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Trabalhadoras domésticas estão sendo privadas de folgas durante a pandemia do novo coronavírus. É o que denuncia a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), que recebe os relatos e denúncias da categoria, e se refere às ocorrências como situações de "cárcere privado". Segundo a instituição, para evitar exposição à Covid-19, alguns empregadores ameaçam demitir as funcionárias que se recusarem a abrir mão do direito de voltar para as próprias casas no fim do expediente.

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“Desde o começo da pandemia, recebemos denúncias nesse sentido. Aqui no Rio de Janeiro, uma patroa tentou obrigar a trabalhadora doméstica a passar três meses presa dentro de sua casa. Nesse caso, a trabalhadora fez a denúncia e foi embora, mas temos relatos de outros em que a polícia chegou a ser acionada para retirar a trabalhadora doméstica”, conta Cleide Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de Nova Iguaçu e diretora da Fenatrad.

De acordo com Cleide, alguns empregadores estão alegando que o deslocamento das domésticas, geralmente possibilitado pelo transporte público, até o local de trabalho, aumenta o risco de a trabalhadora contrair Covid-19. “Esses dias chegou no sindicato a denúncia de que uma patroa estava ‘exigindo’ que uma trabalhadora ficasse direto em sua casa, caso não topasse pagar para ir e voltar do serviço de Uber. Se o patrão faz essa exigência, é ele quem tem que arcar com os custos das viagens”, completa.

No dia 17 de março deste ano, o Ministério Público do Trabalho (MPT) publicou a nota técnica conjunta 04/2020 que orienta a ação da instituição diante das medidas governamentais de contenção da pandemia do novo coronavírus entre trabalhadores domésticos, cuidadores ou vinculados. No documento, o MPT recomenda que empresas, órgãos públicos, empregadores pessoas físicas, sindicatos patronais e profissionais de todos os setores econômicos garantam a dispensa remunerada das trabalhadoras domésticas pelo período de isolamento ou quarentena de seus empregadores, bem como permitam que “o deslocamento da pessoa que realiza o trabalho doméstico, da trabalhadora ou do trabalhador de empresas prestadoras de serviços de limpeza ou de cuidado, ocorra em horários de menor movimentação de pessoas, para evitar a exposição a aglomerações, em hipótese de utilização de transporte coletivo de passageiros”.

Em Pernambuco, MPT investiga pelo menos duas denúncias de domésticas em situação de cárcere. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Vale ressaltar ainda que nem toda situação de permanência no local de trabalho configura cárcere privado. “A gente tem que analisar caso a caso, para não generalizar. Porque, no Brasil, ainda é muito comum essa escala de 15 em 15 dias que alguns patrões fazem, com as trabalhadoras dormindo em suas casas, mas tendo o direito à folga semanal. Precisamos observar se está havendo impedimento, se a trabalhadora doméstica está tendo o direito a tirar sua folga semanal, afinal, ela pode sair de casa com os devidos cuidados, não é? Se não está sendo dada essa opção, pode sim ser considerada uma situação de cárcere”, pontua Débora Tito, procuradora do MPT.

Segundo a instituição, em Pernambuco, são investigados pelo menos dois casos de cárcere privado envolvendo trabalhadoras domésticas durante o período da pandemia da Covid-19. “A moradia na casa do patrão em si não é uma irregularidade. Na construção civil, por exemplo, é comum que os trabalhadores durmam no local onde desempenham suas funções. O problema que a gente encontra é a precariedade do alojamento”, completa a procuradora.

Fraudes na dispensa

Fenatrad também denuncia irregularidades nas suspensões previstas pela Medida Provisória nº 936. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A Fenatrad ressalta, contudo, que as denúncias mais comuns são aquelas que estão associadas à dispensa das trabalhadoras sem o recolhimento correto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dentre outras verbas rescisórias. Durante a pandemia, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória (MP) nº 936, transformando-a na Lei 14.020/2020, que autoriza a redução proporcional da jornada e salário das domésticas, desde que haja acordo entre elas e seus empregadores. “Tem empregador suspendendo o contrato da trabalhadora, informando que ela receberá o salário do governo, sem efetivar a dispensa, mas a lei foi feita para que ela possa ficar em casa. Estamos vendo muitas fraudes nesse sentido”, alerta Cleide Pereira.

Com o sistema implementado pela nova Lei, o Estado é o encarregado de conceder o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda aos trabalhadores que tiverem sua jornada reduzida, mas o período de suspensão só conta como tempo de contribuição previdenciária se o beneficiário arcar com o INSS individualmente. “Como o trabalhador vai concordar com a perda de direitos? Acontece que alguns patrões colocam a empregada para assinar a rescisão como se fosse acordo e elas, distraídas, não leem o documento. Os 40% do FGTS acabam voltando para o patrão, como ocorre em casos de justa causa ou acordo”, explica Cleide.

Essenciais?

Para a presidente da Fenatrad, Luísa Batista, as fraudes na suspensão de contrato e as ocorrências de cárcere privado escancaram as contradições do debate sobre a essencialidade da profissão nos momentos de quarentena rígida. “A gente sempre lutou pelo reconhecimento do valor social do trabalho doméstico, que é essencial para a organização da sociedade, o que nunca aconteceu. Aí chega uma pandemia e a gente vê que o que as pessoas querem a servidão, colocando trabalhadores em risco”, pontua. Em maio, a Fenatrad e o Sindicato dos Trabalhadores(as) Domésticos(as) do Estado do Maranhão (Sindomestico-MA) solicitaram que o governador Flávio Dino revisasse o Decreto nº 35.784, no sentido de afastar qualquer interpretação que pudesse incluir a atividade como essencial. A mesma reivindicação foi feita pela categoria no Pará, onde o trabalho doméstico foi considerado essencial pelo Decreto nº 729, revisto após as mobilizações.

Luísa Batista lembra que a Lei Federal 13.979/2020, a qual versa sobre as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus, não cita o serviço doméstico como atividade essencial. “Essencial é segurança, saúde, distribuição de combustíveis, água, luz e alimentos, pois se esses serviços parassem o país certamente entraria em colapso. Em uma pandemia, para as domésticas, mais do que nunca, essenciais são nossos direitos”, conclui.

Passo a passo// Como fazer denúncia ao MPT?

1. No site http://ww.prt6.mpt.mp/br/, vá até o menu “Serviços” e procure a opção “Denúncias”;

2. Selecione a opção “Estou ciente e desejo oferecer uma Denúncia” e aperte em “Prosseguir”;

3. Informe a localidade dos fatos e prossiga;

4. Na seção “Notícia dos fatos”, informe o ocorrido;

5. Depois, informe os dados do denunciado, ou seja, contra quem é feita a denúncia;

6. Por fim, informe os dados do denunciante, ou seja, quem está cadastrando a denúncia, lembrando que ela pode se dar de forma anônima.

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Cuscuz, arroz e feijão. Um balde acomodado na cozinha da casa da trabalhadora doméstica Conceição* reserva os últimos alimentos da cesta básica entregue há quase um mês pelo Sindicato das Empregadas Domésticas de Pernambuco. Desempregada desde 2019, a diarista viu seu seguro desemprego acabar justo em março deste ano - quando os primeiros casos da Covid-19 foram confirmados no Estado , junto com a esperança de conseguir um novo serviço. Moradora do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, ela divide a casa em que vive, com a filha, de dez anos, e o marido, que teve os bicos como pedreiro suspensos.

--> Reportagem integra série do LeiaJá que mostra o impacto da pandemia da Covid-19 na rotina das domésticas brasileiras. Confira também a primeira matéria: Trabalhadoras domésticas: a linha de frente invisível.

Sem qualquer fonte de renda durante a pandemia do novo coronavírus, a família teve a solicitação relativa ao auxílio emergencial negada pelo governo federal. Conceição viveu, nos primeiros meses de crise sanitária, da caridade de instituições e conhecidos e de um valor de R$ 300, correspondente a metade do auxílio conquistado pelo filho de 19 anos, que repassava a ajuda mensalmente.

“Falta fruta, verdura, carne, legumes e medicamentos, se alguém ficar doente, porque não temos de onde tirar. O dinheiro que meu filho manda, só dá para pagar as contas de água e energia, o resto me viro, vou pedindo”, lamenta Conceição. A diarista garante que foi injustiçada pela análise de seu pedido do auxílio emergencial. “Já fui três vezes na Caixa. Disseram que o limite da quantidade de pessoas da minha família que conseguiram o benefício já foi atingido [dois membros]. Meus filhos não moram comigo, mas no interior. Aqui em casa, ninguém recebe”, defende-se.

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Ela diz que, graças às galinhas que cria no quintal, nunca faltam ovos para o café da manhã. Por volta das 11h, contudo, é hora de ligar para uma amiga da vizinhança, também desempregada, com quem estabeleceu uma espécie de pacto de sobrevivência durante o período de pandemia. “Eu almoço lá quase todo dia, mas se chega uma cesta básica para mim, ligo pra ela, querendo saber se está faltando alguma coisa. É uma irmã para mim”, afirma.

De acordo com a socióloga e fundadora da ONG SOS Corpo, Betânia Ávila, é comum que domésticas em situação de desemprego formem redes de apoios com outras mulheres residentes em suas respectivas comunidades. “As mulheres pobres sempre encontraram apoio umas nas outras, inclusive um suporte para sair de casa e trabalhar. Elas deixam os filhos com familiares e vizinhas, sobretudo na pandemia, em que a maior parte das escolas está fechada”, explica a socióloga. Ávila também destaca que esse suporte é necessário principalmente para as domésticas que prestam serviço em um município no qual não nasceram. “Faz parte da história da profissão o fluxo migratório de meninas que saiam no interior para a capital com a promessa de estudar e trabalhar, mas na cidade grande se transformavam exclusivamente em domésticas, morando em quartinhos na casa dos patrões”, frisa.

