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O número de casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus no sistema prisional brasileiro chegou a 13.778 até essa quarta-feira (22), com um aumento de 99,3% em 30 dias, de acordo com dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O número de mortos chegou a 136.

Os dados somam os 5.113 casos e 65 mortes confirmadas entre servidores do sistema prisional, com 8.665 casos e 71 mortes de presos confirmadas. O levantamento feito pelo CNJ leva em conta informações dos Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, de boletins das secretarias estaduais de Saúde e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

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Entre os presos, o maior número de casos foi registrado no Distrito Federal (DF), onde 1.620 pessoas já contraíram o vírus, com três mortes. Em seguida vem Pernambuco, com 1.033 casos e seis mortes. Entre os servidores, o Pará lidera o número de casos, com 588, dos quais cinco morreram.

De acordo com o CNJ, os dados devem ser lidos levando em consideração as diferentes políticas de testagem adotadas em cada unidade da federação. O levantamento mostra que, em todo país, foram realizados até o momento 18.607 testes em pessoas presas e 19.132 em servidores. Há hoje mais de 700 mil presos no sistema penitenciário.

No sistema socioeducativo, com internos menores de idade, foram registros 2.356 casos de Covid-19 (alta de 80,2% em 30 dias) e 16 mortes.

Após mais de quatro meses de pandemia no País, 1% da população brasileira já está oficialmente infectada pelo novo coronavírus. Ontem o Brasil registrou 1.293 novas mortes e mais 65.339 casos confirmados de infecção em 24 horas, segundo dados do levantamento realizado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. Nos últimos sete dias, o Brasil registrou uma média diária de 1.052 óbitos.

Da população de mais de 211 milhões, conforme o IBGE, 2.231.871 foram infectados pela Covid-19. Isso representa 1,05% de contaminação. Apesar disso, o País testa pouco a população, ou seja, os números podem ser muito maiores que os registrados. Como o Estadão já mostrou, o Brasil só atingiu 20% da capacidade de exames prevista para o período de pico.

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Além de distribuir menos testes do que o projetado, o governo Jair Bolsonaro também tem feito entregas de kits incompletos, sem um dos reagentes essenciais para processar as amostras.

Em alguns locais, como São Paulo e Rio, só faz o teste quem está internado com quadro mais grave e sintomas da doença.

Mesmo quem consegue fazer o teste precisa esperar dias, às vezes mais de uma semana, para saber se está com Covid-19.

Essa marca de ter 1% da população infectada não é exclusividade do Brasil. Nações como San Marino, Catar, Estados Unidos, Kuwait, Chile, Peru, Omã, Panamá, Bahrein, Armênia e Andorra também já registram mais de 1% de sua população contaminada pelo novo coronavírus, conforme as informações do site Worldometers. Isso sem contar Guiana Francesa e Mayotte, que são departamentos franceses.

Além de estar nesse pequeno grupo de alta incidência da Covid-19 em sua população, o Brasil é o segundo país com mais casos da doença no mundo. Só perde para os Estados Unidos, que somam 3.941.741 de contaminações confirmadas, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O terceiro país mais afetado é a Índia, com 1.193.078 casos. Os três juntos são responsáveis por quase metade de todos os casos registrados no mundo. No dia 16 de julho, o País alcançou a marca de 2 milhões de casos de Covid-19 e em menos de 6 dias foram mais de 207 mil novas infecções.

O Estado de São Paulo, que desde o início da pandemia é o epicentro da doença, contribuiu para o alto número de casos ontem com mais 16.777 infecções registradas em 24 horas. Há 439.446 pessoas com a Covid-19 no Estado, que computou mais 361 mortes, chegando a um total 20.532 óbitos. Em números absolutos, São Paulo continua liderando o ranking nacional de mortes e casos confirmados da doença.

O Rio de Janeiro vem na sequência da lista de Estados mais afetados, com 150 mortes registradas por Covid-19 e 3.502 novos casos da doença no período de 24 horas. Agora são 12.443 mortes e 148.623 casos no total. Em todas as regiões brasileiras, exceto a Norte, houve recorde de casos ontem.

Consórcio

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação, que uniram forças para coletar dados com as Secretarias Estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia - e continua mesmo após recuo da gestão.

O órgão governamental informou, no início da noite desta quarta-feira, que contabilizou 1.284 óbitos e mais 67.860 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, no total são 82.771 mortes e 2.227.514 casos confirmados pelo coronavírus. O número é diferente do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após dois casos relatados na Itália, uma pesquisa coordenada pela Universidade de Milão revelou que mulheres grávidas que testaram positivo para o novo coronavírus Sars-CoV-2 podem transmitir a doença para o feto e até para o bebê recém-nascido.

O principal autor do documento, o italiano Claudio Fenizia, enfatizou que os resultados "sugerem fortemente" a possibilidade de uma transmissão intrauterina.

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O estudo foi apresentado durante a 23ª Conferência Internacional sobre a Aids organizada na semana passada, pela primeira vez a distância, devido à pandemia.

