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O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), senador Humberto Costa (PT-PE), encaminhou três ofícios pedindo informações sobre as buscas ao indigenista Bruno Araújo Pereira e ao jornalista Dom Phillips, que foram dados como desaparecidos na Floresta Amazônica nesta segunda-feira (6). 

O senador também quer apurações sobre as denúncias de que Araújo vinha recebendo ameaças em função do seu trabalho com líderes comunitários na região do município de Atalaia do Norte (AM), na fronteira com o Peru. Os ofícios foram enviados para a superintendência da Polícia Federal no Amazonas, para a Polícia Civil do estado e para a Fundação Nacional do Índio (Funai). 

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“As informações recebidas dão conta de que na mesma semana do desaparecimento a equipe havia recebido nova ameaça, conforme relatos oficializados para a Polícia Federal, para o Ministério Público Federal, para o Conselho Nacional de Direitos Humanos e para o Indigenous Peoples Rights International. Bruno Araújo era alvo de constantes ameaças em função do trabalho que vinha fazendo junto aos indígenas contra invasores na região”, explica Humberto.

O desaparecimento foi comunicado na tarde desta segunda-feira pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Segundo a entidade, Araújo e Phillips foram vistos pela última vez na véspera, deixando uma comunidade ribeirinha chamada São Rafael em direção a Atalaia do Norte. 

Bruno Araújo Pereira é servidor da Funai, especializado em trabalho com povos isolados. Entre 2018 e 2019, foi o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da fundação.

O jornalista Dom Phillips é inglês, reside no Brasil há 15 anos e faz coberturas sobre meio ambiente para diversos veículos — atualmente, é colaborador do jornal britânico The Guardian. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se manifestou sobre o caso pelas redes sociais. Ele afirmou que recebeu “com grande preocupação” a notícia do desaparecimento da dupla. 

“Seguirei acompanhando as operações de busca com apreensão, na expectativa de que serão envidados todos os esforços para a pronta elucidação do caso”, disse Pacheco. 

Outros senadores também exigiram apuração. Jean Paul Prates (PT-RN) lembrou que o fato acontece na véspera do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) comunicou que também enviará ofícios para os ministérios da Justiça e da Defesa e afirmou que “a indiferença não é uma opção”, lembrando da denúncia de ameaças contra Bruno Araújo Pereira. Já Paulo Rocha (PT-PA) classificou o caso como “muito grave” e pediu a ação das forças de segurança pública. 

Fake news

Humberto Costa também encaminhou ofícios à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal sobre o caso das ameaças de morte dirigidas ao jornalista Lucas Neiva, do site Congresso em Foco. Neiva foi alvo de ameaças e teve dados pessoais vazados após publicar uma reportagem sobre um fórum anônimo que produz fake news em favor do presidente Jair Bolsonaro. A CDH discutiu o assunto nesta segunda-feira.  Humberto afirma que a comissão vai acompanhar as investigações e quer saber quais medidas policiais e judiciais serão adotadas. 

*Da Agência Senado

O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil, estão desaparecidos há mais de 24 horas, de acordo com nota divulgada pela coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Eles estavam no Vale do Javari, no Amazonas, e teriam recebido ameaças. O desaparecimento ocorreu no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte. Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas.

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Segundo a Unijava, ontem os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Unijava saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou. 

“A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado”, diz a nota. 

Conforme a organização, Pereira, que faz parte do quadro da da Fundação Nacional do Índio (Funai), é pessoa “experiente e profundo conhecedor da região” e os dois viajavam com uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

Investigações

A Polícia Federal (PF)  disse, nesta segunda-feira (6), que já está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição. 

Já a Funai informou que acompanha o caso, está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas.

Em nota a instituição comentou que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, pois se encontrava de licença para tratar de interesses particulares. 

A Marinha do Brasil disse que tomou conhecimento, no fim da manhã desta segunda, do desaparecimento de uma embarcação de pequeno porte, em Atalaia do Norte (AM), próximo à comunidade São Rafael. Segundo o órgão, uma equipe de Busca e Salvamento (SAR), subordinada à Capitania Fluvial de Tabatinga foi direcionada ao local da ocorrência. 

Repercussão

O porta-voz do jornal The Guardian disse que está acompanhando a situação e em contato com as embaixadas brasileira e britânica. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”. 

A Human Rights Watch divulgou nota em que diz que está muito preocupada com o desaparecimento. “É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz a nota assinada pela diretora do escritório da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

A Justiça Federal rejeitou a ação que buscava responsabilizar o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar no Amazonas, que deixou dezenas de mortos no auge da pandemia de covid-19.

A decisão também beneficia o secretário de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Helio Angotti, e sua antecessora no cargo, a médica Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina".

