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Após fechar o treinamento na terça-feira (10), quando estava marcada a reapresentação do elenco, o Santa Cruz havia chamado a imprensa para a atividade desta quarta-feira (11). Mas, novamente, os trabalhos foram realizados “em segredo” no Arruda. A crise provocada após o desabafo do ex-técnico Leston Jr ainda parece abalar os bastidores corais.

Marcado para as 8h30 “no gramado do Arruda”, como anunciou a assessoria, o treino não havia nem começado, pelo menos não no campo, até as 10h. A informação não-oficial era de que os jogadores estavam na academia. Mais tarde, por volta das 11h10, a assessoria mandou imagens do treino, realizado com um preparador físico, dentro dos vestiários do Arruda.

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Nas fotos, é possível identificar a participação de Gilberto, o até então capitão coral, um dos pivôs da coletiva bomba de Leston Jr, Elyeser, Edson Ratinho, Matheuzinho, Ítalo Lima e Tarcísio, entre outros. Entre as ausências, pelo menos nas imagens divulgadas, destaque para Rafael Furtado, um dos principais jogadores do time na temporada, além de Marcos Martins, que confirmou sua saída.

Confira:

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LeiaJá também: Torcedor cria pix para ajudar funcionários do Santa Cruz

A Justiça Federal rejeitou a ação que buscava responsabilizar o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar no Amazonas, que deixou dezenas de mortos no auge da pandemia de covid-19.

A decisão também beneficia o secretário de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Helio Angotti, e sua antecessora no cargo, a médica Mayra Pinheiro, conhecida como "capitã cloroquina".

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O juiz Diego Oliveira, da 9ª Vara Federal do Amazonas, disse que, apesar da "extrema gravidade" e da "comoção nacional" em torno do caso, a nova de Lei de Improbidade, aprovada em outubro do ano passado pelo Congresso, impede a condenação de agentes públicos por omissão.

"Ocorreu no caso sob exame verdadeiro abolitio criminis em razão de as condutas dos réus não serem mais previstas como ato de improbidade administrativa. Por conseguinte, não há alternativa, senão a rejeição da petição inicial", diz um trecho da decisão.

A nova legislação, contestada no STF por afrouxar o controle de condutas contra a administração pública, exige que fique provado dolo, ou seja, intenção ou vontade explícita em cometer ato de improbidade.

"Boa ou ruim, a nova lei de improbidade administrativa foi democraticamente concebida pelo Poder Legislativo e ratificada pelo Poder Executivo, por meio da sanção presidencial, sendo estranho à função típica jurisdicional a adoção de interpretações ampliativas ou a prática de ativismo judicial", escreveu o juiz.

A investigação da crise do oxigênio do Amazonas foi proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quando Pazuello ainda era ministro da Saúde, mas foi encaminhada para primeira instância depois que o general deixou o governo.

A primeira vitória do Santa Cruz na Série D surtiu efeito contrário e afundou ainda mais o Tricolor na crise exposta pelo agora ex-treinador, Leston Júnior. A demissão do comandante, após revelar o caos nos bastidores do Arruda, repercutiu em um movimento de apoio dos jogadores, nesse domingo (8). A diretoria já anunciou dois treinadores conhecidos da torcida para assumir o elenco.

Salários atrasos de jogadores e funcionários e a falta de estrutura mínima, incluindo até mesmo alimentação adequada, foram apontadas por Leston, ao lado da comissão e de todo o elenco, na coletiva que motivou sua demissão.

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Em seu perfil nas redes sociais, o treinador disse que não foi informado oficialmente sobre a demissão e que soube da notícia através das redes sociais. O diretor executivo de futebol Marcelo Segurado foi junto.

Afastado do olho do furacão, o agora ex-técnico do Santa Cruz assegurou que deixa o clube com a consciência tranquila.

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Em um comunicado, a direção Coral confirmou a decisão, agradeceu aos serviços prestados pela dupla e desejou sucesso no seguimento das carreiras.

Em meio à polêmica, Leston recebeu apoio de Hélio dos Anjos, que deixou o Náutico no início da temporada e também disparou contra a gestão do ex-clube. "Minha solideriedade… Vc é dos meus… Posição firme de um comandante… Os profissionais estão sempre expostos", escreveu.



Apoio dos jogadores

As demissões amplificaram a crise no Santa Cruz. A postagem oficial atrasada estimulou um movimento de parte do elenco, que pode sofrer perdas para a continuidade da competição.



Reposição da Diretoria

O comando técnico foi prontamente preenchido por uma dupla que já fez história no Tricolor. Marcelo Martelotte vai assumir a função de Leston e Zé Teodoro chega ao clube como coordenador técnico.

"Estamos juntos com a comissão e com Marcelo... qualquer decisão iremos juntos", comentou o capitão Gilberto, que foi endossado pelos companheiros. O clima de tensão ficou ainda mais visível na discussão entre o volante e torcedores na postagem.

Em meio ao crescimento das startups brasileiras, o hipermercado digital Facily parecia ser uma das maiores histórias de sucesso no cenário recente de inovação. Em dezembro de 2021, pouco mais de três anos desde a sua fundação, a companhia atingiu o status de "unicórnio" (startup avaliada acima de US$ 1 bilhão). Por trás do título, porém, havia uma empresa com problemas, que foram expostos apenas quatro meses mais tarde, quando mais de mil pessoas foram demitidas, entre funcionários diretos e terceirizados.

A Facily atua como um hipermercado digital, vendendo alimentos e produtos de limpeza por meio de um app. Para diminuir custos, a startup entrega as mercadorias em pontos de retirada, locais estratégicos onde o próprio cliente busca as compras. A cadeia simplificada atraiu investimento.

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Em novembro e dezembro de 2021, a companhia levantou US$ 385 milhões - a captação fez a Facily fechar o ano atrás apenas de nomes como Nubank e QuintoAndar. Com o caixa cheio, a startup iniciou um plano de contratação.

Na época dos aportes, Diego Dzodan, CEO da companhia, dava pistas sobre o crescimento da companhia. "Com os novos investimentos recebidos, a empresa irá focar na eficiência logística para acelerar as entregas dos pedidos realizados na plataforma, além de trabalhar na expansão nacional da empresa", escreveu, em nota.

Porém, quatro meses depois, entre 18 e 19 de abril, vieram os cortes. A companhia tinha o objetivo de enxugar cerca de 60% da folha de pagamento. Entre 300 e 400 funcionários diretos foram dispensados, segundo informações extraoficiais. Embora a Facily não abrisse publicamente o tamanho do seu quadro de funcionários, a companhia tinha entre 800 e 900 pessoas.

Entre os terceirizados, os cortes começaram em março. Contratada pela Facily, a i9 Xperience Center prestava serviços de atendimento e suporte logístico e tinha cerca de mil pessoas trabalhando diretamente com a startup.

Na i9, cerca de 900 pessoas ficaram sem trabalho por conta do corte de gastos - 700 delas estão em um grupo de emails para pessoas com contrato pessoa jurídica que circulava informações sobre a relação da i9 com a Facily. Os funcionários da terceirizada estimam ainda que cerca de 200 pessoas em regime CLT também se dedicavam ao trabalho.

Por e-mail, Dzodan afirmou à reportagem que os cortes foram realizados por uma "repriorização" de projetos. "Até o final do ano passado, o cenário brasileiro era diferente e promissor, mas assim que entramos em 2022 já vimos que o cenário, a contenção e os avanços seriam diferentes e mais cautelosos por todos. Inclusive por conta das altas taxas de juros, a instabilidade política e social que abalou mercados e investidores de todo o mundo", escreveu ele.