“Minha vida sempre foi sofrida”

Natural de Canhotinho, no Agreste de Pernambuco, Conceição foi embora para Olinda em 1996, aos 16 anos, decidida a ganhar o próprio dinheiro. “Minha vida sempre foi sofrida. Meu pai se separou de minha mãe, que ficou com seis filhos para criar. Quem sustentou a gente foi minha avó, com uma aposentadoria. Nessa época, recebi a proposta de ir embora morar em uma casa de família, trabalhando como babá”, lembra. De domingo a domingo no serviço, tinha um fim de semana de folga a cada 15 dias, quando se dispunha a pegar cerca de 200 km de estrada para visitar a família. “Levava um pouco do que ganhava para ajudar. Naquela época não tinha salário, as patrões pagavam o que queriam. Se eu tivesse tido carteira assinada, já estaria aposentada, sem precisar estar passando por essa situação”, conta.

Conceição também lembra que, no início da carreira, o fato de morar na casa dos empregadores a obrigou a deixar que os dois filhos mais velhos - atualmente, um deles com 19 anos e outro com 21 anos - fossem criados por sua mãe. “Hoje sofro muito, porque nunca dei amor e carinho para os meus filhos, mas para os da patroa. Eu trabalhava para dar roupa, sapato e comida, mas eles têm essa mágoa, dizem que eu não sou a mãe deles. Isso enche meus olhos de lágrimas, porque é verdade”, desabafa.

Foi só nos anos 2000 que Conceição conseguiu alugar um barraco, pelo valor de R$ 400, em uma comunidade que prefere não revelar, no bairro de Maranguape II, no município do Paulista, região Metropolitana do Recife. “O lugar onde vivo se transformou em uma casa de alvenaria graças ao programa Minha Casa, Minha Vida. Se eu não tivesse uma residência própria este ano, pode ter certeza de que eu estaria sem ter onde morar”, frisa.

Apesar das dificuldades que marcam sua trajetória, Conceição relata que nunca havia experienciado um período tão longo sem trabalho como o da pandemia do novo coronavírus. “Sempre me dei bem com as pessoas, por isso acabava conseguindo algo. Com a pandemia, perdi todas as minhas diárias, porque as patroas não podem mais pagar ou não querem a gente indo para a casa delas, com medo de se contaminarem com esse coronavírus. Elas mesmas estão fazendo as tarefas da casa”, comenta.

Informalidade

Diante do cenário de incertezas complexificado pela pandemia da Covid-19, Conceição conta que sonha em sair da informalidade. “Também não quero trabalhar mais para ninguém. Minha ideia é juntar dinheiro, abrir um comércio e ser minha própria patroa e empregada, já sofri muito. Daqui a pouco chegam meus netos e quero poder finalmente trazer meus filhos para perto”, desabafa.

De acordo com o artigo 1º da Lei Complementar 150 de 2015, é considerado empregado doméstico o trabalhador que "presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana”. A legislação, portanto, trata como diaristas os trabalhadores que comparecerem até duas vezes por semana no local de trabalho, só havendo vínculo empregatício para o funcionário e obrigação trabalhista para o empregador quando a periodicidade semanal é igual ou maior do que três dias.

Sem vínculo, por vezes, as diaristas acabam entre os 75% de trabalhadores domésticos que figuram em situação de informalidade, conforme aponta o Estudo 96 de 15/07/2020 divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), intitulado “Quem cuida das cuidadoras: trabalho doméstico remunerado em tempos de coronavírus”. Este grupo representa 6.230.000 trabalhadores ocupados, cujo perfil é de extrema vulnerabilidade social.

Foram os informais, aliás, os trabalhadores domésticos que mais sentiram o impacto da pandemia da covid-19. De acordo com a PNAD Contínua do IBGE do 2o trimestre (abril, maio e junho), no Brasil, o número de trabalhadores domésticos formais que ficaram desempregados foi de 1,64 milhão (27,47%), enquanto 4, 33 milhões de  informais, o equivalente a 72,53% da categoria, perderam postos de trabalho. Para se ter uma ideia, no período correspondente de 2019, perderam postos de trabalho  58 mil (28,16%) domésticos formais, assim como 148 mil informais (71,84%). “O segundo trimestre de 2020 representa o auge da pandemia. Por medo de ser contaminado, a primeira coisa que o empregador faz é liberar a diarista, com quem não possui vínculo. Assim, a maioria delas, que tinha duas diárias com uma determinada família, ficou sem renda”, comenta Mário Avelino, fundador e presidente da empresa Doméstica Legal e da ONG Doméstica Legal.

Avelino espera, contudo, que 2021 seja um ano de recuperação para as domésticas. “As demissões começarão a ser estancadas e voltarão as admissões, principalmente para as diaristas, que devem voltar a ter diárias”, projeta. Até lá, o empresário promete cobrar a a aprovação de projetos de lei que considera fundamentais para a formalização da categoria. O primeiro deles, é o PL 8.681, apresentado pelo deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) em 2017. “O texto propõe a criação do Programa de Regularização Previdenciária do Empregador Doméstico, que é um refinanciamento da dívida do INSS do empregador doméstico em até 120 meses, com isenção total da multa por atraso e redução de 60% dos juros de mora por atraso. Se esse projeto for aprovado, poderemos estimular que metade das informais seja regularizada”, comenta.

No senado, Avelino também acompanha o PL 1.766, de 2019, de autoria do senador José Reguffe (Podemos-RJ), que sugere a “prorrogação por mais cinco anos da possibilidade de deduzir do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) a contribuição patronal paga à Previdência Social pelo empregador doméstico”. “Quanto mais a gente diminuir o custo de quem emprega, mais formalidade  e maior o estímulo à retenção de emprego”, opina.

*Nome fictício

Fotos: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Na próxima quinta-feira (31), o LeiaJá trará mais uma reportagem da série. O trabalho revelará denúncias de exploração feitas pelas trabalhadoras.

 

Dezesseis de março de 2020. Com hipertensão, obesidade, diabetes e infecção urinária, a empregada doméstica Cleonice Gonçalves, aos 63 anos, não teve direito a folga nem quando seus patrões regressaram da Itália com sintomas de Covid-19. Pela última vez, ela repetiu o único caminho que a pobreza lhe permitira nos últimos dez anos: os 120 km que separavam sua casa, na pequena Miguel Pereira, do bairro do Leblon, que ostenta o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, cruzados em dois ônibus e um trem. Daquela vez, contudo, o esforço para comparecer ao trabalho seria inútil. Diante de uma persistente falta de ar, Cleonice precisou voltar para casa às pressas. Um dia depois, ela se tornaria a primeira brasileira a morrer de Covid-19, em um hospital público de sua cidade. O caso escancarou a maneira como a pandemia da doença agudizou as vulnerabilidades das trabalhadoras domésticas no Brasil. Em uma série de reportagens, o LeiaJá analisa os impactos sofridos pela categoria no período de crise sanitária, da perda em massa de emprego à piora das condições de trabalho.

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Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), exemplificam o impacto da pandemia do novo coronavírus para a categoria. Comparando os números do segundo trimestre de 2019 com aqueles que correspondem ao mesmo período de 2020, quando os efeitos da crise começaram a ser sentidos no Brasil, é possível observar que o Brasil perdeu 1,54 milhão de postos de trabalho doméstico, o equivalente a 24,63% do total do ano passado. Se antes o número de vagas ocupadas era de 6.254.000, depois passou a ser de 4.714.000.

No segundo trimestre deste ano, o Brasil perdeu 1,54 milhão de postos de trabalho doméstico, na comparação com o mesmo período de 2019. (Júlio Gomes/LeiaJá)

Mesmo na comparação com o primeiro trimestre, os meses de abril, maio e junho de 2020, totalizaram 1.257.000 (21,05%) empregos domésticos perdidos. Apenas no Estado de Pernambuco, por exemplo, que responde por 3,22% das trabalhadoras domésticas do Brasil (antes da pandemia, a porcentagem era de 3,69%), a comparação relativa ao segundo trimestre de 2019 com o de 2020 revela a perda de 26,21% dos postos de trabalho, o que corresponde a 54 mil trabalhadores desempregados.

O fundador e presidente da empresa Doméstica Legal e da ONG Doméstica Legal, Mario Avelino, destaca que o emprego doméstico é mais vulnerável ao desemprego porque está na ponta da linha de produção. “Foram mais de 700 mil empresas fechadas e outras 900 mil paralisadas, algumas até agora. Se sou funcionário de uma empresa e perco meu emprego, minha primeira providência é dispensar a empregada doméstica. As pessoas perderam renda e precisaram cortar custos”, comenta.

História de lutas

De acordo com o estudo "Os desafios do passado no Trabalho Doméstico do Século XXI", publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano de 2018, 63% dos brasileiros que exerciam o ofício no Brasil eram mulheres negras e apenas 1% dos postos de trabalho na área são ocupados por homens.

A socióloga e fundadora do SOS Corpo, Betânia Ávila, destaca que os recortes de gênero e raça da profissão denunciam sua origem, ligada à escravidão e à divisão sexual do trabalho, que delega às mulheres a sobrecarga de atividades ligadas ao lar. “É uma função cheia de marcas do Brasil Colônia e de sua violência, da qual somos tributários. Desde as trabalhadoras escravas na casa dos patrões, violentadas, estupradas e engravidadas, um processo que faz parte da formação social brasileira. O período de pandemia e confinamento pelo qual estamos passando, agudiza tudo isso e cria, inclusive, novas formas de perversidade”, coloca.

Em 1936, foi fundada a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil, em Santos, no interior de São Paulo. (Acervo/Fenatrad)

Tão antigas quanto as opressões sofridas pelas trabalhadoras domésticas são as lutas por elas encampadas. Ainda em 1936, a sindicalista e militante negra Laudelina de Campos Melo fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil, em Santos, no litoral de São Paulo. A instituição chegou a ser fechada pelo Estado Novo, voltando a funcionar em 1946. A professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elisabete Pinto chama atenção para o fato de que, àquela época, Laudelina já discutia feminismo, ainda que não se intitulasse feminista. “Ela conseguia, de sua forma, fazer a interseccionalidade entre gênero, raça e classe. Quando se fala de empregadas domésticas, mulheres negras e brancas, empregadas e patroas, estamos falando de uma relação de gênero, que expressa a desigualdade entre as mulheres. Ela conseguiu perceber isso”, explica.