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O juiz Diego Oliveira, da 9ª Vara Federal do Amazonas, disse que, apesar da "extrema gravidade" e da "comoção nacional" em torno do caso, a nova de Lei de Improbidade, aprovada em outubro do ano passado pelo Congresso, impede a condenação de agentes públicos por omissão.

"Ocorreu no caso sob exame verdadeiro abolitio criminis em razão de as condutas dos réus não serem mais previstas como ato de improbidade administrativa. Por conseguinte, não há alternativa, senão a rejeição da petição inicial", diz um trecho da decisão.

A nova legislação, contestada no STF por afrouxar o controle de condutas contra a administração pública, exige que fique provado dolo, ou seja, intenção ou vontade explícita em cometer ato de improbidade.

"Boa ou ruim, a nova lei de improbidade administrativa foi democraticamente concebida pelo Poder Legislativo e ratificada pelo Poder Executivo, por meio da sanção presidencial, sendo estranho à função típica jurisdicional a adoção de interpretações ampliativas ou a prática de ativismo judicial", escreveu o juiz.

A investigação da crise do oxigênio do Amazonas foi proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quando Pazuello ainda era ministro da Saúde, mas foi encaminhada para primeira instância depois que o general deixou o governo.

O comando da Polícia Federal (PF) no Estado do Amazonas tem um novo nome. O atual superintendente da PF no Estado, Leandro Almada, será substituído por Eduardo Alexandre Fontes, delegado da PF desde 2003 e com passagens pelo Amazonas.

Almada, que estava há 14 anos no Estado, sendo o último deles como superintendente, assumirá o comando da PF na Bahia. No ano passado, ele liderou algumas das principais operações da PF realizadas no Estado, no combate a crimes ilegais de desmatamento, mineração, grilagem de terras e invasões de terras indígenas.

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O novo superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, teve sua nomeação publicada no Diário Oficial da União pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antonio Ramirez Lorenzo. Fontes já foi delegado regional de Combate ao Crime Organizado no Amazonas, entre 2010 e 2011, área voltada ao combate de tráfico internacional de drogas, crimes ambientais e fraudes em licitações. À época, chegou a chefiar o próprio colega Leandro Almada.

Fontes, que foi procurador do Estado de São Paulo, já foi professor de Direito Penal e Criminologia no Complexo de Ensino Renato Saraiva. Chegou a chefiar a Delegacia de Defesa Institucional em Boa Vista (RR), entre dezembro de 2003 e setembro de 2004, tendo atuado em ações de combate a crimes contra comunidades indígenas e tráfico internacional de pessoas.

Leandro Almada havia assumido o comando da PF no Amazonas em abril de 2021, no lugar do delegado Alexandre Saraiva, que acabou afastado do cargo, depois de uma série de embates travados com o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de investigações da PF sobre suposto favorecimento a esquemas de extração ilegal de madeira.

O governador do Amazonas, Wilson Lima (sem partido), afirmou nesta quarta-feira, 9, que o governo federal vai reeditar o decreto que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% e excluirá produtos fabricados na Zona Franca de Manaus da medida.

A declaração foi feita a jornalistas no Palácio do Planalto após uma reunião do governador com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, mas que não constava da agenda dos dois.

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"Tivemos garantia de que os produtos fabricados na Zona Franca de Manaus, que tem seu PPB (Processo Produtivo Básico), não sofrerão redução do IPI, o que garante às empresas instaladas no polo a competitividade", afirmou o governador. "O decreto vai ser republicado com essa alteração", acrescentou.

De acordo com o chefe do Executivo amazonense, Bolsonaro irá a Manaus assinar o novo decreto ainda neste mês.

Wilson Lima disse entender a "boa intenção do governo" e não ser contrário à redução do IPI, mas ponderou que sua preocupação maior é com as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, que oferecem emprego à população do Estado.

Como adiantou mais cedo o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, senadores também foram a campo para cobrar a mudança na queda do IPI, que afetou a arrecadação de Estados e municípios, e condicionam alterações no decreto para votar o projeto que altera a cobrança do ICMS sobre os combustíveis. Há pouco, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou o adiamento da votação da pauta para amanhã.

Questionado por jornalistas sobre as possíveis alterações no ICMS incidente sobre os combustíveis, Wilson Lima deu uma resposta evasiva. "A gente precisa encontrar caminho para ter redução do valor final para o consumidor, hoje a gente sofre muito, principalmente com essa história da guerra na Ucrânia e outros fatores." Em seguida, teve uma crise de tosse e deixou o Planalto.