De acordo com "sólidas provas", analisadas também pela equipe de pesquisadores da Universidade do sudoeste do Texas, em Dallas, liderada por Amanda Evans, a pesquisa poderia ter um impacto positivo na proteção das mulheres grávidas.

Apesar dos casos de bebês contaminados serem isolados, os resultados mostram, com mais clareza, a relação entre mãe e filho durante a transmissão. "Numerosos bebês nasceram de mulheres que deram positivo para o vírus Sars-CoV-2, a maioria delas sem doença respiratória ou traços moleculares de positividade do vírus", comentou Evans.

A pesquisadora afirma que o estudo "é o primeiro a documentar a transmissão intrauterina da infecção durante a gravidez, com base em traços do vírus nas células da placenta fetal". Ao todo, 31 mulheres grávidas internadas e infectadas foram estudadas.

A análise localizou o vírus na placenta, no cordão umbilical e na vagina, além do leite materno. O grupo também encontrou anticorpos da Covid-19 nos cordões umbilicais de várias mulheres e no leite.

No Texas, segundo Evans, um bebê, nascido após 34 semanas de gestação, estava em terapia intensiva tanto por prematuridade quanto por possível exposição ao coronavírus. A menina parecia inicialmente saudável, mas no segundo dia de vida começou a ter febre e problemas respiratórios leves.

"É improvável que o desconforto respiratório observado no bebê dependa de sua prematuridade", observou, lembrando que, de fato, o bebê foi testado positivo para o vírus entre 24 e 48 horas depois de seu nascimento. Na ocasião, a criança foi tratada com um suplemento de oxigênio por vários dias e não precisou de ventilação mecânica. Ela permaneceu contaminada por 14 dias. No 21º dia, mãe e filha receberam alta médica. 

Da Ansa

No âmbito global, o número de novos casos da Covid-19 está em aceleração, tendo o planeta registrado o maior número de infectados na última quinta-feira (9), quando 227 mil pessoas testaram positivo para o novo coronavírus.

Os grandes responsáveis por esses números astronômicos foram os Estados Unidos, com mais de 55 mil casos, e o Brasil, com mais de 42 mil casos - Índia fecha o grupo com mais de 24 mil infectados. Todos esses números são dessa quinta-feira (9).

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O balanço foi divulgado pela Universidade Johns Hopkins. EUA, Brasil e Índia representam mais da metade de todos os diagnósticos positivos levantados pela universidade.

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O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) para que Jair Bolsonaro (sem partido) responda por crimes contra a saúde pública. Segundo explica Freixo, nesta terça-feira (7), Bolsonaro violou os artigos 131 e 132 do Código Penal ao retirar a máscara durante a entrevista em que anunciou que está com o novo coronavírus.

“O uso de máscara faz efeito. O da cloroquina, não. Mas até doente Bolsonaro sabota o combate à pandemia. O presidente já sabia que estava contaminado quando retirou a máscara durante entrevista, colocando deliberadamente a vida dos demais em risco", escreveu o deputado.

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O Ministério Público em Minas Gerais (MP-MG) pediu à Justiça a quebra do sigilo bancário dos donos da cervejaria Backer, todos já indiciados no último dia 9 pela Polícia Civil do Estado dentro das investigações sobre a intoxicação de 29 pessoas pela substância dietilenoglicol após o consumo da cerveja Belorizontina, produzida pela marca. O objetivo, segundo a Promotoria, é identificar possíveis manobras para ocultação de patrimônio. Das 29 pessoas intoxicadas, oito morreram.

A suspeita do MP-MG, conforme posicionamento divulgado nas redes sociais, é a de que os donos da cervejaria tenham feito "transações bancárias com o intuito de esconder patrimônio e, assim, alegar judicialmente que não teriam condições para fazer repasses e bancar tratamento para as vítimas".

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O MP-MG diz ainda que somente depois da decisão da Justiça é que vai se manifestar sobre o oferecimento de denúncia ou quanto à necessidade de realização de novas diligências. Por parte da Polícia Civil, os três sócios da Backer foram indiciados por não terem feito "recall" (recolhimento) de produto depois de tornados públicos casos de contaminação. A pena é de quatro a oito anos de prisão.

Em janeiro, quando os casos de intoxicação começaram a surgir, uma das sócias da empresa, Paula Lebbos, afirmou em entrevista à imprensa que ninguém deveria beber a cerveja. A Polícia Civil, no entanto, afirma que procedimentos para a realização do "recall" têm regras a serem seguidas e que a Backer não as cumpriu.

Ao todo, 11 pessoas foram indiciadas. Sete funcionários da cervejaria foram denunciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa, ou seja, quando não há a intenção de cometer os crimes. As investigações da Polícia Civil apontaram que o dietilenoglicol, utilizado no processo de refrigeração externa de tanque em que a bebida era armazenada, estava sendo injetado para dentro do reservatório.

