação CASA. São tanto formações pontuais quanto continuadas, que abordam temas como as bases legais do sistema socioeducativo, manejo da raiva, como evitar agressão entre adolescentes na internação, cultura de paz, comunicação não violenta, dentre outros.

A tia de um bebê de 1 ano e 2 meses foi indiciada por tortura contra a criança, em Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia, Goiás, na última terça-feira (10). O menino foi levado para um hospital com várias lesões no corpo e traumatismo craniano. De acordo com a polícia civil, o marido da moça presenciou a violência e não socorreu a vítima, por isso foi indiciado por omissão.

O caso aconteceu no dia 28 de abril, quando a mulher levou o bebê para a Unidade Básica de Saúde (UBS), alegando que a criança teria caído da escada. Mas foi observado pelo médico que atendeu o menino que muitas lesões não eram recentes. Devido a gravidade do caso, a vítima foi encaminhada Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde recebeu tratamento médico. Foi identificado no laudo médico atos compatíveis com o crime de tortura.

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De acordo com o conselheiro tutelar, Francisco de Assis Magalhães, o menino estava sendo cuidado pelos tios enquanto seus pais viajavam para o Maranhão. Mas segundo a Policia Civil, os tios não foram presos em flagrante na data do fato e nem após a conclusão das investigações.

A Justiça francesa investiga desde o final de março o presidente da Interpol por "cumplicidade em torturas", após a denúncia de dois britânicos, numa nova frente judicial contra Ahmed Nasser al-Raisi, dos Emirados Árabes Unidos.

A Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT) confirmou à AFP que confiou a investigação a um juiz de instrução de Paris após uma denúncia sobre "torturas" e "detenções arbitrárias" em 2018 e 2019.

Como autoridade policial nos Emirados Árabes Unidos (EAU), Al-Raisi seria considerado cúmplice.

Esse tipo de denúncia na França, cujo sistema de justiça tem jurisdição universal em casos de tortura se os suspeitos estiverem em seu território, permite atribuir quase automaticamente o caso a um juiz de instrução.

Al-Raisi viajou várias vezes desde janeiro a Lyon (leste da França), onde fica a sede da agência internacional de cooperação policial Interpol.

Em um comunicado, os dois britânicos informam que "vão fornecer na quarta-feira as provas das torturas" das quais acusam Al-Raisi durante uma audiência "a pedido do juiz de instrução" da seção de crimes contra a humanidade.

O primeiro denunciante, Matthew Hedges, é um estudante de doutorado na Universidade de Durham, na Inglaterra, especialista nos Emirados Árabes Unidos. Durante uma entrevista coletiva em Lyon em outubro, ele explicou a suposta espionagem que sofreu durante uma viagem de estudos aos Emirados, onde alegou ter sido detido e torturado entre maio e novembro de 2018 e "forçado a fazer uma confissão falsa".

Hedges, condenado à prisão perpétua em novembro de 2018, recebeu indulto uma semana depois, em meio à pressão internacional.

Durante a coletiva de imprensa, Ali Issa Ahmad, agente de segurança de Wolverhampton (centro da Inglaterra), explicou que foi espancado várias vezes e até esfaqueado entre janeiro e fevereiro de 2019 no emirado de Sharjah.

Ahmad foi acusado de apoiar claramente a seleção de futebol do Catar, vestindo uma camisa com a bandeira do país rival dos Emirados Árabes Unidos durante uma partida da Copa da Ásia.

Para os denunciantes, Al-Raissi "é o responsável final pela tortura perpetrada contra eles pelas forças policiais dos Emirados". "Nada disso teria acontecido sem o consentimento ou envolvimento dele", asseguram.

 "Sem fundamento"

Diante das acusações, o presidente da Interpol poderia usar sua imunidade diplomática? Uma fonte próxima ao caso disse à AFP que cabe ao juiz de instrução verificar se ele pode se beneficiar de tal mecanismo.

"Al-Raisi não tem imunidade", declarou em janeiro o advogado britânico dos denunciantes, Rodney Dixon. "Esperamos dele, como presidente da Interpol, sua total cooperação durante toda a investigação sobre seu papel nas torturas e nos abusos perpetrados", acrescentou.