As autoridades do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, que se reuniram de maneira remota na última quarta-feira (2), presenciaram uma cena inusitada e que rendeu bastante nas redes sociais nos dias seguintes. O desembargador Yedo Simões, ao empurrar a cadeira para trás, acabou batendo contra uma falsa estante de livros que servia como fundo da sua chamada de vídeo, e o objeto desabou. O susto aconteceu durante uma sessão das Câmaras Reunidas, aberta a todos os públicos. 

Após notar que o fundo falso caiu, o desembargador levantou sem falar nada e colocou o objeto caído no chão de volta no lugar. Os demais desembargadores não comentaram o ocorrido e apenas observaram o colega se recompor. A gravação do momento viralizou nas redes sociais e foi compartilhada centenas de vezes durante a tarde dessa quinta-feira (3). 

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A cena pode ser vista no minuto 43 do vídeo da sessão remota, compartilhado no perfil do YouTube do Tribunal. Confira: 

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Nas redes sociais, o momento ainda não parou de repercutir:

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Em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (4), a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) relatou várias irregularidades em estudo feito com o uso da proxalutamida contra a Covid-19, inclusive a falta de detalhamento sobre a morte de 200 pessoas. O Ministério Público está investigando o caso.

Coordenador da Conep, Jorge Venâncio disse que havia um pedido do pesquisador Flávio Cadegiani para a realização de estudo com a droga em uma clínica em Brasília. A primeira irregularidade foi justamente a expansão do experimento, sem autorização, para outros estados, como Amazonas e Rio Grande do Sul.

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Venâncio disse que também não foi apresentada a composição do comitê independente que deveria acompanhar o estudo. O parecer recebido pela Conep teria sido assinado por um laboratório, que tem um pedido de patente do uso de medicamentos antiandrogênicos, como é a proxalutamida, no tratamento da Covid.

O coordenador da Conep informou que a representação no Ministério Público foi entregue em setembro, mas que agora em novembro foram feitos adendos porque um hospital do Amazonas que participou do estudo apresentou o termo de consentimento dado aos pacientes. O documento era diferente do aprovado pela comissão.

O termo usado no Amazonas não teria os direitos dos participantes e não fazia referência ao fornecimento de contraceptivos. Os pacientes precisariam usar esses medicamentos porque a proxalutamida pode causar problemas de má-formação em caso de gravidez.

Outra mudança feita na representação foi a inclusão de um processo judicial de parentes de uma paciente que faleceu e que, em seu prontuário, foi encontrada a prescrição de proxalutamida e nebulização com hidroxocloroquina. Venâncio afirmou que a prescrição explícita corrobora a suspeita de que o estudo não foi feito com cegamento, ou seja, sem que os participantes do grupo que toma o medicamento e do grupo que toma placebo sejam identificados.

Ataques

Na audiência, o repórter Pedro Nakamura, do portal de notícias Matinal, relatou suas reportagens sobre o estudo feito com a droga no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre. Ele disse que sofreu diversos ataques após a reportagem.

“Pegaram uma mensagem que eu enviei para uma fonte da equipe clínica do hospital. Um dos médicos teve acesso a essa mensagem. Ele a cortou, publicou e começou a dizer que eu estava assediando o corpo clínico do hospital. Começou a me marcar no Instagram, no Twitter, em todas as redes sociais pessoais possíveis. E aí eu comecei a sofrer ataques de vários usuários”, denunciou.

Segundo Pedro, a proxalutamida, fornecida por fabricante chinês, é estudada para o tratamento de câncer, mas ainda não tem autorização de uso em nenhum lugar do mundo.

Ele contou que o estudo de Porto Alegre foi feito por Cadegiani em parceria com o médico Ricardo Zimerman, que esteve na CPI da Pandemia no Senado defendendo o chamado tratamento precoce contra a Covid-19. Os dois médicos e dirigentes do Hospital da Brigada Militar foram convidados para a audiência, mas não compareceram.

Conselho de medicina

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) deve sugerir a realização de uma comissão geral para debater a ética médica em face de denúncias feitas durante a pandemia.

Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a situação é gravíssima: “Estamos diante, talvez, do maior escândalo ético-científico da história da medicina brasileira. E certamente um dos maiores escândalos vistos por essa Conep, que existe desde 1997. Estou absolutamente chocado. Como que alguém fez isso com vidas?”.

Anvisa

A diretora-adjunta da 5ª Diretoria da Anvisa, Daniela Cerqueira, disse que a agência reguladora suspendeu as pesquisas científicas com a proxalutamida em setembro e está investigando os centros que participaram do experimento.

Segundo ela, a agência constatou que foi importada uma quantidade de medicamentos superior à necessária para o estudo protocolado na Conep.

