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Sobrevivente da Segunda Guerra Mundial, hoje, Joyce Jackman mora em um lar de idosos em Thorrington, na Inglaterra. Em seu aniversário de 102 anos, ela revelou os hábitos que fizeram chegar tão longe. 

Ex-chefe de cozinha da Força Aérea Real do Reino Unido desde o grande conflito europeu, a idosa recomendou um bom sexo e um bom vinho xerez para quem quer ultrapassar os 100 anos. 

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Antes de ingressar nas forças armadas, ela trabalhou em uma confeitaria e indicou que a presença dos doces na dieta também pode ter sido fundamental para sua longevidade. 

Residente do Care UK's Silversprings e longe dos fogões, ela ganhou um bolo de aniversário para celebrar a vida. A comemoração ao lado das cuidadoras do lar de idosos ocorreu no dia 9 de maio. 

Sua atual rotina é preenchida com palavras cruzadas, leitura de jornais diários e pela companhia dos amigos do abrigo. "Foi maravilhoso fazer parte do dia especial dela. Ficamos honrados em brindar com uma taça de xerez pela incrível vida de Joyce até agora e temos o privilégio de tê-la como parte de nossa família", disse a gerente Joanne Rix ao jornal britânico Metro

Para muitos, a possibilidade de chegar aos 100 anos é um sonho utópico. No Brasil, a expectativa de vida é de 76,8 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Curitiba, porém, a escritora Iris Bigarella mostra que não só é possível chegar a essa idade, como alcançá-la de maneira saudável, lúdica e extremamente feliz.

"Envelhecer é uma fase muito rica, na qual podemos desenvolver formas de conhecimento e enriquecimento espiritual muito preciosas", conta ela, que diz se sentir realizada aos 99 anos. "A fragilidade do corpo faz parte do ciclo da vida, mas confesso achar bem aborrecido ter de aceitar", brinca. Em entrevista ao Estadão, ela conta quais são os seus segredos para a longevidade.

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"A caminhada até os 100 anos é mais uma corajosa conquista do que um planar aleatório", resume. Tendo enfrentado as consequências da Grande Depressão durante os anos 1930, as dificuldades da 2.ª Guerra Mundial e tantas outras dores pessoais, viver bem, para ela, é sinônimo de perseverança. "Para viver feliz é preciso nunca desistir, não se entregar e ter força e fé para continuar."

Para chegar aos 100 anos, seus cuidados pessoais partem de três pilares: saúde mental e busca pelo conhecimento; saúde física, por meio de uma alimentação balanceada e exercícios físicos; e momentos de alegria. Em relação a esse último item, sua família, composta de três filhos, cinco netos e mais seis bisnetos, é essencial. "Certamente um bom motivo para perceber beleza na vida", diz.

Curiosa, ela sempre fez questão de experimentar coisas novas e aprender o máximo possível sempre que via uma oportunidade. "Não há limite para expandir a consciência. Me deixa triste a perda de algumas faculdades humanas, como a visão e a audição, por conta da idade avançada. Mas há recursos tecnológicos que ajudam, por isso não dá para desistir", afirma ela que, além de português, é fluente em alemão, inglês e entende francês e italiano.

Desde muito jovem, Iris já questionava os enigmas da existência com estudos que vão de História e Antropologia a Psicologia Analítica. Em busca de respostas, ela fez frequentes viagens de estudos, workshops e participou de retiros. O amor pela leitura também a ajudou, especialmente quando se trata do israelense Yuval Harari, a quem ela muito admira.

À frente do seu tempo

Descendente de alemães, Iris sempre levou os estudos a sério. Assim, cursou faculdade em uma época na qual poucas mulheres faziam o mesmo, nos anos 1940. Optou pela faculdade de Geografia, para "responder a suas apreensões quanto às nódoas escuras do passado e sobre o futuro e os caminhos do mundo". Foi lá que conheceu o "homem da sua vida", João José Bigarella, com quem foi casada por 67 anos - ele morreu há cinco anos. "O maior dos desafios de um matrimônio é reagir sensatamente, com amor, paciência e tolerância às emoções agressivas e confusas que o convívio diário e a rotina nos impõem."

Interno

Além de cuidar da cabeça, Iris faz questão de participar ativamente de numerosas atividades físicas, como pilates, tai chi chuan, fisioterapia e caminhadas. "Claro que sem o dinamismo de antes", avisa. Além disso, ela mantém a mente ativa com hobbies como escrever poemas, pintar com aquarela e meditar.

"Aprendi a expressar a barafunda de minha vida tão infinitamente complexa - como a de todos os seres humanos - olhando para dentro de mim", reflete. "Acordei na arte e consegui pôr para fora tudo o que ficara encolhido nos refúgios de um inconsciente reprimido, como diria Sigmund Freud."

O autoconhecimento acrescido de uma dose de bom humor facilita sua rotina. "Espalho bilhetes pela casa com lembretes de beber água e outras coisas simples, mas que ajudam no dia a dia", conta.

De acordo com ela, as pessoas a sua volta sempre lhe perguntavam sobre o segredo da sua longevidade com humor e disposição e isso a inspirou a escrever um livro. "Nunca quis dar dicas como se eu fosse a dona da verdade. Mas estimular as pessoas a procurarem, elas mesmas, o caminho. Decidi que iria dizer como eu mesma fiz, como foi a minha forma de encarar a vida", descreve.

E assim surgiu o livro "Chegando Feliz aos Cem Anos - História de uma Apaixonante Jornada", recém-lançado pela Editora Chiado. "Creio que sempre levei para a vida do dia a dia todas essas formas de viver e perceber a riqueza da vida espiritual", finaliza.

Nascida em 1903, a pessoa mais velha do mundo completou 118 anos no último sábado (2). A japonesa Tanaka Kane, que está no "Livro dos Recordes", celebrou mais um ano de vida na casa de repouso em que reside, em Fukuoka, no Japão.

De acordo com o portal The Japan Times, a idosa não pôde celebrar com festa ou a visita dos familiares devido ao isolamento social. No entanto, ela recebeu presentes e guloseimas, como refrigerante e chocolate, dos companheiros de abrigo.

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Segundo a publicação, a própria Tanaka afirma que o segredo da longevidade é "comer comidas deliciosas e estudar". Os funcionários da casa de repouso afirmaram ao site que aos 118 anos, a idosa faz três refeições ao dia, pratica exercícios e é especialista em Reversi, um jogo de tabuleiro também conhecido como Othello.

O "Livro dos Recordes" reconheceu Tanaka como a pessoa mais idosa do mundo em março de 2019.

Foram divulgadas nesta quinta (26) as Tábuas Completas de Mortalidade atualizadas, referentes à expectativa de vida adulta e mortalidade infantil em Pernambuco no ano de 2019. O levantamento do IBGE aponta que a expectativa de vida do pernambucano chegou aos 75 anos, um aumento de 0,4 ano em comparação ao ano de 2018, quando a expectativa de vida era 74,6 anos. A expectativa de vida no estado é inferior à média brasileira, que chegou aos 76,6 anos.

Para os homens, a esperança de vida ao nascer também aumentou. De 70,8 anos em 2018, a taxa subiu para 71,2 anos. Já as mulheres tiveram aumento de 0,2 anos, saindo dos 78,4 em 2018, para 78,6 em 2019. A diferença entre os dois sexos é de 7,5 anos e está acima do indicador nacional, que é de 7,1 anos.

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A analítica do IBGE explica que no caso dos homens, a expectativa de vida é menor, em parte, devido ao fenômeno da sobremortalidade masculina, ocasionada por causas externas ou não naturais que atingem os homens com mais intensidade, incluindo os homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais e outras eventualidades.

Com relação à mortalidade infantil, Pernambuco mantém a média. A taxa foi de 11,4 óbitos de crianças de até 1 ano a cada mil nascidos vivos. Com o resultado, o estado manteve, em comparação ao ano anterior, a nona menor taxa de mortalidade infantil do país e o índice mais baixo da região Nordeste.

A média nacional é de 11,9 óbitos de bebês que não conseguem fechar o primeiro ano de vida a cada mil nascidos vivos. A taxa de mortalidade infantil é menor entre os bebês pernambucanos do sexo feminino, que mostram 10,2 óbitos por mil nascimentos, em comparação aos do sexo masculino, com 12,4 óbitos.

O levantamento apresenta projeções a partir de dados coletados no Censo Demográfico de 2010 e é usado como um dos parâmetros para determinar o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social.

No mês de novembro de 2019, o grupo Tábua da Mortalidade, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou por meio de pesquisa que a média de vida da população do Pará foi de 72,5 anos, em 2018. No cenário nacional, a longevidade dos paraenses é ultrapassada pela estimativa de vida dos catarinenses (com 79,7 anos), capixabas (com 78,8 anos) e paulistas (com 78,6 anos). Por outro lado, ficou à frente de Estados como Maranhão (71,1 anos), Piauí (71,4 anos) e Rondônia (71,7) - que possuem as piores estimativas.

