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O empresário catarinense Luciano Hang, dono das lojas Havan, publicou na noite dessa sexta-feira (24) em suas redes sociais uma nota sobre sua o que chama de falsas “narrativas” publicadas ao seu respeito, após o bilionário ser citado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia como um dos financiadores de disparos de mensagens com informações falsas sobre a Covid-19. Não é a primeira vez que Hang é associado ao financiamento de disparos de mensagem em massa para beneficiar as pautas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). 

“Não faço parte de gabinete nenhum. A imprensa deveria se basear na verdade dos fatos e não em narrativas. Se a CPI tem posse de algum documento que diz que ajudei ou financiei direcionamento de mensagens falsas, o documento é falso, não pode existir prova de algo que nunca fiz. Dizer que patrocinei veículos de internet que disseminaram desinformação é uma mentira”, diz Luciano Hang em nota enviada à Rede Globo e então compartilhada ao público.

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No mesmo posicionamento, o dono da Havan diz também que o relatório da ABIN, supostamente citado por um senador da CPI, é inexistente e que a Comissão agora deverá provar as “inverdades” ditas sobre o investigado. 

Segundo reportagem da UOL, em julho de 2020, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) produziu um relatório de 15 páginas apontando problemas e inconsistências na fortuna do empresário dono da Havan, Luciano Hang, apoiador bolsonarista infleunte. O texto oficial serviu para alertar o Palácio do Planalto sobre os riscos que a proximidade de Hang poderia causar à atual gestão.  

A reportagem diz que o documento foi classificado como "reservado" e que reúne informações sobre o proprietário da rede de departamentos Havan. Os papéis foram enviados pela agência à Casa Civil, ao alto comando do Exército, à Polícia Federal e já chegou às mãos de um senador da CPI da Covid. Hang diz que o relatório trata-se de “mais uma narrativa absurda” e que está tranquilo, pois tem a verdade “ao seu lado”. 

Luciano Hang prestará depoimento à CPI da Covid na próxima quarta-feira (29). O empresário entrou no radar da comissão após as denúncias enviadas aos parlamentares sobre a Prevent Senior, incluindo a suposta alteração do atestado de óbito da mãe de Hang, Regina Modesti Hang. A CPI também aprovou a convocação de Bruna Morato, advogada da empresa de saúde Prevent Senior. 

Leia a nota na íntegra

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O senador Humberto Costa (PT-PE) oficiou o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) para que investigue a informação de que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram vacinados secretamente, em prejuízo do Plano Nacional de Imunizações (PNI). Na avaliação de Humberto, vacinação secreta de centenas de servidores da Abin é um “privilégio inaceitável”.

“É uma clara forma de trapacear a legislação vigente e rasgar o PNI. Enquanto as pessoas comuns sofrem para ter o direito até de agendar sua vacinação, há um rol secreto de servidores sendo vacinados na frente de cidadãos com comorbidades, de grávidas, de mais idade. É algo gritante, que fere todos os princípios que regem a administração pública”, afirmou o senador, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado e membro da CPI da Covid.

Humberto pediu ao MP junto ao TCU, ao MPF e à DPU que abram procedimento de ação civil pública, "na qual se defenda a reparação dos imensos danos morais coletivos havidos no processo de 'vacinação secreta', contra todos os agentes que agiram ou se omitiram na guarida do bem público saúde, mormente pelo assomado e grave contexto da pandemia da Covid-19".

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*Com a assessoria de imprensa

Um relatório de 15 páginas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que o dono das lojas Havan, Luciano Hang, é suspeito de diversos crimes como agiotagem, contrabando, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Presente em investigações desde a década de 90, ele é um dos principais financiadores da ideologia bolsonarista e tem o nome ligado ao ‘gabinete do ódio’. 

As informações da Abin publicadas pelo Uol destacam as pendências judiciais do empresário conhecido por seu terno verde e amarelo. Em 1999, Hang foi autuado pelo Ministério Público Federal (MPF) por lavagem de dinheiro, remessa de dinheiro de origem ilegal ou duvidosa, sonegação fiscal, contrabando de importados e evasão de divisas. Na época, ele teria usado o "primo Nilton Hang como testa de ferro".

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"Sempre expandindo os negócios, sem sócios, sem investidores, sem endividamento e muitas vezes parecendo possuir uma fonte oculta de recursos, que não se explicaria apenas por sonegação fiscal e contrabando de artigos importados para lojas", enfatiza o documento. 

O empreendedor que defende o patriotismo - mas crava pequenas réplicas da estátua da Liberdade norte-americana em seus estabelecimentos - chegou a ser condenado em 2003 há cerca de quatro anos de prisão por "sonegação de contribuições previdenciárias" e multado em R$ 10 milhões.

Influência nos bastidores do Governo Federal

Além dos crimes investigados pelo empresário que se popularizou como "Véio da Havan", o relatório elaborado em julho do ano passado revela que ele reuniu 62 empresários ligados à comunidade judaica em agosto de 2018 para um café da manhã em apoio à campanha do seu candidato à Presidência, Jair Bolsonaro.

Dentre os convidados, o empresário Meyer Negri e seu 'afilhado' Fábio Wajngarten, que posteriormente foi contratado como secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

“Meyer Negri teria tido influência na indicação de Wajngarten para a Secom e Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente”, levantou a Agência.

Baú da felicidade

O proprietário e apresentador do SBT Silvio Santos também surge nas investigações como uma pessoa próxima a Hang e dos integrantes mais influentes da comunidade judaica.

“Luciano Hang é desde 2019, primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), o maior patrocinador privado do SBT, mantendo parte da tarde de domingo, considerado horário nobre na televisão, com programa exclusivo patrocinado pela Havan”, reforça.

Gabinete do ódio

Cotado para os próximos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Luciano Hang também é indicado como financiador do 'gabinete do ódio' – núcleo virtual responsável por dissipar fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários políticos de Bolsonaro desde as eleições de 2018, sobretudo no WhatsApp. Ele chegou a ter os sigilos bancário e telefônico quebrados no inquérito.

Os advogados do empresário rebatem o relatório da Abin e classificaram o documento como "fake news", já que o material seria sigiloso. A assessoria jurídica do dono da Havan ainda ameaçou processar veículos de comunicação e jornalistas que publicarem a informação.

Nesta segunda-feira (24), a Polícia Federal (PF) cumpre oito mandados de busca e apreensão contra uma quadrilha que falsificava documentos da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para obter portes de arma de fogo. A Operação Araponga é realizada no Recife e em Escada, na Mata Sul de Pernambuco.

