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Com show em Porto Alegre nesse sábado (4), Gilberto Gil recebeu o governador do Rio Grande do Sul em seu camarim. Eduardo Leite se desculpou pelo ataques xenofóbicos proferidos pelo vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, após o resgate de mais de 200 baianos em condições análogas á escravidão em vinícolas da Serra.

O encontro com o cantor foi registrado e publicado nas redes sociais de Leite. "O Rio Grande do Sul teve um episódio triste na semana passada, um vereador que falou dos baianos. A gente lamenta muito isso, e como você é um representante muito mais da Bahia, do Brasil todo, mas a baianidade que você tem, vim aqui para em seu nome poder pedir desculpas por esse absurdo que ele falou. Não representa o povo gaúcho", declarou o governador.

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Os dois ainda se abraçaram como símbolo da união entre os dois estados. "Abraço o Rio Grande do Sul inteiro", disse Gil. "Abrace a Bahia por mim também", respondeu Leite. 

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Nascido em Salvador em 1830, filho de uma africana livre e de um português, Luiz Gama foi vendido ainda criança pelo pai, como pagamento de uma dívida de jogo, e enviado a São Paulo como escravo. Foi alfabetizado apenas aos 17 anos, um ano antes de conseguir judicialmente a própria liberdade. 

Por ser negro, foi impedido de frequentar o curso da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a mais antiga instituição do gênero no país. Determinado, o baiano passou a estudar direito de forma autodidata e atuou na prática como advogado, libertando mais de 500 negros da escravidão. Em 2015, 133 anos após a sua morte, foi reconhecido pela OAB como advogado e, em 2018, foi declarado por lei como patrono da abolição da escravidão no Brasil, além de ter o nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria.

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O abolicionista, que também foi jornalista e poeta, é tema do estudo de Ligia Fonseca Ferreira, professora da Unifesp que pesquisa a vida e obra de Luiz Gama há cerca de 20 anos e publicou três livros sobre ele. O último, Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi lançado neste ano. 

Em entrevista exclusiva à TV Brasil, a pesquisadora fala sobre o papel importante de Luiz Gama no movimento abolicionista, de sua atuação relevante na imprensa e também no campo literário. 

Leia a entrevista a seguir: 

TV Brasil - Neste livro, que traz 61 artigos de Luiz Gama, 42 deles inéditos, quais são as lições de resistência que o leitor vai encontrar?

Ligia Fonseca Ferreira - Essas lições de resistência são, em primeiro lugar, a defesa dos escravizados, a defesa dos direitos humanos, sobretudo o direito dos escravos que já existiam, já estavam inclusive assegurados pelas nossas leis, mas que muitas vezes não eram respeitados. Ele conseguiu desenterrar leis que ficaram como letra morta, como a lei de 7 de novembro de 1831, que deveria garantir que os africanos que desembarcassem no Brasil a partir daquela data deveriam ser considerados livres e que os traficantes de escravos deveriam sofrer penalidades. Então de 1831 até 1888, quando houve a abolição, são 57 anos. Mas o Luiz Gama vai fazer com que essas leis possam ser aplicadas antes da abolição. Ele diz que a função dos juízes é de estudar e aplicar as leis e ele vai bater insistentemente nessa tecla, e é a partir disso portanto que ele alcança, como declara numa carta, a liberdade de cerca de 500 escravos.

TV Brasil - Mesmo sem formação acadêmica, Luiz Gama demonstrava muito conhecimento jurídico e advogava de graça para libertar os escravizados? 

Ligia Fonseca Ferreira - Ele traz à tona essa condição muito singular de ser um homem de uma imensa cultura jurídica e de aplicá-la em benefício dos escravizados. Ele tinha uma autorização especial para advogar em primeira instância e fazia anúncios a serviço das causas da liberdade, tudo sem retribuição alguma. Ele abraça a causa abolicionista e também foi um dos primeiros brasileiros a abraçar a causa republicana. Para Luiz Gama, a luta abolicionista também se desdobrava na luta pelos ideais republicanos, no combate à monarquia, então a gente não pode se esquecer desse papel muito importante que ele vai ter nesse momento.

TV Brasil - Luiz Gama advogava de graça e tinha como ganha-pão o trabalho de jornalista. Inclusive fundou o primeiro jornal ilustrado de São Paulo, chamado Diabo Coxo. De que forma as facetas de abolicionista e jornalista se uniam? 

Ligia Fonseca Ferreira - O Luiz Gama é esse trabalhador incansável do jornalismo que nós também precisamos conhecer. Além do abolicionista, que se funde com esse homem que está olhando para o Brasil e mostrando um retrato a partir de uma perspectiva diferente, que a sua condição de homem negro lhe dava. No ano de 1871, quando Luiz Gama é acusado de promover insurreições escravas, ele vem a público através da imprensa, que era uma arma importante para ele, dizer que não estava promovendo insurreições, mas que, quando a justiça falhasse em garantir o direito dos escravos, ele fala que promoveria a resistência como virtude cívica.

TV Brasil - E além de atuar como abolicionista e jornalista, Luiz Gama também foi poeta e lançou o primeiro livro apenas 12 anos depois de ser alfabetizado? 