Ele não confirmou quantos funcionários foram cortados nem o tamanho da redução na folha de pagamentos. Segundo ele, todas as áreas foram "reorganizadas de acordo com a repriorização dos projetos".

Porém, para ex-funcionários, que falaram ao Estadão na condição de anonimato (a reportagem conversou com 11 ex-empregados), havia sinais de que a companhia não tinha se planejado para o novo momento. Entre eles, estavam sobrecargas nos sistemas de pagamento, desencontros de informações e problemas nas cadeias logísticas - isso sem contar as reclamações de clientes.

Os ex-funcionários dizem que as demissões se distribuíram em vários níveis e setores. Porém, o que chamou mais a atenção foi a dispensa de cerca de 150 funcionários do time de tecnologia, na contramão do mercado atual de startups.

Dzodan refutou a ideia de mau planejamento: "Contratamos conforme o planejamento organizacional. Os cenários nacionais e globais vão mudando e, automaticamente, projetos vão sendo repriorizados".

PROBLEMAS. Fundada em 2018, a Facily é também um social commerce, modelo no qual usuários com interesses em comum juntam-se em grupos para ganhar descontos. Por fim, ainda buscando reduzir preços, a companhia funciona como um marketplace, onde varejistas e produtores podem vender diretamente ao consumidor, pulando intermediários e fornecedores da cadeia de suprimentos.

A cadeia simplificada atraiu investidores, mas o crescimento da startup foi acompanhado de problemas. "Nesse processo, a infraestrutura ficou para trás", disse um dos ex-funcionários que falou ao Estadão. Erros de sistema, por exemplo, se tornaram comuns e obrigaram a Facily a cancelar milhares de pedidos nos últimos meses.

Com frequência, conta outro ex-funcionário, era possível ver informações incorretas sobre pedidos na plataforma. Em alguns casos, os pedidos apareciam como "enviados" nos sistemas de lojistas e "cancelados" no sistema da startup - a inconsistência de informações fazia com que os pedidos não saíssem do lugar.

Sobre os pedidos cancelados e problemas na cadeia de distribuição, Dzodan afirma que a Facily está passando por uma reestruturação para continuar crescendo. Sobre as reclamações de entregas, ele afirma: "Temos investido fortemente para melhorar nossos processos e garantir que todos os nossos clientes sejam atendidos. Implementamos processos de controle, novas ferramentas de atendimento ao consumidor e estrutura logística para garantir agilidade nas entregas".

PROCON. Com 211 mil reclamações, a empresa foi a líder no ranking do Procon-SP em 2021. Em dezembro do ano passado, a Facily afirmou que a marca foi resultado de seu rápido crescimento.

Os problemas começaram em maio de 2021, quando as reclamações sobre produtos não entregues ou pagamentos não feitos começaram a chegar em massa ao órgão de defesa do consumidor. Naquele mês, a Facily foi alvo de 2.068 mil queixas, ante 223 no mês anterior. A partir daí, o número disparou. O ápice foi em outubro, com 59 mil queixas.

Em novembro, a Facily firmou um acordo com o órgão para, em 30 dias, diminuir em até 80% as queixas registradas. Ao Estadão, Guilherme Farid, diretor executivo do Procon-SP, afirmou que o acordo assinado não foi cumprido na íntegra e que o órgão vai encaminhar o caso. A Facily poderá receber uma multa de até R$ 12 milhões. Em 2022, já são 34,3 mil queixas.

GARGALO. As falhas nos sistemas também geraram desgaste com os lojistas da plataforma. A cada venda, a Facily fica com 10% do valor ou com uma taxa mínima, que varia de produto para produto. Os repasses são feitos por meio de um sistema da própria startup.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, alguns estabelecimentos decidiram encerrar a parceria com a Facily por falta de pagamentos.

O site da Facily informa que os pagamentos são feitos sempre dez dias após o fechamento do mês de vendas, mas ex-funcionários contam que há gargalos no sistema de repasses, que só teria três profissionais para realizar as análises.

Sobre os supostos débitos e a operação do sistema de pagamentos, Dzodan disse desconhecer as informações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dia após a realização de protestos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) insuflados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Luís Roberto Barroso adotou cautela ao participar de um evento na manhã desta segunda-feira (2) em São Paulo e evitou falas que possam gerar novos embates com o Planalto. Em uma palestra sobre liberdade de expressão e democracia, Barroso criticou discursos de ódio e disse que é preciso enfrentar "a mentira deliberada", mas não falou diretamente sobre ameaças ao processo eleitoral ou ao Supremo.

"A democracia hoje é feita de votos, de respeito aos direitos fundamentais e também de um debate público de qualidade. Se o debate público for contaminado pela mentira deliberada, pela desinformação, pelas teorias conspiratórias, as pessoas não são capazes de fazer escolhas informadas como a democracia pede", afirmou.

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Na saída, o ministro não quis responder a perguntas de jornalistas. Durante a palestra, fez questão de dizer que nada do que dissesse seria uma referência ao caso do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo e beneficiado por um indulto de Bolsonaro.

Durante a conversa com alunos de direito da FGV, ele afirmou que é preciso enfrentar os comportamentos criminosos na internet. "Você não pode vender arma na internet, não pode fazer apologia do nazismo, não pode convocar para atacar as instituições. É inevitável você regular alguns conteúdos e combater a desinformação maldosa, maliciosa, que pode fazer mal às pessoas", afirmou Barroso.

"É preciso ter as preocupações próprias para que a liberdade de falar não se transforme em uma arma contra a liberdade de expressão e contra a chegada ao mercado de ideias de um discurso plural", afirmou Barroso.

Barroso está na mira de ataques do presidente e aliados. Ontem, nas manifestações a favor de Silveira, protestantes criticavam sobretudo Barroso e o ministro Alexandre de Moraes. Os dois têm sido os mais vocais contra investidas anti-democráticas de Bolsonaro.

Desde a semana passada, o Supremo tem se dividido sobre a melhor estratégia para fazer frente ao indulto de Bolsonaro a Silveira. Barroso também estava no centro das atenções por dizer em palestra, recentemente, que as Forças Armadas estão "sendo orientadas para atacar" o processo eleitoral.

O Dia do Trabalhador, celebrado internacionalmente no dia 1º de maio, além de homenagear todos os trabalhadores e trabalhadoras, traz à tona questões de extrema importância. Essa classe tem lutado cada vez mais para não ser esquecida e para não perder os direitos que foram conquistados ao longo dos anos.

Mesmo com alguns avanços, no Brasil, a realidade atual do mundo do trabalho é preocupante e não tem respondido de forma positiva às promessas vendidas pela Reforma Trabalhista. Hoje, o número de brasileiros desempregados é de 14 milhões, como afirma a professora, advogada e especialista em Direito do Trabalho, Bárbara Feio.

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A reforma foi implementada pela Lei nº 13.467/2017, no governo de Michel Temer, e consiste em um conjunto de regras para atualizar a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Segundo a professora, ao lado da devastação causada pela pandemia, a política do governo federal e a má gestão da crise instalada prejudicaram ainda mais o povo brasileiro.

“Apesar dos reajustes salariais, os índices ficaram abaixo da inflação. Isso significa que o poder de compra do trabalhador está sucumbindo aos preços, sendo a base salarial cada vez mais desvalorizada – como resultado, temos um trabalhador que não está conseguindo pagar suas contas, está se alimentando cada vez pior e muitos estão perdendo suas moradias”, explica.

De acordo com a análise de Bárbara Feio, a reforma trabalhista teve poucos pontos positivos. “Ela foi, em sua maioria, destrutiva aos direitos socialmente conquistados pelos trabalhadores, privilegiando o empresariado, fragilizando e precarizando as relações de trabalho”, afirma.