A investigação verificou que a organização criminosa falsificou e vendeu documentos de identidade funcional da ABIN entre 2019 e 2020. Os integrantes vão responder por associação criminosa, falsificação de documentos públicos, uso de documento falso e falsa identidade.

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A operação está em andamento e, caso algum armamento seja encontrado sem o cadastro legal, os envolvidos vão responder por posse e porte ilegal de arma de fogo. Dois veículos de luxo foram apreendidos.

Ao todo, 38 agentes cumprem as ordens judiciais expedidos pela 36ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco.

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O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, disse nesta quarta-feira (19) aos deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados que está dentro das atribuições da pasta acompanhar eventuais desvios de recursos e “mal feitos” com as verbas que foram destinadas a estados e municípios durante a pandemia.

O ministro respondeu o deputado Leo de Brito (PT-AC), que questionou o general sobre reportagem da revista Crusoé que diz que o presidente Jair Bolsonaro pediu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que coletasse dados sobre irregularidades relacionadas à pandemia em âmbito estadual e municipal. Essa também é uma pauta da CPI da Pandemia, no Senado.

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Heleno disse que o presidente pode solicitar essas informações. “Uma atribuição legal da Abin é fazer esse tipo de investigação. É um órgão de inteligência e que pode ser solicitado pelo presidente da República que verifique o que aconteceu com as verbas que foram destinadas a estados e municípios. Isso aí não tem nada de ilegal e nem de irregular”, disse.

Espionagem

O ministro também respondeu ao deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) que desconhece licitação do governo para a compra de equipamentos de espionagem de celulares, motivo de reportagem desta quarta-feira do portal UOL.

O diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, disse, porém, que há uma preocupação da pasta em cadastrar a aquisição deste tipo de tecnologia por diversos órgãos. “A inteligência de Estado não tem essa prerrogativa, essa atribuição; mas a persecução penal, a investigação criminal a possui. Que faz parte o Executivo, o Ministério Público e o Judiciário. Então, portanto, o Executivo e o Judiciário, pela persecução penal, compõem essa parte de controle”, afirmou.

Kataguiri ainda pediu explicações sobre o que ele chamou de “fake news” do presidente postada no Twitter em abril deste ano, no qual Bolsonaro sugere que governadores e prefeitos estariam decretando expropriação de imóveis. Segundo o deputado, a legislação permite a requisição temporária de bens para o combate à pandemia.

Para Kataguiri, o GSI deveria coibir esse tipo de informação, bem como as relacionadas a tratamento precoce contra a Covid. “Não é papel do GSI e da Abin garantir que o presidente da República tenha informações precisas sobre legislação que ele mesmo sancionou? Para não difundir por canais oficiais notícias falsas em relação à condução da pandemia ou uso de medicamentos como a cloroquina?”, perguntou Kataguiri.

O general Heleno disse que não pode censurar o presidente e que o GSI não tem papel no aconselhamento técnico sobre a pandemia. “Uma das coisas que é primordial, num regime democrático, é que ele tenha a liberdade de se expressar. E pode algumas vezes não se expressar exatamente no texto da lei. Mas ele tem essa prerrogativa de colocar alguns assuntos da maneira como ele acha que tem que colocar. E não pergunta nada. Ele fala, coloca, e não é sempre que os assessores têm a oportunidade de chegar a quem é assessorado”, afirmou.

Vacinação na Abin

Outra questão apresentada ao ministro foi a notícia, também desta quarta-feira do jornal O Globo, de que 130 funcionários da Abin teriam se vacinado contra a Covid no Distrito Federal fora da lista de prioridades. O diretor Alexandre Ramagem disse que a indicação de quem deveria ser vacinado foi feita pela associação de servidores e que ele só teria pedido para que fosse restrito a quem estava em trabalho de campo.

O deputado Vitor Hugo (PSL-GO) criticou o requerimento para a audiência pública com o ministro, afirmando também que ele estaria fora do foco das atividades da comissão.

“A finalidade do requerimento é prestar esclarecimentos quanto à disseminação de desinformação pelo presidente da República e seus aliados pelos meios institucionais e também nas redes sociais; principalmente com relação à pandemia e ao chamado tratamento precoce baseado em medicações comprovadamente ineficazes. E fica muito claro, até pelos assuntos que foram tratados nas perguntas dos autores, que esse requerimento é uma fake news”, disse o deputado.

Próximos ministros

O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), disse que é função da comissão fiscalizar as atividades do governo.

Ribeiro anunciou ainda as próximas audiências na comissão: ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no dia 26 de maio; e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no dia 16 de junho.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

Mesmo não estando na lista de prioridades divulgada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, 130 servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), lotados em Brasília, furaram fila e receberam a vacina da Covid-19.

A imunização aconteceu em um posto de vacinação do Exército. Como explicação para essa vacinação, a secretaria disse que os servidores da Abin fazem parte do "grupo de Força de Segurança e Salvamento". No entanto, em abril deste ano, a própria Secretaria de Saúde detalhou que os profissionais de segurança contemplavam policiais militares, civis e federais, agentes do Detran, militares do Corpo de Bombeiros e forças que apoiam o decreto das medidas restritivas do governo do Distrito Federal. 

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“Os demais trabalhadores das forças de segurança pública e forças armadas, que não se enquadram nas atividades descritas acima, serão vacinados de acordo com o andamento da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Covid-19”, disse o órgão estadual no dia 25 de abril.

Questionada pelo O Globo, a Secretaria de Saúde disse que os servidores da Abin “fazem parte do grupo de Força de Segurança e Salvamento e eles produziram uma listagem com 130 profissionais a serem contemplados com a vacinação considerando o critério de exposição de risco epidemiológico decorrente do trabalho por parte dos seus servidores”.

O procurador-geral da República Augusto Aras informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta, 12, que não vislumbra relação entre o inquérito que mira suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal e o caso das orientações dadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Para o PGR, a suposta atuação da Abin para ajudar o filho do presidente no caso das 'rachadinhas' não tem conexão com as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que ao pedir demissão em abril do ano passado acusou o presidente de querer interferir no comando da PF para obter informações sigilosas.

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A manifestação de Aras foi enviada após a defesa de Moro pedir ao ministro Alexandre de Moraes que determinasse um novo depoimento do diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem.

