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Após os danos causados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro à credibilidade do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), o órgão deve passar por uma reforma interna, com o objetivo de livrar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) dos erros que permitiram a vulnerabilidade das informações sigilosas sob proteção do sistema. A primeira medida deverá ser aposentar o uso do WhatsApp para a troca de informes. 

Em agosto, o ex-diretor adjunto da Abin, Saulo Moura da Cunha, alegou que o órgão emitiu alertas de inteligência através do WhatsApp, considerado o meio "mais rápido à ocasião". A postura se tornou tópico na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, considerado a violabilidade do mensageiro e o nível de sensibilidade das informações. 

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De acordo com O Globo, o novo Sisbin vai criar um sistema de comunicação seguro, com criptografia de Estado, como o das urnas eletrônicas. A decisão consta no decreto que reformula o Sisbin, assinado nesta quarta-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Desta maneira, a troca de informações entre os 49 integrantes do sistema vai se dar em um ambiente seguro, em uma plataforma digital e um aplicativo de comunicação, com rastreabilidade dos documentos compartilhados. Outra novidade é que haverá níveis de acesso. 

Ainda de acordo com O Globo, haverá três níveis de integrantes do Sistema: os órgãos permanentes serão os que tratam da defesa externa, da segurança interna e das Relações Exteriores, os grandes eixos da inteligência de Estado. 

A Casa Civil estará presente no grupo por sua competência relativa à governabilidade. As outras instituições que não tratam de assuntos destes eixos da inteligência participarão como órgãos dedicados e associados. A novidade é que os setores de inteligência dos governos estaduais também devem passar a integrar o sistema. Como o órgão sempre foi monitorado ou gerenciado por forças militares, a lógica é que agora as forças se dispersem. 

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura, em oitiva no Congresso Nacional, afirmou que avisou ao general Gonçalves Dias, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sobre riscos de segurança à sede dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro, cerca de uma hora antes dos golpistas invadirem os prédios. O ex-servidor fez as declarações em depoimento nesta terça-feira (1º) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1. 

Segundo Cunha, as informações sobre a intenção dos vândalos de depredar as sedes dos Três Poderes chegaram a ele por volta de 13h e foram repassadas a Dias às 13h30. A invasão ao prédio do Congresso começou por volta de 14h45, quando os vândalos romperam a barreira física dos militares e invadiram o Legislativo. 

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“No momento em que a marcha saiu, eu recebo a ligação de um colega responsável pela segurança – não vou falar o nome dele aqui, mas depois – responsável pela segurança de um dos órgãos dos Três Poderes, muito preocupado, e divido com ele, nesse primeiro momento, as nossas preocupações. E ele, inclusive, me pede para falar com o general G dias, e eu passo o contato do general G. Dias. E ligo para o general G. Dias por volta de 13h30”, afirmou. 

O ex-diretor da Abin também disse que, no dia 8 de janeiro, o primeiro contato que teve com G. Dias ocorreu por volta de 8h. Ele disse ter relatado ao ex-ministro do GSI movimentações de ônibus. Segundo Cunha, G. Dias teria respondido: “Acho que vamos ter problemas”. 

Saulo Cunha afirmou ainda que a Abin enviou aos órgãos do sistema de inteligência, entre os quais o Ministério da Justiça, o relatório que alertava sobre o risco de invasão no dia 8 de janeiro. O ex-diretor da Abin explicou que o procedimento consiste em a Abin enviar os informes aos órgãos do sistema de inteligência, mas que cabe aos próprios órgãos, entre eles o Ministério da Justiça, definir como a informação será tratada. 

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Ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta terça-feira (1º), o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, alegou que o órgão emitiu, aos governos federal e distrital, 33 alertas sobre movimentações golpistas ou de caráter violento que estariam associadas aos atos antidemocráticos ocorridos no início do ano. 

A comissão investiga o que e quem está por trás das invasões aos Três Poderes, em Brasília, e se houve omissão de informações por parte de algum dos órgãos envolvidos na segurança pública, seja a Abin, o Ministério da Justiça, ou o Governo do Distrito Federal e suas forças policiais. 

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De acordo com Moura, entre 2 e 8 de janeiro, a Abin enviou alertas aos governos através do WhatsApp, que era o meio mais rápido à ocasião. Ele foi questionado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que pediu esclarecimentos sobre a escolha do mensageiro e o formato dos supostos alertas. 

“Entre os dias 2 de janeiro e o final da madrugada do dia 8 de janeiro, a Abin produziu 33 alertas de inteligência. Não são relatórios, há uma diferença conceitual. O relatório é um documento estratégico, passa por processamento e demora para ser produzido. A gestão anterior entregou um relatório ao governo de transição, falando sobre a presença de atores extremistas nos movimentos feitos em frente aos quartéis e ao QG. Do dia 2 ao dia 8, efetivamente, [nós] não produzimos relatórios de inteligência”, disse Saulo. 

Saulo Moura fez parte da equipe de transição dos governos Lula e Bolsonaro, e posteriormente assumiu a Abin. “Efetivamente”, segundo ele, só assumiu mesmo a agência em 2 de janeiro. De acordo com o ex-diretor, o WhatsApp é um dos meios utilizados para fazer alertas, mas o mesmo não ocorre com os relatórios, enviados por meio de plataforma própria, o Correio Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência). 