Raphael Pontes, estudioso do campo da biomedicina e sócio-fundador da Rede Paraense de Parasitologia (RPP), pontua que a genética é um dos fatores que influenciam na qualidade do envelhecimento de cada um. Porém, ele acredita que hábitos positivos, como comer frutas e legumes, fazer exames rotineiros e exercitar a mente, vão ajudar as pessoas a chegarem numa boa velhice. 

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Segundo a pesquisa, no ano de 2018, em média, a expectativa de vida para as mulheres paraenses foi de 76,7 anos, enquanto que para os homens foi de 68,7 anos.

Para o fundador da RPP, a diferença de idade é fruto das ações preventivas que as mulheres tomam com relação à sua saúde e bem-estar. Todavia, Raphael Pontes afirma que a conscientização da população masculina já está gerando resultados e deve ser continuada. “(A diferença) é na questão de cuidado e atenção. Quando uma mulher fica doente, ela vai logo ao médico verificar o que está acontecendo. Para um homem fazer isso é bem mais difícil. Ele prefere ficar sofrendo e com dor do que ir ao médico. Hoje em dia, ambos os sexos já possuem essa atenção. Contudo, as mulheres continuam sendo mais cautelosas”, disse. 

Raphael chama ainda atenção para a manutenção do calendário de vacinas e melhorias na infraestrutura e atenção à saúde em geral. “O que pode fazer melhorar, além da educação, seria trazer mais saneamento básico, que muitas regiões do Brasil não têm, e conscientizar as pessoas sobre outros cuidados, como prevenção a infecções sexualmente transmissíveis entre outros”, declarou.

Por Wesley Lima.

 

 

As luvas fazem toda a diferença na vida de Magrão. Quando está com o adereço, o goleiro de 41 anos é o jogador mais velho em atividade na Série A, titular do Sport que enfrenta neste domingo o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro, no Recife, pela 26ª rodada. Se está com as mãos livres, ele volta a ser Alessandro Beti Rosa e ainda assim mantém laços com o futebol. A função é a de ser pai de dois atletas em início de carreira, um deles também goleiro como ele.

A longa carreira profissional de mais de 20 anos deixou Magrão com a curiosa situação de conciliar a vida como jogador à de pai de dois atletas. Só no Sport são 13 temporadas, mais de 700 jogos, nove títulos e 33 pênaltis defendidos - o que ele conta com a vibração de quem faz um gol. Essa lista de feitos vai aumentar, pois com contrato assinado até dezembro de 2019, ele estará em ação pelo menos até os 42 anos.

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"As pessoas acham que se você passa dos 30 anos já está velho no futebol. Não é assim. O maior problema não é a idade, mas a cabeça. O psicológico conta mais", disse ao Estado. Magrão atribui a longevidade no futebol aos cuidados especiais com a alimentação. Ele evita comidas gordurosas e refrigerante, por exemplo. "Não sou de engordar facilmente. Por isso me chamam de Magrão."

Magrão vira Alessandro sem as luvas. Usa o celular para conversar regularmente com os filhos Rafael, de 17 anos, que é goleiro da base do São Paulo. Lucas, de 18, é lateral-direito e está no Valgatara, da quarta divisão da Itália. Os dois saíram cedo de casa por causa do futebol. Magrão sempre os apoiou. A filha mais velha, Gabriela, é formada em Direito e está de mudança para Portugal. Fará um mestrado.

O veterano goleiro do Sport prefere ser discreto no papel de pai de jogador. Para ele, opinar demais pode ser prejudicial e colocar pressão nos meninos. "Eles têm de construir a história deles. Quando o chamam de filho do goleiro Magrão, peço para que o chamem de Rafael."

Magrão não esperava que seus meninos seguissem a carreira do pai. Muito menos que um fosse goleiro como ele - o outro é lateral. Com Lucas, o incentivo foi para não ser defensor. "Quando ele era pequeno, pegava a bola e driblava todo mundo. Eu brincava que ele tinha de jogar no ataque, para ganhar mais dinheiro", brinca.

O ídolo do Sport admite ter demorado a comprar o primeiro par de luvas para Rafael na esperança de fazê-lo mudar de ideia. Não deu certo e ele teve de ceder. "Eu comecei a jogar na linha, só que vi que não ia dar muito certo. Então, fui para o gol e acabei gostando", conta Rafael, que tem como ídolos o próprio pai e Rogério Ceni. Na última semana, o garoto esteve no Japão e foi campeão de um torneio sub-17 pelo São Paulo.

"Meu pai fala que goleiro tem de ser tranquilo, tem de passar confiança aos companheiros, então eu procuro sempre ser assim também, como ele é", diz. O paizão se enche de orgulho.

Quando o calendário traz Magrão para São Paulo, ele sempre se encontra com o filho Rafael. Eles se viram em agosto. O time pernambucano enfrentou o Santos, na Vila Belmiro. Como Lucas mora na Itália, se falam pelo celular.

Quem sofre com tantos atletas na família é Marilu, mulher de Magrão. "Ela já fica nervosa quando estou jogando. Agora diz que a saga vai continuar", diverte-se. O casal está junto há mais de 20 anos e superou momento difícil nos últimos anos, quando Marilu teve um câncer.

Com contrato assinado, Magrão não tem data para parar. Ele está preocupado em ajudar o Sport a sair da zona de rebaixamento. Como tem mais uma temporada no clube, quer continuar no time e sonha em atingir mais um recorde. Se ganhar outro título, chegará a dez e se isola como o atleta com mais conquistas da história do Sport.

Para o futuro, longe do gol, Magrão não sonha em trocar as luvas por uma prancheta de treinador. A carreira à beira do campo não o atrai. "É uma profissão muito difícil de seguir. Você perde três ou quatro jogos e já está na corda bamba, perto de ir embora. A família sofre com isso, é ruim", explicou. O plano dele é de continuar a acompanhar o crescimento dos três filhos e avaliar oportunidades para ser, quem sabe, dirigente do Sport.

"Era a última coisa que ela queria", recorda Sérgio Mühlen, de 61 anos. Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ele lembra quando uma ex-colega teve de se mudar para uma casa de repouso após ficar doente. Aí percebeu a necessidade de planejar a vida como aposentado.

Há cerca de um ano e meio, ele diz ter encontrado solução no modelo de cohousing - vila comunitária que reúne espaços de compartilhamento de experiências. O modelo surgiu na Dinamarca e se disseminou nos Estados Unidos e Canadá. Com isso, juntou-se ao grupo de trabalho do Vila ConViver, que estuda implementar um cohousing em área de ao menos 20 mil m² no subúrbio de Campinas. O local vai abrigar, principalmente, professores aposentados da Unicamp.

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"Será uma comunidade sênior solidária, de apoio mútuo", disse Mühlen, em painel no 1.º Fórum de Moradia Para a Longevidade, correalizado nesta quinta-feira, 9, pelo jornal O Estado de S. Paulo em parceria com o Sindicato da Habitação (Secovi) e a Aging Free Fair, feira sobre o mercado para a terceira idade. O evento teve palestrantes do setor público e privado.

Cerca de 70 pessoas participam do projeto, costurado há três anos. O custo será de cerca de R$ 400 mil por unidade, com pagamento mensal de R$ 3,5 mil. Todas as decisões serão tomadas em conjunto.

O ponto-chave é o convívio social. Por isso, há reuniões em que os participantes se dividem em grupos. "Diferentemente de um condomínio, onde se escolhe a casa, o preço e as facilidades, e depois se conhece o vizinho, é o oposto. Escolhemos os vizinhos, alinhados com nossos valores", disse Mühlen.

Público

"Os modelos de condomínios podem atingir parcela maior dessa população (mais velha), pois é mais tradicional, em que a administração está sob responsabilidade de empresas", disse Edgar Werblowsky, criador da Aging Free Fair, referência no debate sobre o tema. "Já o modelo de cohousing é para uma geração mais aberta e interessada em dividir a vida com amigos, por exemplo."

Para gestores públicos, é preciso mais atenção para essa nova realidade demográfica. "O esforço é grande, mas os passos ainda são muito pequenos nessa direção", afirma o secretário estadual da Habitação, Rodrigo Garcia.

Segundo Fernando Chucre, secretário municipal de Habitação, iniciativas dessa área têm especificidades. "Os projetos para idosos precisam de adaptações e não podem ser implementados em todos os locais, por causa da acessibilidade principalmente." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Representante de um movimento médico que tem como objetivo possibilitar a longevidade saudável por meio da prevenção, o médico gaúcho Victor Sorrentino estará em Belém nesta sexta-feira (8) para ministrar palestra sobre o assunto. O curso terá duração de cinco horas, dirigido tanto a profissionais de saúde (médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros, estudantes, biólogos) quanto a entusiastas da saúde (público em geral).