Em seu comunicado, os denunciantes asseguram que iniciaram ações penais na Noruega, Suécia e Turquia, bem como uma ação civil no Reino Unido.

A presidência da Interpol é um papel essencialmente honorário, que Al-Raisi obteve em novembro após sua eleição pelos países-membros, apesar dos protestos de defensores de direitos humanos e líderes políticos.

A PNAT também abriu uma investigação preliminar contra o alto funcionário dos Emirados após uma denúncia de "tortura" e "atos bárbaros" pela ONG Gulf Center for Human Rights (GCHR).

A denúncia refere-se ao caso de Ahmed Mansoor, um dos principais defensores de direitos humanos nos Emirados. A Interpol disse em janeiro que este caso era "um assunto entre as partes afetadas".

Em um comunicado publicado em janeiro de 2020, o ministério das Relações Exteriores dos Emirados rejeitou as alegações "infundadas" da ONG sobre Mansoor.

O Conselho de Ética da Câmara abriu nesta quarta-feira, 4, processo disciplinar contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por uma publicação em rede social na qual ele debochou da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar. As representações contra o filho do presidente Jair Bolsonaro foram feitas por PCdoB, PT, PSOL e Rede, que pedem a cassação do parlamentar.

"Ainda com pena da cobra", escreveu Eduardo, numa referência a uma das torturas sofridas pela jornalista, que foi presa na ditadura. De acordo com relatos de Miriam, ela foi torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça. Além disso, teve de ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Na época, ela estava grávida.

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A publicação do deputado foi feita em resposta a um artigo em que Miriam classifica Bolsonaro como "inimigo confesso da democracia". Na semana passada, o parlamentar criticou as representações contra ele no Conselho de Ética e disse que o objetivo era "denegrir conservadores".

Eduardo não compareceu à reunião do colegiado realizada hoje. Foram sorteados como possíveis relatores do processo os deputados Mauro Lopes (PP-MG), Pinheirinho (PP-MG) e Vanda Milani (Pros-AC). Cabe ao presidente do Conselho, Paulo Azi (União Brasil-PA), escolher o relator.

Histórico

A família Bolsonaro tem histórico de defesa da ditadura. Em 2016, o então deputado Jair Bolsonaro dedicou seu voto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi e o primeiro militar condenado pela Justiça brasileira por tortura. Eduardo, por sua vez, disse em 2018 que bastaria "um cabo e um soldado" para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) e, no ano seguinte, levantou a possibilidade de haver no País um novo AI-5, o ato de repressão mais duro da ditadura.

O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Luís Carlos Gomes de Mattos, desdenhou da divulgação dos áudios dos anos 1970 de integrantes do próprio tribunal que comprovam a prática de tortura durante a ditadura militar. Na sessão do tribunal desta terça-feira (19), ele afirmou que a divulgação dos áudios é "notícia tendenciosa" para "atingir as Forças Armadas".

Os áudios foram divulgados no último domingo (17), na coluna da jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo. Eles foram resgatados pelo historiador Carlos Fico, titular de história do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O STM passou a gravar as sessões a partir de 1975, às secretas. São 10 mil horas de material até 1985. Com a autorização da Justiça, o historiador conseguiu copiar todas as sessões das gravações, que estão sendo transcritas. 

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"Tivemos aí alguns comentários contra o nosso tribunal ou contra a Justiça Militar de maneira geral", declarou nesta terça-feira o presidente do STM, para quem a intenção da divulgação é "atingir Forças Armadas, Exército, Marinha, Aeronáutica", afirmou o presidente do STM. 

De acordo com ele, os ministros são "absolutamente transparentes" nos julgamentos. "Não tenho resposta nenhuma para dar. Simplesmente, ignoramos uma notícia tendenciosa daquela que nós sabemos o motivo. Aconteceu durante a Páscoa. Garanto que não estragou a Páscoa de ninguém — porque a minha não estragou. Garanto que não estragou a Páscoa de nenhum de nós", afirmou.

Ele disse estar incomodado porque "só varrem um lado, não varrem o ouro". "Apenas a gente fica incomodado que vira e mexe vem porque não tem nada para buscar. Hoje, vão rebuscar o passado. Agora, só varrem um lado, não varrem o outro. É sempre assim, já estamos acostumados com isso. Deixa para lá", declarou.