Filiada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), Laudelina também se tornaria responsável pelo surgimento do sindicato das domésticas de Campinas, em 1961, o que a solidificou como uma referência nacional na militância pelos direitos dessas trabalhadoras e figura central na conquista dos direitos à Carteira de Trabalho, às férias anuais remuneradas de 20 dias e à Previdência Social, através da Lei n 5.859 de 1972, em plena ditadura militar, que já eram usufruídos por outras categorias desde os anos 1930. As conquistas, contudo, só foram asseguradas pela Constituição de 1988, que, por um detalhe, manteve a segregação jurídica entre domésticas e demais trabalhadores.

Procuradora do MPT Débora Tito lembra que constituição de 1988 exclui as trabalhadoras domésticas em seu parágrafo único (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

“A gente tem uma constituição estudada no mundo todo, considerada uma constituição cidadã, mas que em seu artigo sétimo elenca uma série de dispositivos dos quais exclui as trabalhadoras domésticas, no seu parágrafo único”, comenta a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco Débora Tito.

Assim, a constituição concedeu à categoria repouso semanal remunerado (preferencialmente aos domingos), décimo terceiro salário, salário mínimo, aviso prévio e licença para gestantes, mas deixava de fora direitos como seguro-desemprego, remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), jornada de trabalho máxima de oito horas e seguro contra acidentes de trabalho. Essas últimas conquistas só foram alcançadas pela categoria com a aprovação da PEC 66/2012, conhecida como PEC das Domésticas, que daria, por fim, origem à Lei Complementar 150/2015.

Luísa Batista, presidente da Fenatrad, pontua que a Lei Complementar 150 não trouxe a tão sonhada igualdade para a categoria. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Luísa Batista, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), pontua, contudo, que a luta pelos direitos da categoria está longe de acabar. “A gente sabe que a Lei Complementar 150 não trouxe a tão sonhada igualdade. Para outras categorias, o Seguro Desemprego é concedido em cinco parcelas no valor que o trabalhador teria direito. No nosso caso, a gente faz rescisão de contrato, mas a trabalhadora só tem direito a três parcelas no valor de um salário mínimo”, exemplifica.

Vulnerabilidades

Em junho de 2020, o Ipea e a ONU Mulheres publicaram uma nota técnica a respeito das "Vulnerabilidades das Trabalhadoras Domésticas no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil". O texto destaca que, além dos recortes raciais e de gênero, a categoria é marcada pela precariedade trabalhista. Os dados do primeiro trimestre da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2020 mostram que apenas 28% dos(as) trabalhadores(as) domésticos(as) do País possuíam carteira de trabalho assinada. Como em 1995, essa porcentagem era de 18%, é possível afirmar que a formalização da categoria cresceu apenas 10 pontos percentuais em 25 anos.

De acordo com a especialista em políticas públicas e gestão governamental lotada na Diretoria de Estudos e Políticas Sociais da Ipea, Carolina Torkaski, que assinou a nota  técnica ao lado de Luana Pinheiro e Marcia Vasconcelos, a desproteção social da categoria é primeira de três vulnerabilidades específicas da categoria mapeadas durante a pandemia do novo coronavírus. “Há inclusive um movimento de redução da quantidade de mensalistas e aumento das diaristas, que tem que buscar essa proteção social individualmente. Delas, 9% possuem carteira assinada e 24% contribuem com a previdência. O que esses números nos dizem é que, durante a pandemia, apenas nove em cada 100 domésticas tiveram acesso ao Seguro Desemprego e apenas 24 em cada 100 diaristas têm acesso ao auxílio doença por causa do risco de contaminação pela Covid-19. São mais expostas à contaminação e têm menos proteção, seja no campo do emprego, seja no campo do auxílio doença”, explica.

Torkaski lembra que mesmo as mensalistas, as quais correspondem a 56,5% das trabalhadoras domésticas, só têm carteira de trabalho assinada em 43% dos casos. “Ou seja, mulheres que trabalham três ou mais dias no mesmo domicílio e não possuem CLT. Isso quer dizer que essas trabalhadoras convivem, no período da Covid-19, com medo e incerteza: ou elas correm o risco de contaminação ou perdem o emprego. É uma escolha muito dura”, reforça.

Um segundo tipo de vulnerabilidade está associado à própria natureza do trabalho realizado. “É um ofício que se dá dentro de domicílio, as domésticas, muitas vezes, manipulam corpos ou fluidos corporais que são dos empregadores, então o risco de contaminação é alto. Além disso, há uma sobrecarga das tarefas de cuidados dentro das casas das pessoas, já que muitos serviços não voltaram, como escolas e creches. Por fim, não existe fiscalização no local de trabalho, nas residências, verificando a existência de abusos”, completa Torkaski.

Por fim, o Ipea pontua o aumento da violação sistemática de direitos humanos durante a crise sanitária. “A Fenatrad, os sindicatos e a imprensa têm mostrado relatos de trabalhadoras que enfrentam jornadas exaustivas, acúmulo de funções e até restrições de liberdade e mobilidade. Com os hospitais sobrecarregados, questões menos graves de saúde estão sendo tratadas em casa, então a casa das pessoas se tornou uma linha de frente, constituída pelas domésticas, no enfrentamento da pandemia”, conclui Torkaski.

Recomendações

Durante a pandemia, MPT, Ipea e ONU Mulheres elencaram um conjunto de recomendações para proteger as trabalhadoras domésticas durante a pandemia do novo coronavírus. Confira as recomendações: 

1- Maior envolvimento dos homens no trabalho reprodutivo;

2- Quarentena remunerada para as domésticas;

3- Empregadores devem fornecer EPI's, como máscara, luvas e álcool em gel 70%, bem como arcar com os custos do deslocamento para o local de trabalho, utilizando outros meio “que não o transporte coletivo”;

4- Empregadores devem garantir a dispensa das trabalhadoras em caso de suspeita ou confirmação de covid-19;

5- Com base nas manifestações da Fenatrad e no entendimento da Procuradoria-Geral da República, recomenda-se que os governos estaduais revoguem os decretos e as leis que instituem a totalidade do trabalho doméstico como uma atividade essencial;

6- Auxílio emergencial de R$ 600 pelo período que durar a pandemia;

7- Prioridade às domésticas na testagem para a covid-19;

8-Discutir medidas para tratar de eventuais transtornos mentais relacionados ao aumento da ansiedade e quadros depressivos, criados tanto pela exposição da categoria e de seus familiares ao vírus quanto pela perda de renda;

9- Retomar a discussão sobre os incentivos à formalização do trabalho doméstico remunerado. A formalização viabiliza o acesso ao seguro-desemprego e a outros benefícios conectados com as políticas de proteção social e alivia o efeito negativo ocasionado por crises socioeconômicas.

Na próxima quinta-feira (24), o LeiaJá dará continuidade à série de reportagens. A segunda matéria retrata o drama de uma trabalhadora desempregada.

Domésticas: a linha de frente invisível

 --> Vivendo com R$ 300: o drama de uma diarista desempregada

 --> Mirtes: 'Nunca mais volto a trabalhar de empregada'

--> Denúncias das domésticas na pandemia incluem até cárcere

O especial de fim de ano do cantor Roberto Carlos se tornou um clássico na TV brasileira, mas este ano o show não irá acontecer. As informações são do colunista Alessandro Lo-bianco do Programa 'A Tarde é Sua', da Rede TV. 

A festa acontece anualmente e é transmitida em toda a rede nacional pela TV Globo. De acordo com o colunista, o motivo do cancelamento seria a crise financeira que a emissora tem enfrentado. 

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A Globo também teria descartado a possibilidade de fazer uma live com o artista, apenas por uma estratégia de audiência.   

Segundo Lo-bianco o cachê do cantor, gira em torno de 100 milhões, mais adicional, o que impossibilitou o investimento.  

O show do artista acontece desde 1974 e se tornou uma tradição na TV. Para a data não passar a branco, a TV Globo irá reprisar o especial de Jerusalém.

Há tempos, os fãs mais ávidos do seriado Friends anseiam por uma reunião dos seis amigos em um episódio especial. A façanha seria realizada este ano, não fosse a pandemia do novo coronavírus algo tão maior do que qualquer um poderia ter imaginado no início de 2020. Adiada, a tão esperada reunião ficou novamente na esperança até Matthew Perry, o Chandler, tuitar na última quinta (12) que um novo momento para a gravação do especial já está agendado para o ano de 2021.

Em sua conta oficial no Twitter, Perry avisou aos fãs para quando está agendada a reunião do elenco de Friends. “Reunião de Friends sendo remarcada para o início de março. Parece que temos um ano agitado chegando. E é assim que eu gosto!”. O último episódio da série, que fez grande sucesso entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000 foi em 2004. Desde então, os atores seguiram suas carreiras separadamente e se encontraram, como amigos, esporadicamente. 

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O episódio especial da série havia sido marcado, a princípio, para maio de 2020. Porém, com a pandemia, os planos precisaram ser revistos e os fãs se viram mais uma vez sem previsão para o tão sonhado reencontro. O episódio especial, a ser gravado em março de 2021, terá direção de Ben Winston e existe a possibilidade do enredo girar em torno da pandemia sendo todo feito por uma videochamada. 

 

A morte do menino Miguel, após cair do quinto andar de um prédio do luxo no Recife, foi um dos casos recentes de violência contra o povo preto que motivou o especial Falas Negras, da autora Manuela Dias. O programa vai abordar esse e outros eventos históricos que falam sobre questões raciais no dia 20 de novembro, data em que é celebrado o Dia da Consciência Negra. 

Segundo Manuela, além do caso de Miguel, os assassinatos de João Pedro e George Floyd também incomodaram a escritora no sentido de produzir algo a respeito. “Isso tudo me mobilizou e propus para a TV Globo que a gente fizesse o especial. Sugeri abrir espaço para essas aspas para mostrar a inconformidade com o que a gente vem vivendo há mais de 500 anos”, disse em entrevista ao GShow. 

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Dirigido por Lázaro Ramos e com um time de peso de atores e atrizes, Falas Negras vai trazer depoimentos da mãe de Miguel, Mirtes Souza; da ex-vereadora Marielle Franco, também assassinada; e do pai de João Victor, Neilton Matos Pinto; além de relatos históricos de figuras como Martin Luther King Jr, Malcom X e Angela Davis. O programa vai ao ar no dia 20 de novembro, na TV Globo. 