“A minha gestão entregou um relatório ao governo de transição falando sobre a presença, se eu não me engano –e eu não posso entrar em detalhes aqui–, mas esse relatório foi encaminhado para a comissão, sobre a presença de atores extremistas nos movimentos que estavam sendo feitos em frente aos quartéis e ao QG [quartel-general]. Esse é um relatório bastante extenso, ele traz nomes”, disse. 

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A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) o envio de todos os relatórios produzidos durante o período da pandemia da Covid-19 enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Documentos escritos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional entre março de 2020 e julho de 2021 foram mantidos em sigilo pela gestão do ex-mandatário. Os relatórios projetavam o número de pessoas mortas pelo coronavírus no país.

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Os mais de mil documentos alertavam o então governo sobre o aumento na projeção de mortes, sobre a necessidade de políticas públicas de incentivo ao isolamento social e, ainda, sobre a falta de transparência da gestão e a lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias que diminuíssem o impacto da doença.

Os relatórios também apontavam os riscos do uso da cloroquina, medicamento que foi defendido por Bolsonaro. Além disso, mencionavam a importância da vacinação e alertavam sobre um possível colapso das redes de saúde e funerária.

No início deste mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, anulou uma decisão da Justiça Federal de Brasília que havia arquivado parcialmente uma investigação sobre supostas omissões e irregularidades do governo Bolsonaro na pandemia.

Por ordem do ministro do STF, a PGR terá de reavaliar, a partir de um relatório da Polícia Federal (PF), se há indícios de crimes nas condutas de Bolsonaro; do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; do ex-braço direito de Pazuello na pasta, coronel Elcio Franco; e do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten.

Mayra Isabel Correia Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e Mauro Luiz Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina, também devem entrar na mira.

A investigação analisa, entre outros, possíveis crimes de epidemia com resultado de morte, emprego irregular de verbas pública e prevaricação.

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicitou à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) o envio de todos os relatórios produzidos durante o período da pandemia da Covid-19 enviados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Documentos escritos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional entre março de 2020 e julho de 2021 foram mantidos em sigilo pela gestão do ex-mandatário. Os relatórios projetavam o número de pessoas mortas pelo coronavírus no país.

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Os relatórios também apontavam os riscos do uso da cloroquina, medicamento que foi defendido por Bolsonaro. Além disso, mencionavam a importância da vacinação e alertavam sobre um possível colapso das redes de saúde e funerária.

No início deste mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, anulou uma decisão da Justiça Federal de Brasília que havia arquivado parcialmente uma investigação sobre supostas omissões e irregularidades do governo Bolsonaro na pandemia.

Por ordem do ministro do STF, a PGR terá de reavaliar, a partir de um relatório da Polícia Federal (PF), se há indícios de crimes nas condutas de Bolsonaro; do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; do ex-braço direito de Pazuello na pasta, coronel Elcio Franco; e do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten.

Mayra Isabel Correia Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, e Mauro Luiz Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina, também devem entrar na mira.

A investigação analisa, entre outros, possíveis crimes de epidemia com resultado de morte, emprego irregular de verbas pública e prevaricação.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entregou à CPI dos Atos Golpistas, responsável por investigar os ataques de 8 de janeiro, 11 relatórios de investigação acerca da organização dos prédios dos Três Poderes e de seus financiadores. Os documentos constituem um roteiro dos atentados que visavam engendrar um golpe de estado. 

Nos relatórios, obtidos pela TV Globo, a Abin rastreia os suspeitos de financiar e divulgar os atos, mostrando como eles se articularam por meio das redes sociais e até um plano de ataque a torres de energia e sistemas de controle. Dentre as ações da Abin, uma análise de máquinas usadas no garimpo ilegal no Pará permitiu o rastreio de uma rede de empresários que financiou os ataques golpistas.

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Segundo o relatório, os empresários Roberto Katsuda e Enric Lauriano estão diretamente ligados ao garimpo e possuem relação com políticos da região. Enquanto Lauriano financiou manifestações no Pará e em Brasília, marcando presença nos atos do oito de janeiro, Katsuda é classificado pelos documentos como "notório defensor de garimpos em áreas protegidas e visto como um dos maiores articuladores políticos" do tema.

Também foram identificadas oito retroescavadeiras em atividades ilegais dentro das Terras Indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará. Destes equipamentos, três pertenceram à empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações, administrada por Felipe Sica Soares Cavalieri, com sede em Itatiaia (RJ).

Outras quatro retroescavadeiras também eram da empresa, mas foram revendidas. A filial da BMC em Itaituba (PA) é administrada pela filha de Roberto Katsuda e é o principal ponto logístico para o garimpo na bacia do Rio Tapajós. O relatório aponta que Katsuda "financia a estrutura do lobby garimpeiro do vereador Wescley Tomaz". Tanto o político quanto o garimpeiro integram a comissão pró-garimpo, junto com Fernando Brandão, dono de um escritório de advocacia, e Guilherme Aggens, engenheiro florestal da Geoconsult Pará.