Para Gomes de Mattos, as informações reveladas nos áudios são "besteiras" e "idiotices", que não devem ser dadas respostas. "Nós temos a credibilidade do nosso povo e isso aí é o mais importante. Às vezes dói, viu? Às vezes, dá vontade de você responder, sacudir, mostrar. Não adianta. Você vai sacudir, não vai adiantar nada, porque não muda. Passam-se os anos e a pessoa diz a mesma coisa, as mesmas besteiras, as mesmas idiotices. E nós vamos ficar respondendo? Não, na minha opinião".

Conteúdo dos áudios 

Nos áudios, um general defende a apuração do caso de uma grávida de três meses que abortou depois de receber choques elétricos na genitália, que ocorreu no dia 8 de abril de 1974, como diz no conteúdo. 

Em julgamento no dia 13 de outubro de 1976, o ministro togado Waldemar Torres da Costa afirma que, às vezes, não dá para provar as torturas. "Começo a pedir a atenção dos meus eminentes pares para as apurações que são realizadas por oficiais das Forças Armadas. Quando as torturas são alegadas e às vezes impossíveis de ser provadas, mas atribuídas a autoridades policiais, eu confesso que começo a acreditar nessas torturas porque já há precedente".

O historiador Carlos Fico explicou ao O Globo que, em 2006, o advogado Fernando Fernandes pediu ao STM acesso às gravações, mas não conseguiu e acionou o STF, que determinou a liberação. No entanto, o STM não obedeceu a ordem e, em 2011, a ministra Cármen Lúcia determinou o acesso restrito aos autos, decisão que foi posteriormente referendada pelo plenário. 

Ao g1, o professor relatou que por mais que as pessoas tentem negar a tortura da ditadura, cabe aos historiadores mostrar a história como é. "Quando a gente vive tempos traumáticos, algumas pessoas tendem a criar memórias que as apaziguem com o passado. Outra coisa é a história. Não há dúvida que houve tortura, isso é óbvio. É até um pouco reiterativo, repetitivo dizer que houve tortura. Houve. Ponto final. Claro que houve. Outra coisa é a memória que algumas pessoas constroem, de negação da tortura".

A Comissão Nacional da Verdade divulgou, em 2014, um relatório que responsabilizou 377 pessoas por crimes cometidos durante a ditadura, dentre eles, tortura e assassinato. O documento também apontou 434 mortos e desaparecidos na época, além de 230 locais de violações de direitos humanos. O Clube Militar chamou o relatório de "coleção de calúnias" e de "absurdo".  

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) reagiu com ironia e risadas ao ser questionado sobre a possibilidade de se apurar os crimes ocorridos nos porões da ditadura militar, após a revelação feita pela jornalista Miriam Leitão, do jornal "O Globo", de áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) com relatos de tortura durante o regime. "Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. (sic) Vai trazer os caras do túmulo de volta?", declarou, rindo, o general da reserva na chegada ao Palácio do Planalto.

As mais de 10 mil horas de gravação analisadas pelo historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), relatam, por exemplo, a tortura de uma mulher grávida que sofreu aborto após ser submetida a choques elétricos pelos agentes da ditadura.

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Na avaliação do vice-presidente, a tortura "é passado". "Isso é história, já passou. É a mesma coisa de voltar para a ditadura do Getúlio. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente. É passado. Faz parte da história do País", avaliou Mourão.

Pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, o vice-presidente ainda disse nesta segunda-feira que a história da ditadura teria "dois lados", em linha com a bandeira de revisionismo histórico levantada pelo presidente Jair Bolsonaro. "A história sempre tem dois lados ao ser contada", afirmou. "Houve excessos: Houve excessos, de parte a parte. Não vamos esquecer o tenente Alberto, da PM de SP, morto a coronhadas pelo Lamarca e os facínoras dele", acrescentou o vice.

Pesquisa feita pelo advogado Fernando Fernandes e pelo historiador Carlos Fico, titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), trouxe à luz 10 mil horas de gravações de sessões do Superior Tribunal Militar (STM). Em algumas delas, juízes relatam práticas de tortura durante o período da ditadura militar no Brasil. 