Reportagem publicada na revista Época em dezembro e confirmada pelo Estadão revelou que a Abin de Ramagem produziu dois documentos em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teria feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

As orientações da Abin à defesa de Flávio teriam sido enviadas pelo WhatsApp. São dois textos digitados diretamente no aplicativo e não compartilhados como relatórios de inteligência em arquivo timbrado da Abin ou papel digitalizado.

Em entrevista publicada na revista Época no mesmo mês a advogada Luciana Pires, que defende Flávio no caso Queiroz, admitiu que recebeu os relatórios informais diretamente de Ramagem.

Ao pedir um novo depoimento de Ramagem o objetivo da defesa de Moro era entrelaçar o caso dos relatórios da Abin à investigação de suposta interferência política de Bolsonaro na PF. Os advogados do ex-ministro relembram que Ramagem era o nome escolhido pelo presidente para comandar a corporação e que, em depoimento à PF, negou o repasse de informações de inteligência a Bolsonaro ou a seus filhos.

Na manifestação enviada a Moraes, Aras se coloca contra a tomada de novo depoimento de Ramagem e afirma que não existe uma ligação entre os dois casos.

O PGR também relembra que abriu uma apuração preliminar para apurar as orientações da Abin à defesa de Flávio e, em caso de algum indício de crime, poderá solicitar a abertura formal de um inquérito.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmou ontem que é necessário "independência" na investigação sobre as suspeitas de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) orientou a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, no caso das "rachadinhas".

Na sexta-feira passada, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia determinou que a Procuradoria-Geral da República apure o caso. A ordem da magistrada foi dada após a advogada de Flávio, Luciana Pires, ter dito à revista Época que recebeu instruções do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, sobre como agir para inocentar o filho do presidente.

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"Acho que é uma investigação que deve seguir com independência por parte das instituições correspondentes, sendo acompanhadas pela ministra relatora (Cármen Lúcia), conduzida pela Procuradoria-Geral da República", disse o ministro, após ser questionado pelo Estadão sobre as acusações contra a Abin durante evento de balanço da atuação do Ministério da Justiça no ano de 2020.

"E no âmbito da investigação, essas duas instituições, Poder Judiciário e o Ministério Público Federal, também demandando e cobrando a investigação efetiva por parte da Polícia Federal, de forma independente, por parte de todas as instituições", afirmou.

André Mendonça não comentou se considera preocupante o possível uso de órgãos de governo para favorecer interesses do filho do presidente. Antes dele, na segunda-feira passada, o procurador-geral da República, Augusto Aras, havia afirmado que são graves os fatos narrados em reportagens sobre uso da Abin, mas observou que faltavam provas.

O filho do presidente é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob suspeita de comandar um esquema que desviava salários de funcionários do seu gabinete no período em que era deputado estadual - a chamada "rachadinha". Flávio nega irregularidades.

A Abin também nega que seus diretores tenham orientado a defesa do senador do Republicanos.

A Rede Sustentabilidade e o PSB pediram nesta sexta-feira (18) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o afastamento de Alexandre Ramagem do cargo de diretor-presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo os partidos, "o temor da existência de uma Abin paralela efetivamente está se concretizando no mundo real".

"Fazem-se relatórios paralelos, não oficiais, não registrados, fora de qualquer rastro de controle de juridicidade e constitucionalidade, mas utilizando-se de servidores públicos e dos sistemas da Abin, com o aparente único fito de promover fins pessoais do Sr. presidente, que deveria ser da República, e de seus familiares", afirmam as siglas.

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O pedido dos partidos foi enviado à ministra Cármen Lúcia. Nesta sexta-feira, Cármen determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue as acusações de que Ramagem orientou a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das rachadinhas. A ministra também fixou um prazo de 30 dias para que a PGR informe ao Supremo as "ações efetivamente adotadas para a elucidação dos fatos".

Em entrevista à revista Época publicada nesta sexta-feira, 18, a advogada do parlamentar, Luciana Pires, admite ter recebido relatório informal de Ramagem dando coordenadas de como agir para tentar inocentar Flávio no caso.

Para a Rede Sustentabilidade e o PSB, a Abin "não é um órgão que serve a quaisquer tipos de fins, mas somente aos públicos".

"Se autoridades querem promover uma espécie de contra-investigação para apurar eventuais nulidades, que isso se dê de forma particular, com a contratação de perícias particulares, serviços advocatícios especializados e outros. E frise-se que isso até poderia ser legítimo, justamente para resguardar a mais ampla defesa. Não se pode, contudo, utilizar a estrutura pública para tal finalidade", sustentam os partidos.

A Abin informou em nota que a imputação por qualquer pessoa de vinculação dos supostos relatórios à agência ou ao diretor-geral é "equivocada ou deliberadamente realizada com objetivo de desacreditar uma instituição de Estado e os servidores que compõem seus quadros".

Prazo para Aras

Em sua decisão, Cármen determinou que a PGR seja notificada "para investigar os fatos descritos, os quais, pelo menos em tese, podem configurar atos penal e administrativamente relevantes (prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, crime de responsabilidade e improbidade administrativa)".

"Não se pode desconhecer a seriedade do quadro. Os fatos descritos precisam ser investigados e sobre eles há de exigir conclusão dos órgãos competentes em sede jurídica própria. Podem estar presentes, como parece ao menos em tese, indícios que podem indicar prática de delito praticado por autoridade com foro por prerrogativa de função, pelo que o encaminhamento dos documentos trazidos aos autos à Procuradoria-Geral da República é medida que se impõe para a adequada e célere apuração dos fatos expostos e conclusão", escreveu a ministra.

"O plenário deste Supremo Tribunal Federal foi expresso ao afirmar que somente o interesse público formalmente demonstrado pode constituir elemento legitimador do desempenho administrativo. Ficou cravado não ser admissível abuso de direito e desvio de finalidade, caracterizado pelo uso do espaço e dos órgãos e instrumentos públicos para atender interesses particulares."

A orientação da Abin à defesa do Flávio foi revelada na semana passada, também pela Época, e confirmada pelo Estadão. Em dois documentos enviadas à advogada, há detalhes do funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa do senador, teria feito uma devassa nos dados fiscais do filho do presidente. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

Após Cármen cobrar informações, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão a qual a agência é vinculada, e a Abin negaram terem produzido qualquer relatório oficial para auxiliar a defesa do senador.

Segundo a Abin, não existe "relatório produzido institucionalmente" pela agência a favor de Flávio Bolsonaro. "Há que se esclarecer, pelos órgãos competentes, se 'não institucionalmente' também não foi produzido algum documento daquela natureza e quais os interesses e interessados", ressaltou a ministra.