Confira a lista dos relatórios entregues pela Abin:

1.Empresários que contrataram ônibus fretados para transportar os golpistas

2. Envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos

3. Empresas transportadoras que deram suporte às ações violentas

4. Ameaças de novas ações violentas como identificação de explosivos em locais públicos e sabotagem de sistemas de controle industriais

5. Ataques a torres de linhas de transmissão de energia com objetivo de causar prejuízo no abastecimento

6. Influenciador digital que participava de grupos extremistas em redes sociais com convocações para os atos golpistas

7. Participante de atos extremistas que auxiliou bolsonaristas a saírem do DF

8. Intensificação da atuação de extremistas violentos de direita

9. Mapeamento dos presos e foragidos no 8 de janeiro

10. Identificação de grupo extremista violento em Brasília que poderia ameaçar a posse do presidente Lula

11. Empresários do agronegócio que patrocinaram os ataques de 8 de janeiro e articularam anteriormente diversos atos por intervenção militar e em apoio a Bolsonaro

Outro lado

A empresa BMC emitiu uma nota:

Hoje o nome da empresa BMC foi mencionado em matéria sobre a CPI dos Atos Golpistas e a um eventual “envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos”. Gostaríamos de esclarecer os seguintes pontos: 1. A empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações Ltda., bem como seus executivos e sócios, entre eles Felipe Sica Soares Cavalieri, jamais estiveram envolvidos em qualquer ação relacionada aos atos golpistas como também a qualquer prática de garimpo ilegal. 2. A matéria informa que foram identificados três equipamentos comercializados pela BMC, que eram utilizados em atividades ilegais dentro das áreas indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará. A BMC já comercializou mais de 25.000 dessas máquinas escavadeiras e não é possível relacionar qualquer envolvimento da empresa em atividades dessa natureza. 3. A matéria cita que a BMC tem filial em Itaituba, no Pará. A BMC não possui filial na cidade de Itaituba, no estado do Pará, e a filha do Sr. Roberto Katsuda, mencionada na matéria, não tem qualquer função e muito menos ocupa cargo na área administrativa da BMC. 4. A filha do Sr. Roberto Katsuda, Sra. Bruna Maria Gravena Katsuda é sócia de outra empresa, com nome semelhante, a BMG Comércio de Máquinas (CNPJ nº 26.001.755/0001-02), com a qual a BMC mantinha relações comerciais, de venda de empresa para a empresa, uma modalidade conhecida como B2B (business to business), visto a BMC ser a única comercializadora desse tipo de equipamento da marca Hyundai. A BMC vende seus equipamentos para outras mais de 100 revendas no Brasil, além de venda direta ao consumidor. 5. A BMC tomou conhecimento de relatório elaborado pelo Greenpeace, que apontava que os equipamentos da marca Hyundai, vendidos pela BMG, estavam sendo utilizados em garimpos ilegais no estado do Pará. Ato contínuo, após acordo firmado entre o Greenpeace e a matriz da Hyundai, na Coreia do Sul, em maio deste ano, a BMC notificou a rescisão do contrato com a BMG. 6. Em suas diretrizes de governança corporativa, a BMC, ao vender seus produtos, exige que os clientes declarem, expressamente, que não exercem qualquer atividade ilegal, principalmente, mas não tão somente, atividades de desmatamento de florestas, destruição do meio ambiente, violação de terras indígenas e mineração ilegal. Diante desses fatos, solicitamos que a matéria seja atualizada com as informações apresentadas acima.

 

O recesso parlamentar no Congresso não paralisou as discussões de bastidores sobre o destino da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no segundo semestre deste ano. Os parlamentares debatem a possibilidade de retomar os trabalhos, em agosto, com o depoimento do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, que comandava o órgão no dia em que ocorreram os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes.

A convocação de Cunha foi mobilizada pela oposição, numa tentativa de fortalecer a tese de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria sido omisso durante o processo de preparação do esquema de segurança para o dia 8 de janeiro. A Abin elaborou relatórios e alertas que foram enviados aos órgãos públicos sobre os riscos envolvidos nas manifestações convocadas para aquele dia.

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Cunha foi nomeado diretor-adjunto da Abin no primeiro dia de mandato de Lula e acabou exonerado do cargo em março. Em abril, ele foi escolhido para chefiar a assessoria especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), onde permaneceu por apenas dois meses.

Além de Cunha, há a expectativa de que os ex-ministros Anderson Torres, do governo Jair Bolsonaro (PL), e Gonçalves Dias, da gestão Lula, sejam ouvidos ainda em agosto. A ordem dos depoimentos será debatida na primeira reunião deliberativa do grupo após o recesso. Os dois ministros mobilizam os diferentes lados da CPMI por causa do alto potencial de desgaste de seus ex-chefes.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ainda pretende realizar acareações no segundo semestre - ou seja, colocar em confronto as versões de dois ou mais investigados para identificar inconsistências e contradições nos depoimentos. A parlamentar também quer usar a segunda etapa da investigação para focar nos financiadores dos atos golpistas. Ela quer identificar, por exemplo, se os empresários que financiaram os acampamentos em frente aos quartéis do Exército tinham contratos com o governo Bolsonaro.