Ligia Fonseca Ferreira - Estamos falando aqui do Século 19, em que pouquíssimos negros estiveram ligados ao mundo das letras, à produção literária, que é outro aspecto no qual ele se destaca. Ele lança as Primeiras Trovas Burlescas em 1859. É um conjunto de sátiras políticas, sociais e raciais, nas quais o Luiz Gama faz uma grande descrição do funcionamento da sociedade imperial da época. Se a gente ler a maneira como ele aponta o funcionamento da sociedade em vários níveis, a gente tem a impressão de que o Luiz Gama está fazendo um retrato da nossa sociedade de hoje. É isso que garante a sua extrema atualidade. E ele também escreve poemas líricos. É o primeiro poeta afro-brasileiro, porque ele era filho de uma africana, a ter louvado a mulher negra, então ele já tem um papel bastante interessante dentro de uma produção que mais tarde a gente vai poder chamar de literatura negra, trazendo essa temática. 

TV Brasil - Nesses 190 anos do nascimento de Luiz Gama, ainda falta reconhecimento para a obra dele?

Ligia Fonseca Ferreira - Ele deveria estar presente na história da literatura, do período romântico; na história do Brasil, especialmente das lutas abolicionistas e da campanha republicana; ele deveria estar na história das ideias jurídicas, e ele deveria estar na história da imprensa, pelo papel que desempenhou e que agora uma parte está reunida no livro Lições de Resistência, em artigos que tratam sobre escravidão, liberdade, república e direitos humanos. 

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Um grupo de 39 trabalhadores foi resgatado no Garimpo do Pau Rosa, localizado no município de Jacareacanga, a 310 quilômetros de Itaituba, no Pará. A fiscalização constatou que os homens estavam submetidos à condição análoga à de escravos, mantidos em condições degradantes de trabalho e de vida.

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A equipe de fiscalização é coordenada pela Divisão de Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), órgão vinculado ao Ministério da Economia, com a participação do Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, Polícia Federal e Ibama.

Na operação iniciada em 26 de outubro foram inspecionados os alojamentos, construídos rusticamente com madeira extraída da floresta, cobertura de lona plástica ou telhas de fibrocimento, sem qualquer proteção contra intempéries e possíveis ataques de animais silvestres; não havia banheiros no local, os trabalhadores eram obrigados a improvisar locais na mata para as necessidades fisiológicas, sem qualquer higiene ou privacidade; a água consumida não atendia aos padrões de potabilidade. De coloração esverdeada e aspecto turvo, um grupo de trabalhadores apelidou a água para beber de “suco de limão”. Os gêneros de primeira necessidade e os equipamentos de proteção coletiva e individual eram inadequados ou inexistentes, e outras necessidades não eram fornecidas pelos empregadores, eram cobradas, e a preços bastante acima do mercado. Uma bota, por exemplo, custava até 3 gramas de ouro, aproximadamente R$ 600,00. O mesmo item é encontrado nas lojas de Itaituba a R$ 180,00.

Durante a fiscalização, um dos empregados resgatados no local informou que se encontrava no garimpo Pau Rosa havia três meses, contratado por Raimunda Oliveira Nunes, mas que em 2018 já havia trabalhado em outro garimpo da mesma empregadora e recorda-se que, em razão da operação de fiscalização, foi imposta a obrigação de que todos os trabalhadores passassem a ter o vínculo de trabalho registrado em carteira, mas isso não aconteceu. O trabalhador estranhou que, até a data da presente fiscalização, nunca teve sua carteira de trabalho assinada pela empregadora. O garimpeiro afirmou que as condições de trabalho e habitação permaneciam iguais, em 2018 e agora.

Para a procuradora do Trabalho, Lys Sobral, titular da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONAETE) do MPT, além da relação de trabalho completamente precária, não há dúvidas de que as condições degradantes encontradas no garimpo caracterizam trabalho escravo. “O trabalho nas minas é de altíssimo risco, o empregador precisa garantir a proteção prevista na lei para esvaziar ou reduzir esse risco: fornecer proteção coletiva e individual, cozinha estruturada, água potável, alojamento adequado quando o trabalhador reside no local de trabalho, essas condições são básicas e não foram atendidas”, ressalta a procuradora do Trabalho.

Durante a operação conjunta, além do resgate dos 39 trabalhadores, a Polícia Federal prendeu em flagrante, por mineração ilícita, exploração de mão de obra análoga à de escravos e porte de munição de arma de fogo, Emylio Sá de Mendonça e Wilson Ribeiro da Silva, prepostos de Raimunda Oliveira Nunes, proprietária do garimpo.  

A operação determinou o imediato encerramento das atividades. A empregadora foi notificada para cumprimento das providências decorrentes da submissão de trabalhadores à condição análoga à escravidão. 

O Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e o Radar do Trabalho Escravo da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho disponibilizam informações e dados sobre o trabalho escravo no Brasil.

Mais informações aqui.

Da assessoria do MPT/PA.

A data de 28 de janeiro é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. Segundo dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), hoje ligada ao Ministério da Economia, em 2018, 1723 trabalhadores foram resgatados em situação análoga à de escravo no Brasil. Desses, 1.200 foram encontrados no campo e 523 em área urbana. Em 2017, o número registrado pela SIT foi de 645.

Ano passado também, o Ministério Público do Trabalho recebeu 1.251 denúncias de trabalho escravo, ajuizou 101 ações civis públicas e firmou 259 Termo de Ajuste de Conduta (TAC), acordos de natureza extrajudicial, sobre o tema. Nesse contexto, o Pará continua apresentando posição de destaque no ranking dos Estados com maiores ocorrências de trabalho escravo, contabilizando 159 resgates em 2018, atrás apenas de Minas Gerais, que contabilizou 849 no mesmo período.

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Dos 159 trabalhadores encontrados em condições semelhantes às de escravo no Pará, 107 pertenciam à zona rural, e 52 ao ambiente urbano. Os ramos da atividade econômica com maiores incidências da prática foram a criação de bovinos e a extração de minério de metais preciosos. Já os municípios paraenses com maior número de autos de infração lavrados foram Novo Repartimento, São Félix do Xingu e Santana do Araguaia.