Em nota, a Backer afirmou que se "manifestará nos autos quando intimada a se pronunciar sobre qualquer despacho neste sentido. Ainda, a Backer refuta tais alegações, dizendo que "inexiste prática de ocultação de bens. Trata-se de afirmação completamente desprovida de qualquer veracidade e fundamentação, uma vez que a empresa sempre cumpriu todas as suas obrigações legais". A cervejaria, no texto, diz que "irá honrar com todas as suas responsabilidades junto à Justiça, às vítimas e aos consumidores".

Um estudo do Instituto Americano de Física publicado na última terça-feira (16) na revista científica Physics of Fluids alerta sobre a possibilidade do vírus Sars-coV-2, causador do coronavírus (Covid-19) sobreviver no trato digestivo humano e aparecer no vaso sanitário pelos dejetos de pessoas contaminadas.

O artigo especifica que a turbulência causada pela descarga é capaz de espalhar todos os tipos de bactérias e vírus pelo vaso sanitário. Embora ainda não se saiba exatamente se essa pode ser uma forma de contaminação, os pesquisadores decidiram investigar o potencial que uma descarga tem de disseminar tais microrganismos. Para a investigação, a equipe utilizou modelos digitais que simulam o fluxo de água e ar em um vaso sanitário e a nuvem resultante de gotículas. Os especialistas também simularam o movimento dessas partículas ao serem ejetadas. 

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Entre as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) já conhecidas, como o distanciamento social, o uso de máscaras, a constante higienização das mãos, entre outros, o estudo resgata outro importante cuidado: sempre manter o vaso sanitário fechado após o uso, evitando que outras pessoas que compartilham o mesmo se infectem, além de manter o banheiro e todos os outros cômodos da casa limpos e arejados.

Um levantamento feito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro, aponta que Pernambuco está entre os dez estados com índice de contágio do novo coronavírus abaixo de 1. O valor referente ao número de pessoas que podem ser infectadas por um paciente com Covid-19 indica que a disseminação do vírus esteja controlada na região, que também apresentou o maior tempo com nível 'satisfatório'.

O estado assume a liderança da lista com o registro de 19 dias com a taxa de proliferação por volta de 0,87. A contenção da pandemia repercutiu na rede de saúde, que sofreu uma queda na procura por leitos de UTI e opera com 87% da ocupação, após atingir 99% das vagas preenchidas. A diminuição de pacientes com a Covid-19 disponibilizou mais de 100 vagas em hospitais para casos suspeitos ou confirmados.

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Os números impulsionam o Plano de Convivência de 11 etapas proposto pelo governo do estado, que semanalmente libera o retorno de setores comerciais para retomar a economia com segurança. De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), 3.886 pessoas já morreram e 45.507 pacientes foram contaminados pelo o novo coronavírus.

Na linha de frente do combate ao novo coronavírus, os profissionais da saúde também estão entre os afetados pela pandemia. Segundo o Ministério da Saúde, já foram coletados e analisados 432.668 testes desses agentes, entre 1º de março e 1º de junho, dos quais 83.118 deram positivo. Destes, 169 (19,21%) morreram por causa da Covid-19, informou a pasta.

A maioria dos óbitos (42) é de profissionais da enfermagem, seguidos pelos médicos (18). A doença também levou à morte farmacêuticos e bioquímicos (6 no total), nutricionistas (6), cirurgiões dentistas (5), fisioterapeutas (2) e psicólogos ou psicanalistas (2 no total). Há outros 88 profissionais da saúde cuja categoria não foi informada.

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Mayra Pinheiro, secretária do Trabalho e da Educação na Saúde, destacou, porém, que esse número de mortos "não pode ser encarado como um dado fidedigno" do contingente de profissionais da saúde no País, que, segundo ela, são 6 milhões entre 14 categorias - só de médicos são mais 400 mil e 1,2 milhão de enfermeiros. Ela ressaltou também que pode ter profissionais testados que não informaram sobre os testes.

Há pouco mais de um mês, em 14 de maio, o ministério havia informado que quase 200 mil agentes de saúde já apresentavam sintomas da doença desde o início da pandemia. Questionada sobre o aumento do número de profissionais infectados (mais do que o dobro), Mayra disse que, na realidade, o que houve foi aumento de notificação.

"Na verdade, a gente está tendo mais notificação. Necessariamente, eu não posso afirmar que o número dobrou. Nós começamos a fazer o acompanhamento e aí passamos a receber mais notificações", justificou ela. Para tentar minimizar esse impacto, a secretária disse que o ministério tem tido o cuidado de intensificar a oferta de equipamentos de proteção individual, bem como a realização de cursos para que os agentes de saúde sejam bem instruídos para o uso dos aparelhos.