Prazo

O segundo semestre de trabalho da CPMI também deve ser de embate entre os parlamentares sobre o tempo de duração das investigações. A comissão instalada no final de maio deste ano está autorizada a funcionar por 180 dias, portanto até meados de novembro. O regramento do Congresso prevê a renovação do prazo por tempo igual, mas a relatora e os parlamentares governistas estão empenhados em liquidar a apuração ainda neste ano.

Eliziane tem dito a interlocutores que o prazo atual de 180 dias é suficiente para a finalização do relatório. A oposição, em contrapartida, busca levar o trabalho da CPMI para 2024, numa tentativa de desgastar o Palácio do Planalto em ano de eleições municipais. Os parlamentares desse campo argumentam ser insuficiente o prazo estabelecido para chegar a conclusões satisfatórias sobre o que ocorreu no dia 8 de janeiro.

Os oposicionistas cobram da mesa diretora da CPMI a autorização para colher depoimentos de todas as pessoas presas no dia 8 de janeiro. Esse trabalho seria uma das justificativas para ampliar o prazo de funcionamento do colegiado, já que mais de 200 pessoas continuam detidas nos presídios da Papuda e da Colmeia.

O presidente da CPMI, Arthur Maia (União Brasil-BA), não decidiu qual lado apoiará caso sejam apresentados requerimentos de ampliação do prazo de funcionamento do colegiado. Para que os trabalhos sejam prorrogados, é necessário que a oposição apresente requerimento e reúna as assinaturas de 27 senadores e 171 deputados. Ainda é necessário que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leia em plenário o pedido de ampliação do prazo, após a fase de coleta de apoio.

O posicionamento dos membros da comissão tende a influenciar os votos dos demais parlamentares sobre o destino CPMI. A oposição, portanto, precisará reeditar em cenário adverso o feito de instalação da comissão, quando conseguiu reunir as assinaturas de 246 deputados e 40 senadores. De lá para cá, o governo Lula estreitou laços com partidos do Centrão, como PP e Republicanos, para consolidar sua base de sustentação e evitar novas derrotas no Congresso, a exemplo da CPMI.

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos de 8 de Janeiro, o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Naime disse que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) avisou sobre ameaças de invasão das sedes dos Três Poderes na manhã do dia 7 de janeiro. 

Segundo ele, o alerta foi dado por volta das 10h em um grupo de Whatsapp que reunia representantes de órgãos de inteligência. Naime afirmou que nenhum membro de seu departamento participava do grupo.   

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“O que me causa estranheza é que no dia 7, às 10h da manhã, a Abin informa claramente que estava confirmado, que tinha uma confirmação de invasão de prédios públicos, e isto foi relatado nesse grupo. Isto foi relatado nesse grupo, às 10h da manhã”, disse Naime.  Naime não soube informar se o secretário interino de Segurança Pública do Distrito Federal tomou conhecimento dessa informação.

“Os senhores precisam ver onde essa informação chegou. Se essa informação chegou ao nível de Secretário e Comandante-Geral, eles não tomaram as providências, porque, minimamente, o Gabinete de Gestão de Crise tinha que ter sido acionado nesse momento, ou se as inteligências não passaram essas informações para o Secretário. E aí o que causa estranheza é que, nos relatórios que têm... o próprio Secretário relata que ele passa praticamente a tarde inteira informando ao Governador [do Distrito Federal] que estava tudo bem, que estava tudo certo, que estava tudo monitorado.” 

Acampamento

O coronel voltou a criticar o Exército, argumentando que os militares impediram a Polícia Militar do Distrito Federal de desmobilizar, em dezembro de 2022, o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército.

  “A gente foi impedido. Não conseguimos fazer nem metade do que estava previsto, nem do que não estava previsto, não conseguimos fazer. A PM ficou em um descrédito muito grande. Lembrando que, sobre isso aí, nós estamos falando de 29 de dezembro, que foi depois dos ataques do dia 12 de dezembro. O que motivava mais ainda a gente a querer acabar com aquele acampamento, e a gente foi impedido pelo próprio Exército Brasileiro”, disse. 

“Quem passou a informação ao Comandante-Geral foi o General Dutra [então chefe do Comando Militar do Planalto], mas eu não posso afirmar que a ordem tenha sido especificamente dele. O transmissor da ordem foi o General Dutra”, acrescentou. 

Naime já havia feito críticas quando prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em março deste ano. 

Na ocasião, o Exército informou que o "caso está sendo apurado pelas autoridades competentes".   

Atestado médico 

 Quatro horas antes do depoimento, o coronel apresentou atestado médico alegando falta de condições psicológicas para depor aos parlamentares.

A CPMI pediu que uma junta médica do Senado analisasse a situação do policial para confirmar a veracidade do atestado. Durante a análise da junta, Naime mudou de ideia e aceitou falar à CPMI.     

O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), desconfiou do atestado porque foi apresentado somente após o Supremo Tribunal Federal (STF) negar um habeas corpus apresentado pela defesa do militar. 

Na ação, os advogados pediram para ele não comparecer à CMPI. O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido, determinando a ida dele ao Congresso, mas garantindo o direito dele de ficar calado e de não responder a todas as perguntas dos parlamentares.

“Quarenta minutos depois da decisão do habeas corpus obrigando o depoente a vir foi apresentado esse atestado médico. Diante dessa realidade, nós determinamos que o depoente viesse até o Senado para ser avaliado por uma junta médica”, explicou Maia.