Em 2018, as duas maiores operações de combate ao trabalho escravo no Pará foram realizadas nas regiões Sudoeste e Sudeste do Estado. Uma delas resgatou 38 trabalhadores do garimpo Coatá, localizado dentro da Floresta Nacional do Amaná, no município paraense de Itaituba, onde os trabalhadores não podiam ter acesso sequer a meios de comunicação, como rádio e internet e mesmos as formas de contatar a família eram tarifadas. Eles também tinham salários retidos e acumulavam dívidas com a proprietária do garimpo, que os impedia de deixar o local.

Já no Sudeste do Pará, em fazendas nos municípios de Santana do Araguaia e São Félix do Xingu, foram resgatados em junho do ano passado 17 trabalhadores, entre eles um adolescente de 15 anos que atuava em construções de cercas, manuseio de gado e roça de mato com motosserra. Os trabalhadores não tinham acesso à água potável, instalações sanitárias ou espaço adequado para o preparo de refeições, além de serem obrigados a pernoitar em um galinheiro.

Segundo dados do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, 94% dos trabalhadores resgatados são do gênero masculino, 30,9% são analfabetos e 37,8% possuem até o 5º ano incompleto. Quanto ao campo raça, 18% se declararam pardos, mulatos ou negros, 15% brancos, 1% índios e 64% não informaram.

O Observatório é uma ferramenta desenvolvida pelo MPT em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e reúne, de maneira integrada, o conteúdo de diversos bancos de dados e relatórios governamentais sobre o tema, e está disponível em https://observatorioescravo.mpt.mp.br/.

Da assessoria do MPT.

Deputado estadual mais bem votado pelo Rio de Janeiro, Hélio Lopes (PSL) - que adotou o sobrenome de Bolsonaro para as eleições deste ano - reagiu, na manhã desta quarta-feira (31), ao comentário do cantor do Planet Hemp, Marcelo D2, que insinuou que por ser negro, o político seria uma espécie de escravo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Em publicação no Twitter, D2 ressaltou a presença do subtenente do Exército na linha de frente dos aliados que comemoravam a vitória do capitão da reserva e chamou ele de "negão do Bolsonaro".

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"Talvez seja essa a nova nomenclatura pro escravo da casa grande. Bater palma pro patrão, no caso aqui lamber o coturno do capetão. 'Eu não sou racista, tenho ATÉ [sic] um amigo preto'", publicou o cantor, dizendo ainda que há dias estava querendo tocar nesse assunto "super delicado".

O comentário ganhou as redes sociais, chegando até Hélio Bolsonaro. O deputado do PSL, por sua vez, disse que o presidente eleito é seu "irmão" e não "patrão". "Querido  Marcelo D2, pare de pré-julgamento de minha pessoa ou do porquê de eu estar ali ao lado do homem/irmão que me deu a mão e me ouviu. Fui o mais votado por mérito e graças a Deus pela aceitação do povo. Bato palma para meu irmão, não meu patrão", reagiu.

A discussão no Twitter ainda teve réplica do artista. "Hélio não sei se você sabe da história de um certo Malcolm que preferiu assumir o X como sobrenome do que ter o nome do patrão depois do seu e ele disse 'nesse país o negro é tratado como animal e animais não tem sobrenome...' Se erga rapaz", provocou. E em paralelo, ainda disse: "Hélio foi o escolhido pra blindar o Bunda Suja de ser chamado de racista".

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Outros aliados de Bolsonaro também responderam a Marcelo D2. "De novo o racismo esquerdista. Para Marcelo D2, Hélio foi eleito como enfeite. Ele não entende que pode existir um negro independente com ideias própreias. Pos saiba que a maioria dos negros elegeu o presidente, inclusive eu porque não suportamos mais essa senzala ideolígica!", argumentou o vereador de Sâo Paulo, Fernando Holiday.

A portaria 1.129/2017, que muda os critérios de classificação do trabalho escravo no Brasil, recentemente assinada pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, motivou um ato de repúdio, realizado na última quinta-feira (26), em frente ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), em Belém. O ato foi organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT/PA), com o apoio Ministério Público do Trabalho PA/AP (MPT), do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8) e da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 8ª Região (AMATRA 8).

Durante o ato, o representante do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT/PA), Otavio Paixão, explicou como a portaria descaracteriza o trabalho escravo, e atinge trabalhadores de todo o país. “Esse é um evento em repúdio à portaria 1.129/2017, por parte do ministro do Trabalho, que amplia extremamente o conceito de trabalho degradante, de jornada excessiva, possibilidade de ir e vim do trabalhador e consequentemente dificultando a caracterização do trabalho escravo. Então esse ato mobiliza a sociedade como um todo, fundamentalmente a categoria de auditores, para a revogação dessa portaria que atinge a dignidade do trabalhador”, explicou Otavio. A portaria está suspensa por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

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No último sexta-feira (20), a Organização da Nações Unidas (ONU) lançou uma nota manifestando preocupação com a portaria. A ONU ressalta que no país há muitos casos de trabalho escravo que ocorrem de forma velada.

A procuradora do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Silvia Silva, enfatiza que a assinatura da portaria é um retrocesso para o Brasil. “Estamos fazendo o ato pela revogação da portaria, mas também para alertar a sociedade de que o conceito que temos de trabalho escravo já é avançado, conceito de vanguarda, reconhecido internacionalmente pela ONU, sendo muito elogiado, e o Brasil vem avançando com base nesses conceitos, então retirar eles é um grande recesso”, destacou a procuradora. Ainda este mês, no dia 17, O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Ministério Público Federal (MPF) expediram uma recomendação pela revogação da portaria.