Da Agência Câmara

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), classificou o pedido do senador Eduardo Braga (MDB-AM) para indiciá-lo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid como um ataque eleitoral do parlamentar.

"O que ele quer é cavar manchetes nacionais com o objetivo de me atacar, uma vez que se ensaia para ser candidato em 2022", disse o governador ao Broadcast Político. Eduardo Braga se movimenta para enfrentar Lima na disputa pelo governo do Amazonas no próximo ano.

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A CPI do Senado avalia aumentar a lista de indiciados antes da votação do relatório final do senador Renan Calheiros (MDB-AL), marcada para a próxima terça-feira (26).

Braga elaborou um adendo ao parecer e pediu o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do ex-secretário de Saúde do Estado Marcellus Campêlo pela crise da falta de oxigênio em Manaus.

"Tudo isso já está sendo apurado pelos órgãos de controle e prestamos todos os esclarecimentos necessários", disse o governador à reportagem.

O momento mais emocionante do forte depoimento da enfermeira Mayra Pires Lima à CPI da Covid foi quando ela falou sobre os cuidados que teve com a irmã, quando esteve internada em Manaus. Também quando falou sobre os sobrinhos, que ficaram órfãos após o falecimento da mãe.

"Muitas vezes eu assumia a assistência de saúde da minha irmã porque nós tínhamos cinco técnicos de enfermagem para cuidar de 80 pacientes graves", relatou Mayra aos senadores. "Só em Manaus nós temos mais de 80 órfãos da covid. Só na minha família são quatro", disse a enfermeira. "O que está se fazendo por essas crianças e por essas famílias?", questionou Mayra.

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Crianças órfãs

Após o depoimentos da enfermeira Mayra Pires Lima, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), destacou que a comissão pretende criar uma pensão especial para órfãos de vítimas do novo coronavírus. Leia mais aqui.

"Estamos fazendo um projeto aqui para amparar as crianças órfãs", disse o senador.

Em outro momento, o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), detalhou que a proposta de benefício prevista em seu parecer deve ter o valor de um salário mínimo, que a partir do ano que vem passa a ser de R$ 1.192, para os órfãos, cuja renda familiar não permita a sobrevivência até completar 21 anos de idade.

Segundo Mayra, o auxílio seria "essencial", mas "um salário mínimo não resolve muita coisa, mas já vai ajudar", disse.

Pelo menos três parentes diretos do ex-ministro da Saúde e atual secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Eduardo Pazuello, teriam recebido o auxílio emergencial entre 2020 e 2021. A informação é do colunista do portal Metrópoles, Caio Barbieri. O recurso, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é direcionado para pessoas em situação de vulnerabilidade durante a pandemia.

Entre os familiares beneficiados, segundo o colunista, está Sthephanie dos Santos Pazuello, filha do general da ativa do Exército. Durante a gestão do militar na Saúde, no ano passado, a primogênita supostamente recebeu R$ 2,4 mil dos cofres públicos, em parcelas nos meses de abril e julho. Barbieri afirma que os dados são do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU).

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Sthephanie tem 35 anos e, em janeiro deste ano, foi indicada para um cargo na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SESAU-RJ). O cargo, de acordo com a publicação no Diário Oficial, seria o de assistente da secretaria, com o salário fixado em R$ 1.884,00.

A reportagem do Metrópoles aponta ainda que em julho do ano passado, a herdeira tinha um cargo comissionado na empresa pública Rio Saúde, com a renda mensal de R$ 7.171,00.

Além da filha de Pazuello, também constam na lista dos beneficiados os nomes dos sobrinhos do ex-ministro, filhos da irmã mais velha e administradora das empresas da família, Cynthia Pazuello. Para a Receita Federal, a empresária declara o capital social de R$ 1,2 milhão.

O filho mais novo da empresária, David Pazuello Franco de Sá, que mora no mesmo apartamento que a mãe, em Manaus (AM), recebeu R$ 4,2 mil do auxílio emergencial do ano passado, divididos em parcelas creditadas de abril a dezembro de 2020.

Conforme a matéria, a irmã do rapaz, Raquel Pazuello Silva, também recebeu o dinheiro extra, mesmo morando na Califórnia, nos Estados Unidos. A engenheira elétrica sacou R$ 3,3 mil do programa destinado a pessoas de baixa renda. Os repasses aconteceram entre julho e dezembro do ano passado, em parcelas que variam de R$ 300 a R$ 600.