No início do interrogatório, a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), perguntou o porquê de o coronel ter mudado de ideia e resolvido falar. O depoente respondeu que, por estar há cinco meses preso, as mudanças na rotina acarretam “alterações mentais”. 

“Mas como já havia sido conduzido ao Congresso, já tinha sido alterada minha rotina, e como não tem nada que eu não possa declarar perante essa CPMI, ou qualquer outro órgão do Estado que me chame para depor, e como eu já estava na casa, eu espontaneamente decidi vir, mesmo não estando na melhor performance emocional que poderia estar”, explicou.

O coronal da PM Jorge Eduardo Naime foi preso no dia 7 de fevereiro. Ele é acusado de omissão nos atos antidemocráticos.   

 *Com informações da Agência Câmara

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou nesta ter o delegado aposentado da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União.

A indicação de Corrêa já havia sido aprovada pelo Senado Federal, no dia 17 de maio. A análise é um requisito exigido por lei.

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De acordo com a Abin, a posse ocorrerá nas próximas semanas.  Luiz Fernando Corrêa é delegado aposentado da Polícia Federal. De 2007 a 2011, foi diretor-geral da instituição.

Também foi secretário nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, entre novembro de 2003 e setembro de 2007; e diretor de Segurança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, de junho de 2011 a setembro de 2016.

A Polícia Federal (PF) determinou nesta quinta-feira (16) a instauração de um inquérito para investigar denúncias de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou celulares de milhares de brasileiros durante os três primeiros anos do governo Jair Bolsonaro. A informação foi publicada pelo jornal O Globo na última terça-feira (14) e confirmada pela Abin no dia seguinte.

Segundo a agência, o contrato de uso do software de localização teve início no final de 2018, ainda no governo Michel Temer, e foi encerrado em 8 de maio de 2021. O programa, chamado FirstMile, foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação. A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

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"A solução tecnológica em questão não está mais em uso na Abin desde então [8 de maio de 2021]. Atualmente, a Agência está em processo de aperfeiçoamento e revisão de seus normativos internos, em consonância com o interesse público e o compromisso com o Estado Democrático de Direito", informou a Abin, em nota. A investigação da PF será conduzida pela Diretoria de Inteligência Policial. 

Denúncia na ONU

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro foi denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU), durante a 52ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, realizada na última terça-feira, pelo uso desordenado de tecnologias digitais e sistemas de monitoramento no período da pandemia de covid-19. As organizações não governamentais (ONGs) Conectas, Artigo 19, Data Privacy Brasil e Transparência Internacional Brasil, responsáveis pela denúncia, pediram à ONU que questione o Brasil sobre o uso dessas tecnologias e o tratamento dos dados coletados durante a pandemia.

Segundo o documento apresentado na ONU, entre 2020 e 2022 foram utilizadas tecnologias digitais para a coleta de dados biométricos, de geolocalização e informações de saúde da população sem a devida transparência e participação da sociedade civil. As instituições envolvidas na denúncia afirmaram ainda que a fragilidade dos mecanismos de controle e a indisposição dos órgãos responsáveis por monitorar o uso dessas tecnologias de modo efetivo foram fatores decisivos para o agravamento do problema.

Além disso, as organizações manifestaram preocupação com o aumento dos gastos governamentais em equipamentos de vigilância e software espião, com destaque para o campo da segurança pública e da inteligência estatal. Na avaliação das entidades, tais ações violam os direitos fundamentais de liberdade de expressão, associação, privacidade e intimidade.

O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu, nesta quarta-feira (15), a abertura de uma investigação sobre um sistema secreto de vigilância operado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na representação, Furtado apontou que a vigilância indevida e sem motivação oficial "pode se prestar apenas a atender um eventual interesse pessoal de agentes e autoridades, caracterizando flagrante desvio de finalidade". O subprocurador pede que seja apurado eventual prejuízo aos recursos públicos.

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"Independentemente de qualquer outro vício, se o ato foi praticado contrariando a finalidade legal que justificou a outorga de competência para a prática do ato, ou seja, se foi praticado com desvio de finalidade, ele está eivado de ilegitimidade e é passível de aplicação das sanções previstas no ordenamento jurídico em face do agente público responsável", destacou Furtado.

O sistema foi revelado ontem pelo jornal O Globo. De acordo com a reportagem, a ferramenta permitia monitorar os passos de até 10 mil pessoas em todo o território nacional, por meio do celular, a cada 12 meses. O procedimento teria ocorrido durante os três primeiros anos da gestão de Bolsonaro e não seguia nenhum protocolo oficial, segundo o jornal.

A Abin estava sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transferiu a Abin para a Casa Civil, pasta diretamente ligada à Presidência da República.

Durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) operou um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional. A informação foi divulgada em reportagem do jornal O Globo nesta terça-feira, dia 14.

Ainda segundo a reportagem, a ferramenta, chamada 'FirstMile', permitia, sem qualquer protocolo oficial, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. O monitoramento era possível em aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G. Para localizar um indivíduo, bastava digitar o número do seu contato telefônico no programa e acompanhar em um mapa a última localização.