Filho de cirurgião plástico, Victor Sorrentino respirou medicina desde cedo e seguiu essa formação, especializando-se em cirurgia plástica no Rio de Janeiro. Passou por um reviravolta na vida, anos atrás, depois de reconhecer que tinha rotina desgastante, mergulhado profissionalmente em hospitais e cirurgias. Desde então se dedica a estudar e divulgar a medicina funcional, integrativa e preventiva.

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Sorrentino publicou um livro sobre o assunto, “Segredos Para Uma Vida Longa”, e mobilizou profissionais médicos em torno de novas concepções na área da saúde. Em entrevista recente ao jornal O Globo, falou de suas concepções na área da medicina preventiva, fundamentadas na nutrigenômica, e decretou: há uma indústria da doença no Brasil. "Já existem alguns procedimentos da chamada medicina preventiva no Brasil. O problema é que, em geral, os médicos falam sobre a prevenção de doenças de maneira desorganizada. E nem eles se entendem. Um bom exemplo é a mulher que recebe a prescrição do ginecologista para usar determinado anticoncepcional e o endócrino diz para ela que o uso daquele hormônio está potencializando o risco de trombose. A nutrigenômica é uma área que olha para a prática da medicina como um todo."

Serviço

Palestra com o médico Victor Sorrentino

Dia 09/09/2017 (Sábado), de 8 às 13 hs, na Computer Hall (Antonio Barreto, 1210 - esquina com Alcindo Cacela).

Informações e Inscrições: (91) 98417.4097 / 99351.7652

Da assessoria do evento.

 

Compartilhar momentos de felicidade em família, relembrar experiências marcantes ao lado dos amigos e presenciar a chegada dos netos com a certeza de que novas gerações darão continuidade a uma bela história de vida. Saber que conquistou sonhos e proporcionou alegria entre pessoas amadas, além de acreditar que a boa idade e os fios de cabelos brancos não podem representar o fim da linha. No sentindo amplo da palavra longevidade, essas ou quaisquer outras conquistas intensificam a saúde física e o bem estar de idosos que entenderam essa fase da vida como um momento ainda sujeito a novas vivências e cheio de possibilidades para novas contribuições.

Compreender a longevidade dessa maneira, no entanto, nem sempre é comum entre alguns idosos. Circunstâncias pessoais e sociais podem causar nas pessoas da terceira idade um pensamento de declínio e até mesmo de inutilidade. Um recorte específico e que expõe esse pensamento é o de idosos reclusos da sociedade. Por erros cometidos, perderam o direito de liberdade e passaram a enfrentar o crítico cenário do sistema carcerário brasileiro. Na cadeia, pagam pelos crimes cometidos e, diante de adversidades como superlotação e violência, praticamente desacreditaram que a terceira idade pode sim ser um momento de recomeço. Dentre os questionamentos, seria possível envelhecer de forma saudável, na forma mais ampla da expressão, atrás das grades? Uma ação idealizada em Pernambuco busca mudar o quadro dos que desacreditaram na força da longevidade.

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Um projeto realizado no Presídio de Igarassu (PIG), na Região Metropolitana do Recife, tenta amenizar os impactos da terceira idade diante das grades. Na prática, a ideia de longevidade passou a ser colocada em pauta com foco nos reeducandos idosos ou próximos de ingressar nessa faixa etária, com o objetivo de garantir saúde física e bem estar aos atendidos. Alguns deles estão próximos de retornar à sociedade e principalmente aos braços das famílias, mas outros foram esquecidos pelos entes queridos por diversos motivos e recebem uma atenção direcionada ao lado psicológico. Atividades físicas, consultas médicas, exames clínicos, terapia musical, futebol, aulas de artes marciais, trabalho, cursos profissionalizantes, entre outras ações passaram a integrar o dia a dia dos detentos.

"A partir do momento em que o Estado recolhe uma pessoa para o cárcere por ter quebrado os pactos sociais, o reeducando precisa pagar pelo crime que cometeu e o Estado precisa cuidar desse processo de ressocialização. Nosso objetivo é incentivar que ele volte à sociedade como um cidadão de bem, com os valores éticos resgatados. A gente tenta dar um pouco de dignidade a esses reeducandos. Tem idoso com 15 anos de detenção e por isso procuramos fazer um acompanhamento de saúde, nutrição e psicológico, para mostrar a ele que, apesar da idade avançada, existe uma vida e um futuro pela frente, porque a idade não está no corpo da pessoa e sim na mente", destaca a supervisora administrativa do Presídio de Igarassu, Maria das Graças Alves.

De acordo com a supervisora, dos mais de 3 mil detentos do PIG, quase 40 são considerados idosos.  Há quase cinco meses, a unidade realizou uma triagem e identificou os reeducandos da terceira idade para dar início ao projeto que fortalece o sentido da longevidade. "Antes eles ficavam tristes nas celas, principalmente os que foram abandonados pela família, sem querer fazer nada. Alguns guardavam rancor, não queriam saber de nenhuma atividade. Nós fazíamos o convite, mas eles demoravam a aceitar. Depois que passaram a fazer nossas atividades, melhoraram bastante e passaram a acreditar que a ressocialização é possível", comenta Maria das Graças.

São quase sete anos entre os muros e grades do presídio. Antônio, 65, sofreu por viver longe da família e pela saudade dos tempos de liberdade. Tem ciência dos erros cometidos e não questiona a punição na cadeia. Por outro lado, em tom baixo revela o quanto foi difícil enfrentar a condição de idoso recluso e incrédulo quanto à possibilidade de uma nova vida mesmo na terceira idade. Faltava incentivo, sobravam ociosidade, sedentarismo e problemas de saúde. 

"É difícil, quando você está na cadeia pensa um monte de coisa ruim", diz o reeducando. O projeto do PIG tornou-se o escape de Antônio, “momento de paz” que, segundo ele, o faz esquecer até da vida encarcerado. Para alguns, as atividades podem até parecer algo simples, mas Antônio as consideram como uma chance de recomeço. "Hoje estou bem melhor, até de saúde. Tenho saudade da minha família, quero voltar para rua e tocar os negócios que sempre tive. Ainda dá para fazer algo de bom, mesmo velho", relata. No vídeo a seguir, assista outros relatos de reeducandos beneficiados pelo projeto.  

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Segundo a coordenadora de saúde da Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres), Gabriela Paixão, existe um planejamento estratégico que contribui para a manutenção da saúde dos reeducandos. "A unidade prisional conta com uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, médicos, odontólogos, assistência farmacêutica, fisioterapeuta, técnico de enfermagem, além de outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais. Existe uma medicação específica para os hipertensos e diabéticos. Os idosos são acompanhados mensalmente e temos um olhar especial para quem precisa de uma alimentação adequada", explica a coordenadora. "A gente consegue fazer um atendimento de qualidade pelo trabalho em conjunto da equipe, passamos pelos pavilhões e identificamos os idosos que necessitam do atendimento", complementa.

Além dos benefícios para o estado físico dos reeducandos idosos, os profissionais envolvidos no projeto ainda destacam os ganhos psicológicos. Psicóloga do Presídio de Igarassu, Sandra Alaíde Souza explana que existe um "trauma" pela inserção no sistema carcerário e para diminuir esse impacto, as ações realizadas contribuem para o bem estar mental dos detentos.

"A gente tenta melhorar a qualidade de vida deles. A psicologia da saúde dá um apoio no sentido de poder escutar eles, entender a demanda emocional de cada um. Alguns, com o passar do tempo, se sentem esquecidos. Tentamos melhorar a parte cognitiva com instrumentos e dinâmicas de grupo, fazendo com que eles expressem o que sentem, principalmente neste momento de reclusão. O trauma acontece pelo indivíduo estar na cadeia e por isso tentamos resgatar o gosto pela expectativa de vida e pelo mundo lá fora", comenta a psicóloga. 

Um levantamento realizado pela Secretaria de Executiva de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco revelou um número pequeno de idosos nos presídios do Estado, em comparação com o quantitativo total de detentos: mais de 30 mil. Em entrevista ao LeiaJá, o secretário Eduardo Figueiredo informou que existem cerca de 380 idosos nas cadeias locais. Para o gestor, o projeto idealizado em Igarassu é considerado uma ação inicial para o atendimento da terceira idade no sistema carcerário e em breve haverá um anúncio concreto de ações que serão expandidas em outros presídios de Pernambuco.

"É importante haver uma política pública voltada à pessoa idosa. O cuidado é essencial em relação à saúde da mulher e do homem idoso, é preciso atentar para a prevenção de doenças. As atividades de ressocialização também são importantes, porque o idoso fica mais vulnerável pelo sentimento de estar fora do lar e da família. A família também é um ponto importante no processo de ressocialização e por isso fazemos um trabalho de assistência social para reforçar os vínculos com os familiares. O Presídio de Igarassu tem um trabalho experimental e que a gente precisa fortalecer. É um pontapé bem dado", diz o secretário.