A especialista diz que a reforma alterou normas referentes ao Princípio da Proteção do Trabalhador, como a imposição de limites da atuação do Judiciário frente à realidade do trabalhador e a prevalência do negociado sobre o legislado – atacando os direitos e garantias do trabalhador, possibilitando a negociação individual de trabalho em que o trabalhador poderá abrir mão de direitos trabalhistas.

Bárbara Feio acrescenta que, devido ao fechamento de muitos postos de trabalho, a classe trabalhadora vivenciou e ainda vivencia momentos de insegurança, submetendo-se a violações dos seus direitos. “A necessidade de manter a renda faz com que tais violações não sejam denunciadas ou reclamadas à Justiça do Trabalho”, explica.

Além de todos os elementos alterados pela reforma, a professora destaca que o péssimo desempenho do governo, a instabilidade e crise entre os Poderes da União refletidas nas ações e declarações do presidente Jair Bolsonaro, que são ameaçadoras ao Estado Democrático de Direito, afastam grandes investidores do Brasil e deixam de trazer recursos para o País.

“Sob todos estes aspectos, eu entendo a reforma de modo genérico – um grande prejuízo para o trabalhador somada a todos estes fatores relacionados à política e contexto da covid-19. O trabalhador está pagando esta conta e está saindo caro para todos nós”, afirma.

Bárbara Feio explica que algumas questões da reforma ainda não estão totalmente esclarecidas e que os tribunais do trabalho estão sinalizando, por exemplo, o reconhecimento de alguns tipos de trabalho. Segundo ela, a regulamentação do teletrabalho (ou home office) foi feita no momento certo, embora a maioria tenha migrado para a modalidade devido à pandemia. “Estabeleceu, ainda, que os custos com a execução da atividade correm por conta do empregador, devendo ficar responsável pelos equipamentos necessários à execução da atividade remota”, acrescenta. 

Na opinião da especialista, a classe trabalhadora sofre uma crise de representatividade e de confiança no governo e em instituições de modo geral, por inúmeros fatores. No entanto, ela diz ser otimista sobre o futuro dos trabalhadores. “Embora o cenário cinzento que a reforma e a pandemia pintaram em nossos horizontes, penso que, enquanto trabalhadores, nós somos e temos a força produtiva que move a economia”, diz.

Bárbara Feio fala sobre a necessidade de escolhas mais acertadas do ponto de vista político e valorização da mão de obra, buscando qualificação e esclarecimento sobre os direitos que temos. “Eu acredito que as forças políticas e de trabalhadores podem reverter o quadro que temos hoje, para um futuro bem mais colorido e próspero”, conclui. 

Por Isabella Cordeiro (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Apesar das sequelas causadas à indústria, a pandemia trouxe novas oportunidades para o Brasil. Uma delas é a de nacionalizar itens hoje não fabricados no País para evitar a dependência das importações, em especial os semicondutores.

"Estamos estudando medidas de facilitação por parte do governo, com isenção fiscal, para que empresas venham produzir semicondutores no País", disse o presidente do Sindipeças (que representa a indústria de autopeças), Cláudio Sahad, no Summit "O Futuro da Indústria Automotiva", realizado ontem pelo Estadão.

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Segundo Sahad, "essa janela única de oportunidade" foi tema de encontro anteontem em Brasília, com dirigentes do setor automotivo e os ministérios de Relações Exteriores, Economia, Ciência e Tecnologia e Comunicação.

Grande parte dos chips para carros é produzida na Ásia, e está escassa desde o ano passado. Isso tem levado várias montadoras a suspender sua produção. Para Sahad, esse é um gargalo do País e há um esforço entre o setor público e o privado para resolver a dependência.

Ele alertou ser preciso melhorar o ambiente de negócios no País para atrair essas empresas. "Sem isso, mesmo tendo incentivos, as empresas não virão, pois os investimentos exigidos são altos."

Antonio Filosa, presidente da Stellantis (reúne Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën), disse que as empresas locais são competitivas "da porta para dentro", com uso de tecnologias, investimentos e mão de obra iguais às de outros países. "Mas essa competitividade acaba da porta para fora." Entre os desafios, ele citou o sistema tributário e a falta de infraestrutura e de isonomia entre as regiões.

O presidente da Anfavea (associação das montadoras), Luiz Carlos Moraes, disse que a pandemia provocou uma reavaliação da globalização para determinados itens, como chips, não só para reduzir a dependência da importação, mas também para ser base de exportação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em mais um dia de tensão entre os Poderes, o presidente Jair Bolsonaro fez novas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo sem citar explicitamente o caso do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi condenado a 8 anos e 9 meses por estimular ataques à democracia e recebeu perdão presidencial, Bolsonaro disse que "certos Poderes" não podem fazer o que bem entendem.

"Não podemos admitir que alguns de nós, que podem ter certos poderes, interfiram no destino da nossa Nação", afirmou o presidente ao participar da abertura da 23.ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Diante de uma plateia formada por prefeitos, Bolsonaro se referiu, mais uma vez, ao direito de liberdade de expressão como "algo inegociável". Silveira foi condenado pelo STF, na semana passada, por incentivar ataques à democracia e até mesmo agressões físicas a ministros do Supremo. Na ocasião, magistrados destacaram que liberdade de expressão não abrange o incentivo a prática de crimes.

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Bolsonaro destacou no encontro que tem alinhamento "quase perfeito" com a Câmara e o Senado. "Não dá para ser 100%", disse ele, fazendo acenos ao Centrão. "Em poucas coisas divergimos. Isso é normal na política", completou. O presidente encerrou o discurso com as palavras "Deus, Pátria e Família", lema da Ação Integralista Brasileira. O movimento anticomunista, de inspiração fascista, foi fundado por Plínio Salgado, em 1932.

O governo tem o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), como aliado de primeira hora no Congresso, mas enfrenta resistência para aprovar pautas no Senado, Casa dirigida por Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Tanto Lira quanto Pacheco estavam presentes no ato dos prefeitos.

Lira defendeu ali o orçamento secreto e disse que as emendas ajudam a financiar a saúde no País. Por meio do esquema, revelado pelo Estadão no ano passado, o governo destina recursos a parlamentares aliados, sem critérios definidos, em troca de apoio no Congresso. "Vocês recebem mais recursos hoje ou há dois anos?", perguntou o presidente da Câmara para os prefeitos.

Ao lado de Lira, Pacheco também elogiou a nova lei de improbidade administrativa, aprovada pelo Congresso no ano passado. A regra prevê condenação por improbidade apenas nos casos em que seja comprovado o "dolo específico", ou seja, a intenção de cometer irregularidade.

"O que eu espero (..) é que o Poder Judiciário e o Ministério Público possam assimilar essa vontade popular externada na modificação legislativa e façam prevalecer aquilo que o povo brasileiro, através do Congresso Nacional, decidiu em relação à lei de improbidade administrativa", afirmou Pacheco. Para o presidente da Câmara, a mudança "separa o bom do ruim, o joio do trigo, o bom gestor do mau gestor".

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, fez um apelo para que a reforma tributária seja aprovada no Senado. A proposta, porém, está travada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na avaliação de parlamentares, o mais provável é que seja mesmo enterrada para evitar desgaste eleitoral.

O embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do perdão concedido pelo chefe do Executivo ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) tem o primeiro desdobramento político: esvaziar o inquérito das fake news. Conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, a investigação já levou bolsonaristas à prisão e conteve aliados no presidente que usaram as redes para atacar instituições públicas como o próprio STF. No Palácio do Planalto e na Corte, a avaliação é que o contexto político em ano eleitoral não abre espaço para novas ações que tenham como alvo os aliados de Bolsonaro.