Os áudios foram revelados pela jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, em sua coluna deste domingo (17). Segundo ela, as gravações mostram como os ministros do STM não só sabiam como falavam abertamente sobre a tortura de presos políticos. Entre as práticas estavam abortos causados por agressões à prisioneiras, surras com métodos "sádicos" e violência psicológica, entre outras.

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As sessões, inclusive as secretas, foram gravadas de 1975 a 1985. Nos registros, alguns ministros alegam duvidar das torturas, já outros, pedem apuração dos fatos. O acesso ao material se deu após o advogado Fernando Fernandes acionar o Supremo Tribunal Federal, em 2011. A liberação foi dada em 2015, quando Fernando digitalizou centenas de fitas com as gravações. 

Em entrevista à ConJur, o advogado disse que a audição das gravações resultou em dois livros: 'Voz Humana' e 'Poder e Saber, Campo Jurídico e Ideologia'. Ele também pretende montar um site que tornará o arquivo acessível à população. "A divulgação dos arquivos dos julgamentos de presos políticos é essencial para conectarmos as arbitrariedades e entendermos a tortura de 1964 e a moderna de Guantánamo e de Curitiba. A luta pela abertura dos arquivos sonoros dos julgamentos de presos políticos de 64 durou 20 anos".

Entidades representativas ligadas à classe jornalística repudiaram o comentário feito pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL), em tom de deboche, a respeito da tortura sofrida por Miriam Leitão durante a ditadura militar. O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, no último domingo (3), em tom jocoso, sentir "pena" da cobra com a qual a jornalista passou horas trancafiada em uma sala.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota nessa segunda-feira (4), condenando a atitude do deputado e destacando que esse tipo de ataque é recorrente por parte dele. "Causa indignação que um parlamentar, detentor de cargo e salário públicos, use sua voz para ofender mais uma vez a jornalista, citando de forma desqualificada e jocosa o período em que ela foi presa e torturada sob o regime militar no Brasil", diz a entidade.

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A Abraji continua: "O ataque de Eduardo Bolsonaro, notadamente defensor desse período sombrio da história do País, causa indignação não só no meio jornalístico como no político e econômico". O comentário do deputado foi repudiado por pré-candidatos à Presidência e políticos da Câmara e do Senado. Também gerou repercussão negativa entre influenciadores, artistas e jornalistas, e foi um dos assuntos mais comentados do Twitter entre o último domingo e a segunda-feira.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), representação máxima da categoria no País, foi além e pediu a cassação do mandato do deputado. A entidade defendeu a abertura "imediata" de um processo contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara, "para que não haja relativização em favor dos criminosos".

Segundo a nota, tanto Eduardo Bolsonaro quanto seu pai, o chefe do Executivo, "demonstram absoluta falta de empatia e compaixão, sentimentos normalmente partilhados entre os seres humanos".

"Passa da hora de os demais poderes constituídos da República brasileira, excluída a Presidência, por motivos óbvios, agirem para garantir o Estado de Direito, com a punição cabível para autoridades que insistem em agir fora dos preceitos legais e democráticos", diz a Fenaj. A nota foi endossada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

Leia a íntegra da nota da Abraji:

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudia os ataques do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à jornalista Míriam Leitão. Causa indignação que um parlamentar, detentor de cargo e salário públicos, use sua voz para ofender mais uma vez a jornalista, citando de forma desqualificada e jocosa o período em que ela foi presa e torturada sob o regime militar no Brasil (1964-1985). É um tipo de ataque recorrente, praticado não só pelo deputado, mas por seu pai, o presidente da República, a uma profissional da imprensa, na busca para desvalorizar seu trabalho e tentar silenciá-la no debate político.

Miriam Leitão tem contribuído para o jornalismo político e econômico há mais de 40 anos, sendo uma das profissionais mais respeitadas do país. O ataque de Eduardo Bolsonaro, notadamente defensor desse período sombrio da história do país, causa indignação não só no meio jornalístico como no político e econômico. É de se lamentar que um parlamentar eleito com os mecanismos democráticos use seu discurso para atacar profissionais que se colocaram sempre na defesa da democracia e apoie um período em que direitos civis foram suprimidos no Brasil. A Abraji se solidariza com Míriam Leitão e com todos os profissionais, sobretudo as mulheres, que têm sido constantemente atacadas e ofendidas nas redes sociais por agentes públicos.