"A nossa ideia é expandir essas atividades para outras unidades prisionais. Neste mês de setembro, haverá diálogo entre as instituições e a nossa intenção é que em outubro, quando completaremos mais um ano do Estatuto Idoso, a gente possa ter um plano de atendimento voltado para a pessoa idosa. Será um atendimento referenciado nos aspectos da assistência social, médicos e no despertar dos vínculos com os familiares. A visão da ressocialização precisa ser unificada com a proteção da pessoa idosa. Todo ambiente de privação de liberdade potencializa sentimentos e por isso esse ambiente precisa ter uma política especial, com o fortalecimento das áreas técnicas. Os profissionais da assistência social precisam ter um olhar que o reeducando idoso já carrega uma bagagem de sofrimento e nesta reta, a partir dos 60 anos, em que você está em confinamento, os sentimentos se potencializam", complementa o secretário Eduardo Figueiredo.   

A saúde do idoso e o contexto penal

Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara, algumas doenças são consideradas frequentes entre a polução idosa. "As doenças crônicas não transmissíveis são as mais comuns na população idosa, entre elas a hipertensão arterial, o diabete e doença pulmonar obstrutiva crônica. Na população idosa privada de liberdade também há uma maior prevalência de doenças infecciosas, como a tuberculose, portadores de HIV e doenças sexualmente transmissíveis. Os cuidados recomendados são os mesmos da população geral, como hábitos saudáveis, com ingesta de dieta balanceada (carboidrato, proteína e fibras), preferencialmente alimentos não industrializados e atividade física regular. Também orientamos a cessação do tabagismo, uso de preservativo e a correta tomada das medicações", detalha o vice-presidente.

Para Carlos André, existem meios que facilitam a manutenção da saúde física e emocional do idoso, cuja responsabilidade também é dos familiares. Dessa forma, a pessoa na terceira idade pode conviver sob os benefícios da longevidade. "Devemos estimular a manutenção de sua independência, muitas famílias com a intenção de evitar acidentes e complicações limitam as atividades do idoso, fazendo com que ele fique restrito e com poucas atividades. Por mais que o idoso apresente dificuldades, devemos respeitar seu ritmo e limitações e estimulá-lo a realizar suas atividades rotineiras. Se houver necessidade, o idoso e seu cuidador devem receber orientações profissionais e passar por um programa de reabilitação. Orientar a família e o idoso é muito importante, se todos estiverem bem informados, a aceitação e a adesão ao tratamento são facilitadas. Se mesmo após todas as intervenções e orientações não ocorrer um acordo, o desejo do idoso deve ser respeitado", orienta.

 

"De modo geral, a população idosa sofre os mesmos problemas do restante da sociedade, com o agravante que nossos serviços de saúde não estão preparados para a transição demográfica e epidemiológica que está acontecendo. Os planos de saúde privados são mais caros para os idosos, por este motivo muitos fazem seu acompanhamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O avanço nos cuidados à saúde e a disponibilidade de tratamento para muitas doenças que matavam possibilitaram o envelhecimento populacional. Dessa maneira, essa nova geração de idosos está mais atenta e aderente aos tratamentos disponíveis", opina o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Sobre o contexto penal nos presídios brasileiros dos reeducandos idosos, não existem ações específicas para esse público. “No entanto, a Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania tem envidado esforços para elaboração da Política Nacional de Diversidades no Sistema Penal, que abarcará a população idosa no sistema prisional, considerando suas demandas específicas e as orientações quanto às ações e atuações diretas. A previsão para a conclusão do texto de proposta da política é o primeiro semestre de 2018”, diz a agente federal de execução penal Tatiana Leite.

Segundo Tatiana, o código penal brasileiro possui um direcionamento para a tomada de algumas decisões. “São reduzidos pela metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão”, explica a agente. 

A evolução da ciência e da tecnologia nas últimas décadas não deixou de lado os esportes. A prática de diversas modalidades vem sendo alterada em razão de novos estudos e pesquisas. E ajuda a explicar como atletas mais velhos desempenham agora uma performance que não seria possível em gerações anteriores.

Diante deste desenvolvimento, os "trintões" dominam diversas modalidades. No tênis, a hegemonia é ainda mais impressionante, com cinco deles entre os dez melhores da atualidade. Não por acaso o suíço Roger Federer, de 36 anos, e o espanhol Rafael Nadal, de 31, são os grandes favoritos ao título do US Open, que terá início nesta segunda-feira, em Nova York.

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Para tentar entender esta mudança de realidade no tênis, a reportagem do Estado conversou com o norte-americano Mark Kovacs, um dos maiores fisiologistas de tênis do mundo. O PhD se tornou referência por aliar bem a pesquisa científica com a prática dentro de quadra. É autor de diversos livros e estudos na academia e fundador da International Tennis Performance Association (ITPA), que promove congressos anuais para discutir o esporte.

Ao mesmo tempo, atuou com tenistas como John Isner, ex-Top 10, e vem fazendo trabalho com o também americano Frances Tiafoe, uma das promessas do circuito - Tiafoe, por sinal, será o adversário de estreia de Federer no US Open.

Kovacs prevê mudanças ainda maiores na preparação física e na prática do tênis, devido aos novos estudos. E diz que a parada que Federer e Nadal fizeram no circuito no ano passado, para voltarem melhores neste ano, deve se tornar regra entre os tenistas mais velhos, como acontece agora com o sérvio Novak Djokovic e o suíço Stan Wawrinka - machucados, eles só voltarão às competições em 2018.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida por telefone, de Atlanta, onde mora o especialista:

Há muita diferença entre a preparação física da geração de Federer/Nadal em comparação aos anos de Agassi/Sampras?

Sim, definitivamente. O foco na preparação física cresceu muito nesta geração mais recente. Contam com mais pessoas em suas equipes nas viagens, nos torneios. Os melhores tenistas tem um preparador físico, um fisioterapeuta e até um massoterapeuta. Às vezes, têm dois de cada no estafe. Quanto mais dinheiro há no esporte, mais acesso os tenistas têm a mais profissionais. Sabemos hoje como preparar de forma muito melhor os jogadores. Não fazemos mais os mesmos tipos de treinos que fazíamos há 20 anos. Estamos mais inteligentes e entendemos melhor como o corpo responde diante da fadiga, sabemos como treinar melhor o atleta sem desgastá-lo, sem aumentar o volume de trabalho.

Qual seria a maior diferença entre estas duas gerações na preparação física?

Há maior ênfase na força agora, em comparação a antes. Antes as bolas, as raquetes e as quadras eram diferentes, o jogo era mais lento. O jogo ficou mais físico, há muito mais ênfase na força e no treino de explosão.

Você conhece a preparação física dos tenistas do chamado Big 4?

Sim, mas não posso compartilhar porque é assunto privado. Em geral, o treino entre eles é diferente. Todos fazem trabalhos específicos para cada necessidade, com diferentes volumes de trabalho. O treino do Federer, por exemplo, é bem diferente do trabalho do Nadal. É baseado no estilo de jogo de cada um e em como cada um se desenvolveu no tênis.

Por que eles têm uma vida mais longa no tênis profissional em comparação à geração anterior?

A verdade é que eles fazem um trabalho melhor na recuperação física. Eles entendem melhor como o corpo responde, usam diferentes técnicas de trabalho de recuperação e trabalham duro nisso. Isso tudo permite a eles ter uma carreira mais longa. Quando treinam, não treinam como antes. Quando eram mais novos, treinavam mais. Agora treinam menos. Mas fazem as coisas de um jeito melhor. Isso não desgasta demais o corpo.

A ciência esportiva vai mudar o tênis no futuro?

Com certeza, todos os anos minhas recomendações para os tenistas e para os treinadores com quem trabalho mudam. O que eu recomendava há cinco anos eu não recomendo mais porque as pesquisas mostraram que aquilo que pensávamos ser o melhor para o atleta não era necessariamente o mais indicado.

Federer e Nadal fizeram uma parada no circuito em 2016 para se recuperarem de lesões e voltaram com títulos. Outros tentam a mesma estratégia agora. Estas paradas vão virar uma tendência no tênis?

Sim, com certeza. A temporada do tênis é tão longa que é quase impossível jogar o ano todo em alto nível. E ter um tempo fora, por causa de lesão, pode ser uma opção. Vamos ver isso acontecer cada vez mais entre os tenistas de nível top. Já os mais jovens vão continuar jogando mais torneios porque vale mais a pena financeiramente. Mas, uma vez que conquistem boas premiações, vão começar a selecionar melhor os torneios que vão disputar.