A cúpula do governo comemora o decreto do perdão a Silveira, condenado a 8 anos e 9 meses de prisão, como um ato que, além de livrar o parlamentar aliado da cadeia, teria conseguido encurralar o STF. Por isso, dizem não acreditar em novas tentativas, já que Bolsonaro deixou claro que pode usar sua caneta.

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Do lado da Corte, o episódio é considerado como mais um capítulo no discurso reincidente de Bolsonaro de prometer não cumprir decisões do STF. No 7 de Setembro do ano passado, em discurso inflamado, o presidente fez de Moraes seu alvo preferencial. Avisou que não iria cumprir decisões que o ministro viesse a proferir. "Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo", discursou Bolsonaro na ocasião.

Ministros da Corte entendem que o presidente escolheu o STF como mote de discurso com intenção eleitoral clara, como mostrou o Estadão. Um ministro comentou que o governo parece querer adotar estratégia do "ganha-ganha". Ou seja, para cada ato da Corte que o contrariar ele pode contra-atacar com uma medida para enfrentar uma decisão judicial. A disposição de boa parte dos integrantes do Tribunal é agir de forma institucional, evitando abrir novas frentes que possam vir a ser usadas pelo presidente como plataforma de campanha.

Quem assessora Bolsonaro na disputa à reeleição tem relatórios de monitoramento indicando que bater no STF esquenta as redes e mantém ativos seus fiéis seguidores e naturais eleitores. Pesam nessa avaliação dos bolsonaristas que associam à imagem do Supremo a decisão de ter liberado o petista Luiz Inácio Lula da Silva dos processos da Lava Jato e, ao mesmo tempo, anulado sentenças proferidas pelo ex-juiz Sergio Moro. A condenação de Silveira, para os aliados do presidente, incluiu um terceiro elemento para reforçar a convicção nessa parcela do eleitoral que está com Bolsonaro de que o STF está contra o presidente.

O esvaziamento do inquérito das fake news não significa, porém, que Moraes está impedido de agir ou deixará de fazê-lo quando considerar que venha ser necessário para dar continuidade na investigação. Nesta terça-feira, 26, o ministro incluiu no processo do deputado bolsonarista um despacho sustentando que, independentemente do perdão de Bolsonaro, o parlamentar está impedido de disputar eleições por causa da condenação. Mas no STF avalia-se que é mais prudente, no momento, evitar adoção de medidas de maior impacto que pudessem resultar em prisão ou outras medidas coercitivas. O inquérito tramita em sigilo.

A investigação tem o poder de minar a atuação de Bolsonaro nas redes sociais. Neste ano, por determinação de Moraes, o Telegram suprimiu publicações feitas pelo presidente. Essa atuação do ministro de impor controle ao uso da internet toda vez que identificava ataques às instituições provocou a ira de Bolsonaro que, por diversas, atacou publicamente Moraes.

Em 2020, o plenário do Supremo, por dez votos a um, manteve o inquérito ativo. Na época, a apuração que fora instaurada por iniciativa da própria Corte sem o aval do Ministério Público Federal tinha sido questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). No mesmo ano, Moraes tinha direcionado a apuração para o chamado gabinete do ódio, revelado pelo Estadão, e que tinha como um dos articuladores o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente.

Empresários ligados à família Bolsonaro foram objeto de investigação por suposta tentativa de financiar a disseminação de notícias falsas e ataques às instituições. Entre eles estava o dono da rede de lojas de departamento Havan, Luciano Hang. Moraes chegou a determinar busca e apreensão em gabinetes de parlamentares suspeitos de atuarem junto ao gabinete do ódio. As deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP) foram atingidas pelas investigações.

O influenciador bolsonarista Allan dos Santos também está no centro da apuração. Em relatório da Polícia Federal, foi acusado de tirar proveito do acesso ao presidente da República e a deputados ligados a ele para "influenciar e provocar um rompimento institucional". Allan dos Santos teve a prisão decretada, mas fugiu do País.

De acordo com pesquisa realizada por BTG Pactual e FSB Pesquisa, 62% dos brasileiros acreditam que o País está em crise econômica, com dificuldade de recuperação.

Em contrapartida, 32% avaliam que o Brasil está conseguindo superar o momento e 5% pensam que a economia vive um bom momento.

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A culpa é de quem?

Ainda segundo o documento, no quesito "culpa", dois em cada cinco eleitores (40%) acreditam que o governo atual é o principal responsável pela crise econômica.

A pandemia vem em seguida, com 25%, governos passados, 21%, e situação internacional, 8%.

Expectativa

Em termos de expectativas, há um certo pessimismo por parte dos entrevistados. 60% avaliam que a inflação e o custo de vida devem aumentar nos próximos seis meses (20% acham que vão aumentar muito e 40% avaliam que vão aumentar); 43% acreditam que os atrasos em pagamentos de contas vão aumentar (13% aumentar muito e 30% aumentar) e 36% pensam que o desemprego vai piorar (9% aumentar muito e 27% aumentar).

Alcance da pesquisa

O levantamento "O que pensa o eleitor brasileiro (rodada 2)" foi realizado via telefone, entre os dias 22 e 24 de abril deste ano, com 2 mil eleitores.

A metodologia para os questionamentos utilizados nesta pesquisa foi "estimulada e única".

O nível de confiança é de 95%, com margem de erro de 2 pontos porcentuais.

O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o BR-04676/2022.

Ao contrário do que aconteceu dentro do BBB 22, Jessilane teve direito a um farto café da manhã, nesta segunda (18), durante seu encontro com Ana Maria Braga. A 14ª  eliminada desta edição contou, durante a entrevista, que passou fome no programa. Ela ficou 12 semanas na xepa, grupo que perde direitos alimentícios na atração.

Durante a conversa, Jessi disse que é muito comilona e acabou sofrendo demais por ter ficado tanto tempo na xepa. A professora contou que chegou a passar fome e que o pior momento foi durante a segunda semana do jogo. "Eu que como o tempo inteiro fui dormir várias noites com a barriga roncando e não podia comer".

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Seu período de xepa lhe garantiu a marca de participante que mais tempo ficou nessa condição na história do programa. Antes dela, só o ator Babu Santana havia passado tanto tempo no grupo privado de comida, 11 semanas.

Às vésperas da páscoa, uma nova tendência no consumo de peixes vem chamando a atenção dos comerciantes da área central do Recife. Antes descartada por parte dos clientes ainda na peixaria, a cabeça do animal vem sendo procurada por quem não tem mais condições financeiras de arcar com a peça completa. 

Por volta das 11h da última terça-feira (12), o peixeiro Henrique Silva já havia vendido mais de 60kg de cabeças de peixes diversos no Mercado de São José. Em atividade na área há 20 anos, ele garante que a demanda pelo produto nunca foi tão grande quanto no período de páscoa deste ano. 

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“Nunca vi sair tanta cabeça, está fora do normal. Antes eu vendia de 10kg a 20kg de cabeça por dia, na mesma época”, comenta.

O peixeiro Henrique Silva, que vendeu mais de 60 kg de cabeça de peixe em metade de seu horário de trabalho. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A mudança de comportamento de parte dos consumidores, que antes costumava descartar a peça nas próprias peixarias, vem preocupando os peixeiros da área. Eles temem que o desempenho das vendas fique abaixo do esperado para a páscoa. 

“O preço do peixe subiu demais e o consumidor não está conseguindo arcar com ele, então as vendas caíram muito. Clientes que compravam entre 3 kg e 4 kg de peixe para a páscoa, agora estão levando só 1 kg. E quem já levava só 1 kg está comprando só a cabeça, que passou de R$ 5 para R$ 7”, acrescenta Henrique Silva.