Mayra afirmou que boa parte dos testes rápidos que foram doados ao ministério é destinada ao acompanhamento dos profissionais da saúde. "Quando testa, tem a possibilidade de afastar esses profissionais e, na testagem, saber se ele tem anticorpos e se pode voltar às atividades", afirmou. Segundo ela, já esperando que essa categoria fosse afetada pela alta exposição ao novo coronavírus, a pasta se antecipou em criar um banco de dados com agentes de saúde que estariam dispostos a atuar na pandemia.

Ela disse, ainda, que as secretarias do ministério vêm insistindo, junto às secretarias estaduais e municipais, para que haja o maior número de testagens entre os profissionais da saúde.

Após sofrer com um dos surtos mais intensos do novo coronavírus no Brasil, a cidade de Fortaleza registrou uma queda na curva de contágio, e reduziu o número de internações, casos e óbitos. Especialistas comemoram que a pior fase já passou, mas alertam que a pandemia está longe do fim na capital cearense.

Com o acúmulo de mais de 30 mil infectados e 2.848 mortes em razão da Covid-19; no último domingo (7), Fortaleza conseguiu passar 24h sem internar pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No dia 10 de maio, a rede de saúde local atendeu 2.139 pacientes em 24h. Cerca de um mês depois, no dia 9 de junho, apenas 569 atendimentos foram realizados.

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"Estimamos que o platô de casos ocorreu durante 20 dias, entre 19 de abril e 9 de maio. Já o pico de óbitos durou um pouco mais, de 3 a 27 de maio", afirmou o infectologista Antônio Silva Lima Neto, que integra o comitê científico do Consórcio Nordeste e da Secretaria de Saúde de Fortaleza. A diminuição pode ser explicada porque, normalmente as mortes ocorrem após cerca de dez dias de internação.

O levantamento Epocovid19, coordenado pela Universidade de Pelotas, considera que Fortaleza tenha a terceira taxa mais alta de infecção, com 15,6% da população contaminada. A Secretaria Municipal de Saúde ainda aguarda o resultado da avaliação de quantas pessoas já se infectaram. "A gente espera um resultado entre 13% e 15%, maior do que em Wuhan [onde surgiu a doença, na China], e se aproximaria de Londres em termos de pessoas que já produziram anticorpo", espera o infectologista.

Com a retração nos números da doença, o isolamento social começou a ser flexibilizado e as atividades econômicas começaram a ser retomadas gradualmente desde o dia 1º de junho.

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito que apura a contaminação de cervejas produzidas pela cervejaria Backer por uma substância tóxica cujo consumo matou ao menos nove pessoas e levou dezenas de outros consumidores ao hospital.

Conforme os responsáveis pela investigação já vinham antecipando, a conclusão final descarta a hipótese de sabotagem. Ou seja, para a Polícia Civil, não há nada que indique uma ação intencional para prejudicar a cervejaria. Mais informações vão ser divulgadas a jornalistas durante entrevista coletiva agendada para as 10 horas de hoje.

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De acordo com a Polícia Civil, o inquérito já acumula cerca de 4 mil páginas. Mais de 70 pessoas prestaram depoimentos às equipes coordenadas pela 4ª Delegacia de Barreiro, bairro de Belo Horizonte. Dentre elas, vítimas, suspeitos e testemunhas. Além disso, desde 5 de janeiro, a fábrica da Backer, na capital mineira, e empresas fornecedoras de matéria-prima foram alvos de perícias ou de cumprimentos de mandados de busca e apreensão.

A contaminação de lotes inteiros de diferentes tipos de cerveja produzidos pela Backer foi causada pela presença da substância dietilenoglicol. Devido a suas propriedades anticongelantes, a substância costuma ser usada em sistemas de refrigeração, por vários segmentos produtivos.

Após ter sido forçado pelo Justiça a apresentar os resultados negativos de exames para Covid-19, em ação apresentada pelo Estadão, o presidente Jair Bolsonaro disse na noite de terça-feira (2) que "talvez" já tenha sido contaminado umas "20 vezes". Bolsonaro admitiu que está mais exposto por participar frequentemente de manifestações e que muitos serão contaminados. No Brasil, já são mais de 550 mil diagnosticados com o vírus e cerca de 30 mil mortos.

"Apesar de estar no grupo de risco, eu sou o comandante da nação, tenho que estar no meio do povo. E ando no meio do povo. Eu já peguei 20 vezes este vírus, talvez, ou o vírus não quer papo comigo. É uma realidade. Vai contaminar muita gente. Parece que o time do Vasco tem um montão de cara com vírus lá. Vai pegar, e a grande maioria nem vai saber que pegou. Talvez é o meu caso. Assintomático", disse na saída do Palácio da Alvorada.

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Contrário ao isolamento social, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como principal forma de contenção do novo coronavírus, Bolsonaro disse que lamenta as mortes decorrentes da doença, mas que "se tivesse dado atenção à questão do emprego, (a situação) estaria diferente hoje em dia".

"A gente lamenta os mortos. O pessoal sempre acha que eu estou ignorando. Lamento os mortos. Qualquer morto. Quem não perdeu familiar aí na vida? Mas, se tivesse dado atenção à questão do emprego, estaria diferente hoje em dia", disse Bolsonaro.