Poderia ser 2007, mas é o ano de 2017. O US Open terá início nesta segunda-feira, em Nova York, com o protagonismo do suíço Roger Federer e do espanhol Rafael Nadal, dois trintões que voltaram a dominar o circuito masculino neste ano. A dupla de veteranos, contudo, não é exceção nesta nova realidade do tênis, em comparação às gerações anteriores, com raros trintões na ativa.

Metade do Top 10 do ranking tem 30 anos ou mais. Dos 100 melhores do mundo, 43 estão nesta faixa etária. Esta novidade no tênis de alto nível pode ser atribuída à ciência esportiva, que vem promovendo evolução inédita na preparação física de atletas como Federer, de 36 anos, e Nadal, de 31.

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"O trabalho físico atual é muito diferente do que se fazia há 10 ou 15 anos. Trabalhei com diferentes gerações e, quando comparo as planilhas de treinamento, vejo que a mudança é tremenda", afirma Cassiano Costa, que já foi preparador físico do ex-tenista Flávio Saretta e hoje faz parte da equipe da canadense Eugenie Bouchard, ex-Top 10.

Dos especialistas ouvidos pela reportagem do Estado, é unânime a conclusão de que o trabalho de prevenção de lesões, o foco na recuperação física após os jogos, os treinos específicos e a atuação de diferentes profissionais junto com os tenistas vêm sendo determinantes na evolução do esporte e dos atletas.

"Os melhores tenistas do mundo contam com equipes cada vez maiores. Tem técnico, preparador físico, fisioterapeuta e até massoterapeuta. Às vezes, têm dois de cada no estafe", diz o norte-americano Mark Kovacs, considerado um dos maiores fisiologistas de tênis do mundo.

Kovacs, que é PhD na área, se tornou referência por aliar bem a pesquisa científica com a prática dentro de quadra. É autor de diversos estudos na academia e fundador da International Tennis Performance Association (ITPA). Ao mesmo tempo, atuou com tenistas como John Isner, ex-Top 10, e vem fazendo trabalho com o também norte-americano Frances Tiafoe, uma das promessas do circuito.

A ITPA promove congressos mundiais com regularidade, ajudando a contribuir com a divulgação de novas ideias na preparação física do tênis. Da mesma forma, o Medical Tennis Congress promove eventos e estudos mais voltados para a área médica da modalidade esportiva.

É a partir de iniciativas como estas que os trintões conseguem obter maior longevidade no circuito. "A quantidade de pesquisas sobre o tênis está aumentando. O conhecimento é muito maior hoje. E a longevidade dos tenistas está relacionada a melhor qualidade do trabalho de preparação física", avalia Alex Matoso, que trabalha na preparação física dos brasileiros Thiago Monteiro e Beatriz Haddad Maia.

"A maior evolução é o trabalho cada vez mais específico e personalizado com os tenistas, buscando maior eficiência mecânica nos movimentos e técnicas melhores. Assim, temos menor desgaste do corpo", explica o argentino Martiniano Orazi, que já foi preparador físico de Gabriela Sabatini e Juan Martín del Potro.

Nesta evolução, a maior novidade é o trabalho de força, antes considerado tabu. "Isso também pode prolongar a carreira do tenista se for feito de forma inteligente", diz Cassiano Costa. "Um movimento feito com um músculo mais fortalecido pode economizar energia do atleta. Com menor desgaste, há melhor recuperação."

Mais longevos, os tenistas podem tirar vantagem dos benefícios do "envelhecimento", de acordo com o preparador Chris Bastos, dos duplistas Marcelo Melo e Bruno Soares. "No corpo, algumas coisas se desenvolvem com o passar do tempo. O coração fica mais treinado porque há maior formação de vasos para a oxigenação do corpo, ocorre o amadurecimento dos tendões e da ossatura. No caso do Marcelo e do Bruno, percebo que hoje eles conseguem levantar mais peso do que antes", revela.

FAVORITOS - É com estas vantagens que Federer e Nadal entram como maiores candidatos ao título em Nova York. Se faturar o terceiro Grand Slam do ano, o suíço quebrará o recorde de troféus do US Open na Era Aberta do tênis, com seis conquistas. O espanhol quer a terceira. O escocês Andy Murray, sem jogar desde Wimbledon, poderia ser um outro grande candidato ao título como veterano do circuito, mas anunciou neste último sábado sua desistência do Grand Slam ao voltar a sofrer com dores provocadas por uma lesão no quadril.

Federer e Nadal também estão na luta pelo topo do ranking, diante das ausências do sérvio Novak Djokovic e do suíço Stan Wawrinka - os finalistas do ano passado anteciparam o fim da temporada por lesão. Quem for campeão entre os dois assumirá o posto de número 1 do mundo. A ameaça ao predomínio dos trintões se concentra no alemão Alexander Zverev, de 20 anos. Ele conquistou o Masters 1000 de Montreal, em final contra Federer, há duas semanas.

No feminino, a maior baixa será a local Serena Williams, grávida. Sem a ameaça da trintona, muitas candidatas brigam pelo título e pela liderança do ranking. Nada menos que oito tenistas têm chances de terminar este US Open no topo. As atenções estarão voltadas à checa Karolina Pliskova, atual número 1, à espanhola Garbiñe Muguruza, campeã de Wimbledon, e à romena Simona Halep, que já perdeu três oportunidades de assumir a liderança do ranking neste ano.

Vida longa aos amantes de café: de acordo com dois novos estudos realizados sobre os benefícios da bebida, quem bebe ao menos uma xícara de café por dia vive mais do que quem não consome o produto, independentemente do método de preparação ou da escolha entre normal ou descafeinado.

Segundo os estudos, beber 350 ml de café por dia diminui os riscos de se morrer mais cedo em 12% em 16 anos, enquanto três xícaras da bebida a cada 24 horas podem reduzir o risco em 18% no mesmo período.

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"Nossos resultados sugerem que um consumo moderado de café, até três xícaras por dia, não é ruim para a sua saúde, e que incorporar café na sua dieta pode ter benefícios para a saúde", afirmou o doutor Marc Gunter, Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A primeira pesquisa, a mais ampla realizada sobre o assunto, foi conduzida por especialistas da Iarc e do Imperial College de Londres em mais de 1,5 milhão de pessoas com mais de 35 anos de 10 países europeus, entre eles a Itália.

Segundo a pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (10) na revista científica "Annals of Internal Medicine", foram analisados em detalhes o consumo de café dos participantes, que faziam parte do estudo Epic (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition), os modos e técnicas de preparação da bebida de cada um deles e a presença maior ou menor de cafeína em todos os casos.

Os participantes foram monitorados por um tempo médio de 16 anos e todos os que morreram tiveram as causas de suas mortes registradas e levadas em consideração. Durante esse período, 42 mil dos indivíduos participantes da pesquisa acabaram falecendo.

Após considerar o modo de vida dessas pessoas, seus hábitos alimentares e de fumo, os pesquisadores descobriram que o grupo que bebia cotidianamente café estava associado a um risco menor de morte por qualquer causa, principalmente por doenças dos sistemas circulatório e digestivo.

"Nós descobrimos que um consumo maior de café estava associado com um risco menor de morte por qualquer causa, especificamente por doenças no sistema circulatório e digestivo", disse Gunter.

Já a segunda pesquisa, também divulgada na "Annals of Internal Medicine" nesta segunda, foi conduzida pela norte-americana Southern California University (USC) com uma amostra de 215 mil pessoas, entre elas uma grande proporção de negros, latinos e asiáticos que moram nos Estados Unidos.

Resultados desse estudo demonstraram que ao beber uma xícara de café por dia, os riscos de morte diminuem 12% e que essa porcentagem aumenta para 18% se o número de taças aumentar para três.

O futebol brasileiro é reconhecido mundialmente pela capacidade técnica, os dribles e a alegria. Mas também pela passionalidade no modo de gestão e por não dar sequência de trabalho aos treinadores. O troca-troca de técnicos influencia não só nos resultados do Campeonato Brasileiro, mas em fatores preponderantes para a seleção brasileira.

Esta edição do Programa LeiaJá Esportes discute as causas e consequências das demissões de treinadores no futebol nacional. O experiente Oswaldo de Oliveira declarou que a imprensa aumentou o nível de pressão sobre os comandantes de times após os 7 a 1 na Copa do Mundo. Os números apontam um aumento drástico de troca de técnicos em 2015. Quer saber o resultado? Assista ao debate:

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A pessoa mais longeva do mundo, Susannah Mushatt Jones, morreu na noite de quinta-feira em Nova York aos 116 anos, segundo o Grupo de Pesquisa em Gerontologia dos Estados Unidos.

Mushatt Jones nasceu em 6 de julho de 1899 no estado do Alabama. Era a última americana viva do século XIX, informou à AFP Robert Young, diretor do centro de pesquisa que faz o censo dos supercentenários (pessoas que chegam a idade de 110 anos ou mais) no mundo inteiro.