A atriz Taís Araújo irá interpretar Marielle Franco em um novo projeto da TV Globo, o especial “Falas Negras”, previsto para estrear em 20 de novembro. A produção será o pontapé inicial para uma série de especiais que será exibido pela emissora.

O projeto terá direção do ator Lázaro Ramos, marido de Taís, e é idealizado por Manuela Dias, autora da novela “Amor de Mãe”. O objetivo do projeto é abordar histórias de personagens que lutaram contra a escravidão no Brasil, a segregação racial, a intolerância e o racismo, desde 1600 até os dias atuais.

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A emissora já iniciou as gravações para o projeto nos Estúdios Globo e outros atores também estão participando. Foram escalados: Fabrício Boliveira, como Olaudah Equiano; Guilherme Silva, como Martin Luther King; Ivy Souza, como Nina Simone; Babu Santana, como Muhammad Ali e Naruna Costa, como Angela Davis.

Desde que as aulas presenciais foram suspensas no país, em março, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o modelo de ensino remoto foi adotado pelas instituições como medida para não prejudicar os estudantes. No entanto, essa mudança inesperada fez com que os docentes tivessem que se adaptar a uma nova forma de dar aula e de interagir com os alunos. Mas, como essa mudança foi recebida pelos professores? O que o futuro reserva para os profissionais da educação no período pós-pandemia? Nesta reportagem, você poderá conferir a opinião de especialistas que podem ajudar a chegar a um consenso sobre o assunto.

Nesta quinta-feira, 15 de outubro de 2020, o Dia do Professor é celebrado diante de uma pandemia. Para exaltar a figura dos educadores, a série “Lições” traz, agora, reportagem sobre os desafios que os professores têm enfrentado durante a pandemia e as perspectivas da profissão para o futuro, segundo especialistas.

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O professor de física Eduardo Peres conta que o seu dia a dia neste período de pandemia tem sido de trabalho duro, devido ao uso de novas ferramentas atreladas às tarefas inerentes a um docente, mas que está gostando dos mecanismos que tem usado. “O meu dia a dia no período de pandemia tem sido de muito trabalho, primeiro a adaptação ao novo, uso de plataformas novas, tecnologia e outras coisas mais, somadas às obrigações básicas de um professor, mas confesso que tenho gostado das ferramentas que tenho utilizado, tem sido muito enriquecedor”, conta.

Sobre a maior dificuldade que teve na mudança do formato de aulas, Peres revela que o momento mais complicado foi no começo do processo, em que ele teve que investir em ferramentas que lhe auxiliassem em seu trabalho. “Minha maior dificuldade foi no início, a falta de aparato tecnológico, onde precisei fazer um investimento em material, computador novo, internet rápida, luminosidade, quadro branco, ou seja, precisei montar um estúdio improvisado, depois vem a questão de adquirir o conhecimento necessário para o uso deste aparato”, pontua.

Para Eduardo, o grande desafio do ensino remoto é conseguir manter a atenção do aluno na aula, uma vez que em casa ele está próximo de mais distrações, desviando sua atenção do professor. “O maior desafio do ensino remoto é manter o aluno focado, onde sabemos que em casa, todo tipo de distração está próximo a ele, dificultando a manutenção da atenção no professor. O esforço para mantê-lo motivado é muito maior, exige muita autonomia do aluno e infelizmente nosso aluno não foi preparado para isso”, conta.

Questionado sobre estar se sentindo mais cansado durante esse período de aulas remotas, Eduardo conta que, a princípio, estava, mas à medida que o tempo foi passando, se adaptou a nova realidade. “No início, estava me sentido cansado, sim, mas com o passar do tempo, fui me acostumando com a rotina”.

Peres conta, ainda, as lições – positivas e negativas – que tem aprendido durante o período de pandemia. “As lições positivas são o conhecimento em relação a novas tecnologias e o contato mais próximo com as redes sociais para levar o conhecimento a lugares mais distantes. E as negativas são a falta do contato mais próximo com o aluno e incertezas quanto ao futuro”, destaca ele.

O professor conta que, durante esse período de pandemia, procura estar em contato com os alunos por meio das redes sociais para auxiliá-los. No entanto, não é a mesma coisa que estar em contato físico. “Procuro manter contato com os alunos por meio das redes sociais para tirar suas dúvidas e mantê-los motivados, mas o contato humano é indispensável, olhar nos olhos, ver a expressão facial, ainda mais alunos de ensino médio que convivem com pressão do vestibular”, explica.

Eduardo revela, também, qual é a sua expectativa, enquanto professor, para o período pós-pandemia. “A meu modo de ver a educação deu salto de 10 anos em poucos meses, acho que a tecnologia, as aulas remotas, vieram para ficar, as aulas jamais serão as mesmas, por questões práticas e financeiras, as plataformas digitais irão ganhar um destaque que jamais foi visto na educação e aquele que não se adaptar infelizmente possui grande chance de ficar fora do mercado”, finaliza.

Veja, abaixo, o vídeo do professor Eduardo Peres:

Sobre como os professores estão lidando com a modalidade de ensino remoto, a professora titular do Centro de Educação (CE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenadora do Fórum Estadual de Educação de Pernambuco (FEEPE), Márcia Angela Aguiar, conta que pelo fato de muito docentes não terem tido a formação necessária para uso das TICs no cenário de ensino-aprendizem, foram necessários muitos esforços para uma rápida adaptação à nova realidade. De acordo com ela, essa questão tem causado problemas para alguns docentes. “Com a transmissão rápida do novo coronavírus (Covid-19), os países tiveram que se adaptar a uma situação de excepcionalidade em todos os setores. Não foi diferente com o setor da educação no Brasil. E, uma das primeiras medidas das autoridades governamentais consistiu na suspensão das aulas presenciais e na prescrição da adoção de atividades remotas. Tais medidas alteraram, também, a rotina dos professores que, repentinamente, foram ‘obrigados’ a se adaptarem a uma diferente forma de articulação com a direção da escola, com os estudantes e suas famílias. Essa nova configuração acarretou mudanças na vida dos professores que passaram a lidar intensamente com ferramentas tecnológicas para a comunicação com os estudantes. Considerando que muitos não tiveram a formação adequada para o uso das TICs em situação de ensino-aprendizagem, foi necessário dispender esforços para uma rápida adaptação às condições de excepcionalidade. Isto tem provocado situações de desconforto e sofrimento para muitos”, relata.

Questionada sobre se a aceitação a esse formato de ensino foi bem recebida pela maioria dos professores ou houve algum tipo de resistência ou dificuldade, a especialista em educação afirma que vários relatos de docentes e resultados de estudos mostram que a realidade atual encarada pelos professores tem desencadeado uma série de problemas emocionais, como estresse e depressão. “Inúmeros depoimentos de docentes e resultados de algumas pesquisas mostram que a situação enfrentada pelos professores tem acarretado mudanças em sua rotina e provocado stress, depressão e outras dificuldades de ordem emocional. O medo do desemprego, a ausência de infraestrutura para o desenvolvimento das atividades remotas têm sido fonte de aflições para a maioria.  Aqueles que conseguem uma adaptação mais rápida, inclusive, com apoio institucional têm procurado formas pedagógicas mais adequadas para lidar com os estudantes”, explica Márcia.

De acordo com Márcia, o futuro dos docentes no período pós-coronavírus será definido a partir da capacidade dos governos de elaborarem políticas públicas que garantam o direito total à educação. “O futuro dos professores no cenário pós-pandemia dependerá da capacidade dos governos de traçarem políticas públicas, orientadas pelo Plano Nacional de Educação 2014-2024, que assegurem o direito pleno à educação. Neste sentido, faz-se necessário prover condições materiais efetivas para que as escolas funcionem de forma satisfatória, bem como garantir as condições indispensáveis (formação continuada, salário, carreira)  para o exercício do magistério”, pontua.

Sobre a possibilidade de exclusão do mercado de trabalho dos professores que não se adaptarem ao formato de ensino remoto, a especialista fala que a pandemia mostrou como o papel do professor é fundamental. Devido a isso, se faz necessário que as autoridades competentes se encarreguem da promoção da especialização contínua dos professores em função de projetos político-pedagógicos institucionais. “Essa pandemia provou o quanto o professor é essencial para a formação das novas gerações. Daí, que as autoridades competentes deverão prover formas de aperfeiçoamento permanente da atuação docente em função de projetos político-pedagógicos institucionais”, destaca Márcia.

Questionada se estão sendo pensadas ações para ampliar o modelo de ensino remoto mesmo em um cenário pós-pandemia, Márcia conta que a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) foi acelerada pela pandemia, no entanto o seu uso no trabalho dos professores deverá ser supervisionado, preferencialmente por sindicatos que representem a categoria dos docentes. “A pandemia provocou a aceleração do uso pedagógico das TICs que continuará ocorrendo. Mas, o uso dessas tecnologias no trabalho docente deverá ser submetido ao controle social, em especial, dos sindicatos que representam os professores, de modo a evitar sobrecarga de trabalho e precariedade dos vínculos profissionais. Ao professor deverá ser assegurado aperfeiçoamento contínuo, plano de carreira, condições materiais e salários dignos”, finaliza.

O professor de história da rede privada de ensino e secretário geral do Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro), Luciano Paz, conta como a mudança do ensino presencial para o remoto foi vista pela entidade. “A mudança foi vista com muita preocupação, em virtude das incertezas que se apresentavam naquele momento de interrupção das aulas presenciais, por se tratar de uma realidade distante da maioria esmagadora das escolas privadas do Estado, e por que não, do país”, explica.

Sobre a aceitação dos professores para esse modelo de ensino de forma tão inesperada, Luciano afirma que aceitar esse formato não foi uma opção, mas, sim, uma imposição. “Não tivemos o direito de aceitar, no máximo, tivemos que nos adaptar, com formações muitas das vezes oferecidas sem planejamento, extrapolando a jornada de trabalho contratual, contando também com as dificuldades materiais, de equipamentos, internet, mobiliário, além da falta do hábito ou da prática com a tecnologia para ministrar aulas, no formato remoto”, desabafa.