Na tentativa de atender à nova demanda, o peixeiro Wellington Pereira conta que se desdobra para fazer os cortes da cabeça dos novos produtos que vão chegando.

“Hoje mesmo já vendi todas as cabeças, cerca de 10 kg. A cioba e a pescada, que são peixes mais nobres, estão custando R$ 45 e R$ 30. Tivemos que subir o preço por causa da inflação, do PIB do Brasil e desse governo, que é carrasco do povo. Um monte de gente agora está procurando cabeça para comer”, lamenta Pereira.

Cabeças de peixe disponíveis em um dos boxes do Mercado de São José. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

As cabeças geralmente são utilizadas para produção de sopas e caldos. “O pessoal procura principalmente a cabeça de cioba, pescada-amarela e albacora, que dão um caldo ou um pirão gostoso. Tem muita gente comprando cabeça ao invés do peixe completo”, acrescenta o peixeiro Vitor Marcos.

De acordo com ele, quem leva o peixe completo está optando por espécies mais baratas. “O que sai mais com a gente é a corvina, que é bastante em conta e tem um sabor gostoso. O quilo dela está custando R$ 18”, pontua.

Alta nos preços

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), no setor formal, as vendas de peixe durante a Páscoa deste ano poderão ser até 20% menores na comparação com 2021. Para o diretor executivo da instituição, Cristiano Lobo, a projeção pessimista está associada à queda na renda dos brasileiros e ao aumento dos custos de produção.

O peixeiro Vitor Marcos indica que as cabeças com maior saída são as de cioba, pescada-amarela e albacora. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

“Quando a gente pensa no pescado de cultivo, o maior custo que ele possui está relacionado à engorda dos animais. A ração do peixe é feita à base de soja e de milho, ambos produtos que tiveram um aumento absurdo de preço desde o início da pandemia. Se a soja e o milho ficam mais caros, o preço da ração também sobe”, explica Lobo.

O executivo também aponta a alta dos combustíveis e o aumento dos custos de manutenção das embarcações como responsáveis pelo encarecimento dos peixes.

“Além disso, as grandes fornecedoras mundiais, que passaram a pandemia inteira com a demanda reprimida, agora retomam suas atividades normais com alta demanda. Como a demanda cresce, o preço aumenta. É uma questão que afeta pescados importados, como salmão, merluza e bacalhau”, afirma Lobo.

Para o executivo, a alta dos preços, contudo, afeta mais o setor formal do que o informal.

"O consumidor que não conseguir arcar com o preço da gôndola no supermercado, vai para o mercado informal em busca de preços melhores. Muito provavelmente nossas vendas cairão, enquanto as do setor informal sobem”, frisa Lobo.

Em meio às pressões inflacionárias, salários mais baixos, desemprego ainda elevado e crédito mais caro, as famílias brasileiras reduziram o consumo de bens, que está em patamar inferior ao que era registrado no pré-pandemia. Por outro lado, puxado especialmente pelos mais ricos, o consumo de serviços já retornou ao nível pré-crise sanitária.

As informações têm como base os dados desagregados do Monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da Fundação Getulio Vargas (FGV), obtidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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"A inflação elevada está corroendo o poder de compra das famílias", apontou Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV. "As pessoas estão reduzindo suas compras de bens não duráveis, semiduráveis e até de bens duráveis."

O Monitor do PIB da FGV antecipa a tendência para a atividade econômica brasileira a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo IBGE, responsável pelas contas nacionais.

Considerando a série histórica com ajuste sazonal, ou seja, que desconta os efeitos característicos de determinadas épocas do ano sobre o comportamento do consumidor, o consumo de bens semiduráveis em janeiro ficou 12,14% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia.

O consumo de produtos duráveis - que é também dependente do crédito - está 10,28% abaixo do pré-covid.

Já a aquisição de bens não duráveis, que inclui itens essenciais como alimentos e remédios, está 3,04% abaixo do pré-pandemia.

Por outro lado, o consumo de serviços em janeiro ficou 0,10% acima do pré-crise sanitária.

Conjuntura desfavorável travou a recuperação

Os dados do Monitor do PIB, da FGV, mostram que, na média, o consumo das famílias recuou 1,3% em janeiro na comparação com dezembro, ficando 2,86% abaixo do nível pré-covid. O consumo de serviços (que agora impulsiona a média global do consumo das famílias) demorou mais a se recuperar, por conta das restrições ao funcionamento de estabelecimentos e demais medidas sanitárias necessárias para conter a disseminação do vírus.

Já o consumo de bens chegou a superar os patamares anteriores à pandemia, especialmente nas categorias de duráveis e de não duráveis, impulsionados por fatores como o pagamento do Auxílio Emergencial pelo governo, o isolamento social e o crescimento do trabalho remoto.

Mas esse consumo perdeu fôlego diante de uma conjuntura atualmente mais desfavorável à aquisição de bens.

O IPCA (inflação oficial) acumulado nos 12 meses encerrados em janeiro foi de 10,38%, subindo a 10,54% em fevereiro e 11,30% em março, segundo o IBGE.

A população desempregada somava pouco mais de 12 milhões de pessoas no País no trimestre terminado em janeiro, praticamente o mesmo contingente do trimestre encerrado em fevereiro.

A renda média real de quem permanecia trabalhando era de R$ 2.511 no trimestre até fevereiro, 8,8% menor que um ano antes.

Sem força

O economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, acredita que a melhora da pandemia permitirá a manutenção da recuperação do consumo de serviços pelas famílias brasileiras, mas não vê nesse movimento uma força que seja suficiente para turbinar o desempenho do PIB.

"Não estamos tão otimistas, porque há outros impactos que afetam o consumo das famílias este ano, principalmente a renda. Estamos com desemprego em queda, mas em patamar ainda elevado", diz o economista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Alunos da Escola de Referência Ensino Médio (EREM) Ageu Magalhães, localizada no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, precisaram de atendimento médico devido à uma crise de ansiedade coletiva.

De acordo com informações preliminares, passadas pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), o socorro aos estudantes, que estão em período de prova, ocorreu às 15h40 desta sexta-feira (8) na instituição de ensino. Ainda de acordo com o SAMU, os jovens não precisaram de encaminhamento a hospitais da capital pernambucana. 

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Procurada pelo LeiaJá, a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) enviou nota sobre o ocorrido. No comunicado, a secretaria relata que o SAMU foi acionado pela direção da escola e, após atendimento, os alunos que apresentaram sintomas foram liberados mediante a chegada dos responsáveis. 

Confira a nota na íntegra: 

"A Secretaria de Educação e Esportes informa que a direção da EREM Ageu Magalhães chamou a unidade do Samu após alguns estudantes apresentarem sintomas de ansiedade durante as aulas (semana de prova). Nenhum estudante foi levado para o hospital e os que apresentaram sintomas do tipo foram liberados após a chegada dos responsáveis. Em tempo, destacamos que a escola realiza de maneira sistemática um trabalho, orientado pela Secretaria de Educação e Esportes, voltado a educação socioemocional, incluindo a orientação dos jovens e dos responsáveis sobre o tema".

Também atavés de comunicado à imprensa, a Secretaria de Saúde do Recife informou que, ao todo, 26 estudantes da EREM Ageu Magalhães foram socorridos e foram mobilizados "16 profissionais em seis ambulâncias e duas motolâncias. Os jovens apresentaram sudorese, saturação baixa e taquicardia, foram atendidos no local e não precisaram de remoção para unidades de saúde". 