Leia a íntegra da nota da Fenaj:

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade máxima de representação da categoria no país, vem a público repudiar a apologia à tortura, um crime que é também uma manifestação inequívoca de desumanidade.

E, para que não haja relativização em favor dos criminosos, a Fenaj defende a imediata abertura de processo ético contra o deputado Eduardo Bolsonaro, que neste domingo, 3 de abril, quis debochar da jornalista Míriam Leitão, colunista do jornal O Globo e comentarista da Globo News, citando um episódio de tortura a que ela fora submetida, quando presa durante a ditadura militar.

Não foi a primeira vez que Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, tratou a tortura como uma prática banal e defensável. Também não foi a primeira vez que a jornalista Míriam Leitão foi desrespeitada pela família Bolsonaro, em sua história de militante e presa política. Portanto, passa da hora de os demais poderes constituídos da República brasileira, excluída a Presidência, por motivos óbvios, agirem para garantir o Estado de Direito, com a punição cabível para autoridades que insistem em agir fora dos preceitos legais e democráticos. Algumas dessas autoridades, como Bolsonaro pai e filho, também demonstram absoluta falta de empatia e compaixão, sentimentos normalmente partilhados entre os seres humanos.

Na oportunidade, a Fenaj defende ainda a punição para os torturadores, militares e civis, que cometeram seus crimes durante a ditadura militar e que continuam impunes, com base numa interpretação equivocada da Lei da Anistia. Lembramos que a tortura é crime equiparado aos crimes hediondos e é imprescritível.

Punição para os torturadores e para os que fazem apologia à tortura!

Nossa solidariedade à jornalista Miriam Leitão, às vítimas da ditadura militar e aos familiares das vítimas que não resistiram às torturas e sucumbiram nos porões dos cárceres.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) prestou solidariedade à Miriam Leitão após a jornalista ser atacada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) nas redes sociais. Nessa segunda-feira (5), ela afirmou que a família Bolsonaro tem "compromisso com a tortura" e que o filho do presidente teve uma atitude desprezível.

Eduardo escreveu: "ainda com pena da cobra" para rebater uma artigo de Miriam em que apontava seu pai como inimigo da democracia. Vítima de tortura durante a ditadura militar, a jornalista relatou que foi presa em uma cela com um jiboia enquanto estava grávida.

Homenagem ao coronel Ustra

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Dilma também foi vítima de agressões e chegou a ser presa no regime de exceção. Ela repudiou o'deboche' do parlamentar e a admiração da família Bolsonaro pelo período da ditadura, que violou direitos e garantias fundamentais.

A ex-presidente lembrou que Jair Bolsonaro homenageou o coronel Brilhante Ustra, um dos comandantes das violências do regime, em seu voto favorável a abertura do processo de impeachment na Câmara e que o atual presidente já desrespeitou a memória do ex-presidente da OAB, Fernando Santa Cruz, desaparecido na ditadura.

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Políticos, jornalistas, acadêmicos, cientistas e artistas repudiaram ontem a publicação em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) debocha da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar. O PSOL e a Rede entraram com um pedido de cassação do mandato do filho do presidente Jair Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar.

No domingo, Eduardo escreveu em suas redes sociais: "ainda com pena da cobra", em resposta a uma postagem na qual a jornalista afirmou que Bolsonaro é inimigo da democracia. O comentário faz alusão a uma das torturas sofridas por Miriam, que teve de ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Na época, ela estava grávida.

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Reação

A afirmação de Eduardo foi criticada por políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Alessandro Vieira (PSDB), a deputada Natália Bonavides (PT-RN) e o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, dentre outros.

Cerca de 300 pessoas, entre jornalistas, acadêmicos, cientistas e artistas escreveram um abaixo-assinado. "Miriam tinha 19 anos, estava grávida e sob a tutela do Estado autoritário quando foi submetida aos horrores da tortura e teve seus direitos humanos violados. Apologia à tortura é crime e quem a pratica deve se submeter aos rigores da Legislação", diz o documento.

O pedido de cassação caracteriza a declaração como "criminosa, repugnante e abjeta" e relembra outros episódios em que Eduardo defendeu a ditadura militar e as ações repressivas durante o período.