Por Ariela Motizuki.

O Ministério do Trabalho promete criar condições necessárias para a efetiva criminalização e prisão para quem comete o trabalho escravo. Essas mudanças, que constam em uma portaria do Ministério do Trabalho, também acabam com dúvidas sobre o que é trabalho análogo à escravidão, trabalho forçado, jornada exaustiva e condição degradante.

Segundo a decisão do Ministério, sempre que um auto de infração for aberto, simultaneamente ocorrerá uma investigação criminal. A Polícia Federal também participará de todas as ações. Os processos para autuar e punir esses criminosos terão um novo padrão, forte o suficiente para produzir provas mais sólidas. As multas pelo crime terão aumento de até 500%.

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“O resultado prático que se deve almejar é a produção de efeitos inibidores e corretivos com a prisão e criminalização dos infratores”, afirmou o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

Na última semana, a ONG Repórter Brasil apresentou os resultados referentes ao 1º ano do Programa “Escravo Nem Pensar”, realizado entre 2016 e 2017 em sete Unidades Regionais de Educação (UREs) no Pará: Abaetetuba, Castanhal, Conceição do Araguaia, Mãe do Rio, Marabá, Santa Izabel do Pará e Tucuruí. O programa é voltado à educação para prevenção do trabalho escravo e foi desenvolvido no Estado graças à reversão de recursos feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e o apoio da Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos – SEJUDH, Secretaria Extraordinária de Estado de Integração de Políticas Sociais – SEIPS, Justiça do Trabalho, Comissão Pastoral da Terra e Comissão Estadual de Erradicação ao Trabalho Escravo – Coetrae/PA.

O programa, que existe desde 2004, promove a capacitação de professores e lideranças populares para o combate ao trabalho escravo, está presente em 10 Estados brasileiros, mais de 200 municípios e já beneficiou mais de 500 mil pessoas. No Pará, a proposta executada foi de formação de educadores estaduais sobre o tema do trabalho escravo contemporâneo e tráfico de pessoas, estimulando o engajamento de comunidades vulneráveis.

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Em cerimônia realizada no último dia 27, a coordenadora do Projeto, Natália Suzuki, afirmou: “Ficamos impressionados com a escala e as dimensões que esse projeto tomou no Pará”. No Estado, foram alcançados 56 municípios, 216 escolas, 1. 712 educadores e 88.833 alunos. “Só em Tucuruí foram de 10 a 15 mil pessoas atingidas”, conta Natália. Segundo a secretária estadual de Educação, Ana Cláudia Hage, é possível que o número de alcançados, 142.531 de acordo com o total contabilizado, seja ainda maior. “No Pará, os alunos de hoje já têm mais escolaridade que seus pais, são eles que ensinam os genitores, são multiplicadores”, ressalta a secretária.

Para Ana Souza Pinto, da Comissão Pastoral da Terra, “parafraseando Paulo Freire, o papel da escola é nos ensinar a ler o mundo”. Ela defende a inclusão do tema do trabalho escravo no Projeto Político Pedagógico das escolas estaduais e enfatiza: “É preciso trabalhar prevenção, repressão e assistência, em uma ação muito articulada e integrada com os órgãos responsáveis”.

Representando o Ministério Público do Trabalho no Pará e Amapá no evento, o procurador do Trabalho Hideraldo Machado relatou: “Depois de 18 anos atuando nesse tema, não falo em combate ao trabalho escravo, falo em enfrentamento e em compromisso, o compromissado com a causa nunca cansa”. O procurador reconhece que ainda há muito por fazer. No entanto, acredita que “a utopia serve justamente para mostrar que você é incapaz de alcançar o horizonte, mas também demonstra que você deve sempre caminhar”.

Segundo o artigo 149 do Código Penal, o trabalho escravo pode ser caracterizado pelo trabalho forçado, jornada exaustiva, servidão por dívida ou em condições degradantes. O Pará é o Estado campeão em ocorrência de trabalho escravo, com 13.138 pessoas libertadas e 719 casos entre 1995-2016. O sul e sudeste do Estado são regiões altamente vulneráveis ao uso do trabalho escravo e ao aliciamento de trabalhadores, especialmente nas atividades de pecuária, carvoaria, extrativismo e grandes projetos, o que revela a necessidade de fortalecimento de ações de prevenção e assistência às vítimas.

Da assessoria do MPT.

 

 

 

Operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) – feita entre os dias 18 e 29 de julho – resgatou 36 homens que trabalhavam em situação análoga à de escravos no Mato Grosso e no Pará, segundo o Ministério do Trabalho. A operação foi realizada por auditores-fiscais da pasta, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, Procuradoria do Trabalho e Advocacia da União. O grupo montou bases nas cidades de Alta Floresta e Guarantã (MT), visitou fazendas e uma mineradora de ouro nas cidades de Altamira (PA) e Terra Nova do Norte (MT).

Segundo o Ministério do Trabalho, o primeiro resgate foi em uma fazenda no Distrito de Cachoeira da Serra, em Altamira, onde quatro trabalhadores atuavam sem registro no cultivo de bananas. A 100 quilômetros dali, mais 12 trabalhadores foram encontrados em outra propriedade do mesmo dono, também em situação de trabalho escravo, atuando na criação de bovinos de corte.

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Os 12 operários estavam em condições piores que os demais, alojados em barracos de lona, tomando água de um riacho e sem instalações sanitárias. Os fiscais constataram que eles eram pagos a cada dois meses, mas o empregador vendia produtos para os empregados, gerando um endividamento que os deixava quase sem salário a receber.