 

Um levantamento realizado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) aponta aumento de registros de crimes cibernéticos durante a pandemia da Covid-19 com relação a ofertas falsas de empregos por meio de sites. "Eles usam sites que oferecem vagas de empregos e coletam os dados pessoais das vítimas. Posteriormente, eles entram em contato com as pessoas e oferecem empregos a elas, mas alegam que para que seja feita a contratação, a pessoa precisa fazer um curso on-line, e cobram um determinado valor por ele”, explica o delegado Adriano Félix, por meio da assessoria.

Devido ao aumento das ocorrências, a Polícia Civil orienta as pessoas a procurarem informações sobre as empresas, que estão oferecendos as supostas vagas, e comprovar se de fato existem. Além disso, deve-se conferir os dados disponibilizados no boleto para ter conhecimento do destinatário do valor, detectando, assim, um possível golpe.

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Denúncias

Em caso de comprovação da fraude, a vítima deve procurar a unidade de segurança mais próxima para formalizar a ocorrência. Há, também, a possibilidade de realizar uma denúncia anônima por meio do Disque Denúcia (181). 

 

Segundo os senadores amazonenses Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), que participam da CPI da Pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem cortado recursos de emendas parlamentares encaminhadas aos municípios do Amazonas. As informações estão em documentos obtidos pelo UOL.

De acordo com Braga e Aziz, a retaliação de pelo menos R$ 160 milhões ao orçamento do estado acontece após a atuação de ambos na comissão parlamentar de inquérito, que na quinta-feira (10) quebrou os sigilos bancários de empresas e pessoas ligadas ao governo, entre eles o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

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O Amazonas, que ainda enfrenta os desdobramentos do combate à Covid-19 na região metropolitana e no interior, também precisa lidar com a maior cheia de sua história, que deixa desabrigados em várias cidades. "Desde dezembro que o interior do estado não recebe nenhum centavo para o custeio da saúde. Se não fosse o recurso que nós passamos no ano passado, o interior estaria vivendo um caos na saúde. Mas há seis meses o orçamento está congelado, não andou", disse Eduardo Braga ao UOL.

Embora os cortes sejam apontados pelo Ministério da Economia como um procedimento comum a todos os municípios, o UOL cita ainda um estudo sobre o orçamento de 2021 do Inop (Instituto Nacional de Orçamento Público), que aponta para a predominância de cortes orçamentários no Amazonas. Em termos percentuais e absolutos, foram vetados 50% dos repasses ao estado relacionados às emendas de comissão (RP2), o que representa um total de mais de 220 milhões.

Segundo Braga, as emendas de comissão propostas por ele eram todas direcionadas à infraestrutura. Os vetos afetam repasses para municípios da região metropolitana de Manaus, onde portos, que estão inoperantes há mais de sete anos, precisam de reparos, por exemplo. "Eu sinceramente espero que isso tudo não passe de uma verborragia. Uma incontinência verbal. Com 40 anos de vida pública, não tenho mais que me surpreender com as coisas", desabafou.

Bolsonaro faz ameaças

Durante uma live em que criticava a CPI, realizada no dia 20 de maio, Bolsonaro citou a Zona Franca de Manaus, principal fonte de renda do estado: "Senador Aziz, Eduardo Braga, imaginem o Amazonas sem a Zona Franca". A declaração foi interpretada como ameaça.

No dia seguinte, em suas redes sociais, o presidente da CPI da Covid-19 reagiu à declaração. “O Presidente pode ameaçar a mim, ao Eduardo, mas ao ameaçar a Zona Franca de Manaus o negócio é mais embaixo. É preciso respeitar os amazonenses, porque ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses”, publicou Aziz, em seu Twitter.

 

 

O primeiro governador a depor na CPI da Pandemia será Wilson Lima, do Amazonas, na próxima quinta-feira (10). Veja no vídeo o calendário previsto para os depoimentos dos governdores na comissão.

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*Da Agência Senado

 

Em depoimento à CPI da Covid, o ex-ministro Eduardo Pazuello atribuiu à empresa White Martins e ao governo do Amazonas a responsabilidade pela crise de desabastecimento de oxigênio no início do ano em Manaus. Voltando a se eximir de culpa no episódio, Pazuello afirmou que a White Martins, fornecedora de oxigênio, teria responsabilidade porque não colocou de "forma clara, desde o início" que estaria consumindo a reserva estratégica do produto.

Já sobre o governo estadual, o ex-ministro alegou que a preocupação com o acompanhamento do oxigênio não era "foco" da secretária de Saúde.

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"No plano de contingência apresentado a nós, não foi apresentada nenhuma medida de oxigênio", afirmou o ex-ministro. "A White Martins já vinha consumindo reserva estratégica e não fez essa posição de forma clara desde o início. Não tem como isentarmos essa posição, primeira responsabilidade. E se secretária de Saúde tivesse acompanhado de perto teria descoberto que estava sendo consumida a reserva estratégica. Vejo duas responsabilidades muito claras, começa na empresa que consome e não se posiciona de forma clara", disse ele.