O filho do presidente é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob suspeita de comandar um esquema que desviava salários de funcionários do seu gabinete no período em que era deputado estadual - a chamada "rachadinha". Flávio nega irregularidades.

Entre as sugestões listadas pela agência à defesa do senador estão a demissão de servidores do Fisco e da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pela fiscalização da administração pública.

Na terça-feira, 15, ao comentar o caso, o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que são "graves" as acusações de que a Abin passou orientações para auxiliar a defesa de Flávio, mas ressaltou na ocasião que ainda faltavam provas para confirmar o episódio. Aras também cobrou informações do GSI e da Abin sobre o caso. "O fato em si narrado é grave, o que não temos são provas desses fatos, nós não trabalhamos com narrativas. Trabalhamos com fatos e provas", disse o procurador-geral na ocasião.

Nos bastidores do MPF, Aras tem sido criticado por demorar a tomar medidas no caso. Primeiro, após a primeira reportagem sobre o tema, em outubro, o procurador recebeu representações de parlamentares da oposição, mas não chegou a pedir informações à Abin e ao GSI. Somente com novas informações, indicando a produção de um relatório, ainda que informal, é que o órgão decidiu pedir informações.

'Abin paralela'

Reportagem da revista Crusoé também publicada nesta sexta-feira afirma que Bolsonaro montou uma espécie de "Abin paralela" dentro do órgão de inteligência, que é subordinado ao GSI do general Augusto Heleno. Além de Ramagem, outros dois agentes da PF foram levados para integrar a agência e coordenar esse núcleo responsável por levantar informações sensíveis ao presidente.

São eles Marcelo Bormevet, chefe da Coordenação-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa, e Flávio Antônio Gomes, superintendente da Abin em São Paulo. Um quarto nome, o papiloscopista da PF João Paulo Dondelli, foi contratado no Ministério das Comunicações e também faz parte do grupo, segundo a revista.

Todos eles fizeram parte da equipe que fez a segurança de Bolsonaro durante a campanha eleitoral e se aproximaram da família, em especial do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), o "Zero Dois".

Como mostrou o Estadão, a revelação de que a Abin estava sendo usada para orientar a defesa do Flávio provocou reações de insatisfação entre associações de servidores da Abin. A ala dos oficiais e agentes de carreira vive um desconforto com ações supostamente atribuídas a servidores de fora, nomeados por Ramagem.

Após chefiar a equipe de segurança da campanha de Bolsonaro, Ramagem ganhou intimidade com os filhos do presidente, com quem costuma confraternizar. Ele foi pivô da crise que culminou com a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. Bolsonaro queria emplacar Ramagem no comando da PF, o que o ex-juiz da Lava Jato considerou uma interferência para influenciar nas investigações contra filhos do presidente.

A defesa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro quer trazer o caso das orientações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à defesa de Flávio Bolsonaro para as investigações de supostas interferências políticas do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Em petição enviada nesta sexta, 18, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, os advogados do ex-juiz da Lava Jato quer cópia dos relatórios da agência e um novo depoimento do diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem.

Em entrevista publicada na revista Época desta sexta, a advogada Luciana Pires, que defende Flávio no caso Queiroz, admite que recebeu os relatórios informais diretamente de Ramagem. A ministra Cármen Lúcia determinou que a Procuradoria-Geral da República apure as acusações em um novo inquérito.

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A defesa de Moro busca entrelaçar as investigações: ao ministro Alexandre de Moraes, que relata a suposta interferência de Bolsonaro na PF, o ex-ministro ressalta que Ramagem era o nome escolhido pelo presidente para comandar a corporação, e negou em depoimento que repassaria informações de inteligência a Bolsonaro ou a seus filhos.

"Ao que parece, a postura revelada pelos recentes acontecimentos - noticiados pelos órgãos de imprensa - pode ser distinta, razão pela qual, sob nossa ótica, torna-se necessária a tomada de novo depoimento do Delegado Alexandre Ramagem, de modo a fornecer maiores detalhes sobre solicitações de produção de relatórios por pessoas diretamente relacionadas ao coinvestigado Exmo. Presidente, bem como eventuais reuniões formais ou informais cujo objeto tenha sido o atendimento a interesses particulares", apontou o criminalista Rodrigo Sánchez Rios, que defende Moro.

O advogado pede ainda que Moraes cobre à Abin que apresente os documentos produzidos relacionados ao caso Queiroz, incluindo relatórios extraoficiais ou informais.

Os relatórios informais da Abin são desdobramentos de uma reunião realizada em agosto entre a defesa de Flávio com Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e o próprio presidente Bolsonaro, no Planalto. O encontro discutiu uma estratégia para enterrar o caso Queiroz sob argumento de que os dados fiscais de Flávio teriam sido acessados por uma suposta organização criminosa dentro da Receita Federal.

Ao Supremo, Heleno confirmou que o encontro ocorreu, mas se tratou de uma reunião 'marcada para verificar ocorrência de eventual violação de segurança institucional'. O ministro também negou que a Abin produziu relatórios, afirmando que se trata de uma 'narrativa fantasiosa' e 'sem nenhum lastro de veracidade'.

Reportagem da revista Época publicada na sexta, 11, e confirmada pelo Estadão, revelou que a Abin de Ramagem produziu dois documentos em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teria feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

As orientações da Abin à defesa de Flávio teriam sido enviadas pelo WhatsApp. São dois textos digitados diretamente no aplicativo e não compartilhados como relatórios de inteligência em arquivo timbrado da Abin ou papel digitalizado.

Entre as sugestões listadas pela agência estão a demissão de servidores do Fisco e da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pela fiscalização da administração pública.

A Época mostrou nesta segunda, 14, que um dos servidores citados foi exonerado 'a pedido' há duas semanas e outras duas sugestões foram seguidas pela defesa: apresentação de um pedido de Lei de Acesso à Informação para colher provas de que o perfil de Flávio foi acessado indevidamente pela Receita e a apresentação de uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República.

Em outro trecho, uma advogada de Flávio é aconselhada a conseguir uma audiência para "tomar um cafezinho" com o chefe da Receita Federal do Brasil (RFB), José Tostes Neto. Ela deveria, então, exigir de Tostes informações e avisar que ajuizaria uma ação para obter acesso a relatórios internos da Receita que, no entendimento da defesa, teriam potencial de demonstrar acessos anteriores indevidos aos dados do senador.