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Desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), o 'FirstMile' se baseia em torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões para captar os dados de cada aparelho telefônico e, então, devolver o histórico de deslocamento do dono do celular. De acordo com a reportagem, era possível ainda criar alertas em tempo real para determinado tipo de movimentação.

O Globo cita relatos de funcionários segundo os quais a prática suscitou questionamentos internos na Abin, uma vez que a agência estaria usando dados privados que não possui autorização legal para acessar. De acordo com a reportagem, o caso motivou a abertura de investigação interna. Procurada pelo O Globo, a Abin disse que o sigilo contratual a impede de comentar o caso.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira, 14, que o novo nome para comandar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já foi indicado. Assim que o órgão tiver uma nova direção, o seu trabalho será reformulado, afirmou.

Ele evitou comentar sobre a atuação da Abin no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Como revelou hoje o jornal O Globo, durante os três primeiros anos da gestão do ex-chefe do Executivo, a agência operou um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional.

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Costa garantiu que, sob sua gestão, toda lei será respeitada e eventuais denúncias serão levadas aos órgãos responsáveis, como Controladora Geral da União (CGU), Ministério Público e Judiciário como um todo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu a Abin para a Casa Civil, pasta diretamente ligada à Presidência da República. O órgão estava anteriormente sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), único ministério comandado por um militar na Esplanada, o general Gonçalves Dias.

A estratégia do governo é desmilitarizar a Abin, após o fracasso na antecipação e monitoramento das invasões do dia 8 de janeiro, e reformular o órgão em uma tentativa de "limpar" os serviços de inteligência e segurança institucional de militares ainda fiéis a Bolsonaro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o ex-diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa para exercer o cargo de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Nessa quinta-feira (2), por decreto, Lula transferiu a Abin para a Casa Civil, pasta diretamente ligada à Presidência da República e liderada por um dos ministros mais próximos do chefe do Executivo, Rui Costa.

Antes, o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência estava sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), único ministério comandado por um militar na Esplanada, o general Gonçalves Dias. O remanejamento do órgão faz parte da estratégia do governo de desmilitarizar a Abin, após o fracasso no monitoramento dos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília.

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A mensagem que encaminha o nome de Luiz Fernando Corrêa para a apreciação do Senado está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira. Considerado homem de confiança do presidente Lula, Corrêa precisará passar por sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado e ter seu nome aprovado no colegiado e no plenário da Casa para, então, poder ser nomeado para o cargo. Corrêa já foi secretário nacional de Segurança Pública no primeiro mandato de Lula, diretor-geral da PF no início do primeiro mandato de Dilma Rousseff e também atuou na segurança das Olimpíadas no Brasil, entre 2011 e 2016.

Anac

Na edição do Diário Oficial de hoje, Lula também envia para deliberação do Senado duas indicações para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac): Tiago Sousa Pereira foi indicado para o cargo de diretor-presidente da Agência, na vaga decorrente da renúncia de Juliano Alcântara Noman; e Mariana Olivieri Caixeta Altoé, para cargo de diretora, em virtude da indicação de Tiago Pereira para a presidência do órgão.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, transferiu a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Casa Civil, pasta diretamente ligada à Presidência da República e comandada por um dos ministros mais próximos do chefe do Executivo, Rui Costa. O órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência estava anteriormente sob comando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), único ministério comandado por um militar na Esplanada, o general Gonçalves Dias.

A mudança era esperada. A estratégia do governo é desmilitarizar a Abin, após o fracasso na antecipação e monitoramento das invasões do dia 8 de janeiro, e reformular o órgão em uma tentativa de "limpar" os serviços de inteligência e segurança institucional de militares ainda fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Titular do GSI na gestão passada, o general Augusto Heleno era um dos ministros mais próximos do ex-presidente.

A transferência foi oficializada nesta quinta-feira (2), no Diário Oficial da União (DOU). O texto foi assinado por Lula e pelos ministros Esther Dweck (Gestão e da Inovação) e Rui Costa (Casa Civil). A Abin estava vinculada à estrutura do GSI desde o governo Michel Temer (MDB).

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente pediu uma reformulação profunda no modelo de funcionamento do GSI, órgão responsável por fazer a segurança do presidente.

A instituição de segurança passou a ser o departamento mais questionado no primeiro escalão do governo, após o fracasso na proteção da Presidência durante os atos. À época, Lula também declarou ter perdido a confiança nos militares. "Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade", disse.

O presidente estava convencido de que uma ala da Abin trabalhava para "proteger" o ex-presidente Bolsonaro e conspirar contra ele. Nesse sentido, iniciou-se no governo o processo de desmilitarização.

A primeira etapa foi retirar dos postos militares da cadeia superior e os oficiais de inteligência. Em uma mesma semana, mais de 155 militares foram exonerados, sendo membros tanto do GSI quanto da Secretaria Geral da Presidência.

Mensagens divulgadas pelos organizadores do movimento do dia 8 de janeiro mostram que a Abin estava acéfala na semana em que os bolsonaristas prepararam os atos golpistas, denominado por eles mesmos como "tomada do poder". A agência estava sem diretor-geral e sem os novos diretores de áreas importantes, como contra-inteligência.