Em seguida, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) defendeu que a empresa não teria culpa, porque a demanda por oxigênio na ocasião aumentou em nível não esperado.

Apesar de ter dito no minuto anterior que havia responsabilidade da White Martins no caso, Pazuello então concordou com o senador.

A partir daí, afirmou que a "responsabilidade clara" era da Secretária de Estado do Amazonas. "Da nossa parte fomos muito proativos", alegou o ex-ministro.

O governador do Amazonas Wilson Lima afirmou, em nota, na noite desta segunda-feira (27), que não há provas de seu envolvimento nas acusações que constam na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no enfrentamento a pandemia da Covid-19. O governador é acusado pelos crimes de organização criminosa e peculato.

De acordo com a denúncia apresentada pela PGR, Lima, o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias, servidores e empresários teriam cometido irregularidades na compra de respiradores para tratamento de pacientes com Covid-19. 

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No site do governo estadual, a gestão disse que o governador ainda não foi oficialmente notificado e assegurou sobre a legalidade de todos os seus atos na gestão estadual.

Confira a nota na íntegra:

O governador Wilson Lima reafirmou a probidade e legalidade de todos os seus atos à frente do Governo do Amazonas, sobretudo no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Ele ressaltou que, embora ainda não tenha sido notificado, a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República (PGR) não apresenta provas do envolvimento dele em supostos crimes relacionados aos fatos em apuração.

“Mantenho total confiança na Justiça, que haverá de, oportunamente, reconhecer que as acusações são totalmente infundadas. Reitero aqui o meu compromisso com a transparência, probidade e legalidade dos meus atos e sigo à disposição para continuar prestando todas as informações solicitadas pela Justiça”, disse o governador.

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nesta segunda-feira (26), o governador do Amazonas, Wilson Lima, e mais 17 pessoas pelos crimes de organização criminosa e peculato, cometidos no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Estado.  

Na peça, apresentada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a subprocuradora Lindôra Araújo sustenta que Lima, o vice-governador Carlos Almeida, o secretário da Casa Civil, Flávio Antony Filho, o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias, além de servidores e empresários, estariam envolvidos em irregularidades na compra de respiradores para tratamento de pacientes com a Covid-19. 

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Segundo a subprocuradora, foi instaurada “uma verdadeira organização criminosa que tinha por propósito a prática de crimes contra a Administração Pública, especialmente a partir do direcionamento de contratações de insumos para enfrentamento da pandemia, sendo certo que, em pelo menos uma aquisição, o intento se concretizou”. 

A PGR pede a condenação dos denunciados, a perda dos cargos pelos servidores públicos e pagamento de R$ 2,1 milhões de indenização pelos supostos desvios. 

De acordo com a procuradoria, uma segunda denúncia contra o governador e três servidores pelo crime de peculato também foi apresentada. A PGR acusa Wilson Lima de realizar o “fretamento indevido” de uma aeronave para transporte de respiradores. 

A Agência Brasil entrou em contato com o governo do Amazonas e aguarda retorno.

 

Deputados do PSOL apresentaram nesta terça-feira, 20, uma ação popular à Justiça Federal do Amazonas a fim de suspender a demissão do ex-superintendente da Polícia Federal no Estado, Alexandre Saraiva.

A ação defende que não foi "mera coincidência" o anúncio da demissão de Saraiva um dia após ele apresentar uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por suposta atuação para favorecer madeireiros ilegais na maior apreensão de madeira nativa no País.

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"Torna-se cristalino que a mudança no comando da Polícia Federal no Amazonas se trata de tentativa de interferência indevida no órgão, com o precípuo objetivo de impedir a continuidade das investigações", diz o documento.

Assinada pelos deputados David Miranda (RJ), Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA), a ação afirma ainda que a demissão de Saraiva teria acontecido por pressão de Salles a fim de enfraquecer a fiscalização.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, foi designada relatora da notícia-crime do ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas Alexandre Saraiva contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, acusado de obstruir investigação ambiental e favorecer madeireiros investigados pela PF. O caso foi distribuído à ministra por prevenção.

Saraiva foi substituído do comando da PF no Amazonas após protocolar as acusações contra Salles. Ao Estadão, o delegado afirmou que 'não foi comunicado' sobre a troca de comando determinada pelo novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, antes de apresentar a denúncia.

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"Não fui comunicado antes. Recebi a ligação de um amigo perguntando se eu aceitaria uma adidância. Isso nem de longe é informar que vou sair, não disse nem quando nem onde. O documento que apresentei tem 38 páginas e ele é muito complexo, não daria tempo pra fazer isso tão rápido", afirmou.