No Conselho de Ética da Câmara, a cassação mais recente foi a de Flordelis (RJ), acusada de mandar assassinar o marido, em 11 de agosto de 2021, quase um ano após o Ministério Público aceitar denúncia. Antes de Flordelis, a última cassação aprovada na Câmara foi a de Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa, em 2016.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) afirmou, na manhã desta segunda-feira (4), que a bancada do PSOL na Câmara vai entrar com pedido de cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) no Conselho de Ética.

O pedido acontece após o filho "zero três" do presidente Jair Bolsonaro (PL) debochar da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a época da ditadura militar no Brasil. 

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Em resposta a uma matéria feita por Miriam onde ela compara o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro, chamado pela jornalista de "inimigo da democracia", Eduardo postou em seu twitter: "Ainda com pena da cobra". O parlamentar se referia a uma jiboia usada pelos militares para torturar Leitão, que estava grávida de um mês na época.

Isso foi necessário para que os pessolistas pedissem a cassação do filho do presidente. "Eu e a bancada do PSOL na Câmara entraremos com pedido de Cassação de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética. É inadmissível a agressão à jornalista Miriam Leitão, a apologia à tortura e à violência contra mulher. Basta de impunidade", pontuou Ivan Valente.

Em resposta a uma postagem de Miriam Leitão, na qual a jornalista afirmou que Jair Bolsonaro (PL) é um inimigo confesso da democracia, o filho do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), postou em seu Twitter: "Ainda com pena da cobra."

Segundo relatos da própria jornalista, durante a ditadura militar ela foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça. Além disso, teve de ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia - a cobra, citada por Eduardo Bolsonaro. Na época, a jornalista estava grávida de 1 mês.

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Em 2018, Eduardo Bolsonaro disse que bastaria um cabo e um soldado para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF). No ano seguinte ele defendeu a possibilidade de um "novo AI-5". O AI-5 é considerado um dos mais duros decretos emitidos pela ditadura militar.

Durante a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, Jair Bolsonaro dedicou seu voto ao comandante Brilhante Ustra, um dos responsáveis pela tortura que Dilma sofreu na ditadura. Em evento de pré-campanha do PL, no domingo, 27, o presidente se referiu a Ustra como um "velho amigo".

Neste último 31 de março - data que marcou 58 anos do golpe militar - Bolsonaro também aproveitou a solenidade de saída de seus ministros que concorrerão às eleições deste ano para enaltecer o regime militar.

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) recebe, nesta sexta-feira (11), mais uma denúncia contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Desta vez, o tema é o desmonte dos mecanismos de combate à tortura.

Desde que assumiu o cargo, Bolsonaro já foi denunciado ao conselho pelas tentativas de flexibilizar o acesso às armas, por ataques a lideranças indígenas e a profissionais da imprensa e pela conduta na gestão da pandemia da Covid-19.

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O advogado Gustavo Huppes está em Genebra, na Suíça, como porta-voz de uma coalização de ONGs, encabeçadas pela Conectas Direitos Humanos e pela Justiça Global, para apresentar ao conselho o que avalia como um ataque sistemático ao Sistema Nacional de Prevenção à Tortura (SNPCT), que foi criado em 2013 para atender recomendações da própria ONU.

O discurso vai lembrar o decreto do presidente que, em 2019, exonerou e extinguiu os cargos de todos os peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão responsável por fiscalizar e produzir relatórios sobre violações de direitos humanos. O MNPCT funciona hoje por uma decisão liminar da Justiça Federal. Uma de suas frentes de atuação mais importantes envolve o monitoramento do sistema penitenciário.

Outro ponto de alerta levantado pelas entidades será a superlotação nos presídios e a violência estatal.

Peritos da ONU estiveram no Brasil no mês passado para questionar o governo sobre propostas que estariam enfraquecendo o monitoramento do combate à tortura. A visita ocorreu diante da possibilidade de o País não estar cumprindo obrigações internacionais. Em nota, a comitiva fez um apelo pelo reforço dos mecanismos nacionais de prevenção contra a tortura.

A denúncia é levada ao conselho da ONU às vésperas do julgamento pautado no Supremo Tribunal Federal (STF) para analisar o desmonte do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. A ação movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) deve ser julgada ainda neste mês.

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