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Versões conflitantes surgem na manhã desta terça-feira (17), após a ação da Polícia Militar na reintegração de posse do Cais José Estelita. O Capitão Júlio Aragão informou que as tropas chegaram ao terreno por volta das 5h15 e negociaram por aproximadamente uma hora, pedindo a saída dos manifestantes. Segundo o oficial, os ocupantes formaram “barreiras” com crianças para “intimidar” os policiais.
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De acordo com Mariana Senhorinho, uma das integrantes da ocupação, a negociação durou bem menos de uma hora e ninguém ameaçou ou intimidou os policiais. “De forma alguma usamos as crianças, elas foram as primeiras colocadas para correr. Tinha cerca de 30 pessoas acampadas e fomos até pisoteados pelos cavalos”, informou Senhorinho. O Corpo de Bombeiros contabilizou três pessoas feridas, incluindo uma policial, e três ocupantes presos, por incitação à violência, ameaça e desobediência judicial.
A Polícia disse ter encontrado maconha e cola de sapateiro no acampamento, além de equipamentos como foice, enxada e martelo, que teriam sido utilizados como armas durante a tentativa de confronto com o Batalhão de Choque. Os ocupantes negam a informação e reafirmam o pacifismo do movimento. Segundo o arquiteto Sérgio Urt, uma das lideranças do Ocupe Estelita, a investida policial serviu apenas para fortalecer a mobilização.
“O movimento agora está mais forte e o governador será responsabilizado pela violência. Vamos ocupar outros lugares da cidade. A Moura Dubeux é uma empresa criminosa que continua desrespeitando a cidade e as pessoas”, disse Urt. A advogada do grupo, Liana Cirne Lins, também afirmou ter sido agredida por um policial com um cassetete. “Se a advogada é agredida, isso mostra como foi utilizada a força contra os ativistas. Havia um acordo – que foi descumprido – com as secretarias de Defesa Social e de Direitos Humanos de que o Ocupe receberia um aviso, 48 horas antes da reintegração”, afirmou Liana.
A estudante de História Ivana Driele, 24 anos, contou que um dos policiais chegou dizendo: “vocês têm cinco minutos para se arrumar e sair. E não tem diálogo”. De acordo com a jovem, "não houve diálogo e a PM criou praticamente uma trincheira, ficamos isolados, sem ter como nos defender". Outro ocupante, que pediu anonimato, afirmou ter sido agredido nos braços, tronco e pernas. "A Polícia começou a agir mesmo sem os ativistas terem feito nenhum tipo de agressão. Começaram a jogar bombas de longe e depois de mais perto".
Posicionamento da PM – Em nota oficial, a Polícia Militar afirmou que a operação foi iniciada para “garantir o cumprimento da decisão judicial que determina a reintegração de posse de imóvel no Cais José Estelita. A operação policial, que é coordenada pelo comandante do batalhão, tenente-coronel Jaílton Pereira, visa apoiar preventivamente, com o uso de força policial, a oficial de justiça designada para cumprir a decisão expedida pelo Juiz de Direito Márcio Aguiar, relator substituto do processo”.
Identificação dos detidos – No ato de reintegração, três pessoas foram presas pela PM, entre elas dois estrangeiros: o argentino Milton Ivan Petruczok, de 22 anos, estudante de Economia da UFPE; Lybrian Shiozawa, peruano de idade não informada; e outro ocupante que pode ser menor de idade, identificado como Jordyr Ricardo.
Com informações de Jorge Cosme