Nas duas localidades, os trabalhadores não tinham carteira assinada. Os fiscais do Ministério do Trabalho fizeram o resgate e o proprietário assinou um termo de ajuste de conduta (TAC) emergencial, pagando rescisões no valor total de R$ 57.718,91. Ele vai responder a ações civis públicas individuais e coletivas do Ministério Público do Trabalho por danos morais.

O outro grupo foi resgatado de uma mineradora de ouro, na Gleba Uru, zona rural de Terra Nova do Norte (MT). Os auditores-fiscais encontraram 28 trabalhadores no local, sendo que 26 estavam sem registro e 20 em condições análogas à de escravidão. A jornada de trabalho chegava a 14 horas por dia.

O valor total das rescisões na mineradora chegou a R$ 251.782,68, que já foram pagos aos trabalhadores. O proprietário também pagará por danos morais. Os valores por dano moral individual foram acertados em R$ 10 mil, R$ 7 mil e R$ 5 mil, conforme o tempo de admissão do trabalhador. O dano moral coletivo foi fixado em R$ 150 mil.

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A ONG Repórter Brasil firmou parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Pará (Seduc), no ano passado, para a implementação do projeto “Escravo, nem pensar!", que visa à formação de gestores de educação para atuarem no combate ao trabalho escravo contemporâneo nas escolas públicas estaduais. A iniciativa vem sendo desenvolvida desde outubro de 2016, graças à reversão de recursos realizada pelo Ministério Público do Trabalho PA/AP (MPT).

Na primeira etapa, a ação de formação teve como público direto gestores e técnicos de sete Unidades Regionais de Educação – URE (Abaetetuba, Castanhal, Conceição do Araguaia, Mãe do Rio, Marabá, Santa Izabel e Tucuruí) e 20 Unidades Seduc na Escola – USE da Região Metropolitana de Belém. Com apoio da Comissão Estadual para Erradicação ao Trabalho Escravo do Pará (Coetrae-PA), MPT, Secretaria Extraordinária de Estado de Integração de Políticas Sociais e Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Pará, o projeto já alcançou 332 escolas em 54 municípios paraenses.

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Até o momento, 607 educadores da rede foram formados. Segundo estimativas, ainda faltam 19 municípios e outras 269 escolas serem abrangidos no Estado. De acordo com relatório encaminhado pela ONG ao MPT, prestando contas das ações realizadas até aqui, os resultados ainda são parciais. “Uma vez que o projeto ainda está em andamento, é possível que a abrangência das atividades nas escolas se amplie, consolidando uma rede relevante de prevenção ao trabalho escravo”, diz o documento, que aponta também recomendações para os próximos passos do projeto.

No total, o Ministério Público do Trabalho reverteu cerca de R$ 222 mil para a execução do programa do Pará. Os recursos são provenientes de indenizações por dano moral coletivo pagas em procedimentos contra a B. A. Meio Ambiente, Colchões Ortobom e Fazenda Chocolate (São Félix do Xingu).

Com informações da assessoria do MPT.

Com o objetivo de incentivar o combate ao trabalho escravo, o Ministério Público do Trabalho (PA/AP) está apoiando o programa “Escravo, nem pensar!”, desenvolvido pela Ong Repórter Brasil. Atuando em 10 Estados brasileiros, o projeto está sendo pela primeira vez executado em nível estadual no Pará, por meio de uma parceria entre o MPT-PA/AP e Governo do Estado, Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH).

Em entrevista ao LeiaJá, Roberto Ruy Netto, coordenador regional de combate ao trabalho escravo, falou sobre o programa “Escravo, nem pensar!”. Segundo ele, o MPT-PA/AP apoia o projeto destinando recursos para que ele possa ser financiado. “O programa visa justamente fazer um trabalho de conscientização da população onde se localizam os maiores índices de recrutamento de trabalho escravo. Aqui no Estado, nós conseguimos junto com a Secretaria Estadual de Educação, firmar um convênio para capacitar professores. Então esses educadores vão poder compartilhar conhecimentos nas escolas, nas comunidades sobre o que é o trabalho escravo, sobre as condições que esse trabalho se desenvolve para evitar que essa população vulnerável local seja vítima de aliciadores”, informou o coordenador.

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De acordo com Roberto Ruy Netto, o programa já está com atividades em diversas escolas do Estado. Ainda segundo o coordenador, o material utilizado no decorrer da capacitação dos educadores tem uma linguagem muito simples. “Diversas escolas públicas em vários municípios do Estado já estão realmente produzindo conhecimento no combate do trabalho escravo. Os professores são capacitados e abordam essa temática em sala de aula junto com as crianças e com a própria comunidade. Todo o conteúdo do programa tem linguagem simples e acessível para que a população leiga possa entender o problema e se conscientizar sobre isso”, contou.

Com relação ao trabalho escravo no Brasil, Roberto Ruy Netto informou que tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 432/2013, de autoria do senador Romero Jucá, que visa desconstruir o conceito de trabalho escravo. "O trabalho escravo hoje no Brasil ele não necessita que o trabalhador seja privado da sua liberdade. Atualmente no Art. 149 do Código Penal , o trabalho escravo é caracterizado simplesmente pelas condições degradantes em que o trabalhador se encontra”, disse.

