Uma parte da população desgostosa com o atual governo ficou estarrecida com a declaração do presidente do MDB, Romero Jucá, nessa quarta-feira (21), ao afirmar que o presidente Michel Temer (MDB) é uma opção da legenda para ser candidato a presidente na eleição deste ano, “se ele assim o entender”.
Jucá foi além e sem modéstia disse que o tempo vai dizer se Temer será candidato. “O presidente vai definir no momento apropriado se ele poderá ser ou não candidato”, afirmou. Nos bastidores, comenta-se que o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro é um “sinal” que Temer quer se candidatar à reeleição.
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O ex-presidente Lula chegou a falar sobre o assunto dizendo acreditar que o presidente está “encontrando um jeito” de ser candidato ressaltando ainda que ele pretende “pegar um nicho de eleitores de Bolsonaro”.
De acordo com a cientista política Priscila Lapa, em entrevista ao LeiaJá, a princípio parece algo completamente “desvairado” um presidente com uma avaliação extremamente negativa tentar novamente disputar o pleito ao mesmo cargo. “No primeiro momento, pode parecer um erro estratégico que uma pessoa com esse tipo de avaliação seja candidato”, explicou.
No entanto, Lapa ressaltou que é preciso olhar todo o contexto que vem se desenhando na política nos últimos meses. “Ele [Temer] tem uma base na Câmara e no Senado, mas que está passando por um momento de agitação política muito grande onde cada partido tem seu próprio interesse e os partidos menores que começam a reivindicar mais espaço político. Em um contexto de falta de consenso, é possível que o presidente seja lançado como um nome de consenso”, explicou.
“Se escolherem um candidato do PSDB, nem todo mundo vai apoiar. Se for do PTB, também não e por aí vai. Então, o mais consensual ou o mais estratégico seria um nome de consenso em torno de todas essas forças que hoje compõe o governo. Não seria, nesse caso, estrategicamente equivocada alçar o nome dele por varias questões de fortalecimento político”, complementou.
Priscila Lapa ainda ressaltou que Temer vem buscando um fortalecimento político como, por exemplo, um recuo na votação da reforma da previdência, que estava marcada para acontecer neste mês. “Ele foi extremamente estratégico para que o governo não fosse considerado derrotado, por outro lado ele vem fazendo outras ações para melhorar essa imagem perante a sociedade como essa intervenção lá no Rio de Janeiro. É um conjunto de ações que está começando a favorecer em torno de um nome que possa representar essa força política que hoje governa. Aos poucos vai se desenhando, sim, um cenário que seja possível e viável uma candidatura dele a reeleição”, salientou.
De acordo com O Estado de S.Paulo, em reunião da Executiva Nacional do MDB, a portas fechadas, que aconteceu nessa quarta (21), o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, defendeu a candidatura de Temer afirmando que o presidente "todas as chances de ganhar”.