A americana morreu em uma residência de idosos no Brooklyn, precisou.

Mushatt Jones cresceu em uma família pobre de 10 filhos, no condado de Lowndes, no Alabama. Seu padre era coletor de algodão. Em 1922, ela foi para Nova York, onde trabalhou como babá. Na década de 1940, foi para a Califórnia, antes de voltar para o Alabama e regressar, finalmente, a Nova York, afirmou o pesquisador.

"Gostava de ovos e toucinho, gostava muito de dormir, não fumava, não bebia, foi casada por alguns anos, mas nunca teve filhos", respondeu Young ao ser perguntado sobe os motivos da longevidade de Mushatt Jones, que em 2015 foi considerada pela publicação de recordes Guinness a pessoa mais longeva do mundo viva.

A pessoa registrada como a que viveu mais tempo em qualquer época continua sendo a francesa Jeanne Calment, que morreu aos 122 anos e 164 dias na comuna de Arles, em 1997.

Com a morte de Mushatt Jones, o título de pessoa mais longeva da humanidade passou para Emma Morano-Martinuzzi, uma italiana da comuna de Verbania (norte) nascida em 29 de novembro de 1899, segundo Young.

Um sobrevivente do Holocausto que vive em Israel é o homem mais velho do mundo, com 112 anos, indicou nesta sexta-feira o Livro Guiness dos Recordes. A família de Yisrael Kristal afirma que ele nasceu na atual Polônia em 15 de setembro de 1903.

Ele viveu nesse país até a ocupação nazista durante a Segunda Mundial, antes de ser enviado ao campo de concentração de Auschwitz. Segundo Shula Kuperstoch, filha de Kristal, sua esposa morreu no campo, mas ele sobreviveu e, ao final da guerra, pesava 37 kg.

Foi morar então em Israel e se casou de novo. O homem mais velho do mundo anterior, o japonês Yasutaro Koide, morreu em janeiro, aos 112 anos. A mulher mais velha do mundo, com 116 anos, é a americana Susannah Mushatt Jones, nascida em 6 de julho de 1899.

O recorde de longevidade humana oficialmente reconhecido é o da francesa Jeanne Louise Calment, que viveu 122 anos e 164 dias e morreu em 1997.

Governar um país pode aumentar o risco de morte prematura, enquanto a atividade parlamentar permitiria viver por mais tempo, especialmente se o indivíduo é um lorde inglês, indicam dois estudos.

Em sua tradicional edição de Natal, na qual são publicados vários estudos curiosos, a revista The British Medical Journal mostra uma pesquisa americana que compara a idade da morte de 269 governantes de 17 países - entre 1722 e 2015 - com a de 261 candidatos que nunca foram eleitos.

Levando em consideração vários fatores (sexo, idade, expectativa de vida...), os pesquisadores concluíram que os líderes viveram, em média, 2,7 anos a menos que os candidatos derrotados.

Os governantes "têm uma mortalidade significativamente acelerada na comparação com os candidatos não eleitos", afirma o estudo. Os resultados, no entanto, dizem respeito quase que exclusivamente a países europeus, Estados Unidos e Canadá.

Em outro estudo publicado na mesma edição, pesquisadores britânicos analisam a mortalidade de quase 5.000 integrantes das duas câmaras do Parlamento britânico, comparada com a da população do país, entre 1945 e 2011.

Eles descobriram que a taxa de mortalidade dos deputados era 28% inferior a da população em geral, e inclusive de 38% quando são considerados apenas os integrantes da Câmara dos Lordes, cujos cargos podem ser vitalícios.

O consumo regular de comida picante estaria associado à longevidade e a um risco menor de câncer, doenças coronarianas ou respiratórias, segundo um estudo chinês publicado pela revista britânica BMJ, mas questionado por alguns especialistas.

Os próprios responsáveis pelo estudo advertiram que é muito cedo para tirar uma conclusão definitiva sobre os potenciais benefícios da 'dieta picante' e defenderam mais pesquisas.

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"Nossa análise mostra uma correlação invertida entre o consumo de comida condimentada e a mortalidade global, assim como com certas causas de morte, como o câncer ou as doenças coronarianas e respiratórias", afirma a equipe responsável pelo estudo.

A partir de um grupo de 490.000 chineses com idades entre 30 e 79 anos, observados em média por sete anos, o estudo afirma que "aqueles que consomem alimentos condimentados quase todos os dias têm 14% menos possibilidades de morrer que aqueles que comem alimentos picantes menos de uma vez por semana".

A associação vale tanto para homens quanto para mulheres e é ainda mais importante para os que consomem comidas picantes mas não bebem álcool.

O consumo frequente de comida picante também foi associado no estudo especificamente a um risco menor de morte por câncer, doença coronariana ou respiratória.

A pimenta, o condimento mais utilizado na China, contém capsaicina, que segundo os coordenadores da pesquisa também ajudaria a combater a obesidade, além de ter efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e contra o câncer.

Apesar do número considerável de pessoas observadas, o estudo apresenta alguns pontos frágeis, em particular a falta de informações detalhadas sobre a composição das refeições dos participantes.

"Não sabemos se as correlações observadas são resultado direto do consumo de pimenta ou a simples consequência de outros elementos favoráveis da alimentação que não foram levados em consideração", comentou Nita Forouhi, uma especialista em Nutrição da Universidade de Cambridge.

Eles te pegaram no colo, o criaram e fizeram de você um cidadão digno. Foram anos de dedicação exclusiva e, em vários momentos, você se tornou totalmente dependente deles. Agora, são eles que precisam de ajuda. Muitas famílias acabam tendo que conviver com idosos, sejam parentes ou pessoas muito próximas. Porém, em uma determinada fase da vida, a idade avançada, no contexto da longevidade, acaba fazendo do indivíduo um ser dependente e limitado. Nem sempre os familiares podem conviver com essa situação e o destino para muitos velhinhos são os asilos, abrigos ou como muitos chamam atualmente, residências para idosos. 

Na maioria dos casos, é uma tarefa muito difícil decidir colocar um idoso num abrigo. As questões sentimentais pesam, além das dúvidas sobre se o indivíduo em questão será bem tratado ou não. Todavia, o que acaba pesando de fato são as obrigações e circunstâncias pessoais e do cotidiano – trabalho, filhos e afazeres - , levando os filhos a deixarem os pais ou parentes nas residências de acolhimento.

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“O médico constatou que meu pai tem Alzheimer e ele não reúne condições de ficar sozinho. Ele até conversa, mas, por conta da doença, esquece as coisas. Junto com os meus outros dois irmãos chegamos à decisão de colocar meu pai no abrigo. Foi uma decisão muito difícil. É uma pessoa que a gente ama, um ente querido. Mas, realmente ele precisa e nós não temos condições de tratarmos ele em casa. Inclusive por orientações médicas”, diz o profissional da área de gastronomia, Sérgio Oliveira, que está prestes a colocar o pai de 88 anos de idade em uma residência de velhinhos. 

O Abrigo Cristo Redentor, localizado em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, é um dos locais de acolhimento mais tradicionais do Estado. Inaugurada em 1942, a instituição filantrópica tem atualmente 154 idosos, entre homens e mulheres, oriundos tanto de internamentos quanto de ações da Prefeitura da cidade, que recolhe velhinhos moradores de rua. De acordo com a gerente da residência, Cristiane Melo, existem algumas condições para o acolhimento dos idosos. “A gente não recebe idosos acamados ou que tenham doenças infectocontagiosas. Também exigimos, como manda o Estatuto do Idoso, que as famílias ou responsáveis façam sempre visitas. Eles devem ser maiores de 60 anos e ainda passam por exames psicosociais e médicos”, explica a gerente. Ainda segundo Cristiane, o Abrigo recebe doações e contribuições dos próprios internos. Os gastos mensais para a manutenção do espaço chegam a passar de R$ 100 mil. O desconto nas rendas dos velhinhos é de 70%, independente do valor que eles ganham.

Nas dependências do Abrigo, o silêncio é bem característico. Os velhinhos, seja pela idade avançada ou condições físicas, evitam agitação e atividades que exigem esforço. Isso fica bem evidente na ala dos idosos que não andam. Em uma mesa, várias senhoras passam boa parte da manhã trocando olhares. A rotina muda na hora do almoço ou quando os voluntários chegam para conversar. No mesmo espaço, idosas de melhor saúde realizam atividades de terapia ocupacional, como dona Luzinete Maria da Silva (foto à direita), 69 anos. Ela mostra com orgulho suas pinturas e bonecas que para ela representam os filhos que não teve. Há seis anos no Abrigo, dona Luzinete foi internada pela sobrinha. “Fiquei muito feliz quando vim pra cá. Foi melhor assim. Aqui eu converso, pinto, faço passeio... Quero terminar meus dias aqui”, diz, aos risos.

