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Quem consome carne vermelha talvez nunca tenha se questionado como o produto chega às prateleiras dos mercados ou açougues. Inclusive, muitos consumidores desconhecem a origem do animal, o processo de abate e quem trabalha com a matança do gado. Em Pernambuco, as carnes comercializadas são oriundas de grandes empresas da Região Sul do Brasil, como do Estado do Tocantins, além de matadouros locais vinculados ao Governo do Estadual ou Municipal e estabelecimentos particulares.
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Para mostrar o processo de abate desses animais, a equipe de reportagem do Portal LeiaJá visitou um dos matadouros privados do Estado, o Frigorífico Bandeira, localizado na cidade de Paulista, Região Metropolitana. O trabalho é composto por vários profissionais, entre eles, fazendeiros, marchantes, vaqueiros, veterinários e os magarefes, que trabalham para a carne chegar ao cliente final, o consumidor.
O processo de matança inicia em um corredor, com pouco mais de 20 metros de comprimento e largura de aproximadamente quatro metros. É nesse local que os animais são mantidos antes da matança. O local se torna estreito para os movimentos ariscos e ágeis dos bichos, que parecem perceber que serão abatidos. Após seguir pelo corredor, o boi é conduzido para a caixa, local onde recebe um tiro de pistola, que lança um ferro e transpassa o cérebro do quadrúpede.
Em entrevista ao Portal LeiaJá, o veterinário Silvio Ricardo Lins compara a atuação dos magarefes a de um médico e explica como é feito o tiro no cérebro no animal. Confira o áudio abaixo:
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É em um cenário rústico que os funcionários trabalham atentos. Entre as roupas e botas brancas, o sangue dos animais se espalha no chão e nas paredes do ambiente. Os animais também passam pela serragem, onde são separadas as partes dos corpos dos bichos que serão comercializadas.
No vídeo a seguir, veja como é o trabalho dos magarefes. São homens e mulheres de várias idades, em sua maioria que residem próximo ao matadouro, que afirmam estar acostumados com o trabalho. Assista a entrevista abaixo:
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Apresentando um semblate cansado, por causa da rotina de trabalho, o veterinário que cuida da inspeção do frigorífico, Silvio Lins (foto à esquerda), desabafa. “Sou formado há 36 anos e sempre atuei nessa área. Se pudesse voltar atrás, fazia muitas coisas diferentes”, disse. Quando questionado sobre a atuação no matadouro ele revela: “Mesmo acostumado com o trabalho, a atividade da matança não é fácil”, falou. "São usados de 800 a 1200 mil litros de água por cabeça. Uma quantidade grande, mas necessária para uma boa higienização do local e dos animais", completou.
Quem administra o Frigorífico Bandeira é a ex professora de educação física e matemática, Maria do Socorro Torres (foto à direita), que abandonou a docência para atuar no abate de animais. Ela revelou porque mudou de profissão. “As circunstâncias me fizeram entra nesse ramo. Inclusive já precisei abater muitos animais, mas administro com dedicação do negócio e digo com convicção que o mais difícil é saber administrar”, afirmou.
De acordo com a gestora, a Prefeitura de Paulista arrendou o local há mais de dez anos e em relação à origem dos animais ela explicou que “o gado é fornecido por fazendeiros de vários estados, como Tocantins, Marahão, Bahia e Minas Gerais”. Segundo Maria, a empresa cobra o valor de R$ 45 reais para abater um animal. Já em relação às partes dos bois que são aproveitadas, ela explanou que "os donos dos bois ficam com a carne e a pele e a empresa fica com o subproduto do boi, como cabeça, rabo, chifre e a cabeça é quebrada”.
Liderando 160 colaboradores e faturando 180 mil reias por mês, Maria do Socorro afirma que o trabalhadores recebem remuneração condizente com o mercado e que todos trabalham com grau de insalubridade. "O frigorífico atua de forma regular, inclusive possui todas as licenças para funcionar", apontou. A gestora diz também que construiu uma relação de amizade com os colaboradores e que realiza trabalhos sociais. “Promovemos aulas para alfabetização de jovens e adultos, oferecemos atendimento de odontologia e sempre procuramos ajudar os funcionários quando é possível”, concluiu.