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados cancelou a audiência que faria nesta terça-feira (22) com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Ele alegou problemas de saúde para não comparecer.

Augusto Heleno prestaria esclarecimentos acerca das interferências, por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em investigação conduzida pela Polícia Federal envolvendo Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente da República.

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Segundo o deputado Ivan Valente (Psol-SP), que havia solicitado a audiência, reportagem do jornal O Globo, de 30 de agosto, destaca que a Polícia Federal afirmou em um relatório que a Abin atrapalhou o andamento de uma investigação envolvendo Jair Renan Bolsonaro.

"Integrante do órgão, flagrado numa operação, admitiu em depoimento que
recebeu a missão de levantar informações de um episódio relacionado a Jair
Renan, sob apuração de um inquérito da PF. Segundo o espião, o objetivo era
prevenir 'riscos à imagem' do chefe do Poder Executivo", observou o deputado.

A operação da Abin ocorreu em 16 de março do ano passado, quatro dias após o filho do presidente e o seu preparador físico Allan Lucena se tornarem alvos de uma investigação. A dupla seria suspeita de abrir as portas do governo para um empresário interessado em receber recursos públicos.

A comissão ainda não marcou nova data para ouvir o ministro.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) aprovou nesta sexta-feira (11) relatório com quatro emendas ao Projeto da Lei Orçamentária Anual de 2023 (PLN 32/2022). As sugestões de despesas seguem agora para análise da Comissão Mista de Orçamento (CMO). 

Os membros da CCAI — deputados e senadores — destinaram R$ 40 milhões para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), R$ 235,3 milhões para a implantação do Projeto Forças Blindadas pelo Comando do Exército, R$ 189 milhões para a implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e R$ 2 milhões para ações de caráter sigiloso pelo Comando da Aeronáutica. 

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O prazo para que parlamentares, bancadas estaduais e colegiados permanentes do Senado, da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional apresentem emendas ao Projeto de Lei Orçamentária termina na próxima segunda-feira (14). 

*Da Agência Senado

O procurador-geral da República Augusto Aras disse nesta terça-feira, 6, que o feriado do 7 de Setembro será uma "grande festa cívica de todos os brasileiros em clima de paz e harmonia".

Aras participou nesta tarde da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a celebração de um acordo de cooperação técnica com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O objetivo é acelerar o compartilhamento de dados entre os órgãos.

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"Nós ampliamos muito a integração do Conselho Nacional do Ministério Público com o CNJ. Isso se fez, inclusive, em 2021, quando asseguramos um 7 de Setembro pacífico, como haveremos de viver amanhã também com uma grande festa cívica de todos os brasileiros em clima de paz e harmonia", afirmou o procurador-geral.

Aras vem monitoramento as articulações para o feriado. Como mostrou o Estadão, ele se reuniu nesta segunda, 5, com representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para conversar sobre a segurança nas manifestações esperadas para o feriado.

No ano passado, atos bolsonaristas foram marcados por ataques antidemocráticos. O presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu o tom em discurso a apoiadores e ameaçou descumprir decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Atos com a presença de Bolsonaro também estão previstos neste ano. Eles devem acontecer na praia de Copabacana, na zona sul do Rio, e em Brasília. O presidente deve discusar em ambos. Relatórios da Abin alertaram para o risco de acirramento dos protestos com infiltração de radicais.

Um áudio do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, traz à tona duros ataques que ele fez ao Supremo Tribunal Federal (STF). Heleno chegou a dizer que precisa tomar remédios psiquiátricos na veia diariamente para não levar o presidente Jair Bolsonaro (PL) a tomar "atitudes mais drásticas" contra o STF.

Segundo a coluna de Guilherme Amado no Metrópoles, a declaração foi feita na formatura do curso de aperfeiçoamento e inteligência para agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

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“Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não é, não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF”, disse o ministro.

Um relatório da Polícia Federal recomendou a adoção do voto impresso e a transferência para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de tarefas executadas por empresas terceirizadas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Trechos do documento foram divulgados nesta segunda-feira (27) pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), que presidiu uma sessão temática sobre a apuração e a totalização dos votos nas eleições. 

O relatório da Polícia Federal foi encaminhado à corte eleitoral em outubro de 2018, quatro meses depois de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) tornar sem efeito um artigo da reforma eleitoral (Lei 13.165, de 2015) que previa a impressão do voto. O texto assinado por três peritos federais recomenda “que sejam envidados todos os esforços para que possa existir o voto impresso para fins de auditoria”. 

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Amin obteve uma cópia parcial do documento, que faz um total de 14 recomendações ao TSE. Trechos considerados confidenciais pela Polícia Federal foram encobertos com tarjas pretas. Segundo o parlamentar, nem mesmo presidentes de Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) tiveram acesso ao documento. Para o senador, a eventual migração de rotinas administrados por empresas terceirizadas do TSE para a Abin tornaria o processo eleitoral “chapa-branca”. 

O diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Luís Flávio Zampronha, informou que a instituição foi convidada pelo TSE para avaliar a segurança do sistema utilizado nas eleições. Ele disse que a recomendação específica sobre o voto impresso foi resultado de uma “análise técnica” dos peritos. "Mas se trata de um documento opinativo. Não tem o poder de vincular as novas medidas adotadas pelo TSE", disse Zampronha. 

