A aulas da rede de ensino do Recife começam nesta terça-feira (4). Os mais de 90 mil alunos matriculados em 2020 trabalharão as obras da escritora Clarice Lispector e terão Sustentabilidade e Emergências Climáticas dentro das disciplinas a serem estudadas. A capital pernambucana é a primeira cidade brasileira a ter obrigatoriamente a disciplina no currículo.
A Secretaria de Educação do Recife preparou uma programação especial na Escola Municipal Rozemar de Macedo Lima, em Casa Amarela, Zona Norte da cidade, para marcar o início das aulas. Os mais de 400 alunos da unidade de ensino receberão a visita da personagem professora Clarice, que contará a história do livro O mistério do coelho pensante.
##RECOMENDA##Além de contar a história para as crianças, a professora Clarice realizará atividades lúdicas com os pequenos, por meio de brincadeiras, teatro, música, e estabelecerá diálogos sobre a sustentabilidade e as emergências climáticas.
Essa ação será desenvolvida em toda a rede de ensino do Recife durante o ano de 2020 e o projeto leva o nome de "Clarice vai à escola", que tem como foco o processo de alfabetização e letramento para Educação Infantil e Anos Iniciais.
Para os estudantes de Anos Finais, o foco do projeto é a interpretação de texto e a apropriação da obra da escritora. Além de O mistério do coelho pensante, os alunos do ciclo de alfabetização trabalharão também com mais três livros da autora: A mulher que matou os peixes, Doze Lendas Brasileiras: como nasceram as estrelas e Quase de verdade.
"Clarice Lispector é considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século 20. Atualmente, 45 obras dela estão sendo comercializadas e nós estamos adquirindo dois kits para cada escola da rede. A comunidade escolar terá esse material à disposição, entre romances, contos e ensaios, para ser trabalhado durante todo o ano. A rede fará um evento para apresentar a produção literária dos nossos estudantes, no final do ano", diz Bernardo D´Almeida, secretário de Educação do Recife, segundo informações divulgadas pela assessoria de imprensa.
No total, mais de 18 mil livros foram adquiridos para serem distribuídos nas unidades escolares, nas bibliotecas do Compaz e para os professores. A rede de ensino da Prefeitura do Recife conta com 312 escolas, sendo 82 creches, além da Escola de Arte João Pernambuco, um barco escola e uma classe hospitalar.
Sustentabilidade nas escolas
Recife é a primeira cidade brasileira a ter a disciplina Sustentabilidade e Emergências Climáticas como obrigatória no currículo, com aval do Conselho Municipal de Educação, que aprovou em dezembro o novo componente curricular por unanimidade.
Entre os conteúdos a serem aprendidos estarão: Aquecimento global e suas consequências no cotidiano; Formas de vida, sustentabilidade e os cuidados com a natureza; Consumo sustentável; e Água: entre os interesses econômicos e os da realização plena da vida humana.
O anúncio dessa decisão foi feito pelo Prefeito do Recife, Geraldo Julio, durante a 1ª Conferência Brasileira de Mudança do Clima, realizada no Recife, de 6 a 8 de novembro. Ainda no evento, o Recife foi a primeira cidade brasileira a decretar o reconhecimento da emergência global do clima em novembro de 2019 e, tem, inclusive, uma Lei Municipal que dispõe sobre a política de sustentabilidade e enfrentamento a emergências climáticas.
Para o secretário de Educação do Recife, Bernardo D’Almeida, a ideia é conscientizar as novas gerações e encontrar ressonância nessa causa absolutamente vital para o planeta. “A ideia é mostrar as causas do aquecimento global, desenvolver e promover ações socioambientais que possam combatê-lo, construir uma cultura de pertencimento e convivência sustentável entre os nossos estudantes, professores e comunidades do entorno das nossas escolas”.
A partir de março, os professores da Rede receberão um reforço na formação relacionada ao tema da sustentabilidade e emergências climáticas e atuarão de forma interdisciplinar. A qualificação será feita pelo professor da UFPE e doutor em Geografia e Ordenamento Territorial pela Universidade de Paris, Cláudio Jorge de Moura Castilho, na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Educadores do Recife Professor Paulo Freire.