“E o que mais chocou e ainda revolta muitos professores, é o fato de não termos sido ressarcidos nos custos para a montagem da estrutura para a elaboração e transmissão das aulas. Não recebemos, na maioria das escolas, sequer ajuda de custo para pagamento da energia elétrica, e muito menos para pacotes de internet, aquisição de computadores, smartphones”, continua.

Acerca da expectativa do sindicato para a volta às aulas, Luciano revela que espera-se que o volume de trabalho aumente. “Já estamos com uma carga de trabalho excessiva, sem termos os períodos de descansos respeitados por coordenações e direções de escolas. O ensino presencial, que vai ter que conviver com o remoto, no que se convencionou chamar de ensino híbrido, trará sérias complicações para os professores, principalmente em relação ao excesso de trabalho, as complicações de ordem emocional, psicológica, além do risco da contaminação nos locais de trabalho, já que não temos a certeza de respeito das normas do protocolo do governo do Estado. As escolas não respeitam a distribuição mínima de espaço por aluno nas salas de aula, que é um metro quadrado para cada aluno, vai garantir o distanciamento de 1,5? Por certo que não”, afirma o secretário geral do Sinpro.

Questionado sobre se mesmo com a volta às aulas o ensino remoto continuará sendo visto como uma boa opção para docentes e discentes, Luciano fala que é uma alternativa necessária para que sejam evitados excessos, principalmente no que diz respeito à exploração do trabalho dos professores. “Vemos como uma opção necessária, mas que carece de regulamentação, para que se evitem os excessos, sobretudo na exploração do trabalho dos professores. Precisamos que o Conselho Nacional de Educação, o Conselho Estadual de Educação, o Ministério Público do Trabalho, apresentem elementos para que sejam estabelecidos os limites, os procedimentos, para que tenhamos condições de garantir a proteção dos professores no instrumento que regula as relações de trabalho nas escolas privadas que é a Convenção Coletiva de Trabalho”, finaliza ele.

A reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

Carinho, tecnologia e o novo olhar de uma educadora

No caminho da bicicleta, há quilômetros de sonhos

Professores empreendedores e os desafios da pandemia

EAD e ensino remoto: as multi-habilidades de um docente

Até o início deste ano, quando pensávamos em aplicativos de transporte particular, nossas preocupações eram voltadas para o valor da fatura no final do mês ou, quando muito, se o motorista que vinha ao nosso encontro era bem avaliado ou não. Com a chegada da Covid-19 ao Brasil, pequenos e grandes hábitos precisaram ser repensados, adaptados e, mesmo que temporariamente, extintos. Bares e restaurantes fecharam, para conter o risco de contaminação, reuniões sociais passaram a acontecer virtualmente e a preocupação com o inimigo invisível passou a dominar não apenas os noticiários, como também a cabeça da grande maioria dos brasileiros. 

Não é para menos. No mês de agosto, o Brasil bateu a marca das 100 mil mortes por Covid-19, doença que começou a se espalhar por aqui em março deste ano. Nesses cinco meses, sair de casa passou a ser um desafio que envolve coragem e passadas meticulosas de álcool em gel 70%, ao menor toque em uma superfície diferente. Para quem tem o privilégio de não precisar do transporte público, os automóveis particulares parecem a opção ideal. Porém, como se sentir seguro em um carro desconhecido e que transporta dezenas de pessoas diferentes por dia?

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“Nossa preocupação principal, desde o início, foi com a segurança das pessoas”, afirma Eduardo Roithmann, gerente de operações da 99, uma das principais empresas que oferecem serviço de transporte particular em Recife. Ele explica que, antes de todas as medidas de higiene serem implementadas, o grupo, que pertence a empresa global DiDi Chuxing, criou um fundo para ajudar colaboradores que estivessem com suspeita de Covid-19 e precisassem se afastar do trabalho. A companhia ainda procurou orientar usuários e colaboradores com informações oriundas de órgãos oficiais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“No primeiro momento, o que a gente podia fazer era mandar mensagens para os nossos passageiros e motoristas dando orientações que tinham embasamento nas orientações da OMS e do Ministério da Saúde. Com o tempo fomos adaptando as nossas tecnologias para criar, por exemplo, o reconhecimento facial em relação à máscara. A gente vai evoluindo e está construindo coisas porque ainda estamos em situação difícil e a gente entende o nosso papel na sociedade”, diz. 

Assim como a 99, a Uber - que também opera em alta demanda na capital pernambucana, procurou estabelecer, em um primeiro momento, um fundo de apoio e mensagens de conscientização para motoristas e passageiros. Além disso, suspendeu serviços como o Uber Juntos, que permitia o compartilhamento de viagens entre passageiros desconhecidos, patinetes, e passou a oferecer um reembolso para itens como álcool em gel e máscaras.

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Segurança para quem dirige, existe?

O montador de móveis Pedro Guedes dirige para as duas empresas diariamente e afirma que, apesar de um início de medidas lento, tanto a Uber quanto a 99, tem tido a preocupação de instruir os motoristas a respeito dos cuidados na quarentena. “Antes do lockdown eles fizeram o básico, falaram para a gente evitar ar condicionado, manter o vidro aberto. Mas depois, falaram sobre o número de pessoas no veículo, não colocar ninguém na frente, essas coisas”, contou.

Ele confirma que ambas as gigantes custeiam os gastos com materiais de limpeza como luvas, máscaras e álcool em gel e, desde agosto, começaram a incentivar a aplicação do vidro de proteção que separa o motorista e o passageiro. Para ele, no entanto, o problema tem sido quem solicita as corridas, clientes que insistem em desrespeitar regras de proteção.

“A grande maioria das pessoas que eu pego alega que não recebeu as mensagens de orientação, mas eu tenho o aplicativo de passageiro e mostro que tá lá”, explica. Mesmo assim, Pedro reclama que, como não há como fiscalizar 'de perto', muita gente tenta burlar o limite de ocupantes do veículo e poucos são os que cobram medidas de distanciamento. 

Em maio, o motorista foi infectado pelo novo coronavírus e precisou se distanciar das atividades para cumprir o isolamento necessário ao tratamento da doença. “A Uber mandou mensagem dizendo que 'a gente vai dar suporte à vocês, auxílio financeiro, caso vocês peguem Covid-19 e se for o caso a gente paga até o tratamento no médico', mas eles queriam que informasse”, explicou, e conta que o tratamento das duas companhias com a notícia da doença foi diferente.

“Informei a Uber que tinha pego a Covid e eles passaram três dias para verificar meu atestado, então, bloquearam minha conta por 14 dias, mas me deram o equivalente a 14 dias rodados”, conta. Com a 99 o suporte oferecido foi apenas em caso de internação. “Eles perguntaram se era caso de internação, se fosse, eles pagariam as despesas médicas, mas não era o meu caso. Como eu fiquei em casa não tive verba nenhuma. O fundo de R$ 10 milhões não é para pagar a gente em dinheiro é para pagar os custos. Levar ao médico, se precisar ficar internado, etc. Mas a maior preocupação que eu tinha era justamente os boletos”, diz. 

De janelas abertas e temor no peito

A preocupação do montador é a mesma de milhares de brasileiros. Apesar da recomendação principal da Organização Mundial de Saúde e das Secretarias de Saúde nos Estados ser para que a população fique em casa, muita gente precisou e ainda precisa trabalhar ou resolver burocracias presencialmente. Pagar boletos, fazer a feira, ir ao médico, são atividades que não puderam ser suspensas para todos. Ficar em casa é privilégio de alguns e sair, usando aplicativos de transporte como opção de deslocamento, de outros.

É o caso da assessora jurídica Rafaela Clericuzi, que precisou se locomover pela Região Metropolitana do Recife (RMR), mesmo durante o isolamento social. Ela optou por utilizar o transporte particular por considerá-lo mais seguro. Mesmo assim, o medo de se contaminar com a Covid-19, a deixava alerta em toda viagem. “Eu achava que podia [me contaminar] sim, principalmente quando eu colocava o cinto de segurança, mas tentava tomar as medidas necessárias, usando máscara e usando álcool em gel antes de entrar no carro, além de não ir conversando com o motorista, deixando as janelas abertas”, afirma.

Usuária principalmente dos serviços da Uber, ela confessa não ter visto nenhuma ação prática, como distribuição de kits para os colaboradores, mas afirma que, apesar disso, tem achado os motoristas bastante cuidadosos durante as viagens. “Não sei se a Uber passou alguma informação para eles, mas achei que os motoristas estavam bem conscientes. Sempre estavam de máscara, alguns com álcool no carro e sempre abriam as janelas assim que eu entrava”, afirma. 

De acordo com o relato de Pedro, Rafaela faz parte de um grupo pequeno de passageiros que se atenta às medidas de prevenção para não só sair ileso do risco de contaminação, mas também deixar em segurança quem precisa permanecer no transporte. As medidas tomadas por ela estão nas orientações passadas pelas empresas de transporte particular atraves dos aplicativos e devem continuar sendo seguidas, mesmo com a retomada gradual das atividades.

Para quem se preocupa com a volta da "normalidade", nem a Uber, nem a 99 intencionam diminuir as medidas de prevenção no combate ao novo coronavírus. Eduardo Roithmann, gerente de operações da 99, afirma que o momento ainda não é de desacelerar os cuidados ou retomar as atividades totalmente. “A gente quer que as pessoas fiquem em casa, mas se precisarem sair, que façam isso com segurança”.

Motoristas da 99 podem colocar escudos para aumentar a proteção contra o novo coronavírus. Foto: Rafael Bandeira/LeiajaImagens

O que dizem os especialistas

Coordenador de Clínica Médica do Hospital Miguel Arraes e um dos profissionais que ajudaram a montar o protocolo de saúde da casa, o clínico geral Fábio Queiroga acredita que a chave para proteção contra o novo coronavírus está na prevenção. “O uso da máscara parece realmente estar fazendo com que a pandemia diminua o número de infectados e a gravidade da doença. Ele diminui a carga viral que chega ao paciente”, explica o médico.

Queiroga aponta para a utilização do item, obrigatório no Estado, como um dos motivos para o recuo da enfermidade e alerta que, se você precisar tossir ou espirrar, deve fazer isso com o objeto cobrindo o rosto, principalmente dentro de veículos de transporte. "Carro é um local muito confinado. O vidro tem que estar aberto ou vira um elevador. Imagine uma pessoa espirrar em um elevador. O vírus se espalha por ali”, comenta.