Segundo o coordenador, grande parte dos resgates que são feitos de trabalhadores rurais é com base na condição degradante de trabalho. Para ele, o trabalho escravo é um problema muito mais complexo do que se imagina. "Não é somente a fiscalização que vai resolver o problema do trabalho escravo. Eu costumo falar que se pegarmos dados do trabalho escravo, 80% dos trabalhadores que são resgatados em território paraense são oriundos de outros Estados. A maior dificuldade hoje do combate ao trabalho escravo é que você quando resgata esse trabalhador de uma situação de trabalho degradante, esse trabalhador acaba não tendo uma outra opção de trabalho. Ele é resgatado recebe uma indenização seguro desemprego, mas esse trabalhador não tem por parte do Estado uma política de requalificação, de colocação no mercado de trabalho e acaba por voltar para a mesma situação de miséria e pobreza de onde ele partiu", informou.

 

O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, tenta agora barrar no Tribunal Superior do Trabalho (TST) a divulgação do cadastro de empregadores que usam mão de obra análoga à escravidão. Um dia após a 11ª Vara da Justiça, em Brasília, decidir que a chamada "lista suja" deveria ser divulgada ainda nesta terça-feira, dia 7, Nogueira, por meio da Advocacia Geral da União (AGU), recorreu no período da manhã à instância máxima da Justiça Trabalhista para adiar o anúncio em 120 dias.

Este é o prazo que ele estipulou para a conclusão do trabalho de um grupo criado no âmbito de sua pasta que analisa mudanças nos critérios da divulgação do cadastro. A informação foi repassada pela AGU. A assessoria de Nogueira informou que divulgará nesta terça um posicionamento sobre o caso.

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Em três momentos, a Justiça do Trabalho determinou a divulgação da lista. Em dezembro, o juiz Rubens Curado, da 11ª Vara do Trabalho, aceitou ação civil pública do Ministério Público Federal obrigando Nogueira e a União a divulgarem a lista. A decisão foi ratificada em janeiro.

Na segunda-feira, 6, o desembargador Pedro Luís Vicentin Foltran recusou um novo recurso da AGU para barrar a publicidade da relação dos empregadores flagrados pelos fiscais do Trabalho.

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A data de 28 de janeiro é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, instituído em homenagem à chamada chacina de Unaí (MG), onde trêsauditores fiscais e o motorista da equipe de fiscalização do trabalho foram assassinados no ano de 2004, quando apuravam denúncia de trabalho escravo rural. O Ministério Público do Trabalho, que é membro da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo – COETRAE/PA, participou de um extensa programação em referência à data com o intuito de chamar a atenção da sociedade para a escravidão contemporânea que, segundo a procuradora do Trabalho Silvia Silva, “ofende muito mais que os direitos trabalhistas, ofende seguramente os próprios fundamentos da nossa República Federativa, como a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho”.

Na sexta-feira (3), o MPT em Marabá participou de ação na BR-230, km-109, juntamente com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Justiça do Trabalho, a Superintendência Regional do Trabalho e a Pastoral da Terra.  Na ocasião, foi realizado o Cinema Rodoviário com a temática do trabalho escravo, além da entrega de cartilhas cedidas pela Comissão Pastoral da Terra e de revistas do MPT. Aproximadamente 135 pessoas foram sensibilizadas entre passageiros de vans e ônibus que trafegavam na rodovia.

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O Cinema Rodoviário contou com a presença do juiz do Trabalho Jonatas Andrade, das procuradoras do Trabalho Ana Luiza Noronha Lima e Ana Roberta Tenório Lins Haag, de auditores fiscais do Trabalho, policiais rodoviários federais e representante da Pastoral da Terra em Marabá.

Em Belém, a programação, que começou no dia 28 de janeiro com abordagem sobre trabalho escravo nos terminais rodoviário e hidroviário da cidade, culminou no ato público realizado na Praça Batista Campos, no último domingo (5). Durante a manhã, houve a ação de cidadania do Governo do Estado com a emissão de documentos como RG e Carteira de Trabalho, além de apresentações culturais de música e dança em um palco montado para que representantes das entidades –  MPT, AMATRA 8, Delegacia Sindical do SINAIT, SEJUDH e SICOOB Credijustra – falassem sobre o tema. Camisas e panfletos utilizados nos eventos foram custeados com recursos revertidos em procedimento da Procuradoria do Trabalho no Município de Macapá.

Entre as discussões levantadas na data, falou-se da insuficiência de auditores fiscais do trabalho para dar conta de um Estado de grandes dimensões como o Pará, que dispõe de 57 auditores no total. Segundo um auditor fiscal, “em pleno século XXI, as entidades precisam vir à praça para denunciar essa prática (trabalho escravo) que significa a cassação da dignidade do trabalhador”. Além da fiscalização deficitária, outra tentativa de boicote ao combate ao trabalho em condição análoga à de escarvo é o Projeto de Lei 432/13, ressalta o procurador do Trabalho Roberto Ruy Netto, coordenador regional da Conaete (Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo do MPT). Nas palavras de Roberto, “esse PL visa extinguir o conceito de trabalho degradante e jornada exaustiva, que passariam a ser consideradas meras irregularidades trabalhistas, só configurando o trabalho análogo ao de escravo do art.149 do Código Penal se houver restrição à liberdade do trabalhador, o que seria um tremendo retrocesso social na luta contra o trabalho escravo. O que esse projeto pretende é criar uma grande impunidade”.

Com informações do MPT.

 

O dia 28 de janeiro é uma data que remete à luta contra a exploração da dignidade humana. No Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi instituído em homenagem aos auditores fiscais do trabalho Erastóstenes Gonçalves, João Batista Lage e Nelson José da Silva, e ao motorista Aílton de Oliveira, assassinados no ano de 2004 quando apuravam a denúncia de trabalho escravo na zona rural de Unaí (MG).