Bolsonaro também criticou a divulgação de conteúdo sobre o tema, pois considera que gera pânico à população. "O vírus é uma coisa que vai pegar em todo mundo. Não precisava ter, grande parte da imprensa, criado este estado de pânico junto à população", afirmou.

O novo coronavírus foi detectado em várias superfícies de quartos de hotel onde dois estudantes chineses pré-sintomáticos foram postos em quarentena antes de ser diagnosticados com a doença, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (18).

Para elaborar o estudo, publicado na revista Emerging Infectious Diseases, dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, os cientistas examinaram os quartos de hotel dos estudantes, que retornaram à China em 19 e 20 de março.

Ao chegarem, eles foram transferidos a um hotel para cumprir 14 dias de quarentena obrigatória. Na manhã do segundo dia de isolamento, permaneceram assintomáticos, mas testaram positivo para a Covid-19 e foram hospitalizados.

Os pesquisadores afirmaram que o estudo "demonstra uma extensa contaminação ambiental com o DNA do Sars-Cov-2 em um tempo relativamente curto".

Além disso, destacaram que se detectou uma maior carga viral depois do contato prolongado com lençóis e fronhas.

"A detecção do DNA do Sars-Cov-2 nas superfícies de lençóis, cobertor e fronha ressalta a importância dos procedimentos de manipulação adequados ao trocar ou lavar a roupa de cama usada pelos pacientes" com Covid-19, pontuaram.

"Em resumo, nosso estudo demonstra que os pacientes pré-sintomáticos têm alto desprendimento de carga viral e podem contaminar facilmente os ambientes", concluíram.

O estudo foi iniciado aproximadamente três horas depois de os pacientes testarem positivo. Neste momento, os cientistas coletaram amostras de várias superfícies nos quartos. Coletaram um total de 22 amostras nos dois quartos.

Oito das amostras deram positivo para a Covid-19. Seis pertenciam ao quarto do estudante identificado como Paciente A e eram do interruptor da luz, a maçaneta da porta do banheiro, o lençol, o cobertor, a fronha e a toalha. No quarto do Paciente B foram detectadas amostras positivas em uma torneira e em uma fronha.

A pesquisa foi feita por cientistas do Centro Qingdao para o Controle e a Prevenção de Doenças, o Centro Provincial de Shandong para o Controle e a Prevenção de Doenças, o Centro Global de Pesquisa em Saúde da Universidade Duke Kunshan e o Instituto de Microbiologia e Epidemiologia de Pequim.

Cientistas de todo o mundo estudam quanto tempo o vírus pode sobreviver em superfícies variadas. Os estudos demonstraram que podem viver de três horas a sete dias a depender do material, de acordo com as conclusões da Clínica Cleveland.

O novo coronavírus provocou pelo menos 304.619 mortes no mundo desde que surgiu na China em dezembro, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em fontes oficiais às 16h de Brasília (19h GMT) desta sexta-feira (15).

Desde o início da epidemia, foram contabilizados mais de 4.491.730 casos de contágio em 196 países ou territórios. A cifra de casos diagnosticados como positivos reflete apenas parte do total de contágios, devido às políticas díspares dos diferentes países para diagnosticar os casos, pois alguns o fazem apenas com pessoas que precisam de hospitalização.

As autoridades consideram que até agora, ao menos 1.571.100 pessoas se curaram da doença.

Desde as 16h de Brasília de quinta-feira, foram registradas 4.981 novas mortes e 96.039 contágios no mundo. Os países que registraram mais mortes foram Estados Unidos, com 1.759 novos falecimentos, Brasil (844) e Reino Unido (384).

O número de mortos nos Estados Unidos, que registraram seu primeiro óbito vinculado ao vírus no começo de fevereiro, chegou a 86.744. O país registrou 1.429.990 contágios. As autoridades consideram que 246.414 pessoas se curaram.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são Reino Unido, com 33.998 mortos e 236.711 casos; Itália, com 31.610 mortos (223.885 casos); França, com 27.529 mortos (178.870 casos); e Espanha, com 27.459 mortos (230.183 casos).

Na França, foram registradas nas últimas 24 horas 104 novas mortes.

Entre os países mais afetados, a Bélgica é o que amarga a maior letalidade, com 77 mortes por 100.000 habitantes, seguida de Espanha (59), Itália (52), Reino Unido (50) e França (42).

A China continental (exceto Hong Kong e Macau), onde a epidemia emergiu no fim de dezembro, tem um total de 82.933 pessoas contagiadas, das quais 4.633 morreram e 78.209 se curaram totalmente. Nas últimas 24 horas, foram registrados quatro novos casos e nenhum óbito.

Nesta sexta às 16h de Brasília e desde o começo da epidemia, a Europa somava 164.137 falecidos (1.848.598 contágios); Estados Unidos e Canadá, 92.386 (1.504.523); América Latina e Caribe, 25.690 (454.107); Ásia, 11.696 (336.428); Oriente Médio, 7.983 (262.778); África, 2.601 (76.941), e Oceania, 126 (8.363).