O delegado acusa Salles de dificultar a ação de fiscalização ambiental e patrocinar 'interesses privados' de investigados da Operação Handroanthus GLO, deflagrada no final do ano passado contra a extração ilegal de madeira na Amazônia. A ofensiva apreendeu recorde de madeira ilegal em dezembro. Para Saraiva, Salles integra organização criminosa 'na qualidade de braço forte do Estado'.

O superintendente cita, como exemplo, uma exigência feita por Salles a peritos da PF sobre a documentação das madeiras apreendidas. Desde a deflagração da Handroanthus, o ministro questiona a ilegalidade das toras recolhidas pela PF, afirmando que elas seriam, na verdade, madeira extraída de forma legal.

"Mesmo amparado por farta investigação conduzida pela POLÍCIA FEDERAL - isto é, órgão de segurança pública vocacionada produzir investigações imparciais -, (Ricardo Salles) resolveu adotar posição totalmente oposta, qual seja, de apoiar os alvos, incluindo, dentre eles, pessoa jurídica com 20 (vinte) Autos de Infração Ambiental registrados, cujos valores das multas resultam em aproximadamente R$ 8.372.082,00 (OITO MILHÕES, TREZENTOS E SETENTA E DOIS MIL E OITENTA E DOIS REAIS)", registrou Saraiva.

Em outro ponto, o superintendente da PF diz que o ministro foi contrário ao posicionamento da corporação de qualificar os alvos da Handroanthus como integrantes de organização criminosa. Para Saraiva, a postura demonstra 'predileção injustificada a pouco mais de uma dezena de investigados em detrimento da comunidade local, regional, nacional e internacional'.

Saraiva também aponta que na semana passada o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bom, encaminhou ofício ao diretor-geral da PF requerendo o envio de informações e documentos que embasaram a apreensão das madeiras pela corporação e que o requerimento veio logo após Salles criticar publicar as apreensões de madeira. Para o superintendente, tal pedido seria uma forma de Salles obter acesso à investigação. "O IBAMA, desde o início da operação, manteve-se inerte, desinteressado em exercer seus poderes de polícia ambiental, o que desperta a existência de interesses escusos, provavelmente a mando do Ministro do Meio Ambiente", registrou.

No início do mês, em entrevista ao Estadão, Salles questionou a operação e disse que as áreas investigadas eram legais. "Está se tentando criar em cima desses proprietários uma sensação de insegurança jurídica. Vai quebrar os caras. E essa turma vai para a ilegalidade", disse. Qual é ilegalidade? Se você me disser que pode ter outra lá no meio, é possível. Rotular tudo aquilo de ilegal, sabe o que vai acontecer? Você quebra essa turma que está lá, aí sim vão para a ilegalidade".

Após a notícia-crime, a reportagem entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente. A pasta informou apenas que 'a resposta será dada em juízo'.

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu fazer mais uma troca na chefia das unidades regionais da corporação. O delegado Leandro Almada vai substituir Alexandre Saraiva no comando no Amazonas.

A decisão sobre a troca ocorreu nesta quarta, 14, mesmo dia em que Saraiva enviou ao Supremo Tribunal Federal notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles por obstrução de investigação ambiental, organização criminosa e favorecimento de madeireiros. A justificativa é a de que o delegado já havia sido comunicado sobre a mudança.

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Não há definição sobre o novo cargo que Saraiva irá assumir, mas o atual chefe da PF no Amazonas teria sido convidado para ir para uma missão no exterior - e ainda não teria decidido sobre o assunto.

O sucessor de Saraiva, Almada, já atuou como número 2 do atual chefe da PF no Amazonas e já foi responsável pelo grupo de investigações ambientais sensíveis na superintendência.

Saraiva está há quatro anos na chefia da PF da Amazonas e já houve ensaios para sua saída da superintendência. O delegado foi o pivô da primeira crise entre o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro, em 2019.

Na ocasião, após Bolsonaro antecipar a saída do delegado Ricardo Saadi da superintendência da PF no Rio e a corporação indicar que o chefe da unidade fluminense seria Carlos Oliveira para a vaga, Bolsonaro afirmou que 'ficou sabendo' que Saraiva, próximo dos filhos do presidente, iria assumir o posto na superintendência.

Uma série de omissões do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e a lentidão de resposta da pasta ao avanço da covid no Amazonas contribuíram para o colapso hospitalar em Manaus, no início deste ano. A acusação consta em ação de improbidade do Ministério Público Federal contra Pazuello e o secretário estadual de Saúde do Amazonas Marcellus Campelo. Segundo os procuradores, a demora do Ministério da Saúde em acompanhar de perto o agravamento da pandemia no Estado e a falta de planejamento para uma possível crise culminaram no cenário de caos presenciado no início do ano na capital amazonense.