Sobre as medidas tomadas pelas representantes dos aplicativos de transporte, Queiroga reconhece que muitas delas formam, sim, barreiras para a disseminação do vírus. O uso obrigatório da máscara, o limite de passageiros e o álcool 70% são verdadeiros aliados durantes as viagens. “Mas o que vai ser fundamental é a limpeza das mãos, o uso de máscaras e estar sempre higienizando onde se pega”, alerta. 

Ele reforça que o cenário ideal seria o condutor conseguir higienizar o veículo a cada passageiro. “Se ele conseguisse fazer o mínimo de higienização, seria uma segurança a mais”, diz. “Apesar dos números estarem diminuindo, a pandemia ainda não acabou. Ainda é o momento de ter cautela”, finaliza.

O governo federal reconheceu a situação de emergência no Estado do Mato Grosso do Sul em decorrência dos incêndios florestais que assolam a região. Uma mancha de cinza e lama escura se estende pela vasta área de incidência de onças-pintadas do Pantanal em Mato Grosso. Desde a semana passada, o Estadão mostra in loco a devastação na área. O fogo que destrói desde meados de julho o bioma mais úmido do planeta engoliu até agora 64,8% dos 108 mil hectares do Parque Estadual Encontro das Águas, nos municípios de Poconé e Barão de Melgaço.

Na tarde do último domingo, 13, a equipe de reportagem do Estadão navegou pelos Rios Cuiabá, São Lourenço e Dois Irmãos, que cortam a reserva, para registrar as condições do parque, uma área de preservação criada em 2004 pelo governo mato-grossense que ainda hoje está na mira de grileiros.

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Quem caminha pelo parque se depara com uma fumaça que turva a paisagem e torna difícil manter os olhos sempre abertos. Num extenso trecho percorrido pela reportagem, o cenário era de terra arrasada. As raízes e a galharia da mata da várzea dos rios viraram carvão retorcido. Pântanos e pequenos lagos evaporaram.

Do alto, o impacto do fogo prolongado surge em toda sua dimensão. A reportagem sobrevoou com drone três pontos distintos do parque. Mesmo com baixa visibilidade pela fumaça, as imagens capturadas mostram ilhas de vegetação numa extensa faixa queimada.

Pelas estimativas de biólogos, aproximadamente 80 onças viviam no parque até o início das queimadas - a esperança é que a maioria delas continue lá. Até o momento, os biólogos registraram três onças da região do parque com ferimentos. Dessas, uma foi resgatada em agosto e outra na última sexta-feira - o Estadão acompanhou o momento em que um felino de cerca 2 anos apareceu com as patas feridas na beira do Rio Corixo Negro, na área do parque. Uma terceira escapou antes que pudesse ser capturada e levada para tratamento.

Os pesquisadores esperam que, pela capacidade física das onças, boa parte das espécies possa se salvar. "É difícil estimar o impacto de um fenômeno que ainda está acontecendo", afirma o biólogo e doutor em conservação ambiental Fernando Tortato, trabalha na proteção dos felinos em Porto Jofre, localidade de Poconé.

Pesquisador da ONG Panthera, ele ressalta que o tamanho da área do parque destruída pode aumentar. "A gente ainda está tentando entender os efeitos das queimadas", afirma. Ele observa que, nos incêndios dos anos anteriores, os animais podiam percorrer de cinco a dez quilômetros até encontrar água e proteção do fogo. Desta vez, não há refúgios para as espécies, especialmente roedores, cobras e lagartos, de menor porte. O fogo atingiu área vasta.

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e voluntários delimitaram mil hectares de vegetação bem preservada dentro do parque para as espécies se abrigarem caso o fogo consuma o que sobrou da reserva. Em volta, os agentes e biólogos abriram valas com intuito de impedir a chegada de possíveis focos.

Pelo Pantanal, não faltam bandos de bichos tentando escapar do incêndio e encontrar água e comida. Voluntários espalham frutas em trechos ainda verdes da Transpantaneira, principal acesso terrestre da região. Na manhã de ontem, revoadas de garças, veados e capivaras estavam nas margens cinzentas da estrada.

Crime

Focos de incêndio não param de surgir ao longo da Transpantaneira. Ao Estadão, o coronel Paulo Barroso, do Corpo de Bombeiros, disse que a estrada poderá ser fechada nos próximos dias. O bloqueio deve acontecer em frente ao posto rodoviário no km 17, exatamente onde está o simbólico portal que dá as boas-vindas a quem chega ao Pantanal. Só agentes públicos, brigadistas e voluntários que atuam no salvamento dos animais deverão ter acesso.

Secretário executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo do governo de Mato Grosso, Barroso diz que nas margens da rodovia as queimadas são "propositais". Um dos objetivos da medida de restringir a circulação de pessoas é justamente prevenir novos incêndios. "Infelizmente não tivemos a oportunidade de fazer o flagrante, mas percebemos que, pelas condições que ocorrem os incêndios, algumas pessoas entram nesse ambiente e fazem fogo de forma criminosa. E esse também é um dos motivos que iremos fechar a Transpantaneira tão logo seja decretado o estado de calamidade para Mato Grosso", afirmou o militar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Ser pai é aquele que tem ou teve filho (os); genitor, progenitor. Essa é a visão que consta na maioria dos dicionários da Língua Portuguesa. Mas para quem o vive dia a dia com os filho, seja adotado ou de laço sanguíneo, o “ser pai” transcende as definições. É se fazer presente em todos os momentos, acompanhar cada passo dado pela cria.

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O segundo domingo de agosto é conhecido por homenagear aqueles que são denominados quando criança por filhos e filhas como o “super-herói” predileto. Muitas vezes responsáveis pela paixão por um time de futebol, cozinheiros favoritos ou apenas pela companhia de boas conversas. Momentos simples que podem se transformar em boas lembranças pela vida inteira.

Antônio Ricardo Paula, funcionário público, 51 anos, é pai do Luiz Flávio, da Jullia, do André e do Pedro. Ele diz oferecer aos filhos uma criação baseada no amor e respeito ao próximo, semelhante à que recebeu de seus pais. “Tento ser um espelho para que eles possam seguir um caminho de bênçãos, alegrias e educação”, afirma. 

O funcionário público conta que o que mais o marcou na vivência da paternidade foi quando os filhos mais velhos perderam a mãe. “Tento a cada dia ser mãe e pai ao mesmo tempo. Quero que eles tenham por meio de mim uma boa influência, que possam se espelhar no que a mãe deles passou desde o início e que sejam pessoas boas”, declara.

Poder ensinar, orientar e mostrar os caminhos certo e errado para os filhos é papel fundamental dos pais. Por isso, Antônio Ricardo diz não abrir mão de sempre estar presente e acompanhando de perto cada passo das crias.

Acompanhar o crescimento dos quatro filhos com idades diferentes é uma forma de aprendizado diário para o funcionário público. As horas de lazer e descanso são sempre na companhia deles e a programação pensada de forma que todos se divirtam juntos. “O que mais gostamos de fazer juntos é cozinhar. Geralmente, à noite, nos reunimos para fazer um lanche. Vamos até a despensa, mexemos na panela e depois comemos juntos. Todo mundo fica alegre”, conta. 

“Sei que posso contar com o meu pai para qualquer coisa. Além de ser um exemplo para mim, ele é quase sempre alto-astral e conta piadas em todas as ocasiões”, afirma Luiz Flávio sobre o pai. “Não tenho uma atividade específica que gostamos de fazer juntos, mas geralmente sair com ele é sempre legal. Quase sempre saímos para comer com a nossa família e é um dos melhores momentos”, complementa. 

O primogênito diz que na sua idade, aos 22 anos, o pai tinha uma locadora de videogame na vila em que morava. Quando arranjou o primeiro emprego, todos os jogos ficaram para Luiz Flávio, que até então era o único filho. “Ele é o culpado por hoje eu gostar tanto de jogar”, alega.

Paixão por futebol 

O dia mais feliz e marcante da vida de José Antônio Melo, marinheiro aposentado, de 58 anos, foi quando descobriu que seria pai. Ao acompanhar a esposa, Gilka Melo, na clínica ultrassom ele soube o sexo do bebê e iniciou a concretização de um sonho. “Sempre foi  meu desejo ser pai e de preferência de um menino. Foi e é uma experiência maravilhosa pra mim”, conta.

A paixão futebolística pelo Flamengo e o Paysandu José Antônio foi ensinando desde berço ao Vinicius Melo. Em dias de jogos, pai e filho se reúnem para torcer e vibrar juntos. O título da Libertadores, conquistado ano passado pelo Flamengo, é lembrado como um dos dias mais felizes compartilhados por eles.

Para José Antônio, é fundamental se fazer presente na vida de um filho. “Acompanhar desde o nascimento, os primeiros passos, o crescimento e dar educação para que ele se torne uma pessoa de bem e, acima de tudo, humilde”, afirma. 

Vinicius Melo diz que ele e o pai são muito parecidos. Ele conta que o pai sempre foi muito dedicado e o acompanhou em todas as fases de sua vida. Por isso, o considera  companheiro de todos os momentos. “Ele sempre esteve comigo, me acompanhando literalmente passo a passo até eu ter me tornado esse homem que sou. Sonho ser um dia 10% do que meu pai é, eu já vou está muito feliz”, afirma orgulhoso. 

As primeiras emoções

Vivenciar o primeiro Dia dos Pais é algo que provoca um misto de sensações e bons sentimentos. Janderson Ayder Marinho, supervisor de programação e controle de manutenção industrial, de 38 anos, está ansioso à espera do primeiro filho. Ele diz que comemorar a data pela primeira vez é emocionante e o deixa orgulhoso, mesmo sabendo que ainda há muitas coisas por vir.

O supervisor conta que, desde quando soube que seria pai do pequeno Enzo Ayder, os seus pensamentos e atitudes mudaram radicalmente. Os cuidados com ele e com a esposa, Tamiris Cristina Marinho, tiverem que ser redobrados, principalmente por causa da atual situação da pandemia. 

Para Janderson Ayder, ser pai não é só importante como essencial para a vida de todos os homens. “Nos traz prazer em viver e esperança em saber que vamos poder educar e criar. E quem sabe essa criação faça alguma diferença no mundo e deixamos um legado com as nossas próprias ideologias de vida”, afirma. 