Abin paralela. Reportagem da revista Crusoé também publicada nesta sexta-feira afirma que Bolsonaro montou uma espécie de 'Abin paralela' dentro do órgão de inteligência, que é subordinado ao GSI do general Augusto Heleno. Além de Ramagem, outros dois agentes da PF foram levados para integrar a agência e coordenar esse núcleo responsável por levantar informações sensíveis ao presidente.

São eles Marcelo Bormevet, chefe da Coordenação-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa, e Flávio Antônio Gomes, superintendente da Abin em São Paulo. Um quarto nome, o papiloscopista da PF João Paulo Dondelli, foi contratado no Ministério das Comunicações e também faz parte do grupo, segundo a revista.

Na peça enviada ao Supremo, a defesa de Moro relembra que na reunião ministerial do dia 22 de abril, tornada pública pelo então ministro Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro reclamou de não ter acesso a informações de inteligência.

"Eu tenho as… as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações. ABIN tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tenho mais porque tá faltando, realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. Mas a gente num pode viver sem informação", disse o presidente.

Na mesma reunião, Bolsonaro reclama que iria 'trocar a segurança do Rio'. "Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", disse.

Em resposta enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, disse que é "narrativa fantasiosa", "sem nenhum lastro de veracidade", as acusações de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elaborou orientações para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por sua vez, disse ao Supremo que não existe "relatório produzido institucionalmente" pela agência a favor de Flávio Bolsonaro e pediu para ter acesso aos documentos mencionados nas reportagens.

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'O que existiu, e tanto a nota emitida pelo GSI quanto o Tweet do Gen. Heleno confirma, é apenas a realização de uma reunião, marcada para verificar ocorrência de eventual violação de segurança institucional, entre o Gabinete de Segurança Institucional, com participação do Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência, com a defesa de um Senador da República e filho do Presidente da República", afirma a Abin.

Reportagem da revista Época publicada na sexta-feira (11) e confirmada pelo Estadão, aponta que a Abin de Ramagem produziu dois documentos em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teria feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é 'Defender FB no caso Alerj'.

"As matérias são especulativas, sem nenhum lastro de veracidade e a ação judicial que nela se ampara padece dos mesmos vícios, razão pela qual não tem como prosperar. Utilizam-se ambas, levianamente, de caros instrumentos da democracia: a liberdade de expressão e o livre acesso ao Judiciário, numa nítida tentativa de criar obstáculos à governabilidade e manipular a opinião pública", afirmou Heleno.

"Não tenho como me manifestar sobre um documento, cuja existência e teor, desconheço."

Entre as sugestões listadas pela agência estão a demissão de servidores do Fisco e da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pela fiscalização da administração pública.

A Época mostrou nesta segunda (14), que um dos servidores citados foi exonerado 'a pedido' há duas semanas e outras duas sugestões foram seguidas pela defesa: apresentação de um pedido de Lei de Acesso à Informação para colher provas de que o perfil de Flávio foi acessado indevidamente pela Receita e a apresentação de uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, cobrou informações ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e ao diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, sobre os relatórios elaborados para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das "rachadinhas". A ministra fixou o prazo de 24 horas para receber respostas.

Reportagem da revista Época publicada na sexta (11), e confirmada pelo Estadão/Broadcast, aponta que a Abin produziu dois relatórios em que detalha o funcionamento de suposta organização criminosa na Receita Federal que, segundo a defesa de Flávio, teriam feito uma devassa nos dados fiscais do senador. Em um dos documentos, a finalidade descrita é "Defender FB no caso Alerj".

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Entre as sugestões listadas pela agência estão a demissão de servidores do Fisco e da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão responsável pela fiscalização da administração pública.

A Época mostrou hoje que um dos servidores citados foi exonerado "a pedido" há duas semanas e outras duas sugestões foram seguidas pela defesa: apresentação de um pedido de Lei de Acesso à Informação para colher provas de que o perfil de Flávio foi acessado indevidamente pela Receita e a apresentação de uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República sobre o caso.

Em despacho, Cármen afirmou que o caso "é grave" e aponta para descumprimento de decisão da Corte, que firmou entendimento de que a Abin somente pode fornecer dados quando comprovado o interesse público da medida e sob controle do Judiciário, ficando vedado o repasse de informações de inteligência com objetivo de atender interesses pessoais ou privados.

"Para apreciar os pedidos apresentados pela autora são necessárias informações do Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência e do Ministro do Gabinete de Segurança Institucional sobre o alegado na petição", anotou Cármen.

As orientações da Abin à defesa de Flávio teriam sido enviadas pelo WhatsApp. São dois textos digitados diretamente no aplicativo e não compartilhados como relatórios de inteligência em arquivo timbrado da Abin ou papel digitalizado.

Além das sugestões envolvendo a demissão de servidores, os relatórios orientam a defesa de Flávio a busca de acesso a dados de uma "apuração especial" no âmbito do Serpro, para garantir registros de acesso a dados fiscais na Receita. Os advogados do senador apresentaram o pedido de Lei de Acesso para obter essas informações.

Em outro trecho, uma advogada de Flávio é aconselhada a conseguir uma audiência para "tomar um cafezinho" com o chefe da Receita, José Tostes Neto. Ela deveria, então, exigir de Tostes informações e avisar que ajuizaria uma ação para obter acesso a relatórios internos do órgão que, no entendimento da defesa, teriam potencial de demonstrar acessos anteriores indevidos aos dados do senador.

Os relatórios são desdobramentos de uma reunião realizada em agosto entre a defesa de Flávio com Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e o próprio presidente Jair Bolsonaro, no Planalto. O encontro é alvo de uma apuração preliminar na PGR, que apura se há indícios suficientes para abrir inquérito contra Heleno e Ramagem.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) instruiu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e seus advogados para livrá-lo do processo que investiga o suposto esquema de ‘rachadinha’ em seu antigo gabinete. A informação é da revista Época. A entidade equivalente à CIA produziu pelo menos dois relatórios para embasar a defesa do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a anular as investigações do caso Queiroz.

De acordo com a reportagem, a Abin detalhou a atuação da suposta organização criminosa operada pelo ex-assessor Fabrício Queiroz na Receita Federal e enviou os relatórios diretamente para o senador, ainda em setembro. Os advogados indicam que o órgão fiscalizador teria feito um escrutínio ilegal em seus dados fiscais para produzir o relatório que culminou na investigação.

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Com acesso aos documentos enviados para o WhatsApp de Flávio e encaminhado por ele para a advogada Luciana Pires, a Época transcreveu parte do texto. No campo "Finalidade", a Inteligência indica o objetivo de "defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB".