Este balanço foi realizado com base em dados das autoridades nacionais compilados por escritórios da AFP e com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Uma festa entre familiares e amigos terminou com 3 mortes e 14 possíveis infectados pelo novo coronavírus. Todas essas 17 pessoas apresentaram os sintomas do Covid-19, no entanto, nenhum teste feito teve o seu resultado divulgado. As vítimas fatais foram 3 irmãos com mais de 60 anos que tiveram complicações graves e morreram duas semanas depois da festa, que foi realizada no dia 13 de março deste ano, em Itaperuna da Serra, Grande São Paulo. 

Nessa época, o avanço no novo coronavírus no Brasil ainda era tímido e, por isso, segundo confirmou Vera Lúcia Pereira, aniversariante na época, a família decidiu comemorar os seus 59 anos. À reportagem da BBC Brasil, Lúcia disse que para a festa foram convidadas 28 pessoas, todas reunidas no quintal da casa da aniversariante. 

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"Foram apenas parentes mais próximos para evitar que viessem muitas pessoas", salienta Vera. Dias depois da festividade, os três irmãos começaram a passar mal, apresentando os sintomas da Covid-19 - duas semanas depois, eles morreram com a suspeita no novo coronavírus. Os exames ainda não ficaram prontos por conta da alta demanda e não têm previsão para que sejam concluídos. 

Vera Lúcia pontua que os médicos que acompanharam os casos têm 99% de certeza de que a Covid-19 foi responsável pelos óbitos por conta da forma como se deu toda a situação. 

Vera e seu filho apresentaram os sintomas do vírus, mas conseguiram se recuperar. Nas suas contas, segundo relatos no grupo da família no whatsapp, possivelmente outras 12 pessoas que participaram da festa foram infectadas. 

As pessoas que participaram da festa estão em isolamento porque todos acreditam ser a melhor forma de precaução. Rafaela Hanae, 33 anos, filha de uma das vítimas fatais, critica a demora para que os resultados sejam divulgados. "Isso mostra que os números divulgados oficialmente não demonstram a realidade do Coronavírus no Brasil. Há muito mais casos", declara Hanae. 

 

Um comunicado elaborado pela equipe de microbiologia do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) da Universidade de São Paulo (USP) foi publicado para tirar as dúvidas da população sobre a transmissão do novo Coronavírus por meio dos alimentos.

De acordo com os pesquisadores, mesmo sem histórico de contaminação direta pela comida, é de extrema importância a manutenção da higiene em pias, mesas e bancadas. Além disso, os especialistas alertam para a limpeza correta das mãos antes do manuseio de qualquer produto alimentício e para a lavagem de itens como frutas e hortaliças.

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“Em tempos de COVID-19, as recomendações de higiene e limpeza são as mesmas de sempre e devem ser seguidas criteriosamente. Bancadas, pias, louças e demais utensílios devem estar sempre limpos e secos, sem resíduos de alimentos. Geladeiras, freezers, fornos, fogão e demais eletrodomésticos devem ser limpos e higienizados com regularidade, com água, sabão e sanitizantes ou água sanitária. O mesmo vale para as paredes, chão e teto. Esses procedimentos evitam a presença dos microrganismos indesejáveis na cozinha, inclusive o coronavírus, e evitam a contaminação cruzada, ou seja, transferência de microrganismos de alimentos ou superfícies contaminados para alimentos não contaminados”, cita o texto assinado pelos professores Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco, Mariza Landgraf e Uelinton Pinto.

O FoRC recomenda que alimentos consumidos em geral crus, como as hortaliças, devem ter as folhas lavadas uma a uma sob água corrente. Após o procedimento, é indicado que os produtos fiquem imersos por 15 minutos em uma solução (um litro de água e uma colher de água sanitária que não  contenha outras substâncias na composição). Na sequência, é necessário lavar novamente as folhas para retirar qualquer resíduo da solução desinfetante. Para vegetais não folhosos e frutas, o esquema deve ser o mesmo.

Os processos de cozimento e fritura de alimentos inativa o vírus que estiver  contaminando o produto cru. O alerta dos especialistas é para que se evite requentar as refeições, pois o procedimento pode avivá-lo. As embalagens das compras e os locais de armazenamento como armários e geladeiras devem ser bem limpos.

Envólucros de pedidos em restaurantes que realizam entregas em domicílio devem ser higienizados no ato. Os pesquisadores explicam que a transmissão do novo coronavírus é feita por meio de secreções que saem de boca e nariz de quem esteja infectado, com ou sem sintomas.

O contágio também pode ocorrer pelo contato das mãos com superfícies contaminadas, no ato em que os dedos tocam os olhos. Ainda não há informações concretas sobre o tempo de persistência do vírus em objetos ou superfícies. Alguns cientistas trabalham com a hipótese de que a permanência em metal, plástico e vidro seja de até nove dias. Outros indicam tempos menores como 24 horas em papelão e três dias em metal ou plástico.

