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Atividades minuciosas e precisas são realizadas incansavelmente por profissionais que estão sempre na trilha de criminosos, mas que, muitas vezes, passam despercebidos pela população. Apesar do ambiente escuro, dividido em salas antigas, os agentes da perícia criminal trabalham concentrados e cientes de que seu desempenho pode conduzir os rumos de uma investigação policial. A precisão das atividades desempenhadas nos 365 dias do ano pode ser resumida na frase de um dos funcionários: "perito não pode achar, tem que ter certeza".
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Além da análise de substâncias, os peritos também examinam objetos, armas, documentos e até mesmo vozes de suspeitos dos crimes. No prédio do Instituto de Criminalística (IC), no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, há salas específicas para o teste de projéteis de armas e até mesmo de identificação fonética – para auxiliar as investigações dos mais diversos tipos de delitos.
Engenheiros civis, biólogos, biomédicos e farmacêuticos compõem o quadro de profissionais que atuam no segmento forense, atualizado através de concurso público. Apesar da abrangência de áreas que podem atuar na perícia, o gestor do IC, Luiz Carlos Soares, reclama do quadro escasso. "Em todos os setores, temos poucos profissionais. Diariamente, temos três duplas para ir aos locais de crime, fazer as coletas de materiais, preparar os croquis que indicam a localização dos crimes ou acidentes, tirar fotografias... Se tivéssemos pelo menos mais um perito nessas equipes, seria melhor", explica, indicando a possibilidade de entrada de novos profissionais com a abertura de um certame em 2015.
Nos laboratórios, o trabalho dos profissionais consiste no recebimento de substâncias dos locais de crime, levá-las para análises detalhadas e produzir relatórios a respeito do conteúdo encontrado. O trabalho pode ser descrito de forma simples, mas exige resultados precisos e detalhados. “Nosso objetivo aqui é montar um quebra cabeça. Temos que materializar o crime para dar o norte à investigação da Polícia e da decisão da Justiça”, explica o perito Gilberto Pacheco.
O chefe do setor laboratorial do IC ainda revela que são poucas as substâncias que não conseguem ser identificadas em um curto espaço de tempo. “Não chega a ser feito CSI [seriado americano de TV sobre investigações forenses], em que o resultado das análises surge depois de dez segundos, mas também não é tão devagar. Levamos mais ou menos dois minutos para identificar, com detalhes, uma substância nas máquinas mais refinadas”, conta.
Pacheco refere-se ao Cromatógrafo Gasoso com Detector de Massas, popularmente chamado de CGMS. O equipamento é o mais moderno na identificação de substâncias líquidas e é capaz de fazer um exame minucioso da massa química dos componentes do líquido analisado. “Com essa máquina, podemos trabalhar com microlitros. É tão preciso que se o suspeito deixar cair apenas uma gota do líquido, nós podemos dizer exatamente o que é que está sendo analisado”, explica o perito.
Antes de chegar ao CGMS, na sede do Instituto, o trabalho dos peritos tem início no próprio local do crime. Após a coleta de substâncias, testes colorimétricos – utilizando sprays e outras substâncias reconhecidas internacionalmente para procedimentos forenses – podem ajudar a detectar, de forma rápida, qual o tipo de substância ilegal em questão. Assista ao vídeo em que os profissionais demonstram a detecção de crack, na amostra azul, e maconha, na amostra vermelha:
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Em todas as outras áreas do IC, há equipamentos de comparação de trajetórias de projéteis e de caligrafia em documentos falsificados. O maquinário ajuda na hora de dar precisão aos laudos, mas o trabalho pode ser dificultado pela própria sociedade.
“Quando chegamos aos locais de crime, muitas vezes há um lençol sobre a vítima. Para identificar a pessoa que faleceu, as próprias pessoas costumam colocar a mão no bolso da vítima para encontrar documentos e isso não deve ser feito”, explica Soares, ressaltando a importância da preservação do local do crime. “Em alguns casos, nosso trabalho pode até ser comprometido e as investigações da Polícia podem tomar um rumo errado caso as pessoas mexam na cena. Essa cultura de deixar os locais intocados já foi adquirida nos Estados Unidos e estamos lutando para que as pessoas façam isso por aqui também”, conta o gestor do IC.
Apesar da imensa responsabilidade, a categoria tem orgulho do trabalho e luta para que o Instituto de Criminalística seja separado da Polícia Civil. “Teríamos mais autonomia e independência financeira”, explica um dos profissionais, esperançoso em relação à aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que transforma a perícia criminal num órgão independente no que diz respeito à segurança pública. O texto já foi aprovado por uma comissão especial e aguarda leitura e aprovação da Câmara e do Senado.