Até então, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, defendeu que a Abin não atuou no caso, mesmo após a denúncia ser levada ao pai do senador, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e ao diretor da Inteligência, Alexandre Ramagem.

No dia 25 de agosto, Ramagem participou de uma reunião no gabinete de Bolsonaro e recebeu uma petição das advogadas de Flávio, que solicitavam uma apuração especial para obter material que sustentasse a suspeita de que o senador havia sido alvo da Receita. O diretor da Abin fez uma cópia do requerimento e o devolveu à advogada no dia seguinte, com a orientação de que o protocolasse na Receita Federal. Após a ocasião, a Inteligência continuou instruindo a defesa para anular o inquérito, mesmo com a dificuldade de captar os documentos da Receita.

“A dificuldade de obtenção da apuração especial (Tostes) e diretamente no Serpro é descabida porque a norma citada é interna da RFB da época do responsável pela instalação da atual estrutura criminosa — Everardo Maciel. Existe possibilidade de que os registros sejam ou já estejam sendo adulterados, agora que os envolvidos da RFB já sabem da linha que está sendo seguida”, diz um dos relatórios, em referência ao chefe do órgão, José Tostes Neto, e ao servidor Everardo Maciel. O texto ainda traça uma "linha de ação" para “Obtenção, via Serpro, de ‘apuração especial’, demonstrando acessos imotivados anteriores (arapongagem)”, e assim, "defender FB no caso Alerj".

O procurador-geral da República, Augusto Aras, instaurou uma apuração preliminar sobre o envio de oficiais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 25), realizada no ano passado, na Espanha. Aras determinou a abertura de uma "notícia de fato", o primeiro passo após a chegada de uma denúncia ao Ministério Público.

O Estadão revelou que o governo Jair Bolsonaro despachou quatro agentes de Inteligência na delegação credenciada para a cúpula do clima em Madri. Eles monitoraram integrantes da própria delegação, de organizações não governamentais (ONGs) e de países estrangeiros. Credenciados no evento como "negociadores", os agentes tiveram amplo acesso às instalações da ONU e observaram e relataram críticas a políticas ambientais do governo Bolsonaro.

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O Ministério Público Federal foi provocado pela bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. O procedimento foi aberto no dia 20 de outubro, de acordo com dados internos da Procuradoria-Geral da República, e está a cargo do próprio gabinete de Aras.

Também acionada, a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu um procedimento semelhante em 29 de outubro.

O subprocurador geral Lucas Rocha Furtado enviou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU), nesta quarta-feira (28), pedindo que a corte apure se o presidente Jair Bolsonaro usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para atender seus interesses particulares e de sua família e para "causar embaraços e dificultar" investigação da Receita Federal que implica seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro Republicanos-RJ).

Segundo Furtado, há "possibilidade de o Presidente da República ter incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seu cargo para interferir politicamente na Abin e no GSI, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU, no intuito de apurar eventual prejuízo ao erário".

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O documento tem como base um editorial do Estadão que trata de uma reunião, no dia 25 de agosto, da qual o presidente participou com advogados do filho, o senador Flávio Bolsonaro para debater supostas "irregularidades das informações constantes de Relatórios de Investigação Fiscal" produzidos por órgãos federais sobre o parlamentar. Também foram ao encontro o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

Na avaliação de Furtado, é "difícil crer", que as autoridades que participaram da reunião em questão possam estar encarregadas de receber as denúncias alegadas pela defesa de Flávio.

Investigação

O senador é investigado pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) por suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As apurações miram a pratica de "rachadinha" - desvios de salários dos assessores da Alerj que, segundo a Promotoria, ocorriam "de forma reiterada e estruturada" - e tiveram início após o Estadão revelar relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) no qual Queiroz foi citado por movimentar R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira "atípica".

Nessa linha, Furtado aponta que é "razoável supor que o verdadeiro motivo da reunião não possa ser revelado, o que dá margem a especulações sobre o assunto". "Ora, considerando as inúmeras denúncias divulgadas pela mídia, e que já são objeto de processo no âmbito do Supremo Tribunal Federal, de que o chefe do poder Executivo, com vistas a dificultar ou impedir a apuração das irregularidades atribuídas a seu filho, valeu-se do cargo para interferir na atuação da Polícia Federal, ganha verossimilhança a alegação de que estaria agora fazendo o mesmo no que diz respeito à Abin e ao GSI. E ainda mais se consideradas as declarações do próprio Presidente da República na reunião ministerial cuja gravação se tornou pública, no sentido de que "não deixaria seus parentes e amigos serem prejudicados"", registrou.

A indicação de Furtado faz referência ao objeto de inquérito que tramita junto ao Supremo Tribunal Federal: a investigação sobre suposta tentativa de interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal. A apuração foi aberta após a demissão do ex-ministro Sérgio Moro.

Furtado também ressalta que o caso denotaria ainda "inadequado uso do cargo público visando interferência na atuação de órgãos oficiais, motivado supostamente por interesses político-pessoais" e dessa maneira pode caracterizar eventual crime de responsabilidade, por atentar contra a segurança interna do país e a probidade na Administração Pública.

O presidente Jair Bolsonaro participou de uma reunião, em 25 de agosto, com advogados do filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O objetivo foi debater supostas "irregularidades das informações constantes de Relatórios de Investigação Fiscal" produzidos por órgãos federais sobre o senador. Também foram ao encontro o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

A reunião, que não foi registrada nas agendas oficiais do presidente nem de Augusto Heleno, foi revelada nesta sexta-feira, 23, pela revista Época e confirmada pelo Estadão.

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Desde julho de 2018, Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) por suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação começou a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O trabalho identificou "movimentações financeiras atípicas" de 75 assessores ou ex-assessores de deputados estaduais do Rio.

Fabrício Queiroz, assessor de Flávio quando o filho do presidente era deputado estadual fluminense, foi um dos citados. Ele movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A quantia era incompatível com a renda dele. O MP suspeita que Queiroz operava, a mando de Flávio, um esquema de "rachadinha". Ou seja, ele recolheria a maior parte dos salários dos colegas de gabinete, para repassá-lo ao filho do presidente.

Tanto Queiroz como Flávio negam irregularidades. O hoje senador atribui as acusações a "perseguição política". O verdadeiro alvo seria o governo do presidente, diz. Já o MP do Rio afirma agir tecnicamente e dentro da lei.