O contato com álcool etílico (62 a 71%), água oxigenada (0,5%) e cloro (0,1%) inativam o atual causador da pandemia em menos de um minuto. Ainda segundo os pesquisadores, os surtos anteriores causados por outros tipos de coronavírus (SARS-CoV e MERS-CoV) não registraram transmissão por meio dos alimentos.

O Secretario de Saúde de Pernambuco André Longo deu novos números e orientações acerca do coronavírus no estado. Com cinco novos casos confirmados, sendo um deles o primeiro de transmissão local, ou seja, local, o Estado se prepara para tomar novas medidas no enfrentamento ao Covid-19.

Em coletiva de imprensa realizada neste sábado (14), André Longo atualizou os números de contaminação do coronavírus em Pernambuco. Agora, são sete casos confirmados, sendo um deles de transmissão comunitária. Ainda há 44 casos em investigação, sendo 12 prováveis. Outros 40 foram descartados.

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O secretário frisou a importância das medidas protetivas em relação à disseminação do vírus, sobretudo no que diz respeito ao grupo de risco - idosos e pessoas com condições pré-existentes, como doenças coronarianas e pulmonares. "(A estes) a gente está recomendando restrições maiores de contato social. Evitar viagens, shoppings, cinemas e aglomerações".

A Prefeitura do Recife (PCR) anunciou, neste sábado (14), novas medidas para frear a proliferação do novo coronavírus na capital pernambucana. Anúncio foi feito durante coletiva do prefeito Geraldo Julio (PSB), na sede do governo municipal. Entre as ações que fazem parte da estratégia do órgão estão a distribuição de 750 mil panfletos e cartazes informativos em locais como igrejas, shoppings e escolas estaduais e municipais. Além da proibição de grandes eventos públicos e privados.

Um freio na cidade

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Com o aumento de casos suspeitos da capital pernambucana, a PCR anunciou o lançamento do Plano Municipal de Contingenciamento do Covid-19. Ao todo, serão 10 medidas iniciadas gradativamente ao longo da semana. A mais radical delas é o cancelamento de eventos de massa públicos e privados na cidade, além da contratação de 189 profissionais de saúde para ajudar no combate à doença.

Outra recomendação anunciada pelo prefeito Geraldo Júlio é que a população evite o contato pessoal.  "O maior ato de afeto que se pode ter agora é evitar o abraço, aperto de mão e os dois beijinhos", disse em coletiva.

Outra medida adotada foi a da liberação de pessoas acima dos 60 anos para trabalharem em casa. Todos os eventos que seriam organizados pela PCR estão cancelados por tempo indeterminado.

Escolas, futebol e bares

Sobre o expediente escolar, o prefeito informou que ainda não há um posicionamento definitivo sobre a rotina dos alunos. "Durante o dia de hoje e amanhã (15), nós estamos analisando, avaliando e estudando o funcionamento da nossa rede municipal de educação até a próxima segunda-feira (16)", diz Geraldo. A resposta da suspensão ou não das aulas deve vir ao término do fim de semana.

Sobre eventos que reúnem grande número de pessoas como partidas de futebol e até mesmo o funcionamento dos mercados públicos, a PCR ainda não tem um posicionamento sobre o que fazer.

O material da prefeitura será distribuído para 24 instituições, entre igrejas católicas, evangélicas, shoppings, Porto Digital, metrô, universidades, entre outros.

Um paciente de coronavírus é capaz de contagiar dezenas ou centenas de pessoas? O conceito do "super contaminador" de vírus continua sendo muito questionado pelos médicos devido aos múltiplos fatores que entram em jogo durante a transmissão.

O conceito de "super contaminador" ("super-spreader", em inglês) já havia sido mencionado, por exemplo, durante outras duas epidemias mortais de coronavírus, a SARS (2002-2003) e a MERS (em curso desde 2012).

O termo foi retomado com a pandemia atual que começou na China e se propagou pelo mundo.

"Não é um termo médico, mas serve para designar uma pessoa que contagia proporcionalmente um grande número de indivíduos, sem que necessariamente exista um teto", explica à AFP Amesh Adalja, médico especialista em doenças infecciosas emergentes e na preparação de pandemias, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Variáveis

Desde o início da epidemia no fim de dezembro, ao menos duas pessoas foram denominadas "super contaminadores" pela imprensa: elas teriam infectado mais pessoas que a média, que é de dois a três por paciente quando não são adotadas medidas de controle (confinamento, limitação de concentrações, entre outras)

Este é o caso de Steve Walsh, um empresário britânico que ao retornar de Singapura contaminou uma dezena de pessoas em fevereiro na França e Inglaterra.

Na Coreia do Sul, uma mulher de 60 anos identificada como "paciente 31" pode ter infectado dezenas de pessoas, especialmente durante um evento religioso em fevereiro.