 

Dona Luzinete ainda recebe visitas de familiares. O que não acontece com uma das moradoras mais velhas do Cristo Redentor, a senhora Maria José dos Santos (foto abaixo), conhecida como Cabrobó. A idosa de 107 anos foi internada por familiares em 1998. Apesar de não receber visitas de parentes, a ausência da família não representa tristeza. “Não me lembro de mais ninguém. Estou muito velha. Mas, posso dizer que sou muito feliz aqui. A idade representa tristeza para alguns. Já eu sou muito feliz por chegar a mais de 100 anos”, afirma dona Cabrobó.


As histórias do Abrigo têm uma mescla de drama, tristeza e alegria. Há também fatos de superação. Um deles é o da dona Maria das Dores Virgolino Ferreira, 97 anos, conhecida como Dorinha. Desafiando a medicina, segundo a organização do Abrigo, ela tem uma vida saudável e sempre consegue resultados satisfatórios nos exames médicos. A vitalidade dela começou na infância. Tinha tudo para morrer, quando foi abandonada ainda bebê pela mãe em uma cesta num rio que passa próximo ao terreno onde o Abrigo foi construído. Resgatada por um vaqueiro e depois de morar com uma família rica da região, por força e curiosidade do destino, Dorinha vive hoje no mesmo terreno onde nasceu. Veja o depoimento da ex-empregada doméstica.

De acordo com o psicólogo responsável pelo Abrigo Cristo Redentor, Carlos Cabral (foto abaixo), que há quase 35 anos trabalha no local, atualmente praticamente é “zero” o número de idosos abandonados. Ele justifica que após a criação do Estatuto do Idoso e das políticas públicas que impedem o desprezo dos mais velhos, sobre pena de punição, as pessoas começaram a temer abandonar seus entes. Cabral também salienta que a ideologia atual dos abrigos é a de oferecer para os internados um ambiente residencial, proporcionando ao idoso um local onde há pessoas da mesma faixa etária dele e que fazem coisas que ele faz.

“Hoje é um mal necessário deixar um idoso num abrigo. Porque acho que a retirada do idoso do grupo familiar tem várias situações. Aqui se trabalha para o idoso manter a qualidade de vida. Acontece também que alguns velhinhos não gostam e não querem dar trabalho aos familiares. Sobretudo, é importante lembrar que aqui não é uma clínica médica. Aqui é uma residência”, diz o psicólogo, destacando também que diversos profissionais de saúde prestam atendimento aos internados.

Segundo a geriatra Sandra Brotto, do Instituto de Medicina do Idoso de Pernambuco (Imedi), a palavra “asilo” foi colocada em desuso, por causa de questões pejorativas. Agora, as residências e abrigos são chamados de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). “Nessa última, a visão é gerontológica, ou seja, voltada a reabilitação e para o envelhecimento ativo, visando manter o idoso com maior autonomia e independência possível”, comenta a médica.

Sandra explica que é importante analisar caso a caso, porém, a demência é um dos principais incentivadores que fazem as famílias deixarem seus idosos nos abrigos. “Na maioria das vezes, a instituição é a solução para um idoso com déficit cognitivo, ou seja, um quadro demencial que necessita de cuidados multiprofissionais e integrais, o que nem sempre é possível em casa. Apesar de culturalmente as pessoas sentirem-se culpadas na hora de transferir o idoso do domicilio para  uma ILPI, essa mudança pode ser muito benéfica se lá ele receber atenção especializada, cuidados de reabilitação e promoção de saúde em tempo integral”, explica a geriatra. Ela complementa dizendo: “A família tende a se sentir sobrecarregada com o estresse do trabalho e de deixar o idoso só ou sem um cuidador. Sendo assim, numa ILPI de visão gerontológica, o idoso poderá ser cuidado e interagir socialmente com outros idosos, diminuindo a solidão e tornando mais fácil o acesso aos cuidados multidisciplinares como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional”.

A médica também orienta que a internação do idoso não pode ser feita contra a vontade dele, quando o envolvido não possui quadro demencial. A decisão deve ser tomada de forma harmoniosa, além de ser possível a realização de um período de adaptação. No Cristo Redentor, por exemplo, esse período é de 90 dias. “Um idoso quando não quer ficar no Abrigo nós não aceitamos. Ele deve ficar aqui por vontade”, garante o psicólogo Carlos Cabral.

O que pode ser o último lar

É inevitável que o sentimento de finidade não ganhe espaço nas mentes dos velhinhos, diz Cabral. Somando a isso, doenças comuns da própria velhice também atormentam essa fase da vida, levando alguns até a depressão. Seja na casa de uma família, num abrigo, ou na UTI hospitalar, esses locais podem representar os últimos espaços de vivência de todos nós, quando envelhecemos.

No Cristo Redentor, existem alas exclusivas para pessoas que não andam, além de espaços para quem consegue se locomover. Salão de festas, salas de fisioterapia, jardins, refeitório e enfermarias são alguns dos locais da residência. Entretanto, é nos dormitórios – separados por sexo – que é possível identificar o “jeitinho” de cada um dos velhinhos.


A linha, a agulha e o tecido desfiado em cima da cabeceira revelam uma antiga costureira. A cama muito bem arrumada mostra um pouco do que foi a camareira que hoje está na fase final da vida residindo num abrigo. Entre essas e outras características, tudo vai criando a imagem de quem foram essas pessoas. As fotografias também alimentam a saudade dos familiares. Saudade que pode ser “matada” quando acontecem as visitas. Outros vão apenas guardar as lembranças, uma vez que não têm mais ninguém para visitá-los. No vídeo abaixo, assista depoimentos de idosos que veem no Abrigo seu último lar. Conheça também um homem que já chegou a ter um cargo elevado em um importante banco brasileiro, foi casado cinco vezes e hoje mora no asilo. 

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Abrigos no Brasil 

Uma pesquisa realizada em 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que o Brasil tinha 218 asilos públicos. Ao todo, eram atendidos 83 mil idosos, tanto em espaços privados quando nos geridos pelo poder público. Vale lembrar que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem atualmente 24,8 milhões de anciãos.

O estudo do Ipea ainda apontou que as instituições brasileiras para velhinhos estão concentradas no Sudeste, sendo que só o estado de São Paulo tinha 34,3% do total. Ainda de acordo com a análise, em média, cada residência gasta por mês R$ 717,91 por residente.


A pesquisa informou também que quando um idoso precisa ir a um abrigo e não há vagas disponíveis, seja nos filantrópicos ou públicos, ele fica por tempo indeterminado em hospital público. De acordo com o Ipea, o custo para manter um idoso no abrigo é de R$ 750 mensais, em média. Já no hospital, o gasto aumenta para R$ 1,4 mil.

Leia também: Queixas da longevidade: o drama dos idosos sem trabalho 

Ajude o Abrigo Cristo Redentor 

Avenida Governador Agamenon Magalhães, bairro de Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes

Fone: (81) 3257-8000 / 3255-6933

Doações:  Banco do Brasil

Agência: 4118-1 / Conta: 17111-5  

 

 

Com um olhar sereno, quieto no canto do sofá e cheio de dificuldade para entender o que as pessoas falam ao seu redor. Severino Luiz de França, com impressionantes 104 anos de idade, relembra da época que começou a trabalhar, ainda criança. Em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, já trabalhara com agricultura. Com 18 anos, em busca de uma melhor qualidade de vida, Severino, ou simplesmente seu Biu, partiu para a capital do Estado, com sua esposa – que já faleceu -. No Recife, depois de se dedicar a trabalhos braçais no ramo da construção civil, já com seus 20 anos, ele começou a se dedicar ao artesanato, por meio da confecção de caqueiras de cascas de coco – objetos que servem para o plantio de mudas ou plantas adultas - .

Foi com essa atividade que seu Biu criou oito filhos. O trabalho representou para ele dignidade e principalmente sentimento de utilidade. “Tinha saúde e gostava muito de trabalhar”, diz emocionado, ao conversar com a nossa reportagem. Pela idade e por causa de recomendações médicas, Severino parou de fazer as caqueiras há cerca de um ano. Porém, o senhor tentou quebrar a orientação em alguns momentos. Tentativa que não deu certo, uma vez que a baixa visão e a falta de habilidade com as mãos - que não é a mesma como anos atrás - atrapalham a confecção do produto. “Fico muito triste. Minha vida agora é ficar de braço cruzado”, comenta, com voz arrastada e trêmula.

