Após uma rápida e polêmica passagem pela Secretaria Especial de Cultura, da qual foi desligada na última quarta (20), Regina Duarte resolveu comentar sua trajetória na pasta. Em um artigo escrito por ela própria, a agora ex-secretária lamentou a avalanche de críticas que recebeu e o descrédito de alguns em relação ao seu potencial. Ela também se desculpou pelo modo como falou sobre as torturas ocorridas durante a ditadura militar, em entrevista ao canal CNN.
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Regina escreveu um verdadeiro desabafo em um artigo publicado no jornal Estadão, publicado nesta sexta (22). Nele, Duarte comenta as críticas que recebeu tão logo foi indicada para assumir a pasta da cultura no governo Bolsonaro. “Recuso-me a responder às manifestações de desaprovação vociferadas pelos mais exaltados. Há críticas que são refratárias ao argumento racional exatamente por extrapolarem qualquer juízo”. Segundo a ex-secretária, ela identificou uma “ação coordenada de apedrejar uma pessoa que, há mais de meio século, vem se dedicando às artes e à dramaturgia brasileira".
A entrevista à CNN também foi mencionada no texto. Sobre ela, Regina disse que foi mal interpretada em relação ao que disse sobre tortura e pediu desculpa para quem se sentiu ofendido. “Amo meu país, sim, e tenho deixado isso sempre bem claro, a ponto de, numa recente entrevista à TV, ter cantado a conhecida marchinha dos anos 70, que fala de 'todos ligados na mesma emoção'. Nada a ver com defesa da ditadura, como quiseram alguns, mas com o sonho de brasilidade e união que venho defendendo ao longo de toda a minha vida. E me desculpo se, na mesma ocasião, passei a impressão de que teria endossado a tortura, algo inominável e que jamais teria minha anuência, como sabem os que conhecem minha história”.
Por fim, a ex-secretária revelou seus desejos para a arte e cultura brasileiras e lamentou não ter tido a chance de contribuir para essa área. “O país precisa de uma política cultural que transcenda ideologias. Foi isso o que tentei colocar de pé quando acedi colaborar diretamente com o governo federal. (Pensei) num país que tivesse nas comunicações uma elite pensante que não optasse pelo 'quanto pior, melhor'. Esse era o trabalho que deveria estar sob os holofotes da opinião pública”.