Desigualdade, marginalização e uso insustentável da terra e do oceano expõem ainda mais a população mundial às mudanças climáticas induzidas pelo homem. Segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da ONU, divulgado nesta segunda-feira (28), entre 3,3 bilhões e 3,6 bilhões de pessoas estão vulneráveis hoje a esses efeitos - com consequências diferentes entre países e regiões, mas marcadamente piores conforme a fragilidade socioambiental.

No caso brasileiro, o documento aponta efeitos negativos na produção agrícola, com reflexos sobre a economia e a segurança alimentar, a maior exposição da Amazônia aos efeitos das mudanças climáticas e da ação humana e o perigo de no futuro grandes massas migratórias no Nordeste serem causadas por eventos extremos como secas e inundações mais frequentes.

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O último documento do IPCC mostrou, em agosto de 2021, que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5ºC acima do nível pré-industrial já na década de 2030, dez anos antes do que era esperado. Com isso, haverá eventos climáticos extremos com maior frequência, como enchentes e ondas de calor.

A estimativa da população hoje exposta aos efeitos das mudanças climáticas representa até mais do que 50% da população mundial, de 7,8 bilhões de pessoas. Mesmo que a temperatura exceda temporariamente 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, os impactos esperados são severos e alguns até irreversíveis.

"Abdicar da liderança é criminoso. Os maiores poluidores globais são culpados de destruir a nossa própria casa", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. "Negação e procrastinação não são estratégias, mas a receita para o desastre", acrescentou o enviado especial do governo americano para o clima, John Kerry.

Mais atingidos

Apesar dos esforços para atenuar esses efeitos, as populações e os ecossistemas menos capazes de lidar com as mudanças climáticas têm sido os mais atingidos, diz o documento aprovado no domingo por 195 membros do IPCC. São locais marcados por padrões de desenvolvimento ligados a colonialismo e governança ineficaz.

As Américas Central e do Sul estão altamente expostas, diz o relatório. A região é vulnerável e fortemente afetada pelo aquecimento global, situação amplificada por desigualdade, pobreza, crescimento populacional e alta densidade populacional nas cidades, com a ocupação de áreas de risco.

Nesse contexto, diz o documento, algumas regiões do Brasil têm alta probabilidade de sofrer consequências drásticas. Na Amazônia, as mudanças no uso da terra e o desmatamento a deixarão mais suscetível a eventos extremos e incêndios florestais.

No Sudeste brasileiro, são esperadas mudanças no padrão de chuvas e secas que trarão impactos para a vida econômica das grandes aglomerações urbanas. Já no Nordeste, assim como região andina e norte da América Central, os efeitos das mudanças climáticas, como secas e inundações, podem causar o deslocamento forçado de populações.

Neste ano, no Brasil, por exemplo, fortes chuvas, mais concentradas e frequentes, atingiram os Estados da Bahia, de Minas, de Goiás, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Mais de 200 mortes foram registradas em Petrópolis neste mês em decorrência de temporais e deslizamentos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sob as lonas, pessoas em situação de rua tentam fugir da chuva e do sol. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens) 

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Um bom emprego no comércio, um salário digno e uma casa para viver com suas filhas e netas. Enquanto a nuvem cinzenta da realidade se aproxima do pequenos grupo de moradores de rua que habitam o entorno do Cais de Santa Rita, Zélia*, de 42 anos, imagina como estaria sua vida se ela tivesse aprendido a ler e escrever. A chuva logo começará e será preciso recolher os cobertores da calçada, abandonando todo o resto do lado de fora da lona de plástico debaixo da qual a mulher agora vive com sua família. Cada precipitação representa uma pequena tragédia cotidiana para aquela pequena comunidade de pessoas. Perde-se a identidade, a camisa preferida, uma carta escrita por um familiar. Não há como sonhar, acumular ou construir nada sob as lonas que se multiplicam e redesenham a paisagem das calçadas do Centro do Recife no contexto de pandemia de Covid-19.

“Eu trabalhava vendendo acarajé e tapioca. O preço do carvão e da comida aumentou muito e, por causa da pandemia, o movimento de pessoas na rua ficou mais fraco. Caiu muito nossa renda e, como não sei ler, não consigo nada. A prefeitura podia botar a gente para ficar ‘mais inteligente’, para ver se a gente se acostuma com alguma coisa. Gosto de negociar, acho bonito”, diz Zélia.

Pregos e barbantes são utilizados para sustentar barracas feitas de lona. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

O contexto de crise sanitária também reduziu a oferta de pequenos “bicos” que o marido de sua filha fazia para sustentar a família. Sem renda, ele entrou para o tráfico de drogas e foi preso. “Faz cinco meses que minha filha entregou a casa dela e a gente ganhou essa lona. Agora, ela está gestante e puxa um carrinho para fazer o dinheiro do almoço e dar para as duas ‘crias’. Tem vezes que não dá, mas hoje um rapaz teve pena e botou ela pra fazer uma ‘viração’. A luta é muito grande”, afirma.

Inicialmente, a família se instalou na Avenida Engenheiro José Estelita, no bairro de São José. Na região, Prefeitura do Recife e iniciativa privada executam as obras do Porto Novo e do Porto Novo Recife, respectivamente. Os projetos estão associados à demolição do histórico Cais José Estelita, onde o Consórcio Novo Recife- composto pelas empreiteiras Queiroz Galvão, Moura Dubeux, GL e Ara Empreendimentos- para construção de 13 torres residenciais e comerciais, que variam de 12 a 38 andares. “A obra vai ser alguma coisa que a gente não sabe o que é, mas se aconteceu isso que seja melhor. O dono aí é quem sabe. A gente não sabe. Umas 40 famílias foram tiradas da avenida. Algumas pessoas ganharam o auxílio [moradia] e outras não”, acrescenta.

No centro, é a maior a oferta de distribuição de alimentos e roupas. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Incompatível com o luxo dos projetos urbanísticos em curso na área, a longa fileira de lonas se desfez. “A gente só fez sair de lá, andar um pouquinho, e armar as lonas aqui no Cais. É só fazer um buraquinho nela, passar um barbante e bater com prego na parede, mas, de conforto, é péssimo. Só estou aqui porque não está fazendo sol. Quando chega a tarde, corro lá pro outro lado”, comenta Pedro*, 18 anos, que vive sozinho em sua barraca.

O jovem conta que não recebeu nenhum tipo de auxílio da prefeitura. “Quem acabou recebendo foi o povo que já tinha casa e vem para o lado de cá toda noite para tentar pegar as refeições que o pessoal das ‘comunidades’ [organizações que apoiam pessoas em situação de rua] distribui”, lamenta.

Com pedras, pessoas em situação de rua tentam impedir que vento carregue as frágeis estruturas de plástico. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

De acordo com o coordenador estadual do Movimento Nacional pela População de Rua, Jaílson Santos, é comum que famílias carentes de diversas regiões da cidade disputem doações de grupos voluntários com as pessoas em situação de rua. “Temos um número grande de gente das comunidades pobres que identificou essa oferta de alimentação, roupa e produtos higiênicos no centro do Recife, onde as doações ficam mais concentradas. São pessoas com moradia que, em plena pandemia, se aglomeram nas ruas em busca da sobrevivência”, pontua.

Jaílson ressalta que é inegável o aumento do número de pessoas em situação de rua durante o período de crise sanitária. “Os últimos dados da prefeitura são de 2019, sabemos que houve uma contagem em 2021, mas ela ainda foi disponibilizada. Mesmo assim, acreditamos que esse número triplicou durante a pandemia. O que temos visto é uma quantidade exorbitante de gente que foi morar na rua nos últimos dois anos pela falta de emprego e habitação”, lamenta.