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É com um contexto desse que muitos idosos se deparam. O conceito de longevidade acaba sendo manchado pela impossibilidade deles trabalharem ou desempenharem atividades do dia a dia. É por isso que alguns velhinhos absorvem o sentimento de inutilidade e muitas vezes acabam desenvolvendo doenças físicas e até mesmo psíquicas. Entretanto, segundo a geriatra Sandra Brotto Furtado, do Instituto de Medicina do Idoso de Pernambuco (Imedi), é preciso analisar caso a caso. “Cada idoso e sua capacidade laborativa devem ser analisados de forma individualizada. Hoje temos pessoas em idade avançada com plena capacidade de trabalho. Não existe uma regra fixa ou idade chave para a aposentadoria. Esta deve ser discutida diante da vontade do paciente e das suas condições de saúde”, explica a médica.

No caso de seu Biu, os familiares tentam mantê-lo feliz com a atual rotina. Rodeado de filhos, netos e bisnetos, o antigo fazedor de caqueiras vai levando a vida sem agitação, porém, não é o suficiente para conformá-lo sobre a recomendação de deixar de trabalhar.

De acordo com a geriatra Sandra Brotto, é importante que a adequação à ausência do trabalho seja feita de forma gradativa. Segundo ela, atitudes erradas podem causar depressão nos idosos. “O ideal é que essa transição seja feita de maneira gradual com redução da carga horária e com a ocupação por outras atividades na sua rotina, sejam elas de lazer, voluntariado ou para aprendizado de um novo hobby, como uma língua estrangeira ou curso de computação. A forma compulsória de aposentadoria atual, onde um dia se trabalha e no outro se fica em casa, pode sim fazer surgir um quadro depressivo. Por isso algumas empresas já possuem uma forma de preparo para aposentadoria nos anos anteriores, como forma de minimizar essa transição de estilo de vida”, destaca.

Ainda segundo a médica, os familiares têm um importante papel nessa brusca mudança. “É sempre importante ouvir e respeitar a vontade do idoso em questão. A família se torna peça fundamental nestes anos após a aposentadoria para engajar o idoso numa rotina prazerosa e desafiadora que aproveite todo seu potencial físico e cognitivo, além de buscar ajuda profissional caso do aparecimento de sintomas depressivos como falta de ânimo, choro desmotivado e embotamento social”, finaliza Sandra.

Cuidados com a longevidade

A necessidade de conviver com os idosos e entender como é a melhor maneira de mantê-los felizes, mesmo quando impedidos de trabalharem nas funções que desempenharam ao longo da vida, incentivou a criação de cursos de capacitações. Como exemplo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) em Pernambuco promove o Curso de Cuidador de Idosos. Segundo o coordenador pedagógico da qualificação, Ricardo Coelho, os alunos têm interesses diversos. “A gente não tem apenas alunos da área de saúde. Temos também pessoas interessadas em cuidar de familiares”, explana Coelho.

Uma das professoras do curso, a enfermeira Viviane Ferrer, sempre aborda em suas aulas como é delicado o momento que o idoso precisa deixar de trabalhar. “Isso pode causar depressão no idoso. É triste quando ele se vê privado. É importante que as famílias achem uma terapia ocupacional para preencher o cotidiano dele”, opina.

Elayne Bione, além de aluna do curso, tem uma experiência dentro da sua própria casa. A mãe dela tem 66 anos e durante toda a vida profissional atuou como professora. Diagnosticada com diabetes, a idosa tem problemas de visão e agora se depara com uma realidade de incapacidade para exercer o que sempre fez de melhor. “Minha mãe está perdendo a autonomia e não se conforma com isso. Ela sempre diz que não justo com ela, depois de tantos anos trabalhando. Eu procuro sempre conversar e acho importante interagir. É um momento complicado e idosos nesta fase precisam de apoio da família”, relata Elayne.

No vídeo abaixo, a professora e psicóloga do Curso de Cuidador de Idosos do Senac, Luciane Ferraz, e a cuidadora com 8 anos de experiência, Maria Conceição Gomes, também compartilham experiências com idosos. Assista:

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Quando a idade não atrapalha

Um total de 700 funcionários, 100 mil clientes atendidos mensalmente, lojas presentes em importantes capitais do Nordeste. Esses números são apenas parte das responsabilidades de seu Jurandir Pires, 79, fundador da rede de utensílios de mesmo nome, a “Jurandir”. Natural de Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú de Pernambuco, o empreendedor fundou em 1963 uma loja que vendia tecidos.

Mais de 50 anos depois, o empreendimento de seu Jurandir é referência no Nordeste como uma das principais empresas do ramo de utensílios, instituição conduzida por ele e seus filhos. Apesar da idade avançada, o empresário continua a visitar diariamente as lojas localizadas no Recife, bem como realiza atividades administrativas e chega até a receber clientes.

Para seu Jurandir, o que leva um idoso a continuar trabalhando tem um motivo. “Primeiro a necessidade de trabalhar, de estar perto do negócio. Depois, quando o sujeito se recolhe a pior, ele fica muito mal. Vou trabalhar até eu puder. Nunca disse que estava cansado após um dia de trabalho. Quando o dia é cheio de atividades, chego em casa, tomo um banho e vou dormir. No outro dia, estou pronto novamente”, conta Pires.

Segundo o empresário, ter um empreendimento é importante para que um idoso continue a trabalhar. “O segredo é ter um negócio para trabalhar. Se for funcionário, você é útil para a empresa até certa idade”, opina. Perguntado sobre a saúde, seu Jurandir conta que faz exames de rotina, além de atividade física. “Faço caminhada. Como digo aos meus amigos, só vou morrer quando quiser”, diz o empresário, de forma descontraída.  

APOSENTADORIA - Por lei, pessoas a partir dos 65 anos podem se aposentar no Brasil, desde que tenham trabalhado em empresas privadas. Trabalhadores do setor público obrigatoriamente devem se aposentar aos 70 anos de idade. Porém, segundo o advogado Giovanne Alves, especialista em direito público e processual e material do trabalho, o patrão não pode exigir que um funcionário de instituição privada, ao atingir os 65 anos, solicite ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) a aposentadoria. “A aposentadoria do setor privado não é compulsória. Ninguém é obrigado a se aposentar”, destaca o advogado.

De acordo com Alves, quem já conquistou a aposentadoria pode continuar trabalhando, recebendo inclusive o salário de aposentado e a remuneração do atual emprego. Segundo ele, um processo que aconteceu há alguns anos e que ainda hoje pode ocorrer é o da “desaposentação”. Alves explica que é possível, por meio da Justiça, solicitar o cancelamento da aposentadoria. Após o cancelamento, o solicitante pode voltar a trabalhar em uma nova empresa, passando a receber um salário mais alto. É possível também conquistar uma nova aposentadoria com um novo salário.  

 

 

Existe uma área em que o Brasil conseguiu chegar ao desenvolvimento muito alto: a expectativa de vida. A cada ano, os brasileiros vivem mais, em todo o País. Dos 5.565 municípios brasileiros, 3.176 têm o IDHM longevidade muito alto. Nenhuma cidade está na faixa baixo ou muito baixo. A diminuição significativa da mortalidade infantil e a queda na fecundidade são as causas do sucesso no índice. O avanço só não é ainda maior por uma razão: a violência, que se espalha das grandes metrópoles para as cidades pequenas e centra fogo especialmente nos jovens.

Hoje, mais de 50% dos municípios brasileiros tem taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição da população. Somado a isso, quase 60% das cidades conseguiram baixar para menos de 19 por mil nascidos vivos a mortalidade infantil, meta que deveria ser atingida pelo país, de acordo com os Objetivos do Milênio, em 2015. A ameaça à expectativa de vida no Brasil hoje é menos o que ataca as crianças, e mais o que atinge os jovens: a violência.

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"Dificilmente vamos avançar tanto ainda na mortalidade infantil. Agora temos que enfrentar a agenda dos jovens. A violência ainda é uma fonte importante de mortes que pode gerar crescimento na expectativa de vida", afirmou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Nery.

A expectativa de vida no Brasil hoje varia entre 65 anos, nas cidades de Cacimbas, na Paraíba, e Roteiro, em Alagoas, a 79 anos, nos municípios catarinenses de Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Rio do Sul. Desde 1991, a diferença caiu de 20 para 14 anos entre os melhores e os piores.

O crescimento na expectativa de vida nos últimos 10 anos - 46% no Brasil 58% no Nordeste - poderiam ser ainda maior se não fosse o impacto da violência contra os jovens. O Brasil tem uma alta taxa de mortes violentas na população em geral, mas a concentração das mortes entre jovens deixa o país na mesma linha de países que passam por guerras civis e outros conflitos violentos. De acordo com o último Mapa da Violência, preparado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, a taxa chegou a 134 por 100 mil habitantes, mais do que o dobro do já alto índice da população em geral, de 54 por 100 mil. Nas palavras do autor, um extermínio juvenil.

"Nós não teremos grandes impactos mais por tratamentos médicos. Mas uma criança que deixa de morre em um ano o impacto é gigantesco. Um jovem que deixa de morrer o impacto é enorme", avalia Marcelo Nery. Essa lição, no entanto, o Brasil está deixando de fazer.

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