Um dos maiores sonhos do servidor público estadual Luiz Leomar Farias, de 27 anos, era ser pai. Depois de muito planejar a gravidez com a esposa, Lorena de Carvalho Farias, em março deste ano veio o pequeno Benício. O primeiro Dia dos Pais ao lado do filho promete ser muito especial.

Benício chegou para ressignificar as manhãs, segundo Luiz Leomar. Antes de o filho nascer, ele afirma que acordar cedo era um sacrifício, mas agora é um dos melhores momentos do seu dia, assim como todos os outros. 

Cuidar de uma criança pequena durante o caos da pandemia foi um dos desafios enfrentados pelo pai de primeira viagem. Apesar de não ser fácil, Luiz Leomar diz que foi muito bom ter Benício por perto e poder aliviar todos os efeitos da quarentena com a presença de pequeno. “Pra mim, foi um prazer enorme ficar com ele integralmente e aprender os ossos do ofício, como trocar fralda e ficar noites sem dormir ao lado da minha esposa, mas esses momentos são muito gratificantes”, diz.

Para Luiz Leomar, ter sido pai foi um marco em sua vida e proporcionou mudanças de comportamento e personalidade. “A responsabilidade de ter um filho é muito maior, tem sido uma experiência incrível e eu me tornei alguém melhor”, afirma o servidor público. 

O filho gerado no coração

Em outubro de 2011, quando o jornalista Cristiano Almeida, de 27 anos, soube que a irmã estava grávida de quatro meses, ficou feliz, mas preocupado também por ela ser ainda muito nova e ter que abdicar dos estudos para cuidar de um recém-nascido. “Quando ele nasceu, todo amor e carinho que foi crescendo durante a gestação explodiu quando o senti nos meus braços. Mas, surgiu uma dúvida: como ela cuidaria do bebê. E foi neste momento que falei para os meus pais que iria cuidar dele”, conta.

A dedicação foi tão grande durante a gestação que até o nome do Gabriel Almeida foi Cristiano quem escolheu. O jornalista diz que sempre teve uma ótima relação com a irmã, que são cúmplices de todos os momentos e, com o primogênito dela, o amor veio se multiplicar tanto por ele quanto por ela.

“Muitas pessoas me chamavam de louco por estar abrindo mão de ter uma vida sem grandes responsabilidades que seria cuidar de uma criança pequena”, afirma Cristiano Almeida. “Em 2012, eu iria começar a faculdade em uma instituição particular, mas resolvi investir o dinheiro na criação do meu filho-sobrinho e ainda sou agraciado com o convite para ser padrinho dele”, complementa. 

Para Cristiano Almeida, ter sido pai representa uma grande experiência como ser humano e indivíduo. “Antes de o Gabriel nascer eu não me sentia pronto para a paternidade, dizia não saber agir quando acontecesse. A chegada mudou a minha perspectiva de futuro, fiquei mais cauteloso”, conta o jornalista.  

A maior experiência que o jornalista deseja repassar para o filho, de apenas oito anos, é de ter e ser um pai presente. De receber carinho e atenção. Ele quer que um dia Gabriel entenda que tudo foi feito pensando no seu bem-estar e para que tivesse as lembranças de uma vida rodeada de cuidados e amor.

“Quando Gabriel estava com três anos de idade, ingressei no ensino superior. Não era fácil a nossa rotina. De manhã, o levava para a escola e depois seguia para a faculdade e emendava para o trabalho. À noite, dava toda a atenção para ele e ajudava nas atividades da escola e somente quando o Gabriel dormia que eu ia me sentar na frente do computador para realizar os trabalhos da faculdade. Por diversas vezes, eu perdia a hora e fui amanhecido para a aula”, conta o jornalista sobre as dificuldades que passou na criação do filho.

O primeiro Dia dos Pais que eles passaram juntos foi emocionante para Cristiano. “Percebi que ser pai é se entregar de corpo e alma a um amor que não se explica, apenas se sente. Valeu a pena todo o esforço por ele”, conclui o jornalista.

Por Amanda Martins.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) vislumbrou censura contra a Netflix e se manifestou pela permanência do especial de Natal do Porta dos Fundos, retirado do ar por ordem do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O parecer foi enviado ao Supremo Tribunal Federal em recurso movido pela empresa de streaming contra a decisão judicial fluminense. Em caráter liminar, a Corte já determinou a volta do filme para a plataforma.

A Primeira Tentação de Cristo foi suspenso da Netflix no início do ano por decisão do desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível do Rio. Ele considerou que a censura era o "mais adequado e benéfico não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã". A decisão foi derrubada pelo ministro Dias Toffoli em liminar, e aguarda julgamento de mérito.

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A PGR frisou ao Supremo que a decisão de Abicair constituiu censura prévia, visto que a Netflix oferece ampla variedade de filmes e série, mas não obriga seus usuários a seguir uma programação pré-definida.

"O que ela faz é possibilitar que atores produzam suas artes, na mais pura liberdade artística, garantindo que cada usuário escolha o conteúdo que deseja assistir a seu livre critério", afirmou a PGR. "Em síntese, a Netflix é mera transmissora de conteúdo e efetivamente a proibição de disponibilizar determinado filme na sua plataforma constitui censura não admitida pela Constituição Federal e tampouco por decisão dessa Suprema Corte".

Na próxima sexta-feira (12), será celebrado o Dia dos Namorados aqui no Brasil. Essa data especial precisa de uma programação especial. Para os casais que estão passando o período de quarentena juntos, uma boa alternativa é incluir um filme romântico na programação, afinal, nada melhor que um bom filme, pipoca, ou um vinho para encerrar a noite.

 O LeiaJá listou alguns filmes românticos, para você curtir essa data com o seu amor. Confira:

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 O Lado Bom da Vida

Protagonizado por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, ‘O Lado Bom da Vida’ conta a história de Pat Solitano Jr., que após perder quase tudo e passar um tempo em um sanatório, tenta recuperar sua esposa, mas acaba conhecendo Tiffany, com quem desenvolve um vínculo especial.

 Como Perder um Homem em 10 Dias

O filme estrelado por Matthew McConaughey e Kate Hudson é uma comédia divertida e nada entediante. Os personagens Andie e Ben apostam com os amigos e acabam se apaixonando, mas a situação não fica fácil para os dois, que precisam decidir se vão deixar o orgulho de lado para ficarem juntos.

 Orgulho e Preconceito

Inspirado no clássico homônimo de Jane Austen, o filme conta a história das irmãs Bennet, criadas pela mãe para conseguir um bom casamento, que lhes garantisse o futuro. No Entanto, Elizabeth, vivida por Keira Knightley, tem outras ambições para sua vida, além de arranjar um marido.

In Your Eyes 

O drama e romance do filme In Your Eyes são envolventes. A obra conta a história de Rebecca (Zoe Kazan) e Dylan (Michael Stahl-David), um ex-condenado tentando recomeçar sua vida. O filme é dirigido por Brin Hill, com roteiro de Joss Whedon, famoso pelas produções da Marvel, a exemplo ‘Os Vingadores’. Vale muito a pena conferir.

   Ricos de Amor

Filme nacional e produzido pela Netflix, Ricos de Amor é estrelado por Giovanna Lancellotti e Danilo Mesquita. Conta a história de Teto, herdeiro rico que para conquistar a estudante de medicina Paula, relata mentiras que acabam mudando a sua vida.

 Megarromântico

Nada melhor que uma comédia romântica com muitos clichês, não é mesmo? O filme ‘Megarromântico’, estrelado por Rebel Wilson e Liam Hemsworth, é uma ótima pedida para os fãs do gênero e traz a história de uma arquiteta que, após bater a cabeça, vê sua vida se transformar em um filme de romance cafona. 

 A Verdade Nua e Crua

Um ótimo filme de comédia romântica para o Dia dos Namorados é “A Verdade Nua e Crua”. A obra descreve a história da produtora de TV Abby Richter (Katherine Heigl), conservadora e em busca de um marido, e que conhece Mike Chadway (Gerard Butler), o novo contratado para alavancar a audiência do seu programa. Ele é o oposto de tudo o que ela procura em homem para um relacionamento.

Crédito das fotos

O lado Bom da Vida - Divulgação / Paris Filmes

Como Perder um homem em 10 dias - Divulgação / Paramount Pictures

Orgulho e Preconceito - Divulgação / Universal Pictures

In Your Eyes - Divulgação / BellWheter Pictures

Ricos de Amor - Divulgação / Netflix

Megarromântico - Divulgação / Netflix

A Verdade Nua e Crua - Divulgação / Sony pictures

Glória Menezes e Tarcísio Meira formam um dos casais mais queridos e respeitados do público brasileiro, não só nas novelas como fora delas. Juntos há quase 60 anos, eles já dividiram muitos trabalhos e muitas experiências de vida e vão contar um pouco sobre suas vivências, e  seu amor, no especial Os Casais que Amamos, que será exibido no próximo sábado (6), no Canal Viva.

No programa especial, Tarcísio e Glória vão relembrar novelas e papéis marcantes que fizeram juntos. Eles já protagonizaram diversas produções, inclusive, vivendo pares românticos nelas. Além disso, os atores também vão falar sobre vida real e contar um pouco sobre sua intimidade. Em um dos trechos publicados nas redes sociais, eles falam sobre o sentimento que nutrem um pelo outro. “A gente se ama, só. Não precisa falar, a gente sabe”, diz Meira; ao que a esposa responde: “Eu não sei nem traduzir o que é o nosso amor, é uma coisa tão diferente, né bem?”.

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Os Casais que Amamos é um especial foi pensado para apresentar, inicialmente, um casal emblemático da teledramaturgia a cada episódio. O projeto foi suspenso por virtude da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, mas deve ser retomado tão logo o isolamento social se encerre.