Para Jaílson a política do aluguel social no Recife não vem sendo efetiva no sentido de garantir moradia para quem precisa. “Com R$ 200 só se consegue pagar um aluguel em lugares ermos da cidade. Essas pessoas não recebem garantia de uma cesta básica digna ou de um cadastro de empregabilidade, nem conseguem arcar com os custos básicos de se ter uma casa. Elas recebem o valor e acabam voltando para as regiões centrais da cidade, onde é mais fácil conseguir comida”, afirma.

Êxodo para o centro

Raquel vive nas ruas com o marido e a filha, de 4 anos. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Raquel*, 28 anos, deixou a Avenida 17 de Agosto, na Zona Norte, com destino à Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio. “Lá não chega comida como aqui. Estou na rua há cinco meses, desde que meu marido perdeu o emprego. A situação ficou ruim, porque nossa filha tem microcefalia, então dependemos da ‘comunidade’”, explica.

Na tentativa de proteger a criança, de 4 anos, Raquel decidiu montar uma barraca com lona, tendo como apoio as paredes da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. “Na semana passada, entrou água na barraca e tudo ficou molhado. O pessoal da Igreja reclama se a gente sujar a parede, aí a lona não encosta totalmente e a chuva passa para dentro. Fui dormir debaixo de uma marquise com meu marido e a menina ficou com uma mulher que mora em um prédio aqui da rua”, conta Raquel.

Natália deixou a casa da mãe em razão do vício no crack. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Instalada na barraca vizinha, Natália*, 30 anos, ajuda com os cuidados da criança. “Estou nessa rua há um mês. Deixei minha mãe e minha filha por causa do crack, fumo desde os 14 anos. Eu morava em Olinda, mas estava tirando as coisas de casa para comprar droga. Meus irmãos já me ajudaram muito, me internaram e tudo, mas perdi a confiança deles. Agora minha única família é Raquel”, comenta.

Natália chegou à Rua do Imperador há cerca de 1 mês e concorda que o local possui melhor oferta de doações do que outras áreas da região metropolitana. “Além das doações, tiro uns R$ 20 por dia. Com uma parte do dinheiro eu compro a droga e com a outra água e comida. Meu sonho é ter condições de ter uma moradia e criar minha filha”, completa.

Um problema solúvel

Barracas de lona nas proximidades do Cais de Santa Rita. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

O estudo “Moradia no Centro: da reflexão à ação”, realizado por Habitat para a Humanidade Brasil em parceria com Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), coletivo A Cidade Somos Nós, Federação de Órgãos para Assistência Social (Fase) e Cooperativa de Arquitetura, Urbanismo e Sociedade (Caus), identificou que, dos 112 edifícios analisados no bairro de Santo Antônio, 37,5% totalmente desocupados ou com menos da metade de sua área ocupada. Utilizada para moradia, essa estrutura ociosa poderia se transformar 2.106 unidades de habitação popular.

Foi diante deste cenário que, no dia 14 de agosto de 2019, a Habitat para a Humanidade Brasil, o MTST, o Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), o Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU) e o Coletivo A Cidade Somos Nós enviaram para a Prefeitura do Recife uma denúncia acerca do não cumprimento do decreto municipal nº 31.671, assinado pelo então prefeito Geraldo Júlio (PSB) em 10 de agosto de 2018, que visa garantir o cumprimento do princípio da função socioeconômica da propriedade urbana. Segundo a norma, “os imóveis urbanos em comprovada situação de abandono, cujos proprietários não possuam a intenção de conservá-los em seu patrimônio e que não se encontrem na posse de outrem, poderão ser arrecadados pelo Município do Recife, na condição de bens vagos, após regular processo administrativo”.

No ofício, as entidades apontam que, apenas no Centro do Recife, um total de 42 imóveis encontram-se abandonados. “Não há uma caracterização muito detalhada sobre o que é um imóvel em situação de abandono, então nós estamos entendendo que seja um imóvel vazio ou deteriorado, o que acontece em vários prédios do centro do Recife”, explica Ronaldo Coelho, assessor jurídico da Habitat para a Humanidade Brasil.

De acordo com Ronaldo, a prefeitura poderia utilizar as edificações para construção de habitações, centros esportivos, unidades de prestação de serviços públicos, assim como para doação para entidades filantrópicas que tenham como finalidade o desenvolvimento do empreendedorismo e assistência social. A denúncia das entidades da sociedade civil, contudo, nunca foi respondida. “A gente tem trabalhado para que esses imóveis sejam utilizados para moradia, o que é importante para que as pessoas que vivem na região tenham uma condição de vida adequada. Até o momento não nos consta que a prefeitura deu início a qualquer procedimento administrativo para notificar os eventuais proprietários desses imóveis, o que seria bastante interessante, já que se trata de um processo bastante longo e complexo”, ressalta.

Por meio de nota, a Prefeitura do Recife informou que iniciou, em 2019, o projeto-piloto de arrecadação de imóveis, tendo identificado 14 deles com características de abandono. A administração municipal alega que tais propriedades já estão sendo submetidas a processos administrativos. Leia a nota na íntegra:

“A Prefeitura do Recife informa que, desde o ano de 2019, iniciou o projeto-piloto de Arrecadação de Imóveis e identificou 14 imóveis com características de abandono e que estão sendo submetidos a processos administrativos. Todos eles estão localizados no bairro do Recife. Desse total, doze proprietários já foram localizados e contactados pela gestão municipal e foram convocados para regularizar a situação fiscal e tributária dos espaços, bem como dar nova função social e uso ao patrimônio. Dos imóveis já verificados, nenhum deles possui características para habitação popular.

Em paralelo, em novembro do ano passado, a Prefeitura do Recife implantou o Programa Recentro, que visa revitalizar os bairros do Recife, São José e Santo Antônio. Dividido em quatro eixos, a iniciativa prevê, dentre outras situações, a concessão de descontos e incentivos em impostos municipais, como IPTU e ITBI, para projetos de construção, recuperação e manutenção de imóveis em Zonas Especiais de Proteção Histórica (ZEPH).

Além disso, a Prefeitura do Recife deu início a estudos técnicos para elaborar uma concessão pública para locação social. O objetivo é produzir, no mínimo, 500 unidades habitacionais prioritariamente na área central da cidade - nos bairros de Santo Antônio, São José, Boa Vista e Cabanga -, voltadas para famílias com renda máxima de três salários mínimos. A proposta considera a Locação Social como mais uma alternativa de acesso à moradia digna e vê a habitação como um dos elementos estruturadores da requalificação urbana da área central da cidade”.

*Nome fictício (personagem preferiu não se identificar)

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, condenou a Rússia, nesta quarta-feira (23), por seu apoio às regiões controladas pelos separatistas na Ucrânia, afirmando que a crise está sendo usada para prejudicar o moral nesta ilha, há tempos sob ameaça de invasão por parte da China.

Esta ilha governada democraticamente acompanha de perto a situação na Ucrânia, já que a China reivindica soberania sobre Taiwan e prometeu que um dia retomará esse território - à força, se necessário.

A China aumentou a pressão militar, diplomática e econômica sobre Taiwan desde que Tsai Ing-wen chegou ao poder, em 2016, por sua rejeição à posição da China de que a ilha faz parte de seu território.

"Nosso governo condena a violação, por parte da Rússia, da soberania da Ucrânia (...) e convoca todas as partes a continuarem a resolver suas disputas por meios pacíficos e racionais", declarou a presidente.

Tsai destacou que Taiwan e Ucrânia são "fundamentalmente diferentes em termos geoestratégicos, entorno geográfico e na importância que têm na cadeia global de abastecimento", em alusão à posição da ilha na economia mundial por seu papel na indústria de semicondutores.

"No entanto, frente a forças externas que tentam manipular a situação na Ucrânia e afetar o moral da sociedade taiwanesa, todas as unidades do governo devem ficar mais vigilantes", frisou.