Esperidião Amin chegou a anunciar que tornaria pública a íntegra do documento. Mas o juiz auxiliar da Presidência do TSE, Sandro Nunes Vieira, comprometeu-se a enviar oficialmente cópia do relatório ao Colégio de Presidentes dos TREs (Coptrel). "Como o documento foi colocado como confidencial, nós enviamos a todos aqueles presidentes que pediram cópia. Mas não enviamos de antemão. O processo é sigiloso, e não vamos ficar oferendo cópias às pessoas", justificou Vieira. 

Sobre a eventual migração de “módulos e rotinas” de terceirizadas do TSE para a Abin, Sandro Nunes Vieira disse que a recomendação da Polícia Federal não foi acolhida. O juiz informou que o trabalho das empresas privadas é coordenado por servidores públicos concursados. "A empresa atua na mão de obra, mas toda a inteligência do processo é feita por servidores de carreira. O protagonismo é do TSE, e não da terceirizada", disse. 

Centralização O objetivo original da sessão temática era debater uma resolução do TSE que centralizou em Brasília a divulgação dos resultados das eleições para governador, vice-governador, senador, deputado federal e estadual. A mudança, implantada no primeiro turno das eleições de 2020 com base nas recomendações da Polícia Federal, sofreu críticas de representantes dos TREs. Segundo eles, a medida provocou atrasos e retirou indevidamente atribuições da justiça eleitoral nos estados.  Para o presidente do TRE de Santa Catarina, desembargador Fernando Carione, a totalização dos votos em Brasília provocou “afunilamento processual” e deixou a justiça eleitoral nos estados “à mercê dos tempos operacionais do TSE”. 

"É inquestionável a competência legal privativa dos TREs para fazer a totalização dos resultados finais das eleições. Não me parece possível ao TSE, seja por meio de diretriz técnica ou mesmo resolução ou instrução normativa, modificar as disposições contidas no Código Eleitoral sem afronta à Constituição. Este relatório formulado por peritos da Polícia Federal jamais nos foi disponibilizado. Qual a razão do sigilo?", questionou. 

O presidente do TRE de Roraima e do Coptrel, desembargador Leonardo Pache Cupello, disse que o tema “é sem dúvida controverso”. Para ele, “o normal” seria que a apuração e a totalização dos votos se dessem nos estados. "Deveria ocorrer como ocorreu nas eleições anteriores. O resultado já saia imediatamente. Entretanto, vivemos um momento diferente. Nós dos TREs deveríamos ter tomado conhecimento dessa totalização com uma certa antecipação. Houve o atraso, e se tornou preocupante. Os TREs estávamos preparados para divulgar imediatamente a totalização dos votos", afirmou. 

Esperidião Amin também criticou o atraso na totalização dos votos no primeiro turno de 2020.  "O TSE optou pela centralização, sob o argumento de que a nova rotina envolveria estrutura mais confiável. Há, no entanto, pontos controversos. As eleições de 2018, com apuração descentralizada nos TREs, transcorreram sem qualquer incidente. O pleito de 2020, centralizado no TSE, sofreu com atrasos não usuais, tampouco justificáveis", disse. 

Apuração x Totalização Sandro Nunes Vieira, juiz auxiliar da Presidência do TSE, admitiu que “um problema de ordem técnica” provocou três horas de atraso na totalização dos votos no primeiro turno de 2020. Mas assegurou que o “percalço” em um computador da empresa privada contratada para o serviço foi corrigido a tempo para o segundo turno.  Segundo o magistrado, a totalização dos dados em Brasília não retira atribuições dos TREs. Para ele, há uma diferença entre os conceitos de totalização e apuração dos votos. 

"A apuração é realizada pela própria urna eletrônica. O TSE não possui ingerência nas atividades do juiz eleitoral, da junta eleitoral ou do TRE. O TSE faz apenas a totalização, que é uma consolidação dos dados já apurados nas instâncias competentes. O TSE não atua no processo de apuração", afirmou. 

Para Sandro Nunes Vieira, a totalização em Brasília ocorreu para economizar dinheiro e evitar ataques contra o sistema de Justiça Eleitoral. 

"Não temos necessidade de um banco de dados em cada zona eleitoral. Isso seria um desperdício de recursos públicos. Onde o dado está armazenado é irrelevante no atual contexto tecnológico. Manter 27 servidores [computadores], um em cada TRE, para fins de totalização seria um grave fator que agravaria os custos do processo. Teríamos a ampliação do número de locais para ataques por hackers", afirmou. 

O procurador Rodrigo López Zilio, representante do Ministério Público Federal, lembrou que legislação eleitoral data de 1965 e precisa ser atualizada para contemplar aspectos introduzidos pelo sistema eletrônico de votação. Um novo código eleitoral deve deixar claro, por exemplo, a quem cabe apurar e totalizar o resultado das votações. 

"Embora sejam conceitos distintos, a totalização, que é a soma de todos os votos dos boletins de urna, é vinculada à apuração. Acho que esse é um ponto relevante a ser esclarecido. A experiência de 2020 frustrou aquele ideal de otimização que a Justiça Eleitoral vinha impondo ao longo dos anos", lamentou. 

*Da Agência Senado

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