Para tentar alertar o maior número de pessoas sobre o problema, a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo – COETRAE/PA, presidida pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos em parceria com diversas entidades, realizará ações de conscientização nos terminais de Belém. Os pontos de intervenção foram escolhidos por conta do elevado fluxo de pessoas entrando e saindo da cidade por estas vias.

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No sábado (28/01), a partir das 9 horas, passageiros do Terminal Rodoviário de Belém (São Brás) receberão equipes compostas por profissionais das diversas áreas envolvidas, como Juízes do Trabalho, Procuradores e Auditores Fiscais do Trabalho, Policiais Militares e Rodoviários Federais, advogados, assistentes sociais, psicólogos, professores, estudantes, e outros, para esclarecer essas pessoas sobre as formas contemporâneas de escravização do trabalhador e como denunciar.

No início da tarde será a vez do Terminal Hidroviário (avenida Marechal Hermes) receber as equipes de conscientização sobre os riscos do trabalho em condições degradantes. As manifestações objetivam chamar a atenção para o problema e exigir punição dos culpados e erradicação dessa forma degradante de trabalho.

Ainda na esfera do combate ao trabalho escravo, a Comissão presidida pela SEJUDH, com o apoio da AMATRA 8, Ministério Público do Trabalho (MPT), Delegacia Sindical do SINAIT e o Sicoob Credijustra, realizará um ato público, no dia 5 de fevereiro (domingo), na Praça Batista Campos. O dia contará com a ação de cidadania do Governo do Estado com a emissão de documentos como o RG e a Carteira de Trabalho, além de apresentações culturais de música e dança em um palco montado para que representantes das entidades possam falar sobre esta chaga ainda tão real no dia a dia do paraense. Na ocasião, haverá coleta de assinaturas para uma carta de apoio aos servidores da SRTE-PA, que estão sofrendo com o sucateamento da entidade. O Pará é um dos campeões de resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão.

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho escravo apresenta características bem delimitadas. Além das condições precárias, como falta de alojamento, água potável e condições sanitárias adequadas, por exemplo, também pode existir cerceamento do direito de ir e vir pela coação de homens armados. Os trabalhadores são forçados a assumir dívidas crescentes e intermináveis, com alimentação e despesas com ferramentas usadas no serviço.

Para a procuradora do Ministério Público do Trabalho Silvia Silva, “a escravidão contemporânea ofende muito mais que os direitos trabalhistas, ofende seguramente os próprios fundamentos da nossa República Federativa, como a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho”. Silvia é vice-coordenadora regional da Conaete, Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, criada em 2002 no âmbito do MPT para atuar na erradicação do trabalho em condições análogas às de escravo; investigações de situações nas quais os trabalhadores são submetidos a trabalho forçado; servidão por dívidas; jornadas exaustivas e condições degradantes de trabalho.

Abaixo, seguem os locais e horários das ações em alusão à data.  

SERVIÇO:

Ação de Conscientização

Dia: 28 de janeiro (sábado)

Hora: das 9h às 12h

Local: Terminal Rodoviário de Belém (São Brás)

Ação de Conscientização

Dia: 28 de janeiro (sábado)

Hora: das 14h às 17h

Local: Terminal Hidroviário de Belém (Av. Marechal Hermes)

Ato Público / Ação de Cidadania

Dia: 05 de fevereiro (domingo)

Hora: a partir das 9h

Local: Praça Batista Campos

Informações da assessoria do MPT.

Uma operação realizada pelo Grupo Interinstitucional Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, entre os dias 7 e 17 deste mês, resgatou 12 trabalhadores em condições análogas às de escravo, na Fazenda Guaporé, situada no município de São Félix do Xingu, sudeste paraense. Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) participante da ação, Silvia Silva, “é inadmissível encontrar, em pleno século XXI, trabalhadores nessa situação de grave violação de direitos humanos”. Silvia explica ainda que, “nesses casos, o descumprimento da legislação não tem repercussão apenas na seara trabalhista, mas também na esfera criminal, conforme previsto no artigo 149 do código penal, pois os trabalhadores foram submetidos a condições degradantes de trabalho”.

Os 12 trabalhadores resgatados viviam em barracões, sem registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), sem água potável ou materiais de primeiros socorros, além de fazerem suas necessidades fisiológicas na mata. O proprietário da fazenda aceitou firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC), acordo de natureza extrajudicial, perante o MPT e a Defensoria Pública da União (DPU), comprometendo-se a cumprir diversas obrigações para regularizar a situação na fazenda. Ao todo, foram pagos R$ 86.665,00 em verbas rescisórias aos trabalhadores e o proprietário da fazenda ainda concordou em pagar R$ 100 mil a título de indenização por dano moral coletivo. Também foram emitidas carteiras de trabalho aqueles que não possuíam o documento e entregues a todos guias do seguro desemprego.

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Dentre os itens previstos no TAC assinado pelo proprietário da Fazenda Guaporé estão a obrigatoriedade de registro de empregados por meio de livro, ficha ou sistema eletrônico, assim como a assinatura da CTPS em 48 horas, a contar  do início da prestação do serviço; o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); o pagamento de salários até o 5º dia útil de cada mês; o pagamento de 13º salário de acordo com o previsto em legislação; o registro de jornada de trabalho; a disponibilização gratuita de ferramentas e Equipamentos de Proteção Individual adequados ao trabalho; o fornecimento de água potável sem uso de copos coletivos; e a submissão dos trabalhadores a exames médicos admissionais e periódicos anuais, além do provimento de materiais de primeiros socorros nas dependências da fazenda.

