A luta pela conscientização acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA) celebra mais um ano neste domingo, 2 de abril, que tem peso nas comunidades nacional e internacional. No Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas convivem com o distúrbio do neurodesenvolvimento, estima o Ministério da Saúde. No mundo, os autistas representam entre 1% e 2% da população.
No caso do autismo, os sinais costumam surgir sempre no primeiro ano de vida da criança, mas nem sempre o diagnóstico chega cedo. Por se tratar de uma condição que é levada por toda a vida, o autista continua a fazer parte do espectro com o avançar da idade, ainda que tenha desenvolvido melhor suas habilidades sociais e de aprendizagem. Apesar do diagnóstico tardio poder ser desafiador, descobrir o autismo tarde não é o fim do mundo: está sempre em tempo de buscar ajuda e trabalhar o neurodesenvolvimento.
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“O Autismo na vida adulta parece improvável, mas é bem comum que pessoas cheguem à idade adulta sem saber que têm TEA. A condição de saúde é caracterizada por desafios na comunicação verbal e não verbal, habilidades sociais e comportamentais, como interesse restrito, hiperfoco ou movimentos repetitivos. O autista adulto, para viver melhor em sociedade, necessita da continuidade de um acompanhamento terapêutico que vai ajudá-lo a se desenvolver melhor em diversos eixos da sua vida, como na comunicação, educação, empregabilidade e sexualidade”, explica a psicóloga Frínea Andrade, diretora do Instituto Integrarte Dimitri Andrade.
Os sintomas comportamentais do transtorno do espectro do autismo geralmente aparecem no início do desenvolvimento. Muitas crianças apresentam sintomas de autismo entre 12 e 18 meses de idade ou antes. Alguns sinais precoces de autismo incluem:
- Problemas com contato visual;
- Não responder ao ser chamado pelo próprio nome;
- Problemas em seguir o olhar de outra pessoa ou apontar o dedo para um objeto (ou "atenção conjunta");
- Poucas habilidades em brincadeiras de faz de conta e imitação;
- Problemas com a comunicação não verbal.
Muitos pais não estão cientes desses sinais de autismo e não cogitam o autismo até que seus filhos não comecem a falar dentro da idade esperada. A maioria das crianças autistas não é diagnosticada antes dos três anos de idade, embora os profissionais de saúde possam observar problemas de desenvolvimento antes dessa idade.
Estudos mostram que a detecção precoce e a intervenção precoces melhoram muito os resultados, por isso é importante procurar esses sintomas o mais cedo possível.
Espectro autista
“Existe o autismo de alto funcionamento, em que a pessoa costuma apresentar altas habilidades em uma determinada área e ter as habilidades do cotidiano comprometidas, como a comunicacional. Esse tipo só acontece em 13% da população autista e são esses indivíduos que possuem uma maior facilidade de serem inseridos no mercado de trabalho. Nos casos de autismo grave, que tem um maior comprometimento das funções pedagógicas, sociais e de linguagem, nós atuamos para oferecer as ferramentas para que este sujeito seja inserido na família e sociedade e aprenda atividades básicas, como tomar um banho, se vestir e se alimentar de forma independente”, acrescenta Frínea Andrade, que é especialista em cognição e comportamento.
Apesar da intervenção terapêutica ser indicada para início ainda na infância visando facilitar o desenvolvimento das habilidades das pessoas atípicas, a psicóloga enfatiza: “nunca é tarde para começar. Não podemos pensar na educação de uma maneira formal, mas estar atentos às habilidades que esses jovens têm ou demonstram interesse. Se for pintar, a intervenção terapêutica com a família pode fomentar para que ele se torne um artista, se ele gostar de cozinhar, podemos ajudá-lo a se tornar um cozinheiro. O autismo em adultos é uma realidade que precisa ser visível para garantir plenitude e bem-estar."
Sinais comuns de TEA na pré-escola
Com algumas crianças, os sinais de autismo podem não ser totalmente óbvios até que atinjam a idade pré-escolar, quando de repente a lacuna de desenvolvimento entre elas e seus colegas se torna mais evidente.
Alertas na comunicação social
- A criança geralmente não aponta ou compartilha observações ou experiências com outras pessoas;
- Pode haver ausência de fala ou padrões de fala incomuns, como repetição de palavras e frases (ecolalia), falha no uso de 'eu', 'me' e 'você' ou inversão desses pronomes;
- Respostas incomuns a outras pessoas. Uma criança pode não demonstrar desejo de ser abraçada, ter uma forte preferência por pessoas familiares;
- A criança pode parecer evitar situações sociais, preferindo ficar sozinha;
- Pode haver choro constante ou uma ausência incomum de choro.
Alertas comportamentais
- A criança frequentemente apresenta movimentos repetitivos marcantes, como apertar as mãos ou bater palmas, balanço prolongado ou rotação de objetos;
- Muitas crianças desenvolvem um interesse obsessivo por certos brinquedos ou objetos, ignorando outras coisas;
- A criança pode ter extrema resistência a mudanças nas rotinas e/ou em seu ambiente;
- A criança pode ser resistente a alimentos sólidos ou pode não aceitar uma variedade de alimentos em sua dieta;
- Muitas vezes há dificuldades com o treinamento do banheiro;
- A criança pode ter problemas para dormir;
- A criança pode ficar extremamente incomodada com certos ruídos e/ou locais públicos movimentados, como centros comerciais.