Investigação da Procuradoria apontou que o Ministério da Saúde tinha ciência desde o início de dezembro da situação 'alarmante' do Amazonas, que registrava aumento do número de casos e mortes por covid. No dia 28 daquele mês, o agravamento da crise no Estado foi pauta de reunião entre Pazuello e seus secretários, mas, apesar disso, o ex-ministro somente despachou uma comitiva ao Estado na semana seguinte. Para os procuradores, a lentidão de Pazuello ignorou ofício da própria pasta sobre o risco das hospitalizações dobrarem em apenas sete dias e deixou para 'momento posterior' a adoção de medidas incisivas para prevenção da crise que se formava. "A espera por esse tempo não é compatível com o senso de urgência que, na maior pandemia do último século, deve orientar a atuação do Ministro da Saúde - o próprio documento do Ministério da Saúde, acima citado, demonstra que, em uma semana, o número de hospitalizações pode dobrar", anotou o MPF.

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A Procuradoria diz ainda que nem mesmo ofício do Secretário de Saúde do Amazonas informando Pazuello ainda em dezembro sobre a necessidade do envio da Força Nacional do SUS para auxiliar o monitoramento da pandemia no Estado tornou mais célere a atuação do então ministro da Saúde.

"O ex-Ministro EDUARDO PAZUELLO, portanto, omitiu-se em adotar de modo célere, no âmbito de suas competências, medidas para diagnosticar a situação da pandemia no Amazonas ainda em dezembro de 2020 e para minorar a nova onda de disseminação de covid-19 no estado. Esse atraso retardou a avaliação da situação e adoção de medidas para preparar o sistema de saúde no Amazonas para o novo pico, especialmente com a instalação de novos leitos clínicos e de UTI com os insumos necessários", apontou o MPF. "Em outros termos, a demora do ex-Ministro em enviar a comitiva ao Amazonas, apesar de todas as evidências de iminente colapso, diminuiu em uma semana o tempo de resposta à pandemia, ampliando o risco sanitário ao qual a população amazonense estava submetida".

Os procuradores apontam ainda que as autoridades federais e estaduais sabiam que Manaus enfrentava um aumento vertiginoso de casos e óbitos por covid e que se tornava imprescindível a realização de ações para evitar um iminente colapso hospitalar, incluindo a possibilidade de desabastecimento de oxigênio. Apesar da comitiva do Ministério da Saúde ter visitado Manaus dias antes do colapso, nenhuma medida foi adotada a tempo.

"Todavia, o Ministro EDUARDO PAZUELLO, o Secretário HÉLIO ANGOTTI NETO, o Secretário LUIZ OTÁVIO FRANCO DUARTE e a Secretária MAYRA PINHEIRO, mesmo após a ida de comitiva a Manaus em 3 de janeiro de 2021, omitiram-se em tomar as providências administrativas para verificar se havia o devido dimensionamento do consumo e da demanda futura de oxigênio medicinal no estado. Não tendo tomado essa providência básica, deixaram de promover a adequada orientação técnica dos servidores estaduais e não articularam com as empresas produtoras do insumo o fornecimento emergencial de maior volume", apontou o MPF.

Os procuradores frisaram que somente após uma 'viagem de reconhecimento' entre os dias 7 e 8 de janeiro, que Pazuello e o secretário de Saúde do Amazonas constataram os 'graves problemas de abastecimento' de oxigênio. A descoberta, porém, não veio de iniciativa própria das autoridades e sim por alerta da White Martins.

"Ou seja, não houve propriamente falta do produto, mas omissão dos requeridos acima citados em promover e monitorar o dimensionamento da demanda para o futuro próximo e de traçar estratégia para viabilizar e coordenar, tempestivamente, o transporte do insumo em volume suficiente de outros estados", apontou.

Pazuello deixou o Ministério da Saúde em março após ser pressionado pela explosão de mortes e internações por covid-19 e a demora da campanha de vacinação. Na ocasião, o então ministro da Saúde também era investigado em um inquérito perante o Supremo Tribunal Federal por sua responsabilidade na crise do sistema de saúde, especialmente em Manaus. Sem foro privilegiado, o caso passou a primeira instância.

Pressionado pela explosão de mortes e internações por covid-19 e frustrações na campanha de vacinação, o presidente decidiu trocar o comando da pasta ocupada por Eduardo Pazuello. Políticos que participam das conversas com o Planalto dizem que o general se inviabilizou como ministro. A questão é saber quem assumirá o posto.

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