Mas este conceito depende de muitas incertezas e variáveis, de acordo com especialistas: Como saber até que ponto influenciaram as características biológicas do enfermo, seu comportamento, seu entorno? Como eram as pessoas ela infectou? Eram especialmente vulneráveis? Como ter certeza que foi realmente a mesma pessoa que provocou todos os contágios?

Outra variável desconhecida é o papel de contágio das crianças, menos afetadas pelo coronavírus mas vetores da doença. Justamente porque existe o temor de que podem infectar muitas pessoas, vários países, como Espanha, França e Itália, fecharam suas escolas.

"É possível que existam os 'super contaminadores'. O problema é que não conseguimos detectá-los", afirmou o doutor Eric Caumes, diretor do departamento de doenças infecciosas e tropicais no hospital Pitié-Salpêtrière, de Paris.

"Parece que alguns pacientes, sem que isto esteja relacionado com a intensidade dos sintomas, excretam muitos mais vírus que outros e, portanto, o transmitem mais", disse à AFP o médico Olivier Bouchaud, diretor do serviço de doenças infecciosas no hospital Avicenne, nas região de Paris.

"Mas esta é apenas uma hipóteses e não temos uma explicação clara no momento", completou.

"Todos diferentes"

"Todos somos diferentes, no que diz respeito a nossos sistemas imunológicos, nossos comportamentos e os locais que frequentamos. Todos estes elementos podem desempenhar um papel no número de pessoas que podemos infectar. Os fatores biológicos e comportamentais podem influenciar, mas também o momento e o lugar", resume Christl Donnelly, professora de Epidemiologia Estadística do Imperial College de Londres e da Universidade de Oxford.

Estas incertezas levam o doutor Bharat Pankhania, especialista em doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade britânica de Exeter, a afirmar que os "super contaminadores" não existem.

"É um termo inadequado. O que temos são circunstâncias que levam à infecção de um maior número de pessoas", declarou, ao citar o caso da "paciente 31" na Coreia do Sul.

"Na maioria das vezes é a multidão, um local confinado com pouca ventilação, um controle infeccioso equivocado (...) e com frequência uma pessoa no início de sua doença, quando as secreções estão no ponto máximo", disse.

Por estes motivos muitos preferem falar de uma "situação de super propagação", ao invés de classificar a pessoa como "super contaminador", que é um termo que estigmatiza, segundo o ministro francês da Saúde, Olivier Véran.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11) pandemia para o Covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus. Segundo a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença. 

O termo é utilizado quando uma epidemia – grande surto que afeta uma região – se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Atualmente, há mais de 120 países com casos declarados da infecção.

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A questão da gravidade da doença não entra na definição da OMS de pandemia que leva em consideração apenas a disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado.

"A OMS tem tratado da disseminação [do Covid-19] em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação e, também, de falta de ação [dos governos]", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, no painel que trata das atualizações diárias sobre a doença. "Por essa razão, consideramos que o Covid-19 pode ser caracterizado como uma pandemia", explicou durante a conferência de imprensa em Genebra.

Ao caracterizar o Covid-19 como uma pandemia, Tedros Adhanom afirmou que o termo não deve ser usado de forma leviana.

"Pandemia não é uma palavra a ser usada de forma leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários", declarou. 

Recomendações permanecem

O diretor-geral da OMS ressaltou que a declaração não significa a adoção de novas recomendações no combate ao vírus.

“Descrever a situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS sobre a ameaça representada por esse coronavírus. Não altera o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer”, disse Adhanon.

Durante a conferência, ele lembrou o que a OMS preconiza a todos países. “Lembro a todos os países que solicitamos: ativar e ampliar seus mecanismos de resposta a emergências, informar profissionais sobre riscos e como podem se proteger; encontrar, isolar, testar e tratar todos os casos de Covid-19, rastreando todos os contatos”.

"Todos os países devem encontrar um bom equilíbrio entre proteger a saúde, minimizar disrupções econômicas e sociais e respeitar os direitos humanos", avaliou o diretor-geral. 

Outras pandemias

A última vez que a OMS declarou uma pandemia foi em 2009, para o H1N1. Estima-se que a doença tenha infectado cerca de 1 bilhão de pessoas e matado milhares no primeiro ano de detecção.

Ainda segundo a OMS, uma pandemia de gripe ocorre quando um novo vírus emerge e se espalha pelo mundo, e a maioria das pessoas não tem imunidade.

Há 100 anos, o mundo enfrentou uma outra pandemia, a de gripe espanhola. Estima-se que entre 50 e 100 milhões de pessoas tenham morrido entre 1918 e 1920. 

Brasil está mais preparado

Na semana passada, em entrevista à Agência Brasil, o médico infectologista Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que o Brasil está mais preparado para lidar com o Covid-19 do que estava, em 2009, para enfrentar a pandemia da gripe H1N1. Segundo ele, a população precisa se manter informada, mas não há razão para pânico.

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