O presbitério iluminado da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), é o único elemento que revela que, ali, haverá uma celebração religiosa. No lugar dos fiéis, sentados à espera do sermão, fotos de quem - por conta da quarentena - tenta se fazer presente mesmo à distância. Em frente à nave, dois smartphones estão preparados para transmitir a missa liderada pelo Padre Damião Silva, responsável por levar virtualmente, a Palavra de Deus às casas de seus seguidores. Os dispositivos são apenas uma parte dos elementos eletrônicos que viraram a ponte entre líderes religiosos e seus rebanhos, em uma época que os templos cristãos precisam evitar aglomerações para diminuir a possibilidade de contágio do novo coronavírus. 

“A gente fazia a missa para a comunidade e, quando podia, transmitia pelo Facebook da paróquia, mas era assim meio descomprometido. Quem quisesse entrar que entrasse, não tinha aquela 'investida' como a gente está fazendo agora”, conta o Padre, que precisou pedir ajuda aos fiéis, via WhatsApp, para divulgar os canais da congregação aos seus grupos de amigos e familiares. “No começo eram números bastante pequenos, mas com o decorrer do tempo e das missas a gente pedia 'você que está participando da missa, faz o teu link para outros grupos, para outras pessoas' e pouco a pouco essa corrente foi se firmando. Hoje, a gente tem em média duas mil pessoas, que eu chamo de famílias. Porque mesmo que seja uma pessoa ‘linkada’ ali, é uma casa que está recebendo a mensagem. Você não está sendo alcançado por essa mensagem sozinho”, afirma.

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Do outro lado da RMR, na capital pernambucana, a cena é reproduzida na Igreja Episcopal Carismática do Brasil. O templo, que fica no bairro dos Aflitos, Zona Norte, abrigava cerca de três mil fiéis todo domingo. Com a chegada da pandemia, os membros da congregação passaram a assistir ao culto dominical, além de outras atividades comuns à rotina da igreja, através de lives de Instagram, Facebook e YouTube.

“O que a gente tem feito aos pouquinhos é ensinar como se usa a tecnologia. Quando o idoso ou a pessoa que não tem muito acesso a tecnologia tem alguém em casa, um filho, um neto, facilita. Quando não tem, por telefone explicamos como acessar para poder ter aquele conteúdo. Não é fácil, mas a gente tem feito”, conta o reverendo Ivan Rocha.

Por ser uma igreja grande, com mais de cinco mil membros, a congregação conta com uma estrutura maior. São três câmeras dispostas para dar a impressão de que o culto estaria ocorrendo como antes, além de computadores que inserem informações ao longo da transmissão. Para seguir as normas da quarentena, a equipe não ultrapassa 10 pessoas, entre responsáveis pelas câmeras, internet, músicos e pastores. 

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Do outro lado da tela

Mas a mudança não atinge apenas as congregações. Os fiéis, que frequentavam as celebrações semanalmente, também tiveram que se adaptar ao isolamento e às transmissões via redes sociais. É o caso de Maria de Fatima Cavalcanti, de 63 anos. Frequentadora assídua da missa dominical, a aposentada encontrou nas transmissões uma forma de continuar reforçando sua fé, mas garante que, apesar da facilidade, não é a mesma coisa.

“A gente está acostumada a estar ali na frente do padre, falando com o padre, assistir a multidão e todo mundo junto. Pela televisão eu já tinha o costume de assistir [a missa] e nesse período que com as igrejas não estão abertas, há missas todos os dias, aí eu assisto. Ponho aqui no YouTube e coloco na televisão, mas não é como a gente está lá na igreja, pessoalmente”, diz.

Acostumada a assistir às celebrações conduzidas pelo Padre Damião Silva, ela explica que  - por ter o contato dele no WhatsApp, sempre é avisada quando haverá a transmissão de alguma missa. “Muitas vezes a gente não está com disposição para sair e se a gente pode assistir pela internet é muito bom. Mas não deixo de participar da missa dominical.  Até pela comunhão, que na internet a gente não tem”, conta.

Quem a ajudou a dar os primeiros passos foi a neta, que mostrou como era possível conectar a TV ao YouTube. “Eu comecei com Maria Clara que antes eu não sabia nem como acessava. Antigamente, a televisão era para a gente assistir somente os programas, hoje, você tem tudo lá. As missas ficam gravadas. Se na hora você não puder assistir, daqui a meia hora você assiste”, conta. Quando perguntada se pretende voltar à igreja assim que acabar a quarentena, dona Maria de Fátima é cautelosa. “Eu vou dar um tempinho mais, esperar as coisas se acalmarem, que a gente está vendo que um dia diminui [o número de casos de coronavírus], outro dia aumenta. Eu estou louca para sair, ir para a rua, mas por enquanto não vou”, finaliza.

O pai do cantor Gabriel Diniz, falecido em 2019, anunciou a exibição de um especial do sertanejo no próximo dia 16, às 20h. Em publicação nas redes sociais, Cizinato disse que a exibição seria “para ajudar a arrecadar benefícios para ajudar pessoas que sofrem com essa pandemia” do novo coronavírus, assim como estão fazendo diversos artistas, com lives durante o período de quarenta. 

O especial “GD em casa” será veiculado no canal de Gabriel no Youtube. A iniciativa tem o bordão “Não é uma live, mas poderia ser”. Gabriel Diniz faleceu há 10 meses em um acidente de avião.

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Quem também compartilhou a novidade foi a noiva do artista, Karoline Calheiros,  usando o bordão da iniciativa e fazendo o convite: “Vamos reviver momentos inesquecíveis e curtir algumas cenas inéditas, em um especial cheio de emoção, boas lembranças e um grande propósito: ajudar a quem precisa”.

Em comemoração do vigésimo aniversário da RedeTV, a emissora reexibirá um especial dedicado ao Chacrinha (1917-1988), famosa personalidade da TV brasileira. A homenagem é comandada por João Kléber e vai ao ar nesta sexta-feria, a partir das 22h30, logo após "TV Fama".

Na edição especial do programa "RedeTV! 20 anos", o apresentador Kleber, que foi substituto do Velho Guerreiro no comando do "Cassino do Chacrinha" (1982-1988) relembra a saudosa celebridade e reúne outros artista que estiveram no programa de calouros, como Amado Batista, Sidney Magale Sandra de Sá.

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O "RedeTV! 20 anos" vai ao ar todas as sextas-feiras, às 22h30, para relembrar os melhores momentos da programação do canal durante suas duas décadas de história. O arquivo pessoal reúne passagens de comunicadores importantes e outros talentos revelados pela emissora, além de programas de auditório, realities, game shows e grandes entrevistas.

Não parece exagero dizer que o maracatu rural, ou maracatu de baque solto, é o brinquedo mais misterioso e sedutor do Carnaval. Cheio de personagens, que dançam e 'manobram' ao ritmo bastante particular do 'terno' - como é chamada sua parte musical -, a manifestação mistura elementos das culturas negra e indígena fazendo transbordar sua brasilidade com tons de pernambucanidade. Neste especial de Carnaval, Seu Zé Rufino - ex-caboclo, com uma experiência de mais de seis décadas dentro da cultura popular e fundador do Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata -, fala sobre a brincadeira e explica o que não pode faltar para botar o maracatu na rua. 

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"A gente aqui trabalha para ensinar". 

José Rufino, fundador do Maracatu Águia Misteriosa, de Nazaré da Mata - 86 anos, 66 deles dedicados à cultura popular.

"Desde pequeno eu queria brincar de caboclo. Eu via meu pai brincando e queria brincar também". 

Alex dos Santos Oliveira - 18 anos, brinca desde os seis.

"O personagem da Catita, ela faz a abertura do maracatu. É a graça do pessoal".

Lucas Vinícius, a Catita Liandra - 15 anos de idade, há dois brincando no maracatu.

"Pretendo brincar até o resto da minha vida. Não troco o meu maracatu por bloco nenhum". 

Khetylley Romana - 23 anos, há dois no maracatu. Em 2019, ela apenas trabalhou na organização da agremiação, neste Carnaval, ela estreia como baiana.

"O caboclo é como se fosse o guarda que protege o nosso maracatu".

Edgleibson Lucas da Silva - 18 anos, há três é caboclo. Na foto, ele se veste como arreamar.

"Maracatu é a melhor coisa do mundo. Pra mim é maravilhoso, eu amo brincar".

Maria Alice Santos da Silva - 13 anos, há quatro brinca maracatu como indía.

 

O imbróglio envolvendo o Especial de Natal do Porta dos Fundos, disponível no catálogo da Netflix, está longe de ter um fim. Depois que o desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível, do Rio de Janeiro, decretou que o vídeo fosse retirado do ar pela produtora e pela plataforma digital, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, concedeu nesta quinta-feira (9), provisoriamente, uma liminar que autoriza a exibição do filme.

"Não se descuida da relevância do respeito à fé cristã (assim como de todas as demais crenças religiosas ou a ausência dela). Não é de se supor, contudo, que uma sátira humorística tenha o condão de abalar valores da fé cristã, cuja existência retrocede há mais de 2 (dois) mil anos, estando insculpida na crença da maioria dos cidadãos brasileiros", declarou Toffoli na decisão, segundo informações do G1.

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Desde que foi lançado no início de dezembro de 2019, o conteúdo, intitulado A Primeira Tentação de Cristo, causou burburinho nas redes sociais. Diversos grupos religiosos afirmaram que se sentiram ofendidos com a história do especial, que retratou Jesus como um homossexual. Na época do lançamento, o deputado federal Eduardo Bolsonaro disse no seu perfil do Twitter que a equipe do Porta dos Fundos debochou da fé de muitas pessoas.

"A Netflix acaba de lançar um 'Especial de Natal' onde Jesus Cristo (Gregório Duvivier) é gay e tem relações com Fábio Porchat, além de se recusar a pregar a palavra de Deus. Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população? Fica a reflexão", escreveu ele.

A polêmica com o especial de Natal do Porta dos Fundos, disponível na Netflix, ganhou um mais desdobramento. O desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível, do Rio de Janeiro, decretou que o vídeo fosse retirado do ar pela produtora e pela plataforma digital.

De acordo com informações do colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, a determinação da Justiça veio após um pedido da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, que na primeira instância havia sido negado. O filme A Primeira Tentação de Cristo ganhou repercussão quando foi lançado no início de dezembro do ano passado, mostrando Jesus Cristo, interpretado por Gregório Duvivier, como gay.

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Confira a decisão do desembargador:

"Por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos, pelo que concedo a liminar na forma requerida."

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