Em nota, a defesa de Flávio Bolsonaro afirmou que "levou ao conhecimento do Gabinete de Segurança Institucional as suspeitas de irregularidades" em relatórios sobre Flávio. O motivo seria que os documentos "diferiam, em muito, das características, do conteúdo e da forma dos mesmos Relatórios elaborados em outros casos".

Ainda segundo os advogados de Flávio, os relatórios anteriores não apontavam qualquer indício de atividade atípica por parte do senador". O caso foi levado ao GSI "por ter sido praticado contra membro da família" do presidente, argumentaram os advogados. A Presidência da República não havia se manifestado sobre o caso, até a publicação deste texto.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, admitiu nesta sexta-feira (16), que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou participantes da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 25), realizada em Madri, em dezembro passado. Em sua conta no Twitter, ele escreveu que o órgão deve acompanhar campanhas internacionais apoiadas por "maus brasileiros", que o governo Jair Bolsonaro entende como prejudiciais ao Brasil.

Ele afirmou que a Abin tem competência legal para atuar na COP e continuará a agir em "eventos no Brasil e no exterior". "Temas estratégicos devem ser acompanhados por servidores qualificados, sobretudo quando envolvem campanhas internacionais sórdidas e mentirosas, apoiadas por maus brasileiros, com objetivo de prejudicar o Brasil", escreveu o ministro. "A Abin é instituição de Estado e continuará cumprindo seu dever em eventos, no Brasil e no exterior."

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A admissão de Heleno ocorreu quatro dias depois de o Estadão revelar detalhes da operação realizada por quatro agentes da Abin, três deles recém-concursados, no mais importante evento sobre o clima do mundo. A reportagem confirmou com um dos oficiais de inteligência enviados à Espanha que o objetivo era monitorar e relatar menções negativas a políticas ambientais do governo Bolsonaro, especialmente na Amazônia. Eles focaram nas organizações não-governamentais (ONGs), com as quais o governo mantém relação conflituosa, mas também observaram atividades e integrantes da própria comitiva brasileira e de delegações estrangeiras.

Heleno está sob pressão. A manifestação do ministro no Twitter ocorre também depois de deputados oposicionistas, da bancada do PSOL, acionarem a Procuradoria-Geral da República e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão cobrando investigação por crime de responsabilidade e ato de improbidade administrativa. Os parlamentares pedem que Heleno e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sejam responsabilizados pela operação da Abin e pela omissão de informações ao Congresso. A Constituição prevê punição por envio formal de informações falsas requisitadas por congressistas.

Ao responder a requerimento por escrito, o Itamaraty deixou de informar no ofício à Câmara dos Deputados sobre a presença de nomes da Abin e do GSI na delegação brasileira. O documento omite o vínculo funcional dos quatro oficiais de inteligência concursados da agência e de um assessor de confiança que representou Heleno no na ONU, o coronel da reserva do Exército Adriano de Souza Azevedo, da Assessoria de Planejamento e Assuntos Estratégicos. Todos foram identificados apenas como "assessores" da Presidência da República.

Apesar disso, Heleno alega que o governo foi "transparente" porque a Abin publicou na versão antiga de seu site uma nota dizendo que "integrou a COP 25", dias depois de a missão em Madri ter sido concluída. Questionados há 10 dias, nem o GSI nem a Abin haviam se manifestado ou respondido a perguntas da reportagem sobre a operação na ONU. Sem precedentes, ela foi contestada também por ambientalistas, diplomatas, ex-chefes de delegação internacional e dirigentes de ONGs.

Crachá

Tendo o elo com Abin oculto, eles foram credenciados na ONU pelo Itamaraty como "analistas" do GSI para supostamente participar das rodadas de "negociações" da COP 25. Com isso, receberam um crachá com tarja rosa que dava o mais amplo acesso a salas de negociação e a espaços sob responsabilidade e segurança das Nações Unidas. A suspeita da presença deles e o comportamento no pavilhão de debates e exposições organizado por ONGs, o Brazil Climate Action Hub, provocou um clima de desconfiança generalizada na delegação.

Até delegados de outros países entraram em alerta. Intimidados, servidores técnicos deixaram de falar em público com ambientalistas, que por sua vez notaram comportamentos suspeitos e deixaram de promover reuniões de coordenação numa sala de debates envidraçada, após abordagem de um "representante do GSI".

O Estadão consultou as listas oficiais das delegações nas edições da COP de 2013 a 2018, em posse das Nações Unidas. Em nenhuma delas aparece o nome de representantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou da Abin. Fontes acostumadas a participar do evento disseram ser a primeira vez que a Abin monitorou o encontro.

Em uma derrota para o Palácio do Planalto, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta quinta-feira (13) para impor limites à atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) envolvendo os pedidos de compartilhamento de dados dos 42 órgãos que integram o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) - como a Polícia Federal, a Receita Federal, o Banco Central e a Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça. A maioria do Supremo entendeu que todo e qualquer pedido de compartilhamento de informações feito pela Abin deve ocorrer apenas quando ficar evidenciado o interesse público da medida e barrou o envio de dados que somente podem ser obtidos com prévia autorização judicial, como quebra de sigilo e escutas telefônicas.

A discórdia gira em torno de um decreto assinado no mês passado pelo presidente Jair Bolsonaro que fez mudanças na estrutura da Abin, ampliando o número de cargos de confiança e criando uma nova unidade, o Centro de Inteligência Nacional. O texto está previsto para entrar em vigor na próxima segunda-feira.

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A Rede Sustentabilidade e o PSB acionaram o Supremo alegando que a medida - classificada pelos partidos como mais um dos "abusos do governo federal" - deixou de limitar as hipóteses de requisição de informações por parte da agência, bastando um pedido do diretor-geral da Abin para obter pleno conhecimento de informações sigilosas.

"Não estamos aqui a cuidar de Abin paralela. Por uma razão simples: inteligência está posta como uma atividade necessária. Arapongagem, pra usar uma expressão vulgar, mas no dicionário, essa atividade não é direito, é crime. Praticado pelo Estado, é ilícito gravíssimo. O agente que adota prática de solicitação de dados específicos sobre quem quer que seja fora dos limites da legalidade comete crime. Não é do que estamos falando", frisou a relatora da ação, ministra Cármen Lúcia.

"Qualquer fornecimento de informação mesmo entre órgãos públicos que não cumpram rigores formais do direito e nem atendam ao interesse público configura abuso de direito e contraria a finalidade legítima posta na lei da Abin. Mecanismos legais de compartilhamento de dados e informações são postos para abrigar o interesse público, não para abrigar interesses particulares. Solicitação de informações da Abin a órgãos deve ser acompanhada de motivação. Não é possível ter como automática a requisição sem que se saiba por que e para quê", frisou Cármen Lúcia.