O proprietário da Guaporé também deverá disponibilizar local adequado para o preparo e realização de refeições por seus empregados, bem como instalações sanitárias em condições higiênicas e capacitação aos trabalhadores expostos diretamente a agrotóxicos. Durante a fiscalização, acompanhada pela Polícia Federal (PF), foi verificado que alguns alojamentos já estão sendo construídos.

Como reparação pelos danos causados à coletividade, serão pagos R$ 100 mil reais pelo proprietário da fazenda a título de dano moral coletivo. O  valor será revertido ao projeto "Escravo nem pensar", a ser executado pela Organização Não Governamental Repórter Brasil, que trabalhará na formação de gestores de educação no Estado do Pará.

Caso as obrigações do TAC não sejam cumpridas, será cobrada multa de 30% sobre o valor do dano moral coletivo, em caso de descumprimento dessa cláusula, e multa de R$ 5 mil pelo desrespeito a cada uma das obrigações elencadas no item 3 do termo, acrescida de R$ 500 por trabalhador prejudicado.

 

Informações da Assessoria do Ministério Público do Trabalho.

A Justiça Federal pelo Ministério Público Federal (MPF) de Palmares, situada na Zona da Mata de Pernambuco, recebeu a denúncia que 32 trabalhadores rurais que estavam sendo tratados como escravos por um dono e um administrador do Engenho Corriente, em Água Preta.  Segundo a procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes, eles estavam se sujeitando a condições desumanas e degradantes de trabalho de cultivo de cana-de-açúcar.

Foi constatado que os funcionários não tinham banheiros, abrigos contra intempéries, locais para fazer a refeição e material de primeiros socorros, além da falta de água potável e equipamentos de proteção individual. Segundo o Ministério de Trabalho e Emprego (MTE), mostraram que eles trabalhavam uma jornada de 220 horas mensais, e em caso de doença ou acidente de trabalho as horas ficavam à disposição do empregador.

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Ainda de acordo com o MTE, tanto o dono como o administrador do Engenho, pagavam os empregados abaixo do piso salarial da categoria, não tinham 13º salário e férias, bem como não recolhimento de FGTS. Além de estarem trabalhando sem registro, eles ainda realizavam os pagamentos “in natura”, uma parte era paga em dinheiro e outra em mercadorias, como bebidas alcoólicas e cigarros.

Conforme o MPF, caso eles sejam condenados, a pena pode variar de dois a oito anos de reclusão e pagamento de multa, além da pena correspondente à violência. 

A Justiça Federal no Pará publicou decisões em que condena dois fazendeiros por terem submetido trabalhadores a condições semelhantes às de escravos. Segundo o Ministério Público do Pará, foram condenados João Caldas de Oliveira, proprietário da fazenda União, localizada em Goianésia do Pará, e Válber Falquetto, dono da fazenda Tucandeira, que fica no município de Medicilândia.

Oliveira foi condenado a quatro anos e oito meses de reclusão e multa. Ele foi denunciado pelo MPF a partir de informações levantadas pelo grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que em outubro de 2008 encontrou na fazenda União dez trabalhadores em condições análogas às de escravo.

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Na fazenda Tucandeira, de Falquetto, o flagrante foi em 2006. O grupo móvel de fiscalização encontrou 13 trabalhadores em situação degradante. Falquetto foi condenado a pagamento de dois salários mínimos por mês para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Altamira e a prestação de serviços comunitários à Secretaria de Educação do município de Uruará durante dois anos.

Brasília - Cinquenta e duas empresas e pessoas físicas foram incluídas pelo Ministério do Trabalho e Emprego na lista suja do trabalho escravo, que passa a contar com 294 nomes. Dois foram retirados por terem comprovado o cumprimento de todos os requisitos para a exclusão do nome. O número é recorde para a lista, que começou a ser feita em 2004 pelo ministério. O levantamento, um cadastro de pessoas físicas e jurídicas flagradas explorando mão de obra escrava,  foi criado para coibir a prática no país.

Os nomes que passam a fazer parte da lista ficam impedidos de obter empréstimos em bancos oficiais e entram na lista das empresas integrantes da cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil. O cadastro é usado pelas indústrias, pelo varejo e por exportadores para a aplicação de restrições e para não permitir a comercialização dos produtos oriundos do trabalho escravo.

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A lista é atualizada a cada seis meses e os nomes são mantidos por dois anos. Se o empregador não for flagrado novamente e pagar os salários dos trabalhadores, o registro é excluído. A inclusão do nome ocorre após decisão administrativa, com base no auto de infração feito pela fiscalização do trabalho, em que tenham sido identificados trabalhadores submetidos ao trabalho escravo.

A empresa espanhola Zara, uma grife do mercado da moda, adiou a assinatura do Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta (TAC), a ser firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo. O acordo, que deveria ser assinado amanhã (18), pretende regularizar a cadeia produtiva da grife e reparar os danos causados aos trabalhadores flagrados em regime de trabalho análogo à escravidão.

A diretoria da empresa espanhola alegou, entretanto, que já tinha compromissos agendados para sexta-feira. Caso a grife se recuse a assinar o TAC, cujos termos não foram divulgados, o MPT adiantou que ajuizará uma ação civil pública contra a empresa.

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Em junho, investigações do MPT e do Ministério do Trabalho descobriram 51 pessoas (incluindo 46 bolivianos) trabalhando em condições degradantes em uma confecção contratada pela Zara em Americana, cidade do interior paulista. No mês seguinte, foram encontrados 14 trabalhadores bolivianos e um peruano em situação análoga à escravidão em duas confecções terceirizadas na cidade de São Paulo.

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