No último trimestre de 2021, registrou-se um aumento significativo nas incursões de caças chineses na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan.

No ano passado, 969 aviões de guerra chineses penetraram nesta área, mais do que o dobro dos 380 caças que entraram em 2020, segundo um banco de dados compilado pela AFP.

A China tem sido cautelosa a respeito da crise na Ucrânia, mas vem demonstrando um crescente apoio ao presidente russo, Vladimir Putin.

A Rússia anunciou nesta terça-feira (22) que em breve vai retirar sua equipe diplomática da Ucrânia para "proteger suas vidas", depois que o Senado permitiu que o presidente Vladimir Putin use o exército no exterior. "Para proteger a vida e a segurança (dos diplomatas), a liderança russa decidiu evacuar o pessoal das missões estrangeiras russas na Ucrânia, o que será implementado em um futuro próximo", informou o Ministério das Relações Exteriores de Moscou em um comunicado.

O Ministério destacou que seus diplomatas receberam ameaças e que sua embaixada e consulado estão sob "ataques repetidos". "A Ucrânia mergulhou ainda mais fundo no caos", acrescentou o comunicado.

Várias embaixadas ocidentais se mudaram de Kiev para a cidade de Lviv, perto da fronteira polonesa, ao mesmo em tempo em que os Estados Unidos e seus aliados acusavam a Rússia de planejar há meses um ataque à Ucrânia.

Na segunda-feira, Putin reconheceu como independentes as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e assinou acordos com elas, abrindo as portas para a presença militar russa no país apoiado pelo Ocidente.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse neste domingo (20) que a Europa pode estar em seu momento mais perigoso desde o fim da Segunda Guerra Mundial. "Já se passaram mais de 70 anos e ao longo desses 70 anos... houve paz e segurança", disse ela. "Estamos falando sobre a possibilidade real de guerra na Europa", afirmou Kamala a repórteres, durante a Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha.

A vice-presidente tentou convencer os aliados dos EUA de que a rápida escalada das tensões na fronteira da Ucrânia com a Rússia significa que a segurança europeia está sob "ameaça direta" e que deveria haver apoio unificado para sanções econômicas caso o Kremlin invada seu vizinho.

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"Estamos falando sobre o potencial de guerra na Europa. Vamos realmente tirar um momento para entender o significado do que estamos falando", afirmou Kamala antes de seu retorno a Washington.

O presidente Joe Biden deve se reunir com sua equipe de segurança nacional no fim deste domingo em Washington para discutir os desdobramentos. Kamala planeja participar enquanto estiver voando de volta da Alemanha. Antes de deixar Munique, ela e sua equipe informaram ao grupo em Washington sobre as reuniões e conversas na conferência.

Durante uma série de reuniões com líderes globais e em seu discurso na conferência, Kamala destacou se tratar de momento "definitivo" e "decisivo" para o mundo. Ela se reuniu com o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, os líderes das três nações bálticas, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.

Biden enviou Kamala à Alemanha com ordens diretas de ampliar a preocupação de que uma invasão russa era altamente provável e deixar claro aos aliados europeus que eles devem estar prontos para impor as sanções mais duras já estabelecidas para Moscou. Ela disse a repórteres que uma invasão e sanções à Rússia provavelmente teriam também custos para os americanos. "Quando os Estados Unidos defendem princípios e todas as coisas que prezamos, às vezes é necessário que nos coloquemos lá de uma maneira que talvez incorra em algum custo", disse ela. "Nesta situação, isso pode estar relacionado aos custos de energia".

A aparição da vice-presidente em Munique foi ofuscada pela declaração de Biden da Casa Branca na sexta-feira, de que estava "convencido" de que Putin havia decidido invadir. O impacto de sua mensagem de unidade na Europa também foi superado pela declaração de Zelensky, que questionou, logo após a reunião com Kamala no sábado, por que EUA e Europa estavam esperando para impor sanções contra a Rússia. Segundo Zelensky, sanções após a ocupação de partes da Ucrânia trariam pouco conforto. Ele repetiu o desejo da Ucrânia de ingressar na Otan, enquanto Putin exige garantias de que isso não ocorrerá.

Kamala Harris disse que não opinaria sobre os "desejos" de Zelensky para o seu país e apoiou a decisão dos EUA de adiar as sanções preventivas. "O objetivo das sanções sempre foi e continua sendo dissuasão", afirmou.

Harris também ouviu de líderes de países bálticos, que temem que seus países sejam os próximos alvos da Rússia, apelos para aumentar o número de tropas dos EUA nestas regiões. O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, exortou os EUA a fazerem ainda mais e criar uma "presença permanente" na Lituânia. Atualmente, os EUA enviam um pequeno contingente de tropas para o país de forma rotativa.

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, ecoou o apelo. "Perdemos nossa independência para a Rússia uma vez e não queremos que isso aconteça novamente", disse ela. Harris não fez promessas, embora tenha previsto em seu discurso na conferência que os EUA "reforçarão ainda mais nossos aliados da Otan no flanco leste" se a Rússia invadir a Ucrânia.

(Com Associated Press)

O primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse em entrevista à BBC publicada neste domingo que evidências sugerem que a Rússia está planejando "a maior guerra na Europa desde 1945". "Todos os sinais são de que o plano já começou em alguns sentidos". Segundo Johnson, as evidências apontam que um ataque é iminente.

Johnson afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, informou a líderes ocidentais que a inteligência sugeriu que as forças russas não estavam apenas planejando entrar na Ucrânia pelo leste, via Donbas, mas também por Belarus e pela área ao redor de Kiev.

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"Temo dizer que o plano que estamos vendo é para algo que pode ser realmente a maior guerra na Europa desde 1945, apenas em termos de escala", disse ele. "As pessoas precisam considerar não apenas a potencial perda de vidas de ucranianos, mas também de "jovens russos", acrescentou, falando de Munique, onde estava presente junto com outros líderes mundiais na conferência anual sobre segurança.

Conforme a reportagem da BBC, as últimas estimativas do governo dos EUA apontam que entre 169 mil e 190 mil soldados russos estão posicionados ao longo da fronteira da Ucrânia, tanto na Rússia quanto na vizinha Belarus, mas esse número também inclui rebeldes no leste da Ucrânia.

Johnson alertou que qualquer conflito pode ser "sangrento e prolongado" e que o presidente russo, Vladimir Putin, possivelmente estava "pensando de forma ilógica sobre isso", não vendo o "desastre à frente".

Em uma possível invasão russa à Ucrânia, Reino Unido e EUA trariam mais sanções contra Moscou do que as sugeridas anteriormente, indicou Johnson, incluindo a interrupção de negociações entre empresas em "libras e dólares", medida que, segundo ele, "atingiria muito, muito duramente" a Rússia. "A lição de 2014 (da tomada russa da Crimeia da Ucrânia) é que você não pode simplesmente deixar Vladimir Putin se safar", disse.

Johnson afirmou ainda que uma invasão da Ucrânia fortaleceria, em vez de enfraquecer, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual a Ucrânia não é membro. "Se (Putin) pensa que vai ter menos Otan como resultado disso, ele está totalmente errado. Ele vai conseguir mais Otan." A Rússia vem insistindo que a Ucrânia não seja autorizada a ingressar na Otan, algo visto como ameaça à sua segurança.

A reportagem lembra que, apesar de nações ocidentais acusarem a Rússia de tentar encenar uma falsa crise na fronteira com a Ucrânia e apontarem a possibilidade de forças russas estarem se preparando para invadir o país vizinho, a Rússia negou as alegações e afirmou que suas tropas estão apenas realizando exercícios militares.

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