O entendimento da ministra foi acompanhado pelos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Gilmar Mendes.

"Tem-se um cenário em que a ausência de protocolos claros de proteção e tratamento de dados, somada à possibilidade, narrada na inicial e amplamente divulgada na imprensa, de construção de dossiês investigativos contra servidores públicos e cidadãos pertencentes à oposição política, deve gerar preocupações quanto à limitação constitucional do serviço de inteligência", disse Fachin.

"Como bem mostrou o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o modelo adotado, ao longo do regime militar pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) como órgão da Presidência da República, não pode, sob nenhuma hipótese, ser o mesmo da Abin", acrescentou Fachin.

O julgamento ocorreu em meio à repercussão de um dossiê elaborado pela Seopi contra opositores do governo Bolsonaro que se intitulam "antifascistas". Depois de dizer que "não seria menos catastrófico" abrir acesso a dados da Seopi ao Poder Judiciário, o ministro da Justiça, André Mendonça, mudou o tom e enviou na última quarta-feira ao STF uma manifestação em que afirma que compartilharia o relatório, se houver determinação judicial nesse sentido.

A primeira resposta de Mendonça enviada ao STF foi em reação à determinação da ministra Cármen Lúcia para que apresentasse explicações sobre o caso dentro de um prazo de 48 horas. Na nova manifestação, o ministro suavizou as declarações. Esse outro caso vai ser analisado pelo plenário do STF na próxima quarta-feira.

Condições

Na avaliação do ministro Luís Roberto Barroso, os órgãos do Sisbin somente podem fornecer dados e conhecimentos específicos à Abin quando comprovado o interesse público da medida e afastada qualquer possibilidade desses dados atenderem interesses pessoais ou privados, sempre ficando documentado quem pediu. "Toda e qualquer decisão que requisitar os dados deverá ser motivada. É preciso que se saiba sempre quem entregou e quem recebeu, porque isso é importante para o controle da cadeia da legalidade", frisou Barroso.

"Há uma imensa desconfiança em relação à atividade de inteligência por obra do SNI. O passado condena. O SNI, criado logo depois do golpe de 1964, tornou-se parte conhecida da História brasileira, esse organismo se perdeu no monitoramento e perseguição da oposição. Temos um passado que condena a utilização indevida de agências de inteligência para a proteção de interesses por vezes inconfessáveis de lideranças políticas autoritárias", observou Barroso.

O advogado Rafael Carneiro, defensor do PSB, alertou para as reiteradas tentativas da Presidência da República de obter maior acesso a dados sigilosos da população, destacando o episódio do dossiê contra servidores antifascistas. "Inteligência é central para o processo de erosão democrática que vem ocorrendo ao redor do mundo", afirmou Carneiro.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, designou Wilson Roberto Trezza, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para colaborar com a Comissão de Preservação da Autonomia do Ministério Público Federal. A nomeação foi publicada em portaria no Diário Oficial da União desta quarta-feira (12).

Trezza, que dirigiu a Abin por oito anos, vai trabalhar como colaborador eventual, de modo que não será remunerado. A assessoria de imprensa do Conselho Superior do Ministério Público informou a escolha decorre da 'expertise' do nomeado, mas não deu detalhes sobre as funções a serem exercidas por ele.

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A Comissão, presidida pelo conselheiro Marcelo Weitzel, cuida da elaboração de estudos e manifestações relacionados à preservação da autonomia da instituição. Em sua estrutura, está alocada a Secretaria Executiva de Segurança Institucional do MPF.

COM A PALAVRA, A PGR

O colaborador Wilson Roberto Trezza foi nomeado a pedido do conselheiro do CNMP Marcelo Weitzel. O procurador-geral da República assina a portaria na condição de presidente do conselho.

O colaborador não cumprirá expediente, somente atuará por demanda do conselheiro Marcelo Weitzel. Como colaborador, não terá vinculação direta nem receberá salário.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou o Palácio do Planalto e ministros sobre situações de caos em cemitérios do País e a falta de espaços para sepultamentos, causados pelo aumento de óbitos pela covid-19. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro tem acusado gestores de fazer "terrorismo" ao buscar novos espaços para enterros e xingou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), por ter aberto covas coletivas.

Em informes sobre a pandemia que somam cerca de 950 páginas, com datas de 27 de abril a 13 de maio, obtidos pelo Estadão com exclusividade, a Abin mostra o desespero de famílias que não encontram parentes mortos em enterros precários em Manaus.

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"Famílias relatam desaparecimento temporário dos corpos de familiares que morreram na rede pública de saúde. No cemitério público Nossa Senhora Aparecida, a prefeitura informou que os corpos serão enterrados em valas comuns, empilhados três a três", apontou a agência em documento de 29 de abril. No mesmo informe, a Abin afirma que cresce em Manaus a opção de cremar corpos "por não haver mais espaço suficiente nos cemitérios públicos" para vítimas da doença.

Ainda segundo a agência, caixões na capital do Amazonas foram abertos por pessoas que buscavam parentes. "A ação ocorre após trocas e desaparecimento de cadáveres."

Apesar de alertas de autoridades de saúde e da Abin, Bolsonaro reclama da mobilização de gestores de Estados e municípios para dar conta de enterrar mortos pela covid. No início de abril, chamou de "terrorismo" a abertura de covas no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.

Em reunião ministerial de 22 de abril, Bolsonaro xingou o prefeito de Manaus por abrir covas coletivas. "Aproveitaram o vírus, está um bosta de um prefeito lá de Manaus, agora, abrindo covas coletivas. Um bosta." O presidente disse que Virgílio estava "aproveitando" a pandemia para levar um "clima desse, para levar o terror ao Brasil".

Dias após a reunião com ministros, em 4 de maio, a Abin informou sobre chegada de reforço de 300 urnas funerárias a Manaus, cidade já com a capacidade de enterros esgotada.

Os informes da Abin abastecem o Centro de Coordenação de Operação do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 (CCOP). Coordenado pela Casa Civil, o órgão foi criado em março, quando Bolsonaro atuava para retirar o protagonismo do Ministério da Saúde na crise.

A Abin faz, desde março, diagnóstico da situação da pandemia no País e um mapeamento no exterior. Como revelou o Estadão no domingo, adota, nos documentos endereçados ao Planalto e a ministérios, discurso oposto ao do presidente sobre o tema. Procurados, a Presidência da República e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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